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1) Nos finais do séc.

XIX, Portugal viu-se fortemente abalado pela crise económico-financeira que


atingiu a Europa na década de 1890. Portugal tinha uma balança comercial deficitária, pois continuava
a importar mais do que exportava.

2) Devido ao agravamento da crise económico-financeira, que levou à falência bancos e


empresas, à desvalorização da moeda, ao aumento de impostos e da dívida pública que levou ao
pedido de empréstimos para pagar as dívidas; ao Ultimato Inglês de 1890 que foi encarado como um
ato de traição do rei e dos seus conselheiros e à instabilidade política e social, a população portuguesa
começou a ficar descontente e o descrédito pela monarquia aumentou. Além disso, a família real
tinha cada vez pior fama, devido à vida de luxo que levava e aos seus elevados gastos que contribuíam
para o agravamento da crise.

3) A 31 de janeiro de 1981, no Porto, os defensores do republicanismo tentaram derrubar a


monarquia e implantar a república. Este episódio foi facilmente controlado, mas dava sinais claros das
movimentações do republicanismo.

4) A 1 de fevereiro de 1908, em Lisboa, deu-se o regicídio: dois elementos da Carbonária


assassinaram o rei D. Carlos e o príncipe herdeiro D. Luís Filipe. D. Manuel II subiu ao trono, mas não
conseguiu evitar a queda da monarquia.

No dia 5 de outubro de 1910, triunfou uma revolução organizada por Machado dos Santos,
entre outros, decidida a pôr fim à Monarquia, que contou com o apoio de militares de baixa patente
e civis armados que participaram de forma decisiva. A República foi proclamada na varanda da Câmara
Municipal de Lisboa, por José Relvas, na manhã de 5 de outubro de 1910.

5) Implantada a República, formou-se um Governo Provisório, chefiado por Teófilo Braga, que
dirigiu o país até à aprovação da Constituição Republicana em 21 de agosto de 1911.

6) A Constituição de 1911, defendia a separação dos poderes e a existência de duas Câmaras


representativas do país: o poder legislativo era exercido pelo Congresso da República, formado pela
Câmara dos Deputados e pela Câmara do Senado; o poder executivo era exercido pelo Presidente da
República e pelos Ministros e o poder judicial era exercido pelos Tribunais.

7) Para marcar a diferença em relação à monarquia, adotou-se uma nova bandeira, um novo
hino (A Portuguesa) e uma nova moeda, o escudo.

8) As principais realizações da 1ª República foram: legislação social - criação das Leis de Família
que garantiam a igualdade de direito entre o homem e a mulher no casamento, e da Lei de Greve que
autorizava e regulava o direito à greve, proteção na velhice e na doença, e redução do horário semanal
de trabalho; a laicização do estado: criação da Lei da Separação da Igreja do Estado, expulsão das
ordens religiosas e nacionalização dos seus bens, estabelecimento do ensino laico nas escolas,
legalização do divórcio, obrigatoriedade do registo civil e reconhecimento do casamento civil como
válido; as mudanças educativas: escolaridade obrigatório entre os 7 e 10 anos, criação de jardins-
escola, escolas primárias, das Universidades de Lisboa e do Porto e reformas do ensino técnico; por
fim, mudanças financeiras: as sucessivas tentativas de equilíbrio das contas públicas, que só tiveram
sucesso em 1913, durante o governo de Afonso Costa.

9) Apesar das elevadas expectativas, o povo rural, católico e conservador recebeu mal algumas
medidas, principalmente as que se relacionavam com o anticlericalismo dos governantes
republicanos. Também a divisão do Partido Republicano em diversos partidos rivais foi um fator de
grande instabilidade política. Durante 16 anos Portugal teve 8 presidentes da República e 45 governos,
resultando na degradação do regime parlamentar. A participação de Portugal na 1ª Guerra Mundial
foi também um fator de contestação, uma vez que a intervenção não contava com o apoio de largos
setores da sociedade.

10) Perante um clima de instabilidade política e social, sucederam-se tentativas de derrube do


regime republicano. Em 1917, alguns grupos da sociedade portuguesa apoiaram a implantação de um
regime autoritário liderado por Sidónio Pais. Em dezembro de 1918, terminava a ditadura com o
assassinato de Sidónio Pais e os meses que se lhe seguiram foram bastante conturbados, chegando
mesmo a ser proclamada a monarquia no norte do país.

11) A 28 de maio de 1926, o General Gomes da Costa, acompanhado pelas suas tropas, saiu de
Braga, numa marcha militar em direção a Lisboa. Uma vez derrubado o Governo, suspenderam as
liberdades individuais, puseram fim à República Parlamentar e instauraram a Ditadura Militar.

12) A prosperidade verificada nos EUA na década de 1920 era frágil e ilusória, pois a produção era
muito superior à capacidade de compra dos consumidores. Nos finais da década, industriais e
agricultores já começavam a sentir os primeiros sinais de crise, tendo de reduzir o preço dos produtos
para conseguirem escoar os stocks – era a crise de superprodução.

13) Assustados com a baixa de lucros, os investidores decidiram vender as ações para reduzir os
prejuízos. No dia 24 de outubro de 1929, em Wall Street, foram colocadas à venda milhões de ações
que não tiveram comprados: era o Crash da Bolsa de Wall Street/Crash da Bolsa de Nova Iorque.

As consequências económicas do Crash foram: a falência de bancos e empresas, o desemprego e a


deflação.

14) Iniciada nos EUA, a “crise de 1929” rapidamente se alastrou pelos países dele dependentes:
ao retirar os capitais de bancos e empresas estrangeiras e ao reduzir drasticamente o volume de
importações de bens produzidos nos países industrializados e de matérias-primas oriundas dos cinco
continentes, os EUA arrastaram o Mundo para a profunda crise em que viviam.
15) Devido ao sistema económico instaurado na URSS, fiel aos princípios socialistas, apenas este
país saiu ileso da “crise de 1929”.

16) As consequências sociais da Grande Depressão foram avassaladoras e afetaram todas as


classes sociais. O desemprego foi avassalador, registando cerca de 40 milhões de desempregados,
lançados na mais dura miséria, sem direito a subsídios ou indemnizações

A miséria atingia as cidades e os campos, onde milhares de agricultores foram conduzidos à ruína e
outros tantos destruíam toneladas de alimentos na expectativa de fazer subir os preços.

Milhares de pequenos e médios industriais perderam as suas fontes de rendimento e não tiveram
outra opção senão tornarem-se assalariados.

A prostituição, a mendicidade, o suicídio e a criminalidade foram as únicas opções para milhares de


pessoas que enfrentaram a Grande Depressão.

17) Desgastadas pelas consequências da Grande Depressão e da instabilidade política e social que
reinava no seu seio, as democracias liberais foram sendo desacreditadas e contestadas por não
conseguirem apresentar soluções para os momentos de crise económica e social. Isto favoreceu o
crescimento de adeptos das propostas extremistas (extrema-esquerda e extrema-direita).

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