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RESUMOS HISTÓRIA A 12º.

ANO

9. O AGUDIZAR DAS TENSÕES POLÍTICAS E SOCIAIS A PARTIR DOS ANOS 30

Após a 1ª Guerra Mundial, a Europa e os EUA entraram num período difícil de


reconstrução e reconversão económica.
Na década de 20, os EUA, e a Europa por arrasto, tiveram anos de alguma
prosperidade, nomeadamente nos EUA, culminando na “era da prosperidade”.
Todavia, esta fase foi interrompida. Nos anos 30 do século XX, o capitalismo liberal
conheceu, no mundo, uma grave crise. Tudo começou com a Grande Depressão em
1929 nos EUA, e propagou-se/mundializou-se a todos os países que, com eles, tinham
laços económicos e financeiros.
Neste contexto, surgiu uma forte agitação política, formando-se novas forças políticas,
quer da esquerda e ligadas ao comunismo, quer da direita, relacionados com o
fascismo e nazismo, que puseram em causa os regimes democráticos saídos da 1ª
Guerra Mundial.

1. A Grande Depressão e o seu impacto social


Nas origens da crise
Em 1928, os norte-americanos acreditavam que o seu país atravessava uma fase de
prosperidade infindável. Esta fase ficou conhecida como a “era da prosperidade”, mas
que, na realidade, se revelou precária.
Quais os sinais?
 - Havia indústrias, como a extração do carvão, a construção ferroviária, os
têxteis tradicionais e os estaleiros navais, que não tinham recuperado os níveis
anteriores à crise de 1920/21;
 - Persistia, também, um desemprego crónico, a que muitos chamaram
tecnológico, pois devia-se à intensa mecanização (atingiu perto de 2 milhões de
pessoas);
 - A agricultura, por vezes, não se mostrava compensadora para aqueles que
nela trabalhavam. As produções excedentárias, bem como a concorrência
externa, originavam preços baixos e quedas de lucros, o que agravou os
rendimentos dos agricultores, obrigando muitos deles a endividarem-se e a
reduzirem as suas compras de produtos industrializados.
Nessa altura, foi aplicada uma política de facilitação de crédito pelos bancos, que
mantinha, artificialmente, o poder de compra americano (a maior parte das transações
de automóveis, eletrodomésticos e imóveis realizava-se com base no crédito e nos
pagamentos em prestações). A crédito, igualmente, se adquiriam as ações que os
americanos detinham nas empresas.
Crendo na solidez da sua economia, e ansiosos pelos lucros, riqueza fácil e promoção,
foram muitos os que investiram na Bolsa, onde a especulação crescia. Foi precisamente
na Bolsa de Nova Iorque, Wall Street, que se manifestaram os primeiros sinais de crise.

