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Ditou o caráter político e ideológico do século XIX da mesma maneira que a revolução

industrial britânica dita o ritmo econômico. Forneceu o vocabulário do nacionalismo e os


temas da política liberal e radical-democratica e na maior parte do mundo para além de
legados institucionais, tais quais o sistema métrico, os códigos legais e o modelo de
organização técnica e científica. Da tripla revolução atlântica, foi o mais importante fenômeno
político por diversos fatores: ter se dado no mais populoso e poderoso Estado da Europa; ter
sido uma revolução de massa e incomensuravelmente mais radical que qualquer outro levante
político; ter precipitado o surgimento de vários países sem o controle político (direto) dos
britânicos, espanhóis ou portugueses. Posto de outro maneira, ter sido universal – suas ideias
partiram para revolucionar o mundo na medida em que forneceu o padrão para todos os
movimentos revolucionários subsequentes. Ainda assim, é fruto a sua época. Nesse sentido,
suas causas devem ser buscadas no contexto específico da França.

Grandes causas da Revolução Francesa:

 Politicas:
o Governo despótico dos Bourbons e condições de desorganização da
administração e do sistema de justiça. Estrutura fiscal e administrativa
obsoleta,
o Guerras desastrosas do século XVIII: derrota na Guerra dos Sete anos
(1756-63), intervenção da Guerra de Independência dos EUA (1777-
1783). Para além da perda de possessões coloniais, o envolvimento
nesses dois conflitos levou a angústia financeira. A independência dos
EUA foi a bancarrota final.
o Fracasso das reformas modestas de 1774 a 1776 promovidas pelo
fisiocrata Turgot. Aqui as reformas no espirito do despotismo
esclarecido sucumbiram mais rápido que em outras partes, porque a
resistência dos interesses aristocratas estabelecidos foi mais efetiva.
 Econômicas:
o Conflito entre a estrutura oficial e os interesses estabelecidos pelo
velho regime e as novas forças sociais ascendentes ter sido mais
agudo.
o Ascensão da classe média a uma condição de poder extraordinária. Os
anos de prosperidade que antecederam a revolução viram a burguesia
francesa passar a ser a classe dominante de fato devido ao seu
controle da riqueza produtiva. O efeito da crescente prosperidade
burguesa avivou o descontentamento dos burgueses com a falta de
acesso ao poder político, sua falta de influência e até mesmo a
impossibilidade de interferência nas decisões. O que fez da burguesia
uma classe revolucionária foi o fato de grandes comerciantes,
financistas e industriais tomarem consciência e pretenderam um poder
político correspondente à sua posição econômica
o Oposição ao mercantilismo. O desenvolvimento do comércio e da
indústria durante os séculos deu a burguesia a noção de que poderiam
se manter por si mesma, fazendo dos regulamentos mercantilistas
restrições opressivas. Os monopólios dos quais gozavam companhias
protegidas e a interferência na liberdade de comprar em mercados
estrangeiros tornou-se um empecilho. Foi nesse cenário que as ideias
de liberdade econômica vieram a florescer.
o O sistema de privilégios do antigo regime também pesou pra acender a
chama da revolução. A sociedade francesa era dividida em três Estados
(“classes”). O Primeiro Estado, composto do clero superior – cardeais,
arcebispos, bispos e abades – e o clero inferior, formado pelos padres
das paróquias. O Segundo Estado, a nobreza em si. Por fim, o Terceiro
Estado, o povo. As primeiras duas classes contavam com privilégios
relativos a impostos, fazendo do injusto sistema tributário uma causa
econômica da revolução francesa dado que a maior da tributação
recaía sobre o Terceiro Estado
o A reação Feudal exaspera a classe média e extorque o campesinato.
Utilizou de seus privilégios para durante todo o século XVIII ocupar os
postos oficiais que a monarquia absoluta antes preferira preencher
com homens da classe média. Ao tentar neutralizar o declínio de suas
rendas com o próprio Estado, atormenta as ambições da classe média.
De quebra, ao assumir cada vez mais a administração central e
provinciana, extorquem serviço (por conseguinte, dinheiro) do
campesinato.
o Subsistência da servidão. Camponeses estavam sujeitos a obrigações
que vinham da época feudal. Eram obrigados a contribuir com
banalidades, tais quais os privilégios de caça da nobreza e o
compromisso de trabalhar na reparação de estradas reais. Além de
supostas compensações pelo uso da propriedade senhorial ou doações
feitas ao nobre da localidade de uma parte do produto da venda de
qualquer pedaço de terra.
o Más safras põem mais lenha na fogueira da convulsão revolucionária,
gerando o encarecimento do custo de vida nas cidades, fome e
empobrecimento no campo
 Intelectuais:
o Fruto do iluminismo: teoria democrática e teoria liberal (olhar
caderno)
É possível falar em quatro grandes revoltas simultâneas: aristocrática, burguesa,
proletária e camponesa. Eis a periodização dos eventos:

Fase moderada I: Fase das Assembleias (1787 a 1789)

A crise do governo faz a revolução eclodir. A primeira brecha na frente do absolutismo


é aberta com a assembleia dos notáveis de 1787 para fazer exigências governamentais.
Segunda e decisiva brecha é a decisão desesperada de convocar a Assembleia dos Estados
Gerais, uma tentativa aristocrática (mal calculada) de recapturar o Estado que desprezou a
profunda crise socio econômica.

 Levantes urbanos protagonizados pelos Sans-Cullotes – lideranças do


radicalismo da classe média liberal com ascendência sobre o campesinato e a
ainda incipiente classe operaria. Composto de urbanos trabalhadores pobres,
artesãos, lojistas, artífices e pequenos empresários. Representavam um ideal
social contraditório e vagamente definido que combinava hostilidade aos ricos,
respeito pela propriedade privada, trabalho garantido pelo governo, salários e
segurança social para o homem pobre, democracia localizada e direta assim
como ideais de igualdade e liberdade. Ficava entre os polos burguês e
proletário.
 A resistência realista mobiliza contra si as massas de Paris já famintas e espalha
a revolução para o campo.
 “O grande medo”: revoltas rurais promovidas pelos camponeses.
 Assembleia constituinte iniciada em 9 de julho de 1789.
 Rebelião leva a destruição física e simbólica da prisão estatal da Bastilha em 14
de Julho de 1789.
 Em poucas semanas a estrutura social do feudalismo rural francês e a máquina
estatal ruía em pedaços.

Fase moderada II: Promulgação da Constituição + Monarquia constitucional (1789-


1791)

Coube o papel de liderança a classe burguesa, que, ainda assim, possuía subdivisões
entra a alta burguesia (girondinos) e a baixa burguesia (jacobinos). A primeira estava contente
com maior participação, tinha uma consciência da classe mais consistente e defendia
limitações ao poder real. A segunda buscava uma transformação política mais profunda como
ferramenta de uma transformação social. Uma facção da classe media liberal que estava pronta
para continuar revolucionária ao ponto de beirar a revolução anti-burguesa na ausência da
uma classe que pudesse oferecer uma solução social coerente como alternativa (ou seja, um
proletariado mais robusto devido ao avanço da revolução industrial)
O papel crucial da alta burguesia nessa fase é sua grande característica em um cenário
de forças sociais tão heterogêneas e diferentes revoltas. O Terceiro Estado obtém sucesso
contra a resistência unificada do Rei e das ordens privilegiadas, muito porque a liderança
burguesa contava com o apoio dos trabalhadores pobres da cidade de Paris e o campesinato
 Em 26 de Agosto de 1789 é formulado o icônico documento da Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão, inspirado nos preceitos iluministas e na
Independência Estadunidense. Estabelece os direitos individuais e coletivos e
proclama a liberdade e os direitos fundamentais do homem. As exigências
burguesas contra a sociedade hierárquica e os privilégios da nobreza estão
colocados nesse manifesto. Contudo, não é um manifesto a favor de sociedade
democrática. O Burguês clássico desse período possuía ideais liberais. Era,
sobretudo, um devoto do constitucionalismo, de um governo de contribuintes
e proprietários e defensor de um Estado secular com liberdades civis e
garantias para a empresa privada
 Em 9 de Julho de 1791 é proclamada a constituição que consagrada a
Monarquia Constitucional como a forma de governo.
 O Rei continuava a ser o mesmo; agora , no entanto, pela graça do direito
constitucional. A fonte de toda a soberania seria a nação. Esta seria primeira e
incipiente expressão oficial do nacionalismo, o qual posteriormente se tornaria
um conceito revolucionário.
 Início da dança dialética que passa marcar o período. Moderados reformadores
da classe média mobilizam as massas contra resistência real obstinada ou a
contra-revolução. As massas vão além dos objetivos moderados e no sentido
de suas próprias revoluções industriais. Um grupo conservador acaba por fazer
causa comum com os reacionários em contraponto a um grupo de esquerda
com auxilio das massas determinado a seguir com os objetivos dos moderados
ainda não alcançados (mas com risco de perder o controle sobre elas).

