Estado Novo

Com a queda da 1ª República a 28 de maio de 1926,foi instaurado em Portugal uma

Ditadura militar por mão do general Gomes da Costa.Crendo que esta seria a solução

para os problemas que a República tinha com ela trazido,também a Ditadura fracasso

não cumprindo a missão a que estava destinada.

Este fracasso deveu-se aos inúmeros desentendimentos entre os militares,provocando

consecutivas mudanças do chefe do executivo(presidente).

Assim,a instabilidade política e a persistência dos problemas económicos contribuíram

para um agravamento do défice orçamental e da dívida pública.

Óscar Carmona,então chefe do executivo,convidou António de Oliveira Salazar

para Ministro das Finanças.Com Salazar no Ministério das Finanças,Portugal

apresentou pela primeira vez em toda a sua história um saldo positivo no

orçamento e um equilíbrio das contas públicas.

O sucesso da política financeira de Salazar fê-lo alcançar o título de

“Salvador da Pátria”,conduzindo-o no ano de 1932 à nomeação para o cargo de

presidente do Conselho/Chefe do Governo(atual Primeiro-Ministro).

Salazar defendia assim a realização de uma nova ordem política,criando novas

estruturas institucionais necessárias e elaborando uma nova Constituição.

A nova Constituição foi promulgada em abril de 1933,onde colocou um fim na

Ditadura militar e instaurou um novo período conhecido como “Estado Novo”.

Novo Sistema Governativo “Estado Novo”:

➔ Forte Autoritarismo do Estado

 ➔ Condicionalismo das liberdades individuais “ Direitos individuais

subordinados aos interesses da Nação”

Porém,mesmo com a nova Constituição em vigor,Salazar foi concentrando todos

os poderes em si contrariando o documento por si executado:

➔ O próprio poder de Salazar sobrepunha-se ao poder do Presidente da

República

➔ O poder do Governo sobrepunha-se ao da Assembleia Nacional

➔ As liberdades individuais foram ignoradas ou restringidas

Em 1934 o Partido Da União Nacional,único partido do país,elegeu todos os

deputados para a Assembleia Nacional.

Salazar repudiava:

O liberalismo económico(não existe intervenção estatal nas demais

atividades económicas;livre concorrência)

A Democracia

Parlamentarismo(o poder executivo cumpre atividades dependendo do

poder legislativo)

Para realizar os fins que se propunha a realizar,Salazar apoiou-se naqueles

que hostilizaram a 1ª República:Religiosos;Católicos;Grandes proprietários;Alta

burguesia;Monárquicos;Militares
O Estado Novo apresentava-se deste modo como um Estado

totalitário,conservador e tradicional,formulando políticas semelhantes às do

fascismo Italiano extremamente admirado por Salazar.

Valores Morais admirados e divulgado pelo Estado Novo:

"Deus,Pátria,Família"

Defendeu as tradições nacionais

↪ Defesa de tudo o que é genuinamente português

O mundo rural,contrariamente a outros países da Europa,adquiriu uma enorme

importância durante o período em que esteve vigente a política do Estado Novo.

A religião Cristã,contrariamente ao acordado durante a 1ª República, passou a

ser protegida pelo Estado,contribuindo para a fixação do Cristianismo como a

única religião do povo português.

Na sociedade do Estado Novo,a mulher assumia um papel passivo possuindo as

seguintes características:

➔ Grande Feminilidade

➔ Esposa carinhosa e submissa ao marido

➔ Mãe sacrificada pelos seus filhos

➔ O seu trabalho era cuidar do lar

Já a família portuguesa assumia as seguintes características:

➔ Família católica

➔ Repudia a liberalização da cidade moderna

Nacionalismo exacerbado ----------» “Tudo pela Nação,Nada contra a Nação”

A Nação assumia-se então como o “todo orgânico”,à qual os indivíduos se

deviam submeter abstendo-se dos seus direitos individuais.

Todos os partidos políticos em vigor na 1ª República foram abolidos,ficando

apenas a existir um único partido-a União Nacional.

O Primeiro-Ministro tinha como função a legislação de decretos-leis e a

nomeação dos membros do Governo.Já a Assembleia Nacional discutia somente

as propostas de lei que o Governo lhe enviava.

