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No Norte, predominava o minifúndio, que mal dava para as necessidades da família e não
possibilitava a mecanização; no Sul, estendiam-se propriedades imensas, que, de tão
grandes, se encontravam subaproveitadas;
Na década de 60, quando o país enveredou pela via industrializadora, a agricultura viu-se
relegada para segundo plano e foi olhada por muitos como “um caso sem solução".
A emigração
A emigração reduziu-se drasticamente nas décadas de 30 e 40, devido, primeiro, à
Grande Depressão e, em seguida, à Segunda Guerra Mundial.
Ora, estas duas décadas correspondem a um crescimento demográfico intenso que, sem
escoamento, sobrepovoou o país, originando um excesso de mão de obra que a
economia não foi capaz de absorver.
Esta pressão demográfica resultou numa imensa debandada dos campos, quer em
direção às cidades do litoral, quer, sobretudo, ao estrangeiro.
Entre 1946 e 1973 terão emigrado cerca de 2 milhões de portugueses metade dos quais
saiu na década de 60.
Sair "a salto", como então se dizia, tornou-se a opção de muitos portugueses. Não
obstante, o Estado procurou salvaguardar os interesses dos nossos emigrantes,
celebrando, no início dos anos 60, acordos com os principais países de acolhimento.
Em contraste, emigração clandestina ocorre quando as pessoas deixam seu país sem
seguir os procedimentos legais estabelecidos, muitas vezes atravessando fronteiras de
forma ilegal, sem autorização dos países de origem e destino. Isso pode envolver o uso
de passagens clandestinas, documentação falsa ou outros meios ilegais para entrar em
outro país.
O surto industrial
As dificuldades do tempo de guerra deram força àqueles que defendiam a
industrialização como imprescindível ao desenvolvimento nacional.
Logo em 1945, a indústria foi assumida como prioridade económica, embora dentro do
tradicional modelo de autarcia: o seu fim último era o de substituir as importações.
Pouco tempo depois (1948), Portugal assinou o pacto fundador da OECE, integrando-se
nas estruturas do Plano Marshall. Embora pouco tenhamos beneficiado da ajuda
americana', a participação na OECE reforçou a necessidade de um planeamento
económico, conduzindo à elaboração dos Planos de Fomento que, a partir de 1953,
caracterizam a política de desenvolvimento do Estado Novo.
Acredita-se na vaga democrática que percorre a Europa, julgando-a capaz de, por si só,
forçar a abertura do regime.
Para garantir a legitimidade do ato eleitoral, o MUD formula algumas exigências, que
considera fundamentais.
Entre elas, o adiamento das eleições por seis meses, a reformulação dos Cadernos
eleitorais, além da imprescindível liberdade de opinião, de reunião e de nenhuma
informação.
As esperanças goraram-se. Nenhuma das reivindicações do Movimento foi satisfeita e
este desistiu, à boca das urnas, por considerar que o ato eleitoral não passaria de uma
farsa.
Em 1949, o país torna-se também membro fundador da NATO, o que equivalia a uma
clara aceitação do regime pelos parceiros desta organização.
O anúncio do seu propósito de não desistir das eleições e a forma destemida como
anunciou a sua intenção de demitir Salazar, caso viesse a ser eleito fizeram da sua
campanha um acontecimento ímpar de mobilização popular.
O resultado oficial das eleições deu a vitória por esmagadora maioria ao candidato da
situação, o contra-almirante Américo Tomás.
Mas a credibilidade dos resultados e, com ela, a do próprio regime saíram seriamente
abaladas desta prova.
Salazar sentiu-o e, para evitar novo risco de um "golpe de Estado constitucional", anulou
o sistema de sufrágio direto, passando o chefe de Estado a ser eleito por um colégio
eleitoral restrito
No rescaldo das eleições, o bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes escreve uma dura
carta a Salazar, em que denuncia a miséria do povo e a falta de liberdades cívicas.
A má imagem que, deste modo, o regime projeta no estrangeiro reforça-se com o exílio
de Humberto Delgado e o apresamento do navio português Santa Maria, tomado de
assalto, a 22 de janeiro de 1961, por um comando revolucionário encabeçado por
Henrique Galvão, em pleno mar das Caraíbas.
O marcelismo
Nos primeiros meses de mandato, o novo governo (Marcelo Caetano) dá sinais de
abertura, que enchem de esperanças os opositores políticos: faz regressar do exílio
algumas personalidades, como o bispo do Porto e Mário Soares, modera a atuação da
polícia política, ordena o abrandamento da Censura, abre a União Nacional a
sensibilidades políticas mais liberais.
