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Análise do rosto

Apresentação
O rosto é a morada de uma identidade. Embora todo o corpo passe informações por meio da
linguagem visual, o rosto é especialmente o ponto com maior evidência da personalidade. Ele
contém informações completas sobre como cada pessoa é, age e pensa, incluindo características de
comportamento tanto positivas quanto negativas. A composição da imagem pessoal tem o poder
de evidenciar o lado positivo do indivíduo, beneficiando-o de diversas formas. Contudo, se mal
construída ou baseada em padrões estéticos, pode fatalmente revelar suas fraquezas, o que
implicará da mesma forma no seu comportamento. Em uma situação em que o indivíduo se olha no
espelho e não se reconhece, é um assunto grave e, em alguns casos, manifestam-se doenças.
Felizmente, é possível auxiliar as pessoas a melhorarem sua autoestima e sua comunicação visual
para que, assim, ganhem força e motivação ao seguirem com os desafios de suas vidas e
aproveitarem os momentos bons com mais entusiasmo.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você entenderá como funciona a linguagem visual e como esta
forma de comunicação primitiva está relacionada com os traços do rosto. Verá, também, sobre os
novos conceitos de beleza e harmonização pessoal, a partir de informações baseadas na atual e
nova Era da beleza.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Descrever a imagem visual sobre os formatos da face.


• Identificar a composição harmônica e atrativa da imagem facial.
• Relacionar os temperamentos à análise do rosto.
Infográfico
Como construir uma imagem harmônica e atrativa? É importante reforçar que a beleza está
baseada na harmonia e não na simetria. Portanto, não adianta a pessoa ficar esteticamente bonita
se sua essência não está em harmonia com a imagem que ela está revelando. O externo tem que
estar obrigatoriamente em consonância com o interior. E isso não exige regras, e sim
muita sensibilidade.

Veja, no Infográfico a seguir, os passos que podem auxiliar você na formulação de um atendimento
voltado para a construção de uma beleza autêntica e sustentável.
PASSO 1 I Remodele o atendimento
0 ritmo necessario para a construc;:ao de uma
imagem personalizada nao se encaixa em padr6es de
atendimento de 30 em 30 minutes, muitos assistentes
e pouco dialogo. A partir do memento em que se
decide trabalhar com personalizar;ao de imagens
pessoais, das mais variadas formas, deve ocorrer,
nesse momento, uma ruptura completa de diversos
valorese metodos anteriormente praticados.

Sera precise atender o cliente com o corac;ao tao quanto se atende com as tesouras, pinceis
ou outras ferramentas de execuc;ao. Sera necessario mergulhar, pelo tempo do atendimento,
no mundo do cliente.

PASSO 21 Escute o cliente


Ouc;a a hist6ria do cliente e qua!e o seu estilo de vida, mas, principalmente, conhec;a seus
prop6sitos, dificuldades e objetivos. Essa definic;ao sera a func;ao do trabalho a ser realizado.
Assim como disse Louis Sullivan, a forma seguea fun cio. Entao, antes de pensar em uma
soluc;ao estetica para alguem, e necessario e indispenscivel que seja entendida a fun o.oou
o prop6sito pessoal. Observe e decida aqui os temperamentos-objeto, aqueles que definirao
essa func;ao.

PASSO 3 I Observe o cliente


Observe o rosto do cliente. As linhas, as express6es, as
feir;oes dos olhos, o nariz, a testa,a boca, o queixo, os
dentes. Tente ter uma viscio personallzada que possa
ser considerada um conceito geral. Observe a
influencia geral dos linhas do rosto, que revelam
informac;oes sobre a tendencia de comportamento
dessa pessoa.

Defina o temperamento natural, ou seja, aquele temperamento que e mais influente em


relac;ao ao temperamento geral (lembrando que as pessoas sao uma mistura dos quatro
temperamentos em diferentes proporc;oes).

PASSO 41 Reflita sobre o caso


Conecte o temperamento natural com o temperamento objetivo, observe os tra os do rosto
e as linhas, reflita sobre o que a cliente relatou no inicio da conversa e trace um objetivo.

PASSO 5 I Crie soluc;oes

Conte com soluc;oes criativas e despadronizadas;


nao siga a moda OU as tecnicas que voce acaba de
conhecer; pense criativamente e encontre solu oes
autenticas e em consondncia com os principios da
linguagem visual. O que voce precisa aqui e definir
quais linhas precisam ser evidenciadas e quais
precisam ser equilibradas para chegar a uma
comunicac;ao em sintonia com o objetivo/func;ao
daquele trabalho de construc;ao de imagem.

PASSO 6 I Equilibre e revele


Utilize as tecnicas e as ferramentas que voce tiver
disponivel para equilibrar/harmonizar ou ressaltar
os formatos, de acordo com a intenc;ao do cliente.
Nao e uma regra! Ha milhares de soluc;oes. o quevoce
precisa ter cuidado e em executor seu atendimento
sempre tendo emvista o que sera born para o cliente,
sem ser influenciado pelo que voce gosta ou nao.

PASSO 7 I Forme um time


Trabalhe em conjunto com outros profissionais.A construr;ao da imagem pessoal nao e um
processo a ser realizado por somente um profissional. Q.uando se criauma rede de atendimento,
e possivel atender o cliente como um todo, em 360°. 0 cabeleireiro, o maquiador, o designer, o
dentista, o terapeuta, o coach, o esteticista, o cirurgiao plastico. A uniao do know-how de todos,
a aplicac;ao ea construc;ao de uma beleza global, de dentro para fora e de fora para dentro, ea
energia que essa rede cria para quern procura por esses profissionais e algo muito poderoso.

PASSO 8 I Acompanhe e ftdelize


Mantenha um acompanhamento ao cliente. A beleza
nao e algo eternamente sustentavel. A personaliza do,
somada ao manifesto criativo, e o conhecimento
da linguagem visual permitem obter muito mais
chances de sucesso no resultado, ou seja, o cliente
ficara satisfeito e certamente voltara, porque sentira
que foi transformado de alguma forma.

Sendo assim, quando o profissional acerta na construc;ao da imagem, o resultado e certeiro e


ele fideliza o cliente, que se encontra no espelho, e isso tern muito valor para ele. Entdo, e certo
que ele voltarci.
Conteúdo do livro
De acordo com Philip Hallawel, "o estudo do visagismo está relacionado a conhecimentos de
quatro áreas de estudo científico: a linguagem visual (criação de uma imagem para comunicar uma
ideia), a psicologia (estudo dos fenômenos psíquicos e do comportamento do ser humano por
intermédio da análise de suas emoções, suas ideias e seus valores), a ciência cognitiva (estudo
interdisciplinar da mente e da inteligência) e a antropologia (ciência que estuda o homem em
sociedade, as culturas humanas, os comportamentos e os costumes sociais)".

No capítulo Análise do rosto, da obra Visagismo, você entenderá como funciona a linguagem visual
e como ocorre a percepção da personalidade por meio dessa comunicação primitiva sobre as partes
do rosto. Verá, também, talvez pela primeira vez, como é absolutamente necessário remodelar a
forma de trabalhar com base na nova consciência do século XXI, focada em despadronização e
quebra de toda e qualquer ideia pré-formada.

Boa leitura!
VISAGISMO

Audrey Slomp
Análise do rosto
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

■ Descrever a imagem visual sobre os formatos da face.


■ Identificar a composição harmônica e atrativa da imagem facial.
■ Relacionar os temperamentos à análise do rosto.

Introdução
A análise do rosto baseia-se na imagem visual, identificando traços úni-
cos e característicos de quatro temperamentos, os quais levarão a uma
arquitetura facial. Esta poderá ser mais ou menos atrativa, refletindo
sua imagem visual. Neste capítulo, você aprenderá sobre a percepção
da personalidade por meio da comunicação do rosto a partir de uma
despadronização.

Imagem e linguagem visual


Quando observamos uma imagem — seja ela uma pessoa, um animal,
um objeto ou um rosto —, ocorre, nesse momento, um processo cerebral.
Ao observá-la, os símbolos arquétipos presentes em sua estrutura são per-
cebidos pelo sistema visual e, então, reconhecidos pelo tálamo, que, por sua
vez, dispara os sistemas cerebrais responsáveis pela produção de emoções e
sentimentos. Somente depois de as estruturas arquetípicas serem convertidas
em sensações emocionais é que o córtex cerebral entra em cena, processando
essa imagem de forma racional (HALLAWELL, 2010b). Na Figura 1, é possível
visualizar o processo cerebral em relação à imagem e à linguagem visual.
2 Análise do rosto

Confiança
Medo
Alegria
Simpatia
Antipatia

Figura 1. Processo cerebral simplificado de captação e tradução de imagem em sentimento.

Portanto, antes de entendermos algo ou alguém como físico, já o sentimos


previamente no âmbito da emoção, criando uma espécie de pré-conceito,
que pode ser positivo ou negativo, dependendo de como foi a comunicação
visual, mesmo antes de estar consciente da imagem. Essa comunicação está
relacionada com os símbolos arquetípicos, ou arquétipos, nos quais somos
fluentes desde que viemos a este mundo. Não é necessária uma alfabetização
para entendê-los, nem grandes esforços. Todavia, certamente, a percepção
visual se torna muito mais refinada ao longo da vida se houver estímulos dessa
capacidade visual na infância e no decorrer da vida, propiciando então, um
bom desenvolvimento da inteligência visual.

Símbolos arquétipos
A comunicação visual é simples e inconsciente, ocorrendo naturalmente, e
funciona em relação a tudo e a todos, a todo momento que estamos utilizando
nosso sistema visual. O corpo está se comunicando, nosso rosto está se co-
municando, nosso cabelo está se comunicando, até o cachorro ou um objeto
qualquer estão se comunicando com você pela linguagem visual.
Análise do rosto 3

Toda e qualquer imagem é composta por linhas, formas e cores, símbolos


arquétipos que são compreendidos e convertidos em emoções dentro de nosso
sistema visual e cerebral, possibilitando, posteriormente, que entendamos a
imagem como algo físico (HALLAWELL, 2010b).
Cada paisagem mostrada na Figura 2 reflete um tipo de emoção, de acordo
com as linhas mais evidentes de sua construção visual, listadas a seguir.

■ Linhas retas verticais: nos transmitem a sensação de poder, força, es-


trutura e elegância, assim como as formas compostas por essas linhas,
como, por exemplo, o retângulo de lateral longa. As linhas em excesso
na composição da imagem podem pesar visualmente e transparecer
intolerância, inacessibilidade, autoritarismo (HALLAWELL, 2010b).
■ Linhas inclinadas: desencadeiam diferentes percepções, como leveza e
extroversão, ao passo que algumas formas inclinadas passam sensações
negativas de introversão, quando inclinadas para dentro, e agressividade,
quando direcionadas para a frente, como uma espada (HALLAWELL,
2010b).
■ Linhas ondulares: podem remeter a diversas sensações, entre elas paz,
calma, sensualidade, romantismo, reflexão, dependendo do formato das
ondas. Essas linhas, quando muito entranhadas, podem gerar emoções
conturbadas, devido ao seu próprio movimento, que pode lembrar
um labirinto; no entanto, quando entrelaçadas, são infantis e lúdicas
(HALLAWELL, 2010b).
■ Linhas retas horizontais e linhas arredondadas: inspiram segurança,
estabilidade e conforto. Estão relacionadas também com as formas
em movimento constante, como, por exemplo, o círculo e o quadrado.
São estruturas sem energia, devido à sua composição de linhas, que
não promove nenhum tipo de movimento. Portanto, podem se tornar
cansativas e entediantes (HALLAWELL, 2010b)
4 Análise do rosto

(a) (b)

(c)

(d)

Figura 2. (a) Paisagem com linhas verticais; (b) com linhas inclinadas; (c) com linhas ondu-
ladas; (d) com linhas horizontais.
Fonte: (c) Hadid (2013, documento on-line).

Cores e o que significam


As cores também são símbolos arquétipos. Embora não tenham o mesmo peso
que as linhas, as cores também passam uma mensagem que influenciará a
compreensão e sintetização da emoção através da linguagem visual.

Forma e função
“A forma segue a função” (Louis Sullivan)

Esta é a máxima da arquitetura, que pode ser levada para qualquer área de
atuação profissional, significando que é preciso pensar anteriormente para
que ou para quem uma solução visual serve, qual será a sua função e somente
depois pensar no que será bonito ou esteticamente agradável. Essa descoberta
está totalmente relacionada à linguagem visual (HALAWELL, 2010b).
Análise do rosto 5

Há residências esteticamente maravilhosas, mas desconfortáveis; escritórios


deslumbrantes, mas nada funcionais; talheres elegantes, mas difíceis de serem
utilizados; e há, também, cortes de cabelos, maquiagens, roupas e cosméticos
que estão na moda, mas, mesmo modernos, às vezes não são adequados ao
propósito de quem os usa e passam uma mensagem errada sobre a pessoa. Por
exemplo, uma médica que deseja passar credibilidade aos seus pacientes pode
ficar linda com cabelos esvoaçantes, mas, na atuação da profissão, não despertará
muita confiança em sua competência, pois passará a imagem de uma mulher
sensual e romântica. Portanto, é preciso pensar primeiro na função, visto que
esta determinará como a imagem deve ser criada para ser adequada e bela.

Rosto e linguagem visual


A linguagem visual está presente em todos os momentos e age sobre todo e
qualquer elemento visível. Assim, é possível afirmar que esta também age sobre
nós, principalmente sobre o rosto, uma vez que o seu rosto é você — para si
mesmo e para os outros. Reconhecemo-nos pelo rosto e, inconscientemente,
atribuímos por meio dele valores e sentimentos, sensações positivas e negati-
vas. Muito mais do que reconhecimento físico, o rosto é o espelho do ser que
habita seu interior e revela, mesmo que inconscientemente, boa parte de sua
personalidade, por meio dos símbolos arquétipos presentes na face (HALLA-
WELL, 2010b). Na imagem de uma pessoa colérica, observa-se uma evidência
de linhas retas verticais; um perfil forte, determinado, combatente (Figura 3).

Figura 3. Imagem de pessoa colérica.


Fonte: O Sul ([20–?], documento on-line).
6 Análise do rosto

Os coléricos são pessoas determinadas, objetivas, explosivas. Gostam de


desafios e são muito intensas. Não desejam ser o centro das atenções, mas
apreciam dominar as situações. É uma pessoa muito franca e direta, podendo
ser ríspida e rude. O formato do rosto normalmente é retangular, com queixo
pronunciado, mas pode ser também hexagonal, de base reta ou triangular. Os
traços são marcantes e fortes, e sua cor é o vermelho, quente, e seu elemento,
o fogo (HALLAWELL, 2010a, 2010b). Em um indivíduo com características
melancólicas, há maior traços de linhas onduladas, com perfil organizado,
metódico, perfeccionista (Figura 4).

(a) (b)

Figura 4. (a) Imagem de pessoa melancólica científica; (b) pessoa melancólica artística.
Fonte: Adaptada de (a) Biography.com (c2019); (b) Teixeira (2009).

Trata-se de uma pessoa sensível, mas que não demonstra grande entu-
siasmo. É discreta e disciplinada. Respeita as pessoas e procura nunca ser
inconveniente ou intrometido. Na maioria das vezes, é tímida, quieta e retirada.
Em geral, o rosto é oval, e os traços são delicados. Estas linhas expressam
lirismo e delicadeza, porém podem revelar um temperamento excessivamente
exigente e arrogante. A cor que representa esse temperamento é o azul, frio,
e seu elemento é a terra, rígida e segura (HALLAWELL, 2010a, 2010b).
A imagem de uma pessoa sanguínea destaca-se pela maior presença de linhas
inclinadas, um perfil dinâmico, comunicativo, jovial (Figura 5).
Análise do rosto 7

Figura 5. Imagem de pessoa sanguínea.


Fonte: Menezes (2018, documento on-line).

A pessoa com essa imagem gosta de marcar presença e ser o centro das
atenções. Sua criatividade é ilimitada e seus movimentos são rápidos e ener-
géticos. É audaciosa, gosta de aventuras e de objetos luminosos e brilhantes.
Interage muito bem com as pessoas, porém pode revelar grande dificuldade de
se concentrar nas conversas. O rosto tem formatos angulares, como losangular
e hexagonal de lateral reta. Gosta de lugares abertos e ventilados e precisa de
espaço. Sua cor é o amarelo, energético e quente, e seu elemento é o ar, leve
e transparente (HALLAWELL, 2010a, 2010b). Em indivíduos fleumáticos,
evidenciam-se linhas circulares e quadradas, cujo perfil é amigável, tranquilo,
que não entra em conflitos (Figura 6).
8 Análise do rosto

Figura 6. Imagem de pessoa fleumática.


Fonte: Tudo Ela (2018, documento on-line).

O fleumático raramente demostra grandes emoções, mas é bastante diplo-


mático e procura agradar a todos. Não gosta de confrontos, prefere ser liderado,
pois se sente bem quando todos estão bem. Desapegado de coisas materiais,
compartilha o que tem, é leal e confiável. A segurança e o conforto são suas
motivações, portanto, essas pessoas podem ter também poucas ambições. São
resistentes a mudanças e pouco criativos. Os fleumáticos se importam muito
pouco com a aparência e tem os movimentos lentos. Seu rosto é normalmente
redondo ou quadrado, ao passo que a cor que o representa é o roxo, frio e
espiritual, e o elemento que o representa é a água, fluida e amorfa (HALLA-
WELL, 2010a, 2010b).

Os quatro temperamentos
Nascido em 460 a.C., Hipócrates, considerado o pai da medicina, criou a teoria
dos quatro temperamentos. Philip Hallawell, em 2009, uniu os estudos do
visagismo e da linguagem visual a essa classificação de temperamentos. Ele
acreditava que a imagem do rosto e a imagem interna que uma pessoa tem de
si mesma, quando em equilíbrio, é algo essencial para que haja saúde mental,
emocional e física, elevando sua autoestima e autoconfiança.
Análise do rosto 9

Pode-se, então, concluir que é de suma importância que toda alteração


estética, principalmente próxima à face, seja ela permanente ou temporária,
deva ser proposta com base na linguagem visual e na compreensão do tempe-
ramento do cliente com base nos traços de seu rosto e, ainda, na sua intenção/
propósito. O Quadro 1, a seguir, apresenta uma relação de linguagem visual
com base na compreensão dos temperamentos das pessoas de acordo com os
traços de seus rostos.

Quadro 1. Linguagem visual e compreensão do temperamento com base nos traços do


rosto

Tempe- Linhas Formatos


Outros formatos
ramento principais de rosto

Sanguíneo Inclinadas Diagonais Região frontal ou testa


Dinâmico, Hexagonal inclinada: pensamentos
energético, de lateral ligeiros, pode ser impulsivo.
criativo reta: per- Sobrancelhas arqueadas:
sonalidade leveza. Se muito arqueadas,
dinâmica agressividade.
e forte. Olhos amendoados: alegre,
Losangular/ não guarda rancor, mas pode
diamante: mudar rapidamente de humor.
perso- Nariz proeminente,
nalidade arrebitado: curiosidade,
dinâmica e coragem e criatividade.
equilibrada. Bocas largas, expressivas, cantos
Triangular levantados: extroversão e alegria.
invertido: Dentes triangulares/linha
perso- incisal inclinada: facilidade
nalidade de se comunicar.
dinâmica Região mentual ou queixo
e instável. triangular invertido,
pontudo: flexível, às vezes
indeciso (HALLAWELL, 2009;
HALLAWELL, 2010).

(Continua)
10 Análise do rosto

(Continuação)

Quadro 1. Linguagem visual e compreensão do temperamento com base nos traços do


rosto

Tempe- Linhas Formatos


Outros formatos
ramento principais de rosto
Colérico Verticais Regulares Região frontal ou testa/
Tempe- Retangular: retangular: facilidade na tomada
ramento personali- de decisões, pode ser teimoso,
forte, dade forte acredita em seus pensamentos.
masculino, e estável Sobrancelhas retas/grossas/bem
persistente Triangular: definidas: força e determinação.
perso- Olhos retos, grandes: passional, leal.
nalidade Nariz grande, largo:
dinâmica e competitivo, persistente.
persistente. Boca grande, lábios carnudos:
franqueza e sensualidade.
Dentes tetangulares:
comunicação objetiva.
Região mentual ou
queixo reto, projetado:
impõe a própria vontade,
determinado (HALLAWELL,
2009; HALLAWELL, 2010).
Melancó- Verticais Finos Região frontal ou testa alta/
lico cien- longas, Retangular reta: intelectual, poder
tífico curvas para fino: de concentração.
Tempe- baixo controle e Sobrancelhas curvadas para baixo:
ramento estrutura. carência, sensação de tristeza.
organizado, Olhos curvos para baixo:
metódico, ansiedade, pode ser
racional pouco otimista.
Nariz longo, fino, aquilino,
curvos para baixo (ponta):
nobreza, discrição.
Boca com lábios finos,
curva para baixo (cantos):
discreto, pouco emotivo.
Dentes retangulares finos,
linha incisal curva para baixo:
objetivo e pragmático.
Região mentual ou queixo reto,
retraído: determinado, porém
evita conflitos (HALLAWELL,
2009; HALLAWELL, 2010).
(Continua)
Análise do rosto 11

(Continuação)

Quadro 1. Linguagem visual e compreensão do temperamento com base nos traços do


rosto

Tempe- Linhas Formatos


Outros formatos
ramento principais de rosto

Melancó- Ovais Delicados Região frontal ou testa alta/curva:


lico ar- Oval: frágil, sensível, reflexível, ansioso.
tístico feminino, Sobrancelhas curvas:
Tempe- suave. suavidade, inocência.
ramento Coração: Olhos pequenos e arredondados:
suave, linhas sensível e romântico.
delicado, ondulares Nariz pequeno, proporcional:
emocional e linhas delicado e detalhista.
inclinadas. Boca pequena, lábios desenhados:
sensibilidade apurada.
Dentes ovais, retraídos:
comunicação suave.
Região mentual ou queixo
ovalado, retraído: flexível,
pode ser submisso.

Fleumático Largos
Redondo: Quadrado:
segurança e determi-
constância nação e
constância.
Redondo:
segurança e
constância.

Fonte: Adaptado de Hallawell (2010a, 2010b).

Em relação às características faciais, é importante percebermos que não


é possível ser criado um padrão de formatos e, com isso, uma regra que caiba
exatamente para alguém. Cada indivíduo neste mundo tem formatos e tempe-
ramentos únicos. Por isso, é necessário refinar as suas habilidades, misturando
os temperamentos que influenciam em certa parte do rosto.
12 Análise do rosto

Alguém com um nariz arrebitado e pequeno, além de ser sanguíneo (arrebitado),


também é melancólico artístico (pequeno). Ou, ainda, alguém com uma boca grande
e lábios finos é tão colérica quanto melancólica científica.

Linguagem visual, rosto e temperamentos


William Shakespeare, em sua peça teatral Macbeth, ato 1, cena 5, escrita
entre 1603 e 1607, disse: “Seu rosto, meu companheiro, é um livro onde
podemos ler assuntos estranhos”.

Pense, nesse momento, em alguém famoso que você não conhece pessoalmente.
Com certeza surgirá seu rosto em sua mente, mas dificilmente o seu corpo. O
rosto dessa pessoa lhe transmite sensações e o faz sentir emoções positivas,
como simpatia, alegria, admiração, ou negativas, como desprezo, rejeição.
Nosso rosto — nossa identidade — é dividido em 5 áreas (Figura 7).

Intelecto: como pensamos


Emoção: como nos emocionamos
Ação: como agimos
Intuição e comunicação: se somos
intuitivos e como nos comunicamos
Vontade: como lidamos com nossas
vontades e desejos

Figura 7. Partes do rosto.


Análise do rosto 13

A região frontal, ou testa, representa o intecto, como funciona nossa mente


e como é o ritmo de nossos pensamentos. Os olhos representam a emoção,
ou seja, como somos afetados pelos impulsos emocionais que recebemos a
todos os momentos (HALLAWELL, 2010b). As sobrancelhas, por sua vez,
são elementos de transição entre intelecto e emoção, portanto, dizem respeito
à personalidade intelecto-emocional. Elas têm um peso muito representativo
em relação à percepção da personalidade. Com base nos princípios básicos
da linguagem visual, existe um mar de diferença entre a expressão de uma
sobrancelha fina e da mesma sobrancelha na versão grossa, ou da arqueada
em relação à arredondada (HALLAWELL, 2010b). Na região nasal, o nariz,
identifica-se o elemento da ação, indicando como é a forma de agir e a energia
desse movimento. Já a região orbicular, ou seja, a boca, expressa a intuição,
a forma de perceber, pressentir ou acolher, com os dentes, a comunicação,
sendo o ponto focal do rosto (HALLAWELL, 2010b).
Isso pode ser comprovado por meio da espiral de Fibonacci, proposta por
Leonardo Fibonacci (1170–1250), matemático italiano de grande influência
na idade média. Essa teoria diz respeito a uma sucessão de números que,
misteriosamente, aparecem em muitos fenômenos da natureza. Os números
da sequência de Fibonacci formam a chamada “proporção áurea”, um conceito
visual muito aplicado nas artes plásticas, na arquitetura e no design, visto que
é considerada agradável aos olhos humanos (Figura 8) (HALLAWELL, 2017).

Acesse os links a seguir para saber mais sobre a sequência de Fibonacci.

https://qrgo.page.link/gx9oX

https://qrgo.page.link/v1Vbo
14 Análise do rosto

Figura 8. Sequência de Fibonacci aplicada sobre a ima-


gem de Monalisa, conduzindo o olhar do observador ao
seu vértice, próximo à boca.
Fonte: Truly (2013, documento on-line).

A região mentual, ou melhor, o queixo, representa a forma como lidamos


com nossas vontades e o nosso nível de persistência a respeito do que acre-
ditamos. Se somos suscetíveis à opinião alheia ou se encaramos leões para
defender nosso posicionamento.
O formato facial diz respeito à personalidade de uma forma geral, e é o
elemento que tem mais influência na composição da imagem do rosto e na
definição do temperamento/da personalidade individual. A arquitetura do
rosto, por ser o grande formato, aquele mais evidente, tem um peso visual
maior em relação aos outros formatos contidos na face e fala muito sobre a
personalidade em um aspecto geral (HALLAWELL, 2010b).
Análise do rosto 15

Aplicação dos conceitos de beleza


Despadronização, customização, valorização do eu. O novo conceito de beleza
do século XXI é totalmente diferente do conceito das outras épocas, em que
a repetição e a padronização eram disseminadas em massa.
Atualmente, o que as pessoas buscam é uma beleza autêntica, que revele
as características positivas do indivíduo de acordo com o seu propósito par-
ticular de vida, sem esconder completamente seus defeitos, mas que a auxilie
na aceitação da autoimagem e a encarar as situações e as adversidades com
mais coragem, ou a desfrutar da vida com mais entusiasmo.
Esse conceito evoluirá ao longo dos anos, mas jamais será modificado,
pois se trata de algo muito maior do que um simples conceito de beleza que se
conquista em uma esteira de linha de produção. Trata-se de uma experiência
visual e psicológica, pois reconhecer-se, vendo a projeção de sua própria
imagem no espelho, tem um efeito mágico.
Não importa mais ser perfeito e conquistar somente a harmonia visual. Na
realidade, a harmonia visual completa acaba por se tornar desinteressante,
pois cria um personagem enquadrado em pré-requisitos. Todos ficam, de
certa forma, iguais. E as pessoas não querem mais ser colocadas em caixas.
Elas estão desesperadas por se reconhecerem tal como são, assumirem seus
defeitos e equilibrarem a imagem, mas um equilíbrio que seja adotado de
forma inteligente e totalmente pensado para este indivíduo.

Há profissionais que utilizam seu conhecimento de forma silenciosa, ou seja, conseguem


se aprofundar mais no cliente por meio da análise da linguagem visual, mas o cliente
não sabe que está sendo analisado. Há também os casos em que a construção da
imagem se torna uma experiência à parte e é realizada no momento do atendimento.
16 Análise do rosto

Despadronização
A beleza é relativa e, realmente, está nos olhos de quem a vê. Portanto, não
podemos nos fixar em um padrão para determinar se um rosto é bonito. O
visagismo nos auxilia única e exclusivamente a encontrar harmonia para
determinado rosto, consequentemente deixando-o mais “belo” e revelando
uma identidade com propósito.
Em situações em que são usadas soluções padronizadas e pré-estabelecidas,
desenvolve-se um resultado igual para todos, sem a influência da criatividade.
Produtos idênticos, em linha de produção, devem ser padronizados para nunca
ficarem diferentes, mas quando falamos de pessoas, principalmente com a
mentalidade do século XXI, isso é algo absolutamente démodé.
Os uniformes são uma forma de padronização, visto que eles servem para
identificar profissionais em relação à companhia e ao cargo em que trabalham,
escondendo, de certa forma, as características do indivíduo como pessoa. Por
isso é tão difícil reconhecer o garçom de um restaurante que você frequenta
quando encontra com ele na rua, sem o uniforme de trabalho. Com a vestimenta
profissional, o cliente, e até mesmo o próprio colaborador, se percebe como
parte de uma empresa e desenvolvedor de uma função, e não se percebe a
pessoa em si, por trás do uniforme (SLOMP, 2018a).
Em breve, as pessoas exigirão cada vez mais serem compreendidas para
depois serem transformadas. Até os anos 80, as pessoas costumavam “pa-
dronizar-se”, ou seja, repetir o formato de certa imagem, englobando roupas,
cabelos, maquiagem e expressão corporal (cada década com suas particula-
ridades), com o intuito de transmitir, através da imagem pessoal, uma classe
social, uma tribo, uma religião ou a moda atual, sem antes considerar qual
era a personalidade da pessoa e quais eram os seus objetivos a respeito do que
ela gostaria de expressar sobre si mesma para o mundo, funcionando apenas
como um uniforme.
A admirável Glória Kalil conta que Christian Dior publicou, na década
de 1950, uma foto comercial que dizia: “Este ano a barra da saia está a 40
cm do chão”. Ficasse bem ou não, era aquele comprimento que a mulher da
época deveria usar ou estaria fora da moda e não faria parte de certa classe.
Nos dias atuais, e depois de passarmos por uma fase de transição, que
fora dos anos 1990 até a década inicial deste século, a palavra-chave passou
a ser individualidade, em que o valor do “Eu” sobrescreve toda e qualquer
classificação existente, e adquirimos de pouco em pouco a consciência de que
a imagem é uma oportunidade de demonstrar realmente quem você é, sem
ter de dizer nenhuma palavra.
Análise do rosto 17

O desafio, agora, é entender seu próprio temperamento e buscar, com a


ajuda de um profissional habilitado em visagismo, revelar o melhor de si com
harmonia, amenizar características negativas e ressaltar as características
positivas da personalidade (ou intenções) somadas a seu estilo de vida. O
conjunto final dessa imagem será uma pessoa mais segura em relação a si
mesma, com uma imagem voltada para o positivo, desuniformizada e em
harmonia (SLOMP, 2018a).

