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O imobilismo português no 2º pós guerra + primavera marcelista

A posição de neutralidade de Portugal durante a 2ª Guerra Mundial, permitiu que, enquanto as


grandes ditaduras europeias se desmantelaram, o Estado Novo sobrevivesse. Contudo, isto também levou a
que Salazar fosse obrigado a mudar o país, de modo a indicar aos outros países europeus que Portugal se
estaria a democratizar. Estas mudanças denominam-se por “mudanças invisíveis” pois na verdade, não
tiveram qualquer efeito, dando oportunidade a Salazar de manter o seu regime autoritário e conservador.
Logo após o fim da segunda guerra mundial, o governo toma a iniciativa de antecipar a revisão
constitucional, dissolver a assembleia e convocar eleições democráticas, que Salazar anuncia serem “tão livres
como na livre Inglaterra”. Assim, um clima de otimismo implanta-se sob os opositores do regime e
rapidamente forma-se o MUD, o movimento de unidade democrática. Para garantir a legitimidade do ato
eleitoral, o MUD anuncia algumas exigências, que considera fundamentais, como o adiamento das eleições
por seis meses, a revisão dos cadernos eleitorais, além da liberdade de opinião e reunião. Contudo, Salazar
não só recusa este pedido como ainda proíbe o MUD de fazer a sua campanha eleitoral nas cidades.
Insatisfeito com estas medidas, desistem à boca das urnas, e muitos dos apoiantes e integrantes do MUD
foram interrogados, presos ou despedidos do seu trabalho.
Com o avanço da Guerra Fria e a preocupação da luta contra o comunismo, em 1949 Portugal
torna-se país fundador da NATO, apesar de este estar sob um regime de extrema direita. Nesse mesmo ano
realizam-se eleições presidenciais onde concorre Norton de Matos contra Craveiro Lopes. Contudo, devido
à pressão realizada pela PIDE, este desiste , dando o poder a Craveiro Lopes. Em 1958, voltam a realizar-se
eleições presidenciais, nas quais concorre o general Humberto Delgado contra o Almirante Américo Tomás.
Humberto Delgado era chamado o “general sem medo” sendo que numa entrevista, quando questionado o
que faria com Salazar se vencesse as eleições este responde “ obviamente demitia-o”. Nas suas campanhas a
polícia política estava sempre presente de modo a intimidar quer o general quer os apoiantes, no entanto este
sempre mostrou carisma e determinação. Vence as eleições o Almirante Américo Tomás, mas a credibilidade
dos resultados saiu abalada. Humberto Delgado, sabendo que devido à falta de fiscalização, a contagem de
votos foi forjada, mandou uma carta ao presidente a demonstrar a sua insatisfação com a fraude. Este acabou
por fundar a FNI, Frente Nacional Independente, enquanto se encontrava no Brasil, e mais tarde instalou-se
na Argélia onde formou a FPLN, Frente Patriótica de Libertação Nacional juntamente com Palma Inácio .
Durante estas eleições Salazar sentiu o risco da queda do regime, e para o evitar anulou o sistema de sufrágio
direto, passando o chefe de estado a ser eleito por um colégio eleitoral restrito.
No rescaldo das eleições, D. António Ferreira Gomes, o bispo do Porto escreve uma carta a Salazar,
na qual denuncia a miséria do povo e a falta de liberdades cívicas, o que lhe custou exílio por 10 anos. Os
católicos não ficaram satisfeitos com esta ação por parte de Salazar e não pouparam críticas ao regime político
do Estado Novo. Enquanto exilado, Humberto Delgado não para a contestação ao regime. Juntamente com
Henrique Galvão, a 22 de janeiro de 1961 dá-se o aprisionamento do “Santa Maria”, navio mais precioso de
Salazar, o que faz com que este automaticamente avise os outros países sobre o roubo e exige o retorno do
navio com a tripulação. Eventualmente os americanos encontram o navio e o trazem para Portugal, mas
quando prontos para matar a tripulação, não se encontra ninguém lá dentro, visto que, com a ajuda
americana foram todos para o Brasil. Ainda em 1961 há uma tentativa de desvio de um avião da TAP e em
1967, Palma Inácio assalta o banco de Figueira da Foz. Humberto Delgado é morto numa cilada em Badajoz
mandada por Salazar em 1965.
