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Nos anos 30 do século XX, o capitalismo liberal descobriu uma grave e trágica
crise. Iniciou-se em 1929, nos EUA e espalhou-se por muitos países que tinham
laços económicos e financeiros com eles.
Causas da crise
Consumo energético, com recurso fácil ao crédito;
Crash de 1929
As opções totalitárias
No século XX, seguia-se o demoliberalismo. A liberdade e a igualdade eram
garantidas por um Estado, que devia ser neutro e dividido em poderes.
Após 20 anos, houve um novo sistema de exercício do poder que confrontou o
demoliberalismo, onde o Estado era omnipotente, totalitário e esmagador. Na Rússia
Soviética, apareceu o totalitarismo. Na Itália e na Alemanha, o Estado totalitário foi
produto do fascismo e do nazismo, tendo um cariz mais conservador.
Totalitarismo: sistema político, no qual o poder se concentra numa única
pessoa e no partido único, cabendo ao Estado o controlo da vida social e
individual.
Fascismo: sistema político instaurado por Mussolini, na Itália. É um regime
ditatorial, totalitário e repressivo. Na Alemanha, existe um regime fascista
criado pelo Partido Nacional-Socialista, chefiado por Hitler. Este regime
defendia vários princípios:
o totalitarismo;
o nacionalismo: a Nação é um valor sagrado (procura modelos no passado
glorioso das nações: procura a origem mítica das raças);
o imperialismo: princípio do expansionismo territorial. As nações
superiores devem subordinar as inferiores;
o militarismo: crença nas virtudes da guerra e do sacrifício individual.
Culto à violência e à força e defende a aventura, o conflito e a guerra;
o autoritarismo: forte centralização do poder. O interesse coletivo é
superior ao individual. Defesa da ditadura e do estado policial;
o culto do chefe: reforço do poder executivo, personificado na figura do
líder inquestionável. O chefe personaliza o Estado; é o guia e salvador da
Nação. A sua imagem tem uma difusão ilimitada;
o autarcia: o Estado deve ser autossuficiente (quer na agricultura, quer na
indústria) para ser independente do exterior;
o socialismo nacional/ corporativismo: afirma-se contra a luta de classes e
o comunismo. Patrões e operários cooperam pela grandeza nacional
(criação de corporações, que são organismos que reúnem patrões e
operários em corpos profissionais).
Este regime, rejeita os seguintes princípios:
o individualismo: rejeitado, porque no fascismo o individuo submete-se
aos interesses do Estado;
o igualdade: rejeitada, porque o fascismo defende a existência de raças que
nascem para comandar e outras para obedecer. Não somos iguais;
o liberdade: rejeitada, porque contribui para a divisão e enfraquecimento
do grupo;
o fraternidade: rejeitada, porque o fascismo defende a guerra e o domínio
dos inferiores;
o democracia: rejeitada, por ser um regime fraco em que a escolha dos
governantes pelo povo constitui um ato de demagogia (submissão
excessiva da atuação política ao agrado das massas populares);
o pluripartidarismo: rejeitado por ser gerador de divisões internas e
discussões inúteis. Para o fascismo, o pluripartidarismo fragiliza a nação;
o parlamentarismo: rejeitado, porque fragiliza o poder e divide a nação;
o socialismo/ comunismo: rejeitado, porque representa a luta de classes
que divide a nação e enfraquece a sociedade. É ainda rejeitado, porque
atribui o poder aos que nascem para obedecer;
o liberalismo económico: rejeitado, porque privilegia, os interesses
nacionais contra os interesses do Estado;
o razão: rejeitada, porque a racionalidade/ intelectualidade enfraquecem o
homem. Em sua oposição, defende o desenvolvimento das qualidades
animais, agressividade e competição.
Agricultura
- Organização da propriedade rural em dois tipos:
os kolkhozes: grandes propriedades agrícolas coletivas, trabalhadas pelos
camponeses, em regime cooperativo, sob a direção de delegados do partido;
os sovkhozes: grandes propriedades dirigidas diretamente pelo Estado, com
trabalhadores assalariados.
O intervencionismo do Estado
Após a crise de 1929, as fragilidades do capitalismo liberal foram reveladas. Até, então,
acreditava-se na livre iniciativa, na livre produção e na livre concorrência.
O economista John Keynes duvidou da capacidade autorreguladora da economia
capitalista, chamando a atenção para a necessidade de um maior intervencionismo, por
parte do Estado no mercado, para que se pudesse assegurar emprego e uma distribuição
mais justa dos rendimentos, e consequentemente, melhorar a situação social e económica do
país. Para Keynes, devia-se confiar numa inflação controlada, numa política de
investimento, de luta contra o investimento e de ajuda às empresas.