Equilíbrio
A harmonia visual é como um presente para os olhos, pois revela ordem entre
as partes, agradando e despertando uma sensação positiva e confortável,
inconscientemente, para si próprio, ao olhar-se no espelho, e para as pessoas
com quem se relaciona pessoal e profissionalmente.
A busca por essa harmonia precisa ser focada na valorização da própria
beleza e nos parâmetros estabelecidos de acordo com as necessidades e desejos,
de uma forma esteticamente harmoniosa, em que padrões de beleza ficam
completamente excluídos. Ao encontrar o ponto de equilíbrio em relação
às características naturais, aos desejos e às necessidades, é possível utili-
zar os recursos disponíveis (como cabelos, maquiagem, roupas, acessórios,
etc.) para compor uma nova imagem, harmônica, positiva e, principalmente,
personalizada.
Inconscientemente, a desarmonia gera um sentimento de “estranheza”.
Por exemplo, usar uma roupa que ressalte uma parte do corpo que por si
só já tem destaque sobre outras seria um dos aspectos necessários a serem
pensados antes de comprar uma roupa. Existe também a harmonia da cor em
detrimento do tom da pele, que, se sintonizados, iluminam a pessoa. Sobre
cabelos e maquiagem, a desarmonia pode ocorrer em relação aos traços do
rosto e à forma e à cor que utilizadas. Escolher a composição da imagem de
forma aleatória pode ser um caminho cruel: eventualmente, acerta-se; even-
tualmente, erra-se. E são nestes equívocos acidentais que pessoas acabam
revelando-se negativamente, sem saber, afetando também de modo negativo
seu dia ou seu momento de vida.
Uma imagem realinhada traz impressões mais alinhadas, que trazem
atitudes também mais alinhadas, renovando a forma de viver, de agir, de se
comunicar e, ainda, de ser visto (SLOMP, 2018b).
18 Análise do rosto

Pessoas versus personas


Chamamos simplesmente de pessoas aquelas que se expressam como um
indivíduo na sociedade e representam o papel de seu próprio “eu”. Por exemplo,
você a um jantar com amigos, buscando aproveitar o momento e mostrando
uma imagem que represente quem é você naquele grupo.
Já as personas são como personagens, imagens previamente determinadas
baseadas em uma intenção que nem sempre representam o verdadeiro “eu
interior”. Um modelo para isso é quando atuamos em nosso trabalho, em
estamos como personas, pois estamos representados como administradores,
contadores, engenheiros, designers, etc., e temos intenções profissionais a
mostrar por meio da imagem pessoal.

Bonito versus belo


Pode parecer estranho em um primeiro momento, mas ser bonito é bem di-
ferente de ser belo. Ser belo é revelar as qualidades interiores em harmonia
com a personalidade. É expressar uma imagem positiva em harmonia com
seu ser interior. Ser bonito, por sua vez, é estar enquadrado em um padrão
aceitável socialmente, mas que simplesmente não diz nada sobre a pessoa. Nos
salões de beleza, costuma-se, ainda, mas em uma curva decrescente, utilizar
de novas técnicas e das últimas modas para criar uma imagem bonita, o que,
sem dúvida, na maioria dos casos, não passa de estética.
O conceito de beleza é absolutamente relativo. O bonito, para você, pode
não ser visto como bonito por outra pessoa, e vice-versa. Portanto, o que deve
ser buscado é o equilíbrio, e não a simetria. Até mesmo porque a simetria total
pode se tornar tão sem graça como uma parede branca. O que devemos buscar,
então, é uma imagem que seja agradável no contexto geral, esteticamente bela,
mas autenticamente construída. Nessas situações, a pessoa exterioriza uma
beleza autêntica e comunica-se por meio de características positivas sobre ela,
a qual jamais será vista como sem graça, falsa ou feia, mesmo que não seja
uma pessoa naturalmente bonita/proporcional.
O conjunto formado por cabelo, sobrancelhas, maquiagem, roupas e co-
res são as ferramentas principais utilizadas para construir esse equilíbrio
e valorizar as características positivas de uma pessoa. Independentemente
da intenção, o objetivo maior de todas as pessoas que procuram melhorar a
imagem é a busca pela autoestima, que gerará autoconhecimento, que gerará
autoconfiança, que, por sua vez, gerará autoafirmação; ou seja, a intenção
Análise do rosto 19

principal é se afirmar como um indivíduo único dentro da sociedade, em


harmonia com a personalidade e o estilo de vida.
Uma imagem pessoal positiva ressalta as características positivas e ameniza
as características negativas, ao passo que uma imagem pessoal negativa faz
exatamente o contrário. A imagem pessoal positiva está ligada ao estilo de
vida, sendo este representado por gostos, preferências, objetivos, desafios e
propósitos pessoais da pessoa em questão. Quando unimos a construção da
imagem com o estilo de vida, estamos criando um conceito individual, que
agora será finalmente aplicado à pessoa que busca por beleza, por meio das
linhas, formas e cores.
Podemos, então, concluir que a beleza é conquistada por meio da harmonia
entre a beleza natural, o estilo de vida e a aplicação dos elementos visuais das
linhas, formas e cores. Quando a imagem pessoal se expressa positiva, portas
serão abertas, e a pessoa se sentirá viva. Os bonitos são natos, receberam um
presente da natureza, mas aqueles que não são bonitos compartilham de mesma
beleza, pois a beleza vem de dentro, e todo mundo nasce com ela.

A nova era da beleza


Vivemos em uma nova era, em que a emoção, o sentimento e a comunicação
são muito valorizados. Tendo passado a fase da sustentabilidade ambiental, o
que vivemos agora é a busca pela sustentabilidade global, incluindo a susten-
tabilidade individual. As pessoas buscam por experiência e significado muito
mais do que buscam por resultados.
O “ser” é muito mais importante que o “ter”. A conexão emocional passa
a ser muito mais valorizada que a conexão física, pois ela traz aprendizado e
aprofunda a experiência, ao passo que a conexão física, muitas vezes, se limita
a ser mecânica. O contato ao vivo, olho no olho, nunca foi tão importante.
As pessoas estão cansadas de relações distantes e frias, querem mais prazer
em viver do que obrigações para cumprir. O trabalho é algo muito importante,
mas as amizades, o amor e a diversão são os objetivos.
Neste novo mindset, tudo é mutável. É possível mudar os planos. Mudar de
carreira, mudar de país, mudar a imagem pessoal e a forma como se expressa.
Viver a vida em todas as suas possibilidades virou uma meta para essa nova
geração social. Uma gigantesca disrupção está em andamento. Padrões estão
sendo quebrados, e o consumidor está virando um agente transformador da
sociedade. Os estilos não têm mais gênero, não há distinção de sexo para o
uso das roupas, pois estas servem tanto para uso masculino quanto femi-
20 Análise do rosto

nino. A diversidade e a representatividade estão no auge de suas conquistas.


A partir desse momento, os diferentes estão sendo incluídos. Ser diferente
agora é considerado bonito, e muitas características que antes eram escondidas,
agora estão sendo reveladas, como, por exemplo, pessoas com síndrome de
Down, manchas na pele ou cicatrizes. O real se torna cada vez mais valioso,
da mesma forma que a busca pela verdade e a transparência, pelo desejo de
ser diferente, ser ouvido e causar impacto.
Além de uma nova geração de consumidores, podemos observar também
a ascensão das gerações mais antigas. Os velhos de ontem não são nem um
pouco parecidos com os velhos de hoje. Combater a idade e lutar contra o tempo
está completamente fora de moda. O bonito é assumir a idade, conseguir ver
beleza em cada fase da vida e continuar a desfrutar de momentos.
Propósito e experiência são os pré-requisitos exigidos nesta nova era. Poucas
pessoas ainda aceitam ser colocadas na linha de produção. Elas querem, agora,
ser entendidas como indivíduos e se tornar pessoas melhores. Essa tendência
as faz procurarem por produtos e serviços cada vez mais relacionados às
coisas que as tocam emocional e fisicamente. A nova era procura fugir do
óbvio, adotar estilos livres e se engajar no novo manifesto criativo, em que
tudo é permitido. Por fim, surge novamente a busca de um sentido, então
experimentamos ou misturamos, em busca de novos padrões e estilos de vida
que tornem a sociedade viável ou simplesmente mais evoluída.

“As pessoas esquecerão o que você disse. As pessoas esquecerão o que


você fez. Mas elas jamais esquecerão da forma como você as fez sentir”
(Carl W. Buehner)

BIOGRAPHY.COM. Sarah Jessica Parker: biography. c2019. Disponível em: https://www.


biography.com/actor/sarah-jessica-parker. Acesso em: 16 jun. 2019.
HADID, Z. Centro Heydar Aliyev. 2013. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/
br/01-154169/centro-heydar-aliyev-zaha-hadid-architects. Acesso em: 19 jun. 2019.
HALLAWELL, P. C. À mão livre: a linguagem visual. São Paulo: Senac, 2017.
HALLAWELL, P. C. Visagismo integrado: Identidade, estilo e beleza. 2. ed. São Paulo:
Senac, 2010b.
HALLAWELL, P. C. Visagismo: harmonia e estética. 6. ed. São Paulo: Senac, 2010a.
Análise do rosto 21

MENEZES: M. H. Animada!: Ivete Sangalo corre, dança e canta pelas ruas de Salva-
dor. 2018. Disponível em: https://observatoriodosfamosos.bol.uol.com.br/desta-
ques/2018/05/animada-ivete-sangalo-corre-danca-e-canta-pelas-ruas-de-salvador.
Acesso em: 16 jun. 2019.
O SUL. Alinne Moraes conta que a maternidade a deixou mais serena. [20–?]. Disponível
em: http://www.osul.com.br/alinne-moraes-conta-que-a-maternidade-a-deixou-mais-
-serena-2/. Acesso em: 16 jun. 2019.
SLOMP, A. Desuniformize-se. 2018a. Disponível em: https://nucleodevisagismo.com.
br/?p=161. Acesso em: 16 jun. 2019.
SLOMP, A. Visagismo: valorize sua beleza e encontre o equilíbrio em sua vida. 2018b.
Disponível em: https://nucleodevisagismo.com.br/?p=190. Acesso em: 16 jun. 2019.
TEIXEIRA, P. Malu Mader dedica seu tempo ao cinema. 2009. Disponível em: https://
www.ofuxico.com.br/noticias-sobre-famosos/malu-mader-dedica-seu-tempo-ao-
-cinema/2009/12/01-89039.html. Acesso em: 16 jun. 2019.
TRULY. Zlatý rez. 2013. Disponível em: http://fim-science.blogspot.com/2013/02/zlaty-
-rez.html. Acesso em: 16 jun. 2019.
TUDO ELA. Cortes de cabelo para rosto redondo: veja 7 modelos que ajudam a afinar.
2018. Disponível em: https://tudoela.com/cortes-de-cabelo-para-rosto-redondo/.
Acesso em: 16 jun. 2019.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da lnstitui9ao, voce encontra a obra na fntegra.
Conteudo:

[ill]
7illI8J
SOLUt;OES
EDUCACIONAIS
INTEGRADAS
Dica do professor
Um leão tem sua juba para mostrar o seu poder. Um pavão macho abre a sua calda para atrair
fêmeas. Uma borboleta tem a textura de suas asas com formas que podem ajudá-la a afugentar
predadores, simulando grandes olhos, por exemplo. No reino animal, dificilmente há incoerência
entre o aspecto visual e a expressão ou a função. William Shakespeare disse: “seu rosto, meu
companheiro, é um livro onde podemos ler assuntos estranhos”. Seu rosto é você – para si mesmo
e para os outros. Muito mais do que reconhecimento físico, o rosto é o espelho do ser que habita
seu interior, e revela, mesmo que inconscientemente, boa parte de sua personalidade.

Nesta Dica do Professor, veja as características de cada temperamento, observadas por meio dos
traços do rosto.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Na prática
A ciência cognitiva, em união com a linguagem visual, prova como a imagem pessoal afeta a
autopercepção e a percepção dos outros. Quando uma pessoa se olha no espelho, ela se comunica
consigo mesma. É neste momento que compreende quem é e como está vivendo. Se a imagem
como um todo, por meio de suas linhas, mostra alguém com peso visual, desanimado, entristecido,
é assim que a mente passará a mensagem e, infelizmente, pode-se acreditar nisso e passar a
se comportar dessa forma. No entanto, se ao olhar no espelho, reconhecer-se por meio de
qualidades, provavelmente as linhas que compõem a imagem pessoal estão em consonância com
quem a pessoa realmente deseja ser. E como mágica, ela passar a refletir essas características
positivas em seu comportamento.

Na Prática, você verá o caso da cliente Luciana, que buscou o auxílio de um profissional visagista
para uma mudança no aspecto profissional.
AREA DO ROSIO TEMPERAMENTO

Formato do rosto COLERICO

Testa MELANCOLICO ARTISTICO

Sobrancelhas COLERICO

Olhos SANGUINEO

Nariz COLERICO

Boca SANGUINEO

Dentes SANGUINEO

Queixo COLERICO



Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Conceito do visagismo
Philip Hallawell, considerado o mestre do Visagismo, explica sobre a importância de construir uma
imagem pessoal com base no temperamento e nas intenções pessoais, com criatividade e técnica
por meio da compreensão da linguagem visual.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Personalidade e crescimento pessoal


Mergulhe no mundo da psicanálise e em teorias filosóficas que abordam conteúdos sobre a
personalidade humana.

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Boas práticas em serviços de beleza


Neste e-book são apresentadas as melhores práticas de atendimento em estabelecimentos de
beleza e imagem pessoal.

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Análise do corpo e das suas proporções

Apresentação
Vive-se um momento de transição, quando tudo o que era considerado bonito vem sendo
desconstruído. O novo ponto de vista a respeito da beleza está muito mais ligado à vitalidade, à
saúde e à autoaceitação do que a uma simples avaliação de uma aparência padronizada. Trata-se de
algo muito mais amplo, que inclui tudo como diferentes tipos de beleza, os quais diferem
imensamente de pessoa para pessoa.
Compreender os formatos de corpo, seus arquétipos comportamentais e saber como relacionar
essas características com perfis pessoais, ou seja, com o temperamento individual, e aplicar as
melhores estratégias para alcançar harmonia estética por meio das proporções naturais são formas
de auxiliar as pessoas a não mais aceitarem a desvalorização de seu corpo e, consequentemente, de
seu DNA.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar quais são os formatos do corpo e como
reconhecê-los, vai compreender os padrões comportamentais na linguagem corporal e vai aprender
a relacionar proporções a temperamentos.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer os formatos do corpo.


• Contrastar os padrões comportamentais na linguagem corporal.
• Relacionar as proporções do corpo aos temperamentos.
Infográfico
A Teoria dos 4 Temperamentos segmenta as personalidades humanas em colérico, sanguíneo,
melancólico e fleumático. Foi assim que o artista plástico Philip Hallawell, no início dos anos 2000,
publicou seus estudos sobre associação da linguagem visual à Teoria dos 4 Temperamentos e
possibilitou que qualquer pessoa pudesse desenvolver a habilidade de reconhecer o temperamento
de outra, apenas observando as linhas e formas do rosto e do corpo.
Isso porque as linguagens visual e corporal comunicam muito a respeito de como uma pessoa é e se
comporta, por meio do jeito como anda, senta-se e gesticula.

Veja no Infográfico a seguir a Teoria dos 4 Temperamentos e de que forma é possível reconhecê-
los.
A linguagem corporal e uma forma de comunica Qo nQ0 verbal. Esta relacionada
principalmente aos sistemas limbico e reptiliano. Os seres humanos escolhem
palavras, criam imagens, fazem abstra oes e mentem utilizando o neocortex, porem
o sistema limbico, responsavel pelos sentimentos, gera express6es e movimentos ao
enviar impulsos eletricos ao corpo, enquanto o reptiliano regula as necessidades de
sobrevivencia, como batimentos cardiacos, respira Qo, digestQo e reprodu Qo.

0 que ea Teoria dos


4 Temperamentos?
Por volta de 400 a.C., o fil6sofo grego
Hip6crates criou a Teoria dos 4 Tipos
de Temperamento, ainda muito utilizada
por especialistas. Hip6crates estudou e
concluiu que coda tipo de temperamento
esta ligado a um fluido do corpo humano,
influenciando em seu comportamento
e jeito de sere modelando suas for as
e fraquezas. Ele nomeou os temperamentos
como colericos, melanc6licos, sanguineos
e fleumaticos.

Colericos
Posi Qo ereta, confiante, os dois pes firmes
no chQo e equilibrados, bra os cruzados e
corpo retangular demonstram atitude
colerica - forte, dominante.

Temperamento forte, persistente.

Ampulheta Grande Determinado Marcha Gestos decididos


Retangulo Definida Ereto Determinado Confiante
Triangulo

Sangu(neos
Movimentos !eves, expressivos, com
expressQo dinamica, distraido, corpos
esguios, SQ0 caracteristicas de pessoas
sanguineas - energeticas, esponto.neas.

Temperamento comunicativo, dinamico.

Ampulheta Delgoda Agitado Distraido Gesticula muito


Triangulo Leve Rapido Com balan o Expressivo
invertido

Melanc6licos
Postura elegante, rigida, introvertida e
expressQo discreta. Essas SQ0 atitudes
caracteristicas de melanc61icos -
competentes, reservados.

Temperamento elegante, intelectual.

Ampulheta Rigida Suavemente Decidido Gestos graciosos


Retangulo Magro Discreto Cuidadoso Elegante
Oval

Fleumaticos
Relaxado, solto, a vontade, bra os
cruzados em posi Qo confortavel, corpo
com propor 6es compactas e contornos
suaves SQ0 caracteristicas dos fleumaticos
- tranquilo, amigavel.

Temperamento pacato, afetuoso.

Oval Compacto Soito Lento Gestos vagarosos


Triangulo Arcado Relaxado Largado Tranquilo
Conteúdo do livro
Nunca houve um ideal de corpo que tenha sido sustentado como o ideal por todos os tempos, pois
isso depende do momento social, cultural e político pelo qual se passa. Muito mais importante que
aparentar ter um biotipo semelhante àquele que, na época, pareça o mais admirado, aceitar o corpo
tal como ele é e saber valorizar os pontos positivos das proporções, associadas à intenção que se
deseja comunicar, é o grande segredo da beleza moderna.

Para saber mais, acompanhe a leitura do capítulo Análise do corpo e das suas proporções, da obra
Visagismo, que serve como base teórica desta Unidade de Aprendizagem.

Boa leitura.
VISAGISMO

Audrey Slomp
Análise do corpo e das
suas proporções
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

■ Reconhecer os formatos do corpo.


■ Definir os padrões comportamentais na linguagem corporal.
■ Relacionar as proporções do corpo aos temperamentos.

Introdução
Neste capítulo, você vai estudar sobre a forma como o conceito de be-
leza corporal é alterado de acordo com questões sociais e culturais que
a sociedade vive. O corpo natural é um organismo que se comunica a
todo o momento, dizendo muito sobre nós e devendo ser valorizado ao
invés de colocado em moldes estabelecidos pela sociedade, os quais,
infelizmente, têm adoecido emocional e fisicamente muitas pessoas
nos últimos anos.
Além disso, você estudará sobre as proporções áureas do corpo hu-
mano e sobre o “segredo da beleza”, que está em harmonizar o conjunto
corporal de acordo com o biotipo e a estrutura do corpo do indivíduo.
Ainda, aprenderá que a linguagem visual está completamente conec-
tada com a linguagem corporal, e que através desta comunicação e dos
símbolos arquetípicos é possível captar informações valiosas (mas nem
sempre verdadeiras) sobre as pessoas.
2 Análise do corpo e das suas proporções

Ressignificação do conceito de beleza corporal


De acordo com a biologia, corpo é um conjunto de tecidos vivos que mantêm a
espécie viva, perpetuando-a. Nosso corpo é um grande mensageiro, composto
por complexos sistemas de comunicação — física e emocionalmente falando.
Ao longo da história, o corpo humano passou por diversas concepções e ideais
de beleza, dentro de contextos sociais, culturais e filosóficos. Na Grécia Antiga,
os jogos olímpicos revelavam corpos masculinos atléticos e cheios de vigor,
como pode ser visto em esculturas da época (Figura 1a). Isso era sinônimo
de virilidade e poder, o que motivou a Igreja a proibir os jogos e o culto ao
corpo (FALZETTA, 2004). Já na Idade Média, estar acima do peso, com o
corpo mais avantajado e arredondado, era sinônimo de saúde (Figura 1b).
Isso poderia estar relacionado ao fato de que, com este corpo, as pessoas não
estariam então passando fome, ou seja, tinham melhores condições financeiras,
e as mulheres eram boas candidatas a se tornarem mães com filhos saudáveis.
Em 1922, conheceu-se um dos expoentes do fisiculturismo da história,
Angelo Siciliano, norte-americano que acabou virando personagem de histó-
rias em quadrinhos por suas características físicas, o que, para a época, era
completamente fora do padrão (Figura 1c). Ele admirava as estátuas gregas
com seus corpos em perfeita simetria e volume muscular, e, observando os
animais, suas musculaturas e atividades físicas, passou a imitar os exercícios da
forma como podia. Os resultados foram alcançados, as pessoas se interessaram
e a partir dali os equipamentos de musculação foram sendo aperfeiçoados e
popularizados, com um objetivo puramente estético (COX et al., 2012).
Nos anos 1960, com a Era Industrial, as pessoas perceberam os males do
sedentarismo e sentiram a necessidade de se exercitar, e então a cultura do
corpo perfeito, vigoroso e saudável começou a se propagar. Por outro lado,
a crescente evolução da mídia e a moda mais acessível iniciaram um novo
processo de beleza mundial. Na época, meados da década de 1960, a modelo
Twiggy — que significa “graveto” — virou personalidade mundial: era ma-
gérrima e tinha uma aparência adolescente (Figura 1d).
A evolução da cirurgia plástica acompanhou a história. Os procedimen-
tos foram regulamentados na década de 1960, mas tiveram um papel muito
importante durante as guerras mundiais do século XX, quando as técnicas
existentes de enxerto de pele e osso foram aperfeiçoadas para atender soldados
Análise do corpo e das suas proporções 3

com ferimentos de guerra. Com o fim das guerras, os médicos que haviam
se especializado em cirurgias plásticas não tinham mais clientes e acabaram
realizando serviços para mulheres com alto poder financeiro e que desejavam
mudanças físicas para se tornarem mais belas esteticamente (FARHAT, 2008).
No início dos anos 1980 — logo após a liberdade de expressão ter sido
conquistada na década de 1970 —, as pessoas adotaram uma mistura de estilos,
cores e novas possibilidades. Tudo era permitido, e a comunicação visual
ficou bastante confusa. Ao final dos anos 1980, as mulheres ingressaram com
força no mercado de trabalho e concorreram com os homens de forma mais
igualitária. Então, novamente, a imagem foi sendo remodelada para que elas
tivessem uma aparência menos frágil e mais robusta, com o uso de ombreiras
e cabelos volumosos, que deixavam o look mais imponente (Figuras 1e e 1f).
Os anos 1990 foram uma época diferente. Ocorreu a abertura de mercados a
nível mundial, a entrada de produtos importados nos países, os diversos estilos
e um início da globalização cultural com o advento da internet. Foi uma época
confusa e um período de transição que culminou, por volta dos anos 2000, no
culto ao corpo sensual, exibido por personalidades da música, cinema e moda
(Figura 1g). A cirurgia plástica se popularizou e tornou possível que pessoas
de diferentes classes sociais se modificassem fisicamente para se encaixar no
padrão de beleza do momento.
Embora a cirurgia plástica seja muito útil em diversos casos, a construção
dos corpos chegou a se tornar puramente artificial, criando pessoas com
imagens bonitas, mas percebidas como falsas. Foi aí que ocorreu a grande
prova de que a padronização, ou seja, a construção de um corpo ou uma
imagem seguindo um modelo, faz pessoas esteticamente bonitas, mas não
faz pessoas felizes.
Novamente, inicia-se uma transformação. A partir dos anos 2010, as redes
sociais e a exposição da vida pessoal e da reconexão das pessoas, agora de
forma on-line, fomentam a necessidade de demonstrar não somente beleza
estética e saúde, mas também popularidade e liberdade financeira. Foi uma
década de ostentação física e material. É controverso, mas esse padrão tem
causado muita infelicidade, visto que o segredo da felicidade está na capacidade
de autoaceitação e desfrute da vida, e não na beleza esteticamente perfeita
ou nos bens materiais.
4 Análise do corpo e das suas proporções

A nova cultura da beleza busca quebrar todos os preconceitos e paradigmas


em relação ao corpo. O mundo passa por uma transformação praticamente espi-
ritual, em que a autoaceitação é o principal condutor de felicidade (Figura 1h).
O estilo passa a ser livre, não havendo mais um único padrão, e envolve
gordos, magros, altos, baixos, brancos, negros, pessoas com deficiência, com
marcas, manchas, cicatrizes, etc. O importante mesmo é aceitar a genética
e o design corporal natural, revelando seu biotipo com harmonia através da
expressão corporal e do estilo que favoreça a pessoa, além da expansão de uma
consciência mais aprofundada em relação à saúde e sustentável nos âmbitos
social, cultural e ambiental, que proporcione às pessoas o desfrute da vida e
do planeta em que estamos inseridos.
Cabe aos profissionais de beleza auxiliarem na aceleração dessa nova
cultura, passando a olhar seus clientes como seres únicos, com sua própria
configuração corporal, sua força e sua beleza, pois não existe mais um ideal
único e exclusivo. A satisfação pessoal em relação à imagem e, portanto,
ao corpo, está diretamente ligada à aceitação de sua natureza e à aplicação
de estratégias inteligentes que harmonizem suas melhores características
e equilibrem aquelas que não são esteticamente favoráveis, sem que sejam
encobertas suas características naturais e únicas.

Leitores do material impresso, para visualizar as figuras


deste capítulo em cores, acessem o link ou o código QR
a seguir.

https://qrgo.page.link/hTsWw
Análise do corpo e das suas proporções 5

(a) (b) (c) (d)

(e) (f) (g) (h)

Figura 1. (a) Estátua em homenagem a um campeão de arremesso de disco nos Jogos


Olímpicos da Grécia. (b) Portrait of Maddalena Doni, de 1506, pelo pintor Rafael Sanzio, de-
monstrando o padrão feminino admirado em meados da Idade Média. (c) Angelo Siciliano, no
início do século XX, exibindo seu corpo musculoso, que abriu as portas para a popularização
da cultura de um corpo definido. (d) Twiggy, considerada uma das primeiras supermodelos do
mundo, ícone dos anos 1960. (e) Xuxa, apresentadora de programas infantis, ícone brasileiro
que influenciou a moda e o comportamento de crianças, adolescentes e adultos nos anos
1980. (f) Joan Collins, atriz e escritora britânica, usando um blazer com ombreiras e portando
cabelos curtos e altos, que evidenciavam um lado masculino e forte da mulher, que estava
conquistando o mercado de trabalho, antes ocupado por homens em sua grande maioria.
(g) Britney Spears, considerada “princesinha do pop”, foi exemplo de beleza e sensualidade
e ajudou a construir o estereótipo de beleza dos anos 2000. (h) Curtis McDaniel, modelo
com vitiligo, descoberto após postar uma selfie nas mídias sociais em 2015.
Fonte: Adaptada de (a) Jogos... (201-?], documento on-line); (b) Rafael... ([2010], documento on-line); (c)
Atlas (2014, documento on-line); (d) Curcio (2019, documento on-line); (e) Rincon (2014, documento on-
-line); (f) Beleza... ([201-?], documento on-line); (g) Bianca (2009, documento on-line); (h) Smashkilimanjaro
(2017, documento on-line).
6 Análise do corpo e das suas proporções

A moda na construção da imagem


A moda é fantástica para a construção de imagem e uma excelente forma
de refletir a criatividade do ser humano, mas deve ser utilizada como uma
ferramenta, não como imposição ou escravização. O arquiteto Louis Sullivan,
nascido em 1956, concluiu: “a forma segue a função”, portanto, entende-se
que o trabalho deve ser orgânico (DURANTE, 2015). Ele quis dizer que o
trabalho de criação de uma imagem — de pinturas artísticas a casas, de roupas
a automóveis — deve seguir o fluxo de dentro para fora, de uma maneira
visceral, ou seja, profunda.
A escravização gerada pela moda cria uma geração de pessoas padroni-
zadas, vestidas de maneira igual e que acabam por não revelar nada sobre si
mesmas, sobre sua real essência. E isso é fundamental para o equilíbrio e a
saúde mental do ser humano (HALLAWELL, 2017b).
No caso da imagem pessoal, quando não há relação íntima entre personali-
dade e imagem, a desconexão se estabelece, ou seja, a imagem criada se torna
visualmente estranha. Então, passa a ser percebida como falsa pelas pessoas, o
que pode causar doenças relacionadas ao estado psíquico ou emocional — por
exemplo, depressão.

Seguir a moda ao invés de usá-la em favor, escolhendo estilos que realmente comu-
niquem sobre a pessoa e equilibrem suas proporções naturais — tendo em vista a
função, o estilo, o formato, a cor e a textura —, permite que a construção seja criativa,
original e orgânica (não mecânica e conduzida), criando uma geração de pessoas
autênticas e satisfeitas de sua própria natureza.