Com a formação da ONU em 1945 e com a pressão aplicada por esta ao presidente português
relativamente às colónias, em 1961 Salazar revoga o Ato Colonial e troca os conceitos “império
português”por “ultramar português” e "colónias" por “províncias ultramarinas". Através da teoria
luso-tropicalista, justifica a permanência das colónias sob domínio português, dizendo que o papel histórico
de Portugal era como nação evangelizadora e que os portugueses fizeram o processo de miscigenação com os
povos conquistados, considerando-os equivalentes a eles. A ONU não satisfeita, em 1960 lança a resolução
1514, onde dá carta branca de guerra às colônias, para estas se descolonizarem. Assim, em 1961 começa a
guerra colonial em Angola, liderada pela UPA, onde invadem propriedades portuguesas e matam os chefes.
Em 1963 inicia-se a guerra colonial da Guiné e em seguida a de 1964 a de Moçambique. Apesar disto,
Portugal continua a apoiar economicamente as colónias, para não ficar pior sobre a visão da ONU.
Uns anos mais tarde, em 1968 Salazar é afastado por doença e sobe ao poder Marcello Caetano, este
período é denominado por “primavera Marcelista”. Este tem duas fases, na 1ª inicia uma descompressão
política, aplicando algumas mudanças no Estado Novo. Aligeira a censura e esta passa a chamar-se Exame
Prévio, a PIDE passa a ser DGS, direção geral de segurança e a União Nacional passa a chamar-se Ação
Popular Nacional em 1970. Para além disso permite o regresso de exilados, como o bispo do Porto e Mário
Soares e permite deputados liberais na Assembleia, como Francisco Sá Carneiro e Francisco Pinto Balsemão.
Quando se dá as eleições de 1969, novas medidas são aplicadas em comparação às de 1958. As eleições são
livres e os cadernos eleitorais são atualizados, para além disso as mulheres escolarizadas com formação
superior podem votar.
Contudo, a utopia rapidamente chega ao fim e inicia-se a 2ª fase, que é a réplica do Salazarismo
puro. Devido à anterior liberalização em 1969 dá-se uma crise estudantil, influenciada pela mesma realizada
em França em 1968. Nas eleições a oposição acaba por ter obstáculos para chegar ao poder, o que leva a que a
ala liberal abandone o parlamento. Para além disso, a guerra colonial continuava, o que deixava a população
furiosa e insatisfeita. Durante esta época a DGS voltou a ser extremamente repressiva, tal como a PIDE no
período Salazarista.

Economia Portuguesa de 45-73

No que se refere à economia, Portugal viveu entre 1945-1974 um período de evidente contradições
no crescimento. O desenvolvimento tardio em relação ao resto da Europa, é marcado pela estagnação do
mundo rural e pela emigração por um lado, e um considerável surto industrial e urbano por outro. As
colônias foram também uma grande preocupação pelo seu desenvolvimento, já que, mais não fosse, justificar
a tese federalista.
No fim da segunda guerra mundial, a agricultura continuava a ser a principal atividade em Portugal.
Contudo, era uma agricultura retrógrada, caracterizada por baixos níveis de produtividade, em qual metade
da população se empregava, mas proporcionava pouquíssima riqueza nacional. A autarcia desejada a
alcançar pelo estado novo era somente um sonho, visto que este tinha que importar um elevado número de
alimentos agrícolas. No Norte do país, predominavam os minifúndios, que tinham somente em vista o
autoconsumo e devido à sua dimensão não possibilitava a mecanização no Sul predominavam os latifúndios,
onde a população não tinha uma boa produtividade. Quando em Portugal na década de 60 é confirmado
um novo desenvolvimento industrial centrado nas grandes cidades do litoral, a população do interior
deslocou-se para essas cidades, este processo denomina-se por êxodo rural.
Entre 1946 e 1973, o número de emigrantes foi bastante alto, devido ao clima de repressão política,
os altos salários no mundo industrializado e o recrutamento para a Guerra Colonial. Grande parte da
migração foi feita clandestinamente, visto que, numa fase inicial, a legislação portuguesa não se preocupava
com as emigrações, especialmente porque estas traziam remessas para o país. No entanto, quando o número
cresceu aplicou medidas obrigatórias para a saída do país, como a exigência de um certificado de habilitações
mínimas, o exame da 3ªclasse, tinham que ter no mínimo 14 anos e com o estourar da Guerra colonial
juntou-se a estes requisitos a exigência de serviço militar cumprido. Esta migração contribuiu para o
envelhecimento da população, contudo foi um fator de pacificação social e equilíbrio económico, que
permitiu ajustar o mercado de trabalho. Para além disso, o contato com pessoas de outros mundos abalou a
mentalidade e as velhas estruturas rurais sobre as quais repousava o imobilismo do regime.
