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Teorias do

Desenvolvimento
Econômico

Professora: Ana Karine Justino da Costa


DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Os Clássicos e o Desenvolvimento Econômico

• Os economistas clássicos abordaram a questão do desenvolvimento econômico e as implicações


distributivas desse crescimento entre as classes sociais.

• Esses autores procuraram determinar as origens das crises capitalistas, que afetam a acumulação de
capital , o nível de emprego e o crescimento econômico.

• Na busca dessas respostas evidenciam-se as abordagens de diferentes autores para enfrentar as crises
e relançar a economia em um processo de crescimento autossustentado, tanto para superar o atraso,
como para promover maior nível de desenvolvimento econômico.
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Os precursores: mercantilistas e fisiocratas

Mercantilistas
• Segundo os mercantilistas as riquezas das nações depende do afluxo externo de metais preciosos.
Essa ideia levou à expansão do comércio internacional, provocando maior crescimento econômico
das nações envolvidas.

• No entanto, o principal defeito do sistema mercantilista, no interior de cada país, era o de


desconsiderar o relevante papel das importações no desenvolvimento econômico.

• Procuravam maximizar o saldo da balança comercial pela expansão das exportações e compressão das
importações. Essa política, que levava ao protecionismo da atividade econômica interna contra
similares importados, no longo prazo tornava-se prejudicial ao desenvolvimento.
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Os precursores: mercantilistas e fisiocratas

Mercantilistas
• No caso da França, por exemplo, além da insuficiência de recursos naturais, o protecionismo herdado do
mercantilismo teria sido responsável pela industrialização tardia desse país em relação à Inglaterra. No
longo prazo essa política dificultou a difusão tecnológica e a adoção de processos de produção redutores de
custos.

• A proteção agrícola contribui para manter elevados os preços internos de alimentos e matérias-primas,
aumentando o custo de vida e, portanto os salários de mercado.

• Os custos das empresas cresciam com os excessivos direitos alfandegários sobre o carvão coque e demais
matérias-primas industriais. Esses direitos proibitivos sobre o carvão e os produtos da indústria dos metais
estabelecidos pela Restauração em 1816 frearam o desenvolvimento da produção de ferro a partir do coque.
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Os precursores: mercantilistas e fisiocratas

Mercantilistas
• As indústrias mecânicas e todas as outras que utilizavam o carvão, ferro e aço teriam tido interesse
em comprar suas matérias-primas aos preços mundiais. Teriam obtido assim, custos de produção e
preços menos elevados e teriam podido exportar mais facilmente (Niveau, 1969).

• No Mercantilismo tudo era feito para maximizar a acumulação de ouro e prata, metais considerados
superiores ao ferro e ao aço, uma vez que “suprem as necessidades de todos os homens”
(Montchrétien, apud Hugon, 1988).

• Assim, o Estado deveria colocar essa política em marcha, mesmo em detrimento de países aliados e
de suas colônias. Essa concepção levou à intensa intervenção estatal na economia e ao protecionismo
da indústria em formação, em detrimento das atividades agropecuárias.
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Os precursores: mercantilistas e fisiocratas

Mercantilistas
• Na França, cujos principais expoentes foram Montchrétien, Cantillon e Colbert, o sistema
mercantilista adquiriu a forma industrialista. Procurava-se incentivar a indústria como forma de se
obter uma balança comercial superavitária.

• Nesse sentido, o estado concedia o monopólio a alguns indivíduos para a produção de determinados
bens, fixava a taxa de juros e estabelecia salários máximos, a fim de manter a competitividade das
exportações. Normas governamentais limitavam o consumo interno de bens de luxo exportados, tais
como tapeçarias, cristais, louças, tecidos finos e couros manufaturados.
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Os precursores: mercantilistas e fisiocratas

Mercantilistas
• Colbert (1619-1683) procurou conquistar os mercados externos pelo aprimoramento da qualidade dos
produtos franceses (Hugon, 1988). Aos poucos a ênfase em relação à moeda foi passando para a
esfera da produção, com as grandes nações fazendo de tudo para aumentar o seu poder comercial.

• Nesse sentido, cada metrópole estabeleceu um pacto colonial com suas colônias. Mediante esse pacto,
todo o comércio externo das colônias efetuava-se apenas com a metrópole, que fixava os preços e as
quantidades de produtos comercializados.

• Os preços das manufaturas importadas pelas colônias deveriam ser os mais elevados possível,
enquanto eram fixados em níveis extremamente baixos os preços das matérias-primas e alimentos
adquiridos pela metrópole.
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Os precursores: mercantilistas e fisiocratas

Mercantilistas
• Da mesma forma, somente os navios metropolitanos transportavam os bens comercializados entre as
colônias e a metrópole respectiva (Hugon, 1988). Essa política promoveu uma Revolução Comercial
na Europa e consolidou as economias nacionais dos grandes países europeus, mas estabeleceu as
raízes do subdesenvolvimento contemporâneo.