Influenciado por Keynes, Roosevelt (presidentes dos EUA) decidiu tomar medidas
intervencionistas, sendo estas conhecidas como New Deal. Houve duas fases: a 1ª teve
como objetivo o relançamento da economia e a luta contra o desemprego e a miséria, a
partir de: construção de estradas, de vias-férreas, de aeroportos, de habitações e de escolas;
distribuição milhões de dólares aos mais necessitados e criação de campos de trabalho para
os desempregados jovens; criação da lei Agricultural Adjustment Act, que estabeleceu a
proteção à agricultura, através de empréstimos bonificados aos agricultores e de
indeminizações que os compensassem pela redução das áreas cultivadas; criação do
National Industrial Recovery Act e teve como objetivo a proteção à indústria e ao trabalho
industrial. Foi efetuado através da fixação de preços mínimos e máximos de venda e de
quotas de produção, que evitassem a concorrência desleal. A 2ª teve um carácter social.
Reconheceu a liberdade sindical e o direito à greve; o Social Security Act regularizou a
forma por velhice e invalidez, instituiu o fundo de desemprego e o auxílio aos pobres; o Fair
Labor Standard Act estabeleceu o salário mínimo e reduziu o horário de trabalho; fomento
da habitação social.
O Estado Novo
Em 28 de maio de 1926, houve um golpe militar chefiado pelo general Gomes da Costa,
que pôs fim à 1ª República. Então, instalou-se uma ditadura militar, que permaneceu até
1933. Esta tinha o objetivo de “regenerar a pátria” e de devolver a estabilidade, mas estes
fracassaram. Houve desentendimentos entre os militares, provocando uma mudança
sucessiva de chefes do Executivo. Estes não estavam preparados, o que levou ao
agravamento do défice orçamental.
Em 1928, António Oliveira Salazar assume a pasta das Finanças, com a condição de
conduzir as despesas de todos os ministérios. Com Salazar nas Finanças, o país apresentou
pela 1ª vez um saldo positivo no orçamento, ganhando bastante sucesso financeiro. Em
1932, foi nomeado para a chefia do governo.
Em 1930, criaram-se as Bases Orgânicas da União Nacional e proclamou-se o Ato
Colonial. Em 1933, foi publicado o Estatuto do Trabalho Nacional e a Constituição de
1933. Ficou, assim, consagrado um regime político conhecido por Estado Novo. Este era
corporativo, conservador, nacionalista e autoritário e opunha-se ao liberalismo, à
democracia e ao parlamentarismo.
Podemos descrever o Estado Novo como:
conservadorismo: a família era a base da Nação; Deus, Pátria, Autoridade eram
valores indiscutíveis; a vida rural era valorizada, sendo que Salazar era conservador
e criticava a sociedade urbana; a hierarquia católica era protegida e a religião é
considerada pilar da Nação; a mulher passa a ter um papel passivo, ficando
responsável pelas tarefas domésticas; as vanguardas eram rejeitadas; as tradições
nacionais eram exaltadas. A família perfeita tinha de ser católica e unida, que
repetia o vicio e a desregração de costumes proporcionados pela modernização da
cidade.
nacionalismo: a história de Portugal era usada para fazer a apologia da Nação; os
portugueses eram um povo de heróis, sendo a sua grandeza histórica, a ação
evangelizadora e a integração racial em todo o império colonial; ato colonial, ou
seja, utilização das colónias em proveito da metrópole; criou a união nacional,
sendo o único partido permitido por Salazar ao qual deveriam pertencer todos os
portugueses “de boa vontade”.
antiliberal, antidemocrático e antiparlamentar : o exercício do poder político
tinha como base o principio do partido único, ou então, a recusa dos partidos
políticos, já que o único autorizado não se designava de partido, mas de movimento
unitário, a União Nacional, um movimento que congregava as forças da direita,
antimarxista e conservadora, defensora dos valores tradicionais (Deus, Pátria,
Família, autoridade, austeridade, moralidade), não eram reconhecidos direitos
individuais aos cidadãos (o interesse era o bem da Nação); recusava a soberania
popular, submetendo o poder legislativo ao poder executivo, de forma a garantir um
Estado Forte e autoritário; era feito um culto ao chefe; o presidencialismo era
bicéfalo.
corporativismo: foi o modelo base da organização económica e social; os
indivíduos eram considerados integrados em organismos (família, corporação,
município); foi criada a Câmara Corporativa com funções consultivas junto da
Assembleia Nacional; as corporações económicas integravam patrões e
trabalhadores (Casas do Povo, Casa dos Pescadores, Grémios, Sindicatos
Nacionais); as corporações morais incluíam as instituições de assistência e de
caridade; as corporações culturais abrangiam as universidades, instituições
científicas, técnicas, literárias, artísticas.
