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A Grande depressão dos anos 30

Uma grande crise de superprodução

Ao longo dos anos 20, a economia americana registou índices extraordinários de


crescimento. Para tal, contribuíram vários fatores como:

➔ Um vasto mercado interno;


➔ os novos métodos de organização do trabalho;
➔ aumento das exportações (sobretudo na Europa)

Esse período favorável entusiasmou os inventores financeiros americanos que


passaram a comprar e a vender ações das empresas cotadas na Bolsa. Iludidos por
estas operações de dinheiro rápido, muitos contraíram empréstimos bancários para
poderem participar nestas operações. O otimismo e a confiança levaram milhares a esta
“febre” bolsista. A desproporção entre a oferta e o número crescente de interessados na
compra para ações originou um movimento de especulação, uma vez que o preço a que
estas eram vendidas era muito superior ao real valor das empresas.

A partir de 1925, a Europa recuperou os índices de produção anteriores e, por isso,


reduziu as importações americanas. Por sua vez, o poder
de compra dos americanos diminuiu. Como
consequência, o mercado interno ficou saturado, pela
acumulação de stocks. Para tentar escoar os produtos,
empresas agrícolas e industriais baixaram os preços,
dando sinais de que se verificava uma crise de
superprodução. Nos finais da década de 20 já a economia
americana se encontrava numa situação de deflação,
caracterizada pela baixa dos preços dos produtos e pela
quebra acentuada dos lucros. Para fazer face à crise,
algumas empresas reduziram a produção, desceram os
salários e despediram trabalhadores.

Mas nem todos os investidores da Bolsa se aperceberam destes indícios atempadamente.


Assim, no dia 24 de outubro de 1929, conhecido por quinta-feira negra, milhares de
ações foram postas à venda abaixo do seu valor real sem conseguirem comprador,
provocando o crash na bolsa de Nova Iorque. O caos apoderou-se da Bolsa. Milhares de
ordens de venda das ações não encontraram comprador. Alguns investidores, perante as
grandes perdas, suicidaram-se no próprio dia. Os acionistas , incapazes de vender as suas
ações, ficaram arruinados. Muitos bancos, impossibilitados de reaver os empréstimos,
abriram falência, arrastando consigo as empresas que dependiam dos seus créditos.
Em consequência, o desemprego alastrou, reduzindo ainda
mais o poder de compra. A diminuição do consumo agravou a
crise de superprodução que se tornou internacional.

Esta crise de 1929 não foi a primeira nem seria a última crise
do capitalismo.

A mundialização da crise

A Crise de 1929 ultrapassou rapidamente as fronteiras americanas, afetando as


economias da Europa e de muitos países no resto do Mundo. A propagação da crise teve
duas causas essenciais:

● os bancos americanos, com investimentos na Europa, retiraram daí os seus capitais


levando à falência os bancos europeus e as empresas que estavam dependentes de
empréstimos bancários;
● Muitos países, para fazer face à crise, implementaram medidas de proteção dos
seus mercados, restringindo as importações. Em consequência, o comércio retraiu-
se prejudicando quer os países industrializados, que não conseguiam vender os
produtos transformados, quer as regiões produtoras de matérias-primas, que não
conseguem exportar.

Esta depressão económica constituiu uma das mais graves e extensas crises do capitalismo
e fez-se sentir a nível mundial. Só não afetou a URSS por esta se encontrar política e
economicamente fechada ao exterior e centrada na recuperação da sua economia. Estaline
mantinha-se fiel ao sistema socialista e avesso às ideias liberais.

As consequências sociais da crise de 1929

A Grande Depressão teve consequências sociais devastadoras durante a década de 30:


● a falência de grande número de empresas dos vários sectores de atividade lançou
no desemprego mais de 30 milhões de indivíduos, que passaram a viver em
condições miseráveis, sem subsídios ou indemnizações;
● os agricultores, sem compradores para os seus produtos, mesmo a baixo preço,
ficaram arruinados e alguns optam por destruir parte de produção na expectativa de
provocar a subida dos preços;
● a classe média e os reformados, com algumas economias depositadas nos bancos,
perderam tudo;
● a miséria gerou o banditismo e a criminalidade.

Este quadro de depressão económica atingiu todas as camadas sociais, criando um clima
de agitação, que colocou em causa a eficácia do sistema económico capitalista.

O contexto de instabilidade favoreceu o aparecimento de manifestações nacionalistas e


racistas. Na Europa, as populações exigiam a chegada de governos fortes que fossem
capazes de reverter a crise que afetava o seu dia a dia.

A consolidação da fascismo nas


décadas de 20 e 30
O crescimento dos movimentos de extrema-direita

Na sequência da 1ªGuerra, a Europa mergulhou numa crise económica e social profunda


que teve repercussões ao nível político.

As tentativas dos vários governos em selecionar a tendência negativa que se instalara na


economia, agravada pela Grande Depressão, tardaram em surtir os efeitos desejados. Em
simultâneo, a onda de descontentamento, organizado sob a forma de sindicatos, e a
proliferação dos ideais socialistas da Revolução Soviética ameaçavam os interesses do
patronato e da média burguesia, nos países democráticos.

