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Notas do Dicionário de Narratologia de Carlos Reis e Ana Cristina M.

Lopes

Narração:

1. ENUNCIAÇÃO/VOZ
Apesar da polissemia que afeta a palavra, adotaremos a aceção segundo a qual a
narração é o “processo de enunciação narrativa” em ligação direta com a “enunciação”
e com o âmbito de análise que Genette designou como “voz”

2. SHOWING/TELLING
“No quadro de um debate originado pela ficção narrativa jamesiana, P. Lubbock
postulava as vantagens artísticas de uma técnica de representação dramatizada
(showing) que levava o romancista a “mostrar” mais do que a narrar: “a arte da ficção
só começa quando o romancista entende a sua história como algo a ser mostrado,
exibido de tal modo que a si mesmo se contará” (Lubbock 1939: 62). A verdade, porém,
é que o narrador acaba muitas vezes por manifestar a sua presença quando,
aumentando a distância (v) em relação à diegese, opera uma narração (telling) que
manifesta, resume, elide, etc) a história; e nesta narração entra já a implicação subjetiva
do narrador e com ela, indiretamente, as circunstâncias que envolvem o processo
narrativo”

3. FICCIONALIDADE
“Entendida como ato e processo de produção do discurso narrativo, a narração envolve
necessariamente um narrador enquanto sujeito responsável por esse processo. Daqui
se infere que, do ponto de vista da narratologia, a narração integra-se no mesmo campo
da ficcionalidade em que aquela entidade se insere e com ela o universo diegético
representado, não se confundindo, pois, com a criação literária atribuída ao leitor
empírico. “

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