De modo a organizar a economia, foram planificados planos de fomento que, a partir de 1953,
caracterizaram a política de desenvolvimento do Estado Novo. O primeiro plano de fomento deu-se de 1953
a 1958 e reconhece a importância da industrialização para o progresso do país, dando prioridade à criação de
infraestruturas, como a eletricidade, transportes e comunicações. No II Plano de Fomento, que se deu de
1959 a 1964, elegeu-se a indústria transformadora de base como setor a privilegiar, onde está inserido a
siderurgia, refinaria, adubos, químicos e celulose. Com este plano de fomento a agricultura foi afetada e
sofreu efeitos positivos. Numa segunda fase, na segunda metade dos anos 60, deu-se uma abertura ao
exterior e reforço da economia privada. Assim, insere-se o Plano Intercalar que se deu entre 1965 e 1967 que
visou a inversão da política da autarcia marcada pela concorrência externa e os acordos assinados, como por
exemplo, a criação da EFTA. O III Plano de Fomento dá-se com Marcello Caetano e tem a duração desde
1968 até 1973. É uma continuação do plano intercalar, focando na exportação de produtos nacionais, livre
concorrência e abertura do país a investimentos estrangeiros.
Este surto económico traduziu-se no crescimento do setor terciário na urbanização do país.
Surgiram as áreas periféricas que serviam como dormitório de quem trabalhava nas áreas litorais. O fomento
económico nas províncias marinas também foi necessário. Os Planos de Fomento foram implementados em
Angola e Moçambique, tal como em Portugal. A ideia de Salazar era construir um espaço económico
português e é no âmbito deste objetivo que se vê a construção de escolas, hospitais e sobretudo o lançamento
de grandes obras como a barragem de Cahora Bassa em 1969, em Moçambique.
Durante o período do PREC a economia portuguesa teve uma regressão. A transição para o
socialismo levou à destruição dos grandes grupos monopolistas, a apropriação do Estado dos setores-chave
da economia nacional, nacionalizando bancos, indústrias e intervenção nas finanças e economia. Para além
disso, deu-se a reforma agrária, ou seja, a expropriação de grandes herdades por parte da UCP. Contudo foi
aqui que se deram as grandes conquistas dos trabalhadores tal como, o direito à greve, salário mínimo e
melhoria das condições de vida.No entanto devido à inserção de retornados, organizações de poder popular e
outras medidas, as tensões sociais elevaram.
Operação fim de regime

Em 1974 o regime continuava com a guerra colonial, no entanto esteve a perder. Na Guiné o
PAIGC ocupava partes significativas do território e já tinha declarado a independência, enquanto em Angola
e Moçambique a situação continuava um impasse. O MFA, que se encontrava cansado e sabendo que estava
a perder, decidiu que estava na hora de pôr fim ao regime marcelista.
Desde 1973, começa a organizar-se um movimento clandestino militar, do qual faziam parte oficiais de baixa
patente e capitães, que arrancam com a preparação de um Golpe de Estado, tendo em vista a queda do
regime e uma solução para a questão colonial. Para além disso, sob as ordens de Marcello, oficiais milicianos
eram postos nos cargos mais altos, apesar de não terem qualquer tipo de experiência, o que fez surgir “O
movimento dos capitães”. Este tratava-se de um movimento contra a política de Marcello , e que obrigava os
jovens militares a fazer uma formação intensiva tal como eles. Para além disso, pressionam o governo a aceitar
uma solução política para o problema africano.
Face à obstinação do regime em persistir na manutenção da guerra, os altos comandantes Costa
Gomes e António Spínola, recusam-se a participar numa manifestação de apoio ao governo. Foram de
seguida exonerados do cargo, ficando disponíveis para preparar o movimento de contestação que crescia no
meio militar. Em reunião os oficiais distribuem os cargos: Melo Antunes ficaria responsável de preparar o
plano político e os seus objetivos, Saraiva de Carvalho prepararia a operação “fim-regime” e Garcia Santos
ficaria encarregue de preparar os anexos de transmissões. Em fevereiro de 1974, o general Spínola escreve “
Portugal e o Futuro”, que proclamava a existência de uma solução militar para a guerra de África e que esta
estava perdida, deixando Marcello Caetano bastante atento com uma possível revolução. Contudo, a março
de 74, dá-se o Golpe das Caldas, onde os militares se enganaram e saíram à rua convencidos que era altura da
manifestação. Rapidamente a polícia política travou-os e prendeu-os e este falso movimento enganaria
Marcello, fazendo este pensar que não se daria mais nada.
