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A Grande Depressão e o seu impacto social (pág.

108)
Em 1929, iniciou-se nos Estados Unidos da América uma grave e trágica crise, que se
propagou para todos os países que, com os Estados Unidos, tinham laços económicos
e financeiros.

Nas origens da crise (pág. 108)


A era da prosperidade revelou-se precária para os Estados Unidos. Havia indústrias,
como a extração do carvão, a construção ferroviária, os têxteis tradicionais e os
estaleiros navais, que não tinham recuperado os níveis anteriores à crise de 1920-21.
Persistia, um desemprego crónico, a que muitos chamaram de tecnológico, pois devia-
se à intensa mecanização (investiram em muitos equipamentos; foi necessária muita
mão de obra, mas depois ficaram desempregados). A agricultura, não se mostrava
compensadora para os que a ela se dedicavam. As produções eram excendentárias e
originavam preços baixos e queda de lucros (superprodução).
*A Europa demorou a reerguer-se depois da Guerra, isso afetou os americanos pois os
seus clientes eram europeus.
Uma política de facilitação de crédito, mantinha, o poder de compra americano.
*as pessoas investiam com dinheiro emprestado.
Crendo na solidez da sua economia, ávidos de riqueza fácil e de promoção, muitos
eram os que investiam na Bolsa, onde a especulação crescia (vender algo por um
preço que não é real; como é muito procurado o preço aumenta).

A dimensão financeira, económica e social da crise (pág. 109-110)


As ordens de venda das ações acumulavam-se na Bolsa. Os grandes acionistas estavam
alarmados com a descida dos preços e dos lucros industriais que se faziam sentir.
O pânico instalou-se em 24 de outubro, a “quinta-feira negra”, quando 13 milhões de
títulos foram postos no mercado a preços baixíssimos e não encontraram comprador.
A 29 de outubro, foi a vez de 16 milhões de ações conhecerem o mesmo destino. A
catástrofe ficou conhecida como o crash (craque) de Wall Street. Nos meses que se
seguiram, centenas de milhares de acionistas conheceram a ruína. Não havia quem
comprasse as suas ações, transformadas em meros papéis sem valor.
*títulos e ações são postas a venda por valores baixíssimos e ninguém compra.
A ruína dos acionistas significou a ruína dos bancos, que deixaram de ser
reembolsados. Fecharam mais de 10 mil bancos. E, com as falências bancárias, a
económica paralisou, pois cessou a grande base da prosperidade americana- o crédito.
As empresas faliram, o desemprego disparou, a procura afrouxou, a produção
industrial contraiu-se e os preços baixaram.
A crise da agricultura forneceu uma visão confrangedora da América. Famílias inteiras
vegetavam na miséria, outras demandavam as cidades em busca de emprego, no
entanto, quando lá chegavam, deparavam-se com as fábricas fechadas ou mantendo
apenas os trabalhadores necessários.
Os salários sofreram cortes drásticos, entre os operários e colarinhos brancos (classe
média). Homens desesperados ofereciam-se, a preços irrisórios, para o desempenho
das tarefas frequentemente desqualificadas. Sem segurança social, as pessoas
formavam filas intermináveis nas ruas à espera de refeições oferecidas pelas
instituições de caridade. Às portas das cidades cresciam os bairros de lata, pois não
havia dinheiro para custear rendas de casa. Neste quadro desolador e negro, a
delinquência, a corrupção e o “gangsterismo” proliferavam. O sonho americano
parecia desmoronar-se.

A mundialização da crise; a persistência da conjuntura deflacionista (pág. 110-111)


A Grande Depressão propagou-se às economias dependentes dos Estados Unidos: aos
países fornecedores de matérias-primas e a todos aqueles cuja reconstrução se
baseava nos créditos americanos. Neste último caso, encontravam-se por exemplo, a
Áustria e a Alemanha, onde a retirada dos capitais americanos originou uma situação
económica e social absolutamente insustentável.
A conjuntura deflacionista, caracterizada pela diminuição do investimento e da
produção, pela queda da procura dos preços, parecia eternizar-se sem solução. Num
ciclo absolutamente vicioso, a diminuição do consumo acarretava a queda dos preços
e da produção, as falências, o desemprego e, novamente, a diminuição do consumo.
As autoridades políticas não compreenderam a real dimensão da crise e acentuaram a
deflação com medidas desastrosas. Os Estados Unidos numa tentativa de proteger a
sua economia, aumentaram as taxas das importações. Criaram, em consequência,
dificuldades acrescidas aos outros países que ficaram sem condições de adquirir a
produção americana. A este facto não foi alheio o declínio do comércio mundial então
verificado.
Aumentaram-se os impostos, buscando receitas novas para o orçamento, e restringiu-
se ainda mais o crédito para que desparecessem as empresas não rentáveis. Na
Alemanha, os funcionários públicos sofreram significativos cortes salariais. A verdade é
que, se pretendia o saneamento financeiro evitando despesas e aumentando as
receitas, originavam-se, em contrapartida, obstáculos ao investimento e à elevação do
poder de compra da população, E, sem procura, não havia relançamento possível da
economia.
Restou aos estados em crise uma maior intervenção na regulação das atividades
económicas, já que, a descrença no capitalismo liberal havia sido instalada.

As opções totalitárias (pág. 112)


O século XX despontou sob o signo do demoliberalismo. Direitos individuais, como a
liberdade e a igualdade, eram garantidos por um Estado que se pretendia neutro e
assentava ma divisão dos poderes. O Homem e o cidadão ganhavam para em
dignidade e parcelas cada vez mais amplas de população estavam representadas na
governação.
A vitória dos Aliados, parecia inaugurar uma ordem internacional mais justa e mais
fraterna, porque baseada no triunfo das nacionalidades e nos progressos da
democracia.
Mas, com o passar dos anos 20, um novo sistema de exercício do poder confrontou o
demoliberalismo. Movimentos ideológicos e políticos subordinaram o indivíduo a um
Estado omnipotente, totalitário e esmagador. Na Rússia Soviética, o totalitarismo
adquiriu uma feição revolucionária: nasceu da aplicação do marxismo-leninismo e
culminou o estalinismo. Já na Itália e posteriormente na Alemanha, o Estado
totalitário foi produto do fascismo e do nazismo (é um fascismo, mas teve
características mais particulares, ex.: racismo) e revestiu um cariz mais conservador.
Totalitarismo- Sistema político, no qual o poder se concentra numa só pessoa ou no
partido único, cabendo ao Estado o controlo da vida social e individual. – não há lugar
a oposição.

Os fascismos, teoria e práticas (pág. 112)


A depressão económica acentuo a crise da democracia liberal. Por comodidade,
designam-se por fascistas as novas experiências políticas que tiveram no fascismo
italiano e no nazismo alemão os grandes paradigmas.

