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Correntes mercantilistas:

Deve-se a Adam Smith a designação de mercantilismo. O ouro e a prata vindos da


América levaram à convicção de que a riqueza de um país provém desses materiais.
Tratava-se de acumular esses mesmos metais preciosos no interesse do próprio país na
base de uma política económica traçada pelo poder central.

Mercantilismo Bulionista ou espanhol:


• Para a Espanha que tinha acesso direto, pelo domínio político reconhecido por Roma,
ao ouro e prata da América, a orientação mercantilista limitava-se a orientar a
conservação do referido metal precioso.

• O Bulionismo tem, assim, por finalidade a proibição absoluta da saída do ouro e da


prata quer em barra, quer em moeda. Tratava-se de, portanto, de evitar a saída dos
metais preciosos para o estrangeiro, mantendo uma balança comercial favorável.

Mercantilismo Industrial ou francês ou Colbertismo:


• O objetivo do mercantilismo industrial foi o de captar ouro do estrangeiro através
das exportações.

• França não tinha acesso direto aos metais preciosos encontrados no novo mundo.
Convinha, assim, desenvolver relações económicas que atraíssem para o seu
território os metais preciosos que não tinha acesso.

• Desta forma, Colbert industrializou a França, procurando garantir grandes entradas


de ouro através da venda de produtos manufaturados.

• O fundamental era assegurar o saldo favorável da balança comercial: a saída do ouro


para comprar matérias-primas devia ser inferior à entrada do ouro resultante das
vendas ao estrangeiro. Para tal exigia-se uma forte intervenção do Estado na
economia.

• Assim se pode concluir que, datam desta época a criação das grandes indústrias de
produtos de luxo que ainda hoje caracterizam a economia francesa. Estas indústrias
de bens de luxo correspondem a sedas, tapeçarias, porcelanas, perfumes. Pela
exportação desses artigos, França obtinha, então, os pretendidos metais preciosos.

Mercantilismo Inglês ou da Balança Comercial ou do Ato de Navegação de


Cromwell de 1650:
• O mercantilismo comercial baseou-se no desenvolvimento da atividade comercial.
• Para alcançar este objetivo a Inglaterra privilegiou o comércio marítimo como o
grande intermediário do comércio mundial.

• O Ato de Navegação de Cromwell atribuiu à marinha inglesa o monopólio do


comércio entre a Inglaterra e os outros países, proibindo que as mercadorias
estrangeiras fossem desembarcadas em portos ingleses por navios que não fossem
nacionais do país.

• A política mercantilista inglesa, como todas as políticas mercantilistas da época, visou


a obtenção e a conservação de metais preciosos.

Mercantilismo em Portugal:
O Mercantilismo em Portugal conheceu duas principais fases:
1. Entre a descoberta do caminho marítimo para a Índia e a perda da independência,
com o predomínio de um mercantilismo comercial e marítimo.
• O comércio de produtos do Oriente praticado por Portugal afetou a posição
comercial das cidades italianas pois o custo do transporte marítimo de tais
produtos era cerca de 1/5 do custo do transporte terrestre.

2. O Mercantilismo Industrial: foi descoberto ouro no Brasil. Este ouro veio permitir o
renascimento económico após a crise da dominação filipina que, entre outras
consequências, implicou a perda da hegemonia portuguesa no comércio
internacional para os holandeses.

• Na fase do mercantilismo industrial importa destacar que o Conde de Ericeira


fundou as indústrias de lanifícios e de calçado. E que foi também criada uma
política de desenvolvimento das indústrias das sedas, da exploração do ferro
exercendo-se, ainda, um apertado controlo sobre o comércio internacional.

Fisiocracia (fisio- natureza; cracia- ordem)


A fisiocracia teve como ideia fundamental a defesa de uma ordem natural que
comandava a economia. A economia seria dirigida por leis naturais, que tendo origem
divina, seriam, por isso mesmo, inalteráveis. A vontade e a ação do homem não as
podiam contrariar- A figura mais destacada do fisiocratismo foi François Quesnay.

O pensamento fisiocrático repousa em duas ideias fundamentais:


1. A agricultura é a única atividade de produção económica criadora de riqueza,
já que as outras apenas transformam ou transportam.

• Para os fisiocratas só há riqueza nova quando há criação de uma nova matéria:


o homem recebe da terra um bem novo, diferente daquele que á terra lançou.
Dá a riqueza nova, de matéria nova que antes não existia na economia.

• A indústria não cria riqueza nova, apenas transforma a matéria já existente e o


comercio também ele não cria riqueza, só a transporta, facilitando o acesso dos
consumidores nos bens antes produzidos.
• Ao contrário da agricultura que proporciona no homem um produto líquido- o
valor do bem que a terra entrega á sociedade (valor do trigo) é superior ao
valor dos bens utilizados na sua produção (o valor das sementes e dos adubos).

2. O Estado não deve intervir na economia, pois tal intervenção será sempre
perturbadora da ordem natural. As únicas tarefas que deviam caber ao Estado
seriam a defesa do território e a administração da justiça.

Evolução do pensamento econômico Quesnay


Os fisiocratas viram na liberdade económica a condição essencial da prosperidade dos
povos e na intervenção estadual, a causa do empobrecimento das nações. Segundo os
fisiocratas a sociedade estava dividida em três classes sociais:
1. Classe reprodutiva (dos agricultores)
2. Classe dos proprietários (os donos das terras)
3. Classe estéril (industriais, comerciantes)

1. A classe produtiva seria constituída apenas por aqueles que cultivavam a terra
porque desta provinha toda a riqueza.

2. A classe dos proprietários seria constituída pelos donos das terras e dos outros
bens de produção.

3. A classe estéril inclua todos aqueles que se dedicavam a todas as outras


atividades diversas da agricultura (ex: a indústria e o comércio), o que não
significa que estas não sejam necessárias, mas são alheias à terra e por isso não
criam riqueza nova. Apenas da agricultura resulta um produto, conjunto do
trabalho, do produtor e das forças da natureza. A designação de classe estéril não
significa que os comerciais e industriais fossem para os fisiocratas inúteis, eles
não negaram o interesse dessas mesmas atividades.
• A indústria e o comercio seriam uteis, mas por falta de participação da natureza
nos respetivos processos produtivos não criavam riqueza nova só quando a
natureza contribuía para a produção, o respetivo rendimento excede o valor do
trabalho do homem.

Algumas conclusões sobre os fisiocratas:

• O legislador deveria abster-se de qualquer regulamentação que pudesse ser


nociva para a agricultura sendo a terra a única criadora de riqueza nova de um
produto líquido apenas sobre a terra, deveria incidir uma tributação, mas que
não se agrava a situação dos agricultores.
• Os agricultores haveriam de transferir o peso econômico desse mesmo imposto
par todos os outros setores que tivessem dependentes dos produtos agrícolas e
sendo assim os agricultores nunca seriam prejudicados

Críticas á fisiocracia:
• tem uma visão puramente materialista da riqueza: o comercio e a indústria não
são estéreis pois aumentam a riqueza nacional
• comete um erro semelhante aquele que apontou ao mercantilismo ao
sobrevalorizar a agricultura

Escola clássica inglesa Adam Smith


Designa-se por escola clássica a vaga de pensamento económico iniciada em Inglaterra
em finais do seculo XVIII, e que teve em Adam Smith o seu expoente máximo.

• A construção de Adam Smith assenta no pressuposto da existência de uma ordem


natural da economia. Sendo convictamente contra a intervenção do Estado que não
deve exercer tarefas económicas.
Ordem natural económica: esta ordem dos liberais é, todavia, distinta da dos fisiocratas.
Na verdade, enquanto para estes a sua origem era divina, para os liberais era de natureza
psicológica, ou seja, surgia como consequência de comportamentos dos homens na vida
económica.

• Para Adam Smith, é a mão invisível que assegura o equilíbrio e o bem-estar coletivo.
Este equilíbrio resulta naturalmente da livre concorrência entre os agentes
económicos no mercado.
Desta forma, o modelo económico liberal repousa em dois grandes princípios:
1. Liberdade da empresa, isto é, liberdade de iniciativa privada, sendo permitido a
qualquer um dedicar-se à atividade económica que melhor lhe aprouver.
2. Liberdade de concorrência: a liberdade de ação dos sujeitos económicos é uma
condição indispensável para o progresso social.