Tal como no fascismo italiano,como anteriormente já referi bastante valorizado

e admirado por Salazar, efetuava-se em Portugal o culto ao chefe,o culto ao

“Salvador da Pátria”.

A luta de classes foi bastante menosprezada por Salazar dado que ,no seu

ponto de vista,este fenómeno proporcionava a desagregação da Nação ,ou

seja,dividia o povo.Assim,de modo a evitar esta desunião,foi instaurado em

Portugal o Corporativismo,também em vigor na Itália Fascista.O corporativismo

caracterizava-se pela associação de trabalhadores e respectivos

patrões/chefes em associações onde cooperavam entre si de modo a

proporcionar um benefício mútuo.

Instituições de Enquadramento de Massas

Através da propaganda política,o Estado Novo tinha como propósito a

divulgação do ideário do regime.Deste modo,criou-se o Secretariado da

Propaganda Nacional em 1933,dirigido por António Ferro.

O Comunismo foi um movimento político desprezado por Salazar e pelo Estado

Novo que,temendo o avanço bolchevique,apertaram o controle à

população.Deste modo,foi imposto à população o funcionalismo público onde o

povo mostrava-se fiel ao regime através de um juramento.

Recorreu-se assim a organizações milicianas:

➔ Legião Portuguesa:Defendia a Nação;defendia o Estado Corporativo e

contribuiu na contenção da ameaça bolchevique

➔ Mocidade Portuguesa:Inscrição obrigatória dos jovens entre 7-14

anos.Esta organização incutia nos jovens os valores nacionais e

patrióticos do Estado Novo.Os membros da Mocidade usavam uniformes.

Também o ensino não escapou ao controle estatal adotando-se livros que

divulgavam os valores do Estado Novo.

Em 1935 fundou-se a Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho que tinha

como função controlar o tempo livre dos trabalhadores.

Foi através da censura que o Estado Novo revelou a sua facção mais

repressiva.Assim sendo, a censura à imprensa,à televisão,ao rádio,ao teatro e

ao cinema apenas emitiu aquilo que era permitido pelo regime.

Criou-se ainda uma polícia política que em 1945 adquiriu o nome de

PIDE(Polícia Internacional e de Defesa do Estado).Esta policia torturava;prendia

e matava os opositores do regime na sua larga maioria apoiantes e filiados do

Partido Comunista Português.A polícia política espalhava pela Nação o

sentimento de medo e um clima de terror.

No que toca ao modelo económico adotado o Estado Novo abandonou o

sistema/políticas liberais que vigoravam durante a 1ª República adotando,deste

modo,um modelo económico intervencionista(por parte do Estado) e

autárcico(autossuficiência portuguesa).Salazar acreditava que o estímulo

económico,apenas se executava com a orientação e dinamização do Estado

tendo como prioridade a estabilidade financeira.

Ao ingressar no Ministério das Finanças Salazar via como necessário a

diminuição das despesas e o aumento das receitas,efetuando-se assim um

duro controlo sob os vários ministérios atingindo o equilíbrio orçamental.

Criaram-se novos impostos;aumentaram-se as taxas alfandegárias sobre as

importações que permitiu a redução das despesas externas.

Durante a 2ª Guerra Mundial(1939-1945) Portugal assumiu uma posição neutra

não participando diretamente no conflito.Portugal participou sim indiretamente

na Guerra através das exportações de volfrâmio que eram um forte mecanismo

na construção de armamento.As exportações deste mineral permitiram a

estabilidade financeira.

Nos anos 30 verificou-se em Portugal um exacerbado ruralismo.O mundo rural

representava um dos valores admirados e estimulados pelo Estado Novo que,

durante o seu período, usufruiu de uma enorme importância.O desprezo pela

cidade industrial proporcionou o impulso do setor rural.