A verdadeira ação militar sob coordenação do major Saraiva de Carvalho teve início Às 23h do dia
24 com a canção “E depois do Adeus", que era a primeira indicação da revolução militar. Às 00:20 toca na
rádio “Grândola Vila Morena” de Zeca Afonso. Estava dado sinal de que as unidades militares podiam
ocupar os pontos concordados em reunião para o sucesso do ato revolucionário. Com o fim da resistência da
cavalaria 7, Salgueiro Maia teve que enfrentar a Escola Prática de Cavalaria de Santarém, no Terreiro do Paço.
Vendo tudo perdido, Marcello Caetano entrega o poder ao general Spínola.
Após a revolução, deu-se no país um processo de desmantelamento das estruturas do regime
deposto. Para garantir normalidade, foi nomeada uma Junta de Salvação Nacional, com António Spínola, e
representantes do MFA, a quem foram entregues os principais poderes estatais até à formação de um
Governo Provisório. Assim, tomam-se medidas imediatas como por exemplo a destituição de todos os
membros de governo e do presidente da República, a abolição da censura, a extinção da Ação Nacional
Popular, o fim das cooperativas do E.N. , o fim da DGS e a formação de partidos políticos e sindicatos livres.
Outras medidas que ficaram definidas foram, no cargo de presidente ficar António Spínola e no governo
provisório Adelino da Palma e também eleições livres para a Assembleia Constituinte que ficariam agendadas
para 25 de abril de 1975.
Dada a liberdade após tantos anos à população trouxe tensões político ideológicas na sociedade e
inúmeras manifestações. Somente passado dois meses, Adelino da Palma desiste do cargo deixando Spínola
sozinho a liderar o país desorganizado. Forma-se o II Governo Provisório liderado por Vasco Gonçalves que
era um revolucionário de extrema esquerda. Assim deram-se saneamentos, ocupações de fábricas, campos e
casas devolutas. Vasco Gonçalves é apoiado pelo PCP, MFA e COPCON , que era o comando operacional
do continente, liderado por Otelo. Com isto, Spínola vê a sua influência diminuir e vai apelar à maioria
silenciosa. Dá-se então a 28 de setembro de 74 uma manifestação organizada pela “maioria silenciosa”
contudo, o MFA fecha a cidade e estes são barricados pela esquerda. Spínola ao ver que está completamente
isolado demite-se dia 30 de setembro. Inicia-se então o PREC, processo revolucionário em curso.
Apesar de já não ser presidente, as contestações ao governo não param. A 11 de março de 75, o
general Spínola lança um golpe que tenta travar os ímpetos revolucionários, no entanto falha e foge para
Espanha. No mesmo ano nasce o Conselho da Revolução, que equivale à Junta de Salvação Nacional.
Entretanto,como decidido em 74, dão-se a 25 de abril de 1975 as eleições para a Assembleia Constituinte.
Visto que são eleições livres, o MFA apela a população a não ir votar, contudo esta ignora. O PS, liderado por
Mário Soares venceu as eleições, mas passado dois meses, devido à pressão posta pelo MFA este demite-se,
deixando o V governo mais uma vez nas mãos de Vasco Gonçalves. Devido à insatisfação populacional, nos
meses de julho e agosto, dá-se o chamado “Verão Quente”, no qual se deram ataques às sedes partidárias e há
uma elevada oposição entre a esquerda e a direita. Ainda em Agosto lança-se o documento dos 9 que é
escrito por Melo Antunes e mais 8 militares do MFA, em que recusam a Portugal um regime de tipo
“Europeu Oriental” e que se deviam manter o que teria sido as ideias iniciais do MFA. Vasco Gonçalves é
demitido e Pinheiro de Azevedo passa a ser o 1º ministro e Otelo é substituído por Vasco Lourenço no
comando da região militar de Lisboa. Insatisfeitos com a sua demissão a 25 de novembro de 1975 dá-se um
golpe de esquerda pelos paraquedistas de Tancos, mas os militares ordenados por Ramalho Eanes realizam
um contra golpe. Sobem por fim ao poder as forças democráticas e dá-se o fim do PREC.