• Contudo, o sistema mercantilista tinha sua coerência interna. De um lado, a preocupação em expandir
as exportações contribuía para desafogar os estoques de mercadoria e elevar o nível de renda e de
emprego; de outro lado, o afluxo da moeda ajudava a reduzir a taxa de juros e, com isso, estimulava o
nível de investimento e o crescimento econômico.
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Os precursores: mercantilistas e fisiocratas

Mercantilistas
• O pensamento mercantilista considerava que “uma taxa de juros indevidamente alta era o maior
obstáculo ao desenvolvimento da riqueza; e os mercantilistas haviam também compreendido que a
taxa de juros dependia da preferência pela liquidez e da quantidade de moeda” (Keynes, 1990).

• Entre os mercantilistas ingleses, destacaram-se Thomas Mun e John Law. Thomas Mun (1571-1641)
deu um passo além da concepção mercantilista de então, ao afirmar que o fundamental do
enriquecimento de um país está no comércio exterior, por desenvolver a atividade econômica interna,
e não na simples acumulação de reservas.
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Os precursores: mercantilistas e fisiocratas

Mercantilistas
• John Law (1671-1729) acreditava que a escassez de metais preciosos poderia ser sanada com a
emissão de papel-moeda sem o lastro correspondente. Fundou o Banco Royale, na França, em 1716,
desencadeando um processo inflacionário, uma vez que não houve o aumento simultâneo da
produção.

• Segundo Hugon (1988), esse fato foi o responsável pela rejeição do crédito durante o século 18, o que
prejudicou o desenvolvimento dos bancos e da própria atividade produtiva.
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Os precursores: mercantilistas e fisiocratas

Fisiocratas
• Os fisiocratas, conhecidos como “Os Economistas”, combatiam a doutrina mercantilista ao propor
uma conduta liberal por parte do Estado e ao transferir a atenção da análise da órbita do comércio
para a produção.

• Segundo eles, a indústria e o comércio apenas transformam e transportam valores; o produto líquido
somente é gerado na agricultura, por meio do fator terra, que é uma dádiva da natureza.

• Há uma funcionalidade entre os setores econômicos, e a riqueza circular entre as três classes sociais:
classe produtiva (capitalistas e trabalhadores da agricultura), classe estéril (capitalistas e trabalhadores
dos demais setores) e a classe ociosa (proprietários de terras).
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Os precursores: mercantilistas e fisiocratas

Fisiocratas
• Para eles a indústria e o comércio não passavam de desdobramentos da agricultura, sendo esta
penalizada pela ação discriminatória do Estado.

• Na época, as propriedades agrícolas apresentavam pequena dimensão e baixa produtividade. Por


outro lado, os grandes proprietários nem sempre estavam presentes no meio rural, e as massas
camponesas e proletárias urbanas eram pobres e oprimidas por elevados impostos.

• A fome e as epidemias dizimavam periodicamente grande número de pessoas. Segundo os


fisiocratas, a terra produz valor por sua fertilidade, seguindo leis físicas. Com essa lei natural
regulando a ordem econômica, os agentes precisariam poder agir livre e naturalmente. Ao criar
obstáculos à circulação de pessoas e de bens, o Estado estaria inibindo essa ordem natural.
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Os precursores: mercantilistas e fisiocratas

Fisiocratas
• Argumentavam que as relações econômicas fluem no organismo social como o sangue no corpo
humano (Hugon, 1988).

• A produtividade natural da terra ainda poderia contribuir mais com o desenvolvimento econômico,
com o uso intensivo de capital, o que aumentaria o crescimento da agricultura. Contudo, uma
atividade agropecuária mais produtiva não podia desenvolver-se “naturalmente” pela histórica
discriminação contra a agricultura.

• Seria necessário um programa fisiocrático para mudar a mentalidade vigente, criar condições para o
aumento dos investimentos na atividades agrícola, para desencadear o crescimento dos demais
setores.
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Os precursores: mercantilistas e fisiocratas

Fisiocratas
Em síntese, a proposta fisiocrática compreendia os seguintes pontos:
a) Capitalização da agricultura para aumentar sua produtividade e elevar o nível de produção;
b) Redução da carga tributária e da evasão fiscal para aliviar os consumidores e estimula o aumento
da demanda de produtos agrícolas;
c) Estímulo ao comércio exterior, para escoar a produção agrícola.
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Os precursores: mercantilistas e fisiocratas

Fisiocratas
• O aumento da produção agropecuária e de sua produtividade, por parte da classe produtiva,
aumentaria o excedente a ser destinado ao desenvolvimento do resto da economia, onde atuava a
classe estéril. Fica implícita a tese central da fisiocracia de que apenas a agricultura produz
excedente.