Verificou-se a execução de inúmeras obras destinando verbas à construção de

várias barragens que proporcionou uma maior irrigação dos solos.Criou-se em

1936 a Junta de Colonização Interna a qual coube a fixação da população nas

áreas do interior.Tal como a fixação de população,também a política de

arborização não fugiu à atenção do Estado assim,foram tomadas medidas de

modo a transformar terras áridas em terras que permitissem a prática

agrícola.Entre 1929-37 executou-se a Campanha do Trigo onde se procurou

alargar a área de cultivo deste cereal.

Já o Estado promoveu uma grande proteção aos grandes proprietários e

estabeleceu-se o protecionismo alfandegário.Em Portugal,fruto da Campanha do

Trigo,verificou-se a autossuficiência deste cereal promovendo o

desenvolvimento económico.

Tal como outros regimes totalitários que vigoravam na Europa,também o Estado

Novo executou uma política de obras públicas que atingiu o seu auge com a

execução da Lei de Reconstituição Económica em 1930.Os principais objetivos

eram:

➔ diminuir o desemprego

➔ dotar o país das infraestruturas necessárias

No âmbito desta política verificou-se em Portugal a construção e reforço das

estradas nacionais ,favorecendo a unificação do mercado nacional e uma maior

acessibilidade.Junto com as estradas foram construídas pontes como por

exemplo:Ponte 25 de abril anteriormente apelidado de Ponte de Salazar;e a

Ponte da Arrábida.Efetuou-se também a expansão da rede telegráfica e

telefónica e a construção de portos como:Leixões;Lisboa;Setúbal,etc e por

último a expansão elétrica por todo o país que se revelou crucial para

Portugal. Esta política de construção pública reflete o orgulho da

administração salazarista.
No que toca à indústria o Estado Novo executou uma política de

condicionalismo industrial(1931-37)tendo como consequência o débil

crescimento das indústrias.Salazar definiu que as iniciativas dos empresários

eram definidas pelo Estado,determinado que a indústria necessitava da

autorização do Estado para por exemplo se instalar ou mudar de lugar.

Em 1937 definiu-se que este condicionalismo industrial apenas se destinava às

indústrias que provocassem despesas ao Estado.

O condicionamento industrial refletiu o caráter transitório do Estado

Novo,tratando-se de uma política conjuntural anticrise:

➔ Controlo da indústria por nacionais

➔ Regulação da atividade produtiva e da concorrência

Procurava-se evitar com as medidas adotadas a superprodução;queda de

preços;o desemprego e a agitação social.

O condicionalismo promoveu a expansão da concentrações e monopólios

limitando a concorrência e deste modo verificando-se um obstáculo à

modernização.

Como já foi referido anteriormente,os estados totalitários caracterizavam-se

pelo repúdio pela luta de classes e pela desordem economico-social. Neste

âmbito,Salazar cria em Portugal o Estatuto do Trabalho Nacional.Este estatuto

estipulava que os trabalhadores das diversas indústrias se deviam reunir em

sindicatos nacionais e por sua vez os patrões em grémios.Os grémios e os

sindicatos executaram entre si contratos coletivos de trabalho e fixaram

preços e salários.Ao Estado competiria evitar a concorrência desleal;proibindo

a greve e assegurando o direito ao trabalho.

Em 1934 verificou-se a primeira resistência dos trabalhadores à adesão aos

sindicatos verificando-se inúmeras greves e sabotagens promovidas

principalmente pelo Partido Comunista Português.Foi no dia 18 de janeiro que

estes confrontos atingiram o seu auge na medida em que os manifestantes

invadiram o posto da GNR em Marinha Grande,proclamando um “soviete local”.

A política Colonial
O Ato Colonial de 1930 foi o representante máximo da política colonial do

Estado Novo.Neste ato salientava-se a missão do povo português nas

colónias,que culminou com o reforço da tutela metropolitana sobre as

mesmas,ou seja,reforçou-se o poder que Portugal tinha sobre as colónias.

Insistiu-se desta forma na fiscalização dos governadores coloniais pela

metrópole que realizou um regime económico designado "pacto colonial”

à qual cabia às colónias o fornecimento de matérias-primas para a indústria

metropolitana.A população das colónias eram consideradas inferiores

comparativamente à população da metrópole.Tal como outros estados

totalitários também o Estado Novo tentou de alguma forma tornar Portugal uma

mística imperial.