2. A dimensão financeira, económica e social da crise


Desde 21 de outubro que as ordens de venda das ações se acumulavam na Bolsa. Os
grandes acionistas estavam alarmados com a descida dos preços e dos lucros
industriais que se fazia sentir.
O pânico instalou-se na quinta-feira 24 de outubro, a quinta-feira negra, quando 13
milhões de títulos foram postos no mercado a preços baixíssimos e não encontraram
comprador. A 29 de outubro, foi a vez de 16 milhões de ações conhecerem o mesmo
destino. A catástrofe ficou conhecida como o crash de Wall Street. Nos meses que se
seguiram, centenas de milhares de acionistas perderam tudo, conheceram a ruína.
Não havia quem comprasse as suas ações, transformadas em papéis sem valor.
Uma vez que a maior parte das ações tinham sido comprados a crédito, a ruína dos
acionistas significou a ruína dos bancos, que deixaram de ser reembolsados. Entre 1929
e 1933 fecharam mais de 10 mil bancos. E, com as falências bancárias, a economia
paralisou, pois cessou a grande base da prosperidade americana – o crédito.
Com a falência ou retirada dos acionistas e pelas restrições do crédito, as empresas
faliram, sobretudo as de frágil situação financeira. O desemprego aumentou imenso
(mais de 12 milhões de pessoas em 1933).
A procura afrouxou. De imediato, a produção industrial contraiu-se e os preços
baixaram.
A diminuição do consumo e as dificuldades da indústria repercutiram-se nos campos.
Os preços dos bens agrícolas desceram imenso. Por toda a parte hipotecavam-se
quintas, abatia-se o gado e destruíam-se produções.
A crise no setor agrícola foi terrível na década de trinta. Famílias inteiras viviam na
miséria, outras vagueavam pelas estradas à procura de trabalho nas cidades. Mas as
fábricas estavam fechadas ou só tinham os trabalhadores estritamente necessários.
Os salários sofreram cortes drásticos, entre operários e colarinhos brancos. Os
trabalhadores (homens) ofereciam-se a salários baixíssimos para o desempenho de
qualquer tarefa. Sem segurança social, as pessoas faziam filas nas ruas à espera de
refeições oferecidas pelas instituições de caridade. Os bairros de lata das cidades
cresciam, não havia dinheiro para custear rendas de casa. A corrupção e o banditismo
(“gangsterismo”) aumentam. A crise social agravava-se.
3. A mundialização da crise; a persistência da conjuntura deflacionista
A Grande Depressão (a crise) estendeu-se à economias dependentes dos Estados
Unidos: aos países fornecedores de matérias- primas (México, Brasil e Índia) e a todos
aqueles cuja reconstrução económica se baseava nos empréstimos americanos
(Alemanha, Áustria, onde a retirada dos capitais americanos originou uma situação
económica e social absolutamente insustentável).
Nos países de capitalismo liberal, os anos 30 foram tempos de profunda miséria. A
conjuntura deflacionista, caracterizada pela diminuição do investimento e da produção,
pela quebra da procura e dos preços, parecia manter-se (estes indicadores são,
geralmente, acompanhados de uma progressão do desemprego, e, normalmente, são
os Estados que originam esta situação no intuito de combater a inflação dos meios de
pagamento, a especulação e a alta de preços, para o efeito diminuem a quantidade de
papel-moeda, restringem o crédito e reduzem os gastos do Estado).
Num ciclo vicioso, a diminuição do consumo trazia a queda dos preços e da produção,
originando as falências, o desemprego e, novamente, a diminuição do consumo…
Os líderes políticos não compreenderam a dimensão desta crise e acentuaram a
deflação com medidas desastrosas: os EUA, numa tentativa de proteger a sua
economia, em 1930, aumentaram de 26% para 50% as taxas sobre as importações,
criando assim, dificuldades acrescidas aos outros países que ficaram sem condições
para adquirir a produção americana, o que ainda agravou mais a crise. A este facto não
foi alheio o declínio do comércio mundial.
Por outro lado, aumentaram-se os impostos, procurando novas receitas para o
orçamento, e restringiu-se ainda mais o crédito para que desaparecessem as empresas
não rentáveis. Pretendia-se o saneamento financeiro, evitando despesas, e
aumentando as receitas, originavam-se, em contrapartida, obstáculos ao investimento
e à elevação do poder de compra da população.
E, sem procura, não havia relançamento possível da economia.
Era a descrença no capitalismo liberal. Que fazer? Os Estados em crise tiveram uma
maior intervenção na regulamentação das atividades económicas.
Quais as soluções políticas?
 Destruição do capitalismo através da luta de classes (comunismo);
 Intervenção autoritária e repressiva do Estado, com um chefe forte se podia
resolver a situação (fascismo e nazismo);
 Reformas do sistema político, uma visão mais justa da distribuição de riqueza…
(democracias).