Biotipos corporais e suas características físicas


É muito importante que as pessoas tenham em mente que a perfeição não existe.
Se existisse, formaria pessoas tão equilibradas que suas características não
seriam naturais. O papel do profissional visagista, além de criar uma imagem
com harmonia estética e conectada com propósito e temperamento, é criar
uma relação de paz com o corpo natural. Isso não significa que as pessoas
Análise do corpo e das suas proporções 7

não precisem mudar. Por exemplo, estar muito acima ou muito abaixo do peso
indicado para a proporção corporal é um risco à saúde. Se o indivíduo aceitar
seu corpo tal qual ele é, está tudo bem. Contudo, se não conseguir aceitar,
deve pensar nos motivos e buscar soluções, sempre pensando na saúde, na
aceitação e na paz com o corpo.

Biotipo ampulheta

Considerado o formato de corpo mais proporcional por conter a lemniscata,


o arquétipo (formas e seus símbolos) é o que representa o infinito e é abso-
lutamente atraente aos olhos. São linhas que revelam as curvas do corpo e a
sensualidade, evidenciando quadril, seios e cintura em conjunto, de acordo
com a linguagem visual. O formato de lemniscata, semelhante a um 8 (oito),
estimula o movimento ocular ao movimento contínuo (AGUIAR, 2006;
HALLAWELL, 2017b).
O corpo ampulheta é muito sensual, e sua variação masculina é o equilá-
tero. Podemos dizer que esse biotipo é o mais harmônico quando o assunto
é engajamento. Porém, não significa que seja o biotipo “correto”. É o biotipo
“planejador”. As características são as seguintes.

■ Ombro e quadris são da mesma largura.


■ A cintura é mais fina que quadris e ombros.
■ As costas costumam ser largas.
■ As coxas, em geral, são volumosas.

Biotipo oval

A cultura de exclusão de corpos avantajados deu a impressão errada de que


esse é o pior dos biotipos, pois um corpo nesse formato indicaria excesso de
peso. É preciso estar atento à saúde, mas existem pessoas acima do peso com
corpo ampulheta e pessoas magras com corpo oval, assim como pessoas acima
do peso com corpo ampulheta ou triângulo. Esse biotipo é aquele que nos passa
conforto e lealdade. É um bom conciliador (AGUIAR, 2006; HALLAWELL,
2017b). As características são as seguintes.

■ Ombros e quadris volumosos são da mesma largura.


■ A cintura é mais larga que ombros e quadris.
■ As pernas e os braços costumam ser bem desenhados.
8 Análise do corpo e das suas proporções

Biotipo retângulo

Nesse biotipo, a proporção entre quadril, ombros e cintura é muito próxima,


com medidas praticamente iguais. É um formato que inspira força, determi-
nação e controle. Pessoas com esse corpo costumam ter perfil de liderança
(AGUIAR, 2006; HALLAWELL, 2017b). As características são as seguintes.

■ Ombro, quadris e cintura são da mesma largura.


■ Cintura não definida.
■ Braços e pernas mais finos em relação ao corpo.
■ Poucas curvas, corpo mais retilíneo.

Biotipo triângulo

Este é o formato característico das brasileiras. Alguns homens também têm


esse biotipo, mas é mais raro e normalmente indica que ele está acima do peso
recomendado para sua proporção corporal (AGUIAR, 2006; HALLAWELL,
2017b). Perfil racional e trabalhador, excelente realizador. As características
são as seguintes.

■ Quadril e coxas mais largos que ombros.


■ Ombros estreitos.
■ Seios médios ou pequenos.
■ Coxas volumosas.
■ Formato de pera.

Biotipo triângulo invertido

Atualmente, é considerado o formato de corpo mais harmônico para os homens.


Demonstra força, empoderamento e está ligado ao masculino, justamente por
evidenciar os ombros — parte mais larga do corpo. Há mulheres com biotipo
triângulo invertido também. O perfil desse biotipo é valente e motivador
(AGUIAR, 2006; HALLAWELL, 2017b). As características são as seguintes.

■ Ombros largos.
■ Quadril e coxas mais estreitos que ombros.
■ Pernas geralmente finas.
Análise do corpo e das suas proporções 9

Confira na Figura 2 os tipos de corpos femininos e masculinos.

(a)

(b)

Figura 2. (a) Desenho demonstrando os tipos de corpo feminino. Da esquerda para a


direita: triângulo, retângulo, ampulheta, oval e triângulo invertido. (b) Desenho demons-
trando os tipos de corpo masculino. Da esquerda para a direita: retângulo, quadrilátero
(similar ao ampulheta feminino), oval, triângulo e triângulo invertido.
Fonte: Smiling/Shutterstock.com.

As pessoas serão emocionalmente mais saudáveis quando não permitirem


a depreciação de seu corpo, ou o julgamento de imperfeições ou formatos que
não revelem sensualidade para as mulheres e poder aos homens. É preciso
passar a ver o corpo como algo muito maior do que um objeto físico que nos
mantém vivos. É preciso passar a vê-lo como uma entidade de comunicação
poderosa e sagrada, que carrega DNA e história.
10 Análise do corpo e das suas proporções

É possível mudar essa cultura e estabelecer uma nova era da beleza, em


que todos os corpos sejam valorizados, compreendidos e aceitos. Para isso,
é preciso um enorme movimento, inclusive dos profissionais da beleza, pas-
sando a criar um atendimento que seja baseado primeiramente na natureza
emocional, depois na natureza física e, só então, na idealização de um estilo,
considerando linhas, formas, cores e estampas.

As proporções harmônicas do corpo humano


A observação e o conhecimento das informações a seguir proporcionarão
parâmetros para a avaliação do corpo e sua harmonia/desarmonia em relação
às suas proporções. Sabendo isso, será possível traçar estratégias através
das roupas, suas linhas, cores, texturas e estilo como um todo, que tragam
equilíbrio ou, pelo menos, não o evidenciem de maneira a criar estranheza
visual, o que não é saudável. A Figura 3 mostra uma ideia dessas proporções,
considerando uma pessoa adulta. A seguir, há mais detalhes sobre determi-
nadas partes do corpo.

Figura 3. Manequins demonstrando as proporções do corpo para o


desenho da figura humana.
Fonte: Quiron ([2011?], documento on-line).
Análise do corpo e das suas proporções 11

O tamanho do corpo equivale à medida de sete cabeças e meia, consi-


derando sua altura do topo à ponta do queixo; menos de sete cabeças indica
que a cabeça é grande, e mais de sete cabeças indica que a cabeça é pequena
(muito raro de acontecer) (HALLAWELL, 2017a). É possível criar designs de
cabelos que auxiliem a equilibrar a proporção da cabeça em relação ao corpo,
tornando-a visualmente maior ou menor. Para aumentar, por exemplo, um
topete; para reduzir, algum desenho de franja e pouco volume.
O tamanho do rosto equivale à distância do meio do pescoço ao om-
bro. Se maior, os ombros podem ser largos; se menor, estreitos; se similares,
proporcionais (HALLAWELL, 2017a). Se o desejo é equilibrar a largura dos
ombros, é possível fazê-lo utilizando blusas com mangas (curtas, médias,
compridas), sem volume e preferencialmente escuras, por exemplo. Caso deseje
evidenciar os ombros, para aumentá-los, blusas com volume, aplicações ou
que mostrem os ombros.
O tamanho do rosto equivale ao tamanho do braço interno e do ante-
braço interno, ou seja, o braço interno equivale à medida de dois rostos. Se
a medida do braço for maior, os braços são longos. Com o corpo em posição
ereta, os braços longos estão a uma distância de menos de um palmo dos
joelhos. No caso de braços curtos, ocorre o contrário (HALLAWELL, 2017a).
Para equilibrar esteticamente braços muito longos, poderia ser proposto peças
com manga “três quartos” ou dobradas, ou relógio e acessórios grossos no
pulso. Para alongar os braços, mangas com desenho alongado ou com listras
verticais que vão do ombro ao punho.
O púbis fica no meio do corpo, portanto, as pernas têm o mesmo ta-
manho da parte superior do corpo. Pessoas com essas medidas despropor-
cionais indicam pernas curtas ou longas, ou, então, tronco curto ou longo
(HALLAWELL, 2017a). Para alongar pernas, o sapato nude poderia ser um
exemplo; para encurtar, calças corsário, capri ou pantacourt. Como sugestão
para alongar o tórax, poderiam ser indicadas blusas com recortes alongados e
cores claras, e, para encurtar, a utilização de um cinto grosso.
O pescoço mede, normalmente, um terço do tamanho da cabeça, tanto
de altura quanto de largura. Pessoas com pescoço fino ou curto têm essa
proporção menor, enquanto pessoas de pescoço grosso têm essa proporção
em maior escala (HALLAWELL, 2017a). Para afinar e alongar o pescoço,
um exemplo de indicação seriam os acessórios compridos e golas cavadas;
para encurtar o pescoço, golas mais fechadas e rolê, maxicolares e echarpes.
12 Análise do corpo e das suas proporções

Assista ao vídeo disponível no link ou código a seguir,


com dicas simples sobre biotipos e formas estratégicas
de equilibrar o corpo.

https://qrgo.page.link/KXr1W

Corpo e suas linguagens


A linguagem corporal se comunica pela linguagem visual, é sua extensão e
consequência. Através do corpo, são dadas muitas informações aos outros e à
própria pessoa através do espelho. O corpo reflete como é seu comportamento,
enquanto o rosto fala mais sobre a personalidade.

Ao estudar sobre imagem pessoal, a primeira coisa que vem à mente são os arquétipos.
Não há como iniciar qualquer explicação didática ou proposta de trabalho sem que
eles estejam presentes. São os símbolos responsáveis pela maneira com que somos
afetados pela imagem. Por esse motivo, ao falar de linguagem corporal, também é
preciso se basear neles (WEIL; TOMPAKOW, 1997).

Arquétipo vertical
Linhas verticais sempre serão reconhecidas como linhas de força, estrutura e
controle. São linhas frias, rígidas, conservadoras, que remetem a conquista,
sucesso, trabalho e capacidade. São linhas que se direcionam para o espaço
e que demonstram clareza e autoconfiança. O biotipo retângulo tem esse
perfil, visto que contém duas grandes linhas verticais nas laterais do corpo,
transmitindo confiança e persistência (Figura 4a) (HALLAWELL, 2017b).
Análise do corpo e das suas proporções 13

Arquétipo horizontal
Linhas horizontais sempre serão reconhecidas como linhas de estabilidade,
imutabilidade. Funcionam como barreiras e podem demonstrar negação, mas
podem também remeter à paz e à trégua. Os biotipos ampulheta, retângulo,
triângulo e triângulo invertido, embora contenham outras linhas importantes,
em partes, contêm também o arquétipo horizontal (Figura 4b). Conclui-se,
então, que esse arquétipo, quando o assunto é corpo, é secundário, mas não
menos importante. Por exemplo, uma pessoa com biotipo triângulo invertido
tem a influência do arquétipo horizontal nos ombros (HALLAWELL, 2017b).

Arquétipo diagonal
Linhas diagonais ou inclinadas são dinâmicas, energéticas e instáveis. São
linhas de movimento, que podem ser interpretadas de diversas formas:

■ dirigidas para a frente: estão ligadas à agressão;


■ dirigidas para cima: ligadas à sensação de leveza;
■ direcionadas para baixo: peso;
■ direcionadas para fora: extroversão;
■ direcionadas para dentro: introversão;
■ direcionadas para trás: insegurança;
■ constantes em direções diversas: explosividade.

Os biotipos ampulheta, triângulo e triângulo invertido contêm linhas


diagonais, que movimentam o olhar para cima ou para baixo. No caso do biotipo
ampulheta, o olhar se movimenta seguindo o efeito hipnotizador do símbolo
do infinito, a lemniscata. Já no triângulo invertido, os ombros são o foco,
enquanto as linhas diagonais empurram o olhar para cima. No caso do corpo
triângulo, ocorre o contrário — os quadris ficam em evidência, pois as linhas
diagonais movimentam o olhar para baixo (Figura 4c) (HALLAWELL, 2017b).
14 Análise do corpo e das suas proporções

Arquétipo curvo
Linhas curvas podem revelar algumas impressões, dependendo de sua forma
e envolvimento. São linhas quentes, emotivas.

■ Quando são longas, onduladas, são românticas, femininas, envolvem


e abraçam.
■ Quando curvas, elegantes, lúdicas, infantis.

Os biotipos ampulheta e oval têm esse perfil — o ampulheta por conta


das curvas onduladas naturais do corpo, que forma a lemniscata, e o oval pelo
formato curvo em si (Figura 4d) (HALLAWELL, 2017b).

Figura 4. (a) Vitória. (b) Exemplo de arquétipo horizontal. (c) Esgrima, sendo demonstradas
as linhas inclinadas que imprimem movimento à imagem. (d) Exemplo de arquétipo curvo.
Fonte: Adaptada de (a) KieferPix/Shutterstock.com; (b) Crespani (2014, documento on-line); (c) Artur
Didyk/Shutterstock.com; (d) Arthur-studio10/Shutterstock.com.
Análise do corpo e das suas proporções 15

Biotipos conforme os quatro temperamentos


Relacionar as proporções do corpo aos temperamentos complementa os estudos
a respeito da influência da linguagem corporal sobre o comportamento humano.
Veja na Figura 5 as principais características físicas e comportamentais de
cada temperamento, relacionadas ao formato de seu corpo e à forma de se
comunicar.

Coléricos
Biotipos: ampulheta, retângulo e triângulo.

Estrutura corporal: ossos largos, corpo definido, porte ereto.

Modo de sentar-se: com decisão, postura ereta, costas firmes.

Modo de andar: demonstram confiança, andam firme e determinados, quase


como em uma marcha intimidadora.

Gestos e comportamento: rápidos, firmes, decididos. Gesticulam pouco


quando estão em equilíbrio, mas gesticulam muito e de maneira exagerada
quando estão nervosos ou emotivos. Usam as mãos nos bolsos e braços cruzados
para conseguirem manter sua firmeza (Figura 5a) (HALLAWELL, 2017b).

Sanguíneos
Biotipos: ampulheta e triângulo invertido.

Estrutura corporal: corpos delgados, desenhados, leves.

Modo de sentar-se: têm dificuldade de permanecer sentados por muito tempo,


pois são muito agitados.

Modo de andar: leve e com balanço, às vezes distraído e descuidado.

Gestos e comportamento: agitados, dinâmicos, curiosos. Movimentam-se


rapidamente; expressivos porque se comunicam bem; gesticulam muito, com
movimentos agitados (Figura 5b) (HALLAWELL, 2017b).
16 Análise do corpo e das suas proporções

Melancólicos
Biotipos: ampulheta, retângulo e oval.

Estrutura corporal: rígida, normalmente magra. Postura às vezes arcada.

Modo de sentar-se: com cuidado e de forma reservada; às vezes cruzam as


pernas, entrelaçando-as.

Modo de andar: cuidadoso e decidido, mas tão firme quanto o colérico.

Gestos e comportamento: movimentos precisos, elegantes e reservados, com


certa timidez; expressivos porque são artísticos; gesticulam de uma maneira
graciosa (Figura 5c) (HALLAWELL, 2017b).

Fleumáticos
Biotipos: triângulo e oval.

Estrutura corporal: tendência a engordar, arcado.

Modo de sentar-se: de forma solta, relaxada, às vezes esticam as pernas e


quase se deita.

Modo de andar: lento, solto, sem postura, sem pressa.

Gestos e comportamento: movimentos calmos, lentos, vagos; não gesticulam


muito, pois são reservados (Figura 5d) (HALLAWELL, 2017b).
Análise do corpo e das suas proporções 17

(a) (b) (c) (d)

Figura 5. (a) Postura colérica. (b) Movimentos sanguíneos. (c) Postura melancólica. (d)
Características de biotipo fleumático.
Fonte: Adaptada de (a) Rawpixel.com/Shutterstock.com; (b) paffy/Shutterstock.com; (c) Djomas/
Shutterstock.com; (d) Ebtikar/Shutterstock.com.

As características físicas e de comportamento podem variar de acordo com o estado


de espírito de cada pessoa. Por exemplo, um colérico, que normalmente está com a
posição ereta e firme, pode adotar uma postura arcada quando está abalado emo-
cionalmente. Ou uma pessoa sanguínea pode se sentar de maneira menos agitada
caso esteja se sentindo tímida. As pessoas também podem adotar comportamentos
diferentes quando estão na presença de outras pessoas com um temperamento
diferente. Portanto, analisar as pessoas somente pela comunicação corporal não é
uma forma totalmente confiável de se chegar a conclusões sobre o temperamento
de um indivíduo.

AGUIAR. T. Personal stylist: guia para consultores de imagem. 4. ed. São Paulo: Senac, 2006.
ATLAS, C. The world's most perfectly developed man. In: WIKIPEDIA [2014]. Disponível
em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:%22The_World%27s_Most_Perfectly_De-
veloped_Man%22_Wellcome_L0027452.jpg. Acesso em: 11 jun. 2019.
18 Análise do corpo e das suas proporções

BELEZA EXTRAORDINÁRIA. Os cabelos volumosos e exuberantes de Joan Collins da série


"Dinastia". [201–?]. Disponível em: https://www.belezaextraordinaria.com.br/noticia/
os-cabelos-volumosos-e-exuberantes-de-joan-collins-na-serie-dinastia_a1615/1#3.
Acesso em: 7 jun. 2019.
BIANCA, R. Britney Spears. 2009. Disponível em: http://weloverocknrollperfil.blogspot.
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CÂNDIDO, N. Microfisioterapia: o que é, para que serve e benefícios. [201-?]. Disponí-
vel em: https://www.minhavida.com.br/saude/tudo-sobre/32871-microfisioterapia.
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COX, B. et al. Última moda: uma história ilustrada do belo e do bizarro. São Paulo:
Publifolha. 2012.
CRESPANI, A. Comercial emocionante recria uma bela história de natal que aconteceu
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mundobom/2014/12/25/comercial-emocionante-recria-uma-bela-historia-de-natal-
-que-aconteceu-de-verdade-durante-a-primeira-guerra. Acesso em: 7 jun. 2019.
CURCIO, J. Words to live by: Twiggy. 2019. Disponível em: https://www.crfashionbook.
com/celebrity/g26754415/words-to-live-by-twiggy/?slide=2. Acesso em: 7 jun. 2019.
DURANTE, S. Louis Sullivan. In: ENCICLOPÉDIA biográfica de arquitetos digital. 2015.
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ESTÉS, C. P. Mulheres que correm com os lobos: mitos e histórias do arquétipo da mulher
selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 2014.
FALZETTA, R. Em busca do corpo perfeito. 2004. Disponível em: https://novaescola.org.
br/conteudo/1440/em-busca-do-corpo-perfeito. Acesso em: 7 jun. 2019.
FARHAT, D. G. K. M. As diferentes concepções de corpo ao longo da história e nos dias atuais
e a influência da mídia nos modelos de corpo de hoje. 2008. Trabalho de Conclusão de
Curso (Bacharelado em Educação Física) — Instituto de Biociências, Universidade
Estadual Paulista “Julio de Mesquisa Filho”, Rio Claro, 2008.
HALLAWELL, P. C. À mão livre: a linguagem visual. São Paulo: Senac, 2017a.
HALLAWELL, P. C. Visagismo integrado: identidade, estilo e beleza. 2. ed. São Paulo:
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JOGOS olímpicos. [201–?]. Disponível em: http://heroesandgods.blogspot.com/p/
jogos-olimpicos.html. Acesso em: 7 jun. 2019.
RAFAEL: retrato de Maddalena Doni. In: WIKIPEDIA. [2010]. Disponível em: https://
pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Rafael_-_Retrato_de_Maddalena_Doni.jpg. Acesso
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RINCON, M. L. 20 curiosidades sobre Xuxa Meneghel. 2014. Disponível em: https://m.
megacurioso.com.br/personalidades/42624-20-curiosidades-sobre-a-xuxa-meneghel.
htm. Acesso em: 7 jun. 2019.
Análise do corpo e das suas proporções 19

QUIRON. Anatomia corporal. [2011?]. Disponível em: https://cursoquiron.wordpress.


com/conteudos/anatomia-corporal. Acesso em: 7 jun. 2019.
SMASHKILIMANJARO. Mjue Curtis McDaniel mwanamitindo mwenye ugonjwa wa viti-
ligo. 2017. Disponível em: http://smashkilimanjaro.blogspot.com/2017/12/mjue-curtis-
-mcdaniel-mwanamitindo.html. Acesso em: 7 jun. 2019.
WEIL, P.; TOMPAKOW, R. O corpo fala: a linguagem silenciosa da comunicação não
verbal. 41. ed. Petrópolis: Vozes, 1997.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da lnstitui9ao, voce encontra a obra na fntegra.
Conteudo:

[ill]
7illI8J
SOLUt;OES
EDUCACIONAIS
INTEGRADAS
Dica do professor
A linguagem visual é traduzida em emoções e sensações mediante os símbolos arquetípicos, o
que afeta o comportamento e, como consequência, colabora para a criação de um estilo específico
para cada pessoa. Ou seja, o estilo não advém apenas da aplicação mecânica de regras de
proporção ao biotipo, mas também da aplicação de conceito, daquilo que se conecta com a
essência individual.

Veja na Dica do Professor as particularidades de cada estilo para que você possa ter
resultados alinhados estética, harmônica, física e emocionalmente.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Na prática
Embora o corpo tenha sido mostrado nu por muitos e muitos anos num passado longínquo, é algo
estranho pensá-lo dissociado de vestimentas. E são justamente as roupas, os acessórios e os
calçados, com suas características de formato, cor, textura e estilo, que compõem hoje a imagem
pessoal.
No entanto, é muito comum ver pessoas vestindo roupas de acordo com as últimas tendências da
moda e essas peças não contribuírem em nada para deixar seus corpos mais harmônicos. Afinal,
para valorizar a imagem pessoal, é importante conhecer os biotipos, entendendo quais roupas caem
melhor para cada formato corporal.

Veja neste Na Prática o processo de consultoria de imagem com foco na abordagem do corpo, do
biotipo, dos temperamentos e dos estilos relacionados.
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Concluindo a consultoria
A inten<;cio e que Mariana entenda como equilibrar os estilos com as situa<;5es de
vida e assim conguistar, alem de propor<;do estetica, uma imagem que converse
sobre ela. As cole<;6es ncio foram criadas a fim de serem usadas para compor
totalmente o visual, em um unico look A ideia e misturar os 3 estilos contidos nos
cole<;6es e assim conseguir criar uma imagem pessoal equilibrada e interessante.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Atlas do corpo humano


O conhecimento da anatomia do corpo humano e suas particularidades, com a localização e as
funções de suas partes, coloca o profissional da beleza e visagista em um patamar elevado de
consciência em relação ao biotipo, sua estrutura, ossatura, musculatura, etc., tornando-se excelente
ferramenta de avaliação e compreensão do corpo.

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Imagem pessoal
Existem diversos pontos de vista interessantes sob a ótica da imagem pessoal. Os profissionais mais
antenados nas novas tendências (não de moda, mas de comportamento) já não se permitem não
conectar diretamente a criação da imagem pessoal com o comportamento humano. Leia neste e-
book uma interessante visão sobre o conceito de imagem pessoal, personalidade e comportamento.

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Personalidade: teoria e pesquisa


Para se aprofundar no universo das personalidades de maneira mais ampla, leia o livro a seguir.

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Visagismo aplicado à maquiagem

Apresentação
A maquiagem, por si só, pode ser considerada um acessório de moda e estilo, mas a maquiagem
mais adequada é aquela que transmite uma imagem condizente com a que o indivíduo gostaria de
expressar, com harmonia e estética. A imagem pessoal deve conseguir expressar características,
gostos e estilo.

O profissional maquiador que tem domínio a respeito dos conceitos e aplicação do visagismo é
capaz de proporcionar ao seu cliente uma experiência única, um encontro consigo mesmo, pois é
capaz de revelar, na sua imagem exterior, sua essência interior. Segundo Hallawell, pai do
visagismo, essa experiência traz o maior nível de saúde possível.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer o visagismo aplicado à maquiagem, aprender a
relacionar a dinâmica das linhas e os efeitos de luz e sombra, bem como a aplicar soluções de
maquiagem para diferentes tipos de rosto.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Descrever a aplicabilidade do visagismo à maquiagem.


• Relacionar a dinâmica das linhas e os efeitos de luz e sombra.
• Aplicar soluções de maquiagem para diferentes tipos de rosto.
Infográfico
Símbolos arquetípicos são formados por linhas, formas e cores, estando presentes na composição
de todas as imagens, inclusive da face humana. Esses símbolos geram uma reação emocional
específica, inconsciente e intuitiva em quem os vê.

O Infográfico a seguir relaciona as linhas que formam os diferentes formatos de rosto e as reações
emocionais às quais estão associadas.
SIMBOLQS ARqU£IIP-ICOS
A linguagem visual representa um conjunto de
sfmbolos e signos que servem para comunica ao visual

Os sfmbolos arquetfpicos
sao formados por quatro
tipos de linhas com
caracterfsticas inatas
que geram rea oes
emocionais especfficas,
de forma inconsciente
e intuitiva. Essas linhas
formam os diferentes
formatos de rosto.

Emocional, quente, envolvente e feminina.

E relacionada a suavidade e maciez.


Encontrada nos rostos oval e redondo.

lm6vel, expressa poder e seguranc;a,


frieza e masculinidade.

Proporciona sensac;ao de conforto


e remete ao que e imutavel e
estabelecido. Encontrada nos rostos
quadrado, retangular, hexagonal de
base reta e triangular.

lm6vel, expressa forc;a, controle e estrutura.

E associada a retidao, a lideranc;a, a autoconfi-


anc;a, a intelectualidade e ao conservadorismo.
Encontrada nos rostos quadrado, retangular,
hexagonal de laterais retas.

Dinamica. Quando direcionada para frente cria


sensac;ao de agressao; quando para tras, de
medo e inseguranc;a; quando em varias direc;oes,
e explosiva, agitada; quando direcionada para
cima, da sensac;ao de leveza; quando para baixo,
cria um peso visual. Encontrada nos rostos
hexagonais, triangulares e losangulares.
Conteúdo do livro

Existem infinitas possibilidades de combinação entre os diferentes formatos de rosto e elementos


da face, com variações de proporção, de cores e assimetrias. Essas variações é que diferenciam as
pessoas entre si, tornando-as únicas, com uma imagem exclusiva. O conjunto formado pelas
combinações supracitadas forma o rosto, que é a principal identidade de um indivíduo.

Uma vez que a maquiagem consiste em uma ferramenta capaz de transmitir expressões, conhecer e
saber analisar os diferentes formatos da face e de seus elementos é muito importante para o
maquiador.

No capítulo Visagismo aplicado à maquiagem, da obra Técnicas de maquiagem, você vai conhecer os
fundamentos do visagismo aplicado à maquiagem, a dinâmica das linhas e efeitos de luz e sombra e
as soluções de maquiagem para diferentes formatos de rosto.
TÉCNICAS DE
MAQUIAGEM

Jessica Gabriele da Silva


Marques
Visagismo aplicado
à maquiagem
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

■ Descrever a aplicabilidade do visagismo à maquiagem.


■ Relacionar a dinâmica das linhas e os efeitos de luz e sombra.
■ Aplicar soluções de maquiagem para diferentes tipos de rosto.

Introdução
A imagem da face é responsável por oferecer uma identidade visual
ao indivíduo, podendo, inclusive, indicar traços de sua personalidade.
A maquiagem ideal será aquela que melhor transmite a imagem que
o cliente gostaria de expressar, com harmonia e estética, e não a que o
enquadra nos padrões e tendências de beleza impostos à sociedade.
A imagem pessoal deve ser capaz de expressar as características
pessoais e o estilo de cada indivíduo, e uma vez que a maquiagem serve
como ferramenta de embelezamento, deve ser pensada de maneira a
auxiliá-lo a transmitir uma imagem condizente com aquela que deseja.
Neste capítulo, você conhecerá o visagismo aplicado à maquiagem,
aprenderá a relacionar a dinâmica das linhas e os efeitos de luz e sombra
e aplicar soluções de maquiagem para diferentes tipos de rosto.

O visagismo
O visagismo trata da imagem pessoal de cada indivíduo, expressando ou não
sua identidade. Reforça a ideia de que cada indivíduo é único, e por isso, apre-
senta as: “Quem é você?” e “O que você deseja expressar pela sua imagem?”.
Em geral as pessoas não têm autoconhecimento e não sabem responder quem
são. O conhecimento que o visagismo proporciona auxilia os indivíduos a se
encontrarem e entenderem o que sua imagem fala sobre sua personalidade,
2 Visagismo aplicado à maquiagem

gerando uma ponte para o autoconhecimento e auxiliando na transmissão da


intenção de sua autoimagem (HALLAWELL, 2010a).
O termo visagismo teve origem a partir da palavra visage, que significa
rosto, em francês, e foi criado por Fernand Aubry em 1937. Defensor da beleza
estética e das formas, Aubry conseguiu criar a arte de produzir a imagem
pessoal personalizada, segundo ele mesmo proclamava (TRINKA; FONTES,
2010; HALLAWELL, 2010a).
Hallawell (2010a) afirma que a imagem pessoal deve expressar o verdadeiro
“eu”, os sentimentos íntimos, qualidades e valores. Caso contrário, será uma
máscara, uma falsa imagem, que ocasionará crise de identidade, pois mesmo
esta imagem sendo bonita não expressa quem realmente a apresenta. Sendo
assim, deve haver um equilíbrio entre personalidade e rosto, para haja saúde
emocional, física e mental. Contudo, um indivíduo com traços de personali-
dade que gostaria de modificar para se sentir mais seguro, pode encontrar na
maquiagem ou em um corte de cabelo, por exemplo, uma maneira de expressar
as características que condizem com o que deseja.
A evolução facial tem desempenhado um papel importante na morfologia
humana. Diferentes de muitos animais, os seres humanos apresentam uma
grande variabilidade em sua morfologia facial, dando origem e pistas da sua
individualidade (SHEEHAN; NACHMAN, 2014). Pode-se afirmar, então,
que a linguagem visual é expressa nos formatos do rosto e elementos da face
características de cada indivíduo.
Na maquiagem, para ser assertivo, o profissional deve levar em conta os
elementos da imagem, que são fundamentais na expressão das emoções. A
maquiagem transmite indícios do comportamento das pessoas, que podem
parecer brabas, alegres, introvertidas ou extrovertidas, sérias ou engraçadas,
entre outros. Além disso, pode marcar a personalidade, destacando o indi-
víduo por expressar características como: sensibilidade e delicadeza, força e
determinação, harmonia e equilíbrio, dinamismo e impulsão. Por isso, deve
ser pensada de maneira a transmitir exatamente o que o cliente deseja.