Em 1976 elabora-se a Constituição que tem nela ideais de esquerda, sendo que esta foi elaborada no
período de Vasco Gonçalves. Reitera a transição para o socialismo, consagra um estado democrático e
pluralista, garante a igualdade de todos perante a lei e os direitos dos cidadãos, a distribuição dos direitos do
Estado e ainda a autonomia dos Açores e da Madeira. Em 1982 dá-se a revisão constitucional onde é
suavizado as referências revolucionárias, extingue o Conselho da Revolução e onde é criado o Conselho de
Estado e o Tribunal Constitucional.

O fim do modelo soviético

Após o fracasso da sua política externa, Kruchev é afastado do poder. Em 1964 sobe ao poder
Brejnev que somente se preocupava com a Guerra Fria, tendo sido a sua prioridade o armamento bélico e
armas nucleares. Devido à despesa excessiva de capitais nesse domínio, após a sua morte em 82, dão-se
reações dos populares devido à falta de repressão e à sua insatisfação com os gastos pois estes viviam na
miséria, denúncias do terrorismo de estaline, fugas para o Ocidente e os “países satélite” contestam contra o
centralismo soviético.
Em 1985 é eleito Mikhail Gorbachev, o novo dirigente que tinha consciência das dificuldades por
que passava a economia soviética, e chega à conclusão de que é necessário um reformismo. É deste modo
que, em 1986, vem apresentar um processo de restauração económica, a perestroika, e a implementação de
uma política de transparência a glasnost. A perestroika consiste na abertura económica e adaptação à
planificação da economia de mercado. Os grandes monopólios seriam eliminados dando espaço à iniciativa
privada e ao investimento estrangeiro. A glasnost visa a transparência política e tinha como objetivo permitir
uma renovação da vida pública com a legalização dos partidos de oposição. Visa ainda a realização de eleições
livres e a libertação dos presos políticos, abrangendo o fim da perseguição e inclui campanhas contra a
corrupção.
De modo a manter uma boa relação com o mundo Ocidental, em 1987 assina o Tratado de
Washington com Reagan que define a retirada dos mísseis Pershing e Cruise. Em 1989 deram-se eleições
pluralistas para o Congresso dos Deputados do povo e Gorbachev tenta se libertar dos países satélites, o que
leva a que se dê uma vaga democratizadora no Leste Europeu. A 9 de novembro de 1989 cai o muro de
Berlim após Gunter Schabowski anunciar a decisão do conselho de ministros. Em 1990 reunifica-se a
Alemanha e o contraste econômico entre a Alemanha Oriental e Ocidental é visualmente significativo. Em
novembro de 1990 é considerado o fim do Pacto de Varsóvia e da Comecon assim como o desmembramento
da URSS.
Em relação aos países do Leste, quando estes se tentam democratizar Gorbachev tenta intervir
militarmente, no entanto é impedido por Boris Yeltsin. Em agosto de 1991 dá-se um golpe de Estado e Boris
emerge como presidente da Rússia. Ainda no mesmo ano é criada a CEI, comunidade dos Estados
Independentes, ao qual aderem as 12 repúblicas. Em dezembro de 1991, Gorbachev demite-se, deixando
Boris com a URSS desmantelada. Após a queda da cortina de ferro , alguns dos países satélite sofreram
dificuldades. Na Roménia, devido a Ceausescu deu-se um genocídio, na Jugoslávia a Sérvia opunha-se ao
desmembramento, occrendo assim uma guerra civil na Croácia e Bósnia, consideradas uma limpeza étnica.
Relativamente à economia deu-se uma rápida deterioração da economia da URSS devido ao fim da
economia planificada e dos subsídios dados à população. Também ocorreu uma decadência de
infraestruturas , relacionada com as vias de comunicação obsoletas e a indústria inadequada e com a ausência
de uma estratégia sólida de reestruturação económica. A economia decadente influenciou a vida da
população levando à falência de empresas estatais, ao fim de postos de trabalho, foi notável uma inflação
galopante e a desvalorização do rublo, a corrupção aumentou e antigos altos funcionários apoderaram-se de
setores chave da economia do país. Relativamente aos países do Leste também a sua economia regrediu. O
fim dos subsídios da URSS, as indústrias também obsoletas e o aumento da pobreza levaram as populações à
miséria e , apesar do apoio financeiro da RDA, estes ainda hoje se encontram, comparado ao Ocidental ,
atrasados economicamente. Com a separação da URSS, nem todos os países satélites ficaram afetados. A
Polónia, a República Checa e a Hungria foram capazes de captar investimentos, apostar no turismo, e devido
à sua estabilidade política, foram admitidos na UE.