10. AS OPÇÕES TOTALITÁRIAS (totalitarismos)


O sistema político que marcou o mundo ocidental nos inícios do século XX foi o
demoliberalismo (direitos individuais, como a liberdade e a igualdade, eram garantidos
pelo Estado que se pretendia neutro e assentava na divisão dos poderes).
Com a vitória dos aliados na I Guerra Mundial, reforçou este sistema político e
inaugurou uma ordem internacional mais justa e fraterna, baseada no triunfo das
nacionalidades e nos progressos da democracia.
Porém, na década de 20, um novo sistema político confrontou o demoliberalismo.
Movimentos ideológicos e políticos subordinaram o indivíduo a um Estado totalitário e
forte:
 Na Rússia soviética, o totalitarismo (sistema político, no qual o poder se
concentra numa só pessoa ou no partido único, cabendo ao Estado o controlo
da vida social e individual) adquiriu uma feição revolucionária: nasceu da
aplicação do marxismo-leninismo e culminou no estalinismo.
 Na Itália, e posteriormente na Alemanha, o Estado totalitário foi produto do
fascismo e do nazismo e revestiu um cariz mais conservador.
Comportamentos de crise pós 1ª Guerra Mundial que geraram desconfiança nos
sistemas demoliberais: pessimismo, insatisfação, descontentamento social
(desemprego); nacionalismo excessivo e agressivo; irracionalismo, sentimentos
racistas; avanço do comunismo; desconfiança em relação às democracias
parlamentares pela sua incapacidade governativa; soluções violentas e ditatoriais,
antiliberais; e, com o aparecimento da crise de 1929 agravou-se a situação económica
e social.
a) Os fascismos, teoria e práticas
Nos anos 30, a depressão económica acentuou a crise da democracia liberal. Uma vaga
autoritária e ditatorial dominou a Europa.
As primeiras experiências políticas totalitárias tiveram o nome de fascismo (sistema
político instaurado por Mussolini na Itália, a partir de 1922; era ditatorial, totalitário e
repressivo; o fascismo suprimiu as liberdades individuais e coletivas, defendeu a
supremacia do Estado, o culto do chefe, o nacionalismo, o corporativismo, o
militarismo e o imperialismo) e de nazismo (sistema político instaurado por Hitler na
Alemanha a partir de 1933; para além de perfilhar os princípios ideológicos do
fascismo, distinguiu-se pelo racismo violento, fundamentando-o numa suposta
superioridade biológica e espiritual do povo ariano).

O fascismo italiano – tomada do poder


 O sistema fascista foi criado por Benito Mussolini, em Itália, a partir de 1921,
que tinha como milícia os “camisas negras”;

 Em 1922, Marcha sobre Roma, o rei Victor Emanuel III convidou Mussolini a
formar governo
 Em 1924 o Partido Nacional Fascista obteve a maioria absoluta em eleições
 Este sistema foi difundido por outros Estados europeus.
O sistema fascista italiano é corporativista, pois, é um sistema económico-social que
regulamentou a ligação capital e trabalho e as relações socioeconómicas, através das
Corporações Mistas que agrupam os patrões e os sindicatos operários da mesma
profissão, a nível nacional.
Foram proibidas as greves e os lock-outs, sendo o Estado arbitrar as relações entre os
dois sindicatos, já que se dizia defensor do progresso económico e justiça social. Este
sistema transformou-se em político quando é através da representação das
Corporações que se processa a participação do cidadão na vida política.

Exemplos: 1926 – Lei sobre as Corporações (lei Rocco – sindicato patronal);

1927 – Carta do Trabalho (sindicato operário) e Ministério da Corporação;

1934 – Corporações Mistas (unificação dos sindicatos de patrões e empregados);

1939 – Câmara dos Fasci e Corporações que substituiu a Câmara dos Deputados)

O fascismo (italiano) caracteriza por ser:


 anti-individualista, antiliberal e antimarxista (não respeita os princípios liberais,
caso da liberdade, tolerância, igualdade, respeito…);
 totalitário (opõe o interesse da coletividade ao do indivíduo, valoriza a
supremacia do Estado, ao qual o indivíduo deve estar subordinado);
 defende a unidade do Estado (funciona como um todo, o estado sobrepõe-se a
todos os interesses privados e a todos os particularismos, “O Estado é tudo, o
indivíduo nada”);
 valoriza e exalta a mística do Estado e da Nação;
 afirmação da pureza rácica e da superioridade (negam a ideia de que os
homens são iguais e só os melhores, os mais capazes, devem governar, as
elites);
 culto ao chefe (encenação e propaganda, o chefe é o super-homem, o mais
eficaz, cria gestos, encenações, usam símbolos e poses);
 mobilização das massas através de organismos de enquadramento,
arregimentação de massas, com partido único e um aparelho repressivo, com
forças paramilitares (Camisas Negras);
 corporativista: concebeu uma nova forma de regulamentar o capital e trabalho
e as relações socioeconómicas; organizou as diferentes profissões em
Corporações, admitindo no seu seio os sindicatos dos patrões e operários; as
corporações foram oficializadas em 1926 (leis Rocco) e submetidas à gestão do
Ministério das Corporações (1927); proibiu greves e lock-outs; as relações entre
os sindicatos da mesma corporação eram arbitradas pelo Estado.
 autarcia como modelo económico: o fascismo promove este modelo económico
autárcico que lhe garanta a autonomia (campanhas de produção, caso da
“batalha do trigo” em Itália; grandes obras de construção, caso de estradas,
barragens…).

