O AGUDIZAR DAS TENSÕES POLÍTICAS E SOCIAIS A PARTIR DOS ANOS 30

módulo 7 - unidade 2 | 12.11 -

2.1) A GRANDE DEPRESSÃO E O SEU IMPACTO SOCIAL

Nas origens da crise ↪ A catástrofe ficou conhecida

● Os norte-americanos depositavam
crença/confiança na era de
prosperidade infindável durante os anos
20 (esse estado de euforia económica
não se mostrou tão sólido como se
esperava).
como o crash de Wall Street.
Crash/crack: abalo ou catástrofe económica
e/ou financeira generalizada (falências por
exemplo), com queda abrupta das cotações de
ações na bolsa de valores.

● As indústrias (como a do carvão e do ● Manifestações da crise:

ferro) não recuperaram os níveis de
vendas anteriores à crise de 1920/21.
● Desemprego crónico devido à intensa
mecanização.
● Na agricultura as produções
excedentárias originaram preços baixos
e quebra de lucros.
● A necessidade de manter o poder de
compra americano motivaram o recurso
a mecanismos económico-financeiros
de risco:
> A facilitação do crédito aumentou os
níveis de endividamento das famílias e a
pressão especulativa na bolsa.
A dimensão financeira, económica e social da
crise
- falências bancárias;
- falência das empresas;
- aumento do desemprego;
- contração das produções e dos
preços;
- diminuição dos salários;
- miséria e fome;
- delinquência, corrupção e
gangsterismo;
- deflação.
Deflação: diminuição generalizada dos preços
de produtos e serviços, acompanhada de uma
progressão do desemprego. Frequentemente,
são os Estados que originam essa situação no
intuito de combater a inflação dos meios de
pagamento, a especulação e a alta dos preços.
Caracteriza-se pela diminuição do investimento
e da produção e pela queda da procura e dos
preços.

Desde 21 de outubro de 1929 → CRISE DE

● A crise económica transformou-se na
SUPERPRODUÇÃO: a produção cresceu
bastante em comparação com a procura, quer Grande Depressão do sistema
interna quer externa → os produtos passaram a capitalista, pela sua gravidade, duração
acumular-se, sem serem vendidos (acumulação e dimensão geográfica.
de stocks) → os preços baixaram (deflação) e os
lucros industriais diminuíram.

● A crise atingiu a Bolsa de Valores de

Nova York.

> A 24 de outubro de 1929 (a célebre

“Quinta-Feira Negra”) foram postas à
venda cerca de 13 milhões de ações, a
preços que desciam aceleradamente,
sem encontrar compradores. O pânico
instalou-se entre os corredores.

> No dia 29 de outubro, 16 milhões de

ações foram vendidas a preços
insignificantes. A descida prosseguiu
pelos meses seguintes, arrastando para
a ruína tanto grandes como pequenos
investidores.
A mundialização da crise; a persistência da
conjuntura deflacionista
● Fatores da propagação da crise:
> Retirada dos capitais/créditos
americanos aos estrangeiros;
> Afetou os países industrializados
(Áustria, Alemanha, Inglaterra), que não
conseguiam escoar os produtos
transformados;
> Afetou os países produtores de
matérias-primas (Austrália, México,
Brasil, Índia), impedidos de exportar
produtos agrícolas;
> A URSS escapa da crise devido à
nacionalização da sua economia.
● Contração do comércio mundial: face à
crise, os Estados impuseram barreiras
alfandegárias para evitar as
importações e aumentaram os
impostos.
● Restou aos Estados em crise uma maior
intervenção na economia. O
alastramento da miséria resultou no
crescimento de ditaduras na Europa.
2.2) AS OPÇÕES TOTALITÁRIAS
- receio do avanço do
comunismo;
- fragilidade das democracias
liberais.
Totalitarismo: regime político em que os
interesses do Estado se sobrepõem aos do
indivíduo. O Estado intervém em todos os
setores e controla a vida social e individual.
Este sistema político contempla a existência de
um único partido.
Fascismo: sistema político implantado na Itália,
em 1922, por Mussolini. De cariz totalitário de
extrema-direita, era anti-individualista,
anti-liberal, anti-pluripartidário,
anti-parlamentar, anti-democrático, anti-
-comunista e profundamente nacionalista,
militarista e imperialista. Defendia ainda o
corporativismo e o culto do chefe. O fascismo
designa também todos os regimes totalitários
de direita e até mesmo simples regimes
autoritários.
Nazismo: sistema político implantado na
Alemanha, em 1933, por Hitler. Partilhou os
mesmos princípios do fascismo italiano, porém
o seu carácter racista distinguia-o dos demais
regimes totalitários. O racismo nazi defendia a
superioridade da raça ariana, sendo os Alemães
os seus mais puros descendentes, que se
deveria replicar na Grande Alemanha idealizada
por Hitler.

