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Da Revolução Republicana de 1910 à Ditadura militar de 1926.

Nos finais do séc. XIX Portugal estava muito atrasado comparativamente aos países
europeus mais desenvolvidos e devia muito dinheiro ao estrangeiro. Enquanto que os camponeses
e os operários viviam com grandes dificuldades a alta burguesia enriqueciam cada vez mais.
Os jornais republicanos acusavam o rei e a família real de gastar muito mal o dinheiro do
reino, contribuindo assim para que Portugal ficasse cada vez mais endividado, fazendo assim que o
descontentamento do portugueses crescesse de dia para dia.
Como o Partido Republicano português responsabilizava a monarquia pela má situação de
Portugal, propôs substitui-la por uma república, ou seja, o país deixava de ser governado por um
rei e passava a ter um presidente, que era eleito por um tempo imposto por lei e propunha muitas
medidas para modernizar Portugal e melhorar a condição dos mais pobres.
No continente africano encontravam-se as riquezas necessárias para o desenvolvimento
industrial dos países europeus, para evitar evitar conflitos entre eles foi criada a conferência de
Berlim (1884-1885) onde foi decidido que os territórios africanos pertenceriam aos países que os
ocupasse com colonos e não aos países que os tivessem descoberto.
Portugal queria ocupar os territórios entre Angola e Moçambique, para esse efeito
apresentou aos países europeus o “Mapa cor de Rosa”, Inglaterra não concordou e em 1890 fez um
Ultimato ao governo de Portugal: ou abandonavam esses territórios ou Inglaterra entrava em
guerra com Portugal. Portugal cedeu, o provocou um descontentamento de muitos portugueses
para com a monarquia aumentando assim os apoiantes do partido republicano

Depois do Ultimato Inglês os republicanos acusaram o rei de ser fraco como também o
culparam (e a monarquia) pela elevada dívida do país ao estrangeiro e a miséria em que viviam os
mais pobres.
A 31 de Janeiro de 1891 rebentou a primeira revolta republicana para por fim à monarquia,
não teve sucesso e foi rapidamente dominado pela guarda municipal, fiel ao rei. Em resposta
alguns jornais republicanos foram encerrados, gravitas e manifestantes foram reprimidos isso fez
com que a agitação crescesse ainda mais.
A 1 de Fevereiro de 1908 deu-se o regicídio: o rei D. Carlos foi morto a tiro como também o
príncipe herdeiro D. Luís Filipe. O príncipe D. Manuel foi aclamado rei como D. Manuel II.

D. Manuel II estava pouco preparado para reinar, tentou governar com o apoio de todos os
partidos monárquicos, mas havia um grande descontentamento. Na madrugada de 4 de Outubro
de 1910 iniciou-se no Lisboa a Revolução Republicana. Militares republicanos e muitos populares
pegaram em armas e liderados por Machado Santos (oficial da Marinha) concentraram-se na praça
Marquês de Pombal, e embora as tropas fieis à monarquia fossem em maior número a Revolução
Republicana saiu vitoriosa, assim sendo na manhã de 5 de Outubro de 1910 foi proclamada a
república em Lisboa e a família real embarcou em exílio para Inglaterra. Terminava assim a
monarquia em Portugal que durou desde 5 de Outubro de 1143 até 5 de Outubro de 1910.

Após a proclamação da primeira república, foi criado um governo provisório presidido por
Teófilo Braga até ser aprovada uma nova constituição e ser eleito o primeiro presidente da
república. O governo provisório tomou várias medidas, entre elas:
-Adotou uma nova bandeira;
-A moeda passou, do real para o escudo;
-O hino nacional passou a ser A Portuguesa em vez do Hino da carta.
O governo provisório organizou eleições para formar a assembleia constituinte, que tinha como
função elaborar uma nova constituição. A Constituição da República Portuguesa foi aprovada em
1911.
Manuel de Arriaga foi o primeiro presidente da república eleito.