O nazismo – alemão (ascensão/tomada do poder)


Após a 1ª Guerra Mundial e às graves condições do Tratado de Versalhes (Diktat) para
os alemães, instalou-se a crise, a instabilidade e o descontentamento na Alemanha;

 Em 1918 houve a instituição do governo de Weimar;


 Em 1921 formou-se o Partido Nacional Socialista ou nazi (PNS), as SA tinham
sido formadas em 1920, o seu principal líder foi E. Rohm, que desapareceu em
1934, aquando da “Noite das facas longas”;
 Em 1923 deu-se a tentativa de golpe de Estado, o putsch de Hitler em Munique,
falhou. Entretanto foram criadas as SS em 1925, como guardas pessoais de A.
Hitler (um dos seus maiores líderes foi Heinrich Himmler);
 Em 1926 forma-se a organização Juventudes Nazis;
 Em 1929/30 surge a depressão e a crise económica e social agravou-se;
 1932 O PNS ganha as eleições sem maioria;
 Em 1933, depois de novas eleições, que ganha mas sem maioria, Hitler é
nomeado chanceler pelo presidente Paul Hindenburg;

Nesse mesmo ano (1933), deu-se a supressão dos partidos políticos, à exceção do nazi;
forma-se a Gestapo e o Ministério da Cultura e Propaganda (Joseph Goebbels) e os
primeiros campos de concentração para os opositores;

Depois de 1933, o partido nazi toma conte do poder: sucederam-se perseguições às


outras forças políticas; suspensão das liberdades constitucionais; consolida-se o poder
das forças militares e paramilitares, caso das SS, Gestapo e SA;

 Em 1934, a 30 de Junho, dá-se o golpe das “Noites das facas longas”. Hitler
atinge o poder absoluto;
 Em 1935, serviço militar obrigatório e as Leis de Nuremberga;
 Em 1938, dá-se a anexação da Áustria e o episódio da “Noite de Cristal” em
novembro;
 Em 1939, dá-se a anexação da Checoslováquia e a invasão da Polónia em
setembro – início da II Guerra Mundial.

O nazismo (alemão) caracteriza por ser:

Além das características dos regimes autoritários, devemos acrescentar o carácter


violento, racista e militarista do regime (apuramento físico e mental - eugenismo;
preservação da raça ariana – movimento antissemita; serviço militar obrigatório e
programa de rearmamento) e a sua relação Estado/Nação, ou seja, à mística do Estado
acrescentava a mística da Nação.

11. CARACTERIZAÇÃO DOS REGIMES FASCISTA E NAZI


a) Uma nova ordem antiliberal e antissocialista, nacionalista e corporativista

O Estado totalitário fascista define-se pela oposição firme ao liberalismo, à democracia


parlamentar e ao socialismo (não respeita os princípios liberais, da liberdade,
tolerância, igualdade, respeito…; Mussolini declarava-se antiparlamentar,
antidemocrático, antiliberal e antissocialista).

O fascismo entende que acima do indivíduo está o interesse da coletividade, a


grandeza da Nação (nacionalismo exacerbado) e a supremacia do Estado (opõe o
interesse da coletividade ao do indivíduo; o Estado sobrepõe-se a todos os interesses
privados e a todos os particularismos, “O Estado é tudo, o indivíduo nada”).

Para além do liberalismo e da democracia, o fascismo também rejeita o socialismo (o


fascismo nega a luta de classes, argumentando que divide a Nação e enfraquece o
Estado). Por isso, o fascismo criou um modelo próprio de organização socioeconómica
destinado a promover a colaboração entre as classes, o corporativismo.

O corporativismo foi concebido com o fascismo italiano, é uma organização


socioeconómica que defende a constituição de corpos profissionais (corporações) de
trabalhadores, patrões e serviços, que conciliam os seus interesses de modo a
promoverem a ordem, a paz e a prosperidade, ou seja, o bem-estar geral).

O totalitarismo do Estado fascista exerceu-se a vários níveis:

 político (a oposição política era considerada um obstáculo à governação foi


aniquilada);
 económico (as atividades económicas sofreram uma rigorosa regulamentação);
 social (a sociedade era controlada pela propaganda e organizações de
enquadramento do regime);
 cultural (o Estado impedia a liberdade de pensamento e de expressão).

b) Elites, enquadramento das massas e culto ao chefe

Ao contrário do demoliberalismo, que acreditava na igualdade entre os homens e


defende o respetivo acesso à governação (elegendo ou sendo eleitos), o fascismo parte
do princípio de que os homens não são iguais e o governo é só para os melhores, as
elites – afirmação da superioridade (negam a ideia de que os homens são iguais e só os
melhores, os mais capazes, devem governar).