● Características da ideologia fascista:

● O demoliberalismo do final da PGM,
começou a perder força e a dar lugar a
regimes de extrema-direita, que > Anti-liberal:
proliferavam um pouco por todo o
continente europeu.

O totalitarismo emergiu nos anos 30

do século XX:

> Os paradigmas/modelos do
totalitarismo de extrema-direita foram,
o fascismo e o nazismo, que se
implementaram na Itália e na
Alemanha, respetivamente.

> Já a URSS viveu sob o signo de um

regime totalitário de extrema-esquerda. > Anti-parlamentar (desvaloriza o
parlamento e defende a existência do
Os fascismos, teoria e práticas partido único).

● Vários fatores contribuíram para a

implementação de regimes totalitários:
- a crise económica e social (“A
Grande Depressão”);
- ressentimento pela derrota na
PGM;
> Antissocialista/Anticomunista:
↪ Socialismo/comunismo defende
a luta de classes, que divide a
Nação e enfraquece o Estado.
↪ O Socialismo defende a união de
todos os proletários, anulando
as fronteiras
(internacionalismo), fascismos
defendem a superioridade da
“sua” nação (nacionalismo).
> Corporativismo: sistema econômico
e social organizado em instituições
profissionais corporativas. As
corporações integram patrões e
operários, com a finalidade de evitar a
luta de classes e de suprimir os
interesses profissionais aos do Estado.
> Elitista (só às elites compete
governar).
> Culto do chefe (líder inquestionável
que personifica a Nação):
↪ O Duce na Itália e o Fuhrer na
Alemanha deviam de ser
adorados e idolatrados
incontestavelmente.
> Superioridade da raça dominante
(arianismo), dos militares, dos membros
do partido e dos homens em geral:
↪ Inferioridade feminina:
mulheres destinadas aos 3 K -
Kinder (crianças) Küche
(cozinha) Kirche (igreja).
> Enquadramento de massas da
juventude:
↪ Os jovens fanatizados pelas
organizações de juventude
aprendiam: o culto do chefe e
do Estado, o amor pelo desporto
e pela guerra e o desprezo pelos
intelectuais;
↪ Ensino - professores fiéis ao
regime; livros e conteúdos
programáticos apologistas do
regime;
↪ Itália - Filhos da Loba (4 anos)
Balillas (8-14 anos)
Vanguardistas (14 anos)
Juventudes Fascistas (18 anos);
↪ Alemanha - Juventudes
Hitlerianas (a partir dos 10
anos).
> Enquadramento de massas dos
adultos:
↪ Partido único (Itália: Partido
Nacional Fascista; Alemanha:
Partido Nacional Socialista) -
ser membro permite acesso ao
funcionalismo público e a altos
cargos;
↪ Organizações de trabalho
(corporações italianas e Frente
do Trabalho
Nacional-Socialista) - permitem
o acesso ao trabalho e
substituem os sindicatos livres,
proibidos;
↪ Organizações de tempos livres-
Itália: Dopolavoro (Depois do
trabalho); Alemanha: Kraft
durch Freude (Força pela
Alegria).
> Propaganda (Itália: Ministério da