A linguagem visual expressa através do rosto


As expressões faciais e a linguagem que o corpo e rosto transmitem são os
meios mais naturais, imediatos e eficazes utilizados pelos seres humanos
para comunicar suas emoções e intenções, que são expressas pela face antes
mesmo de serem verbalizadas.
Hallawell (2010a) explica que toda a imagem gera uma emoção, inclusive
a imagem pessoal. Portanto, além de afetar o próprio indivíduo, seu com-
Visagismo aplicado à maquiagem 3

portamento e sua autoestima, a imagem por ela transmitida afeta também as


pessoas ao seu redor.
Sobre isso, Trinka e Fontes (2010) explicam que, sem que seja necessário
conhecer uma pessoa, já é realizada uma avaliação imediata, positiva ou nega-
tiva, sobre como ela é com base na imagem que ela transmite. São necessários
apenas três segundos para a formação da primeira impressão.

Pode-se dizer que a imagem e o estilo estão vinculados e são ferramentas poderosas
da comunicação com o mundo (MOLINOS, 2010). Quando uma pessoa consegue
apresentar o melhor de si através de sua imagem, estará causando a impressão certa,
e por isso, no que diz respeito à imagem pessoal, seguir padrões e tendências não
deve ser o primordial. Nem sempre o que está em voga como tendência reflete o que
a pessoa necessita nem a auxilia para que possa ser bem interpretada pelos outros.

Os conhecimentos da linguagem visual são fundamentais para o profis-


sional da área da beleza. Ter inteligência visual, contudo, é o que trará a ele
a capacidade de ser criativo e eficiente em seu trabalho.
Os símbolos que compõe a linguagem visual são os elementos básicos
das artes visuais: o ponto, as linhas, as formas, a luz, o volume e as cores. É
preciso conhecer a linguagem visual profundamente para exercer o visagismo,
o conhecimento facilita a análise das formas e os traços de um rosto e a
compreensão do que a personalidade da pessoa expressa.
O profissional visagista tem o potencial de fazer uma leitura do cliente
em poucos minutos, observa as características físicas e entende que tipo de
pessoa é. Na conversa, esclarece o trabalho, atividades, estilo de vida, desejos
e necessidades, para então saber a imagem que deve expressar, proporcionando
maiores benefícios nos relacionamentos, aumento da autoestima e criação do
bem-estar em geral.
Cezimbra (2014) enfatiza que a proporção, a simetria, geometria e a har-
monia das linhas da face são as soluções para a criação de um estilo particular
de beleza.
Assim, o visagismo é conduzido por meio de uma consultoria que implica
em uma autorreflexão, instigando os clientes a refletirem sobre seus princípios,
prioridades e desejos, influenciando na sua autoimagem e consequentemente
trazendo benefícios a sua autoestima.
4 Visagismo aplicado à maquiagem

Dinâmica das linhas: formatos de rosto e olhos


Definida como uma figura ou imagem visível, a forma nos avisa sobre a natureza
da aparência externa de alguma coisa. Compreendemos emocionalmente e
reagimos às linhas e formas de uma imagem de maneira semelhante, sendo uma
linguagem visual básica e comum. Para analisar e expressar de forma correta
uma intenção através de uma imagem, é necessário conhecer e compreender
os significados das linhas e formas geométricas (HALLAWELL, 2010).
Existem três tipos de linhas básicas que formam imagens: retas, inclinadas
e curvas. Elas têm características inatas que instituem o ritmo em que o olho as
percorre. Desta forma, linhas retas verticais e horizontais são imóveis, linhas
inclinadas são dinâmicas e as curvas emocionais (HALLAWELL, 2010b).
As linhas verticais expressam força, controle e estrutura. Associadas à
retidão, liderança, autoconfiança, clareza, intelectualidade e conservadorismo.
São linhas que não expressam emoções. Toda unidade linear tende, psico-
logicamente, a se prolongar na mesma direção e com o mesmo movimento.
As linhas horizontais, por sua vez, são imóveis e expressam poder e segu-
rança. São consideradas linhas frias e masculinas. Hallawell (2010) explica
que proporcionam sensação de conforto e segurança, remetendo à linha do
horizonte, ao que é permanente, imutável e estabelecida. Linhas horizontais
remetem ao homem algo que pode ser controlado e medido, como, por exemplo,
a superfície da terra que é plana, pode ser medida e traz estabilidade.
Já nas linhas verticais, é possível verificarmos as precisões. Uma planta
que nasce, um raio que cai sobre a terra, nos esboça uma linha imaginária
vertical (LIMA; MELO; POLASTRO, 2009). O quadrado é uma estrutura
totalmente imóvel, racional, sem emoções, que imprime força, segurança, poder
e conservadorismo, sendo o retângulo uma variação dessa estrutura. Este é
ligado à terra, ao intelecto, ao pensamento lógico e racional, ao materialismo
e a masculinidade. Veja na Figura 1 os formatos de linhas.

Figura 1. Linha reta vertical (a), linha reta horizontal (b), linha inclinada (c) e linha curva (d).
Fonte: Marques (2018, p. 135).
Visagismo aplicado à maquiagem 5

Qualquer imagem, espaço ou objeto no formato quadrado remete a força,


poder, segurança, frieza, intelectualidade, honestidade, retidão e esmero.
Uma mulher de negócios que deseja passar uma imagem de eficiência, por
exemplo, poderá ter em um corte de cabelo com linhas retas uma boa opção
de expressar essas mesmas coisas, porém, se prefere suavizar é necessário
formas retangulares e triangulares assimétricas (HALLAWELL, 2010b).
Diagonais são linhas que expressam dinamismo ou instabilidade, o que
depende da formatação geométrica. O triângulo, que contem ângulos for-
mados por linhas inclinadas, possui um formato dinâmico e cria a sensação
de impacto com resultado dramático. É estável quando a base é reta, porém
seus outros lados dão sensação de dinamismo. Suas linhas inclinadas di-
recionam o olhar para o alto, para o ápice. Hallawell (2010a) enfatiza que
os movimentos trazem instabilidade e dinamismo, de forma que cabelos
cortados com esse formato se direcionam para baixo, criando uma imagem
pesada e imóvel associada à submissão e aceitação passiva, o que pode
provocar um estado depressivo.
O triângulo invertido, por sua vez, é símbolo do perigo, pois é instável e
transmite sensação de insegurança, especialmente na imagem pessoal. Porém,
a linha inclinada da nuca para cima expressa energia e leveza. As percepções
psicológicas e fisiológicas ligadas ao triangulo são: ação, conflito e tensão
(HALLAWELL, 2010a). Seu significado é ameaçador e quase literalmente
perturbador. Relacionadas à sexualidade masculina e à agressão, são linhas
de impulsão. Quando direcionadas para frente criam uma posição de ataque,
agressão, quando direcionadas para trás passam medo e insegurança e quando
direcionadas em várias direções criam uma imagem explosiva, agitada. No
entanto, quando direcionadas para cima dão sensação de leveza e quando
direcionadas para baixo criam um peso visual. Se direcionadas para fora
criam impressão de extroversão e para dentro, de introversão. São ligadas ao
ar e ao fogo (DONDIS, 2007; HALLAWELL, 2010b).
As linhas curvas são quentes, emotivas, femininas e envolventes, associadas
à continuidade. O arredondamento possui como característica marcante a
suavidade e a maciez. A leitura visual é mais fácil e confortável, pois o olhar é
capaz de percorrer tranquilamente o objeto, sem maiores dificuldades, quebras
ou sobressaltos visuais (HALLAWELL, 2010a, 2010b).
São de vários tipos: as curvas longas e onduladas proporcionam romantismo,
sensualidade, paz e calma; as curvas fechadas e entranhadas são relacionadas
às emoções conturbadas, mas se estiverem entrelaçadas, são infantis e lúdi-
cas; curvas interrompidas são alegres e festivas; e os arcos, dão sensação de
elegância (HALLAWELL, 2010a).
6 Visagismo aplicado à maquiagem

O círculo transmite uma expressão de eternidade e está associado à infi-


nitude, calidez e proteção, além de suavidade e maciez. Por isso, rostos com
linhas curvas como o redondo e oval transmitem uma imagem mais delicada
e suave. Também cortes de cabelo arredondados e cachos ou ondulações,
sobrancelhas redondas, olhos grandes e redondos, bem como lábios grossos
trazem todas as impressões supracitadas, com suas particularidades.
O formato do rosto é determinado pela estrutura óssea. No visagismo, é
de suma importância reconhecer esses formatos, pois são eles que indicam
o estilo de cabelo e maquiagem mais adequado a cada pessoa. Segundo
estudos de Hallawell (2010a), existem os seguintes formatos básicos de
rosto (Figura 2):

■ oval;
■ redondo;
■ retangular;
■ quadrado;
■ hexagonal com base reta;
■ hexagonal com lateral reta;
■ triangular;
■ triangular invertido;
■ losangular.

Há pessoas cujo rosto cabe perfeitamente dentro dessas formas geométri-


cas, tornando-se fácil de analisar, porém muitos rostos são mais complexos,
contendo uma variedade de formatos.
Ao observar o rosto, o cabelo deve estar puxado para trás, para que toda
a testa e linha do cabelo fiquem aparentes. Os pontos principais a serem
observados são: altura e largura da testa, o formato das maçãs do rosto e o
formato da mandíbula.
Visagismo aplicado à maquiagem 7

Oblongo Retângulo Redondo

Quadrado Triângulo invertido Coração

Lozango Triângulo Oval

Figura 2. Formatos de rosto.


Fonte: Adaptada de 3xy/Shutterstock.com.

O formato de rosto oval por muito tempo foi considerado o ideal de beleza
para mulheres, pois expressa delicadeza e suavidade. As principais carac-
terísticas desse formato de rosto são: testa arredondada e não muito larga;
têmporas não são muito profundas; linha do cabelo arredondada; linhas do
zigomático levemente salientes, descendo até a curva da mandíbula; largura
correspondente a dois terços de seu comprimento.
O rosto redondo possui poucos ângulos. É angelical ou infantil, muito
encontrado em pessoas de origem asiática e indígena. Caracterizam-se por
testa e queixo menores que nos rostos ovais; olhos mais espaçados; linha do
cabelo arredondada; formatos dos olhos e do nariz também são arredondados,
assim como a linha do cabelo.
8 Visagismo aplicado à maquiagem

Rostos quadrados e retangulares possuem testa retangular; as têmporas


não são muito profundas; linha do cabelo reta; linhas do zigomático levemente
salientes, descendo até a mandíbula numa linha com pouca inclinação, quase
vertical. A curva da mandíbula encontra-se abaixo da linha da boca e corre
quase horizontalmente até o queixo. O queixo é pouco pronunciado. A dife-
rença entre o rosto quadrado e o retangular é a altura, já que o formato de
rosto quadrado possui a medida da altura equivalente à medida de sua largura,
enquanto que o retangular possui a largura equivalente a aproximadamente
2/3 de sua altura.
Muito comum entre os brasileiros, especialmente no norte e nordeste do
país, o rosto triangular invertido tem linhas um pouco mais arredondadas, e
a linha do cabelo se abaixa no centro da testa. Uma variação desse formato é
o rosto em forma de coração, não muito comum. As principais características
são: testa larga; mandíbula estreita; têmporas não muito profundas; linhas do
zigomático não muito pronunciadas; praticamente não se percebe a curva da
mandíbula; rosto formado por uma linha contínua que parte do zigomático até
o queixo, num ângulo bem acentuado; o queixo é pontudo, mas nem sempre
pronunciado.
O rosto triangular, também conhecido como formato de pera, não é muito
comum, especialmente em mulheres. É caracterizado por testa pequena e
estreita; mandíbula bastante evidente, larga e quadrada; têmporas profundas;
linhas do zigomático não são pronunciadas; curvatura do osso da mandíbula
abaixo da linha da boca; a linha do zigomático até a mandíbula inclina-se
para fora.
Muito parecido com o rosto oval, o rosto hexagonal lateral em vez de ter
curvas suaves, é bastante angular. É um formato de rosto muito fotogênico,
caracterizado por: testa em forma de trapézio, com ângulos acentuados onde
ela se estreita; têmporas mais profundas; linha do cabelo curta e reta; linhas do
zigomático um pouco mais pronunciadas; queixo mais pronunciado e angular;
curva da mandíbula na altura da boca.
O rosto hexagonal de base reta, também conhecido como formato diamante,
pode ser difícil distinguir em relação ao formato triangular invertido. Possui
testa em forma de trapézio, não é tão larga; têmporas mais profundas; linha
do zigomático até a mandíbula é bastante inclinada; linhas do zigomático
salientes; linha do cabelo reta e razoavelmente longa; queixo em formato
quadrado e não é pontudo.
Por fim, o rosto em losangular é caracterizado por possuir testa que forma
uma ponta ou curva pronunciada. Possui linhas bastante pronunciadas; quase
nenhuma definição no maxilar e queixo pequeno.
Visagismo aplicado à maquiagem 9

Outro ponto muito importante a ser observado é o formato dos olhos.


Formados pelo globo ocular, os olhos ficam dentro da cavidade abaixo do osso
frontal e acima do arco zigomático, são circundados por diversos músculos,
sendo o orbicular do olho o principal deles. O que determina a saliência dos
olhos é a projeção do osso frontal, pela altura do osso nasal e pelo rebaixamento
do arco zigomático (HALLAWELL, 2010b).
Para a classificação dos olhos é necessário reparar nas seguintes partes:
sobrancelha, pálpebra móvel superior, pálpebra fixa, pálpebra inferior, canto
externo, canto interno, côncavo, linha dos cílios, linha d’água.
As pálpebras abrem e fecham o globo ocular e exibem uma parte dele, a
área em volta da íris, onde se juntam próximo ao nariz se encontra a bolsa
lacrimal. A pálpebra superior cobre a íris, assim, apenas sua metade é visível.
A íris ocupa metade de abertura do olho, a esclerótica (parte branca ao redor
da íris) ocupa um quarto da área do lado, e a pupila está no centro da íris.
O olho pode ser comparado ao triângulo na sua forma básica, base reta
e os dois lados iguais a 45º, onde o ponto mais alto do arco superior dos
olhos é no ápice do triângulo, sendo o formato padrão. Segundo Hallawell
(2010b), são quatro os formatos básicos: redondos e abertos, amendoados,
caídos e cerrados.
Os formatos de olhos são determinados pela curvatura da abertura dos olhos
em si e o tipo de curvatura das pálpebras superiores, a abertura maior revela
melhor a íris e o branco do olho, no entanto há pouca variação no tamanho
da íris. Os dois olhos da mesma pessoa não são iguais, um sendo maior que
o outro, um pouco mais levantado ou inclinado, mas ambos têm, em geral, o
mesmo formato (HALLAWELL, 2010a).
Os olhos amendoados têm a parte externa levantada, sendo a base incli-
nada para cima, e o canto externo mais longo, dando impressão de altivez ou
arrogância. Rebaixado na parte externa, os olhos caídos têm a base inclinada
para baixo. O canto externo é pouco mais longo que o interno, causando a
impressão de tristeza.
Nos olhos redondos e abertos, a curva do arco superior é bem definida e
a pálpebra é arredondada, da mesma forma que a base do olho. O triângulo
é mais alto que o padrão, dando a impressão de olho grande. A expressão do
olhar transmite atenção e inocência. Já os olhos cerrados têm por característica
principal o triângulo mais baixo, dando a impressão de olho pequeno. Sendo
assim, a pálpebra superior quase não tem arco. Esse formato de olho não
chama muito a atenção. O olho asiático se difere do olho ocidental na parte
interna da pálpebra superior, por não ser quase visível, dá a impressão que
foi esticada até o canto externo.
10 Visagismo aplicado à maquiagem

Hallawell (2010a) destaca que olhos grandes dominam as atenções em


detrimento das outras partes do rosto e a proporção da largura do olho em
relação ao nariz e ao espaço entre o olho e o nariz é maior que o padrão.

Soluções de maquiagem: características


pessoais e os temperamentos
Atualmente, diz-se que o temperamento é a combinação de características
hereditárias, coordenadas pela nacionalidade, raça, sexo, hábitos e ritmo de
vida de cada indivíduo, e pode ser definido como a “mistura de proporções”,
ou seja, todos os indivíduos apresentam características de ambos os tem-
peramentos, porém em graus diferentes, tendo aspectos comportamentais
positivos e negativos.
Há uma importante relação entre a personalidade e os formatos e feições
do rosto no visagismo. Também há uma ligação entre fisionomia e caracte-
rísticas comportamentais, definidas como temperamentos, e a teoria de que
a personalidade se manifesta fisicamente.
Os temperamentos são as primeiras classificações da personalidade, criadas
pelo grego Hipócrates, pai da medicina. Hipócrates acreditava que os tempe-
ramentos dependiam de substâncias bioquímicas do corpo, classificando-os
assim em quatro categorias: sanguíneo, colérico, melancólico e fleumático.
Os sanguíneos são pessoas cordiais, comunicativas, eufóricas, extroverti-
das e festivas, além de serem interessadas por novidades, caracterizando-as
como criativas e inovadoras. Suas fraquezas são irregularidade, vaidade,
desorganização e inconstância, além de serem geniosos e esquecidos. Sua fala
é clara e articulada, assim como seus movimentos são rápidos e expressivos,
com muitos gestos.
Geralmente as feições e os formatos de rostos associados aos sanguíneos
expressam dinamismo, energia e impulsão, tendo linhas inclinadas. O rosto
pode ser losangular ou hexagonal de laterais retas, seus olhos grandes ou
amendoados e as sobrancelhas levantadas. Sua boca é expressiva e cativante e
seu nariz pode ser grande, proeminente ou arrebitado (GLAS, 2013; HALLA-
WELL, 2010b).
Os coléricos são independentes, fortes, determinados, práticos, concentra-
dos, emotivos e intensos. Gostam de desafios, de liderar e de ter seu trabalho
reconhecido, geralmente são reservados, mas podem ser extrovertidos. O
autoritarismo, a competitividade, a obsessão e a intolerância são umas de suas
Visagismo aplicado à maquiagem 11

fraquezas. Não gostam de ser pressionados ou controlados. Sua fala pode ser
forte e rápida ou arrastada, e seus gestos cinestésicos.
Fisicamente, as linhas retas verticais e horizontais apontam características
coléricas, por expressarem segurança, poder e força. Seu rosto pode ter o
formato quadrado, triangular ou hexagonal com base reta, sendo o queixo
pronunciado e forte. Seus olhos são espaçados, com olhar intenso e penetrante,
e as sobrancelhas grossas, cerradas e retas. Seu nariz é largo, e seus lábios
grossos e sensuais (GLAS, 2013; HALLAWELL, 2010b).
Existem dois tipos de melancólico: o artístico e o científico. Os dois são
disciplinados, perfeccionistas, talentosos, discretos, analíticos, detalhistas,
pensativos e profundos. São concentrados, pacienciosos e persistentes, res-
peitadores e tentam não ser intrometidos ou inconvenientes. O melancólico
artístico é sensível, delicado e romântico, porém não demostra entusiasmo
ou emoção. Já o científico, é cerebral e lógico, sendo mais frio e sistemático.
As fraquezas dos melancólicos são a indecisão, a ansiedade, a introversão,
a timidez e o perfeccionismo exagerado, entre outras, tendo dificuldades
de se impor e facilidade de guardar rancor. Sua falta de emoção gera a
impressão de antipatia. Tem gestos graciosos e preciosos, e fala rápida e
sem muita clareza.
Feições, expressões ou formatos de rostos com linhas curvas expressam
lirismo, delicadeza e sensibilidade, caracterizando melancólicos artísticos.
O melancólico científico, contudo, é caracterizado por linhas retas verticais
rígidas e finas. Em sua maioria, os melancólicos artísticos têm o formato
de rosto oval, mas também pode ser triangular invertido, já no melancólico
científico, é retangular ou longo. As feições são arredondadas, agrupadas,
delicadas e pequenas; os olhos e sobrancelhas são caídos, dando ar de tristeza;
o nariz é longo ou pequeno; a testa alta e curva; o queixo retraído; os lábios
estreitos e a boca caída.
Por fim, pessoas fleumáticas são caracterizadas como pacientes, equili-
bradas, pacificadoras, leais, conciliadoras, amigáveis, simpáticas, agradáveis,
organizadas e com ótima memória. Não são competitivas ou apegadas, são
generosas e se contentam com pouco. Suas fraquezas são: acomodação, apatia,
alienação e desleixo com a aparência. Não gostam de mudanças e por vezes
perdem boas oportunidades; fogem de situações de riscos, pois buscam por
segurança. Tem movimento, gesto e fala lentos.
As feições dos fleumáticos são regulares e arredondadas; seus olhos são
cerrados, com pálpebras grandes e pesadas, dando ar de cansaço; as sobran-
celhas são largas, não delineadas, e podem ser retas ou redondas; seu queixo
é retraído e seu rosto pode ser redondo, triangular, quadrado ou oval.
12 Visagismo aplicado à maquiagem

O visagismo na maquiagem
Analisar as características faciais do cliente e seus objetivos e necessidades
em relação à imagem que deseja transmitir, são passos primordiais para um
bom atendimento e para a realização da maquiagem. A partir dessa análise
é que se pode, então, idealizar uma maquiagem que supra suas expectativas.
Com base em todas as características abordadas e com muito treino, é
possível identificar o temperamento dos clientes, e assim, compreender e
auxiliar a pensar sobre qual imagem ele deseja transmitir. Pense que se o
cliente apresentar características físicas do melancólico, mas desejar transmitir
uma imagem mais forte e determinada, poderá investir em traços que levem
mais próximo ao colérico, por exemplo. Contudo, você não pode deixar de
considerar que essa imagem precisa estar em harmonia com seu senso pessoal
e com o próprio formato do rosto.
Deve-se também considerar as cores e seus significados: amarelo, ligado
ao sol, é energético, alegre, intenso, vibrante; o dourado, ligado ao ouro, é
exuberante, rico, profundo; o laranja fogo é emocional, perigoso, agitado,
energizante; o vermelho, sangue, é passional, emocional, profundo; e o marrom,
ligado à terra, é aconchegante, pé no chão, estável e estruturado.

Veja exemplos da aplicação do visagismo na maquiagem:


■ Linhas retas no delineado e na marcação dos contornos, assim como o uso de
cores intensas e carregadas como preto, vinho, marrom e vermelho nos olhos e
nos lábios, transmitem uma imagem forte e determinada. Podem ser utilizados em
uma pessoa que deseja transmitir ou evidenciar essas características.
■ Linhas inclinadas no delineado e na marcação dos contornos, assim como o uso de
cores vivas, tais como: laranja, amarelo, verde-limão e rosa pink nos olhos e lábios,
transmitem uma imagem dinâmica, criativa e alegre. Podem ser utilizados em uma
pessoa que deseja transmitir ou evidenciar essas características.
■ Linhas arredondadas na marcação dos olhos e contornos, assim como o uso de
cores delicadas, como rosa, azul, verde água e tons pastéis transmitem uma ima-
gem suave, calma e agradável. Podem ser utilizadas em uma pessoa que deseja
transmitir ou evidenciar essas características.
Visagismo aplicado à maquiagem 13

Dessa maneira, se o cliente tiver as feições e o rosto mais expressivos, com


linhas retas, é possível explorar linhas inclinadas e cores vivas, para dar ênfase
ao dinamismo, caso seja o desejo do cliente. Caso tenha linhas inclinadas nas
feições e rosto, pode-se buscar explorar uma maquiagem mais intensa, com
cores carregadas. Porém, se apresentar feições delicadas e suaves, que sejam
totalmente distintas à imagem que ele deseja, é necessário buscar equilíbrio
em traços retos e cores vivas, pois as cores intensas e carregadas trarão muito
contraste em sua imagem.
Considerando os assuntos abordados, é possível trazer os conceitos do
visagismo, estudando cada tipo de rosto e entendendo o que o cliente gostaria
de transmitir, para que a maquiagem saia de acordo com o desejado e transmita
aquilo que o cliente intenciona.

CEZIMBRA, M. Maquiagem: técnicas básicas serviços profissionais e mercado de trabalho.


Rio de Janeiro: SENAC Nacional, 2014.
DONDIS, D. A. Sintaxe da linguagem visual. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
GLAS, N. Temperamentos: a face revela a pessoa. Arte Médica Ampliada, Belo Horizonte,
v. 33, n. 1, p. 8-23, jan./fev./mar. 2013. Disponível em; <http://abmanacional.com.br/
arquivo/30b59bc4198b1265fb909ed71ebab9efc7423396-33-1-face-revela-a-pessoa-
-temperamentos.pdf>. Acesso em: 22 out. 2018.
HALLAWELL, P. Visagismo: harmonia e estética. 6. ed. São Paulo: Senac, 2010a.
HALLAWELL, P. Visagismo integrado: identidade, estilo e beleza. 2. ed. São Paulo: Senac,
2010b.
LIMA, H. A.; MELO, J. A.; POLASTRO, M. M. Importância da análise investigativa das linhas
que compõem os formatos geométricos do rosto. 2009. 66 p. Trabalho de Conclusão de
Curso (Tecnólogo em Visagismo e Terapia Capilar) - Universidade Anhembi Morumbi,
São Paulo, 2009.
MARQUES, J. G. da S. Design de sobrancelhas. Porto Alegre: SAGAH, 2018.
MOLINOS, D. Maquiagem. 11. ed. São Paulo: Senac, 2010.
SHEEHAN, M. J.; NACHMAN, M. W. Morphological and population genomic evidence
that human faces have evolved to signal individual identity. Nature communications,
[S.. l.], v.5, n. 4800, p. 1-10, Sep. 2014. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/
pubmed/25226282>. Acesso em: 21 out. 2018.
14 Visagismo aplicado à maquiagem

TRINKA, C. M.; FONTES, E. Imagem pessoal: visagismo. Canoas: ULBRA, 2010.

Leitura recomendada
D’ALLAIRD, M. et al. Milady maquiagem: teoria das cores, maquiagens especiais evolução
da maquiagem. São Paulo: Cengage Learning, 2016.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da lnstituic;ao, voce encontra a obra na fntegra.
Conteudo:
[ITfil
7sBBJ
SOLU<;OES
EDUCACIONAIS
INTEGRADAS
Dica do professor
É importante ressaltar que a maquiagem não deve seguir padrões e tendências para todos os
clientes. Por isso, o visagismo implica em um processo de análise e discussão sobre o que o cliente
deseja expressar com sua imagem e da elaboração de uma proposta, justamente para que o
profissional e o cliente cheguem a uma conclusão sobre o que é mais indicado especialmente para o
caso dele.

Confira, na Dica do Professor, o processo de consultoria e elaboração de uma maquiagem para um


caso específico.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Na prática
A maquiagem é um recurso capaz de aprimorar a imagem pessoal, mas, para que o resultado seja
satisfatório, o profissional precisa dominar os conceitos da linguagem visual e desenvolver a
inteligência visual.

Confira Na Prática como você poderá alcançar ótimos resultados se souber trabalhar bem as
habilidades dessa inteligência. Veja como ter autonomia para criar maquiagens personalizadas para
seus clientes.
A CONSULTORIA DEE UM GRANDE DIFERENCIAL
PARA O PROFISSIONAL MAQUIADOR EM RELA(;AO
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Contudo, a consultoria exige que se tenha inteligencia visual

l• +

Essa habilidade pode ser adquirida com treinamento:


► Reserve um tempo da sua agenda para observar fotos de rostos
e tentar identificar os formates basicos.

► Comece analisando e percebendo as linhas que compoem as formas das


imagens. Depois, associe as linhas aos formates que voce ja conhece.

► Analise o que cada rosto transmite para voce: sensa ao de confian a,


atra ao, medo, aversao, etc. e tente descobrir por que estao
comunicando essas emo 6es.

► Anote todas as suas observa 6es.

► No outro dia, analise novamente as mesmas fotos, para verse mantem


a mesma percep ao ou consegue observar outros angulos e sensa 6es
que nao tinha percebido no primeiro memento.

► Com o tempo, voce vai come ar a se sentir mais seguro(a)


para fazer a consultoria com seus clientes reais.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Harmonia e estética
Philip Hallawell é considerado o pai do visagismo e desenvolveu um método particular baseado na
linguagem visual e nos temperamentos. No link a seguir, você pode navegar em seu site e conhecer
melhor do seu trabalho.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Visagismo, o que é e o que não é por Philip Hallawell


Nesse link, você acompanha uma entrevista de Hallawell abordando mitos e verdades sobre o
visagismo! Vale a pena conferir.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Fisiognomonia: um estudo para melhor compreensão do


visagismo na estética facial
Conhecer o estudo da fisiognomia melhora a compreensão do visagismo na estética facial. Confira
no artigo abaixo mais informações.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Maquiagem social: dia e noite

Apresentação
Casamentos, festas, jantares, aniversários, entre outros, são eventos sociais que, atualmente,
requerem maquiagens aplicadas e projetadas especialmente desenvolvidos para a ocasião. A
maquiagem, nesse caso, recebe o nome de maquiagem social, sendo que o mercado nessa área tem
se tornado cada vez mais promissor. Profissionais com bom posicionamento e destaque conseguem
atingir rendimentos financeiros excelentes nesse segmento. Contudo, são necessários muita
dedicação e esforços para alcançar essas metas.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá conhecer os conceitos e procedimentos de maquiagem


social para o dia e para a noite.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir os conceitos de maquiagem social.


• Aplicar os procedimentos de maquiagem social para o dia.
• Empregar os procedimentos de maquiagem social para a noite.
Infográfico
Símbolos arquetípicos são formados por linhas, formas e cores - que geram uma reação emocional
específica, inconsciente e intuitiva em quem os vê. Esses detalhes fazem parte dos conhecimentos
do visagismo e são importantíssimos para a maquiagem.