Uma nova ordem antiliberal e anti-socialista, nacionalista e corporativista (pág. 113-


114)
O Estado totalitário fascista define-se pela oposição firme ao liberalismo, à
democracia parlamentar e ao socialismo.
O fascismo entende, que acima do indivíduo está o interesse da coletividade, a
grandeza da Nação e a supremacia do Estado. A apologia do primado do Estado sobre
o indivíduo leva o fascismo a desvalorizar a democracia partidária e o
parlamentarismo, uma vez que este sistema governativo assenta no respeito pelas
vontades individuais que se fazem ouvir diretamente nas eleições e, através dos seus
representantes, nos parlamentos. O exercício do poder legislativo por assembleias é
menosprezado pelo fascismo, que rejeita a teoria liberal da divisão dos poderes e faz
depender a força do Estado do reforço do poder executivo.
Para além do liberalismo e da democracia, também o socialismo merece ao fascismo a
total reprovação, pois, segundo este sistema, o indivíduo, é a expressão da classe
social em que está inserido; com ela se identifica e por ela luta. Acontece que, para o
fascismo, a luta de classes é algo de abominável porque divide a Nação e enfraquece o
Estado.
*a luta de classes é sinónimo de desordem e o fascismo precisa de disciplina.
Por isso, na Itália, o fascismo concebeu, um modelo peculiar de organização
socioeconómica, o corporativismo, destinado a promover a colaboração entre as
classes.
Corporativismo- Forma de organização socioeconómica que defende a constituição de
corpos profissionais (corporações) de trabalhadores, patrões e serviços, que conciliam
os seus interesses de modo a promoverem a ordem, a paz e a prosperidade, ou seja, o
bem-estar geral.
As corporações eram organismos profissionais que reuniam, por ramo de trabalho,
empregadores e empregados. Solucionariam entre si os problemas laborais, jamais
recorrendo à greve ou ao lock-out (paralisações dos empresários), que foram
proibidos. Desse modo procurava-se eliminar as paralisações de trabalho, que
acarretavam prejuízos económicos.
Outro motivo da hostilidade fascista relativamente ao socialismo deriva do seu
nacionalismo fervoroso, exaltador das glórias pátrias, ser absolutamente incompatível
com apelos socialistas ao internacionalismo proletário. De facto, de acordo com o
marxismo, o proletário não lutava pela pátria, mas pelo derrube do capitalismo
mundial.
O totalitarismo do Estado fascista exerceu-se a vários níveis: político, económico,
social, cultural. A oposição política, considerada um entrave à boa governação, foi
aniquilada. As atividades económicas sofreram uma rigorosa regulamentação. A
sociedade, galvanizada pela propaganda, enquadrou-se em organizações afetas ao
regime, que a controlaram. Até a própria verdade foi monopolizada pelo Estado, que
impedia a liberdade de pensamento e de expressão.

Elites e enquadramento das massas (pág. 114-116)


O fascismo parte do princípio de que os homens não são iguais, a desigualdade é útil e
fecunda e o governo só aos melhores, às elites, deve competir.
Espécie de super-homens, os chefes foram promovidos à categoria de heróis.
Simbolizavam o Estado totalitário, encarnavam a Nação e guiavam os seus destinos.
Deviam ser seguidos sem hesitação, prestando-se-lhes um verdadeiro culto que
raivava a idolatria (eram adorados como Deuses). Mas as elites não incluíam apenas
os chefes. Delas faziam parte a raça dominante (para Hitler a raça ariana), os soldados
e as forças militarizadas, os filiados no partido, os homens de uma forma geral.
Às mulheres nazis, consideradas como cidadãs inferiores, estava destinada a vida no
lar e a subordinação ao marido; os seus ideais resumiam-se a: crianças, cozinha, igreja.
Numa sociedade profundamente hierarquizada e rígida, as elites mereciam o elevado
respeito das massas. A obediência cega das massas obcecou, a prática fascista, avessa
à vontade individual e ao espírito crítico. Os ideias fascistas inculcavam-se
primeiramente nos jovens, já que as crianças, mais do que às famílias, pertenciam ao
Estado.
Na Itália, a partir dos 4 anos, as crianças ingressavam nos “Filhos da Loba” e usavam já
uniforme; dos 8 aos 14 faziam parte dos “Balillas”, aos 14 eram vanguardistas e aos 18
entravam nas Juventudes Fascistas. Também na Alemanha, os jovens eram
fanatizados pelas organizações de juventude a partir dos 10 anos, considerando-se
opositores ao regime os pais que para elas não enviassem os seus filhos. E, tal como
nas organizações italianas, os jovens alemães aprendiam aí o culto do Estado e do
chefe, o amor pelo desporto e pela guerra, o desprezo pelos valores intelectuais.
A educação fascista completava-se na escola, através de professores profundamente
subservientes ao regime, ao qual prestavam juramento, e de manuais escolares
impregnados dos princípios totalitários fascistas.
Uma gigantesca máquina de propaganda, apoiada nas então modernas técnicas
audiovisuais, promoveu o culto do chefe, publicitou as realizações do regime e
submeteu a cultura a critérios nacionalistas e até racistas.
Grandiosas manifestações, onde avultavam as paradas, os uniformes e os estandartes,
foram alvo de uma cuidada encenação teatral que entusiasmava as multidões.

O culto da força e da violência e a negação dos direitos humanos (pág. 117-118)


A repressão policial e a violência, tornaram-se decisivas para garantir o controlo da
sociedade e a sobrevivência do totalitarismo.
Ambas as ideologias defenderam o culto da força, afirmando que, só em contexto de
guerra, a Humanidade se revela corajosa e superior. Na Itália, os esquadristas
semeavam o pânico com as suas “expedições punitivas”. Incendiavam e pilhavam os
sindicatos e as organizações políticas de esquerda, cujos dirigentes abatiam ou, na
melhor das hipóteses, espancavam. Os esquadristas foram reconhecidos oficialmente
como milícias armadas do Partido Nacional-Fascista. Receberam a designação de
Milícia Voluntária para a Segurança Nacional, cabendo-lhes vigiar, denunciar e
reprimir qualquer ato conspiratório. Idênticas funções competiam a polícia política,
apelida de Organização de Vigilância e Repressão do Antifascismo (OVRA).
Na Alemanha, o Partido Nacional-Socialistas criou as Secções de Assalto (S.A.) e as
Secções de Segurança (S.S.), milícias temidas pela brutalidade das suas ações, em que
os espancamentos e a tortura eram procedimento corrente
Com a vitória do nazismo, o Estado policial atingiu o mais elevado rigor. As milícias e a
polícia política (Gestapo) exerceram um controlo apertado sobre a população e a
opinião pública. A todos envolvia uma atmosfera de suspeita e de denúncia
generalizadas. Incentivava-se a vigilância mútua, indo ao ponto de mentalizar as
crianças para apresentarem queixa dos pais que contrariassem as disposições nazis.
A criação dos primeiros campos de concentração, completou o dispositivo repressivo
do nazismo, neles se encontravam os opositores políticos.