Fase moderada III – Republica Girondina (setembro de 1792 a junho de 1793)

A assembleia constituinte possuía perspectivas econômicas essencialmente liberais.


Deu pouca satisfação ao povo comum, exceto em relação a secularização das terras da igreja.
Rechaçou a democracia através de uma monarquia constitucional baseada no direito do voto
censitário. A monarquia não cede fácil, entretanto. Não se conforma com o novo regime já
apoiada por uma facção burguesa ex-revolucionária disposta restituir o ungido de Deus. A
Constituição Civil do Clero de 1790 põe a maioria do clero e de seus fiéis na oposição ao tentar
atacar a lealdade romana absolutista da igreja sem atacar a instituição. A conspiração se
tornara uma realidade pra reestabelecer o poder real, levando o Rei a uma tentativa de fugir
do país. Sua captura em junho de 1791 faz do republicanismo uma força de massa e coloca a
monarquia em descrédito. O rei, a nobreza francesa e a crescente emigração aristocrática –
acampada em várias cidades da Alemanha Ocidental – acreditavam que apenas a intervenção
estrangeira poderia restaurar o velho regime. A restauração do regime monárquico na França
representava para nobres e governantes de outros países uma proteção contra a difusão de
ideias perturbadoras no continente.
Em paralelo, a economia de livre mercado dos moderados não gera os efeitos
esperados e acentua as flutuações no nível dos preços dos alimentos. A militância urbana volta
a se intensificar, sobretudo em Paris, tornando-se a força revolucionária decisiva. O risco da
invasão estrangeira a crise econômica e a inflação levam a mobilização popular da Jornada de
10 Agosto de 1792, a Comuna Insurrecional de Paris. O ataque dá golpe de morte efetivo na
monarquia e dissolve a Assembleia Nacional Constituinte.
Assembleia Legislativa que surge em seu lugar declara guerra à Áustria e à Prússia em
abril de 1792. A eclosão da guerra contra o regime revolucionário francês pelas potências
estrangeiras foi o fator detonador de uma segunda revolução. A ala radical distribui armas à
população para defender a revolução. O ataque dos parisienses ao palácio, no entanto, esvazia
a Assembleia de seu poder. Esta se vê obrigada a convocar a eleição de uma Convenção
Nacional. O governo é reorganizado na I República Francesa em 1792 em setembro com
preponderância da Convenção Nacional. O Rei é feito prisioneiro.
Entre os revolucionários de 1789, houve divisão. A grande burguesia não queria
aprofundar a revolução, temendo o radicalismo popular. Aliada aos setores da nobreza liberal
e do baixo clero, formou o Clube dos Girondinos. O nome "girondino" deve-se ao fato
de Brissot, principal líder dessa facção, representar o departamento da Gironda. Eles
ocupavam os bancos inferiores no salão das sessões.
Os jacobinos - assim chamados porque se reuniam no convento de Saint Jacques –
queriam aprofundar a revolução, aumentando os direitos do povo. Eram liderados pela
pequena burguesia e apoiados pelos sans-culottes, as massas populares de Paris. Ocupavam
os assentos superiores no salão das sessões, recebendo o nome de ‘montanha’ (montagnards).
Seus principais líderes eram Danton (mais à direita), Robespierre e Hebert (mais à esquerda).