As cores na maquiagem representam uma ferramenta importantíssima de expressão e podem


auxiliar o cliente na construção de sua imagem, criando infindáveis possibilidade de variações e
fomentando reações emocionais. Cada cor tem um significado específico e, no Infográfico, você
verá a relação das cores de batom e o que cada uma delas transmite na imagem visual.
CORES EM BATONS EA RELAc;Ao
COM A LINGUAGEM VISUAL

exuberancia, riqueza, emo ao, perigo, dinamismo, paixao, sensualidade


intensidade e glamour. energia e alegria. e emo ao.

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aconchego,
estabilidade, discreto, nao traz
concentra ao sensa oes por nao
e estrutura. chamar a aten ao.

V "-{w /'PJM,iU 'R(, a 'R(,y(,


for a, intensidade, ludico, delicado espiritualidade, poder
ira e vigor. e romantico. e sabedoria.
Conteúdo do livro
Com a ascensão das redes sociais e de uma geração extremamente ligada à imagem, as mulheres,
atualmente, não estão mais satisfeitas com uma maquiagem básica para participar de um evento
importante.

Uma parcela significativa delas está mais informada sobre tendências, técnicas e recursos de
maquiagem avançada. Por isso, a maquiagem social profissional é uma das carreiras que mais
crescem e assumem importância na América Latina.

No capítulo Maquiagem social: dia e noite, da obra Técnicas de maquiagem, base teórica desta
Unidade de Aprendizagem, você irá conhecer os conceitos de maquiagem social, além de
compreender como aplicar seus procedimentos tanto para o dia quanto para a noite.
TÉCNICAS DE
MAQUIAGEM

Jessica Gabriele da Silva


Marques
Maquiagem social:
dia e noite
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

■ Definir os conceitos de maquiagem social.


■ Aplicar os procedimentos de maquiagem social para o dia.
■ Empregar os procedimentos de maquiagem social para a noite.

Introdução
Qualquer ocasião pode ser considerada especial, dependendo do que
isso significa para a pessoa. Casamentos, festas, jantares, aniversários,
entre outros, são eventos sociais que, atualmente, requerem maquiagens
especialmente mais elaboradas, que, nesse caso, recebem o nome de
maquiagem social.
Neste capítulo, você conhecerá os conceitos de maquiagem social e
aprenderá a aplicar os procedimentos de maquiagem social para o dia
e para a noite.

Conceito de maquiagem social


A maquiagem social é toda maquiagem projetada para eventos sociais, como
casamentos, formaturas, festas, reuniões especiais, etc. O visual para maquia-
gem social deve focar em algumas características específicas e deve estar de
acordo com a ocasião e o período do dia.
Com a evolução do acesso à mídia, principalmente pelas redes sociais e
por uma geração extremamente ligada à imagem e à aparência, atualmente,
as mulheres não se satisfazem mais com qualquer maquiagem básica para
participar de um evento importante. Além disso, uma parcela significativa
das mulheres está mais informada sobre as tendências, técnicas e os recursos
de maquiagem avançada, pois as redes difundem essas informações com
2 Maquiagem social: dia e noite

mais facilidade. Por isso, a maquiagem social profissional é uma das carreiras
que mais cresce e assume maior importância na América Latina, garantindo
grande espaço no mercado.
A maquiagem social requer um cuidado especial do profissional maquiador.
Diversos quesitos devem ser considerados ao mesmo tempo; assim, os deta-
lhes que envolvem a maquiagem se associam desde à seleção dos cosméticos
adequados ao tipo de pele até à escolha da cor da sombra ou do batom. Todas
as escolhas na maquiagem exigem um planejamento, de modo que não seja
preciso lançar mão de “truques” que corrijam erros.

As cores na maquiagem social


A cor, um dos elementos mais importantes da imagem, tem papel fundamental
no uso da maquiagem. A maquiagem trabalha, em especial, a imagem do rosto
e, por isso, é essencial saber como a cor funciona e como usá-la para conseguir
diversos efeitos, trabalhando com cada tipo de rosto e com o significado das
cores, assim como com as técnicas disponíveis.

Efeitos de luz e sombra

Preto, branco e cinza, apesar de serem pigmentos acromáticos (não conside-


rados como cores), são de extrema relevância na maquiagem, assim como o
marrom, para proporcionar efeitos de luz e sombra. O jogo de luz e sombra
é um clássico na história do desenho das formas humanas, que segue duas
regras básicas: o escuro disfarça e o claro aproxima. Com sombra, são produ-
zidas cavidades e o contorno é alterado; com luz, pode-se realçar e iluminar,
destacando as áreas ocultas que devem ser valorizadas.
Também utilizada para a correção de contornos de superfície irregular, a
técnica de luz e sombra cria dimensões, justamente porque cores escuras fazem
proeminências recuarem, enquanto cores claras fazem depressões parecerem
mais rasas (RECH et al., 2010). Sombras em tons neutros, claros e escuros
empregam e destacam visualmente o efeito de luz e sombra, demonstrando
os efeitos de iluminação e profundidade.
Seguindo os conceitos de luz e sombra, pode-se corrigir tanto formatos de
rosto, testa, nariz quanto olhos e lábios. No visagismo, esse recurso é muito
utilizado para auxiliar o cliente a corrigir elementos da face que o incomodam
e, principalmente, para ajudá-lo a construir a imagem que deseja transmitir.
Simples pinceladas arredondadas nos contornos do rosto suavizam uma imagem
forte. De maneira contrária, pinceladas retas tornam mais marcantes rostos
Maquiagem social: dia e noite 3

delicados e suaves. Com a mesma técnica, é possível afinar e dar um aspecto


emagrecido a rostos redondos e largos, por exemplo.

Veja exemplos da aplicação de luz e sombra na maquiagem social para a correção


de olhos:
■ Olhos caídos: é indicado esfumar o côncavo com sombra marrom e aplicar essa
sombra ou uma sombra marrom mais escura em toda a pálpebra móvel até o
côncavo. É fundamental aplicar a sombra preta no canto externo, desse modo,
levantando o olhar. O esfumado do canto externo não pode ultrapassar a linha
dos cílios, e o uso do delineador deve começar ultrafino no canto interno e ser
mais grosso no canto externo. Cílios postiços devem ser maiores no canto externo,
para dar volume (SALAZAR, 2013).
■ Olhos separados: deve-se aplicar sombra escura nos cantos internos e esfumar
em direção aos cantos externos. A sombra escura deve ser esfumada até a lateral
do nariz. Com lápis preto, marcar o canto interno dos olhos (CEZIMBRA, 2013;
MOLINOS, 2010). Segundo Salazar (2013), em olhos separados, o delineador mais
alongado no canto interno dá um efeito perfeito, pois a ilusão é que o olho começa
onde o delineado foi iniciado.

Uso e significado das cores

Para criar um trabalho harmonioso, os maquiadores profissionais devem ter


um entendimento completo sobre a teoria das cores e suas significâncias. As
cores auxiliam na criatividade na hora da maquiagem, oferecendo infinitas
possibilidades, e aprimoram o tom de pele dos clientes, acentuando as caracte-
rísticas desejadas. É preciso recordar que a pele de uma pessoa já é pigmentada
e, por isso, é necessário saber como as cores da maquiagem reagem com o seu
tom de pele. Também é muito importante conhecer as propriedades da cor e
saber quais impressões transmitem (HALLAWELL, 2010).
No visagismo, o tom da pele é classificado de acordo com a temperatura
da sua cor, da cor e do reflexo do cabelo e da cor dos olhos. As peles brancas
classificadas pelas estações são as peles primavera, outono, inverno e verão. É
importante conhecer cada uma, pois é a partir disso que se pode criar um visual
harmônico com cada formato, tipo de rosto e pele, personalidade e ocasião.
4 Maquiagem social: dia e noite

As peles negras contêm mais de uma cor em sua composição, sendo de


tonalidades muito variadas. São puras de algum tipo de marrom, variando de
marrom-dourado a marrom-azulado escuro. Diante disso, os tipos de peles
negras são classificados em seis grupos, dos quais dois são de peles quentes
(Calipso e Spike), dois de peles frias (Blues e Jazz) e dois de peles neutras
(Nilo e Saara) (HALLAWELL, 2010).
Entender cada tipo de pele é primordial para a escolha das cores na ma-
quiagem social. O segundo passo é conhecer o significado das cores, de acordo
com o que cada uma pode transmitir.
As principais cores quentes são amarelo, dourado, laranja, vermelho e mar-
rom. O amarelo, associado ao sol, é energético, intenso, vibrante e é utilizado
para passar a sensação de luz e calor; estimula o raciocínio e a criatividade e
também pode ser usado para representar alegria e otimismo.
O dourado é relacionado ao ouro, é exuberante, rico e profundo, alusivo à
sabedoria interior, à qualidade e à riqueza; a cor dourada está associada com
prestígio e luxo. A cor laranja, por sua vez, é emocional, perigosa, agitada
e energizante; também pode significar sucesso e prosperidade. Transmite
entusiasmo, mas, quando usada em exagero, pode causar ansiedade e desgosto.
O vermelho é passional, emocional e profundo. Simboliza a paixão e o
amor e, como é uma cor forte, também pode ser associada ao poder e à vio-
lência. O marrom é aconchegante, pé no chão, estável e estruturado. Expressa
segurança, maturidade, conforto e simplicidade.
A cor azul é calmante, relaxante e relacionada à água. Costuma ser usada
para transmitir harmonia, tranquilidade e serenidade. O verde é revitalizante,
fresco, saudável. Essa é a cor mais associada à natureza e ao sentimento de
esperança. O roxo é associado à espiritualidade, ao mistério e ao misticismo.
Tem relação com o espiritual, o poder e a sabedoria.
O rosa é uma cor lúdica, representa o romantismo e a delicadeza, sendo
mais associado ao mundo feminino. Os diferentes tons podem ter significados
diferentes, mas, normalmente, essa cor é usada em referência ao amor e à
inocência, representando o infantil e o delicado. A cor prata é fina e elegante,
podendo representar sofisticação.

Maquiagens para eventos ao dia


Para eventos ao dia, o cuidado já deve começar na hora de preparar a pele.
Eventos ao dia, geralmente, têm muita presença de calor, o que pode fazer
com que a maquiagem escorra caso esteja muito carregada. Devido à luz do
Maquiagem social: dia e noite 5

sol e ao calor, também é necessário dosar a quantidade de brilho, optando por


pele e olhos sem excesso.
É necessário relembrar que, se for um evento que requer fotos, é importante
usar maquiagem HD (high definition), que é mais natural e, mesmo assim,
capaz de manter as imperfeições corrigidas, dando à fotografia uma aparência
melhor do que com produtos que não são HD.
Não é regra — na maquiagem, não há normas —, mas a tendência é que a
maquiagem social para o dia seja mais clara e natural, evitando as coberturas
mais pesadas e optando por acabamentos mais leves. É o cliente que define
o que deseja, mas é pertinente que o profissional maquiador dê sugestões,
quando solicitado, se achar que haverá exageros de acordo com o tipo de
evento e com o visual do próprio cliente.
Nos olhos, deve evitar-se muito brilho e iluminação, assim como marcações
de sombra, pois elas ficam muito mais evidentes devido à luz do sol.

Itens básicos da maquiagem para eventos ao dia


Os itens básicos que o maquiador profissional deve possuir para uma maquia-
gem para o dia são: base leve, blush e iluminação, contornos, sombras mais
claras, máscara de cílios, lápis, sombra ou caneta para sobrancelhas e batom
ou gloss — delineador e cílios postiços são opcionais.
A base pode ser mais leve, de média cobertura; os contornos também devem
ser mais leves e muito bem esfumados. As sombras devem ser mais esfumadas e
claras, mas o côncavo e o canto externo podem ser mais evidenciados se a cliente
desejar um olhar mais marcante. A máscara de cílios é indispensável, assim como
o batom ou o gloss. O blush pode ser em tons mais coloridos, como rosados e
alaranjados, e podem ser utilizados, também, os tons mais dourados e pastéis.
É interessante observar as escolhas das cores para que somente uma das
regiões de destaque seja evidenciada, optando-se por olhos ou lábios. Caso
se opte pelo destaque maior nos olhos, deve-se escolher um batom menos
marcante, em algum tom mais neutro ou mais claro. Para destaque nos lábios,
pode-se optar por batons de cores mais marcantes no lugar do nude e dos
demais batons claros, como o clássico vermelho, por exemplo. Tons de batons
mais fechados, como vinho e marrom, podem ser utilizados em festas mais
sofisticadas; já os mais vibrantes, como pink e laranja, caem bem para eventos
mais informais, que não exigem tanta sofisticação e pedem mais alegria. Nos
eventos mais informais, também é possível optar por sombras e lápis coloridos
em combinação com o batom nude, mas sempre tomando cuidado para que a
produção não fique exagerada.
6 Maquiagem social: dia e noite

Exemplo de maquiagem para o dia


O primeiro passo para a maquiagem social é a higienização da pele. Deve-se
aplicar sabonete líquido na face, no pescoço e no colo — exceto na área dos
olhos — e retirar com algodão ou gaze embebidos em água fria se possível.
Esse processo deixa a pele livre de sujidades, partículas e excesso de óleo.
Para amenizar as olheiras, é recomendado colocar compressas de água gelada
sobre os olhos enquanto é realizado o processo de preparo da pele. Para peles
oleosas ou normais, pode ser utilizado um limpador em gel ou uma espuma
de limpeza.
Com a pele já higienizada, deve ser feita a aplicação de filtro solar. É de
extrema importância o uso do filtro, pois ele protege a pele contra os malefícios
causados pela radiação ultravioleta, como envelhecimento precoce, manchas
e até mesmo câncer de pele, por exemplo.
Após a aplicação do filtro, é a vez do primer, que pode ser aplicado com
pincel duo fiber e em pequena quantidade do centro do rosto para as laterais e
com movimentos circulares suaves (Figura 1). Depois da aplicação, é impor-
tante aguardar alguns minutos para iniciar a aplicação dos demais produtos
(TORQUATTO, 2011).

Figura 1. Aplicação de primer.


Maquiagem social: dia e noite 7

Com a pele limpa, protegida e suavizada com o primer, é a vez da base.


Uma base mais leve deve ser aplicada, primeiramente, no centro da testa com
pincel kabuki, duo fiber ou esponja. Deve-se espalhá-la fazendo movimentos
ascendentes até cobrir toda a testa, o queixo, a linha da mandíbula, o nariz,
as maçãs, pálpebras inferiores e laterais da face, sempre com movimentos
ascendentes (Figura 2).
Se for necessário, deve-se aplicar corretivo. Caso seja corretivo colorido,
deve-se aplicar antes da base; já corretivos cor da pele, quando usados para
efeito de luz e sombra, podem ser aplicados após a base.

Figura 2. Aplicação de base.

Após a obtenção de uma cobertura uniforme gerada pela aplicação da base,


é preciso aplicar, também, uma camada de pó em toda a pele, pois sua função é
fixar as camadas de produtos depositados anteriormente e controlar o excesso
de brilho, que pode ser produzido pelo suor, prolongando a maquiagem por
mais tempo. Deve ser aplicado com pincel específico para pó (maior, com
muitas cerdas) na face, no pescoço e no colo (Figura 3).
8 Maquiagem social: dia e noite

Figura 3. Aplicação de pó.

A aplicação do contorno (Figura 4) pode ser feita com um pó pelo menos


três tons mais escuros que o tom da pele; para iluminação, deve ser mais
esbranquiçado para peles claras ou três tons mais claros que a pele no caso
de peles negras. A iluminação pode ser feita com pós iluminadores, mas é
ideal aplicar pó opaco antes do cintilante, de modo que não apareça brilho
em excesso ou para evitar que a pele fique esbranquiçada em fotos com flash,
por exemplo (CATHARINE HILL, 2015). Para esses efeitos, o pincel mais
indicado é o pincel de blush.

Figura 4. Aplicação de contorno.


Maquiagem social: dia e noite 9

Ainda na pele, o blush pode ser aplicado para se obter um aspecto mais
saudável. A aplicação é feita na região que fica corada, com um pincel adequado
e com movimentos circulares (CATHARINE HILL, 2015). Para aplicação de
blush clássico, o produto deve ser distribuído nas bochechas em direção à raiz
do cabelo, e é muito importante que seja bem esfumado, principalmente nas
maquiagens para o dia, evitando um visual muito marcado.
Após a preparação da pele, pode ser feita a aplicação da maquiagem nos
olhos. Em geral, inicia-se pela marcação do côncavo, realizada de forma
esfumada, com sombra marrom e pincel específico para esfumar. Depois,
pode-se aplicar a sombra da cor escolhida, de preferência de cores mais claras,
em toda pálpebra móvel, depositando-a e esfumando-a para que se una ao
esfumado do côncavo (Figura 5). A aplicação de delineador é opcional no
caso de maquiagens para o dia.

Figura 5. Aplicação de sombra.

Também pode ser feita a técnica cut crease, uma boa opção para eventos
ao dia quando feita com sombras mais neutras.
10 Maquiagem social: dia e noite

A técnica cut crease consiste em utilizar uma sombra mais escura na parte superior às
dobras do olho e corretivo com pigmentação mais clara na pálpebra para marcar o
corte. Confira, a seguir, o passo a passo da técnica:
1. Encontrar o côncavo e desenhar uma linha fina com a sombra de cor mais escura.
2. Puxar o traçado para os cantos externos, como se fosse um delineado gatinho.
3. Por cima da linha delimitada, esfumar muito bem com a sombra.
4. Escolher um pigmento de cor forte para complementar e esfumar na parte superior.
5. Para marcar o cut crease, carimbar a pálpebra com corretivo bem na linha do côncavo.
6. Preencher, puxando para os cantos externos. Para melhor fixação, aplicar sombra
de cor clara na pálpebra móvel.
7. Finalizar com delineado bem marcado e com máscara de cílios.

Para finalizar a maquiagem dos olhos, deve-se fazer o acabamento desejado


nos cílios utilizando máscara (Figura 6), que deve ser escolhida de acordo
com o aplicador e o resultado esperado. Caso o desejo seja um destaque maior
para os olhos, é possível utilizar cílios postiços ou reforçar a máscara, criando
mais volume nessa área. Também pode-se delinear as sobrancelhas com lápis,
sombra ou caneta, de forma mais natural possível, disfarçando possíveis falhas.

Figura 6. Aplicação de máscara de cílios.


Maquiagem social: dia e noite 11

O último passo é a aplicação de maquiagem nos lábios. Para que não escorra
e fique bem delineado, pode ser aplicado lápis de contorno labial antes do
batom escolhido. Finalmente, aplica-se o batom na cor escolhida e se finaliza
com gloss, caso o cliente deseje a finalização com brilho, e não matificada.

Maquiagem para eventos à noite


A maquiagem para eventos noturnos pode ser mais intensa e dramática do que
a maquiagem para o dia, mas isso também não é uma regra. Assim como para
o dia, vai depender do que o cliente desejar, pois é ele que define segundo seu
perfil. Se o maquiador entende de visagismo, tem mais liberdade para opinar
no uso das cores, nos efeitos desejados, etc.
No caso de maquiagens noturnas, a pele pode ser mais carregada, com cober-
tura total, e os contornos podem ser mais marcados. O iluminador também poderá
ser mais intenso, porém, caso o evento requeira muitas fotos, deve-se ter o cuidado
para não carregar o produto na zona T, pois isso pode prejudicar a imagem no uso
de flash das fotos. É preciso, também, reforçar que, se o evento exigir muitas fotos,
como é o caso de muitos eventos noturnos, como casamentos e formaturas, por
exemplo, a maquiagem deve ser feita utilizando produtos HD. Os olhos podem
ser bem mais marcantes, com cores escuras, intensas, com pigmentos brilhosos,
cintilantes e até mesmo glitter (com muito cuidado na aplicação), delineadores
mais grossos, marcantes e cílios de volume e alongamento. Os lábios também
podem ser ousados, se a cliente desejar, com cores mais escuras.

Itens básicos da maquiagem para eventos à noite


Os itens básicos que o maquiador profissional deve possuir para uma ma-
quiagem para a noite são: base de alta cobertura, blush de diversas cores,
iluminador, contornos, sombras de diversas cores, principalmente as mais
escuras, pigmentos, glitter, delineador, máscara de cílios, lápis, sombra ou
caneta para sobrancelhas e batom ou gloss. Os cílios postiços, no caso de
maquiagens noturnas, são muito utilizados, pois dão destaque maior aos olhos,
mas isso não é uma regra para a sua utilização.
A base utilizada pode ser mais carregada, de alta cobertura. Os contornos,
nesse caso, também podem ser mais marcados, bem definidos. As sombras
podem ser mais destacadas e brilhosas e pode-se optar pelo uso de pigmentos
ou glitter. A máscara de cílios, também indispensável, pode ser utilizada em
abundância, assim como o batom ou gloss bem destacados.
12 Maquiagem social: dia e noite

Em maquiagens para a noite, pode-se tanto escolher uma área de destaque


quanto destacar as duas áreas — olhos e lábios —, com o único cuidado
de combinar as cores utilizadas. Os tons de batons existem em incontáveis
opções, mas a orientação sobre tons mais fechados continua a mesma: podem
ser utilizados em festas mais sofisticadas; já os mais vibrantes casam bem
com eventos mais descontraídos.

Exemplo de maquiagem para a noite


Seguindo o princípio de qualquer maquiagem, deve-se fazer a higienização
da pele com o sabonete líquido primeiramente. Em maquiagens noturnas não
é necessária a aplicação do protetor solar.
O primer pode ser aplicado, com pincel duo fiber, sempre do centro do
rosto para as laterais, com movimentos circulares suaves, aguardando uns
minutos antes de aplicar qualquer produto por cima.
A aplicação da base pode ser feita de maneira mais carregada, com uma base
de alta cobertura ou HD, em caso de eventos com fotos. O corretivo também
pode ser aplicado caso seja necessário; porém, como a base é mais carregada,
pode ser que as imperfeições que se deseja esconder sejam camufladas com
a própria aplicação de base.
A aplicação do pó é feita depois da base, para que fixe, controle o excesso
de brilho e se prolongue a maquiagem por mais tempo. O pó pode ser apli-
cado com pincel específico ou com uma esponjinha, caso se queira obter um
resultado ainda mais carregado, na face, no pescoço e no colo.
O contorno para a maquiagem em eventos à noite pode ser feito de forma
mais marcante, mas sem deixar de esfumar. Da mesma forma que a maquiagem
diurna, pode ser feita com um pó pelo menos três tons mais escuros que o tom
da pele; para iluminação, o pó deve ser mais esbranquiçado para peles claras
ou três tons mais claros que a pele no caso de peles negras. A iluminação da
pele pode ser feita com pós iluminadores, que podem estar em evidência nesses
casos. No entanto, a indicação de tomar cuidado com o brilho em excesso,
principalmente na zona T, no caso de fotos com flash, permanece.
O blush também pode ser aplicado para conferir um efeito corado saudável.
A aplicação é feita na região que fica corada, com um pincel adequado e com
movimentos circulares (CATHARINE HILL, 2015). As cores mais luminosas
e os tons terrosos agregam muito na maquiagem noturna.
A maquiagem nos olhos para eventos à noite pode ser muito mais marcante,
luminosa e acentuada. Existem várias técnicas que podem ser utilizadas para
Maquiagem social: dia e noite 13

aplicação da sombra, iniciando com a marcação do côncavo com sombra mar-


rom esfumada para criar o fundo. Depois, pode-se aplicar a sombra preta ou
mais escura no canto externo do olho, construindo tons cada vez mais escuros
até chegar ao preto. Em seguida, deposita-se a sombra na cor escolhida em
toda a pálpebra móvel, esfumando as cores entre si, de forma que se fundam
e não fiquem divididas na pálpebra.
Também pode ser feita a técnica de smokey eyes, que é tendência de ma-
quiagens noturnas, construída com sombra preta e tons escuros, conferindo
um olhar bem marcante e destacado.

A técnica de smokey eyes é conhecida por marcar bem os olhos com a maquiagem,
principalmente no estilo preto esfumado. Confira, a seguir, o passo a passo da
técnica:
1. Aplicar um primer para olhos em toda a pálpebra.
2. Aplicar lápis preto rente aos cílios e na linha d’água, marcando os locais que serão
esfumados e dramatizando mais o olhar. Utilizar um pincel adequado para esfumar
o traçado feito e, só depois disso, aplicar a sombra escura.
3. Em geral, a ordem certa de aplicação das sombras na pálpebra é colocar a cor mais
escura na região externa do olhos e a mais clara, no centro da pálpebra móvel,
espalhando as duas para que se misturem no olhar. Caso as sombras sejam pretas,
utilizar a mais brilhosa no centro dos olhos.
4. Nesta técnica, o esfumado não vai muito além do côncavo do olho. É importante
tomar esse cuidado no momento da aplicação.
5. Aplicar corretivo (ou base) abaixo dos olhos somente depois que o esfumado
estiver terminado, pois as sombras em pó bem pigmentadas costumam cair
no rosto durante a produção dos olhos, ficando depositadas na região abaixo
do olhar.
6. Finalizar com máscara de cílios reforçada e, se possível, utilizar cílios postiços.

Outras opções são a utilização de pigmentos ou glitters, que conferem


um acabamento ainda mais brilhoso ao visual e podem ser usados, princi-
palmente, em ocasiões noturnas mais festivas. Nesses casos, é necessário
utilizar fixadores de sombra, para que se mantenham nos olhos e não caiam
nas demais áreas do rosto.
14 Maquiagem social: dia e noite

Olhos com aplicação de glitter.


Fonte: More Than Production/Shutterstock.com.

Pigmento e glitter são produtos muito semelhantes e se diferem pela textura. Possuem,
além de alta cintilância, pontos de brilho que aumentam a reflexão do brilho que o
compõe.
Os pigmentos são sombras em pó muito pigmentadas, geralmente, mais granulados
do que as sombras comuns. Já o glitter tem a textura anda mais consistente e granulada
e é composto por uma variedade de pedaços muito pequenos e em cores neon,
metálico e iridescente para refletir a luz. Atualmente, são os produtos mais encontrados
nas lojas de cosméticos.
Tanto para os pigmentos quanto para os glitters, é necessário o uso de fixadores
ou potencializadores de sombras na pálpebra, de modo que esses produtos não se
espalhem por todo o rosto.

Para finalizar a maquiagem social noturna nos olhos, é essencial um bom


acabamento nos cílios, que devem receber a máscara conforme o resultado
desejado. Os cílios postiços, geralmente, são utilizados (Figura 7), mas é o
cliente que faz essa escolha.
As sobrancelhas também devem receber uma atenção maior, podendo ser
mais destacadas do que na maquiagem para o dia e sendo desenhadas com o
produto de escolha do profissional (Figura 8).
O último passo é a aplicação do batom (Figura 9), que pode ser bem marcante
e com cores fortes. O uso do delineador para lábios também é indicado para
deixar o contorno mais evidente e para que o produto não escorra. Finalmente,
aplica-se o batom, que pode ser mate ou luminoso, finalizando com gloss caso
o cliente deseje acabamento cintilante.
Maquiagem social: dia e noite 15

Figura 7. Aplicação de cílios postiços.

Figura 8. Desenho das sobrancelhas.


16 Maquiagem social: dia e noite

Figura 9. Aplicação de batom.

1. A maquiagem social profissional d) Para cada tipo de pele, há


é uma das carreiras que mais um produto adequado
cresce e tem grande espaço no e, por isso, é importante
mercado garantido. Contudo, analisar as características da
requer um cuidado especial por pele antes de maquiá-la.
parte do profissional maquiador. e) A cor da pele do cliente
Com relação aos quesitos irá definir as opções de
que devem ser considerados, cores que serão utilizadas
assinale a alternativa correta. na maquiagem.
a) É essencial saber como 2. O jogo de luz e sombra é um
os produtos e as cores clássico na história do desenho
funcionam e como usá-los para das formas humanas e é utilizado
conseguir diversos efeitos. para evidenciar áreas em que se
b) Deve-se selecionar produtos deseja destaque e para corrigir
adequados ao tipo de contornos de superfície irregular.
pele, além de usar cores Em relação a essa técnica,
que estejam na moda. assinale a alternativa correta.
c) Segundo as regras da a) O escuro aproxima e
maquiagem social, para o dia, a realça, destacando as áreas
maquiagem deve ser colorida, ocultas que devem ser
e, para a noite, intensa. valorizadas. O claro disfarça,
Maquiagem social: dia e noite 17

cavidades são produzidas paixão e o amor. O verde é


e o contorno é alterado. calmante e relaxante, costuma
b) A técnica de luz e sombra transmitir serenidade.
pode ser usada somente d) A cor prata é emocional,
para correção de contornos perigosa, agitada, energizante
de superfície regular. e transmite entusiasmo. A cor
c) Seguindo os conceitos de luz laranja é fina, elegante e pode
e sombra, pode-se corrigir representar sofisticação.
tanto formatos de rosto e testa e) O azul é uma cor lúdica, que
quanto olhos, não fazendo efeito representa o romantismo,
somente em nariz e lábios. a delicadeza e o infantil.
d) Simples pinceladas arredondadas O amarelo é associado ao
nos contornos do rosto sol, é energético, intenso,
tornam mais marcantes vibrante e relaciona-se com a
rostos delicados e suaves, natureza e com a esperança.
enquanto pinceladas retas 4. O horário do evento tem
suavizam uma imagem forte. importância fundamental
e) No visagismo, o recurso de luz para a maquiagem social. Em
e sombra é muito utilizado para relação aos eventos ao dia,
construir a imagem que se deseja assinale a alternativa correta.
transmitir, como seriedade e a) Maquiagens para o dia devem
dinamismo, por exemplo. ter cobertura mais pesada,
3. Para criar um trabalho harmonioso já que serão expostas a
e de acordo com a imagem que muita iluminação e ficarão
o cliente gostaria de transmitir, em maior evidência que
os maquiadores devem ter um nos eventos noturnos.
entendimento completo sobre a b) A tendência é que a maquiagem
teoria das cores e suas significâncias. social para o dia seja mais
Sobre o uso e significado das cores, vibrante e escura, evitando
assinale a alternativa correta. cores muito claras.
a) O dourado é associado a c) Nos olhos, deve-se evitar
espiritualidade, mistério e muito brilho e iluminação,
misticismo. Tem relação com o assim como marcações de
espiritual, o poder e a sabedoria. sombra, pois ficam muito mais
O roxo é exuberante, rico e evidentes devido à luz do sol.
profundo, alusivo à sabedoria d) É o cliente que define o
interior, à qualidade e à riqueza. que deseja, de modo que o
b) O marrom é aconchegante, pé profissional maquiador não
no chão, estável, estruturado e deverá interferir em suas
expressa segurança, maturidade, escolhas de nenhuma maneira,
conforto e simplicidade. A cor pois o cliente sabe o melhor
prata é fina e elegante, podendo estilo para seu próprio perfil e
representar sofisticação. para a ocasião em questão.
c) O rosa é passional, emocional e) A aplicação de delineador e de
e profundo, simboliza a cílios postiços é indispensável
18 Maquiagem social: dia e noite

para qualquer maquiagem social, indicado o uso de delineados


independentemente do horário. mais grossos e marcantes
5. Para a maquiagem social, alguns devido à iluminação artificial.
aspectos devem ser levados em c) À noite, não é indicado o uso
conta no momento de escolha de pigmentos mais marcantes
dos produtos e da preparação da nos olhos, com cores escuras,
maquiagem — principalmente, intensas, e pigmentos brilhosos
a ocasião e o horário do evento. e cintilantes, como glitter.
Em relação aos eventos à noite, d) Em maquiagens para a noite, é o
assinale a alternativa correta. profissional que define o estilo,
a) Na maquiagem noturna, o pois ele entende de visagismo e
iluminador pode ser mais pode decidir totalmente o uso
intenso caso o evento não das cores e dos efeitos desejados.
requeira muitas fotos. e) A maquiagem para eventos
b) A pele pode ser mais carregada, noturnos deve ser mais
com cobertura total, e os sofisticada e neutra, com tons
contornos podem ser mais de marrom, preto e branco.
marcados. Porém, não é

CATHARINE HILL. Apostila do curso de especialização em olhos. São Paulo: Catharine


Hill, 2015.
HALLAWELL, P. Visagismo: harmonia e estética. São Paulo: SENAC, 2010.
RECH, G. et al. Camuflagem cosmética: o uso da maquiagem para a correção dos defeitos
da pele. Itajaí: UNIVALI, 2010. Disponível em: <http://siaibib01.univali.br/pdf/Gabriela%20
Rech%20e%20Isete%20Heiderscheidt.pdf>. Acesso em: 11 nov. 2018.
TORQUATTO, F. O Boticário: maquiagem. Curitiba: Posigraf, 2011.