A não intervenção do estado:


Se existe uma ordem natural da economia e se a mão invisível do mercado assegura o
seu equilíbrio o estado não deve intervir na economia pois tal intervenção será sempre
perturbadora e sobretudo prejudicial para o desenvolvimento económico.
Três razoes pela qual justificam a não intervenção:
1. O estado não deve intervir na produção dos bens pois ao gestor público falta o
móbil do lucro, do seu interesse pessoal nos bons e maus resultados da empresa

2. O estado não deve também intervir no mercado dos bens e serviços pois a sua
ação teria por consequência quebrar o equilíbrio do mercado impedindo que o
preço correte se aproximasse do preço natural, causando assim prejuízos

3. O estado não deve intervir no comercio internacional adotando medidas


protecionistas, pois os liberais defendem o princípio do livre-cambismo segundo
o qual não devem existir barreiras aduaneiras á circulação de mercadorias dos
diversos países.
Tarefas do Estado:

• Defesa nacional
• Administração da justiça
• Infraestruturas indispensáveis ao funcionamento da economia
O estado deveria, ainda, acertar as despesas públicas nos impostos. Quanto aos
impostos anunciou quatro regras:
1. Regra da justiça: cada um deve contribuir para o Estado na proporção das suas
possibilidades.
2. Regra da certeza: o montante do imposto deve ser claramente definido de modo a
não deixar margem para dúvidas ou para critérios menos transparentes.
3. Regra da comodidade: o imposto deve ser cobrado nas épocas e pelos meios mais
convenientes para os contribuintes.
4. Regra da economia: o imposto absorverá a menor parcela possível do património do
contribuinte.
• Enquanto os fisiocratas atribuíram posição cimeira ao fator de produção terra,
para Adam Smith o fator produtivo dominante é o trabalho.
• Um país rico quanto maior for a produtividade da sua força de trabalho e não por
motivos relacionados com acumulação de metais preciosos, como erradamente
pensavam os mercantilistas.
Adam Smith formulou, pela primeira vez, a classificação dos fatores de produção:

• terra
• trabalho
• capital
Destacando o trabalho como o mais importante porque, que sem ele todos os outros
fatores seriam inúteis.
Por outro lado, se o TRABALHO está na origem da riqueza, o progresso depende da
DIVISÃO DO TRABALHO, o que significa que cada trabalhador deu escolher a profissão
para a qual tenha melhores aptidões e especializar-se apenas nessa atividade sem
dedicar a várias.
Desta forma, todos os Estados pela divisão do trabalho, pela especialização e pela livre
troca de produtos entre eles, alcançariam os mais elevados níveis de progressos.

Malthus (Escola Clássica Inglesa Pessimista):

• A importância económica da obra de Malthus está relacionada com a análise da


relação entre o crescimento da população e a produção agrícola de bens necessários
para a alimentar.

• Para Malthus a miséria da maioria da população é um fenómeno natural, e com


tendência para um contínuo agravamento, na medida em que é consequência direta
da diferença entre o ritmo de crescimento da população e o ritmo de crescimento da
produção agrícola.

• Até ao século XIX as guerras e epidemias tinham dizimado a população e


consequentemente tinham posto um travão no crescimento da humanidade.
Por isso, para o futuro, Malthus defendeu duas medidas:

1. O Estado devia diminuir a política de assistência social aos mais desfavorecidos.


Entendia Malthus que embora fossem medidas bem-intencionadas, eram
contraproducentes pois asseguravam meios de subsistência a quem os não tinha
permitindo-lhes casar, ter filhos, multiplicando assim a miséria.
2. Mais importante seria o controlo dos nascimentos. Só os cidadãos com recursos
suficientes para assegurarem o sustento dos seus filhos é que deveriam constituir
família. Os outros deveriam abster-se de casar.

Escola Clássica Francesa de Jean-Baptiste Say: ( escola clássica otimista)

• Jean Baptiste Say foi o autor mais destacado da Escola Clássica Francesa.

• Ele partiu das mesmas ideias de Adam Smith – ordem natural da economia, livre
iniciativa privada, livre concorrência, não intervenção do Estado na economia – mas
criticou o conceito de produção.

• Para Adam Smith, o trabalho, principal fator de produção, dividia-se por: trabalho
produtivo (fabricação de bens materiais) e improdutivo (o trabalho dos funcionários,
das profissões liberais, os serviços).

• Say, pelo contrário, inclui no trabalho produtivo a produção de todos os bens,


materiais e imateriais, dado que estes últimos são também objeto de transação no
mercado, estando, por isso, sujeitos à lei da oferta e da procura.

• Com base nestas ideias, Say defendeu uma teoria do valor dos bens (valor-utilidade)
diversa da de Smith (valor-trabalho): o valor depende não só do custo de produção
(que influencia a oferta), mas também da utilidade dos bens, do serviço que eles
prestam ao homem (que influencia a procura).
• Esta visão relativa à produção económica e ao valor dos bens consumou a base para
as suas duas principais teorias: teoria da produção e lei dos mercados.

• A teoria da produção de Say desenvolve-se a partir do princípio de que, sendo a


produção a criação de utilidades económicas, ela é concretizada através da
conjugação de três fatores de produção: a terra (e os outros elementos naturais), o
trabalho (o esforço do homem dedicado à produção) e o capital (as matérias-primas,
os instrumentos de produção e a moeda necessária para comprar todos os fatores
de produção).

• A sua contribuição de maior relevo para a evolução do pensamento económico foi a


lei do mercado: no mercado, os produtos trocam-se por outros produtos e, a moeda
é apenas a intermediária dessas trocas.
• Ao defender que a moeda desempenha apenas essa função, Say tem uma visão
redutora da moeda, pois os sujeitos económicos não utilizam a moeda só para a
compra de bens no mercado, mas também para a entesourarem, ou seja, para
constituírem reservas de valores.
• Say defende, também, que se deve desenvolver a mecanização das empresas uma
vez que, quanto maior for a produção, maior será o nível de satisfação das
necessidades, não sendo possível, desta forma, uma crise de sobreprodução.

• Quando há produção em excesso ou em falta face às necessidades da procura, o


mercado resolverá automaticamente este desequilíbrio através do mecanismo dos
preços.

David Ricardo (Teoria do Salário e Teoria da Renda):


• Figura destacada pela Escola Clássica inglesa, David Ricardo foi, porventura o
autor mais abstrato desta escola de pensamento, como claramente o
demostram as suas teorias da renda e do salário.
Teoria do salário:

• Segundo a teoria do salário, David Ricardo afirma que todos os bens têm um preço
corrente e um preço natural.

• O preço natural deveria corresponder ao mínimo necessário à sobrevivência do


trabalhador, de forma que lhe permitisse constituir uma família e reproduzir-se.
Assim, o mínimo de subsistência era constituído pela quantidade de bens e artigos
de primeira necessidade que o trabalhador, por costume, tinha como indispensável.

• O preço corrente era o resultado do encontro entre a oferta e a procura de trabalho


no mercado, ou seja, o salário recebido pelo trabalhador.

• Tal como acontece com todos os bens, também com o trabalho do homem existe,
segundo David, uma tendência inevitável para o preço corrente se aproximar do
preço natural.
Deste cenário se extrai a conclusão pessimista da teoria do salário:
➢ Existe uma tendência natural, logo inevitável, para que os salários se situem a um
nível muito baixo, contribuindo, assim, para as péssimas condições de vida da
maioria da população.
Teoria da Renda:

• A teoria da renda seria o benefício dos agricultores das terras mais férteis em relação
aos outros agricultores.

• Quando o homem deixou de ser nómada para se fixar à terra vivendo do seu cultivo,
escolheu, naturalmente, as melhores terras, ou seja, as que tendo maior qualidade,
mais e melhor produzem. Logicamente que com o crescimento da população tornou-
se necessário produzir cada vez mais.
• O homem foi assim obrigado a alargar a área de cultivo para terras que apresentam,
agora, menor qualidade, o que implicou um maior esforço, logo um maior custo de
produção.

➢ Os agricultores das terras mais férteis cultivam com um custo de produção de


100, os de média fertilidade cultivam com um custo de produção de 150 e, os de
baixa fertilidade, cultivam com um custo de produção de 200.

• O preço no mercado irá formar-se em função do custo de produção mais alto, o que
permite um benefício adicional para os proprietários das terras mais férteis.

1. Concluindo, existe uma tendência natural para o continuo aumento dos preços dos
bens agrícolas. E, só um grupo de pessoas lucra com essa situação: os proprietários
das terras.

As críticas ao liberalismo:
Durante o século XIX multiplicaram-se as doutrinas críticas do liberalismo que podem
ser distribuídas por três grandes grupos:

1. Doutrinas que, sem porem em causa os princípios fundamentais da economia de


mercado, nomeadamente a propriedade privada, criticam as ideias liberais em
determinados aspetos concretos como seja o livre cambismo ou a não intervenção
do Estado na economia. Procuram melhorar o sistema de mercado e não substituí-
lo:
• A corrente nacionalista de Frederico List;
• A corrente Sentimental de Sismondi.