A hegemonia americana

Na viragem para o século XXI, o mundo concentrava a maior parte da sua riqueza e da sua
capacidade tecnológica em 3 diferentes potências: Os Estados Unidos, a União Europeia e a zona na Ásia
Pacífico. A este poder econômico sobrepõe-se a hegemonia político-militar dos EUA. Durante as duas
guerras, os EUA nunca foram diretamente afetados, o que fez com que tirassem mais benefícios do que
prejuízos. É assim considerada a 1ª potência económica, que detém sobre o resto do mundo, uma
incontestada superioridade militar e continua a afirmar-se na vanguarda do desenvolvimento científico e
tecnológico.
Enquanto a URSS teve que reduzir drasticamente os seus investimentos no armamento, os EUA
continuam a injetar montes de capitais na indústria bélica, aeroespacial, e eletrônica e dão continuidade à
defesa estratégica, “Guerra das Estrelas”, lançada por Reagan, que tem como objetivo proteger o território
americano de possíveis ataques nucleares e de reduzir possíveis concorrentes, através de satélites. A recusa do
protocolo de Quioto, pois este limitaria a produção de indústria militar, rejeitam a submeter os seus militares
à ação do Tribunal Penal Internacional e para além disso dominam-se “os polícias do mundo”, ou seja,
intervêm militarmente em diversos pontos do globo, quer integrados nas forças da NATO, quer por
iniciativa própria. Assim, encabeçam intervenções armadas, tais como na Líbia em 1986, associado a Kadafi,
na guerra do Golfo em 1991, contra o Iraque por dominar Kuwait e na Somália entre 1992-94, contra os
piratas que matam outras etnias. Esta intervenção ficou chamada “ devolver a esperança”, contudo em 94 os
EUA retiraram-se e não regressaram. Ainda na ex-jugoslávia, intervieram em 1999 , contra o massacre
populacional que estava a ocorrer devido a Albanesa de Kosovo, e devido a essa intervenção, o terrorismo
organizado islâmico ataca , a 11 de setembro de 2001, o World Trade Center, ficando assim marcada a
doutrina Bush e a “Pax Americana”. A Pax Americana consiste na divisão do mundo em dois lados, os
apoiantes dos EUA e os apoiantes do terrorismo, as ações de guerra preventiva, a cooperação internacional
multilateral e a disseminação dos direitos humanos e democracia. Em 2001 dá-se a invasão do Afeganistão, e
no Iraque em 2003 com a destituição do regime repressivo, cria-se um clima de instabilidade.
Constituídos por uma nação independente sobre o liberalismo, os americanos fizeram da livre
iniciativa e da livre concorrência os seus pilares da atividade económica. Nos anos 80, com Bush, adotaram
medidas neoliberais, onde se destaca : a redução da carga fiscal, diminutos encargos com a segurança social,
poucas restrições aos despedimentos e à mobilidade de mão-de-obra, recurso ao crédito, valorização do dólar
e liberalização da circulação financeira e a expansão do mercado externo, com a APEC(1989), NAFTA e
ALCA. Relativamente aos setores de atividade, destaca-se a predominância do setor terciário, como seguros,
transportes, restauração, cinema e música. A sua agricultura alimenta o crescimento industrial e são ainda os
maiores exportadores agrícolas do mundo, como é o caso da Boeing. No que se refere à indústria, existem
duas áreas predominantes, o manufacturing belt, no nordeste, e o sun belt no sudoeste. Em relação à
eletrónica, está relacionada com Silicon Valley, onde foram criadas tecnopolos, que associam a universidades
prestigiadas, centros de pesquisa e empresas, que trabalham de forma articulada.
Ainda hoje, os EUA são a maior potência económica, mas estes são quase ultrapassados pela China,
que cada vez sobe mais.
União Europeia

Em 1951, Jean Monnet e Robert Schuman criam a CECA, comunidade europeia do carvão e do
aço, onde todos os países que fizessem parte, poderiam circular produtos sem pagar taxas e sem imposto. Os
primeiros países que assinaram o Tratado de Paris foram, o BENELUX, a França, a Itália, e a República
Federal da Alemanha. Em 1957 é assinado o Tratado de Roma, que permite a junção de mais três países e
que constituiu uma união aduaneira, a criação de um mercado comum e a livre circulação de mercadorias e
capitais, e a EURATOM, comunidade europeia da energia atómica. Apesar de ter ficado definida no Tratado
de Roma, a PAC só é posta em ação em 1962 e promovia a produtividade agrícola, o combate ao
desemprego, ajuda económica e um sistema monetário europeu.