Leituras recomendadas
CEZIMBRA, M. Maquiagem: técnicas básicas, serviços profissionais e mercado de tra-
balho. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2013.
D’ALLAIRD, M. et al. Milady Maquiagem: teoria das cores, maquiagens especiais, evolução
da maquiagem. São Paulo: Cengage Learning, 2016.
MOLINOS, D. Maquiagem. 11. ed. São Paulo: SENAC, 2000.SALAZAR, A. De bem com o
espelho. Caxias do Sul: Belas Letras, 2013.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da lnstituic;ao, voce encontra a obra na fntegra.
Conteudo:
[ITfil
7sBBJ
SOLU<;OES
EDUCACIONAIS
INTEGRADAS
Dica do professor
Maquiagens mais elaboradas, com diferentes texturas de sombra, cílios postiços, pele iluminada e
acabamento perfeito fazem parte do dia a dia dos profissionais de maquiagem, cada vez mais
requisitados.

A técnica de pálpebra luz é uma das maquiagens mais solicitadas para eventos sociais, tanto de dia
quanto de noite. Para cada período, a transformação se dá de acordo com a escolha das cores
utilizadas, a espessura dos delineadores e dos cílios postiços aplicados.

Acompanhe, na Dica do Professor, um passo a passo da técnica de pálpebra de luz feita para um
evento noturno.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Na prática
A maquiagem social tem como intuito embelezar e trazer harmonia ao rosto, além de auxiliar na
construção da imagem visual. O visagismo é uma ferramenta importante nesse contexto.

Para trabalhar harmonização, é importante considerar o tipo cromático das clientes e utilizar uma
cartela de cores que combine com seu tom de pele, olhos e cabelos.

Luíza, maquiadora profissional, recebeu um convite para trabalhar na produção de um desfile de


Etnias, onde deveria gerenciar o trabalho de mais duas maquiadoras. Para facilitar o processo de
maquiagem em modelos de diferentes etnias, Luiza avaliou os tipos cromáticos e cores que
harmonizam com cada um deles decidiu criar um resumo ilustrativo com essas informações.
Veja, Na prática, os tipos cromáticos selecionados por Luíza.
ANALISE DE
CORBAPEtE
As peles sao classificadas em quentes e frias, sendo que cada uma
tern tonalidade de base azulada ou dourada e uma intensidade que
varia do claro ao escuro.

• Azuladas harmonizam com magenta e sao frias.

• Douradas harmonizam com laranja e sao quentes.

Quente, dourado-amarelada
com fundo terra-de-siena-natural.

Olhos Cabelos
marrom-claro, marrom-claro,loiro,cenoura,
verde-cinzento,azul-claro. vermelho-claroecastanho-dourado.

Combinam:
• Todos os tipos de amarelo.
• Verdes quentes (musgo, limao, oliva).
• Marrons quentes amarelados e avermelhados.
• Todos os tons de bege.
• Tons pessego e corais.

Quente e tipicamente avermelhada,


com fundo verde-terra.

6)
Olhos Cabelos
marrom-amarelado, verde, ruivo, ruivo-loiro-escuro,
turquesa, cinza-dourado. castanho-acobreado e
marrom-avermelhado.

Combinam:
• Todos os vermelhos quentes.
• Amarelos dourados e brilhantes.
• Beges escuros.
• Verde musgo.
• Tons puxados para o bronze.
• Marrons amarelados.

Fria, amarelada com fundo azulado,


opaca e palida.

Olhos Cabelos
marrom-claro, marrom-claro,loiro,cenoura,
verde-cinzento, azul-claro. vermelho-claroecastanho-dourado.

Combinam:
• Vermelhos fries (carmim, vinho, magenta e pink intenso).
• Todos os tons escuros de azul.
e Verde-agua.
• Violeta-escuro.
• Marrons escuros e frios.
• Cinzas frios azulados, esverdeados e aroxeados.

V Fria, rosada com fundo azulado e delicada.

Olhos Cabelos
azul, verde, cinza, avela loiro claro ou escuro, cinza
e violeta. e castanho-claro.

Combinam:
• Todos os tons de rosa.
• Todos os tons de verde e azul claro.
• Cinzas perolados.
• Magenta, framboesa e tons cereja.
• Marrom-rosado.
• Amarelo-claro.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Maquiagem para noite


Confira um compilado com dez tutoriais de maquiagem para eventos durante a noite

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

10 maquiagens para o Ano Novo com passo a passo


Confira um compilado com dez tutoriais de maquiagens para o Ano Novo.

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Maquiagem para o Dia dos Namorados


Confira um passo a passo de três tipos diferentes de maquiagens, com variadas cores de batons
para transmitir intenções distintas.

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Fundamentos da maquiagem artística

Apresentação
Existem diversos tipos de maquiagens artísticas, desde aquelas abstratas, em que o maquiador
expressa sua livre criatividade, até aquelas em que é possível caracterizar alguém, transformando
em um personagem que pode ser muito diferente da pessoa maquiada. As possibilidades, nesse
tipo de maquiagem, são diversas.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai entender os fundamentos da maquiagem artística, listar
os produtos específicos para a sua realização e conhecer quais são as ferramentas específicas
utilizadas nela.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Descrever os fundamentos da maquiagem artística.


• Listar os produtos específicos para a realização da maquiagem artística.
• Explicar quais são as ferramentas específicas para maquiagem artística.
Infográfico
Alguns conceitos básicos caracterizam cada um dos tipos de maquiagem artística, apesar de serem
muito parecidos entre si, por envolverem a criatividade do maquiador.

Confira, no Infográfico a seguir, os conceitos básicos dos principais tipos de maquiagem artística.
CINEMA E TV
Tambem pode ser
maquiagem social;
usa efeitos de luz
e sombra para destacar
e disfar ar areas.

TEATRAL
Exige contextua liza ao
de cenario, figurine
e obra, alem de
contrastes de
claro/escuro devido
a distancia do publico
e a luz dos refletores.
Conteúdo do livro
No mundo da maquiagem, é possível realizar várias criações. As possibilidades aumentam ainda
mais quando se trata de maquiagem artística, um campo vasto e muito utilizado hoje em dia em
áreas que necessitam de caracterização, como cinema e teatro, assim como em maquiagens
abstratas, em que o maquiador é o artista livre para criar e se expressar.

Na obra Técnicas de maquiagem, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, leia o capítulo
Fundamentos da maquiagem artística, no qual você vai entender os fundamentos da maquiagem
artística, conhecer os produtos específicos para realização da maquiagem artística, além de
aprender quais são as ferramentas específicas para maquiagem artística.

Boa leitura.
TÉCNICAS DE
MAQUIAGEM

Jessica Gabriela da Silva Marques


UNIDADE 4
Fundamentos da
maquiagem artística
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

■ Descrever os fundamentos da maquiagem artística.


■ Listar os produtos específicos para realização da maquiagem artística.
■ Explicar quais são as ferramentas específicas para maquiagem artística.

Introdução
São perceptíveis as reações e influências que o uso da maquiagem causa
nas pessoas que se apropriam dessa arte. Seja com o intuito de disfarçar
ou realçar características, a maquiagem tem grande poder de transfor-
mação. Na maquiagem artística e cênica, as funções da maquiagem irão
variar de acordo com a intenção dedicada a determinada personagem
ou imagem que se deseja transmitir.
São diversos os tipos de maquiagem no campo artístico, e todos
eles têm muita relação com o texto imagético e com a criatividade do
profissional maquiador.
Neste capítulo, você entenderá fundamentos da maquiagem artística, co-
nhecerá os produtos específicos para a realização desse tipo de maquiagem
e compreenderá quais são as ferramentas específicas para essa atividade.

Maquiagem artística: conceitos e fundamentos


A maquiagem artística é a expressão viva da união das artes plásticas com a
anatomia humana; é toda maquiagem abstrata que pode, ou não, ter limites
de expressão relacionados ao efeito visual. Vai desde um trabalho abstrato,
2 Fundamentos da maquiagem artística

com uma organização de cores, texturas, linhas, formas, harmonias, ritmo e


movimento, até a forma de expressar a natureza, como, por exemplo, plantas,
flores, paisagens, estendendo-se a teatro, festas, carnaval e eventos.
A maquiagem artística é mais antiga do que se possa imaginar. Desde a
época das cavernas, o homem já pintava o rosto e o corpo como hábito cultural;
outro exemplo são os índios, que se sempre utilizaram pinturas variadas para
expressar cada acontecimento da sua tribo. As primeiras matérias-primas a
constituir os produtos utilizados foram vegetais e minerais, como urucum,
argila, carvão, pedras moídas, entre outros.
Independentemente de ser em seres imaginários ou simplesmente uma
harmoniosa brincadeira de cores, a maquiagem artística exige do profissional,
além de dedicação, muita criatividade e domínio das técnicas. Esse tipo de
maquiagem deve transmitir uma imagem específica ou uma mensagem, um
significado. Assim como um pintor expressa sua visão em telas, o maquiador
usa o domínio das técnicas de maquiagem artística para expor, em um corpo
ou rosto, suas ideias, sua visão e sua forma de se expressar. A leitura do outro
na imagem em que se expõe pode revelar características físicas e psicológicas
a seu respeito. O rosto, por exemplo, revela evidências concernentes a idade,
gênero, condição física, estado emocional, assim como indícios referentes a
personalidade, disposição e atitude das pessoas. Nesse sentido, a maquiagem
pode transmitir uma imagem muito completa sobre os sentimentos e expressões
do maquiado.
No contexto geral, a maquiagem artística proporciona, muitas vezes, a
“realidade” que a plateia ou o público vai tomar como verdade. Embora a
maquiagem artística seja considerada uma obra de arte, ela demora horas para
ser concebida e materializada, sendo, assim, uma obra efêmera. Além disso,
se não for registrada de forma fotográfica ou cinematográfica, acaba em um
curto período de tempo.
Mesmo sendo arte, toda maquiagem tem seu lado técnico, que envolve
repetição, cálculo e esforço laborioso para que se chegue ao resultado alme-
jado. Além disso, arte e técnica caminham lado a lado, avançando juntas e
influenciando-se mutuamente.

Tipos de maquiagens artísticas


Em maquiagem artística, temos, basicamente, dois grupos distintos: artístico e
cênico. A maquiagem artística apresenta uma linguagem separada, livre e seu
foco está somente na maquiagem. Já a maquiagem cênica tem como proposta
principal o contexto e a lógica de encenação na qual está inserida. Sempre
Fundamentos da maquiagem artística 3

há ligação com a cena, de modo que a maquiagem não se faz sozinha nem se
afirma como elemento individual.
A seguir, confira o que caracteriza cada uma das maquiagens artísticas
mais utilizadas.

Maquiagem para cinema e TV

A maquiagem cinematográfica funciona como uma lupa gigante, ampliando os


mínimos detalhes de um rosto. A precisão, nesse caso, deve ser absoluta. Na
maioria das vezes, é somente corretiva, com a função de oferecer identificação
total com o personagem. Também pode-se chamar de maquiagem para cinema
a maquiagem de caracterização, que será discutida mais adiante.
A maquiagem utilizada nessa área artística se denomina, na maioria das
vezes, como social, pois pode ser uma maquiagem simples, com caráter leve e
com a função de disfarçar imperfeições e alcançar o ideal de beleza proposto
pela sociedade contemporânea (SANTOS, 2015 apud SILVEIRA, 2016). No
caso da maquiagem corretiva para cinema e TV, pode-se aplicar efeitos de
luz e sombra, somente para realçar características interessantes e disfarçar
características indesejadas (Figura 1).

Figura 1. Maquiagem para cinema feita com efeitos de luz e sombra. Anthony Hopkins
(lado esquerdo) em uma impressionante caracterização de Alfred Hitchcock (lado direito).
Fonte: Morais (2013, documento on-line).
4 Fundamentos da maquiagem artística

Embora utilizada em menor quantidade, a qualidade da maquiagem tele-


visiva tem que ser de alto nível de qualidade para a aprovação de diretores e/
ou produtores, que prezam pela valorização de um modelo ideal de beleza,
o que consiste em um material caro, pois o seu foco é totalmente comercial.

Antigamente, a maquiagem, na área cinematográfica e televisiva, era muito mais


utilizada, mas, com a evolução das tecnologias avançadas, foi perdendo a força,
pois praticamente tudo que pode ser feito pela maquiagem também pode ser
feito virtualmente. Ainda assim, alguns produtores ainda utilizam-se da maquiagem
para desenvolver a base das características dos personagens, seja para utilizá-la em
seu produto final, seja para utilizá-la como croqui (esboço, base) para a sua futura
virtualização.
No cinema brasileiro, porém, a maquiagem é um recurso ainda muito utilizado,
já que os avanços tecnológicos do exterior ainda não se comparam com os do
país. Nesse caso, a maquiagem se assemelha mais com a área teatral, já que busca
um ideal de realidade nos personagens, proporcionando ao profissional da área
liberdade e autonomia maiores do que a maquiagem televisiva (SANTOS, 2015
apud SILVEIRA, 2016).

Caracterização de personagens

Utilizada tanto em meios nos quais o “incomum” se faz necessário quanto


em atores ou atrizes que precisem de algumas modificações para interpretar,
a caracterização de personagem é uma das principais áreas da maquiagem
artística. Esse tipo de maquiagem, voltada a caracterizar alguma coisa ou um
personagem, é muito procurada tanto no mercado publicitário quanto para
eventos profissionais ou pessoais.
Assim como os efeitos especiais, como explosões, castelos e monstros,
são feitos por computação gráfica, as maquiagens de efeitos especiais são
realizadas com próteses (massas), sangue falso, técnicas de luz e sombra,
que realçam e alcançam um resultado muito surpreendente e essencial para
algumas histórias, entre outros produtos e técnicas. Dessa forma, a maquiagem
artística de caracterização, de modo geral, é um mecanismo para a criação de
personagens icônicos (Figura 2).
Fundamentos da maquiagem artística 5

Figura 2. Personagem com maquiagem de caracterização do filme “Avatar”.


Fonte: Nejron Photo/Shutterstock.com.

A maquiagem de caracterização não se restringe somente a atores e


atrizes, mas avança em termos de mercado de atuação, sendo requisitada
para eventos, festas de halloween, à fantasia, etc. Ela engloba, além da
maquiagem facial, a maquiagem corporal, como machucados, por exemplo
(Figuras 3a e 3b).

Figura 3. a) Machucado falso no braço. b) Maquiagem de corte no rosto.


Fonte: Kovalenko Elena/Shutterstock.com e OlgaOsa/Shutterstock.com.
6 Fundamentos da maquiagem artística

A maquiagem de caracterização afirma os personagens como pessoas reais,


caracteriza e descaracteriza indivíduos, possibilita a criação de outros seres
e valoriza a interpretação dos atores. A caracterização é um recurso muito
importante para o ator, no processo de composição de um personagem, pois
ajuda a revelá-lo na fase de construção, elemento de arranjo do personagem
que o torna real. Em resumo, o que antes estava apenas na mente, toma forma
concreta por meio da maquiagem.

Maquiagem para teatro

De modo semelhante à maquiagem para TV e cinema, a maquiagem para


teatro tem a finalidade de ajudar atores, cantores de ópera e bailarinos, entre
outros, a caracterizar seus personagens para a apresentação ao público. Essa é
a principal maquiagem cênica, que exige relação total com o cenário no qual
será inserido (Figura 4).
Nas artes cênicas, a maquiagem é um dos principais elementos da ence-
nação, o que se pode confirmar tanto pelo crescimento de profissionais da
área quanto pela valorização desse trabalho (seja por meio de visibilidade da
mídia ou por incentivo monetário).
A maquiagem teatral deve ser dramática e envolvente, de modo que se
consiga dar, à distância, uma boa visão do personagem. Além de criatividade,
a maquiagem teatral exige conhecimentos gerais e de costumes de épocas para
que seja feita a harmonização com figurino, cabelos, luz, etc. Além disso,
exige jogo de contrastes claro e escuro, com cores fortes, que se destaquem
sob a luz dos refletores do teatro.
O processo de caracterização, no teatro, acontece a partir da construção
dos atributos físicos e das características psicológicas do personagem feitas
pelos escritores até chegar à consolidação na cena.
Fundamentos da maquiagem artística 7

Figura 4. Exemplo de maquiagem para teatro.


Fonte: Yuriy Golub/Shutterstock.com.

A maneira com que o escritor apresenta a personagem ao público se dá por meio da


caracterização. Os personagens (seres fictícios, reproduzidos ou inventados), então,
ganham consistência a partir do ator, alterando, assim, a percepção imaginária do
papel, que era de posse do leitor/público, e introduzindo uma perspectiva que não é
imaginada, e, sim, determinada pela encenação (MAGALHÃES, 2009).

Maquiagem de moda: passarela

Nos desfiles de moda, devido ao impacto da cena e dos jogos de luz, a maquia-
gem deve ser mais forte e marcante. Outra vez o uso da criatividade é muito
presente, mas o maquiador profissional deve expressar o conceito da marca
e/ou coleção apresentada na passarela a partir das cores, harmonizando-as
nos modelos.
8 Fundamentos da maquiagem artística

Maquiagem virtual

Também chamada de “arte sintética”, agrupa som, imagem, palavras, cores


e movimentos, virtualmente, com fins artísticos. As artes vêm tornando-se
cada vez mais teatrais e midiáticas, a tecnologia vem avançando e há uma
busca constante pelo aperfeiçoamento artístico, de modo que se abriu espaço
para a manipulação de imagens digitalmente.
Novas tecnologias digitais criaram ferramentas que possibilitam simplificar
o trabalho artístico virtualmente, o que caracteriza a maquiagem virtual.
Softwares como Photoshop e Premiere, por exemplo, estão disponíveis com
muitos recursos de edição, sendo capazes de criar maquiagens perfeitas. Com
esses recursos, é possível simular e aperfeiçoar o visual de personagens, além
de criar caracterizações mais pesadas, como personagens lúdicos e muito
coloridos, por exemplo, como mostra a Figura 5.

Figura 5. Personagem Hulk, exemplo de maquiagem alterada virtualmente.


Fonte: Angel (206, documento on-line).

Necromaquiagem

A necromaquiagem é a maquiagem feita em cadáveres e tem o objetivo de


suavizar a aparência para que o último contato visual dos familiares e amigos
seja reconfortante, proporcionando boa aparência ao falecido e minimizando o
trauma familiar. Aplicada na face e nas mãos, em casos específicos de traumas,
também pode basear-se em reconstrução, a partir de materiais desenvolvidos
especialmente para esses casos.
Fundamentos da maquiagem artística 9

Ambiente para maquiagem artística


O profissional de maquiagem artística necessita de local apropriado para desen-
volver as técnicas, assim como os demais profissionais maquiadores. O local de
trabalho é onde o maquiador constrói e desenvolve materiais como próteses e
apliques utilizados nas suas produções de maquiagem. A segurança é um ponto
importante, já que, algumas vezes, é necessário manipular materiais químicos e
inflamáveis, de modo que é importante que seja um local iluminado e ventilado.
Para a aplicação da maquiagem, necessita-se uma área com iluminação
adequada, cadeira própria para maquiagem, ajustada à altura ideal do maquia-
dor, evitando desconforto para ambas as partes; bancada organizada com os
materiais adequados, além de espelho para verificar alterações. A higiene no
local e nos materiais deve ser alta, evitando contaminações.

O conforto é primordial num ambiente montado para a maquiagem artística, pois


muitas criações exigem muitas horas de maquiagem, explorando o rosto e até o corpo
em diversos ângulos diferentes. Tanto maquiador quanto cliente devem estar muito
confortáveis durante a realização desse tipo de maquiagem.

Produtos e ferramentas para a maquiagem


artística
O maquiador artístico tem um arsenal de materiais à sua disposição. Os produ-
tos estão cada vez mais resistentes ao calor e à água, o que confere durabilidade
à maquiagem, ajudando os profissionais que estão constantemente expostos à
iluminação do teatro, da TV ou do cinema, por exemplo.
Os produtos também estão mais versáteis: é possível que o profissional
utilize o mesmo produto para chegar a resultados bem distintos. Por isso, é
importante que o profissional maquiador esteja atento em relação às novidades
e às tendências do mercado de beleza.
Para as maquiagens artísticas, é ideal que os materiais utilizados sejam de
ótima qualidade, apesar de, muitas vezes, terem um valor mais elevado. Além
dos itens básicos de um maquiador profissional, há produtos e ferramentas
específicos que não podem faltar na maleta do maquiador artístico.
10 Fundamentos da maquiagem artística

Os produtos mais utilizados para a área artística são: pancakes, makeup


clowns, massas scar skin, entre outras, tintas e glitter. Existem, também, aqueles
instrumentos de trabalho que vão ser utilizados tanto para a maquiagem social
quanto para a maquiagem cênica, cinematográfica ou televisiva, como: cílios
postiços, cola de cílios postiços, curvador de cílios, placa de metal e espátula,
apontador, esponjas e pincéis diversos.
Os pancakes são os produtos que dão base para a maquiagem artística. Com
função de base, corretivo e pó em um só produto, podem ser cor da pele, brancos
ou coloridos e são aplicados como fundo para a pele receber os demais produtos.
Os clowns são os pigmentos coloridos, muito semelhantes a tintas, es-
pecíficos para criar maquiagens coloridas. Desenvolvidos, primeiramente,
para maquiagem em palhaço (clown é palhaço em inglês), é muito utilizado,
hoje, para acentuar as cores das sombras, deixando-as vivas e dando-lhes um
melhor acabamento. É uma maquiagem cremosa que, quando fixada com pó,
torna-se à prova de toques, suor e à prova d’água.
A massa moldável é um excelente recurso usado na maquiagem artística.
Disponível em diversas cores e tons de pele, é importante para muitas técnicas,
entre as quais podemos citar: cobertura de sobrancelhas, aumento de orelhas
e narizes, criação de verrugas, cortes e ferimentos, entre outros.
Para ser fixada à pele, ela precisa ser “colada” com verniz postiço, que também
deve estar presente na maleta do maquiador artístico. A sua aplicação é simples,
assim como a moldagem, bem parecida com uma massinha de modelar infantil.
A massa scar skin (Figura 6) é uma massa extremamente versátil e pronta
para ser utilizada. Com ela, pode-se fazer a simulação de cicatrizes, marcas
cirúrgicas e ferimentos, por exemplo. É encontrada, geralmente, nas cores
branca e vermelha.

Figura 6. Massa scar skin.


Fonte: Catharine Hill (2018, documento on-line).
Fundamentos da maquiagem artística 11

A massa moldável modelo charuto (Figura 7a) ou doce de leite (Figura 7b)
é utilizada para aumento de orelhas, nariz ou qualquer outra área e, também,
para criar postiços, como pontas de nariz, queixo, orelha, efeitos de tiros e
pequenos cortes. Também pode ser utilizada para criar cicatrizes, além de
servir como camuflagem de sobrancelhas. A fixação desse produto aumenta
quando aplicada sobre fina camada de verniz (CATHARINE HILL, 2018).

Figura 7. a) Massa moldável charuto. b) Massa doce de leite.


Fonte: Catharine Hill (2018, documento on-line) e Catharine Hill (2018, documento online).

As tintas para maquiagem artística são encontradas em diversas cores e


têm a mesma utilidade que os clowns, mas com menor poder de fixação. Os
glitters (Figura 8) são produtos muito utilizados, principalmente, em maquia-
gens mais abstratas, nas quais é explorada a criatividade do profissional, sem
seguir um script.
As esponjas texturizadoras (Figura 9) são de diversos formatos e texturas
e existem desde as mais comuns, usadas também em maquiagem social, até
as mais especiais, que podem conferir outros efeitos à maquiagem artística.
As esponjas mais espessas são adequadas para fazer texturas diferentes,
como, por exemplo, efeitos de pele arranhada ou queimada. Esse efeito pode
ser produzido usando-se tinta sobre as esponjas e aplicando-as sobre a pele.
12 Fundamentos da maquiagem artística

Figura 8. Glitter.
Fonte: Elena Nichizhenova/Shutterstock.com.

Figura 9. Esponjas texturizadoras.


Fonte: Windofchange64/Shutterstock.com.

Entre as ferramentas utilizadas por profissionais de maquiagem artística,


estão, além dos pincéis, esponjas e acessórios comuns a outras maquiagens,
as esponjas texturizadoras e o uso do aerógrafo para a técnica de airbrush.
Fundamentos da maquiagem artística 13

Na prática

O airbrush é uma ferramenta muito utilizada tanto para a maquiagem social quanto
para a artística. É feita com um aerógrafo junto a um compressor, que faz a aplicação
da maquiagem em finas camadas, podendo ser com base em tom de pele ou base
colorida. Um produto específico é adicionado ao aerógrafo, que é manipulado por meio
de um spray (o pigmento pulverizado). O resultado proporcionado é de uniformidade
total, mas, geralmente, o primeiro passo deve ser preparar a pele para qualquer textura
ou efeito que venha a ser aplicado por cima.
1. Acesse a página https://bit.ly/2KBzGN5 e baixe o aplicativo
Sagah Técnicas de maquiagem. Se preferir, use o QR code ao
lado para baixar o aplicativo.
2. Abra o aplicativo e aponte a câmera para a imagem a seguir:

3. Você poderá observar a maneira como é utilizada a ferramenta airbrush e o acaba-


mento dado à maquiagem.

Efeitos especiais
É possível fazer praticamente qualquer efeito especial sobre a pele utilizando
as técnicas e os produtos certos. Para isso, é possível fazer boas escolhas em
produtos que visam garantir um visual impecável, além de não agredir a pele
do ator ou cliente. Para a criação de efeitos especiais em maquiagem, além dos
produtos e ferramentas supracitados, há outros recursos e técnicas também
disponíveis no mercado atualmente.
14 Fundamentos da maquiagem artística

O sangue falso (Figura 10) é um produto pronto, disponível no mercado,


apresenta um efeito natural e traz mais realidade para as maquiagens que
representam cortes e sangue, podendo, também, criar o efeito coagulado
depois de seco.

Figura 10. Sangue falso.


Fonte: Catharine Hill (2018, documento on-line).

Existem, além disso, receitas caseiras para fazer o sangue falso, misturas
feitas com gel, glucose de milho, molhos comestíveis, corantes, entre outros.
As massas de reconstrução (slug), citadas anteriormente, também são
muito utilizadas em efeitos especiais. Além dos produtos prontos, também
há a possibilidade de criá-los em casa, com materiais simples, como algodão,
papel e cola, entre outros.

A massa slug caseira também pode ser feita com três ingredientes básicos: amido
de milho, vaselina e pó compacto. Para fazê-la, é só misturar os três ingredientes, de
modo que fique uma substância homogênea e com textura de massa de modelar. É
uma solução econômica para quem não dispõe de tantos produtos específicos para
a maquiagem artística.
Fundamentos da maquiagem artística 15

Além dos cosméticos, outros elementos podem compor a maquiagem de


efeitos especiais: cílios postiços, acessórios como dentes (Figura 11a), tiaras,
penas, pedrarias (Figura 11), entre outros, componentes que podem ajudar a
construir a imagem dependendo do contexto em que são usados.