A elite era a raça dominante, os arianos, era constituída pelos soldados/forças


militarizadas, os filiados no partido, (os homens de uma forma geral; as mulheres nazis
eram consideradas cidadãs inferiores, estavam destinadas à vida no lar e à
subordinação ao marido, os seus ideais resumiam-se aos três K – kinder, kuche e
kirche/crianças, cozinha e igreja.

A obediência total das massas foi prática fascista, que era contrária à vontade
individual e ao espírito crítico, por isso, os ideais fascistas eram inculcados/transmitidos
primeiramente aos jovens, já que as crianças, mais do que às famílias, pertenciam ao
Estado. Exemplos:

Em Itália, a partir dos 4 anos, as crianças ingressavam nos “Filhos da Loba” e usavam já
uniforme; dos 8 aos 14 ingressavam no grupo dos “Balillas”; aos 14 anos pertenciam
aos “Vanguardistas”; e aos 18 anos entravam nas “Juventudes Fascistas”.

Na Alemanha, os jovens eram fanatizados pelas organizações de juventude a partir dos


10 anos entravam na “Juventude do Povo” aos 14 passavam para a “Juventude
Hitleriana” e tal como as organizações italianas, os jovens alemães aprendiam aí o culto
do Estado e do chefe, o amor pelo desporto e pela guerra, o desprezo pelos valores
intelectuais.

A educação fascista completava-se na escola, através de professores subservientes ao


regime, ao qual prestavam juramento, e de manuais escolares cheios de princípios
totalitários fascistas.

A arregimentação de italianos e alemães continuava na idade adulta, esperando-se


deles a total adesão e identificação com o regime.

Assim:

 Partido único - na Itália tínhamos o Partido Nacional-Fascista; na Alemanha o


Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães/NSDAP;
 Milícias – grupos militarizados de defesa do partido e do regime que
provocavam violência contra os opositores; na Itália eram os camisas negras e
na Alemanha os camisas pardas (S.A.);

Organismos dos trabalhadores que substituíram os sindicatos livres - a Frente do


Trabalho Nacional-Socialista (alemã) e as corporações italianas davam aos
trabalhadores condições favoráveis na obtenção de emprego;

Associações dos tempos livres dos trabalhadores – em Itália tinham o nome de


Dopolavoro e na Alemanha de Kraft durch Freude, organizavam para os trabalhadores,
no sentido destes não se afastarem da ideologia fascista.

No controlo das mentes e das vontades pessoais, o Estado totalitarista investiu imenso
numa forte máquina de propaganda, que pretendia a influenciar a opinião pública,
procurando inculcar nas massas a sua ideologia e os seus valores culturais e morais,
através de discursos, imprensa, rádio, cinema, televisão, canções, marchas, uniformes,
emblemas e manifestações. A propaganda promovia o culto ao chefe.
Os líderes autoritários (no fascismo italiano, o Duce; no nazismo alemão, o Fuhrer)
eram uma espécie de super-homens, que foram sem hesitação, culto ao chefe.

c) O culto da força e da violência e a negação dos direitos humanos

Aos regimes totalitários (fascista e nazi) não bastaram a eficácia destas organizações de
enquadramento ou arregimentação, nem o aparato de propaganda para obter a
perfeita adesão das massas.

 A repressão policial e a violência, exercida pelas milícias armadas e pela polícia


política, tornaram-se decisivas no controlo da sociedade e da sobrevivência do
totalitarismo.
 Ambas ideologias eram antipacifistas, defenderam o culto da força

Na Itália, ainda Mussolini não conquistara o poder e já os esquadristas ou forças


paramilitares dos Fasci di Combattimento semeavam a violência entre a população com
as suas “expedições punitivas”; em 1923, os esquadristas foram reconhecidos
oficialmente como milícias armadas do Partido Nacional-Fascista ou camisas negras, e
receberam a designação de Milícia Voluntária para a Segurança Nacional (vigiavam,
denunciavam e reprimiam qualquer ato conspiratório). Idênticas funções competiam
polícia política, criada em 1925, com o nome OVRA (Organização de Vigilância para a
Segurança Nacional);

Na Alemanha, o aparato repressivo contra os direitos humanos à liberdade e à


segurança foi mais acutilante: em 1921 surge o PNS e em 1923 foi criado as Secções de
Assalto (SA) e as Secções de Segurança (SS), milícias temidas pela brutalidade das suas
ações, em que os espancamentos e a tortura eram procedimentos correntes (o
crescimento das SS verificou-se, especialmente, após 1934, quando o grupo rival das
SA foi chacinado na “Noite das facas longas”, entre 30 de junho e 1 de julho).