2. Doutrinas socialistas cujo principal objetivo é a defesa de um novo modelo


económico, radicalmente diferente do modelo da economia de mercado,
condenando assim a propriedade privada, a livre concorrência e o trabalho
assalariado:
• O Socialismo utópico;
• O socialismo Marxista de Karl Marx.

3. Doutrinas influenciadas pelo pensamento cristão que, simultaneamente, criticam o


liberalismo e o socialismo:
• A Reforma social de Le Play;
• A doutrina social da Igreja.

Escola de Reações Nacionalistas – Alemanha:


• As reações contra o liberalismo iniciaram-se com os economistas alemães. O
liberalismo de Adam Smith servia essencialmente os interesses da Inglaterra, em
consequência do desenvolvimento das suas indústrias.
1. Adam Muller;
2. Frederico List.

Adam/Muller
• Segundo Adam Muller, a propriedade da terra só poderia entender-se no interesse
de toda a comunidade. Os interesses e os direitos individuais subordinavam-se ao
interesse comum.

• A riqueza não residia nos bens materiais, mas antes nas forças suscetíveis de
assegurar essa mesma produção. Os valores imateriais também se incluíram nessa
riqueza.

Este enunciou 4 fatores de produção:


1. Terra;
2. Trabalho;
3. Capital material;
4. Capital espiritual.

• Para Muller, a liberdade do comércio era incompatível com os interesses da


Alemanha na época, servindo, apenas, os interesses da Inglaterra.

Teoria das forças produtivas de List:


• A corrente nacionalista teve lugar na Alemanha quando se colocou a questão das
relações económicas com o exterior.

• Devido ao facto de ser um país economicamente atrasado, dado que a Revolução


Industrial aí chegou mais tarde do que a outros países europeus, a Alemanha sempre
conheceu um forte intervencionismo estatal na economia decorrente de governos
autocráticos das ideias liberais que vingavam em Inglaterra e em França.

• Na reação nacionalista contra o liberalismo destacou-se Frederico List que


desenvolveu uma teoria assente nas seguintes ideias:

➢ O livre cambismo serve os interesses económicos de Inglaterra, país mais


desenvolvido, não serve os interesses da Alemanha, país essencialmente
agrícola.

➢ Face ao atraso industrial, a Alemanha devia praticar um protecionismo aduaneiro


(barreiras alfandegárias), para garantir o seu desenvolvimento.
• Se a Alemanha deixasse entrar livremente os produtos ingleses, estes com preços
mais baixos e com melhor qualidade do que os produzidos no país, impediriam o
crescimento da indústria alemã.

• Só o protecionismo aduaneiro, com as barreiras aos produtos estrangeiros,


tornando-os mais caros, é que permitiria o desenvolvimento da indústria nacional
que estava agora a dar os seus primeiros passos.

• O sacrifício que é pedido ao povo alemão será compensado pelo benefício que a
geração seguinte irá usufruir.

• O protecionismo aduaneiro defendido por List é transitório, daí ser designado de


protecionismo aduaneiro educativo, isto é, para permitir que a indústria nacional
alemã se pudesse desenvolver e crescer.

• Assim, para List, as indústrias alemãs teriam que ser protegidas por fortes barreiras
aduaneiras até alcançarem o nível suficiente para fazer face à concorrência de
outros terceiros países.

• Esta seria uma teoria que definia os fatores suscetíveis de assegurar a continuidade
no ritmo de produção. Estes fatores não respeitariam só os bens materiais, quer bens
diretos ou indiretos, mas também a instituições politicas e jurídicas.

• Era inaceitável a construção de Adam Smith, que se cingia aos bens materiais e que
considerava improdutivos os cientistas, os professores, os diplomatas e os médicos
que, embora não produzam bens materiais, concorrem para o desenvolvimento das
forças produtivas da nação.

O intervencionismo de Sismondi e a legislação laboral:


• A corrente sentimental reagiu contra o liberalismo por força da contradição visível
entre a ordem natural da economia, fonte de progresso e bem-estar, de acordo com
os liberais, e a miséria das classes trabalhadoras no início do séc. XIX, em
consequência dos baixos salários, das 15/16h por dia de trabalho em condições
desumanas, 6 dias por semana e o elevado trabalho infantil com a utilização
indiscriminada das crianças nas fábricas.

• Crítica, pois, o alheamento do Estado face a estes problemas, exigindo a sua


intervenção na economia. Defende, então, os seguintes pontos:

1. Defesa da intervenção do Estado no campo laboral:


• O esforço contínuo da concorrência exige às empresas a permanente diminuição dos
custos e o fator de produção, cujo custo mais facilmente pode ser reduzido pelas
empresas, é o fator de trabalho. Os baixos salários, o trabalho infantil, o desemprego
e o aumento do horário de trabalho são meios eficazes para a diminuição do custo
de produção das empresas.

• O que Sismondi exige é a intervenção do Estado no mundo do trabalho através de


uma legislação que estabeleça regras na sua organização, sobretudo, no que diz
respeito ao trabalho infantil, ao horário de trabalho, etc. Por este motivo, Sismondi
é considerado o pai da legislação laboral dos nossos dias.

2. Defesa da intervenção do Estado na distribuição da riqueza:

• A política da distribuição da riqueza tinha em vista a correção das desigualdades


sociais. Sismondi critica os liberais por terem centrado as suas atenções na produção
de riqueza em detrimento da sua distribuição.

• O Estado devia, pois, intervir para tornar mais justa essa distribuição, garantindo
rendimentos a quem não os tinha: os desempregados, os doentes e os idosos.
Sismondi foi, assim, o defensor de uma política de proteção social, nas vertentes do
desemprego, da velhice e da doença.

3. Defesa da propriedade privada e da economia de mercado:

• Sismondi defendeu a propriedade privada e o regime de economia de mercado.

• O modelo da pequena propriedade com a união entre o trabalho e a propriedade


(ou seja, proprietário e trabalhador são a mesma pessoa) é para si o mais apropriado.

4. Limitação do uso das máquinas:

• Sismondi considerou que as crises de sobreprodução eram geradas por 2 fatores:

1. O progresso contínuo da industrialização levando a um aumento da produção das


empresas.

2. O fraco poder de compra das populações em virtude dos baixos salários e do


elevado desemprego.

• Isto significava que cada vez as empresas produziam mais, mas essa produção não
era vendida no mercado pela ausência de compradores.

• Perante esta situação, Sismondi exigiu que o Estado controlasse e limitasse o uso das
máquinas, defendendo a maior utilização de mão de obra.
• substituíram-se os homens pelas máquinas, aumentando assim o desemprego seria
necessário limitar o uso das máquinas para criar mais emprego e para não haver
tanta produção porque senão essa produção não seria absorvida pela população
porque não teriam poder de compra para os bens produzidos.

Pensamento socialista:
1. Reações socialistas:

• As reações socialistas surgiram devido à extrema miséria das classes operárias em


consequência da industrialização.

• Os salários dos trabalhadores eram bastante reduzidos e a situação ainda foi


agravada, no plano social, pelos hábitos de luxo ostentados pelos novos-ricos
benificiários dessa mesma industrialização.

Socialismo utópico:
• O associacionismo correspondeu a um conjunto de ideias que se esforçaram por
encontrar um modelo de sociedade que suprimisse as injustiças do sistema
capitalista.

• Teve como ideia fundamental a substituição do princípio liberal do individualismo


económico pelo princípio da associação entre os homens.

• Robert Owen foi um riquíssimo industrial escocês que, nas suas fábricas, proibiu o
trabalho infantil e diminuiu o horário de trabalho de 17 para 10 horas por dia. Utilizou
a sua fortuna para financiar um modelo económico baseado na propriedade comum
dos meios de produção.

• Segundo ele, o lucro era a principal causa das desigualdades sociais, de forma que,
se abolisse o lucro desapareceriam tais desigualdades. Ora, como o lucro se
expressava em moeda, o fim da moeda implicaria o fim do lucro.

• Para concretizar esta ideia criou armazéns de troca de trabalho, onde os sociais
trocavam a sua produção por vales de trabalho que depois utilizavam na compra dos
bens de consumo.

• Esta experiência falhou, contudo, não impediu um modelo de empresa cooperativa


destinado à compra de bens de consumo.
• Os 28 operários que foram os pioneiros a estabelecer o princípio da repartição dos
lucros proporcionalmente às compras de cada sócio continua hoje a constituir um
ponto fundamental do movimento cooperativo.