A violência racista (pág. 118-121)


O desrespeito do nazismo pelos direitos humanos atingiu o cume do horror com a
violência do seu racismo.
Para Hitler, os povos superiores eram os arianos, que tinham nos alemães os seus mais
puros representantes.
Obcecados com o apuramento físico e mental da raça ariana, os nazis promoveram o
eugenismo, aplicando leis da genética na reprodução humana. Uma autêntica
“seleção” de alemães (altos, robustos, louros e de olhos azuis) se esperava de
casamentos entre membros das S.S. e jovens mulheres, todos eles portadores de
“superiores” qualidades raciais.
Eugenismo- série de crenças e práticas cujo objetivo é de melhorar a qualidade
genética da população.
Procedia-se à eliminação dos alemães “degenerados” (deficientes mentais, doentes
incuráveis e velhos incapacitados), remetidos para câmaras de gás em centros de
eutanásia. Afirmava-se, que nenhum alemão podia envergonhar a excelência da sua
raça e muito menos consumir os dinheiros da Nação sem nada lhe dar em troca.
Aos Alemães competiria fatalmente o domínio do Mundo, se necessário à custa da
submissão e/ou eliminação dos povos inferiores. Entre estes, situam-se os judeus, os
ciganos, os homossexuais, mas também os Eslavos, cujos territórios da Europa Central
e Oriental forneciam aos Alemães o tão necessário espaço vital.
Considerados por Hitler um povo “destruidor de cultura”, arruinando as suas virtudes
rácicas e corrompendo-o, considerados ainda culpados pela derrota da Alemanha na
Primeira Guerra Mundial e das crises económicas que se lhe seguira, os Judeus
tornaram se o alvo preferencial da barbárie nazi. Sofreram na pele uma das maiores
humilhações e torturas que há memória na História da Humanidade.
Em 1933 (chegada do Hitler ao poder), começou a primeira vaga de perseguições
antissemitas: boicotaram-se lojas de judeus, interditou-se o funcionalismo público e as
profissões liberais aos não arianos, instituiu-se o “numerus clausus” nas universidades
(limitou-se o acesso as universidades.
O segundo movimento antijudaico iniciou-se em 1935: os alemães de origem judaica
foram privados da nacionalidade; o casamento e as relações sexuais entre arianos e
judeus foram proibidos, punindo-se com severidade os infratores.
Em 1938, realizou-se a liquidação de empresas judaicas e o confisco dos seus bens.
Foram destruídas sinagogas e lojas dos judeus, tendo muitos deles perecido. Os judeus
deixaram de poder exercer qualquer profissão e de frequentar lugares públicos,
passando a ser identificados pelo uso obrigatório e vexatório da estrela amarela.
A fase mais cruel do antissemitismo (perseguição movida aos judeus) chegou com a
Segunda Guerra Mundial, os nazis puseram em prática um meticuloso plano de
destruição do povo judaico, que se veio a saldar no genocídio de quase 6 milhões de
judeus- “solução final do prolema judaico”.
Perseguidos nas ruas, aprisionados nas suas casas e encurralados em guetos onde
passaram as maiores provações, os judeus acabaram deportados para campos de
concentração. Campos de trabalho foi a designação que a perversidade nazi lhes
atribuiu. Campos de morte foi no que se tornaram pelas carências alimentares e de
higiene, pelas doenças, pela brutalidade dos trabalhos forçados, pelas execuções
sumárias, pelos massacres nas câmaras de gás.
Nos campos de concentração terminaram os seus dias milhões de judeus, mas
também muitos ciganos e eslavos, cujo único crime foi o de não terem nascido
arianos.

A autarcia como modelo económico (pág. 126)


A recuperação da economia preocupou os regimes da Itália e da Alemanha, que
sofreram de uma forma contundente a crise do pós-guerra e, os efeitos da Grande
Depressão. Ambos os países adotaram uma política económica intervencionista e
nacionalista- autarcia. Propôs-se a autossuficiência económica, apelou-se ao heroísmo
e ao empenho do povo trabalhador, prometeu-se o fim do desemprego e a glória da
Nação.
*Estado passa a interferir na economia.
*autossuficiência- marca do fascismo.
*grandeza do estado- autossuficiente.

Na Itália (pág. 126-127)


Na Itália, o Estado fascista reforçou a intervenção na economia. O enquadramento das
atividades em corporações facilitou a planificação económica, no que respeita à
aquisição de matérias-primas, ao volume de produção, ao tabelamento de preços e
salários.
Realizaram-se grandes batalhas de produção. A “batalha da lira” procurava a
estabilização da moeda. A “batalha do trigo”, aumentou a produção de cereais e fez
diminuir as elevadas importações que agravavam o défice comercial. A “batalha da
bonificação” conseguiu a recuperação de terras e a criação de novas povoações nas
zonas pantanosas a sul de Roma (pântanos Pontinos).
*com o aumento da área de cultivo, havia uma maior produção de cereais.
*se as zonas eram drenadas, a área de cultivo aumenta e as povoações também.
O comércio foi alvo de um rigoroso enquadramento por parte do Estado, que subiu os
direitos alfandegários e controlou o volume das importações e exportações. A criação,
do Instituto Imobiliário Itálico e do Instituto para a Reconstrução Industrial permitiu ao
Estado financiar as empresas em dificuldade e intervir fortemente no setor industrial.
Este dirigismo económico do Estado fascista atingiu a sua plenitude, quando a Itália se
lançou na aventura colonial da conquista da Etiópia, que lhe permitiu a exploração de
fontes de energia e minérios e criação de produtos de síntese química como a
borracha artificial.

Na Alemanha (pág. 127)


Com promessas de pão e trabalho para os desempregados, Hitler chegou ao poder na
Alemanha. Uma política de grandes trabalhos, em arroteamentos e na construção de
autoestradas, aeródromos, pontes, linhas férreas, permitiu, nos anos seguintes,
reabsorver o desemprego.
*desenvolver o país e acabar com o desemprego.
O Estado reforçou a autarcia e o dirigismo económico. Em cereais, açúcar e manteiga,
a Alemanha tornou-se autossuficiente. O vasto programa de rearmamento, permitiu
que a indústria alemã se elevasse ao segundo lugar mundial nos setores da siderurgia,
química, eletricidade, mecânica e aeronáutica. O poderia militar, seria bem depressa,
posto ao serviço da conquista do “espaço vital” prometido por Hitler.