Em 1985, são assinados os acordos de Schengen entre o Benelux, a Alemanha e a França , criando
entre si um espaço sem restrições à circulação de pessoas. Era proposta a criação de uma fronteira externa
única e a abolição de todos os controlos internos e o estabelecimento de medidas para salvaguarda da
segurança dos cidadãos. Em 1987, quando assinado o tratado de Amesterdão, já todos os países da União
Europeia abrangiam o tratado Schengen, menos a Irlanda, o Reino Unido, a Islândia e a Noruega. Fica
assim, com efeitos a 1 de maio de 1999, as condições de entrada de estrangeiros no espaço Schengen e de
circulação pelas fronteiras internas dos estados-membro, a harmonização política relativas à concessão de
vistos de entrada e asilo e o reforço da cooperação entre os sistemas policiais e judiciários dos países
membros, visando o combate ao terrorismo.
Em 1986 é assinado o Ato Único Europeu que reforça o carácter supranacional dos orgãos, o
acelarar da formação da União Europeia , a consagração do Conselho da Europa e o reforço do poder do
Parlamento Europeu. Determina ainda a abolição de fronteiras para livre circulação, o controlo da política
económica e monetária, uma melhoria social, tecnológica e ambiental e uma reforma dos fundos estruturais
de coesão. A 7 de fevereiro de 1992 é assinado o Tratado de Maastricht, que define os princípios
fundamentais da comunidade europeia e forma a união europeia. Estrutura-se em três pilares, o
comunitário, a política externa e a cooperação na justiça.
O 1º pilar, comunitário supranacional define o alargamento da intervenção da UE em todos os
domínios de reforço da cooperação económica entre os estados para o desenvolvimento, a defesa da proteção
económica e social dos trabalhadores, a ampliação da noção de cidadão europeu e a instituição da união
económica e monetária, o Reino Unido, a Suécia e a Dinamarca não aderem à moeda única. O 2º pilar,
cooperação de governos(teórico) estabelece uma política de concessão de vistos e de asilo e pretende
desenvolver uma segurança comum, a PESC. O 3º pilar consiste em pôr em prática estas medidas , mais o
desenvolvimento da cooperação nos domínios da justiça e assunto interno e o desenvolvimento da
cooperação policial, com a Interpol e a Europol.
A 1993 é posto em prática o Mercado Único e as suas quatro liberdades. Promove a livre circulação
de pessoas, mercadorias , capitais e serviços. No mesmo ano, dá-se a Cimeira de Copenhaga que define os
critérios de convergência, sendo obrigatório uma democracia e o respeito pelos direitos humanos, uma
economia estável e o cumprimento dos textos comunitários.
Somente em 1999 é assinado o Tratado de Amesterdão, que tem como objetivo definir regras que
estabeleçam disciplina para o funcionamento da união económica e monetária. Surge então a PEC, pacto de
estabilidade e crescimento, que define o grau de endividamento e crescimento de cada país. O BCE, banco
central europeu, que cria o euro e define a estabilidade de preços e a descida das taxas de juro. Em 2000 o
conselho europeu de Lisboa define uma nova estratégia para estimular o emprego e o crescimento. Em 2001,
o Tratado de Nice, revê o “ Ato único “ de 1986. Para além disso, reforma as instituições comunitárias e
estabelece as regras para a adesão dos países do Leste.
Entretanto, para além de uma junção económica , Jacques Delors pretendia uma junção política.
No entanto, havia graves dificuldades na consolidação da união política e democrática (unionistas e
federalistas), a resistência dos países à perda da sua soberania e o desenvolvimento do eurocepticismo,
principalmente em países orgulhosos do seu passado. Em 2002, o Conselho de Laeken organiza a convenção
para o futuro da Europa, que resultou do projeto de uma Constituição europeia, a criação do ministro dos
Negócios Estrangeiros da Europa e o mandato do presidente passa da duração de 6 meses, para dois anos e
meio. Em 2005, é assinado o protocolo de Quioto tem como fomento a preocupação com o ambiente,
demonstrando um esforço no sentido de reduzir as alterações climáticas. Finalmente, no Tratado de Lisboa
assinado em 2007, confere que a União Europeia passa a ser uma unidade única. Para além disso define os
valores e participação dos cidadãos, a carta dos Direitos Fundamentais juridicamente vinculativos, o direito
de iniciativa popular, a cláusula social e os princípios democráticos da União, fica também declarado que irá
existir um alto representante dos negócios estrangeiros da UE..