• O contribuo de Robert Owen para a evolução das ideias económicas é justamente


de ter sido o embrião de um novo modelo de empresa, totalmente distinto da
empresa privada, que é a empresa cooperativa.

Socialismo científico:

• Diz-nos que na ciência não há conquistas nem estádios definitivos. Por isso, as
estruturas económicas que assentaram os liberais não podiam ser definitivas, tratava
se apenas de estádios de categorias histórias. O capitalismo seria a categoria
destinada, pelo sentido evolutivo das sociedades, a dar lugar ao coletivismo,
categoria história que sucederia ao capitalismo.

O materialismo histórico e o socialismo:


O materialismo Histórico de Karl Max e as suas teorias económicas inspiradas em David
Ricardo

• O Marxismo procura demonstrar que o capitalismo representa uma fase histórica da


evolução da humanidade a que se seguirá, inevitavelmente, o socialismo e depois o
comunismo.

• As relações de produção capitalistas, baseadas na apropriação privada dos meios de


produção, cederão o seu lugar às relações de produção socialistas caracterizadas pela
apropriação coletiva dos meios de produção.
• Esta evolução é comandada pela luta de classes que, segundo Marx, é o verdadeiro
motor da história.

• Para o marxismo, o capitalismo é então um regime socialmente injusto, mas que


está, como referido, historicamente condenado.
Esta construção de Karl Marx assenta em 2 teorias fundamentais:
1. A da concentração capitalista;
2. A da mais-valia.

Teoria da mais-valia:
• O caráter socialmente injusto do regime capitalista resulta da exploração do homem
pelo homem e é explicado através da teoria da mais-valia.

• Existe uma clara diferença entre o valor dos bens vendidos no mercado pelo
capitalista e o salário pago ao operário, ou seja, há uma diferença entre o valor do
tempo de trabalho (salário) e o valor criado por esse tempo de trabalho.
• Na realidade, a lei da propriedade privada assegura aos capitalistas a propriedade
sobre os bens produzidos nas fábricas, o produto do trabalho dos operários, que
depois é vendido pelos capitalistas por um valor necessariamente superior aos
salários pagos, pois doutra forma a empresa daria prejuízo e a lógica das empresas
privadas é o lucro e não o prejuízo.

• Essa diferença corresponde à mais-valia que surge deste modo como a expressão
monetária do lucro do capitalista.

• É precisamente aqui que radica o caráter explorador e injusto do regime já que os


capitalistas conseguem auferir rendimentos sem trabalhar. Esta exploração só
terminará quando acabar o princípio da propriedade privada.

• Este conceito de mais-valia está associado ao conceito de sobretrabalho que


corresponde, na lógica marxista, ao trabalho não remunerado.
• O sobretrabalho dá origem à mais-valia pois aquilo que o trabalhador produz por dia
na fábrica tem, no mercado, um valor correspondente a, por exemplo, 6 horas de
trabalho e, na realidade, o trabalhador trabalha não 6, mas sim 12 horas por dia, pelo
que as restantes 6 horas correspondem a trabalho não remunerado. Em suma, a
fonte de lucro do capitalista.

Teoria da concentração capitalista:


• O regime capitalista está historicamente condenado porque é inevitável a passagem
do capitalismo para o socialismo.

• Esta inevitabilidade resulta do facto de o capitalismo vir a ser destruído pelas forças
que ele próprio gerou, isto é, são as próprias leis do seu funcionamento que
conduzirão à sua destruição. Para demonstrar tal ideia, Marx formulou a Teoria da
Concentração Capitalista.

• A lógica da empresa privada é o lucro. O objetivo de qualquer empresa é, pois, o de


aumentar a sua dimensão, para ver também aumentados os seus lucros.

• O processo de crescimento capitalista é feito à custa das outras empresas, através


do processo de concentração capitalista.

• O processo de concentração tem como imediata consequência a progressiva


diminuição do número de empresas (logo, de capitalistas) e o aumento do número
de assalariados, pois, os empresários cujas empresas foram absorvidas ou expulsas
do mercado tornaram-se empregados das empresas que sobreviveram e cresceram.
• Por outro lado, o esforço contínuo de aumento dos lucros, assegurado através da
diminuição dos custos de produção e de métodos mais eficazes de produção, obriga
as empresas a envolverem-se em processos de mecanização.

• A industrialização, com a substituição dos homens pelas máquinas, gera desemprego


e o desemprego, com o aumento da oferta de trabalho, é a melhor garantia para
baixos salários.

• Por um lado, tínhamos os empresários, os capitalistas benificiários dessa


industrialização, cada vez mais ricos e poderosos. Pelo contrário, tínhamos os
trabalhadores, cada vez mais pobres, o que estaria na origem das crises económicas
uma vez que faltava poder de compra às massas para absorverem os bens
produzidos.

• O número de proletários crescia sempre e, num determinado momento, esses


mesmos proletários, por uma via revolucionária em grande número, fariam cessar o
estado das coisas, entregando à comunidade os meios de produção. Era a ditadura
do proletariado.

Doutrinas Cristãs

• Frederico Le Play foi um dos autores que procurou apresentar uma via intermédia
entre o binómio liberalismo/socialismo, encarando as questões económicas à luz dos
princípios da moral cristã.

Na doutrina da Reforma Social, Frederico tomou como ponto de partida duas grandes
ideias:
1. Intervenção económica do Estado é, em regra, ineficaz, e, portanto, deve prevalecer
a iniciativa privada no campo económico, afastando-se, assim, radicalmente, os
socialistas.

2. O individualismo económico defendido pelos liberais é ilusório, pois, o homem é um


ser social e não um ser isolado que atua a pensar apenas nos seus próprios
interesses. O Homem vive, na sociedade, integrado em comunidades. A primeira e
mais importante das quais é a família e está ligado a elas por um conjunto de deveres
morais e naturais.

• O estudo da estrutura familiar é fundamental na obra de Le Play dado que ao


considerar a família como a célula fundamental da sociedade defendeu que a coesão
e a estabilidade social dependem da coesão e estabilidade familiar. Assim, tudo o
que de bom ou mau for vivido no seio da família repercutir-se-á na estrutura social.

Ao estudar os diferentes tipos familiares que se sucederam ao longo dos séculos, Le Play
distinguiu os seguintes:
1. Família patriarcal: em que a autoridade do poder familiar é absoluta e com a sua
morte a sua autoridade e o seu património é transferido em bloco para o seu
filho primogénito, mantendo-se, os restantes, sob a sua autoridade;
2. Família tronco: é caracterizada pelo facto de o chefe de família ser livre de
escolher qual dos filhos vai herdará todo o património, optando, assim em
princípio pelo filho mais competente, por aquele que está mais preparado. Os
outros iram abandonar a família, contruindo a sua própria família e novos
patrimónios.
3. Família dispensa: seguindo os princípios da igualdade da Revolução Francesa
implica que em cada geração o património familiar seja dividido em tantas partes
quanto o n° de herdeiros. A família vai perdendo sucessivamente de geração em
geração a sua base económica.
O modelo de família defendido por Le Play foi a família-tronco porque preservava a base
económica da família, não a destruindo a cada geração que passasse e, porque
estimulava o espírito de iniciativa económica, pois os filhos que nada recebiam viram-se
obrigados a formar os seus próprios territórios, garantindo, assim, o progresso
económico.

Renovação do pensamento clássico:


• A renovação da Escola Clássica resultou, sobretudo, da obra de dois economistas
ingleses:

1. Alfred Marshall;
2. John Keynes.

Alfred Marshall:
• Marshall recusou a visão, tipicamente clássica, de que existem leis económicas
imutáveis e, por isso, válidas para todos os tempos. Sendo a realidade económica
uma realidade dinâmica, em constante evolução, as leis económicas têm que
acompanhar essa evolução. Há necessidade de, permanentemente, adaptar as
teorias económicas às constantes mutações da economia.

• Marshall introduz o elemento tempo no processo de formação dos preços,


afirmando que se é verdade que o preço no mercado varia em função da oferta e da
procura, também é verdade que a influência de uma e de outra varia consoante o
momento temporal analisado.

• Relativamente à teoria da produção, a sua novidade resulta de uma nova


classificação dos fatores de produção: terra, trabalho, capital e organização.
• A organização consiste na atividade empresarial enquanto núcleo essencial da
economia de mercado.

• Com esta classificação há agora total correspondência dos fatores de produção e as


respetivas remunerações (terra – renda; trabalho – salário; capital – juro;
organização – lucro).

John Keynes:
• O seu nome e a sua obra ficarão para sempre ligados ao advento de um novo modelo
económico, o modelo das economias de mercado mistas.

