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Brecht declara, como dogma, que o mundo é dominado pelo espírito, portanto é possível: 1.
compreendê-lo; 2. representá-lo; 3. explicá-lo; que essa apreensão passe pelas palavras.
Implica a existência de uma verdade fora do palco, que polariza e justifica não somente o
andamento da ficção cênica, mas ainda o conjunto do processo artístico. Supõe um ponto de vista
considerável sobre a história, e a possibilidade de uma atitude de supremacia para pensá-la. Nós estamos
na ordem da lei, a expressão é de Baudrillard, em oposição àquela da regra.
Como tal, o distanciamento brechtiano aparece menos como uma teoria da interpretação que
como uma teoria da representação. Ele permanece encerrado na clausura de uma representação da qual
Derrida mostrou o inevitável desvio. O que nos autoriza a dizer que, longe de romper totalmente com a
teoria aristotélica da cena, Brecht é seu último grande representante.