Foi neste clima de mudança, que ficou conhecido como “primavera marcelista”, que se
prepararam as eleições legislativas de 1969.
Para as listas da União Nacional são convidadas personalidades liberais, como Pinto Leite,
Miller Guerra, Sá Carneiro ou Pinto Balsemão. Em conjunto, formarão, na Assembleia, o
grupo conhecido por “ala liberal".
Esta teoria, conhecida como lusotropicalismo, serviu, nos anos 50, para individualizar a
colonização portuguesa, retirando-lhe o carácter opressivo que assumia no caso das
outras nações.
No campo jurídico, opta-se por eliminar as expressões colónia e império colonial de todos
os diplomas legais. Em 1951, revogou-se o Ato Colonial e inseriu-se o estatuto dos
territórios por ele abrangidos na própria Constituição Portuguesa. Por outras palavras,
Portugal deixou legalmente de ter colónias.
A luta armada
Apesar de todos os esforços, o governo português não e conseguiu contrariar, os ventos
de mudança que sopravam sobre África.
Em Angola, em 1955:
• surge a UPA (União das Populações de Angola), liderada por Holden Roberto,
que, sete anos mais tarde, se transforma na FNLA (Frente Nacional de Libertação
de Angola);
Abriram-se assim três frentes de combate, que exigiram dos portugueses um sacrifício
desproporcionado: o país mobilizou 7% da sua população ativa (algo que só foi
ultrapassado por Israel e deixa a Guerra do Vietname a um nível cinco vezes inferior) e
despendeu, na Defesa, 40% do Orçamento Geral do Estado.
Em treze anos de combates pereceram cerca de 8000 portugueses e mais de 100 000
ficaram feridos ou incapacitados.
Grupo III
O Movimento das Forças Armadas
Foi este sentimento que induziu o general Spínola a publicar Portugal e o Futuro, e foi
igualmente este sentimento que transformou um movimento de oficiais -o Movimento
dos Capitães, iniciado por meras questões de promoção na carreira-no movimento
revolucionário que derrubou o Estado Novo.
Face a estas posições, que conhecia, e ao impacto do livro de Spínola, Marcello Caetano
convoca os oficiais generais das Forças Armadas para uma sessão solene em que seria
reiterada a sua lealdade ao Governo.
Costa Gomes e Spínola não compareceram à reunião (14 de março), sendo, no mesmo
dia, exonerados dos seus cargos.
Operação "Fim-Regime"
A operação "Fim-Regime" do Movimento das Forças Armadas decorreu sob a
coordenação do major Otelo Saraiva de Carvalho, de acordo com o plano previamente
definido: depois da transmissão, pela rádio, das canções-senha (E Depois do Adeus, de
Paulo de Carvalho, cerca das 23 horas, e Grândola, Vila Morena, de Zeca Afonso, hora e
meia mais tarde), as unidades militares saem dos quartéis para cumprirem, com êxito, as
missões que lhes estavam destinadas: ocupação das estações de rádio e da RTP, controlo
do aeroporto e dos quartéis-generais das regiões militares de Lisboa e do Norte, cerco
dos ministérios militares do Terreiro do Paço, entre outras.
Valeu, nesta altura, o sangue-frio de Salgueiro Maia, que não autorizou os seus homens a
abrir fogo, decidindo, corajosamente, parlamentar com o inimigo coube também a
Salgueiro Maia dirigir o cerco ao Quartel do Carmo, onde se tinham refugiado o
presidente do Conselho e outros membros do Governo.
Apesar dos insistentes pedidos para que, por razões de segurança, a população civil se
recolhesse em casa, a multidão acorrera às ruas em apoio aos militares, a quem distribuía
cravos vermelhos.
Praticamente, só a polícia política resistia ainda. Render-se-ia na manhã seguinte, não sem
provocar (por disparos sobre a população civil que se manifestava junto da sua sede, em
Lisboa) os únicos quatro mortos da "Revolução dos Cravos".
A facilidade com que o regime autoritário caiu às mãos do seu próprio exército é a prova
evidente do anacronismo e total isolamento em que tinha mergulhado a vida política
portuguesa.
No próprio dia da revolução, Portugal viu-se sob a autoridade de uma Junta de Salvação
Nacional, constituída por acordo entre o MFA e a hierarquia das Forças Armadas.
O MFA comprometeu-se, igualmente, a passar o poder para as mãos dos civis, definindo
o prazo máximo de um ano para a realização de eleições constituintes.