• Assim sendo, o modo de produção capitalista, como forma de produzir excedente e desenvolver o
resto da economia só fazia sentido na agricultura (Napoleoni, 1988). Os fisiocratas consideravam a
despesa do consumidor como o principal determinante da renda. Com maior consumo, os preços
agrícolas aumentariam estimulando a acumulação de capital.
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Os precursores: mercantilistas e fisiocratas

Fisiocratas
• Desse modo, os preços dos produtos agrícolas deveriam ser altos, para estimular o aumento da
produção e da produtividade. Esta é a chamada doutrina do caro e abundante, ou teoria do bom
preço. O bom preço é aquele que elimina o lucro puro e é fixado pela concorrência no mercado.

• Com preços mais altos, os consumidores precisam ser compensados pela redução da carga
tributária, através de um imposto único sobre a atividade agrícola.

• A ideia social subjacente da redução da pressão sobre os pobres era a de produtores seriam
beneficiados pelo aumento da produção, consumo e dos lucros. A arrecadação pública deveria
crescer pelo aumento do produto nacional e pela redução da evasão fiscal .
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Os precursores: mercantilistas e fisiocratas

Fisiocratas
• Não obstante a preferência pela atividade agrícola, os fisiocratas defendiam a manutenção de uma
importante atividade manufatureira como instrumento de elevação geral do nível de renda.

• Em relação aos preços das manufaturas, a postura fisiocrática era oposta: eles deveriam ser baixos
para estimular o consumo, o que se refletiria no aumento da produção manufatureira e na
maximização da renda agregada.

• Entretanto, os fisiocratas consideravam os gastos em bens de luxo prejudiciais à noção de bom


preço, tendo em vista que seriam efetuados, segundo eles, em detrimento das despesas com produtos
agrícolas. Quanto maiores os gastos com bens de luxo, tanto menos se elevariam os preços
agrícolas, levando a agricultura a dispor de menos recursos para investimentos.
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Os precursores: mercantilistas e fisiocratas

Fisiocratas
• Essa doutrina fisiocrática do bom preço para os produtos agrícolas contrastará com a doutrina barato e
abundante dos economistas clássicos.

• Eles propunham, também, a redução do excesso de regulamentação oficial, a eliminação de barreiras ao


comércio interno e a promoção das exportações. Proibições às exportações de cereais, ao expandir a oferta
interna, reduziriam os preços, afetando o excedente do produtor rural e, portanto, os investimento agrícolas
e a renda total.

• A esse respeito, Quesnay é formal e afirma: “Não se deve impedir, de forma alguma, o comércio exterior
dos produtos da terra; porque tal é a venda, tal é a reprodução. Que por forma alguma se faça baixar o
preço dos gêneros e das mercadorias no reino, porque o comércio recíproco com o estrangeiro se tornaria
desvantajoso para a nação.
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Os precursores: mercantilistas e fisiocratas

Fisiocratas
• Da mesma forma, os fisiocratas viam a excessiva regulamentação do Estado como elemento redutor da
produtividade geral da economia.

• A desregulamentação e a desburocratização das atividades vinculadas ao setor público seria uma condição
indispensável à promoção do desenvolvimento econômico. E para manter baixos os preços das
manufaturas, combatiam a formação dos monopólios e as legislações que impedissem a livre circulação
de mercadorias no território nacional.

• O pensamento fisiocrático era, portanto, liberal, que se traduzia na forma laissez faire, laissez passer...
(Napoleoni, 1988). Eles foram adeptos do hedionismo, doutrina segundo a qual o indivíduo procura obter
a máxima satisfação, com mínimo dispêndio ou esforço. No agregado, quando cada indivíduo procede
desse modo, a sociedade estará obtendo o máximo bem-estar social.
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Os precursores: mercantilistas e fisiocratas

Fisiocratas
Em suma, as ideias principais dos fisiocratas resumem-se em quatro pontos principais:
• O aumento do investimento na agricultura eleva a produtividade agrícola e impulsiona o
crescimento da economia
• A contenção dos gastos em bens de luxo é indispensável para não afetar a demanda de produtos
agrícolas, seus preços e o nível de investimentos na agricultura.
• A eliminação de restrições às exportações é necessária para aumentar o seu fluxo e manter em
elevação os preços dos produtos agrícolas e estimular o desenvolvimento da agricultura e do resto
da economia;
• A redução da carga tributária aliviaria os consumidores da elevação dos preços dos produtos
agrícolas, mantendo os níveis de demanda desses produtos e estimulando a agropecuária e a
economia em seu conjunto.
REFERÊNCIAS

•Jesus de Souza, Nali. Desenvolvimento Econômico.


Atlas, São Paulo, 5a. Edição, 2005.

•Our World Data. Disponível em


https://ourworldindata.org/

•Reis, T. Desenvolvimento Econômico: conheça as


principais teorias a respeito. Disponível em
https://www.suno.com.br/artigos/desenvolvimento-econo
mico/

•Tomazzoni, E. L. Teorias do Desenvolvimento


Econômico. Disponível em https://edisciplinas.usp.br/

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Obrigada pela atenção!

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