O estalinismo (pág. 128)


Lenine faleceu. De 1928 a 1953, Estaline foi o chefe incontestado da União Soviética,
empenhou-se na construção da sociedade socialista e na transformação da Rússia em
potência mundial. Conseguiu-o através da coletivização dos campos, da planificação
económica e do totalitarismo repressivo do Estado.

Coletivização dos campos e planificação económica (pág. 128-130)


A coletivização dos campos libertaria mão de obra para as fábricas e fornecia
alimentos para os operários. O movimento foi empreendido com brutalidade contra os
Kulaks (pequenos proprietários), a quem foram confiscados terras e gado. Três milhões
de camponeses, sofreram execução ou a deportação para a Sibéria (quem oferecia
resistência).
As novas quintas coletivas, ou cooperativas de produção, chamavam-se Kolkhozes.
Uma parte da produção ficava para o Estado e a restante era distribuída pelos
camponeses, de acordo com o trabalho efetuado.
Apesar da resistência a coletivização, os resultados acabaram por ser satisfatórios,
especialmente no que se respeita ao trigo, ao algodão e à beterraba para açúcar.
A produção industrial desenvolveu-se (libertação de mão de obra) sob o signo da
planificação.
O primeiro plano quinquenal (5 anos) (1928-1932) visou o incremento da indústria
pesada e levou ao quase desaparecimento do setor privado da indústria soviética.
Promoveu investimentos maciços, permitidos por uma rigorosa coleta fiscal; recorreu a
técnicos estrangeiros; apostou na formação de especialistas e engenheiros. Um
conjunto de medidas coercivas (por exemplo.: caderneta de trabalho obrigatória)
contribuiu para fixar os operários e aumentar a produção.
*obrigar/reter mão de obra nas indústrias.
Quanto ao segundo plano quinquenal, incindiu no setor da indústria ligeira e dos bens
de consumo (vestuário e calçado).
O terceiro plano quinquenal, teve como prioridades as indústrias pesada, hidroelétrica
e química. (não foi completado devido a Segunda Guerra Mundial)

O totalitarismo repressivo do Estado (pág. 130-131)


O Estado estalinista revelou-se omnipotente e totalitário. Os cidadãos viram-se
privados das liberdades fundamentais. Toda a sociedade ficou enquadrada em
organizações que a vigiavam. (incutir valores) Só o Partido Comunista monopolizava o
poder político; às eleições apenas se apresentavam os candidatos por ele propostos;
(ditadura) A economia cabia ao Estado: fazia-o através da coletivização e da
planificação.
A própria cultura exaltou a grandeza do Estado soviético e rendeu culto à
personalidade do seu chefe, Estaline, chamado de “pai dos povos”. Os velhos
bolcheviques foram afastados, em virtude de um processo sistemático de depurações.
Nele ainda figuravam operários, mas, em maioria, estavam jovens funcionários, mais
instruídos e, sobretudo, completamente submetidos a Estaline. O Partido Comunista
transformou-se, num partido de quadro, profundamente burocratizado e disciplinado,
o que facilitava o reforço dos poderes do Estado. O Estado totalitário, alicerçado na
ditadura do Partido Comunista, aguentou-se à custa de uma repressão brutal, levada a
cabo pela NKVD, a nova polícia política. A URSS enveredou pela repressão crónica,
caracterizada pelas purgas e pelos processos políticos. (dentro do partido- expulsos)
Os chefes da Administração e do Exército Vermelho foram liquidados. Até ao fim da
década, cerca de 2 milhões de pessoas sofreram deportação para campos de trabalho
forçados e 700 mil foram executadas. (quem se opunha)

A resistência das democracias liberais


O intervencionismo do Estado (pág. 132)
A depressão dos anos 30 revelou as fragilidades do capitalismo liberal. Até então,
acreditava-se na livre iniciativa, na livre produção e na livre concorrência como capazes
de proporcionarem a riqueza social, mas a crise veio provar o contrário.
O economista britânico John Keynes duvidou da capacidade autorreguladora da
economia capitalista, chamando a atenção para a necessidade de um maior
intervencionismo por parte do Estado. Keynes criticou as políticas deflacionistas.
Crendo nas vantagens de uma inflação controlada, Keynes defendia uma política
estatal de investimento, de luta contra o entesouramento e de ajuda às empresas. Só
assim se resolveria o desemprego crónico e se relançariam a procura e a produção de
bens.
Segundo o Keynesianismo o Estado devia ter uma papel mais ativo na economia.

O New Deal (pág.132-134)


Franklin Roosevelt, influenciado por Keynes, colocou em prática um conjunto de
medidas que ficaram conhecidas pelo nome New Deal.
Numa primeira fase, tomaram-se medidas financeiras rigorosas, como o
encerramento temporário de instituições bancárias, sujeitas a inspeções dos
funcionários federais. O dólar foi desvinculado do padrão-ouro e sofreu uma
desvalorização de 41%, o que baixou as dívidas externas e fez subir os preços,
mediante uma inflação controlada, que aumentou lucros nas empresas.
Uma política de grandes trabalhos combateu o desemprego através da construção de
estradas, de vias-férreas, de aeroportos, de habitações, escolas, da criação de
barragens hidroelétricas e fábricas e da normalização da navegação dos seus rios. Para
lutar contra a miséria e o desemprego, criaram-se campos de trabalho para os
desempregados mais jovens, que se ocuparam na rearborização e na luta contra a
erosão dos solos.
A AAA estabeleceu a proteção à agricultura, através de empréstimos bonificados aos
agricultores e de indemnizações que os compensassem pela redução das áreas
cultivadas.
Já o NIRA, teve como objetivo a proteção à indústria e ao trabalho industrial. (atribuiu
subsídios as empresas e diminuiu impostos)
Na segunda fase do New Deal, o Estado Federal americano assumiu na plenitude os
ideias do Estado-Providência, ou seja, do Estado intervencionista que promove a
segurança social de modo a garantir a felicidade, o bem-estar e o aumento do poder
de compra dos seus cidadãos, melhorias sem as quais o crescimento económico se
tornaria inviável.