Imprensa e da Propaganda; Alemanha:
Ministério da Instrução e da
Propaganda » Goebbels »Autos-de-fé):
↪ Utilizada para promover o culto
do chefe, as realizações do
regime e para controlar a
cultura;
↪ As encenações eram alvo de
uma encenação teatral;
↪ O ministério da propaganda
abafou jornais, baniu obras de
autores proibidos e perseguiu
os intelectuais;
↪ a rádio e o cinema tornaram-se
meios de difusão dos ideais
fascistas.
> Culto da força e da violência:
↪ Os fascistas apoiam a ação, o
instinto e a natureza selvagem
do Homem;
↪ Antipacifistas afirmam ser na
guerra que os homens mostram
as suas qualidades;
 ↪ Criação de milícias armadas
(Itália: Milícia Voluntária para a
Segurança Nacional e “Camisas
Negras”; Alemanha: Secções de
Assalto e Secções de
Segurança) que destruiam e
incendiavam as sedes dos
partidos de esquerda e dos
sindicatos e reprimiam os
movimentos grevistas;
↪ Criação de uma polícia política
(Itália: Organização de
Vigilância e Repressão do
Antifascismo; Alemanha:
Gestapo) que denuncia, agride e
reprime qualquer ato suspeito;
↪ Criação de campos de
concentração.
● A violência racista:
> Segundo Hitler, os arianos eram povos
superiores, de heróis, de qualidades
sobre-humanas (tese desenvolvida na
sua obra “Mein Kampf”);
> Os nazis eram obcecados com o
apuramento físico e mental da raça
ariana;
● Perseguições antissemitas:
> Primeira vaga (1933) - boicotaram-se
as lojas de judeus; proibiu-se o
funcionalismo público e profissões
liberais aos não arianos; instituiu-se um
número limitado de pessoas aceites nas
Universidades;
> Leis de Nuremberga (1935) - alemães
de origem judaica privados da
nacionalidade e proibidos de casar com
arianos;
> Noite de Cristal (9-10 nov. 1938) -
judeus e ciganos impedidos de exercer
qualquer profissão, de frequentar
lugares públicos e forçados a usar uma
estrela amarela (para que facilmente
identificados);
> Conferência de Wannsee (jan. 1942) -
“Solução Final” - aprisionados em
guetos (bairros separados) e levados
para campos de concentração.
● Durante a Segunda Guerra Mundial, os
nazis causaram a morte de cerca de 6
milhões de judeus. Este extermínio em
massa ficou conhecido como
Holocausto ou Shoah (catástrofe), em
hebreu.

> Promoveram o eugenismo (fomentar a

natalidade entre os arianos);

> Procederam à eliminação dos

“degenerados” (deficientes mentais,
doentes incuráveis, velhos
incapacitados, ciganos, homossexuais);

> Aos arianos competia o domínio do

Mundo (desejavam o espaço
vital/Lebensraum);

> Os eslavos e principalmente os judeus

foram alvo de perseguições.

Antissemitismo: forma de racismo dirigida

contra os judeus, povo de origem semita.

Eugenismo: conceito racista fundado no

objetivo de melhoria/seleção da “qualidade” de
uma população.