O presidente da república não era eleito pelos cidadãos mas sim pelos deputados Parlamento os
quais também o podiam demitir. O governo era nomeado pelo presidente da república de acordo
com o partido que tivesse mais deputados, se o governo não tivesse apoio da maioria dos
deputados era demitido ou obrigado a demitir-se.
O Parlamento, para além de eleger e poder demitir o presidente da república também
podia fazer cair os governos e aprovava as leis. O Parlamento era o órgão de poder mais
importante na primeira república.
Durante a primeira república(1910-1926), podiam votar todos os homens com mais de 21
anos, chefes de família a mais de 1 ano. Ficavam excluídos os militares, mulheres e os analfabetos
(eram 75% da população). Atualmente todos os cidadãos com mais de 18 anos têm direito a votar
Com a implantação da república muitos trabalhadores organizaram-se em sindicatos
(associação de trabalhadores com a mesma profissão que luta pelo interesses pelos seus
associados) para lutarem por melhores salários e condições de de trabalho. A forma de luta mais
utilizada foi a greve. Os governos republicanos foram cedendo às exigências dos trabalhadores,
tendo sido reconhecido:
-O direito a 8 horas de trabalho diário e um dia de descanso semanal (domingo);
-Criação de um seguro obrigatório para doenças, velhice e acidentes de trabalho, pagos pelos
patrões.
Muitos patrões recusaram-se a cumprir as leis aprovadas pelo Parlamento. Foram ainda
tomadas medidas como a igualdade de direitos entre marido e mulher e entre filhos legítimos e
ilegítimos.
Os governos republicanos deram muita importância ao ensino:
-Criaram o ensino infantil para crianças dos 4 aos 7 anos;
-Tornaram o ensino primário ( crianças entre os 7 e 10 anos ) obrigatório e gratuito;
-Mandaram construir escolas primárias, escolas agrícolas, industriais e comerciais e escolas de
formação de professores;
-Criaram as universidades de Lisboa e do Porto.
Com estas medidas de apoio à alfabetização diminuíram o analfabetismo, contudo este
continuou elevado ( dos 76% aos 63% ), as crianças mais pobres tinham de trabalhar logo não
podiam ir à escola.
Os republicanos também tomaram medidas para reduzir a influência da igreja católica em
Portugal:
-Foram autorizadas outras religiões;
-O estado passou a ser responsável pelos registos de nascimento, casamentos e mortes( até aí
feitos pela igreja );
-Foi autorizado o divórcio;
-O ensino religioso foi proibido nas escolas públicas.
A I Guerra Mundial
Entre 1914 e 1918 decorreu a I Guerra Mundial que opunha as forças da Inglaterra, França
e seus aliados contra a Alemanha. Uma das razões que levaram à guerra foi a disputa pelo domínio
de territórios africanos. Em 1916 a Inglaterra pediu a Portugal que apreendesse os navios alemães
que se encontravam refugiados em portos portugueses, o governo português aceitou e devido a
isso Alemanha declarou guerra a Portugal. Por essa altura já lutava em Angola e Moçambique,
territórios que os Alemães cobiçavam. As primeiras trocas portuguesas partiram para França em
1917. A guerra terminou em 1918 tendo os aliados vencido, Portugal consegui manter as suas
colónias africanas. Morreram muitos militares e gastou-se muito dinheiro.
A participação de Portugal na I Guerra Mundial contribui para agravar os problemas que
afetavam o país:
-Havia falta de produtos fazendo que os preços subissem muito, enquanto que os salários não
acompanhavam essa subida;
-As despesas do estado continuavam superior às receitas, fazendo com que se recorresse
empréstimos no estrangeiro para pagar os produtos que se importavam e as despesas militares. A
dívida externa crescia;
-As greves, as revoltas, os assaltos aos armazéns de alimentos e os atentados a bomba eram
frequentes.
A situação política também se agravou: os governos mudavam frequentemente e os PRs ou
se demitiam ou eram demitidos porque os deputados dos diferentes partidos não se entendiam e
os militares também entreviam na política.