• As economias mistas, baseadas na iniciativa económica privada, mas com um claro


dirigismo estatal, desenvolveram-se após a Grande Depressão dos anos 30.

• Para Keynes, o objetivo natural de qualquer país é o de procurar alcançar o pleno


emprego das forças produtivas, com vista a obter o maior rendimento possível.

• Keynes demonstrará, então, na sua teoria do pleno emprego, que uma economia de
mercado organizada de acordo com o modelo liberal (sem intervenção do Estado), é
incapaz de atingir o pleno emprego, mantendo-se sempre numa situação de
subemprego dos fatores de produção. Só com a intervenção do Estado é que esta
insuficiência poderá ser superada.

• O rendimento nacional de um país depende, não só de níveis elevados de produção


de bens e serviços, mas também de altos níveis de procura.

• Ora, se a procura for fraca, os preços têm tendência para baixar. As empresas
produzirão então menos quantidades, sendo obrigadas a desinvestir, originando
desemprego e fazendo com que os rendimentos dos particulares diminuam o que
agravará a queda da procura.

• Pelo contrário, se a procura for elevada, as empresas vão produzir mais, investindo
também mais, contratando mais trabalhadores, pelo que haverá mais rendimento
disponível, contribuindo para que a procura se mantenha em níveis elevados.

• A utilização pelos particulares do seu rendimento disponível é então um dos


elementos-chave para a “saúde” da economia. Keynes considera que a propensão
para o consumo e o investimento são formas produtivas da utilização do rendimento
pois ambas contribuem para o pleno emprego. Pelo contrário, a preferência pela
liquidez é improdutiva pois não cria empregos, não contribui para o pleno emprego.

Keynes tem 3 teorias:


1. Preferência pela liquidez;
2. Eficácia ou Eficiência marginal do capital;
3. Efeito do Multiplicador.

1. Preferência pela liquidez:


• Desejo de possuir moeda em estado líquido (pronta a ser utilizada), não a
canalizando nem para o consumo nem para o investimento, o que é justificado por 3
motivos:

a) Motivo da precaução: a moeda é conservada para fazer face a necessidades


imprevistas;
b) Motivo da transação: a moeda serve para adquirir bens no futuro;
c) Motivo da especulação: a moeda é conservada para fins especulativos.

A propensão para o consumo orienta os Homens no sentido de adquirirem bens


imediatamente aptos à satisfação das suas necessidades. Mas satisfeitas essas
necessidades, os Homens procuram constituir uma reserva líquida, uma reserva
monetária, destinada à obtenção de bens que careçam no futuro.
Desta preferência pela liquidez, extraiu Keynes a sua teoria da moeda: a moeda não é
apenas um instrumento geral de trocas, mas é também uma reserva líquida e assim
determina toda a atividade económica.

2. Eficácia ou Eficiência marginal do capital:


• Corresponde à diferença entre os rendimentos esperados pelo capitalista e as taxas
de juro.

• Keynes não acreditava que as taxas de juro mais baixas representassem o


instrumento mais eficaz para estimular o investimento. Keynes determina o
funcionamento do sistema económico capitalista com o aumento da moeda
capitalista em circulação. Para Keynes a eficiência ou eficácia marginal do capital
exprime a relação entre a taxa de juro dos capitais e a reprodutividade dos
investimentos.

• Se a taxa de juro for baixa, os comerciantes e os industriais obterão dos


investimentos realizados, créditos superiores aos juros que têm de pagar,
alcançando, assim, uma margem de lucro.

• Se a taxa de juro for elevada, os empresários, conscientes dos riscos de não


conseguirem rendimentos que cubram os juros, perdem expectativas de lucro e
acabarão por não realizar investimentos.
• Para Keynes, um ritmo satisfatório de investimentos reclamaria taxas de juros
baixas/baratas.

3. Efeito do Multiplicador:

• No modelo do efeito multiplicador keynesiano, um aumento do investimento


privado provocaria uma expansão do produto e do emprego. Uma diminuição do
investimento provocará a sua contração.

• A taxa de juro influência o investimento. O investimento é uma aposta no futuro. Um


aumento no investimento provocará um acréscimo ampliado ou multiplicador do
Produto Nacional Bruto.

• Este efeito ampliado do investimento sobre o produto tem o nome de multiplicador.


Multiplicador é, assim, o coeficiente numerário que indica a dimensão do aumento
verificado no produto em resposta a cada aumento unitário do investimento. (Por
exemplo, um aumento do investimento de 100mil € provocar um acréscimo do
rendimento de 300mil€, o multiplicador será 3).

• Esta teoria foi desenvolvida por Keynes no sentido de demonstrar que i aumento do
investimento provoca um aumento no rendimento.

Produção:
A produção de bens comporta dois conceitos:
1. Sentido técnico: produção é um ato ou um contributo que impõe a
transformação de um bem, tornando útil, compreende uma série de operações
físicas que modificam certos caracteres dos objetos.
2. Sentido económico: implica a utilidade dos bens produzidos, constituirá ato de
produção todo aquele que torne um objeto útil ou aumente a sua utilidade.
O nível de produção de um país pode ser medido de duas maneiras diferentes:
1. Em espécie: indica o número de unidades, o peso ou volume dos bens
produzidos;
2. Em valor ou termos monetários: indicando, em termos monetários, o valor dos
bens produzidos, constituindo, a moeda, o valor padrão.

Os fatores de produção:
Os fatores naturais são: o solo, o subsolo, vento, terra e a remuneração é a renda
Trabalho:
O trabalho tempo humano despendido na produção, esforço sobre os fatores naturais e
a sua remuneração é o salário.
Classificação do trabalho:
Classificação do trabalho:
O trabalho independente é aquele que um sujeito económico realiza por conta própria,
sem submissão de outrem.
1. O trabalho subordinado/assalariado é o trabalho dependente de uma orientação
estranha ao próprio trabalhador.
2. O trabalho intelectual é quando o esforço desenvolvido é predominantemente de
espírito/mental.
3. O trabalho manual é quando o esfoço desenvolvido é predominantemente
muscular/físico.
4. O trabalho de invenção consiste na descoberta de novos bens ou serviços.
5. O trabalho de direção consiste na organização da atividade empresarial no sentido
de produzir bens ou serviços.
6. O trabalho de execução é o trabalho intelectual ou manual que tem como objetivo
o cumprimento das determinações da direção.

• Dois importantes conceitos relativos ao estudo do trabalho enquanto fator de


produção são a divisão do trabalho (consiste na especialização dos trabalhadores
em determinadas tarefas que, deste modo, não veem o seu trabalho disperso por
diferentes atividades) e a racionalização do trabalho (consiste na organização do
trabalho do homem, segundo critérios científicos).

• Capital:

• O capital são disponibilidades monetárias reprodutíveis.


O capital pode ser estudado sob diversas perspetivas:
Capital em sentido económico: consiste no conjunto de bens indiretos que, utilizados
no processo produtivo, servem para aumentar a produtividade do trabalho do Homem.
Neste sentido, o capital é um fator de produção derivado, pois, resulta do trabalho do
Homem e é composto por um conjunto de bens de diversas naturezas (moeda, máquina,
matérias-primas, etc.).

➢ Capital fixo: é aquele que pode ser utilizado mais do que uma vez no ato de produção
(Ex: bens de produção duradouros, como as máquinas). A este está aplicado o
processo de amortização, que consiste na reintegração do seu valor em função do
período de utilização.
➢ Capital circulante: é aquele que se destrói através da sua própria utilização, isto é,
que só pode ser utilizado apenas uma vez, necessitando, por isso de contínua
renovação (Ex: matéria-prima).

- Em sentido jurídico: abrange os bens que, por força das instituições sociais, permitem
obter rendimentos não provenientes do trabalho. Inclui os bens intermediários, mas
também os naturais que tenham sido objeto de apropriação, assenta no regime de
propriedade que se têm adotado
- Em sentido contabilístico: será constituído por um conjunto de bens cujo valor se
mantém constante através da respetiva amortização;
O conceito contabilístico formou-se no plano de vida das empresas. O capital social da
empresa é aplicado em imóveis, em máquinas, em veículos, mas a duração desses bens
não é indefinida, sobre deteriorações. Mas o valor do capital da empresa deve manter-
se constante através da respetiva amortização. Se, por exemplo, um veículo vale 20 mil
euros, e a sua duração útil é calculada em 10 anos, a técnica contabilística impõem que,
dos rendimentos da empresa, sejam preservados anualmente 2 mil euros para a
amortização daquele veículo e assim passados os 10 anos, a empresa irá dispor dos 20
mil euros para substituir o veículo.
Formação do capital:

• Sendo um fator de produção derivado, o capital resulta do trabalho do homem,


formando-se através do investimento que, por sua vez, é uma ação que tem por
objetivo criar bens de produção.