Os governos de Frente Popular e a mobilização dos cidadãos (pág. 134-137)


No caso da França, a conjuntura recessiva quase pôs em causa o regime parlamentar
(democracia liberal). A verdade é que a crise francesa se eternizava (aumento do
desemprego).
Os governos enfrentavam as críticas de esquerda, que pedia soluções inspiradas em
Keynes e no New Deal, e a contestação de direita (governo questionado). Ligas
nacionalistas de pendor fascistas, constituídas por ex-combatentes, oficiais do
exército, grandes capitalistas e até alguns intelectuais, acusavam a fraqueza dos
governos democráticos, reclamando uma atuação autoritária. Uma manifestação das
ligas em Paris, degenerou um motim e provocou a demissão do Governo radical.
Iniciou-se uma apreciável mobilização dos cidadãos, que convergiu numa ampla
coligação, a Frente Popular. Propôs-se então, como objetivo partidário, deter o avanço
do fascismo na França.
Os governos da Frente Popular, forneceram um notável impulso à legislação social, na
sequência de um vasto movimento grevista.
*assustaram os empresários; fizeram pressões para que se arranjassem soluções.
Inquietos, os patrões denunciaram prontamente a ameaça bolchevista que pairava
sobre o país. O Governo interveio na mediação do conflito, resultando os “Acordos de
Matignon”. Neles se determinou a assinatura, em cada empresa, de contratos
coletivos de trabalho entre empregadores e assalariados, em que se aceitava a
liberdade sindical e se previam aumentos salariais. Pouco depois, novos diplomas
limitaram a horas o horário de trabalho e concederam a todos os trabalhadores o
direito a 15 dias de férias pagas por ano.
*criou-se direitos e diminuiu-se a instabilidade que assustava os empresários.
Dignificar os trabalhadores e combater a crise foram, as finalidades de outras
medidas tomadas pela Frente Popular, de que se destacam o aumento da escolaridade
obrigatória até aos 14 anos, a criação de albergues da juventude, o incremento dos
desportos de massa, do cinema e do teatro populares, bem como o controlo exercido
pelo Estado no Banco de França, a nacionalização das fábricas de armamento e a
regularização da produção do preço dos cereais.
Embora aclamada pelos operários, os maiores beneficiários da sua legislação, a Frente
Popular terminaria em abril de 1938, minada por querelas internas, pela oposição dos
grandes empresários e pelo próprio fracasso da política económica de Blum.
Em 1936 (fevereiro), triunfara também na Espanha uma Frente Popular, apoiada por
socialistas, comunistas, anarquistas e sindicatos operários. Esta ampla união de
esquerda não hesitou em enfrentar as forças conservadoras decretando a separação
da Igreja e do Estado, o direito à greve e à ocupação das terras não cultivadas, assim
como o aumento dos salários em 15%. Em julho do mesmo ano, a Frente Nacional
(monárquicos, conservadores e falangistas) pegou em armas contra a República
democrática, dando origem a uma das mais cruéis guerras civis do século XX.
*falangistas- elementos partidários da falange espanhola, partido político inspirado no
fascismo italiano.

A dimensão social e política da cultura


A cultura de massas (pág. 138)
A cultura de massas deu-se com o desenvolvimento dos media e com a generalização
do ensino.
*mais nos meios urbanos, mas nos rurais também.

Os media, veículos de evasão e de modelos socioculturais (pág. 138)


A imprensa, a rádio e o cinema foram os mais importantes meios de comunicação da
primeira metade do século XX. Em conjunto, proporcionaram ao cidadão comum a
evasão da rotina diária, transportando-o para um mundo de sonho e irrealidade.
Transmitiam, valores e modos de estar que, ligados à miragem de um vida melhor, se
impuseram como padrões culturais.

A imprensa (pág. 138-139)


A imprensa de massas utiliza um vocabulário simples e atrativo, feito de frases curtas
e diálogos vivos e informais. O livro, tornou-se um produto de consumo corrente e
popular.
Apoiados nesta linguagem acessível, desenvolvem-se novos géneros literários: o
romance cor-de-rosa, a banda desenhada, o romance policial.
O século XX inaugura também o jornal de grande tiragem. Os jornais recheiam-se de
histórias de guerra e de crime, socorrem-se de títulos bombásticos, ilustram-se com
uma profusão de fotografias. A edição completa-se, com secções desportivas, páginas
femininas e crónicas avulsas.
A par dos jornais proliferam as revistas, com as temáticas mais diversas. Sobre política,
eventos sociais, desporto, moda ou cinema.

A rádio (pág. 139-140)


A rádio tornou-se o mais popular dos meios de comunicação.
Acessível a todos, mesmo aos analfabetos, a rádio tornou-se um importante meio de
difusão cultural: transmite notícias, música, novelas radiofónicas, anúncios
publicitários. Transforma as salas dos ouvintes em auditórios onde se realizam
colóquios e debates, se analisam obras literárias, se ouve música sinfónica e música
ligeira. Estimula gostos e consumos, contribuindo também para esbater as diferenças
de pronúncia e vocabulário entre regiões e classes sociais. Esta abrangência da rádio
transformou-a num veículo privilegiado de propaganda política, que os governos
usaram largamente.

O cinema (pág. 140-141)


O cinema rapidamente se universaliza.
Qualquer que fosse o seu género- amor, comédia, guerra, suspense, western, musical-,
o filme conduzia o espectador a uma outra dimensão. Por momentos, evadia-se da sua
própria vida para viver as vidas que se projetam no ecrã. Nesta possibilidade de
evasão residia (e reside ainda hoje) a magia do cinema.
O cinema foi também o que mais contribuiu para a difusão dos modelos socioculturais
e a consequente estandardização de comportamentos. A forma de vestir, de estar, a
vida privada das estrelas de cinematográficas tornou-se um modelo a seguir, que
influenciou modas, atitudes e valores.

Os grandes entretenimentos coletivos (pág. 141)


A rápida difusão dos mass media fez do mundo uma gigantesca sala de espetáculos,
transformando o cinema e a música ligeira em entretenimentos coletivos. Foi também
sob o impulso dos media que o desporto se internacionalizou e se transformou num
fenómeno de massas capaz de arrebatar multidões.
Enquanto modalidades como o ténis e o golfe permanecem ligadas às classes
privilegiadas e conhecem uma difusão restrita, outras, como o futebol, o boxe ou o
ciclismo, adquirem grande popularidade, atraindo milhares de aficionados. Os
espectadores, descarregam nesses momentos de empolgamento as tensões e as
frustrações acumuladas na vida quotidiana.
Para além da emoção e do espetáculo, os ídolos desportivos proporcionam ainda o
sonho da ascensão social.
As preocupações sociais na literatura e na arte (pág. 142)
Em meados dos anos 20, já se fazia sentir um certo cansaço relativamente às audácias
da arte e da literatura modernas. Acusavam-nas de uma ânsia de originalidade a
qualquer preço, de se lançarem em pesquisas excessivamente especializadas, de se
tornarem incompreensíveis para o grande público, não contribuindo para a vida da
coletividade.
Na Europa, cresceu o sentimento de que a literatura e a arte não possuíam um valor
puramente estético, mas tinham também uma missão social a cumprir.