Fase Radical – Republica Jacobina (Junho de 1793 a Julho de 1794)

Incialmente, o controle girondino é marcado pela contradição entre uma política


externa revolucionária – sua intenção era a expansão da guerra para uma cruzada ideológica
de libertação de maneira a desafiar o grande rival econômico, a Grã-Bretanha –e uma política
interna mais conservadora por tentar se acomodar com a nobreza, salvar a vida do rei e
combater os revolucionários mais radicais. A moderação excessiva virou um problema. A
descoberta de documentos secretos de Luís XVI no Palácio das Tulherias dá conta de seu
envolvimento e comprometimento com o Rei da Áustria. As pressões para que o rei fosse
julgado como traidor dividiram a gironda. Alguns optam pelo indulto, outros pela pena de
morte. Os girondinos temiam as consequências políticas da combinação de uma revolução de
massa com a guerra e sua relutância em executar o rei fez com que os montanheses
(esquerda) ganhassem prestígio.
Os sans-cullotes, hábeis em mobilizar as camadas populares, celebram o governo
revolucionário de guerra, pois entendiam que apenas assim a contra-revolução e a intervenção
estrangeira poderiam ser derrotadas. As derrotas iniciais na guerra ajudam a pôr em xeque a
supremacia girondina na convenção. A expansão da guerra, sobretudo quando ela ia mal,
fortalece os jacobinos os quais se mostraram a única força social capaz de vencê-la.
Taticamente derrotada, a Gironda é finalmente levada a atacar mal calculadamente a
esquerda, transformando a situação em uma revolta provinciana organizada. Os jacobinos,
reforçados pelas manifestações populares, exigiam a execução do rei, o que indicou o fim da
supremacia girondina na revolução. Em janeiro de 1793, Luís XVI foi julgado e condenado à
morte por escassa maioria. Em 2 de Junho de 1793, um rápido golpe dos sans-cullotes derruba
a República Girondina
O período jacobino é de guerra externa, em razão das invasões estrangeiras, e guerra
interna, em função da revolta clerical conservadora (Guerra da Vendéia – 1793 a 1795) que
tem apoio dos camponeses e membros do antigo regime. O regime se constitui numa aliança
entre baixa burguesia e as massas trabalhadoras, porém voltado para a primeira. A primeira
tarefa do regime foi mobilizar o apoio da massa contra a dissidência dos notáveis e girondinos
provincianos além de preservar o apoio dos sans-cullotes de Paris. Uma nova constituição
havia sido proclamada, a primeira genuinamente democrática de um Estado moderno. O
recrutamento em massa e o controle geral dos preços (lei do máximo) foram medidas que iam
de encontro as exigências dos sans-cullotes.
O terror contra os traidores surge como forma de sustentar a revolução e preservar o
país, o que levou a ascensão do Comitê de Salvação Publica liderado por Robespierre, o
membro mais influente de um efetivo ministério da guerra. O “terror” é apenas compreendido
dentro de cenário de mobilização completa dos recursos de uma nação através do
recrutamento massivo, racionamento e de uma economia de guerra rigidamente controlada e
a virtual abolição da distinção entre soldados e civis. Na visão dos revolucionários, a escolha se
impunha entre o Terror, com todos os seus defeitos da perspectiva da classe média, ou a
destruição da revolução e consequente desaparecimento do país. O esforço de guerra total se
consagrou como método novo para vencer o conflito.
As perspectivas da classe média dependiam de Estado nacional centralizado, forte e
unificado, porém o que veio a afastar as massas do governo foram as necessidades econômicas
do esforço de guerra. Nas cidades, por mais que o controle de preços e o racionamento as
beneficiassem, o congelamento dos salários as prejudicava. No campo, o confisco permanente
de alimentos afastou os camponeses. As camadas populares se recolheram a um
descontentamento ou a uma passividade confusa, sobretudo após o julgamento e execução da
parcela mais à esquerda dos Hebertistas – os mais ardentes porta vozes dos sans-cullotes.
Ainda que tenha conquistado apoio dos moderados pela prerrogativa de eliminar a corrupção,
as posteriores restrições à liberdade e à ação de ganhar dinheiro foram mais problemáticas
para os homens de negócios. Por volta de abril de 1794, tanto a esquerda quanto a direita
tinham ido para a guilhotina e os seguidores de Robespierre estavam isolados. Apenas a crise