Com a vitória do nazismo em 1933, o Estado policial atingiu o mais elevado rigor, ao
criar a Gestapo, polícia política. Quer as milícias, quer a polícia política exerceram um
controlo muito apertado sobre a população e a opinião pública. A criação dos
primeiros campos de concentração em 1933 completou o dispositivo repressivo do
nazismo. Administrados pelas SS e pela Gestapo, neles se encerraram os opositores
políticos.

d) A violência racista

O desrespeito do nazismo pelos direitos humanos atingiu o horror com a violência do


seu racismo.

Hitler concebia a História como uma luta pela sobrevivência da cultura, uma luta de
raças entre os povos fundadores, transmissores e destruidores de cultura, como
defendeu no seu livro A minha Luta (escreveu este livro, Mein Kampf, quando esteve
preso, depois do fracasso do putsch de Munique em 1923).
Para ele, os povos superiores eram os arianos, que tinham nos alemães os seus mais
puros representantes e os destruidores de cultura eram os judeus. Estas ideias tiveram
forte aceitação entre os nazis, que delas se serviram para exacerbar o nacionalismo
alemão e impor o triunfo da sua ideologia.

Os nazis eram obsessivos pelo apuramento físico e mental da raça ariana, promovendo
a aplicação as leis da genética na reprodução humana – o eugenismo (seleção de
espécies). Assim, houve uma autêntica “seleção” de alemães (altos, robustos, louros e
de olhos azuis) se esperava de casamentos entre membros das SS e jovens mulheres,
todos portadores de “superiores” qualidades raciais.

Ao mesmo tempo que se favorecia a natalidade entre os arianos, procedia-se à


eliminação ou dos “alemães degenerados (deficientes mentais, doentes incuráveis e
velhos incapacitados remetidos para câmaras de gás em centros de eutanásia.

Segundo a tese racista nazi, competiria aos alemães o domínio do mundo, se


necessário à custa da subjugação e/ou eliminação dos povos inferiores (judeus,
ciganos, eslavos).

Os eslavos viviam na Europa Central e Oriental, ocupando o espaço vital da “Grande


Alemanha” (Lebensraum).

De todas estas perseguições racistas, o povo judeu foi o alvo mais fácil e o mais
massacrado pelos nazis (humilhações, tortura e morte).

Era considerado por Hitler um povo “destruidor de cultura”, porque, segundo ele,
parasitava no seio do povo alemão, corrompendo-o, foram considerados os
responsáveis os culpados da derrota da Alemanha na I Guerra Mundial e das crises
económicas que se lhe seguiram.

As perseguições antissemitas (hostilidade/perseguição aos judeus) começaram:

. Primeira vaga em 1933, com o boicote às lojas dos judeus; interditou-se os


judeus ao funcionalismo público e as profissões liberais aos não arianos
. O segundo movimento antijudaico iniciou-se em 1935, com a adoção das Leis
de Nuremberga para a “proteção do sangue e da honra alemães”:
. A terceira vaga deu-se em 1938, realizou-se a liquidação das empresas judaicas
e o confisco dos seus bens; nesse mesmo ano, ficou célebre o pogrom da “Noite
de Cristal” da noite de 9 para 10 de novembro, em que foram destruídas as
sinagogas e lojas dos judeus, tendo muitos deles desaparecido.
. A quarta fase foi a mais cruel do antissemitismo nazi, e começou com a II
Guerra Mundial. Os alemães dominadores de grande parte da Europa, puseram
em prática um rigoroso plano de destruição do povo judaico, que se veio a
culminar no genocídio de quase 6 milhões de judeus

O genocídio judaico durante a II Guerra Mundial é também conhecido por Holocausto.


Nos campos de concentração (Auschwitz-Birkenau) terminaram os seus dias milhões de
judeus, mas também muitos ciganos e eslavos, cujo único crime foi o de não terem
nascido arianos.

e) A autarcia como modelo económico

A recuperação da economia preocupou os regimes autoritários (italiano e alemão), que


sofreram imenso com a crise do pós-guerra e, depois, os efeitos da Grande Depressão.