• Por outro lado, qualquer investimento exige previamente um ato de poupança. A


poupança permite reunir os meios indispensáveis para concretizar esse
investimento. O processo de formação do capital desenvolve-se, assim, ao longo de
três etapas: poupança – investimento – capital.

2. A empresa:
• Numa economia de mercado, a empresa é o local de coordenação dos fatores de
produção com vista a produzir ou a distribuir bens ou serviços.

• De um cenário inicial, em que existiam sobretudo unidades económicas sob a forma


de empresas individuais, a economia capitalista evoluiu para a figura das sociedades
(empresas coletivas) que, em Portugal, se distribuem por três setores da
propriedade:
1. Setor privado: em que a propriedade ou a gestão são privadas;
2. Setor público ou setor empresarial do Estado;
3. Setor cooperativo e social: caracterizado pela gestão coletiva, em que se destacam
as empresas cooperativas.
A intervenção das empresas no mercado revela uma tendência atual para dois tipos de
comportamentos:

1. As concentrações das empresas: levando à construção de grandes unidades


económicas.
• O processo de concentração empresarial, pela diminuição do número de empresas
no mercado e pelo aumento do poder económico, é fiscalizado pelas autoridades
nacionais de defesa de concorrência que exigem a notificação das operações de
concentração de empresas.

2. As coligações das empresas: através da celebração de acordos de diversa natureza.

• As coligações de empresas são acordos entre empresas jurídica e economicamente


independentes, formalizados ou não através de um contrato, suscetíveis de
restringirem a concorrência num determinado mercado. A lei proíbe, assim, que
duas ou mais empresas combinem preços, reparem mercados, recusem vendas.

O rendimento:
Rendimento nacional: é o fluxo de bens e serviços produzidos por um país numa
economia ao longo de um determinado período de tempo.

• O estado do Rendimento Nacional pode ser efetuado com base quer na soma dos
bens e dos serviços produzidos, dando-nos indicações relativas à natureza e às
quantidades desses bens, quer na soma do valor desses bens e serviços no mercado
com base no respetivo preço. No primeiro caso teremos o Rendimento Real e, no
segundo, o Rendimento Monetário.

• Os dados do Rendimento Nacional são úteis para comparar diferentes níveis de


desenvolvimento entre países ou regiões. Assim, o bem-estar dos cidadãos de um
certo país será avaliado em função dos valores do rendimento nacional desse país.
Produto nacional: é o somatório dos produtos de todas as unidades económicas do país.
Produto interno: é o produto que não circula para outro país e será produto interno
bruto ou liquido consoante tenham sido deduzidas ou não as depreciações de capital.
Rendimento pessoal: abatendo-se ao rendimento nacional os lucros não distribuídos, os
impostos e as contribuições para a segurança nacional apuram-se o rendimento pessoal.
Se a este rendimento pessoal forem deduzidos os impostos que recaem sobre as pessoas
físicas determina-se o rendimento disponível.

3. Os mercados e os preços:
Preço:
• O preço é a expressão monetária do valor dos bens.
O preço é, assim, resultado de uma dupla avaliação:
1. Do vendedor disposto a vender o bem pelo melhor preço;
2. Do comprador disposto a comprá-lo ao melhor preço possível.

Esta dupla avalização ocorre no mercado.


Os mercados podem dividir-se em dois grandes grupos:
1. Mercados de concorrência perfeita;
2. Mercados de concorrência imperfeita.

Características do mercado de concorrência perfeita:


1. Atomicidade do mercado:

➢ Existência de um grande número de agentes económicos de dimensão semelhante,


quer do lado da oferta, quer do lado da procura, sem poder para influenciarem pela
sua ação os preços no mercado. Consequentemente, os preços dos bens formam-se
livremente no mercado.

2. Transparência do mercado ou fluidez:

➢ A informação sobre os preços circula livremente no mercado, tendo os vendedores


e os compradores conhecimento de todos os fatores significativos do mercado,
podendo, desta forma, fazer livremente as suas opções, isto é, existe liberdade de
negociação das transações.

3. Homogeneidade dos produtos:

➢ Os produtos acabados são iguais, só os preços é que os distingue, pelo que o


consumidor, numa atitude racional, optará sempre pelo mais barato.

4. Livre acesso ao mercado:

➢ O mercado terá de ser livre para a criação de empresas, não devendo existir
obstáculos à instalação de novas empresas no mercado, seja pela ação da lei, que
muitas vezes proíbe a criação de empresas privadas em certos setores básicos da
economia, ou pela ação das grandes empresas instaladas no mercado que, pela sua
força, tendem a contrariar a chegada de novos agentes económicos/novas empresas.

5. Mobilidade dos fatores de produção:

➢ Os fatores de produção, capital e trabalho, são livres de se deslocarem entre os


diversos setores da economia, abandonando aqueles onde a oferta é excessiva e os
preços estão a descer, para se instalarem naqueles em que a oferta é escassa e, por
essa razão, os preços estão a subir.

Mercados de concorrência imperfeita:


• Este cenário de concorrência perfeita não encontra correspondência na realidade
concreta dos nossos dias, pelo que a generalidade dos mercados funciona hoje em
situação de concorrência imperfeita.

• Em muitas áreas da economia a atomicidade não existe, surgindo mercados de


monopólio, ou mais frequentemente de oligopólio (poucas grandes empresas); a
homogeneidade dos produtos é hoje uma pura ilusão, a evolução tecnológica
caminhou no sentido da diferenciação dos produtos; a transparência é também uma
ilusão, dada a dimensão dos mercados, a informação não é completa; o livre acesso
pode ser dificultado pela ação da lei; a mobilidade dos fatores de produção não se
efetua com a facilidade com que os clássicos a defendiam, na verdade, a
especialização do trabalho dificulta a sua mobilidade.

4. A procura:
• A procura é a quantidade de bens que um sujeito deseja adquirir, e para cuja compra
possui capacidade financeira.

• É uma evidência do mercado que as quantidades de bens que se deseja adquirir


dependem dos preços, existindo uma relação entre os preços e as quantidades
procuradas. A essa influencia dos preços chama-se Curva da Procura.

• A procura varia na razão inversa do preço: diminui com a subida do preço.

• Para um comprador racional, a quantidade de bens procurados varia em função dos


preços, isto é, quanto mais baixos forem os preços mais elevada será a sua procura,
e vice-versa.

Elasticidade da procura:
• A procura diz-se elástica quando varia na razão inversa dos preços (ex: se no mercado
da habitação perante a diminuição do preço das casas se vendem mais casas, é sinal
de que a procura é elástica).

• Esta mesma elasticidade explica-se através do efeito do rendimento e do efeito de


substituição.

➢ No efeito de substituição, ao aumentar o preço de um bem, os consumidores


desviam o consumo para os bens sucedâneos daquele cujo preço aumentou (ex:
se aumentar o preço do bem A, o consumidor vai substituí-lo por outro
semelhante cujo preço não aumentou).
➢ Efeito de rendimento: o aumento dos preços de um bem traduz-se numa
redução do rendimento real do comprador, afetando, assim, o seu poder de
compra (com a mesma quantidade de dinheiro compram-se, agora, menos bens),
restringindo as suas aquisições.

Inelasticidade da procura:
• São exceções em que mesmo que os preços aumentem, a procura não diminui.
1. No mercado dos bens essenciais;
2. No mercado dos bens de luxo;
3. No mercado dos bens insignificantes ou de preço muito reduzido.

5. Oferta:
• A oferta é a quantidade de bens e serviços que um sujeito está disposto a vender no
mercado a determinado preço.

• À relação entre o preço dos bens e a oferta desses bens dá-se o nome de Curva da
Oferta.

• Com preços mais elevados, os vendedores estão dispostos a vender mais


quantidades e, inversamente, com os preços mais baixos diminuirá a oferta.

• Num mercado, a oferta varia na razão direta dos preços, isto é, quando o preço sobre
a oferta aumenta.

Elasticidade e inelasticidade da oferta:


• A oferta é elástica quando varia no mesmo sentido dos preços.

• A oferta é inelástica quando, por exemplo, se mantém apesar do preço baixar.


Efeito de substituição e de rendimento:
• O efeito de substituição contribui para a elasticidade da oferta pois, se os preços
estão a cair, os vendedores irão recusar vender a um preço tão baixo e preferirão
esperar por melhores preços no futuro, ou seja, adiam a venda, substituindo-a pela
armazenagem.