da guerra os matinha no poder.
Se em Junho de 1793, 60 dos 80 departamentos franceses estavam em revolta contra
Paris, o exércitos dos príncipes alemães estavam invadindo a França pelo norte e leste, os
britânicos atacavam pelo Sul e pelo Oeste e o pais se encontrava falido, 14 meses depois a
França estava sobre firme controle, a invasão estrangeira expulsa e os exércitos franceses
ocupavam a Bélgica, estando prestes a iniciar uma sequencia de triunfos militares ininterruptos
de quase 20 anos. O valor da moeda se manteve razoavelmente estável e a França sustentava
um exército três vezes maior ao começo da guerra. Por volta de 1794, o governo e a política
eram dominados ferreamente por agentes diretos do Comitê ou da Convenção e por um amplo
quadro de oficiais e funcionários jacobinos com organizações locais do partido.
Quando, ao final de junho de 1794, os novos exércitos derrotaram definitivamente os
austríacos em Fleurus, ocupando a Bélgica, o fim da republica jacobina estava próximo. Em 27
de julho de 1794, a Convenção derruba Robespierre. Ele, Saint-Just e Couthon são executados
e o mesmo ocorre com outros 87 membros da revolucionária Comuna de Paris.
Fase conservadora – Diretório (1795-1799)
A reação termidoriana foi um golpe encabeçado pela alta burguesia e marca o fim da
participação popular na revolução francesa. O problema de como alcançar a estabilidade
política e avanço econômico nas bases do programa liberal de 1789-91 permanecia em voga.
Posto de outra maneira, que forma política assumir para manter uma sociedade burguesa
evitando simultaneamente o perigo da república democrática jacobina e o antigo regime,
espremida que estava a alta burguesia entre a reação aristocrática e os pobres sans-cullotes de
paris. Uma nova constituição foi projetada (a do ano III), reestabelecendo o voto censitário,
elegendo duas câmaras legislativas e criando um poder executivo exercido por cinco membros
eleitos a cada cinco anos – chamado de diretores. Na prática, foi um governo autoritário de
aliança com o exército. Cada vez mais dependeu do mesmo pra reprimir complôs realistas e
insurreições jacobinas/radicais igualitaristas (das quais a mais famosa foi a conspiração dos
iguais de 1796 liderada por Graco Babeuf) e também para ganhar legitimidade. A necessidade
de iniciativa e expansão da classe média era atendida pelas pilhagens e conquistas que
resgatam o governo.
O exército, o mais formidável legado da República Jacobina, logo se transformou numa
força de revolucionários profissionais que reteve as características da revolução e ganhou uma
superioridade militar sem precedentes. Imbuída de um senso de missão revolucionária
imbutida pelos jacobinos, mas também investido na estabilidade interna. Da mesma maneira,
era uma carreira aberta ao talento pela revolução burguesa formado em grande parte por
pessoas pobres.
Um carreirista típico daquele período foi justamente Napoleão. A republica jacobina fez
dele um general que, no entanto, conseguiu sobreviver à queda de Robespierre. As vitórias
contra os austríacos na campanha italiana de 1796 fez dele inquestionavelmente o primeiro
soldado da republica, uma espécie de protetor da nova república e seu principal líder militar,
agindo independentemente das autoridades civis. Apesar da paz na Europa continental, a
guerra continuava com os britânicos. Napoleão chefia uma expedição ao Egito para
enfraquecer o Império Britânico que dura três anos (1798 a 1801). Conquista Malta e derrota
os exércitos otomanos no Egito, mas sofre derrotas ao tentar conquistar a região do levante. A
frota francesa acabou por ser derrotada por uma esquadra britânica e bateu em retirada.
Enquanto estava no Egito, acontece a guerra da segunda coalizão (1798 a 1802) entre
França e a Grã-bretanha junto a seus aliados. A França passava por uma grande crise, perdeu
batalhas na Europa, com uma economia em frangalhos e o impopular governo do diretório era
visto como corrupto e ineficaz. O retorno de Napoleão é tomado como um sinal de esperança.
Ao articular com outros membros, dá um golpe de Estado e derruba o diretório em 1799, o
Golpe de 18 de Brumário. Para muitos, aqui se encerra da maneira efetiva o processo
revolucionário francês e se inaugura uma nova era.

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