Ásia- Pacífico e a questão de Timor

A Ásia-Pacífico teve três fases de desenvolvimento económico. A primeira fase, foi o


desenvolvimento do Japão, devido ao plano Dodge , enviado em 1950 pelos EUA. A segunda fase aborda os
4 dragões, entre 1960 e 1970, sendo estes, Hong Kong, Singapura, Coreia do Sul e Taiwan. A terceira fase
envolve desde 1970 até 1990, e estão incluídos a Tailândia, a Malásia , a Indonésia e a China, que se irá
desenvolver com Deng Xiaoping.
Relativamente aos 4 dragões, a sua estrutura baseava-se numa falta de terra arável, a carência de
recursos minerais e energéticos, a falta de capitais e o superpovoamento. A sua estratégia de arranque foi o
mantimento de estabilidade política, a sua capacidade de trabalho, o internacionalismo estatal da economia,
as políticas protecionistas, a absorção de tecnologias e capitais estrangeiros e programas de educação e
formação e a elevada mão de obra que é disciplinada e barata. Os seus setores de desenvolvimento são a
eletrónica e os têxteis, e o setor automóvel, com capital estrangeiro.
Os países da terceira fase, são chamados NPI, novos países industrializados, e continham uma
excessiva dependência no estrangeiro assim como uma elevada rivalidade com os 4 dragões. A solução foi a
criação da ASEAN que visa a cooperação entre os povos-membros, levando ainda ao nascimento de países
do sudeste asiático, tais como, a Tailândia, Malásia, Indonésia e Filipinas, que são ricas em matérias primas,
recursos energéticos e bens alimentares, permitindo trocas entre os dois grupos. A Ásia tornou-se uma das
novas potências, contudo devido aos custos ecológicos, tornou-se a região mais poluída do mundo e a sua
mão de obra lá permaneceu, maioritariamente, pobre e explorada.
Após a revolução portuguesa em 1974, em Timor, formam-se 3 partidos: a FRETILIN, a UDT e a
APODETI. A rivalidade entre estes não é controlada por Portugal e a FRETILIN declara a independência
de Timor. Contudo, em 1975 é invadido pela Indonésia o que faz com que Portugal faça cortes
diplomáticos. Inicia-se assim uma resistência militar, liderada por Xanana Gusmão e a resistência
diplomática por parte de Portugal e da ONU. Em 1991, Ximenes Belo consegue captar partes do massacre de
Santa Cruz e envia para os países europeus, de modo a alertar o genocídio que estava a decorrer. Em 1992,
Xanana Gusmão é preso, contudo em 1996 Ximenes Belo e Ramos Horta ganham o prémio Nóbel da paz,
por terem sido capazes de alertar o resto do mundo. A independência de Timor dá-se a 20 de maio de 2002
Com a morte de Mao Tse Tung e a chegada de Deng à China, dá-se uma abertura do litoral à
economia de mercado. Deng cria “um país , dois sistemas”, mantendo o comunismo no interior e o
capitalismo no litoral, que estaria aberto ao capital estrangeiro e se integraria no mercado.No que refere à
agricultura, dá-se a descoletivização de terras, os camponeses passam a tratar por regime de arrendamento e ,
apesar da pouca modernização na agricultura, a liberdade de produção leva ao aumento da produtividade e
da comercialização. Na indústria, há uma prioridade para com os produtos de consumo e surgem quatro
zonas económicas especiais (SEZ). Em 1984 já mais de 14 cidades se encontravam abertas ao investimento e
surge um paraíso fiscal: a ilha de Hainan. Na China a mão de obra é barata e extremamente disciplinada e
aposta atualmente em alta tecnologia e automóveis. O comércio realizado fez com que a China se integrasse
em grandes instituições internacionais como o FMI, o Banco Internacional (1980), o GATT (1986) e a
OMC (2001). O desenvolvimento económico implicou um reatamento de relações diplomáticas com outros
blocos, a formalização da paz com o Japão em 1978, com os EUA em 1979 e a sua admissão na ONU em
1971.
Apesar destas mudanças, a liberalização económica não foi acompanhada pela liberalização política,
permanecendo um aparelho repressivo, não existindo liberdade individual, as desigualdades sociais
aumentam e a inflação e supressão das formas tradicionais de segurança social causam a insatisfação popular.
A 16 de abril de 1989, dão-se na praça de Tiananmen manifestações estudantis que, mais tarde, resultam
num massacre. A China recebe Macau e Hong Kong no seu território.

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