A dimensão social da literatura (pág. 142-143)


Entre as duas guerras, a literatura tomou uma feição combativa e socialmente
empenhada. Critica-se a sociedade que produziu a carnificina (mortes na 1ª guerra) e
que, no entanto, lhe sobreviveu: os seus vícios, a sua podridão moral, a sua hipocrisia.
Os protagonistas deixam de ser personagens singulares e tornam-se tipos sociais. No
romance, na poesia ou no teatro este tipo de literatura ganhou um lugar cimeiro.
A literatura de contestação social identificou-se, com os ideias marxistas, dando
origem a obras de acentuado cariz sociopolítico.
O retorno da literatura a fórmulas neorrealistas teve também grande expressão nos
Estado Unidos, onde a miséria resultante da Grande Depressão sensibilizou escritores
para as questões sociais.
*arte é ideologista- passa os ideias e valores.
*literatura não é só para entreter- passa o que acontece na realidade.

O “regresso à ordem” (pág. 145)


Interrompidas pela violência da Primeira Guerra Mundial, as vanguardas artísticas
esmoreceram. Numa Europa reduzida a escombros, o sentido da obra de arte
procurou-se na intervenção social e esta, porque dirigida ao grande público, requeria
uma linguagem simples e clara.
É assim que, depois de todas as desconstruções vanguardistas, se assiste, na Europa e
no mundo, a um “regresso à ordem”, isto é, à arte figurativa.
A convicção de que o artista deve contribuir para a coletividade suscitou, neste
período, o ressurgimento da pintura mural. Preterindo a arte de cavalete, os pintores
interessam-se pela ornamentação dos edifícios públicos onde a sua obra é mais
facilmente visível.
*arte torna-se uma denúncia social.
*arte concreta- Estado usa arte.

A arquitetura, arte da coletividade (pág. 146)

Numa Europa destruída, os governos viram-se na necessidade de reerguer numerosos


edifícios e de realojar os seus cidadãos. Impunha-se uma construção simples, barata,
mas digna (bairros operários).
*concentram-se em arquitetura que se adapta as novas realidades- para o bem-estar
do homem.

O funcionalismo (pág. 146-147)


O novo estilo arquitetónico tomou o nome de funcionalismo.
O que primeiro chama a atenção na arquitetura funcionalista é a simplificação dos
volumes exteriores. Linhas predominantemente retas delimitam volumes básicos,
sólidos geométricos regulares como o cubo e o paralelepípedo. Os telhados
praticamente desaparecem, substituídos por coberturas planas que, transformadas em
terraço, prolongam o espaço da casa para o exterior.
As paredes primam pela ausência de elementos decorativos, rasgam-se janelas.
As casas tem de ser tão “práticas como uma máquina de escrever”.
O funcionalismo contou com homens notáveis que, em conjunto, podem considerar-se
os criadores da arquitetura moderna. É o caso de Le Corbusier, arquiteto francês de
origem suíça. É também o caso do alemão Walter Gropius, fundador da Bauhaus,
escola de artes que terá uma influência marcante no design e na arquitetura do
século XX.

O segundo funcionalismo (pág. 147-148)


No decurso da década de 30 do século XX, a arquitetura funcionalista sofreu uma
crescente contestação. Por esta altura, o novo estilo tinha já perdido muito do seu
carácter inovador e esgotava-se em repetições de fórmulas preestabelecidas.
Uma nova geração de arquitetos enveredou por um estilo mais humanizado que, sem
negar as linhas mestras do funcionalismo, se libertou dos seus dogmas, procurando,
para cada caso, a melhor solução.
Esta nova vertente arquitetónica ficou conhecida como funcionalismo orgânico.

As preocupações urbanísticas (pág. 148)


As preocupações do funcionalismo estenderam-se, à cidade que, deveria também ser
repensada segundo critérios racionais.
A importância do tema trouxe-o para o centro dos debates sobre a arquitetura,
tornando-o objeto de estudo das CIAM- Conferências Internacionais de Arquitetura
Moderna. Cada conferência tomou como tema de trabalho um aspeto específico.
As conclusões da conferência foram publicadas na célebre Carta de Atenas, que se
tornou numa espécie de guia ao urbanismo funcionalista.
A cidade deve satisfazer quatro funções principais: habitar, trabalhar, recrear o corpo
e o espírito, e circular. As três zonas articular-se-iam por uma eficiente rede de vias de
comunicação.
A Carta teve o mérito de colocar as questões sociais no centro do parlamento
urbano.

A cultura e o desporto ao serviço dos estados (pág. 149)


As ditaduras compartilharam do mesmo objetivo de colocar a cultura ao serviço do
poder, procurando assegurar que a criação intelectual contribuísse eficazmente para a
construção da “ordem nova” que defendiam.

Uma arte propagandística (pág. 149-171)


Os bolcheviques eram revolucionários em nome da coletividade e bem depressa
começaram a encarar as pesquisas estéticas como expressão do individualismo
burguês.
À arte, à literatura, ao cinema foi atribuída a missão de exaltarem as conquistas do
proletariado e de contribuírem para a educação das massas. O êxito de uma tal tarefa
implicava a utilização de uma linguagem básica, acessível até aos mais humildes-
realismo.
O regresso à arte figurativa e ao realismo literário que se fez sentir um pouco por toda
a parte assume, na Rússia de Estaline, uma vertente dominantemente política que o
regime batizou de realismo socialista. Aos poucos, o vanguardismo russo, desvaneceu-
se, abafado por um rígido controlo estatal. Os “trabalhadores criativos soviéticos”
eram obrigados a agruparem-se em “uniões de criadores”. A ninguém é permitido
exercer a sua atividade fora destas associações que estabelecem os parâmetros a
seguir.
Este regime propagandístico da cultura estruturou-se também, no regime nazi. A
criação artística empenha-se em exaltar, dentro dos preceitos do academismo, o valor
da raça ariana, a força e a felicidade protagonizados pelo novo regime.
O fascismo italiano limita-se a proteger os artistas que lhe são favoráveis. Sem
instituições oficiais de controlo, o poder exige, apenas, que não sejam postos em causa
os pilares da ordem fascista.
Ponto comum a todos os regimes estatizados é também o regresso a uma arquitetura
de feição neoclássica e de dimensões grandiosas.
Esta arquitetura tornou-se, o emblema dos estados totalitários.
*arte ao serviço do poder; meio de propaganda

A politização dos desportos (pág. 151)


O desporto também foi utilizado para fins propagandísticos. O atleta serviu, de modelo
ao homem novo, vigoroso, disciplinado e combativo, que os estados totalitários se
esforçaram por criar.
A internacionalização das competições, impulsionadas pelo olimpismo, permitiu
estabelecer a comparação entre atletas de vários países. Eventos desportivos
internacionais suscitam sentimentos fortemente nacionalistas. O equipamento
diferenciado dos atletas, os quadros de resultados por países, o hastear da bandeira e
o som do hino nas subidas ao pódio transformam a vitória de um desportista na vitória
de toda uma nação.