Em ambos os países, adotou uma política intervencionista e nacionalista que ficou


conhecida por autarcia. Propôs-se a autossuficiência económica, apelou-se ao
heroísmo e ao empenho do povo trabalhador, prometendo-se o fim do desemprego e a
glória da Nação.

a) Na Itália

Depois da I Guerra Mundial, viu-se em uma grave crise económica e social, causada
pela guerra, mas também pelo elevado desemprego dos desmobilizados da mesma.
Esta foi uma das causas da ascensão ao poder do Partido Fascista.

Em 1932, tinha 1,3 milhões de desempregados. O Estado fascista reforçou a


intervenção na economia. O enquadramento das atividades em corporações facilitou a
planificação da económica, no que respeita à aquisição de matérias-primas, ao volume
de produção, ao tabelamento de preços e salários.

Exaltadas/glorificadas pela propaganda, realizaram-se grandes batalhas de produção:

. A “batalha da lira” procurava a estabilização da moeda;


. A “batalha do trigo”, iniciada em 1925, aumentou a produção de cereais e fez
diminuir as elevadas importações que agravavam o défice comercial;
. A “batalha da bonificação” consegui a recuperação de terras e a criação de
novas povoações

O comércio foi alvo de um rigoroso enquadramento por parte do Estado, que subiu os
direitos alfandegários e controlou o volume das importações e exportações.

A criação, em 1931/1933, do Instituto Imobiliário Itálico e do Instituto para a


Reconstrução Industrial permitiu ao Estado financiar as empresas em dificuldade e
intervir fortemente no setor industrial em pé de igualdade com os grandes grupos
capitalistas.

Este dirigismo económico do Estado fascista atingiu a sua plenitude em 1934/35,


quando a Itália se lançou na aventura colonial da conquista da Etiópia, que lhe permitiu
a exploração de fontes de energia e minérios e a criação de produtos de síntese
química como a borracha artificial.

b) Na Alemanha
Hitler, em 3 de janeiro de 1933, chegou ao poder com a promessa de “pão e trabalho”
para quase 6 milhões de desempregados-

Uma política de grandes trabalhos, em arroteamentos e na construção de


autoestradas, aeródromos, pontes, linhas férreas, permitiu nos anos seguintes,
reabsorver o desemprego.

Entre 1936 e 1939, o Estado reforçou a autarcia e o dirigismo económico:

. Fixaram os preços;
. Tornou-se autossuficiente em cereais, açúcar e manteiga;
. Ativou o vasto programa de rearmamento, contra as disposições do Tratado de
Versalhes;
. Permitiu, apoiado/sustentado pelo grande capital, que a indústria alemã se
elevasse ao segundo lugar mundial nos setores da siderurgia, química,
eletricidade, mecânica e aeronáutica.

As realizações económicas do nazismo e a quase eliminação do desemprego


renderam-lhe a adesão das massas e a admiração, até, de países ocidentais – porém,
este esforço militar seria posto ao serviço da conquista do “espaço vital” prometido por
Hitler.

12. O ESTALINISMO
Lenine faleceu em janeiro de 1924. A sua sucessão foi complicada. Houve lutas
intensas no seio do Partido Comunista.

Pretendentes:

. Estaline, secretário-geral do partido (acabou por levar a melhor);


. Trotsky era da fação esquerdista;

Estaline de 1928 a 1953 foi o chefe carismático e incontestado da União soviética.

Caracterização da sua governação:

. Concretizou social e economicamente a revolução comunista, sociedade sem


classes, ou seja, concretizou a ideia de uma economia coletivizada de todos os
meios de produção, abolindo a propriedade privada (bancos, empresas,
capitais) em direção à igualdade social (sociedade sem classes);
. Industrializou a URSS, tornando-a uma potência industrial em poucos anos;
. Difundiu o ideal de solidariedade entre as repúblicas soviéticas;
. Tornou-se o chefe, líder do mundo socialista;
. Estruturou a “máquina” burocrática e administrativa do Estado soviético, de
um modo totalitário;
. Organizou internamente o PCUS

Sem obstáculos, empenhou-se na construção da sociedade socialista e na


transformação da Rússia em potência mundial.