Entre 1910 e 1926 Portugal teve 8 PRs e 45 governos, sendo assim possível executar
medidas necessárias ao desenvolvimento do país. Grande parte da população vivia com cada vez
mais dificuldades, muitos portugueses desejavam um governo forte que trouxesse paz e
estabilidade governativa no país. A 28 de maio de 1926 houve um golpe militar chefiado pelo
general Gomes da Costa que pôs fim à I República. Entre 1926 e 1933 Portugal teve uma Ditadura
Militar:
-O parlamento foi encerrado e a constituição suspensa ( não se realizaram mais eleições para
escolher os deputados);
-Os governos passaram a ser escolhidos por militares;
-A imprensa passou a ser controlada pela censura, ou seja, os jornalistas não podiam escrever
nada contra a ditadura militar;
-As greves e as manifestações foram proibidas.
Apesar destas medidas os governos continuavam a durar pouco tempo porque os militares
não se entendiam. Para além disso Portugal continuava a endividar-se ao estrangeiro.

O Estado Novo (1933-1974)


Em 1928 o então PR o general Óscar Carmona convidou António de Oliveira Salazar para
ministro das finanças, este aceitou o cargo impondo como condição controlar os gastos de todos
os ministérios. No seu primeiro ano como ministro das finanças, Salazar conseguiu que as receitas
do Estado fossem maiores que as despesas, para isso contribuiu:
-O aumento dos impostos (Aumentando assim as receitas);
-Reduzindo os gastos, sobretudo com a saúde, educação e os salários dos funcionários públicos
(diminuindo as despesas).
Salazar foi ministro das finanças entre 1928 a 1932 obtendo grande prestígio. Assim sendo
os militares convidaram-no a ser chefe do governo (correspondendo a 1º ministro na atualidade).
Em 1933 foi aprovada uma nova constituição sobe a orientação de Salazar: foi o fim da
ditadura militar iniciando-se um novo período ditatorial, o Estado Novo.
De acordo com a nova constituição o PR e os deputados da Assembleia Nacional (o
parlamento) eram eleitos pelos cidadãos eleitores. Contudo as eleições no tempo de Salazar nunca
foram livres. A constituição reconhecia a liberdade dos cidadãos no entanto esta estavam
dependentes de leis especiais. Estas leis eram feitas de acordo com a vontade de Salazar, as
liberdades não eram respeitadas. Salazar foi se apoderando dos poderes do PR, a Assembleia
Nacional limitava-se a aprovar as leis apresentadas pelo governo (que era chefiado por Salazar).
Também os juízes nos tribunais tinham de julgar de acordo com as leis aprovadas pela Assembleia
Nacional, ou seja, de acordo com a vontade de Salazar. O chefe do governo mandava em tudo e
todos tinham de lhe obedecer. Assim Salazar governou em ditadura.
Para se manter no poder, Salazar tomou várias medidas:
-Proibiu a existência de partidos políticos criando a União Nacional, a única organização política
(partido) legal que era apoiante do seu governo;
-Proibiu o direito à greve e manifestações passando os sindicatos a ser controlados pelo governo;
-Reforçou a censura aos jornais, à rádio e mais tarde à televisão. Filmes peças de teatro e outros
espetáculos passaram também a ser censurados, a censura tinha como objetivo evitar que a
população tivesse conhecimento do que pudesse prejudicar a ditadura, assim não havia liberdade
de expressão;
-Criou a P.V.D.E. (polícia de vigilância e defesa do estado), passando em 1945 a chamar-se P.I.D.E.
(polícia internacional e de defesa do estado). Esta polícia vigiava, prendia e torturava os que
criticassem a ditadura em especial os simpatizantes e militantes do partido comunista português
(P.C.P.). Milhares de pessoas foram enviadas para prisões por todo o país;
-Criou a Mocidade portuguesa para que os jovens até aos 18 anos fossem ensinados a admirar
Salazar e a obedecer-lhe;
-Criou a Legião portuguesa, organização armada para defender o Estado Novo da ameaça
comunista;
-Criou o secretariado de propaganda nacional, para que através dos jornais, rádio, cartazes e mais
tarde televisão fazer propaganda ao Estado Novo. Criaram-se cartazes por todo o país para dar a
conhecer as obras realizadas por Salazar e outros para escolas para que os professores divulgassem
as ideias da ditadura. O que fosse negativo para o Estado Novo era escondido.

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