• O efeito de rendimento, que pode muitas vezes contribuir para que a oferta seja
inelástica, irá obrigar o vendedor a vender mais quando os preços baixarem pela
necessidade de obter um certo nível de rendimento.

• Por vezes, face a uma diminuição dos preços, os vendedores pretendem desfazer-se
das suas mercadorias para não as perderem. É o que acontece com os bens
perecíveis que, se não forem vendidos, mesmo que a um baixo preço, irão se
deteriorar. Nestes casos é preferível vender a um baixo preço do que não vender.
6. Os diferentes tipos de mercado:
Monopólio: é um mercado caracterizado pela existência de uma só empresa a vender
um bem ou a prestar um serviço.
Existem três tipos de monopólio:
1. Monopólio legal: cuja origem é a lei. São os mais frequentes pois os Estados estão
obrigados a desmantelar os seus monopólios legais.

2. Monopólio natural: resultam da raridade absoluta de certos bens. Surgem por vezes,
no mercado de certas matérias-primas. Só uma empresa a elas tem acesso devido à
sua extrema escassez.

3. Monopólio de facto: resultam do comportamento das empresas no mercado.


Podem ocorrer pelo facto de as empresas terem eliminado a concorrência, por via
da fusão, da concentração ou da expulsão do mercado.

Oligopólio: apresenta-se como o mercado de concorrência imperfeita mais frequente,


caracterizando-se pela existência de poucas grandes empresas a venderem um bem ou
a prestarem um serviço face a uma multiplicidade de compradores.
a) Oligopólio legal: todas as economias modernas têm o regime do registo das
patentes. Quando uma empresa descobre um método de produzir um bem de forma
inovadora, a lei permite-lhe registar essa patente. Só ficarão no mercado aquelas
empresas que investirem na investigação e registarem as suas inovações em novas
patentes.

b) Oligopólio de facto: pode resultar de 2 motivos:


1. O mais frequente encontra-se nos setores económicos onde são necessários
avultados investimentos para manter uma empresa. Essas verbas estão ao dispor
de qualquer investidor.

2. Por vezes, surgem oligopólios de facto em virtude de as empresas instaladas


dificultarem a entrada de novas empresas concorrentes. Face a esta posição
concertada, os potenciais investidores poderão ter receio em avançar.

7. A moeda:
A moeda tem 3 funções:
1. Instrumento geral de troca: essa “troca” no mercado é usada como meio de
pagamento, ou seja, nesse mercado os agentes económicos aceitam entregar bens
em troca dessa coisa porque sabem que com ela podem adquirir outros bens.
2. Medida comum de valores: no mercado, o valor de todos os bens e de todos os
serviços exprime-se nessa unidade monetária (preço do bem);

3. Reservatório de valores: acumular a moeda é acumular capacidade aquisitiva de


bens no futuro. A moeda pode ser utilizada nas transações hoje, como amanha, é,
por isso, um reservatório de valores.

Diferentes tipos de moeda:


1ª Moeda – Moeda metálica:
• Inicialmente, o homem utilizou os animais como moeda. Contudo, aos poucos, todas
as comunidades começaram a preferir os metais – no inicio ferro depois cobre. A
preferência pela moeda de metal teve a ver com a sua durabilidade, facilidade de
transporte e maior divisibilidade.

• Os metais preciosos não são só usados para fins monetários e pelas suas qualidades
intrínsecas, mas, também, devido à sua raridade, elevada procura, facilidade de
transportes, facilidade de conservação e grande valor específico.

• No início, os metais eram pesados no momento da transação. Depois, seguia-se a


cunhagem (amoedação do metal), que consistia na aposição de uma marca no metal
atestando o seu peso e, assim, o seu valor.

• As operações de amoedação acabaram por constituir atos do poder político, pois os


príncipes viram o inconveniente da cunhagem privada da moeda porque, essa
mesma cunhagem privada, não estabelecia um ambiente de confiança e, viram todas
as vantagens que o exclusivo da cunhagem da moeda traria para o erário público.

• Durante séculos, circularam no mercado moedas de ouro e prata, tendo existido dois
grandes sistemas monetários: o monetalismo ouro (moeda oficial era o ouro), ou
monetalismo prata (moeda oficial era a prata), ou bimetalismo (moeda oficial era
ouro e prata), ou o duplo estalão (ouro e prata).

2º moeda – Moeda-papel:
• O aparecimento da moeda-papel, que corresponde à nota de banco, surge no
mercado com o aparecimento dos bancos.

• A moeda papel apresentava mais vantagens em relação à moeda metálica: era mais
cómoda, menos pesada, menos volumosa e a sua impressão era mais fácil e menos
dispendiosa.
• A raridade dos metais preciosos levou à utilização da moeda-papel, que consistia
num tipo de crédito que desempenhava funções monetárias.

• Esta moeda-papel, inicialmente, era uma moeda-papel representativa, pois as notas


emitidas pelos bancos representavam exatamente o valor do ouro ou da prata
depositados.

• Tinha, atrás de si, igual quantidade de moeda metálica, mas, essa moeda-papel
representativa, alargou o seu volume de circulação.

• Face à impossibilidade de todos os depositantes procederem, simultaneamente, ao


levantamento de todos os seus depósitos decidiram rentabilizar o ouro parado,
emprestando-o aos empresários para o financiamento dos seus negócios.

• Tornou-se, assim, em moeda-papel fiduciária, que por sua vez, já não representava
os valores existentes nos bancos, circulava com base de confiança e tinha uma
cobertura metálica parcial.

• A moeda-papel alargou o seu volume monetário de circulação. Ao mesmo tempo,


existe um excesso de emissão da moeda.

• Com o objetivo de conceder maior garantia ao sistema bancário, o Estado interveio,


obrigando os bancos a terem imobilizada uma percentagem de valor dos depósitos,
não inferior a um terço, medida a que se chamou a regra do terço.

• Com uma cobertura inferior a esse um terço entra-se no regime da inconvertibilidade


e a moeda passa a designar-se por papel-moeda.

3º Moeda – Moeda escritural ou Moeda bancária:


• A moeda escritural ou moeda bancaria é constituída pelos saldos dos depósitos à
ordem.

• Quase moeda: a quase moeda é constituída pelos depósitos a prazo ou com pré-
aviso. Neste âmbito não existe uma utilização direta/imediata, mas sim
indireta/mediata dado que só se pode dispor do saldo no fim de um determinado
prazo.

Teorias do valor da moeda:


Teoria nominalista:
• O valor da moeda correspondia ao seu valor nominal, isto é, a moeda tem o valor
que dela própria consta.
• Independentemente da quantidade de ouro de que a moeda era feita, o seu valor
correspondia àquele que lhe era atribuído no momento da cunhagem.

Teoria metalista:
• Em oposição à teoria nominalista, o valor da moeda corresponderia ao valor da
mercadoria, do metal (ouro ou prata) de que era feita.

Teoria quantitativa:
• O valor da moeda depende da sua quantidade. A moeda valerá mais, quanto mais
rara ou menos abundante for.

Inflação:
• A inflação é todo e qualquer aumento significativo e continuado no tempo da massa
monetária, que corresponde um elevado nível de preços.

Deflação:
• A deflação corresponde à situação inversa à da inflação, ou seja, a toda e qualquer
contração dos meios de pagamento da moeda, não compensada por reduções do
nível de transações tendendo, assim, para uma redução do nível geral dos preços dos
bens e serviços.

O crédito:
Elementos do crédito:
a) O crédito é uma operação de troca de bens no mercado entre dois sujeitos
económicos. Portanto, a noção de crédito pressupõe uma troca. Troca essa que pode
ser a pronto (quando a prestação e a contraprestação ocorrem no mesmo
momento), a termo (quando a prestação e a contraprestação também são
simultâneas, todavia a troca é diferida no tempo) ou a crédito (que tem como
característica essencial não existir simultaneidade nas prestações, uma precede a
outra. Primeiro verifica-se a prestação do sujeito ativo – o credor – e só mais tarde a
prestação do sujeito passivo – o devedor).

b) Se o tempo separa as duas prestações, a operação exige o pagamento de um juro


por parte do devedor. Por um lado, o juro corresponde ao preço que o devedor paga
pela utilização antecipada de um bem. Por outro, sendo as prestações separadas pelo
tempo e, dado que o tempo influencia o valor dos bens, o juro existe para que as
duas prestações tenham um valor equivalente.
c) O crédito é uma operação baseada na confiança entre as partes. Daí que o crédito só
se concretize porque o sujeito que entrega um bem, acredita que a outra parte
entregará a sua prestação no futuro.

d) O crédito é obrigatoriamente uma operação de caráter oneroso. Nessa operação


intervém a moeda que pode estar presente numa só prestação (venda a crédito de
bens) ou nas duas (empréstimo em dinheiro).

