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CAC
PERÍODO LETIVO (SEM/ANO): 2 /2021
DEPARTAMENTO DE ARTES
Voz e Movimento 1
Profª Drª : Rose Mary Martins
MONITORES: Fábio Carneiro da Silva
(Concene às obras derivadas das tragédias e “alta comédia”. Depois de estabelecer nexos contextuais com relação ao
autor da obra)
1. Idéia Central:
A semelhanças de um prefácio, último aspecto a ser considerado. Neste item, considerar, denoto crítico, as
possíveis motivações do autor na produção do texto.
2. Conflito Principal:
Embate de vontades sem o qual, a obra que se toma como referência, não existiria.
Ex: Em Romeu e Julieta os embates entre Montecchiro e Capulleto.
7. C.f Renata PALLOTTINI. Introdução à Dramaturgia. São Paulo Brasiliense 19…, col. Primeiros
Renata Pallottini nasceu em São Paulo, capital, em 20 de janeiro de 1931, cidade na qual
realizou seus primeiros estudos. Cursou e formou-se em direito pela Universidade de São
Paulo? USP? e em filosofia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC). Posteriormente,
iniciou seus estudos de teatro nos cursos livres da Sorbonne Nouvelle, em Paris, em 1959,
sendo que, ao retornar para o Brasil, ingressa na Escola da Arte Dramática de São Paulo
(EAD) em 1961. Atualmente, é professora aposentada da Escola de Comunicações e Artes
(ECA) da USP, onde ministra aulas nos cursos de pós-graduação. Além disso, doutorou-se
pela ECA em 1982. Dentre sua produção, Pallottini escreveu diversos trabalhos para o teatro
e a televisão? Vila Sésamo, Malu Mulher e Joana? e publicou vários livros de poesia e prosa?
dentre estes, inclusive peças de teatro e ensaios. Dentre os livros publicados, destacam-se
A Lâmpada (1960); O Exercício da Justiça (1962); O Crime da Cabra (1965); Pedro Pedreiro;
O Escorpião de Numância (1967); A História do Juiz (1957); Serenata Cantada aos
Companheiros (1976); Colônia Cecília (1984); Enquanto Se Vai Morrer (1972); Coração
Americano (1976); chão de Palvras (1977); Noite afora (1978); e Obra Poética (1995).
Ademais, Pallottini também tem significativa atuação na área da tradução, já tendo traduzido
as obras Hair, de James Rado e Gerome Ragni, Godspell, de John Mitchell Tebelak, A Vida
é um Sonho, de Calderón de La Barca, Divinas Palavras, de Ramón del Valle-Inclán, Cidade
Invisíveis, de Ítalo Calvino, e textos de Frederico García Lorca.
A obra O que é dramaturgia, da dramaturga paulista Renata Pallottini, foi publicada em 2005
e é dividida em 7 capítulos (Prefácio? A dramaturgia como teoria; afinal, o que é dramaturgia;
Ação dramática e conflito; Teatro épico e dramática rigorosa; Análise de um texto do teatro
épico; Conclusões; Indicações para leitura). Na verdade, esse texto consiste em uma
retomada e em uma espécie de reconfiguração de trabalho anterior da autora, publicado pela
mesma editora (Brasiliense), intitulado Introdução à Dramaturgia, que é a própria tese de
doutorado de Pallottini.
Dessa forma, Pallottini apresenta em O que é dramaturgia o cenário histórico-teórico da
dramaturgia, perpassando por teorias que buscaram estudar, conceituar e explicar o drama
e seus elementos, possibilitando, assim, conceituá-lo enquanto um ato de criação, um poder
criativo que essencialmente não é regido por códigos ou padrões estabelecidos, mas sim por
meio de uma relação dialética entre a imaginação e o mundo real. Entretanto, apesar de não
ser possível estabelecer um rígido código de normas cênico-literárias, elas ainda assim
existem, posto que diversos teóricos? a exemplo de Aristóteles, em sua Arte Poética, Hegel
e Boal? buscaram postular leis do drama, as quais possuem papel fundamental a uma
compreensão mais ampla e completa do que seja o fenômeno dramático.
A esse respeito, Fernando Peixoto (apud Pallottini, 2005, p. 10) afirma que:
Só deste modo a ação aparece como ação, isto é, como realização efetiva de intenções e de
fins; intenções e fins com os quais o indivíduo se confunde como parte integrante de si mesmo
e que, por conseguinte, também devem aderir antecipadamente a todas as consequências
exteriores da sua realização. O indivíduo dramático recolhe os frutos dos próprios atos.
Hegel também comenta a respeito da relação existente entre o drama, o épico e o lírico,
destacando que a compreensão do drama comporta a união mediata do princípio épico e do
princípio lírico. Complementando, segundo Anatol Rosenfeld, o gênero dramático estaria
entre o épico e o lírico, uma vez que reúne a objetividade (da externalização da ação) da
epopéia com o subjetivismo (de exposição de sentimentos e razões morais) da lírica.
Entretanto, para Hegel, a Dramática é superior à Lírica e à Épica.
Hegel afirma que a finalidade da ação só é dramática se produzir outros interesses e paixões
opostas: encontra-se aí, de modo expresso, o princípio do conflito, que é conceituado por
Pallottini (2005, p. 31) como "uma ação, desencadeada por uma vontade, que tem em mira
um determinado objetivo que colide com interesses e paixões"? logo, vontades contrapostas.
O conflito é, pois, um elemento essencial à ação dramática.
Por fim, a autora apresenta o pensamento hegeliano da progressão e do interesse
dramáticos. A progressão dramática consiste no próprio curso da peça até o seu momento
final, que é alcançado após toda a caminhada da ação dramática e do(s) conflito(s)
correspondente(s) (dinâmica do conflito). O interesse dramático, por sua vez, só nasce a partir
do conflito entre os objetivos/intenções das personagens. É a partir do conflito dramático que
poderá ser observado o que se chama de interesse dramático: diferentes interesses colidindo
em virtude da existência de vontades contrapostas.
Após dissertar exaustivamente acerca da ação dramática, Pallottini comenta a respeito dos
métodos de análise dramatúrgica do texto cênico, quais sejam: o método indutivo e o método
dedutivo. O primeiro refere-se àquele que parte da indução, do particular ao geral? a partir
da observação de diversos fatos, se extrai uma regra baseada no empirismo da pesquisa?
diretamente relacionado aos sentidos. É desse método de análise de que se vale a Poética
de Aristóteles. O segundo método, a se turno, concerne justamente ao oposto do primeiro,
isto é, parte da dedução, do geral ao particular? a conclusão deriva de premissas (maior e
menor) e baseia-se no silogismo. Bertold Brecht se utiliza desse método de análise dramática.
Basicamente, Renata Pallottini preocupou-se em apresentar em sua obra O que é
dramaturgia um percurso histórico das teorias do drama, bem como os seus elementos mais
essenciais, os quais podem ser resumidos na própria ação dramática e no conflito englobado
por ela? conforme devidamente dissertado na presente resenha.