Colonialista: fundamentou a política ultramarina do Estado Novo na reafirmação da
missão histórica civilizadora de Portugal. Salazar utilizou as colónias em proveito
da metrópole.
enquadramento de massas: criou organizações para a defesa e a propagação dos
seus ideais como a Mocidade Portuguesa e a Legião Portuguesa; criou a Federação
Nacional para a Alegria no Trabalho (FNAT- ocupação dos tempos livres); criou a
Obras das Mães para a Educação Nacional (valores da família); apareceu o
Secretariado da Propaganda Nacional (divulgação dos ideais do Regime); a União
Nacional foi um meio para o enquadramento de massas.
repressivo: a censura prévia à imprensa, ao teatro, ao cinema, à rádio e à televisão
envolveu assuntos políticos, militares, morais e religiosos; criou a PVDE (Polícia de
Vigilância e Defesa do Estado, e mais tarde, PIDE- Polícia Internacional e de
Defesa do Estado), para que pudessem prender, tortura e matar os opositores;
proibiu os sindicatos (poderia pôr em causa os ideais e planos de Salazar); criou
prisões políticas para os opositores políticos, como campos de concentração (por
exemplo, Tarrafal).
Defesa da ruralidade
Existiam medidas de fomento das atividades agrícolas:
Obras públicas
A política das obras públicas promovido pelo Estado Novo pretendeu uma modernização
do país, combater o desemprego e desenvolver economicamente o país.
rede de estradas;
rede ferroviária;
desenvolvimento portuário;
rede telegráfica e telefónica;
eletrificação;
complexos desportivos;
edifícios de serviços públicos;
pontes e barragens.
Indústria
Devido à política de combate à crise- o condicionamento industrial- a indústria não se
desenvolveu. O Estado limitou o número de empresas e o equipamento utilizado; a
iniciativa privada tinha de ter a autorização do Estado; um pequeno número de empresas
monopolizava os setores-chave; entrave à livre concorrência. Isto levava a um atraso
tecnológico e produtivo.
A corporativização dos sindicatos
Salazar referiu que as iniciativas empresariais dependiam de um conjunto de condições
fornecidas pelo Estado, como a organização dos trabalhadores, que viria a merecer da parte
do Estado Novo um enquadramento corporativo. Foi publicado o Estatuto do Trabalho
Nacional em setembro de 1933, onde se estipulava que, nas profissões da indústria, do
comércio e dos serviços, os trabalhadores deveriam reunir em sindicatos nacionais e os
trabalhadores em grémios. Estes eram agrupados em federações, uniões e depois em
corporações económicas, onde negociavam entre si os contratos coletivos de trabalho e
estabeleciam normas e cotas de produção, e fixavam preços e salários.
Os sindicatos nacionais enfrentaram algumas resistências, sendo que em janeiro de 1934
(os sindicatos livres e as reivindicações laborais ficaram proibidos) houve greves e
sabotagens promovidas pelos anarcossindicalistas e pelo Partido Comunista e a 18 de
janeiro, na Marinha Grande, operários foram para o posto da GNR e outros edifícios e
proclamaram um “soviete público”. Isto permitiu ao Estado Novo a corporativização dos
sindicatos.
Política Colonial
O Ato Colonial afirmava que Portugal tinha a missão histórica de possuir, colonizar e
civilizar os domínios ultramarinos; as colónias dependiam diretamente da metrópole; era
restringida a intervenção de potências estrangeiras. As colónias eram mercadas para o
escoamento de produtos agrícolas e industriais da metrópole e para o abastecimento de
matérias-primas.
As populações nativas eram consideradas inferiores e permaneciam segregadas e apesar do
Estado as tentar defender de uma exploração esclavagista, o nº de assimilados ia
diminuindo. Então, proclamou a vocação colonial, onde o Estado se esforçava para impor
no povo uma mística imperial, sendo que os congressos, conferências e exposições
ajudariam a propagandear (I Exposição Colonial Portuguesa e Exposição do Mundo
Português).