Diferentes tipos de crédito:


O crédito destina-se ao consumo e à produção ou ao investimento.

a) Crédito ao consumo:
• Este tem em vista a aquisição de bens de consumo.

• Assim, são fornecidos bens presentes imediatamente utilizáveis ou moeda com a


qual os podem obter e, só mais tarde, em momento posterior, pagarão em dinheiro
ou em espécie, o valor correspondente àqueles bens imediatamente recebidos.

• Se o devedor não for empresário nem industrial presume-se que o crédito se destina
ao consumo.

b) Crédito à produção:
• É o crédito celebrado pelas empresas, tendo em vista a prossecução dos seus
negócios.
• Os empresários que não dispõem de capitais suficientes para os planos de produção
estabelecidos, recorrem ao crédito dispondo-se a reembolsar os credores depois de
venderem os bens produzidos.
Dentro do crédito à produção podem surgir dois cenários diferentes:
1. O crédito pode destinar-se à criação de uma nova empresa. Quando assim é estamos
perante o crédito para despesas de primeiro estabelecimento.

2. O crédito pode também ser contraído pelas empresas, para lhes permitir o normal
desenvolvimento da sua atividade (pagar a fornecedores). É o caso do crédito para
fundo de maneio.

c) Crédito a curto prazo:


• Quando o tempo que separa as prestações não ultrapassa, em regra, dois anos.

• É quando o crédito é orientado para a produção. Visa constituir ou reforçar o fundo


de maneio das empresas e logo que tenha realizado cobranças respeitantes aos
fornecimentos realizados, o empresário poderá reembolsar os seus credores.
d) Crédito a longo prazo:
• É utilizado nas operações com duração superior a 10 anos.

• O crédito a longo prazo destina-se a fazer face a despesas de 1º estabelecimento de


instalação de empresa e, só passado um período mais ou menos longo, o empresário
poderá reembolsar pela acumulação de rendimento de exercícios anuais excessivos.

e) Crédito privado e crédito público:


• Quando o devedor é um particular, o crédito é privado.
• Quando o devedor é uma entidade pública, o crédito é público.

f) Crédito pessoal e crédito real:


• O crédito pessoal ocorre quando a confiança do credor no devedor é grande, ou, em
casos em que as quantias envolvidas no crédito não são muito significativas. Tem
como característica principal a circunstância do credor não exigir ao devedor
garantias especiais. Este assume o compromisso de pagar certo valor em certa data.
Se porventura não honrar o seu compromisso, o credor concorrerá ao lado de outros
credores para se fazer pagar.

• O crédito real acontece quando a confiança do credor no devedor é menor ou


quando os montantes envolvidos são muito elevados. O credor exige agora garantias
especiais. Essas garantias consistem na afetação de certos bens do património do
devedor à divida em causa.

➢ Quando esses bens são imóveis, é feita uma hipoteca, caso sejam bens móveis
(entrega de ações de uma empresa como garantia), são dados em penhor.

➢ Se o devedor não saldar a divida, o credor pagar-se-á com os bens que foram
entregues como garantia.

Títulos de crédito

• São documentos que titulam uma dívida, contendo a promessa de pagamento do


devedor e que, por isso mesmo, são indispensáveis para que o credor possa fazer
valer os seus direitos, em caso de incumprimento do devedor.

a) Títulos de crédito nominativos:


• O exemplo típico são as obrigações emitidas pelas empresas. Quando uma empresa
vende obrigações está a contrair crédito. As obrigações nominativas contêm o nome
do credor e, nos livros da empresa, está esse registo. Para um título nominativo ser
transmitido, são, pois, necessárias duas operações: é necessário primeiro alterar o
nome do credor no título e, depois, alterar o registo da empresa.

• Concluindo, o título de crédito nominativo é aquele do qual consta o nome do


respetivo credor e cuja transmissão exige que se proceda ao registo.

b) Títulos de crédito ao portador:


• Os títulos de crédito ao portador caracterizam-se por não indicarem o nome do
credor, transmitindo-se por mera tradição.

• A simples entrega a um outro sujeito concretiza a transmissão do título, facilitando,


de forma assinalável, a circulação do crédito.

• Concluindo, o título de crédito ao portador transmite-se sem qualquer formalidade,


como por exemplo, com um cheque ou notas de banco.

c) Títulos de crédito à ordem:

• Têm como principal característica o facto de indicarem o nome do credor, mas não
estarem registados em quaisquer documentos sendo, por isso, mais facilmente
transmissíveis.

• Os títulos à ordem transmitem-se por endosso que é uma declaração de


transferência do título que o credor escreve no respetivo verso, cedendo a outro
sujeito a posição de sujeito ativo naquela relação de crédito.

O endosso pode ser efetuado de duas maneiras diferentes:


1. Nuns casos, o credor ao transmitir o título, indica expressamente o nome do futuro
credor. Estamos perante o endosso propriamente dito.

2. Noutros casos, não é indicado o nome do futuro credor, limitando-se o sujeito que o
transmite a assinar no verso do título. É o endosso em branco.
Os títulos de crédito à ordem mais importantes são a letra, a livrança, o warrant e o
cheque.

Letra:
• É um título de crédito em que o credor, dito sacador, emite uma ordem de
pagamento ao devedor (sacado), para num determinado dia (data de vencimento),
pagar certa quantia a seu favor (credor), ou a quem o sacador indicar no título
(tomador).
• As letras são vulgarmente utilizadas na atividade comercial, como garantia das
empresas que vendem a crédito.

Livranças:
• Tem como grande diferença em relação à letra tratar-se de uma promessa de
pagamento que o devedor (subscritor da livrança), assume ao comprometer-se a
pagar certa quantia, em certo dia, ao credor (beneficiário da livrança).

• As livranças são a forma privilegiada de estabelecimento das relações de crédito


entre os bancos e os particulares.

Warrant:
• É um título representativo do direito a mercadorias depositadas em armazéns da
alfândega.

• Após o depósito das mercadorias, em regime de armazém geral, o proprietário


recebe dois documentos, um que corresponde ao respetivo título de depósito
(identifica o proprietário e atesta que mercadorias foram depositadas) e um outro, o
warrant, que ele pode utilizar como garantia de um empréstimo, entregando-o a um
seu credor, para concretizar essa relação de crédito.

• As mercadorias só podem ser levantadas com a apresentação dos dois documentos


pelo que, enquanto durar a dívida, não poderá o proprietário a elas ter acesso.

Cheque:
• O cheque é um título de crédito à ordem quando indica o nome do credor.

• O sacador (quem emite o cheque) dá uma ordem ao sacado (o banco) para pagar
certa quantia ao tomador, aquele cujo nome é indicado no cheque.

• A diferença entre o cheque e a letra ou a livrança consiste no facto do cheque ser


pagável à vista.

8. Os bancos e as operações bancárias:


Operações bancárias passivas:
• As operações bancárias passivas são aquelas em que os bancos surgem na condição
de devedores.

• São sujeitos passivos (devedores) face aos particulares (credores) que lhes fornecem
os seus capitais.
• A operação bancária típica é o depósito bancário, seja a ordem, a prazo o com pré-
aviso. Os bancos são, pois, devedores face aos particulares que lhes entregam os
seus valores, estando obrigados a restituir tais importâncias sempre que os
depositantes o solicitem.

• São também operações bancárias passivas a tomada firme de ações (os bancos
asseguram a compra de ações a emitir por certas empresas que, posteriormente
colocam no mercado vendendo-os ao público em geral), as funções de administração
de bens particulares ou ainda a cobrança de valores em nome de particulares.

Operações bancárias ativas:


• São aquelas em que o banco surge como credor face aos particulares, a quem
concedem crédito.

• A operação bancária de concessão de crédito, qualquer que seja a sua natureza, é


tipicamente uma operação ativa, pois, os particulares são devedores dessas
importâncias face aos bancos.
Dentro das operações bancárias ativas destacam-se o desconto e o redesconto.

Desconto:
• O desconto constitui a mais importante operação bancária ativa, contrapondo-se
como tal ao depósito.

• No desconto o banco antecipa o vencimento de um título de crédito, descontando


um juro (taxa de desconto), mediante o endosso desse título.

Redesconto:
• Envolve também a antecipação da data de vencimento de um título de crédito,
mediante o pagamento de uma taxa de juro (taxa de redesconto), numa operação
entre bancos ou entre um banco comercial e o Banco Central. Se um banco precisa
de liquidez pode (re)descontar títulos de crédito junto de outros bancos ou do Banco
Central.

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