Portugal: o Estado Novo (autoritário; começa com Salazar acaba com Caetano)
O triunfo das forças conservadoras; a progressiva adoção do modelo fascista italiano
nas instituições e no imaginário político.
Da ditadura militar ao Estado Novo (pág. 152-153)
A 28 de maio de 1926, um golpe de Estado promovido pelos militares pôs fim à 1ª.
República parlamentar portuguesa. O pronunciamento, marcaria a integração do
nosso país na esfera dos regimes ditatoriais. A democracia só voltou a Portugal
decorridos quase 50 anos.
Para começar instalou-se uma ditadura militar (1933). Esta fracassou nos seus
propósitos de “regenerar a pátria” e de lhe devolver a estabilidade. Desentendimentos
entre os militares provocaram uma sucessiva mudança de chefes do Executivo. A
impreparação técnica dos chefes da ditadura resultou no agravamento do défice
orçamental e, adesão entusiástica dos primeiros tempos esmoreceu.
*devido a um golpe de Estado (1ª. República vai abaixo com Gomes da Maia); 28 de
maio de 1926)
Em 1928, António de Oliveira Salazar sobraçou a pasta das finanças, com a condição
de superintender (cortes) nas despesas de todos os ministérios
*de cima para baixo; períodos de fome e miséria agravaram; populações
sobrecarregadas de impostos.
Com Salazar nas Finanças, o país apresentou, saldo positivo no Orçamento. Este
sucesso financeiro, conferiu prestígio ao novo estadista e explica a sua nomeação, para
a chefia do Governo.
Em 1930, lançaram-se as Bases Orgânicas da União Nacional (único partido) e
promulgou-se o Ato Colonial. Em 1933, foi a vez da publicação do Estatuto do Trabalho
Nacional e da Constituição de 1933, submetida ao plebiscito nacional. Ficou
consagrado um regime político conhecido por Estado Novo, tutelado por Salazar, do
qual sobressaíam o forte autoritarismo do Estado e o condicionamento das liberdades
individuais (para funcionarem os organismos acima) aos interesses da Nação.
Plebiscito- Voto expresso diretamente pelo povo. Este assim como o referendo são
formas de consulta popular que ocorrem através da votação secreta e direta. Porém
não são sinónimos, no plebiscito o cidadão pronuncia-se sobre assuntos antes de uma
lei ser constituída; no referendo, o cidadão manifesta-se sobre uma lei que já foi
aprovada pelo parlamento.
*quis mostrar ao estrangeiro que era liberal, mas isso não era verdade.
Repetindo os slogans de um “Estado Forte” e de “Tudo pela Nação, nada contra a
Nação”, Salazar repudiou o liberalismo, a democracia e o parlamentarismo e
proclamou o carácter autoritário, corporativo, conservador e nacionalista do Estado
Novo.
O ditador contou com o apoio da hierarquia religiosa (devido a laicização, etc.), dos
devotos católicos, dos grandes proprietários agrários e da alta burguesia ligada ao
comércio colonial e externo, da média e da pequena burguesias pauperizadas, dos
monárquicos, dos integralistas e dos simpatizantes do ideário fascista, dos militares.
Integralistas- Defendem o regresso a uma monarquia tradicional nacionalista, na qual
o monarca seria o chefe do Estado e concentraria em si as funções governativas e
executivas (regresso ao absolutismo).
O Estado Novo não deixou de abraçar um projeto totalizante para a sociedade
portuguesa. A concretização do seu ideário socorreu-se, de fórmulas e estruturas
político-institucionais decalcadas dos modelos fascistas, particularmente do italiano.

Conservadorismo e tradição (pág. 154-155)


António de Oliveira Salazar foi uma personalidade extremamente conservadora.
Grande ativista, sempre repudiou os exageros republicanos, mantendo amigável
convívio com monárquicos e com adeptos do Integralismo Lusitano.
O Estado Novo distinguiu-se, entre os demais fascismos, pelo seu carácter
profundamente conservador e tradicionalista. Repousou em valores e conceitos
morais que jamais alguém deveria questionar: Deus, a Pátria, a Família, a Autoridade,
a Paz Social, a Hierarquia, a Moralidade, a Austeridade. Respeitou as tradições
nacionais e promoveu a defesa de tudo o que fosse genuinamente português.
Criticou-se a sociedade urbana e industrial, fonte de todos os vícios, e enalteceu-se o
mundo rural, refúgio seguro da virtude e da moralidade.
Protegeu-se a religião católica.
Reduziu-se a mulher a um papel passivo do ponto de vista económico, social, político
e cultural. A mulher-modelo foi definida como uma mulher de grande feminilidade,
uma esposa carinhosa e submissa, uma mãe sacrificada e virtuosa.
A “verdadeira família portuguesa” era a família católica de moralidade austera, que
repelia o vício e a desregração de costumes proporcionados pela liberalização da
cidade moderna. Daí que o trabalho feminino fora do lar fosse entendido como uma
ameaça à estabilidade familiar e à formação moral das gerações de portugueses que se
queriam “tementes a Deus, heróis e santos da Nação”.

Nacionalismo (pág. 155)


O Estado Novo perfilhou um nacionalismo exacerbado, expresso no slogan “Tudo pela
Nação, nada contra a Nação”. Fez dos Portugueses um povo de heróis, dotado de
qualidades civilizacionais ímpares, de que eram testemunhas a grandeza da sua
História, a ação evangelizadora e a integração racial levadas a cabo no Império
colonial.
Portugal e os Portugueses não primavam só pela superioridade do seu passado
histórico, mas pela diferença que imprimiam às suas instituições. Autoritário convicto,
Salazar gostava de se demarcar do cariz agressivo e violento das experiências
totalitárias europeias. Repugnava-lhe, a sobranceria sobre-humana que rodeava os
seus chefes e as suas manifestações de massas. Salazar via em tal demonstrações de
paganismo, contrárias aos princípios da moral cristã e às tradições nacionais de que o
Estado Novo se dizia defensor.