Consegui-o através (ação governativa):

 Da coletivização dos campos;


 Da planificação da económica;
 Do totalitarismo repressivo do Estado.

a) Coletivização dos campos e planificação económica

 A coletivização dos campos avançou a ritmo acelerado. Considerava-se ser


fundamental ao avanço da indústria, uma vez que libertaria mão-de-obra para
as fábricas e forneceria alimentos para os operários.
 A ação de coletivização foi brutal/violenta com os kulaks a quem foram
confiscados terras e gado. Estes opuseram-se e foram violentamente castigados

Na agricultura, fez a reorganização das terras agrícolas em:

 Cooperativas de exploração/novas quintas coletivas ou cooperativas de


produção – os kolkhozes (Uma parte da produção ficava para o Estado e a
restante era distribuída pelos camponeses, de acordo com o trabalho efetuado)
 Houve outro tipo de quinta – os sovkhozes – que eram terras abandonadas ou
expropriadas pelo Estado em áreas incultas, passaram a pertencer ao Estado.

Apesar da resistência à coletivização, que levou muitos lavradores abastados a


abaterem as cabeças de gado em lugar de as entregarem às coletividades, os
resultados acabaram por ser satisfatórios.

No setor/produção industrial desenvolveu-se sob o conceito da planificação: o Estado


soviético estabeleceu metas/resultados para a economia. Assim, surgiram os planos
quinquenais (planos rigorosos com objetivos a atingir, controlados pelo Estado):

 Primeiro plano quinquenal (1928-1932) visou o incremento da indústria pesada,


os transportes e a produção agrícola, e levou ao quase desaparecimento do
setor privado da indústria soviética, recorreu a técnicos estrangeiros; tomou um
conjunto de medidas coercivas para concretizar o plano, contribuindo para fixar
os operários e aumentar a produção.
 Segundo plano quinquenal (1933-1937) incidiu no setor da indústria ligeira, dos
bens de consumo e à criação de gado, proporcionando à população produtos
de consumo a baixos preços para uma elevação da qualidade de vida.
 Terceiro plano quinquenal (1938 – deveria prolongar-se até 1945) teve como
prioridades as indústrias pesadas e química, mas não chegou a ser
concretizado, devido à II Guerra Mundial.

A metodologia utilizada na aplicação destes planos caracterizou-se por: persistência e


métodos persuasivos e coercivos do Estado; deslocação maciça da população para os
locais onde a mão-de-obra era necessária; apelo ao orgulho e interesse pessoal dos
trabalhadores através de prémios em dinheiro, géneros e salários diferenciados;
incentivo à rivalidade entre trabalhadores através da propaganda; medidas repressivas
e coercivas.

b) O totalitarismo repressivo do Estado

O Estado estalinista foi totalitário.

Estado totalitário porquê?

 Todas as repúblicas foram russificadas e submetidas a Moscovo;


 Os cidadãos viram-se privados das liberdades fundamentais;
 Toda a sociedade ficou enquadrada em organizações que a vigiavam e
controlavam, desde os jovens, inscritos nos Pioneiros e, depois, nas Juventudes
Comunistas, aos trabalhadores, obrigatoriamente filiados nos sindicatos afetos
ao Partido Comunista;
 Só o Partido Comunista monopolizava o poder político: era o único partido, às
eleições apenas se apresentavam os candidatos por ele propostos; além de que,
o centralismo democrático permitia ao partido o controlo dos órgãos do Estado;
 O controlo da economia era da responsabilidade do Estado, através da
coletivização e da planificação.
 A própria cultura exaltou a grandeza do Estado soviético e incentivou o culto da
personalidade do chefe

O Partido Comunista transformou-se num partido de quadros/técnicos/funcionários,


profundamente burocratizado e disciplinado, o que facilitava o reforço dos poderes do
Estado.

O Estado totalitário alicerçava-se na ditadura do Partido Comunista, aguentou-se à


custa de uma repressão brutal, levada a cabo pela NKVD.

A partir de 1934, a URSS seguiu um caminho de forte repressão, caracterizada pelas


purgas e pelos processos políticos. Os antigos bolcheviques, companheiros de Lenine,
foram perseguidos e depurados, mas também a Administração e o próprio Exército
Vermelho.

Até ao fim da década, cerca de 2 milhões de pessoas sofreram com a ida para os
campos de trabalho forçados e 700 mil foram executados.
A ditadura estalinista ficou associada a um dos regimes mais brutais e despóticos da
Humanidade.

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