Figura 11. a) Dentes usados em maquiagem artística. b) Pedrarias usadas em maquiagem


artística.
Fonte: Iiiphevgeniy/Shutterstock.com e YuliyaOchkan/Shutterstock.com.
16 Fundamentos da maquiagem artística

ANGEL. Personagens que não podem ganhar seus próprios filmes produzidos pela Marvel Stu-
dios. 13 nov. 2016. Disponível em: <http://geeksinaction.com.br/index.php/2016/11/13/
lista-personagens-que-nao-podem-ganhar-seus-proprios-filmes-pela-marvel-stu-
dios/>. Acesso em: 14 nov. 2018.
CATHARINE HILL. Massa moldável charuto. 2018. Disponível em: <https://loja.catharinehill.
com.br/massa-moldavel-charuto-2220-1>. Acesso em: 14 nov. 2018.
CATHARINE HILL. Massa moldável doce de leite. 2018. Disponível em: <https://loja.
catharinehill.com.br/massa-moldavel-doce-de-leite-2220-2>. Acesso em: 14 nov. 2018.
CATHARINE HILL. Scar skin branca: massa para simular cicatrizes. 2018. Disponível em:
<https://loja.catharinehill.com.br/scar-skin-branca-2222-2>. Acesso em: 14 nov. 2018.
CATHARINE HILL. Theatrical blood: sangue artificial. 2018. Disponível em: <https://loja.
catharinehill.com.br/theatrical-blood-sangue-artificial-2224>. Acesso em: 14 nov. 2018.
MORAIS. M. Entenda como é feita a maquiagem no cinema. 2013. Disponível em: <https://
www.guiadasemana.com.br/cinema/noticia/entenda-como-e-feita-a-maquiagem-no-
-cinema>. Acesso em: 14 nov. 2018.
SILVEIRA, N. M. B. Automaquiagem como exercício cênico. 2016. 55 f. Trabalho de Conclusão
de Curso (Licenciatura em Artes Cênicas) - Universidade de Brasília, Brasília, DF, 2016.
Disponível em: <http://bdm.unb.br/bitstream/10483/13162/1/2016_NataliaMaiaBraz-
Silveira.pdf>. Acesso em: 14 nov. 2018.

Leituras recomendadas
CATHARINE HILL. Apostila do curso de especialização em olhos. São Paulo: Catharine
Hill, 2015.
D’ALLAIRD, M. et al. Milady Maquiagem: teoria das cores, maquiagens especiais, evolução
da maquiagem. São Paulo: Cengage Learning, 2016.
MAGALHÃES, M. Caracterização teatral: uma arte a ser desvendada. In: FLORENTINO, A.;
TELLES, N. (Org.). Cartografias do ensino do teatro. Uberlândia: EDUFU, 2009. Disponível
em: <http://www.edufu.ufu.br/sites/edufu.ufu.br/files/e-book_cartografias_do_tea-
tro_2009_0.pdf>. Acesso em: 14 nov. 2018.
Conteudo:

filfil SOLU<;OES
EDUCACIONAIS
INTEGRADAS
Dica do professor
Ao longo dos anos, diversas maquiagens artísticas cinematográficas ficaram famosas, repercutindo
e marcando história; muitas sendo reproduzidas até hoje.

Na Dica do Professor, você irá conferir algumas das mais marcantes maquiagens do cinema, além
de conhecer curiosidades sobre elas.

Confira.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Na prática
O sangue falso é um produto que apresenta efeito natural e traz mais realidade para as maquiagens
que representam cortes e sangue, muito usado em efeitos especiais.
Existem formulações do produto pronto, encontrado em lojas especializadas, mas também há a
possibilidade de fazer em casa, com alguns ingredientes fáceis de encontrar.

Confira, Na Prática, como pode ser feito o sangue falso caseiro, que pode, inclusive, ser usado na
boca, por ser composto por ingredientes comestíveis.
½ xkara (120 ml) 1 xkara (300 g) 2 colheres
de batida ou ponche de xarope de sopa de corante
de alguma fruta vermelha de milho alimentar vermelho

1 colher 2 colheres 1 colher


de sopa de calda de sopa de de sopa de
de chocolate amido de milho cacau em p6

Colocar a mistura em uma folha


branca de papel-toalha para examinar
a sua cor. Se precisar fazer algum ajuste,
acrescentar mais corante alimentar,
calda de chocolate ou cacau em p6.

f,
Seo sangue estiver muito palido ou rosado, acrescentar algumas '

gotas de corante a mistura e bater novamente. Se estivermuito


vermelho, colocar mais calda de chocolate ou cacau. Para um
sangue mais espesso, acrescentar mais xarope de milho a mistura.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Monte sua maleta de maquiagem artística - dicas imperdíveis


Para iniciar os trabalhos em maquiagem artística, é preciso acrescentar na mala comum de
maquiagem social alguns itens. Nesse vídeo você confere como pode iniciar a montagem de sua
maleta de maquiagem artística.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Maquiagem artística
Nesse link você encontra diversas dicas de como fazer esse tipo de maquiagem, de produtos que
podem ser usados e ideias para maquiagens artísticas.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Transformação em cena: 5 desafios para atuar com maquiagem


artística
Existem muitos desafios na carreira de maquiador artístico. Nesse link você encontra dicas simples
para tornar os desafios mais simples.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Micropigmentação e design de
sobrancelhas

Apresentação
Micropigmentação, microdermopigmentação, dermopigmentação, maquiagem semi-permanente e
microblading são diferentes formas de se referir àquela maquiagem duradoura, que tem o pigmento
implantado na camada subepidérmica da pela. Embora existam diferentes nomenclaturas, o nome
mais conhecido é micropigmentação para se referir ao procedimento realizado com dermógrafo, e
microblading para o procedimento realizado com tebori.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá sobre conceitos e aplicabilidades da


micropigmentação de sobrancelhas, bem como as diferentes técnicas para este fim.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir os conceitos teóricos da técnica de micropigmentação.


• Reconhecer a aplicabilidade da técnica de micropigmentação.
• Identificar as diferentes técnicas da micropigmentação voltadas para sobrancelhas.
Infográfico
Para a realização da micropigmentação, é necessário que o profissional siga adequadamente as
etapas do procedimento. Isso garante maior eficiência e qualidade na hora da aplicação.

Veja, no infográfico a seguir, as etapas simplificadas da técnica de micropigmentação de


sobrancelhas.
Seguir as etapas corretamente e muito importante para que o procedimento
seja executado da melhor forma possivel.

Por exemplo, caso o procedimento seja feito sem a previa realiza ao da


a
anamnese, podem ocorrer intercorrencias devido presen a de possiveis
contraindica oes.Se nao fizer o design adequado, o resultado nao sera
satisfat6rio. Se nao seguir os cuidados p6s-procedimento, a recupera ao
tecidual nao sera plena, podendo implicar em falhas na pigmenta ao.

Nenhuma etapa pode ser esquecida ou negligenciada.

FICHA t>E ANAMNESE


lmportante para descartar a presen a de contraindica oese definir
se o procedimento e seguro.

~ ~
oR4ANIZA Ao E PREPARA Ao t>oS MATERIAIS
0 ambiente deve ser preparado de maneira aevitar qualquer
tipo de contamina ao cruzada. Por isso, o espa o, o mobiliario e
os instrumentos devem ser desinfetados e plastificados com
filme PVC, que posteriormente devera ser descartado como
residuo biol6gico.

fASE t>O t>ES14N


E uma das fases mais importantes, onde se estabelecera o formato
das sobrancelhas para a micropigmenta ao.Deve-se realizar todas
asmedidas e marca oes com o paquimetro, criar o esbo o do design
e mostrar ao cliente para obter sua aprova ao, alem de conferir se o
a
design esta simetrico e harmonioso face do cliente.

ANESTESIA ToPICA o(A


Utilizada para amenizar a dor durante o procedimento.
Ap6s odesign, aplica-se uma camada generosa de pomada
anestesica, ocluindo com filme PVC para melhorar a permea ao
e eficacia. Ao Longo do procedimento, o anestesico pode ser
reaplicado, conforme sensibilidade do cliente.

FASE t>A Ml(RoP14MENTA Ao


~
Fase deimplanta ao do pigmento com derm6grafo e agulha ou
com Laminae tebori. Segue-se o protocolo conforme o objetivo/
resultado almejado. Ao Longo do processo, e necessario Limpar
com soro fisiol6gico e algodao.

---+ Note que, ate aqui, o protocolo foi o mesmo - o que muda ea
tecnica de implanta ao escolhida.

RESV TAt>o IMEt>IATo


0 aspecto das sobrancelhas ao final do atendimento pode ser
escuro e edemaciado. Nao e o resultado final, pois, conforme
da-se o processo de regenera ao, oedema ea intensidade da
cor diminuem.

I
(Vlt>At>oS PoS-PRo(Et>IMENTo

i
Lista de cuidados que o cliente precisa ter para auxiliar no
processo de regenera ao do tecido. Etapa crucial para um born
resultado final.
Conteúdo do livro
A maquiagem ganhou muita importância e destaque na sociedade, devido à supervalorização da
aparência, principalmente entre o público feminino. Nesse sentido, a micropigmentação se torna
uma técnica bastante eficaz, pois seus resultados são duradouros, o que a torna muito procurada
atualmente. O profissional designer de sobrancelhas precisa atualizar-se constantemente para
oferecer aos seus clientes o que há de mais inovador na sua área de atuação.

Na obra Design de sobrancelhas, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, leia o capítulo
Introdução à micropigmentação, onde você conhecerá os conceitos teóricos da micropigmentação,
as suas aplicabilidades e as diferentes técnicas voltadas para as sobrancelhas.
DESIGN DE
SOBRANCELHAS

Jessica Gabriele
da Silva Marques
Revisão técnica:

Mônica Magdalena Descalzo Kuplich


Mestrado em Genética e Toxicologia Aplicada
Especialização em Fisioterapia Dermatofuncional
Especialização em Acupuntura
Graduação em Fisioterapia

M357e Marques, Jéssica Gabriele da Silva.


Design de sobrancelhas / Jéssica Gabriele da Silva
Marques; [revisão técnica : Mônica Magdalena Descalzo
Kuplich]. –Porto Alegre : SAGAH, 2018.
210 p.: il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-503-5

1. Estética. I. Título.

CDU 687.5.01

Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB – 10/2147


Introdução à
micropigmentação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

■ Definir os conceitos teóricos da técnica de micropigmentação.


■ Reconhecer a aplicabilidade da técnica de micropigmentação.
■ Identificar as diferentes técnicas de micropigmentação para
sobrancelhas.

Introdução
Com o passar dos anos, a maquiagem foi ganhando muita importância
e destaque na sociedade, mais especificamente para as mulheres em
seus cuidados de beleza (MARTINS; MARTINS; MARTINS, 2009). Porém,
com a sobrecarga de atividades da contemporaneidade, soluções de
embelezamento mais duradouras e que facilitem o dia a dia da mulher
são cada vez mais procuradas. Esse é o caso da micropigmentação.
A micropigmentação permite corrigir falhas, proporcionando durabi-
lidade de até dois anos (dependendo da técnica eleita) para a correção.
Devido à evolução das tecnologias, que permitem resultados cada vez
mais naturais, a procura desse procedimento pelo público masculino
também vem aumentando dia após dia.
Neste capítulo, você vai conhecer os conceitos teóricos da micropig-
mentação, suas aplicabilidades e as diferentes técnicas voltadas para as
sobrancelhas.

Micropigmentação: conceito e aplicabilidades


A micropigmentação pode ser definida como técnica de implantação de pig-
mentos na camada subepidérmica da pele por meio de agulhas acopladas
a um indutor elétrico chamado dermógrafo. É utilizada tanto para fins de
2 Introdução à micropigmentação

embelezamento quanto para correções de distúrbios estéticos na imagem


facial e corporal. Por sua performance, tem se tornado muito reconhecida e
requisitada pelas mulheres e, aos poucos, tem entrado no universo masculino.

Ao longo dos anos, a micropigmentação recebeu diversas nomenclaturas, entre


elas: maquiagem semipermanente, dermopigmentação, microdermopigmentação e
micropigmentação dérmica. Comercialmente, porém, o termo micropigmentação
tem sido mais amplamente usado.

Existem diversas técnicas de micropigmentação e diversos efeitos que


podem ser alcançados em sobrancelhas, olhos, lábios, couro cabeludo, aréolas,
estrias, cicatrizes, entre outros. É consenso entre autores da área que, em
qualquer um de seus âmbitos de aplicação, devolve o bem-estar e melhora
a qualidade de vida das pessoas, amenizando o desconforto da aparência
inestética e proporcionando autoestima. Atualmente, a micropigmentação
divide-se em:

■ Micropigmentação estética: utilizada para criar efeitos de maquiagem,


como preenchimento de sobrancelhas, delineador de olhos, contorno e
preenchimento de lábios e rubor facial. Também pode ser usada para
disfarçar e corrigir olheiras e estrias.
■ Micropigmentação paramédica: utilizada para camuflagem de cicatri-
zes, de manchas de vitiligo, de alopecias (criando ilusão de presença de
cabelos no couro cabeludo), para ampliação ou reconstrução de aréola
mamária e para uniformização de cor em gengivas.

Outra técnica que tem ganhado espaço no mercado é o microblading, que


utiliza o tebori (indutor manual no qual se encaixa, na ponta, uma lâmina feita
por agulhas unidas lateralmente) para realizar a implantação do pigmento.
Embora a micropigmentação tenha surgido com base na técnica de tatua-
gem, e apesar da estreita relação entre elas, existem importantes diferenças.
Enquanto a tatuagem oferece permanência definitiva, a micropigmentação
tem duração de até no máximo dois anos (após esse período, começa a cla-
rear e apresentar falhas). A tatuagem deixa marca de cicatriz e tem bordas
Introdução à micropigmentação 3

extremamente definidas, oferecendo, em maquiagem, um resultado artificial.


A micropigmentação, por sua vez, quando aplicada da maneira correta, não
deixa marca de cicatriz, tem bordas suaves e proporciona um resultado muito
natural. Essas diferenças ocorrem principalmente devido à profundidade em
que o pigmento é inserido na pele. Os produtos, o equipamento e as técnicas
de implantação também são determinantes para o resultado do procedimento.
As tintas utilizadas na micropigmentação tem a finalidade de facilitar a
implantação dos pigmentos. Embora sejam formuladas especialmente para
interagirem com a pele por um período de tempo determinado, esse tempo
pode variar devido às características da pele, à idade, aos cuidados e à forma
de implantação da tinta. De acordo com Schuster (2017), as tintas específicas
para micropigmentação são compostas predominantemente por elementos
orgânicos. São eles: molhantes, diluentes, conservantes e pigmentos. Os três
primeiros são transparentes, e os pigmentos, por sua vez, são os responsáveis
pela formação da cor da tinta.
Se o pigmento for depositado em camada muito superficial, será removido
rapidamente no constante processo de renovação da pele. Se depositado em
camadas mais profundas, como a hipoderme, provavelmente será dissolvido
na corrente sanguínea.
Em tatuagem, as agulhas medem de 2 a 3 milímetros, conforme a espessura
da pele a ser trabalhada. De acordo com Giaretta (2015), o objetivo, nesse caso,
é atingir a derme reticular, provocando reações inflamatórias e processos
de necrose, seguidos da presença de tinta no interior dos fibroblastos. Além
disso, os pigmentos utilizados na tatuagem apresentam compostos policíclicos
inorgânicos de permanência definitiva (não são absorvidos pelo organismo).
Já na micropigmentação, as agulhas medem em torno de 1,5 milímetro.
Assim, o pigmento é inserido na derme papilar (também chamada camada
subepidérmica), promovendo reações inflamatórias e processos de reparo teci-
dual, seguidos da encapsulação dos pigmentos pelos macrófagos. Os pigmentos
utilizados apresentam tamanho molecular maior e característica orgânica.

Interação entre micropigmentação e pele


Para entender como a micropigmentação interage com a pele, é necessário
conhecer o processo inflamatório causado e o processo de recuperação da
pele. Segundo Kede e Sabatovich (2015), o processo de reparo residual é uma
resposta uniforme, dirigida pela liberação de mediadores químicos, que se dá
4 Introdução à micropigmentação

pela inflamação, em geral restrita à área sujeita à agressão de agentes lesivos


físicos, químicos ou biológicos.
A intensidade e a duração do reparo são determinadas tanto pela gravidade
do agente lesivo quanto pela capacidade de reação do organismo lesado. O
reparo é seguido por três etapas, mostradas na literatura da seguinte maneira:

a) Fase de inflamação aguda e subaguda: dura de 1 a 8 dias e consiste


em remover elementos prejudiciais e tecidos desvitalizados.
b) Fase de proliferação: dura de 3 dias a 3 semanas e consiste no pre-
enchimento da lesão, com três subfases — reepitelização, fibroplasia
e angiogênese.
c) Fase de remodelamento: dura de 6 meses a 2 anos e é a subtração da
cicatriz e o aumento da sua força tênsil.

Na micropigmentação, em especial, a interação do sistema imunológico


é peculiar. Apesar de se tratar de lesão superficial, são inseridos pigmentos
na pele. O tempo de reparo depende ainda das características da pele e do
sistema imunológico de cada cliente.
A fase inflamatória aguda dura em torno de um dia, tempo para os sinais e
sintomas de inflamação (como dor, calor e rubor) desaparecem. A fase subaguda
pode durar até 15 dias e é quando os macrófagos são estimulados a fagocitar o
pigmento para expulsá-lo do corpo. Porém, visto que essas partículas são muito
grandes e não é possível quebrá-las ou expulsá-las, o sistema imunológico cria
uma cápsula protetora em torno do pigmento e o isola (Figura 1).

Pigmento Agulha

Movimento
Moléculas Macrófagos do fluido
Células de sinalização
master
Capilar Fagocitose

Células Neutrófilos
vermelhas

Figura 1. Processo de fagocitose na micropigmentação.


Fonte: Adaptada de Giaretta (2015).
Introdução à micropigmentação 5

Na fase de proliferação, que é quando ocorre a reepitelização da lesão e


que pode iniciar antes mesmo de terminar a fase inflamatória aguda, forma-
-se uma crosta que, em sete dias, se desprende e cai, removendo consigo boa
parte do pigmento inserido no procedimento — razão pela qual o resultado
final é mais claro do que o resultado imediato. Uma vez que é uma lesão
superficial — cujo sangramento estanca após a compressão da zona —, pode
não ocorrer angiogênese nem fibroplasia. Da mesma forma, o remodelamento
não é visível, motivo pelo qual não apresenta cicatriz.

Contraindicações
De acordo com Giaretta (2015), a micropigmentação é um procedimento sério
que envolve importantes contraindicações. Por essa razão, recomenda-se
cuidado. É imprescindível a realização da ficha de anamnese a fim de verificar
a saúde geral do cliente, bem como a presença de contraindicações.
Há casos em que o cliente não vai poder ser submetido ao procedimento,
casos em que vai poder, mas somente mediante autorização médica, e casos
em que deverá estar ciente das implicações do resultado e comprometer-se a
seguir recomendações especiais.
Dentre a lista de clientes com contraindicação absoluta, podemos citar
as gestantes e lactantes, pois as alterações hormonais características desses
períodos podem interferir na sensibilidade e fixação do pigmento. Também
entram nessa categoria pacientes em tratamento quimio ou radioterápico, ou
que estejam usando medicamentos imunossupressores e corticoides, devido
à debilidade do sistema imunológico. Esses clientes só poderão realizar o
procedimento mediante alta médica.
Há algumas contraindicações que, se apresentadas pelo cliente, exigem
consentimento médico para que a micropigmentação seja realizada. São elas:

■ déficit circulatório (isquemia, anemia, deficiência vitamínica) ou hi-


pertensão, pois dificultam a nutrição tecidual e a migração das células
responsáveis pelo processo de cicatrização;
■ alterações da coagulação, hemofilia e uso constante de anticoagulantes,
pois prolongam o processo cicatricial e afetam a fixação dos pigmentos;
■ hipotireoidismo e insuficiência renal, hepática e respiratória, pois
deixam o sistema imune e energético debilitado, com processo de re-
cuperação deficiente, o que pode prolongar o tempo de cicatrização e
alterar a fixação dos pigmentos;
6 Introdução à micropigmentação

■ excesso de açúcar na circulação de pacientes diabéticos, pois isso gera


glicação não enzimática, uma reação bioquímica que debilita o sistema
de reparo tecidual. Os pacientes diabéticos devem estar com a taxa
de glicose controlada, caso contrário haverá falhas na regeneração e
problemas na inserção e fixação do pigmento.

A Figura 2 apresenta problemas no reparo tecidual pós-micropigmentação.

Figura 2. Problemas no reparo tecidual pós-micropigmentação.


Fonte: Adaptada de Africa Studio/Shutterstock.com.

Trauma grave e queimaduras na região a ser micropigmentada implicam


em contraindicação enquanto o tecido não estiver reparado. Após o reparo,
o profissional deve avaliar cuidadosamente as condições do tecido, pois, se
irregular, a fixação e coloração podem ficar desuniformes.
Apesar de o tabagismo não ser caracterizado como contraindicação, o
profissional deve alertar seu cliente de que a grande carga de radicais livres
Introdução à micropigmentação 7

circulantes nos fumantes atrapalha o processo de cicatrização, além de alterar


a tonalidade da pele, podendo influenciar no balanço da cor do pigmento.
Clientes que realizaram aplicação de injetáveis na região devem estar
cientes de que a trepidação da agulha, na micropigmentação com dermógrafo,
acelera a absorção do injetável, diminuindo seu tempo de ação.

Técnicas de micropigmentação de sobrancelhas


Em sobrancelhas, a micropigmentação tem ganho grande destaque nos últimos
tempos. O hábito de fazer design de sobrancelhas se tornou comum entre as
pessoas, pois oferece um resultado de correção ou embelezamento natural e
duradouro.
As técnicas e os materiais utilizados têm evoluído em grande escala, sendo
possível criar diversos efeitos, como:

■ preenchimento compacto, com acabamento e bordas bem definidas


(Figura 3a);
■ preenchimento esfumado, com contornos suaves e delicados (Figura 3b);
■ fio a fio, com o desenho de fios que imitam os fios naturais das so-
brancelhas da cliente, trazendo o preenchimento de falhas ou simples
destaque às sobrancelhas de maneira extremamente natural (Figura 3c).

Devido ao resultado mais marcante e artificial que proporciona, o clás-


sico preenchimento compacto, desenvolvido como a primeira técnica para
preenchimento de sobrancelhas por maquiagem semipermanente, tem sido
cada vez menos requisitado. Utilizando técnica intimamente semelhante à
da tatuagem, o preenchimento compacto é mais agressivo e gera maior risco
de saturação, isto é, resultado de cor acinzentada ou azulada por excesso de
pigmento depositado. Também é uma técnica que apresenta maior chance de
cicatrizes hipertróficas, devido à agressividade de implantação.
O preenchimento esfumado surge como alternativa para aquelas pessoas
que desejam um resultado mais natural, mas, ao mesmo tempo, com efeito de
maquiagem, e que apresente boa fixação (durabilidade). Com técnica ainda
semelhante à da tatuagem convencional, o preenchimento esfumado difere
em relação à quantidade de pigmento implantado e à técnica de marcação de
bordas, além de ter a profundidade de implantação diminuída.
8 Introdução à micropigmentação

c
Figura 3. (a) Técnica de preenchimento compacto.
(b) Técnica de preenchimento esfumado. (c) Técnica
de fio a fio.
Fonte: (a e b) ldutko/Shutterstock.com; (c) adaptada de
Dakalova Iuliia/Shutterstock.com.

As técnicas conhecidas por fio a fio estão, atualmente, ganhando espaço


no mercado de maneira exponencial. Embora ofereçam um resultado mais
natural, têm como desvantagem o período de permanência do pigmento, que
é de aproximadamente 12 meses, sendo necessário refazer procedimento
após esse período. As técnicas de fio a fio podem ser descritas conforme seus
diferentes efeitos:
Introdução à micropigmentação 9

■ Fio a fio degradée: também conhecida como técnica híbrida, é indi-


cada para quem tem muitas falhas ou pouquíssimos fios e deseja que
apareçam os fios pigmentados. Mescla as técnicas de traçado e pintura
(desenho de fios e preenchimento), sendo necessário utilizar dois tipos
de agulhas ou mesmo dois equipamentos distintos (dermógrafo e tebori).
■ Fio a fio bicolor ou tricolor: para o efeito mais preenchido, sem perder
a naturalidade, nessa técnica utiliza-se agulha monoponta no dermógrafo
ou mesmo uma lâmina fina no tebori, realizando os traços imitando
os fios naturais, porém intercalando duas ou três cores de pigmento.
O importante para o efeito visual natural é utilizar pigmentos de tipos
frios mesclados ao de tipo quente.
■ Efeito tridimensional: é a técnica mais utilizada por profissionais
experientes, pois oferece um efeito muito natural, sendo indicada para
quem tem pouca ou muita quantidade de pelos. Não resulta em bordas,
oferecendo um efeito mais escuro no centro das sobrancelhas, uma vez
que segue o direcionamento natural dos pelos do cliente.
■ Tridimensional esfumada: técnica utilizada para sobrancelhas largas
e falhadas, principalmente em rostos largos e grandes. Segue a proposta
da sobrancelha tridimensional, com um resultado mais leve. Apresenta
como desvantagem o pouco período de permanência do pigmento.

A criatividade dos profissionais e a evolução dos recursos e das tecnologias


empregadas nessas técnicas de embelezamento parecem não ter fim. É possível
eleger os métodos que melhor se adaptem aos desejos e às necessidades do
cliente. Outras técnicas têm sido desenvolvidas, embora ainda não tenham
sido documentadas em literatura científica.

Escolha da cor: colorimetria e análise da cor da pele


Apesar de parecer simples, a escolha adequada da cor é extremamente com-
plexa. Vários fatores são levados em consideração, como:

■ a composição das tintas;


■ a interação dos pigmentos das tintas com a cor superficial e a cor de
fundo da pele;
■ a temperatura das cores (quente ou fria);
■ a cor dos pelos;
■ o objetivo do cliente em relação ao resultado.
10 Introdução à micropigmentação

As cores, quando misturadas, reagem entre si, formando novas cores. O resultado das
misturas é representado pela Estrela Oswald.

As cores primárias são amarelo, azul e vermelho. As demais cores são


formadas a partir da mistura entre as cores primárias, ou seja, unindo as cores
primárias obtêm-se as cores secundárias. Por exemplo: azul com vermelho
forma a cor roxa; vermelho com amarelo forma a cor laranja; e amarelo com
azul forma a cor verde (LINO, 2016). Se misturadas as três cores primárias,
obtém-se o marrom.
Há ainda a possibilidade de graduações nas misturas, como: azul com um
pouco de vermelho forma a cor azul arroxeada; já o vermelho com um pouco
de azul forma o vermelho arroxeado. Da mesma forma, misturando as três
cores primárias, porém com predomínio de uma das cores, obtêm-se diferentes
graduações de marrom, como: mais quantidade de azul em relação ao amarelo
e vermelho forma o marrom azulado (chocolate), e mais quantidade de verme-
lho em relação ao amarelo e azul forma o marrom avermelhado (ferrugem).
O resultado das misturas pode ser visualizado em uma ferramenta cha-
mada Estrela Oswald, a qual mostra algumas cores em oposição entre si.
Essa representação demonstra a relação de complementariedade. Uma vez
que o marrom é produzido pela mistura das três cores primárias, quando
temos uma cor secundária (mistura de duas primárias), basta acrescentar a
primária faltante para obter o marrom. Assim, para tornar o verde (formado
da mistura do azul e amarelo) em marrom, basta misturar o vermelho (sua
cor complementar), e assim sucessivamente.
As cores são classificadas, ainda, em relação à sua temperatura. São consi-
deradas quentes as cores com predominância de vermelho e amarelo, e frias as
cores com predominância de azul. Por ser uma cor mais intensa e pigmentada,
a presença do azul torna o roxo e o verde cores frias. Já o laranja, o vermelho
e o amarelo (que não contêm azul na mistura) são cores quentes.
Introdução à micropigmentação 11

Devido às características dos tons de pele e pelos, geralmente as tintas de


micropigmentação são em tons de marrom. É importante o profissional saber
que a interação entre as cores funciona não só para a mistura de pigmentos
em tinta, mas pode ser vista na cor da pele humana, que também varia em
muitas nuances de marrom.
De acordo com Monteiro (2010), diferentes pigmentos orgânicos constituem
a cor regular da pele de cada indivíduo. Contudo, a cor da pele é influenciada
não só pelos pigmentos presentes em suas diferentes camadas, mas também
pelo seu efeito óptico de dispersão e por alterações vasculares.
Na camada mais superficial da pele, há a melanina e o caroteno. Na derme,
devido às projeções papilares dos capilares e plexos vasculares superficiais, há
a oxi-hemoglobina (vermelho) e a hemoglobina reduzida (azul). Já no tecido
subcutâneo, há o caroteno, a oxi-hemoglobina e a hemoglobina reduzida na
presença dos plexos vasculares mais profundos.

Produzida pelos melanócitos, a melanina é o principal pigmento que colore a pele e


os pelos. Há dois tipos de melanina produzidos por influência genética: a eumelanina
(com alto peso molecular, de cor marrom a negra, com temperatura de cor fria) e a
feomelanina (mais frágil, de cor amarela a vermelha e temperatura quente). A mela-
nina é distribuída na epiderme por vesículas chamadas melanossomas. Ao longo do
processo de renovação celular, pode ser degradada ou não. Assim, quanto mais clara
for a pele, mais degradada é a melanina. Em peles negras escuras, mantém-se íntegra
até a camada mais superficial. Nesse sentido, a cor da pele pode ser definida em seis
fototipos, conforme classificação de Fitzpatrick: variam do fototipo I (pele mais branca,
com predomínio de feomelanina e maior degradação ao longo da renovação epidér-
mica) ao fototipo VI (pele negra, constituída de eumelanina, sem sofrer degradação)
(KEDE; SABATOVICH, 2015).

O profissional precisa saber qual vai ser o resultado final da cor da micro-
pigmentação, que decorre da interação dos pigmentos da tinta com a cor da
pele do cliente. Sabendo avaliar a temperatura e, principalmente, a composição
das cores — tinta e pele —, o profissional vai ter êxito nos seus resultados.
12 Introdução à micropigmentação

Em clientes com pele quente, não se pode utilizar tinta marrom com predominância
de laranja, por exemplo. Se a pele for quente, porém clara, é indicado o uso de tinta
marrom esverdeada (porque o verde é equilibrado entre azul e amarelo e não fornece
um resultado muito escuro). Se for quente, porém escura, o ideal é utilizar uma tinta
marrom levemente azulada (o azul equilibrará a temperatura quente, mantendo o
resultado marrom). Se a cliente tiver pele fria, é recomendado utilizar pigmentos marrons
quentes, pois o uso de pigmentos frios implicará em resultado azulado ou acinzentado.
Pode-se, ainda, optar por misturar ao pigmento escolhido uma gota de pigmento laranja
caso deseje um resultado mais suave. Esse processo é chamado de aquecimento de cor.