A recusa do liberalismo, da democracia e do parlamentarismo (pág. 156-157)


O Estado Novo afirmou-se antiliberal, antidemocrático e antiparlamentar.
A Nação representava um todo orgânico. O interesse da Nação sobrepunha-se aos
direitos individuais. Os partidos políticos (partido único, Bases Orgânicas da União
Nacional), na medida em que representavam apenas as opiniões e os interesses
particulares de grupos de indivíduos, constituíam um elemento desagregador da
unidade da Nação e um fator de enfraquecimento do Estado. Salazar declarou-se um
acérrimo opositor da democracia parlamentar.
Para Salazar, só a valorização do poder executivo (sobrepõe-se a todos os poderes)
era o garante de um Estado forte e autoritário (só assim endireitava o país). A
Constituição de 1933 reconheceu a autoridade do Presidente da República como
primeiro poder dentro do Estado, completamente independente do Parlamento
(Assembleia Nacional), e atribuiu vastas competências ao Presidente do Conselho
(controla presidente) (Primeiro Ministro), que tinha o poder de legislar através de
decretos-leis, de propor a nomeação e a exoneração (colocar e retirar) dos membros
do Governo e o de referendar (autoriza e opina sobre decisões do Presidente) os atos
do próprio Presidente da República, sob pena de serem anulados. A amplitude destas
prerrogativas conduziu alguns analistas à ideia da existência de um “presidencialismo
bicéfalo”, de uma verdadeira partilha de poderes entre as presidências da República e
do Conselho (entre presidentes).
Quanto à Assembleia Nacional, limitava-se à discussão das propostas de lei que o
Governo lhe enviava para aprovação.
Subalternizado o poder legislativo, quem efetivamente sobressaía, no seio do
Executivo, era a figura do Presidente do Conselho. Salazar encarnou na perfeição a
figura do chefe providencial. O seu lema “Tudo pela Nação, nada contra a Nação”
bem se assemelhava ao “Tudo no Estado, nada contra o Estado” de Mussolini, por
quem o ditador português nutria admiração.
A consolidação e o robustecimento do Estado Novo passaram pelo culto ao chefe, que
fez de Salazar o “salvador da Pátria”. Salazar mostrava-se avesso às multidões e
cultivava a discrição, a austeridade e a moralidade. Nestas virtudes, habilmente
exploradas pela propaganda, residiu o fundamento do seu carisma.

Corporativismo (previsto na Constituição) (pág. 157-158)


O Estado Novo português mostrou-se empenhado na unidade da Nação e no
fortalecimento do Estado. Propôs, então, o corporativismo como modelo da
organização económica, social e política.
As corporações, incluíam as instituições de assistência e caridade (corporações
morais), as universidades e as agremiações científicas, técnicas, literárias, artísticas e
desportivas, as Casas do Povo, as Casas dos Pescadores, os Grémios e os Sindicatos
Nacionais.
Juntamente com as famílias, as corporações concorriam para a eleição dos
municípios. Corporações e municípios enviavam os seus delegados à Câmara
Corporativa, a qual competiam-lhe as funções consultivas: dar parecer sobre
propostas e projetos lei a submeter à Assembleia Nacional, sediada naquele mesmo
local.
*davam parecer, mas não tomavam decisão.
*só queria mostrar que era democrata, mas na prática isso não acontecia.
Apesar da Constituição de 1933 programar uma diversidade de corporações, na prática
só funcionaram as de natureza económica. Compreendiam a agricultura, a indústria, o
comércio, os transportes e o turismo, a banca e os seguros, a pesca e as conservas.
Integrando patrões e trabalhadores.

O enquadramento das massas (pág. 158-160)


A longevidade do Estado Novo pode explicar-se pelo conjunto de instituições e
processos que, conseguiram enquadrar as massas e obter a sua adesão ao projeto
regime.
O Secretariado da Propaganda Nacional, desempenhou um papel ativo na divulgação
do ideário do regime e na padronização da cultura e das artes.
A União Nacional, fundada em 1930, segundo Salazar, que a chefiou, tratava-se de
uma organização não partidária, já que o espírito da fação inerente aos partidos
políticos representava um terrível maleficio no seio de uma Nação.
A unanimidade pretendida em torno do Estado Novo só foi possível com a extinção dos
partidos políticos e a limitação severa da liberdade de expressão. Em 1934, realizaram-
se as primeiras eleições legislativas dentro do novo quadro político e os 90 deputados
eleitos à Assembleia Nacional pertenciam única e exclusivamente à União Nacional,
transformada em verdadeiro partido único.
O dogmatismo e a intransigência do Estado Novo cresceram com a vitória da Frente
Popular. Em França, e a eclosão, em Espanha, da Guerra Civil. A ameaça bolchevista
pairava sobre o país e, consequentemente, apertou-se o controlo sobre a população.
O funcionalismo público fez prova da sua fidelidade ao regime através de um
juramento.
Recorreu-se a organizações milicianas. A Legião Portuguesa destinava-se a defender
“o património espiritual da Nação”, o Estado Corporativo e a conter a ameaça
bolchevista. Nos começos da década de 40 chegou a ter cerca de 20 000 membros,
tanto mais quanto a sua filiação teve um carácter obrigatório para certos empregos
públicos.
*para ser funcionário público tinha de pertencer a Legião.
Quanto à Mocidade Portuguesa, de inscrição obrigatória para os jovens dos 7 aos 14
anos, destinava-se a ideologizar a juventude, incutindo-lhe os valores nacionalistas e
patrióticos do Estado Novo. Ambas as organizações tinham uma estrutura interna
decalcada das congéneres italianas; os seus membros usavam uniformes e adotaram a
saudação romana.
Controlou-se o ensino, especialmente a nível do primário e do secundário.
Expulsaram-se os professores oposicionistas e adotaram-se “livros únicos” oficiais, que
veiculavam os valores do Estado Novo. O ensino público ficou vinculado aos “princípios
da doutrina e moral cristãs”.
Impregnou-se a vida familiar com valores conservadores e nacionalistas do Estado
Novo. Surgiu a Obra das Mães para a Educação Nacional, uma organização destinada
à formação das “futuras mulheres e mães”.
A Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho, tinha como incumbência, controlar
os tempos livres dos trabalhadores, providenciando atividades recreativas e
“educativas” norteadas pela moral oficial.

O aparelho repressivo do Estado (pág. 160-161)


O Estado Novo rodeou-se de um aparelho repressivo que amparava e perpetuava a
sua ação.
A censura prévia à imprensa, ao teatro, ao cinema, à rádio e, mais tarde, à televisão
abrangeu assuntos políticos, militares, morais e religiosos, assumindo,
frequentemente, o carácter de uma ditadura intelectual. Ao “lápis azul” da censura
cabia a proibição da difusão de palavras e imagens “subversivas” para a ideologia do
Estado Novo.
*nenhum jornal era editado sem passar pela censura.
A polícia política, a PIDE, distinguiu-se por prender, torturar e matar os opositores ao
regime. As suas maiores vítimas foram os militantes e simpatizantes do Partido
Comunista Português.
Pela proteção e impunidade, pela rede de informadores e pelo clima de terror que
inspirava, a polícia política foi extremamente poderosa na vida nacional.

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