Foi nesse cenário que, entre as décadas de 20 e 30, surgiram o fascismo e o nazismo,
isto é, novos modelos políticos, de cariz radical e que se assumiam com um carácter
autoritário e nacionalista. Foi uma Europa que ansiava pela ordem de disciplina, que o
fascismo encontrou o terreno perfeito para se implementar, por exemplo, em países como a
Itália, a Alemanha, Portugal e Espanha e se apresentou como uma forma de travar o
avanço dos ideais comunistas na Europa Ocidental.

Embora o fascismo apresentasse um conjunto bem definido de princípios, na verdade, a


aplicação dos mesmos variou de país para país, facto que se explica pelas particularidades
de cada um deles.
Os princípios base do fascismo eram:

● defesa do partido único


● totalitarismo
● militarismo
● imperialismo
● ultranacionalismo

Os movimentos de extrema-direita fizeram prevalecer a sua ideologia recorrendo à


violência, através da ação organizada de forças militares, e à propaganda, com a
encenação de imponentes manifestações nas quais se idolatrava a figura do chefe de
estado.

A consolidação do fascismo em Itália

A conjuntura política e económica da Itália continuava, na década de 30, marcada pelas


consequências da 1ªGuerra. Ao nível social, era evidente a falta de consenso entre os
grandes proprietários e industriais (patronato) e a classe trabalhadora, que, reforçada pela
vitória do comunismo na URSS, lutava pelos seus direitos. Se por um lado, esta agitação
social abala a democracia parlamentar , por outro, servia os interesses de um partido de
extrema-direita que aproveitava para angariar apoiantes entre os descontentes. O Partido
Nacional Fascista, representado por Benito Mussolini, conseguiu através de uma fraude
eleitoral, assegurar uma maioria parlamentar passando a governar Itália com base nos
princípios ideológicos fascistas.
Política económica e social

A recuperação económica levada a cabo pelo regime de Mussolini obteve resultados


notáveis, como o programa de grandes obras públicas, que serviu para travar o
desemprego e dotar o país de infraestruturas básicas como, por exemplo, vias de
comunicação.

Em simultâneo, as ações repressivas multiplicavam-se com o suporte de milícias como os


“Camisas Negras", e com um sistema de propaganda que vigiava os órgãos de
comunicação, manobrando-os. As camaradas mais jovens ingressavam nas organizações
juvenis, onde eram educadas na lógica da obediência total ao Duce.

A ascensão ao poder do partido nazi

A Alemanha, que saiu derrotada da 1ªGuerra, conseguiu em poucos anos estabelecer um


regime democrático e melhorar a gravíssima conjuntura económica que se tinha abatido
sobre o país. A situação inverteu-se na década de 30, quando chegaram à Europa os
primeiros sinais da crise de 1929. Em poucos anos, as falências, o desemprego e uma
tendência inflacionária, agravada pelas pesadas indemnizações impostas pelo Tratado de
Versalhes, afetaram a ainda débil economia alemã.

A população, descontente com a degradação das condições de vida, apoiou o Partido


Nacional Socialista de Adolf Hitler, que obteve um rápido crescimento, justificado pelo apoio
dos grandes industriais e pela ação persistente e eficaz da propaganda, realizada através
da rádio, dos jornais, das imponentes manifestações e comícios e da influência exercida
sobre os jovens através da criação da Juventude Hitleriana.

Em 1933, o Presidente da República convidou Hitler para o cargo de Chanceler da


Alemanha e, em 1934, com a morte do chefe de Estado, Hitler passou a acumular os dois
cargos, o que fez dele um chefe totalitário, o Führer, exercendo um controlo absoluto sobre
os assuntos do Estado.

A instauração da política do partido único, o funcionamento de um aparelho repressivo,


capaz de perseguir e condenar violentamente os opositores do regime, a proibição de
greves e da existência de sindicatos foram algumas medidas tomadas por Hitler com vista à
concretização do totalitarismo. Para recuperar a economia e gerar emprego, foi criado um
programa de grandes obras públicas.

O radicalizar dos ideais fascistas

O programa do Partido Nazi comprometera-se a solucionar alguns dos problemas sociais


que preocupavam o país. A recusa em aceitar as imposições do Tratado de Versalhes, a
construção de uma nova e poderosa Alemanha, assente na expansão da raça ariana e na
expulsão dos comunistas e judeus, foram algumas das ideias postas em prática pela
ideologia nazi. Para a concretização do seu programa, o nazismo levou ao extremo alguns
dos princípios fascistas:

● Antissemitismo e repressão- Atitude de ódio pelos judeus, vistos como um povo de


raça inferior, considerados culpados de todo o mal que se abatera sobre a
Alemanha. Nenhum judeu podia ser olhado como cidadão Alemão. O objetivo era o
extermínio deste povo, tentativa levada a cabo até ao fim da 2ªGuerra Mundial e que
originou a morte de cerca de 6 milhões de judeus;
● Racismo- Os nazis defendiam que existiam raças inferiores( Negros, ciganos e
judeus) e uma raça superior (arianos);
● Alargamento do espaço vital

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