Genocídio: ação deliberada cujo objetivo é a

eliminação fisíca de um grupo humano.
 2.3) A RESISTÊNCIA DAS DEMOCRACIAS LIBERAIS
O intervencionismo do Estado
Intervencionismo: princípio inspirado nas
conceções de Keynes, que, ao contrário do
liberalismo económico, defende a intervenção
do Estado na economia.
New Deal: medidas de política económica e
social tomadas por Roosevelt para enfrentar a
Grande Depressão dos anos 30.
● No início do século XX, o pensamento
prevalente era o de que a economia
seria capaz de recuperar sozinha em
períodos de crise, algo conhecido como
Laissez-faire.
● A crise de 1929 levou os estados
democráticos a abandonar o liberalismo
económico e a optar pelo
intervencionismo estatal.
● O intervencionismo inspira-se nas
ideias do economista britânico Keynes,
que atribuía ao Estado um papel de
regulador da vida económica e do
mercado.
> Keynesianismo: política económica
não deflacionista (apologista de uma
inflação controlada) que estimula a
produção, o consumo, o emprego e o
bem-estar.
↪ Somente esta seria capaz de
pôr um fim ao desemprego
crónico, relançar a procura e a
produção de bens.
● Franklin Roosevelt foi eleito
presidente dos EUA em 1932, com a
promessa de combater os efeitos
alarmantes da crise de 1929.
> Roosevelt aplicou um conjunto de
medidas, inspiradas nas propostas de
Keynes, com vista a solucionar a crise.
As quais ficaram conhecidas por New
Deal.
● Numa primeira fase, o objetivo do plano
de reforma foi relançar a economia e
lutar contra o desemprego através de:
- medidas financeiras rigorosas
(desvalorização do dólar;
encerramento temporário de
bancos);
- investimentos em obras
públicas;
- frentes de trabalho;
- controlo estatal sobre a geração
de energia elétrica;
- redução dos stocks industriais e
agrícolas;
- créditos e indemnizações que
compensam os camponeses
pela redução das áreas
cultivadas;
- controlo sobre os preços,
salários e produção industrial;
- aumento dos salários.
● Numa segunda fase, o New Deal teve
um caráter predominantemente social,
assumindo as bases do
estado-providência (Welfare State):
- subsídios na doença, na velhice,
na invalidez e no desemprego;
- redução do horário de trabalho;
- fixação do salário mínimo;
- legalização dos sindicatos;
- direito à greve.
* 1.3) A regressão do demoliberalismo
2.2.2) O ESTALINISMO
● A morte de Lenine, em 1924, abriu
caminho a uma disputa pelo poder na
União Soviética entre Trotsky e Estaline.
● Estaline torna-se o líder da URSS
(1928-53) e toma um conjunto de
medidas radicais com vista a construir
uma sociedade socialista e elevar a
Rússia a potência mundial:
> Abandonou a NEP (Nova Política
Económica).
> Nacionalização e coletivização dos
campos:
- Perseguição aos kulaks
(proprietários fundiários), a
quem foram confiscadas terras
e gado;
- Execução ou deportação (para a
Sibéria) aos camponeses que
manifestassem contestação;
- Sujeição a trabalho assalariado
(sovkhozes) ou coletivo
(kolkhozes).
> Planificação económica:
- Planos Quinquenais (elaborados
por um organismo central, o
Gosplan) promoveram grandes
investimentos nas indústrias
pesada, ligeira, hidroelétrica e
química e nos bens de
consumo.
↪ Levou ao quase
desaparecimento do setor
privado da indústria e tornou a
URSS na terceira potência
mundial.
> Totalitarismo repressivo do Estado:
- Enquadramento da população
em organizações (nos Pioneiros
e mais tarde nas Juventudes
Comunistas);
- Forte aparelho burocrático
comandado pelo Estado
centralizado e pelo partido
único, o PCUS → Sindicatos do
Partido;
- Culto da personalidade do
chefe;
- Depurações e purgas
periódicas;
- Polícia política (a NKVD,
posteriormente KGB);
- Prisão e trabalhos forçados;
- Campos de trabalhos forçados
(Gulag);
- 2 milhões de pessoas
deportadas e 700 mil
executadas até ao final da
década;
- Propaganda política.
● Resultados → em poucos anos, o país
atrasado e inculto que era a Rússia
antes da revolução tinha realizado uma
notável modernização:
- Industrialização em massa
(URSS torna-se potência
industrial mundial);
- Desenvolvimento técnico dos
processos produtivos;
- Aumento da produtividade em
geral;
- Implantação de infraestruturas
ao nível da habitação, da
higiene, da saúde e do ensino.