Errar a escolha do pigmento pode resultar em sobrancelhas acinzentadas,


azuladas, arroxeadas, alaranjadas e, inclusive, avermelhadas. Isso acontece
porque não há o balanceamento da cor, ou seja, não ocorre a neutralização
adequada que permite a obtenção e fidedignidade da cor marrom. Para cor-
rigir esse problema, é necessário fazer o procedimento de neutralização, que
implica na introdução de pigmentos de cor complementar (a cor oposta à cor
das sobrancelhas, no círculo cromático).

Cuidados necessários pós-procedimento


O bom resultado depende também dos cuidados pós-procedimento. Uma vez
que a micropigmentação promove lesão na pele, com consequente recrutamento
do sistema imunológico para reparo tecidual, o cliente deve seguir as reco-
mendações descritas a seguir durante todo o processo de regeneração da pele.
A higienização da área micropigmentada deve ser realizada utilizando
apenas algodão umedecido em soro fisiológico, com leves movimentos do
centro para as extremidades. O algodão e o soro devem estar em boas condi-
ções de uso. A recomendação é que, depois de aberto, o soro fisiológico seja
acondicionado sob refrigeração e consumido em até 15 dias.
Ainda para auxiliar na proteção e no reparo é indicado aplicar a pomada
de dexpantenol ou o óleo de girassol sempre após a higienização. Nas primei-
ras horas após o procedimento, pode verter linfa e sangue na superfície da
pele, por isso a frequência da higienização no primeiro dia deve ser maior. É
fundamental que as sobrancelhas estejam sempre bem limpas e lubrificadas
enquanto há ainda a presença de crostas.
Introdução à micropigmentação 13

É importantíssimo recomendar que o cliente higienize muito bem suas


mãos sempre antes de fazer a higienização da área micropigmentada, a qual
deve ser realizada até que finde o processo de descamação e a pele esteja
íntegra. Como a injúria envolve a lesão da camada de proteção da pele, há
ali uma porta de entrada para contaminação por microrganismos, que pode
culminar em infecção caso o cliente ou alguém toque em suas sobrancelhas
com as mãos sujas. Ainda, é recomendável que o cliente evite ao máximo o
contato com animais muito próximo ao seu rosto durante a fase de reparo,
uma vez que os pelos e a pele dos animais podem ser fonte de microrganismos.
O profissional deve alertar o cliente sobre a possibilidade de infecção, para
que ele se comprometa a seguir corretamente as recomendações. Além disso,
deve alertá-lo sobre a probabilidade de haver reações adversas ao procedimento,
tais como alergias e edema.

O edema pós-procedimento pode ser simples e de fácil resolução, pois regride natural-
mente à medida que a fase inflamatória aguda passa. Contudo, quando combinado com
a presença de secreção purulenta, dor, ardor e prurido, pode ser sinal de evento adverso,
o qual é caracterizado como resposta desfavorável do organismo durante o uso de uma
substância, sem necessariamente ser causada por ela (as causas podem ser interação
química entre outras substâncias, exageros na resposta imune ou ainda contaminação
microbiana). Um evento adverso somente será considerado como reação adversa se for
comprovado que ocorreu devido ao uso da substância em questão (reação alérgica ou
de hipersensibilidade). Nesses casos, o auxílio médico é indispensável.
A imagem a seguir mostra um caso de evento adverso em que a cliente se submeteu a
vapores liberados por escova progressiva em salão de beleza logo após o procedimento
de micropigmentação, ocasionando a exacerbação do processo inflamatório agudo
devido à interação dos componentes químicos envolvidos.
14 Introdução à micropigmentação

Para evitar eventos adversos secundários como, por exemplo, reações de


hipersensibilidade ao uso de outros produtos na área da lesão, o cliente não
deve utilizar sabonetes, maquiagens, loções, óleos, pomadas, cremes, filtro
solar ou qualquer outro produto que não seja recomendado pelo profissional
durante o período de regeneração.
Não é permitido molhar a área micropigmentada com água de chuveiro,
piscina, praia, nem mesmo com xampu e condicionador nos primeiros dias.
Dessa forma, no banho, deve-se passar uma camada generosa de pomada de
dexpantenol, que impedirá a permeação da água e de produtos nas sobrance-
lhas. Também não pode utilizar produto abrasivo, como esfoliantes físicos ou
peelings químicos, nem mesmo cremes ou sabonetes com ácido nos primeiros
60 dias. Esses produtos acabam favorecendo o clareamento das sobrancelhas,
o que não é desejável.
Deve-se deixar claro que é importante o cliente contatar o profissional caso
qualquer intercorrência aconteça. Ainda que o cliente não entre em contato,
recomenda-se que o profissional o procure no segundo ou no terceiro dia para
se certificar de que tudo está correndo bem. No caso de reação alérgica ou
evento adverso, como infecção, é imprescindível buscar auxílio médico. Em
caso de simples edema, a recomendação é que a região seja coberta com filme
plástico e que sejam feitas compressas de gelo.
Embora não recomendado nos primeiros dias, após o término da desca-
mação é essencial o uso do filtro solar na região micropigmentada, pois a
radiação solar pode intervir também na qualidade do resultado. Dentro do
possível, é recomendável evitar a exposição ao sol durante os primeiros dias,
já que não há possibilidade de aplicar o filtro nesse período.
No mecanismo de reparo, há formação de crostas na área micropigmentada,
as quais se desprendem e caem naturalmente. É vetado ao cliente removê-las,
pois elas fazem parte do reparo e servem como barreira de proteção. Retirá-las
antes do tempo deixa a pele, que ainda não está íntegra, novamente exposta
e resulta em falhas no resultado da micropigmentação.

1. A profundidade que a agulha for depositado em camada


penetra na pele é determinante para muito superficial, será removido
o resultado do procedimento de rapidamente no constante processo
micropigmentação. Se o pigmento de renovação da pele. Se depositado
Introdução à micropigmentação 15

em camadas mais profundas, trepidação da agulha acelera a


como a hipoderme, provavelmente absorção do produto na pele.
será dissolvido na corrente b) No tabagismo, a carga de
sanguínea. Assinale a alternativa radicais livres atrapalha o
que indica a profundidade ideal no processo de cicatrização, e a
procedimento de micropigmentação tonalidade diferente da pele
em sobrancelhas. pode influenciar no balanço do
a) O pigmento deve ser inserido pigmento; durante a gestação,
na derme reticular, com as alterações hormonais podem
profundidade de 3 milímetros. interferir na sensibilidade e
b) O procedimento de fixação do pigmento; no caso
implantação de pigmentos da diabetes, a glicação não
deve ser feito nas camadas enzimática dificulta o processo
mais profundas da epiderme. de regeneração tecidual.
c) A profundidade deve ser entre c) No tabagismo, o tecido irregular
1,5 e 3 milímetros, nas camadas pode ter fixação e coloração
mais profundas da epiderme. desuniformes, o que pode
d) O pigmento deve ser inserido influenciar no balanço de cor do
na camada subepidérmica, com pigmento; durante a gestação,
profundidade de 1,5 milímetro. os sistemas imune e enérgico
e) O pigmento deve ser aplicado debilitados deixam o processo
na camada subepidérmica, com de recuperação deficiente; na
profundidade de 2 milímetros. diabetes, o excesso de açúcar
2. Existem importantes disponível na circulação de quem
contraindicações que impedem tem diabetes dificulta o processo
o cliente de ser submetido ao de regeneração tecidual.
processo de micropigmentação, d) No tabagismo, o balanço da
ou seja, fatores que impedem um cor do pigmento pode ser
resultado plenamente satisfatório. desuniforme devido à tonalidade
Dentre eles estão o tabagismo, a diferente da pele; durante a
gestação e a diabetes. Assinale a gestação, os sistemas imune e
opção que justifica corretamente enérgico debilitados dificultam
as contraindicações e os fatores a formação de novas fibras
apontados (na ordem correta). de colágeno e a degradação
a) O tabagismo prolonga o de antigas; na diabetes, o
processo cicatricial, e a excesso de açúcar disponível
tonalidade diferente da pele na circulação de quem tem
pode influenciar no balanço diabetes deixa o processo de
do pigmento; as alterações recuperação deficiente.
hormonais causadas pela e) O tabagismo provoca isquemia e
gestação podem interferir anemia, e a tonalidade diferente
na sensibilidade e fixação da pele pode interferir no
do pigmento; na diabetes, a balanço de cor do pigmento; as
alterações hormonais causadas
16 Introdução à micropigmentação

pela gestação podem interferir e por alterações vasculares.


na sensibilidade e fixação No tecido subcutâneo, há o
do pigmento; na diabetes, caroteno, a oxi-hemoglobina
a trepidação causada pelo e a hemoglobina reduzida
excesso de açúcar acelera a na presença dos plexos
absorção do produto na pele. vasculares mais profundos.
3. Vários fatores são levados em e) A cor da pele é influenciada
consideração na escolha adequada pelos pigmentos presentes em
do pigmento, como: a cor dos suas diferentes camadas, pelo
pelos; a composição de cor da seu efeito óptico de dispersão
tinta; a interação dos pigmentos e por alterações vasculares. Na
com a cor da pele; a temperatura camada mais superficial da pele,
das cores (quente ou fria); e o há a melanina e o caroteno.
objetivo do cliente em relação ao 4. Os pigmentos são os elementos
resultado. Assinale a alternativa responsáveis pela formação da cor
que representa corretamente a da tinta para micropigmentação.
composição da cor da pele. Devido às características dos tons
a) A cor da pele é influenciada de pele e pelos, geralmente essas
pelos pigmentos presentes em tintas são em tons de marrom. O
suas diferentes camadas, pelo seu marrom é obtido por meio das três
efeito óptico de dispersão e por cores primárias: amarelo, vermelho
alterações vasculares. Na derme, e azul. Assinale a alternativa
há a melanina e o caroteno. que represente a obtenção
b) A cor da pele é influenciada correta da cor marrom fria.
pelos pigmentos presentes a) Vermelho, amarelo e roxo, com
em suas diferentes camadas, predominância de amarelo.
pelo seu efeito óptico de b) Amarelo, roxo e azul, com
acumulação e por alterações predominância do roxo.
vasculares. Na derme, há a c) Azul, laranja e vermelho, com
oxi-hemoglobina (vermelho) e predominância de laranja.
a hemoglobina reduzida (azul). d) Vermelho, amarelo e verde, com
c) A cor da pele é influenciada predominância de vermelho.
pelos pigmentos presentes em e) Vermelho, roxo e azul, com
suas diferentes camadas, pelo seu predominância de azul.
efeito óptico de dispersão e por 5. Há possibilidade de haver eventos
alterações vasculares. Na camada adversos ao procedimento de
mais profunda da pele, há oxi- micropigmentação caso o cliente
hemoglobina e hemoglobina não tome os cuidados indicados
reduzida na presença dos plexos ou por características peculiares
vasculares mais superficiais. do seu sistema imunológico.
d) A cor da pele é influenciada Assinale a alternativa que representa
pelos pigmentos presentes em as condutas e recomendações
suas diferentes camadas, pelo corretas no que diz respeito
seu efeito óptico de acumulação a essas intercorrências.
Introdução à micropigmentação 17

a) Em caso de edema, recomendar infecção ou reação alérgica,


que a região seja coberta com indicar auxílio médico.
filme plástico e que o cliente faça d) Em caso de edemas e infecções,
compressas de água morna. Já indicar um médico. Já o
no caso de infecção ou reação tratamento de reações alérgicas
alérgica, indicar auxílio médico. pode ser feito cobrindo a
b) Em caso de infecção, indicar o região com filme plástico e
uso de sabonete específico para aplicando compressas de gelo.
lavar a área. Se houver edema e) Em caso de edemas e reações
simples, indicar auxílio médico. alérgicas, indicar cobrir a
c) Em caso de simples edema, região com filme plástico e
recomendar que a região seja aplicar compressas de gelo.
coberta com filme plástico e Para os casos de infecção,
que o cliente faça compressas indicar auxílio médico.
com gelo. Já no caso de

GIARETTA, E. Dermopigmentação: arte e responsabilidade. Rio de Janeiro: Livre Ex-


pressão, 2015.
KEDE, M. P. V.; SABATOVICH, O. Dermatologia estética. 3. Rio de Janeiro: Atheneu, 2015.
LINO, V. Colorimetria aplicada à micropigmentação. VL Estética, São Paulo, 2016. Dispo-
nível em: <https://s3.amazonaws.com/wix-anyfile/qiOoK3SMTX2hqfmyC0DE_AP%20
VLestetica%20-%20colorimetria%20aplicada.pdf>. Acesso em: 16 jul. 2018.
MARTINS, A.; MARTINS, M.; MARTINS, M. Micropigmentação: a beleza feita com arte.
São Paulo: Livraria Médica Paulista, 2009.
MONTEIRO, E. O. Cor da pele e pigmentos. Revista Brasileira de Medicina, São Paulo, v.
67, p. 5-10, dez. 2010. Especial dermatologia. Disponível em: <http://www.moreirajr.
com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=4484>. Acesso em: 16 jul. 2018.
SCHUSTER, A. A movimentação do pigmento dentro da pele. Revista Pigment, Rússia,
v. 05, p. 102-103, 2017.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteudo: SOLU<;OES
EDUCACIONAIS
INTEGRADAS
Dica do professor
Para um resultado eficaz e esteticamente bonito, é necessário que o cliente tome alguns cuidados.
Ele deve seguir corretamente todas as instruções que o profissional recomenda.

Nesta Dica do Professor, você verá quais são essas recomendações e o porquê de cada uma delas.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Na prática
A micropigmentação consiste na implantação de pigmentos, por meio de agulhas, na camada
subepidérmica da pele. Contudo, existem diferentes técnicas e efeitos que podem ser alcançados.

Na prática, o profissional precisa conhecer os diferentes tipos para saber indicar o mais adequado
para cada cliente, além de tirar dúvidas e trazer os esclarecimentos necessários.

Confira.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Importância das sobrancelhas para a imagem pessoal


Veja, nesta entrevista, muitas informações relevantes a respeito do design de sobrancelhas, como
preenchimento e coloração, e diferenças entre os designs masculino e feminino.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Microblading – Sobrancelhas com fios realistas


Leia mais aqui sobre Microblading

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Remoção de tatuagens com laser: revisão de literatura


Leia, neste artigo, um estudo sobre os métodos de remoção de tatuagens com o uso de laser,
realizado por médicos.

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Técnica fios e shadow


Veja, neste vídeo, um pouco mais de informações sobre a aplicação de uma técnica de
micropigmentação.

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Desenhando as sobrancelhas

Apresentação
No design de sobrancelhas, elabora-se um projeto (desenho) para guiar o processo de remoção dos
pelos e correção de falhas. Além disso, com o desenho, o cliente pode ter uma previsão do
resultado antes mesmo de iniciar o procedimento.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer as técnicas e as medidas usadas em design de
sobrancelhas, além dos processos de correção de assimetrias e harmonização facial.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer as técnicas de design de sobrancelhas.


• Identificar medidas para simetria e harmonia de sobrancelhas.
• Aplicar técnicas de simetria e harmonia ao design de sobrancelhas.
Infográfico
Simetria e proporção são fatores importantíssimos a serem levados em consideração no momento
de projetar um design de sobrancelhas adequado.

Veja no Infográfico a seguir um esquema simplificado de medidas utilizadas no design de


sobrancelhas.
ESQUEMA SIMPLIFICADO DE MEDIDAS
BASICAS EM DESIGN DE SOBRANCELHAS

3-D f> 2-P.C ,. nA

• 9-E P.Al
1 -L1gar

4-P.F
i-P.i

5- 5-
A.P.I A.P.I
Conteúdo do livro
Para desenhar as sobrancelhas, é necessário conhecer bem os materiais e saber utilizá-los da
maneira mais adequada. Logicamente, também é fundamental conhecer as técnicas de
harmonização facial.

Na obra Design de sobrancelhas, leia o capítulo Desenhando as sobrancelhas, base teórica desta
Unidade de Aprendizagem, no qual você vai conhecer as técnicas e as medidas usadas para realizar
o design de sobrancelhas, além dos processos que envolvem a correção de assimetrias e
harmonização facial.

Boa leitura.
DESIGN DE
SOBRANCELHAS

Jessica Gabriele da Silva Marques


Desenhando as
sobrancelhas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

■ Reconhecer as técnicas de design de sobrancelhas.


■ Identificar medidas para simetria e harmonia de sobrancelhas.
■ Aplicar técnicas de simetria e harmonia ao design de sobrancelhas.

Introdução
Para fazer o design de sobrancelhas, é necessário elaborar um projeto em
forma de molde sobre as próprias sobrancelhas do cliente. Esse desenho
servirá de guia no processo de remoção dos pelos e correção de falhas.
Como o resultado envolve, muitas vezes, remover grande quantidade
de pelos em excesso ou preencher falhas importantes nas sobrancelhas,
além de guiar o profissional, o projeto servirá para que o cliente possa ter
uma previsão do resultado a ser obtido com o método e, então, decidir
se concorda com a proposta do profissional ou se prefere experimentar
outra forma/modelo de sobrancelhas.
Neste capítulo, você vai conhecer as técnicas e medidas usadas em de-
sign de sobrancelhas, além dos processos de correção de assimetrias e
harmonização facial.

Preparação para o design


Antes de iniciar o procedimento de design de sobrancelhas, o profissional deve
conduzir uma consultoria a fim de determinar o melhor modelo de sobrancelhas
para o cliente e verificar possíveis contraindicações ao procedimento. Para
isso, é preciso primeiramente preencher uma ficha de anamnese. Após verificar
que é possível realizar o design de sobrancelhas, é necessário avaliar a forma
como o cliente se apresenta: o formato e a harmonia de seu rosto, seu estilo
2 Desenhando as sobrancelhas

pessoal, seus gostos e preferências, o aspecto de suas sobrancelhas naturais e


se tem algum procedimento artificial nelas, e ainda se usa maquiagem no dia
a dia e como gosta de defini-las.

A anamnese é uma ferramenta em formato de questionário utilizada para garantir a


segurança da realização de determinado procedimento. Além disso, pode auxiliar o
profissional a identificar possíveis quadros clínicos por meio de perguntas norteadoras.
Apesar de ser procedimento consideravelmente simples, o design de sobrancelhas
apresenta algumas implicações e contraindicações. Por isso, a anamnese poderá conter,
dentre outras questões, as seguintes:
■ A pele das sobrancelhas e do entorno apresenta-se em condições normais?
■ Há queimadura solar, feridas ou machucados na região?
■ Há presença de afecções ou patologias cutâneas, como rosácea e dermatite
seborreica?
■ Utilizou, nos últimos dias, ou está fazendo uso contínuo de peelings químicos,
microdermoabrasão ou medicamentos que sensibilizam a pele?
■ Realizou alguma intervenção cirúrgica facial ou aplicação de injetáveis recentemente?
■ Apresenta queda dos pelos das sobrancelhas? Dê detalhes.

De acordo com D’allaird et al. (2016), é preciso análise cuidadosa de todo


o rosto. Na condução da consultoria, o profissional deve observar o aspecto
da imagem que o cliente transmite e discutir com ele quais seus anseios e
necessidades em relação à imagem que gostaria de transmitir. Nesse processo,
se o cliente assim autorizar, pode ser realizada uma fotografia frontal da face
para efeito de comparação do resultado − antes e após o procedimento.
É importante ressaltar que, por questões de ética profissional, o cliente
deve ter garantido o sigilo da sua imagem, a menos que ceda ao profissional
o direito do uso de imagem por meio de autorização por escrito, que pode ser
anexada à ficha de anamnese.

Análise da face
Hallawell (2010) explica que, ao analisarmos o rosto do cliente, precisamos
considerar as linhas e formas que o compõem e qual a sensação que ele trans-
Desenhando as sobrancelhas 3

mite a quem o observa. Também devemos considerar a harmonia de proporção


e simetria entre as feições − sobrancelhas, olhos, nariz e boca.
Em geral, a altura de um rosto harmonioso é dividida em três porções
quase iguais, considerando:

■ na porção superior: a altura total da testa;


■ na porção média/central: a altura total do nariz;
■ na porção inferior: a altura da base do nariz até a base do rosto.

A largura total do rosto costuma apresentar dois terços de sua altura, e os


olhos, horizontalmente, ocupam o centro da cabeça, considerando do topo
da cabeça até sua base.
A distância-padrão entre os olhos é do tamanho de um olho, e a base do
nariz costuma apresentar a mesma medida, ficando centralizado no rosto.
As sobrancelhas encontram-se posicionadas acima dos olhos, e a distância
entre elas e os olhos, no ponto mais alto em que se curvam, tem a mesma
medida do tamanho da íris. O início das sobrancelhas se dá paralelamente
ao osso nasal, e a distância entre elas costuma ser um pouco menor do que
a distância entre os olhos. Os cantos da boca ficam na mesma linha vertical
da parte interna da íris.
A partir dessa observação, é necessário questionar se o cliente se incomoda
com as possíveis desproporções e assimetrias que venha a apresentar. As
propostas de harmonização devem ser ponderadas junto com ele e somente
deverão ser realizadas se ele estiver de acordo. Consideradas as propostas e
o desejo do cliente, o design é conduzido de modo a harmonizar sua face e
ajudá-lo a expressar o que deseja.

Higienização da pele
Segundo Gerson et al. (2011), antes de dar início ao procedimento, o profissional
deve realizar a antissepsia de suas mãos e colocar os EPIs (jaleco, máscara
e touca). Em seguida, é necessário higienizar os pelos das sobrancelhas do
cliente e a pele no entorno utilizando gaze ou algodão umedecido com solução
antisséptica (Figura 1).
4 Desenhando as sobrancelhas

Figura 1. Higienização da região de sobrancelhas e entorno com gaze umedecida em


gluconato de clorexidina degermante a 2%.

A gaze permite maior fricção que o algodão e, portanto, uma limpeza mais profunda.
O algodão, sendo mais suave, é indicado para limpeza de peles sensíveis. Faça firmes
movimentos ao longo do sentido do crescimento dos pelos e no sentido contrário
também, até completa limpeza. É necessário cuidar para não arrancar os pelos nesse
processo. Por isso, se a região estiver com acúmulo de sujeira ou maquiagem, por
exemplo, utilize antes um algodão com demaquilante em movimentos suaves e circulares.

O gluconato de clorexidina a 2% tem “efeito bactericida para cocos Gram-positivos


e bacilos Gram-negativos, efeito viruscida contra vírus lipofílicos (influenza, citome-
galovírus, herpes, HIV) e ação fungicida” (UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO
MINEIRO, 2013, p. 3). É usado para higiene de mãos antes de procedimentos invasivos,
para degermação da pele em procedimentos cirúrgicos, entre outros fins. O link a seguir
abrange esse e demais antissépticos padronizados e de uso seguro.

https://goo.gl/4ifzA2
Desenhando as sobrancelhas 5

Uma vez que as técnicas vêm sendo aprimoradas dia a dia, atualmente
os recursos e instrumentos utilizados no design de sobrancelhas permitem a
elaboração de um projeto único e personalizado para cada cliente.

Paquímetro
O paquímetro é, basicamente, uma régua com bicos de medição ligados à
extremidade esquerda, a qual está associada a um cursor móvel também com
bicos de medição (Figura 2a). Permite medição tanto na parte superior quanto
na inferior, marcando a mesma medida. Contudo, a medição superior se dá
por fora dos bicos e a inferior por dentro (Figura 2b).
O cursor móvel tem a demarcação de medida sempre alinhada à régua,
mostrando a distância entre os bicos de medição, de maneira que, quando
fechado, está alinhado ao 0 centímetro (Figura 2a) e, quando movimentado,
indica a medida da distância entre os bicos (Figura 2b).

A Cursor móvel

Régua graduada em centímetros


Demarcação da medida em 0

(Medida da abertura superior)


χ
B

Demarcação da medida em 5,3 cm


χ
(Medida da abertura inferior)

Figura 2. Paquímetros: (a) fechado e (b) aberto.


Fonte: Adaptada de para_graph/Shutterstock.com.
6 Desenhando as sobrancelhas

Tradicionalmente utilizado para medir de maneira precisa dimensões de


pequenos objetos, o paquímetro tornou-se um dos instrumentos mais impor-
tantes na elaboração do design de sobrancelhas. Disponível em diferentes
tamanhos e materiais, o ideal para o design de sobrancelhas deve ter em torno
de 15 centímetros e ser de plástico.

Como marcar os pontos de medida para conferir


simetria e harmonia às sobrancelhas?
D’allaird et al. (2016), Ifould, Forsythe-Conroy e Whittaker (2015) e Gerson
et al. (2011) indicam que o formato básico das sobrancelhas pode ser medido
em três linhas (Figura 3). Entretanto, D’allaird et al. (2016) também afirma
que o formato perfeito das sobrancelhas dependerá do formato dos olhos, do
rosto e do nariz. Por isso, você vai ver que o design de sobrancelhas ideal
considera medidas mais complexas.

Corpo
2 Cauda
1
3

Figura 3. Medição básica das sobrancelhas em três pontos.


Fonte: Adaptada de shooarts/Shutterstock.com.
Desenhando as sobrancelhas 7

Encontrando os pontos de medida no rosto


Idealmente, o primeiro ponto de medida a ser determinado é o ponto inicial
das sobrancelhas (Figura 4). Em rostos simétricos, deve-se alinhar a abertura
inferior do paquímetro ao osso nasal e demarcar o início das duas sobran-
celhas com uma caneta em gel branca ou um lápis dermatográfico lapidado
com ponta fina.
Se, na avaliação, for considerado o rosto e/ou o nariz largo, os olhos pró-
ximos e/ou as feições grandes, para harmonizar sugere-se deixar a distância
entre as sobrancelhas um pouco maior que o padrão. Se a avaliação mostrar
o contrário, rosto e/ou nariz finos, olhos afastados e/ou feições pequenas, a
indicação é que a distância seja menor que o padrão.
Esse ponto considera o osso nasal como referência, pois, caso o nariz apre-
sente um desvio para a direita ou esquerda, alinhando as sobrancelhas ao desvio
é possível harmonizar a face e diminuir a percepção da assimetria. Contudo,
é necessário considerar também que a distância dos ductos lacrimais dos dois
olhos deve ser a mesma para cada lado. Se essa distância estiver muito em
desacordo, será necessário encontrar um equilíbro entre os pontos. O resultado
ideal sempre depende de milímetros a serem ajustados, e o profissional deve
optar por equilibrar e disfarçar o que mais incomoda seu cliente.

Figura 4. Marcação do ponto inicial.


8 Desenhando as sobrancelhas

Após definir o ponto inicial, é necessário encontrar o ponto central entre


as sobrancelhas para guiar a simetria do restante do desenho. O ponto central
corresponde à metade da distância entre os pontos iniciais. Em rostos simé-
tricos, ele estará exatamente no centro da face, alinhado ao nariz, ao centro
da boca e à linha média do sorriso (Figura 5).
Se o ponto central não estiver alinhado à face, pode ser indicativo de que
o nariz apresenta um desvio e, nesse caso, está correto, pois significa que
você harmonizou as sobrancelhas com o nariz. Porém, caso o nariz esteja
alinhado na face e o ponto central não, é indicativo de que você fez a medida
do ponto inicial errada e, nesse caso, você deve apagar a marcação e começar
novamente, observando as instruções iniciais.

Figura 5. Aferição do ponto central.

O passo seguinte é a definição do ponto alto. Em rostos simétricos, a partir


do ponto central, marque com o paquímetro o ponto mais alto da curvatura
das sobrancelhas (Figura 6). Você vai ver que a distância do ponto central
até o ponto alto será, em média, de 4,2 a 4,8 cm, conforme o tamanho da
face. Espelhe a medida exata do outro lado e, após, confira com a régua do
paquímetro se o ponto alto está alinhado em diagonal com o canto do nariz,
passando pelo canto externo da pupila (Figura 7).
Desenhando as sobrancelhas 9

Figura 6. Marcação do ponto alto.

Figura 7. Aferição de proporção para o ponto alto.

Nem sempre será possível encontrar o ponto alto, pois as sobrancelhas


podem ser caídas. Se forem retas, você não encontrará um ponto de curva. O
objetivo do design, nesses casos, quase sempre será tornar as sobrancelhas
mais levantadas (com exceção de rostos muito longos e finos, que harmonizam
melhor com sobrancelhas retas). Para isso, seguem as medidas-padrão:
10 Desenhando as sobrancelhas

■ se o rosto for fino e/ou os olhos pequenos, marque o ponto alto entre
4,2 e 4,4 cm a partir do ponto central;
■ se o rosto for largo e/ou os olhos grandes, marque o ponto alto entre
4,6 e 4,8 cm a partir do ponto central;
■ se o rosto for padrão, o ideal é marcar o ponto alto em torno de 4,5 cm
a partir do ponto central.

O importante é buscar harmonizar as sobrancelhas com os elementos do


rosto.
Outra forma de calcular a medida ideal para o ponto alto é considerar que o
tamanho da parte externa (cauda) das sobrancelhas, que corresponde à medida
do ponto de curva até o ponto final das sobrancelhas, cabe duas vezes na parte
interna das sobrancelhas (corpo). Ou seja, o corpo das sobrancelhas mede dois
terços de seu comprimento total, e a cauda corresponde ao um terço restante.
Por fim, é necessário delimitar o comprimento total das sobrancelhas,
marcando seu ponto final a partir do ponto inicial (Figura 8). Como regra
geral, deve-se aproveitar o comprimento natural das sobrancelhas, que será
em média de 5 a 6 cm. Espelhe a medida exata do outro lado e, após, confira
com a régua do paquímetro se o ponto final está alinhado em diagonal com o
canto externo dos olhos, da mesma forma como fez para aferir o ponto alto.
Há casos em que as sobrancelhas são muito curtas. Nessas circunstâncias,
o profissional deverá estabelecer uma medida proporcional ao conjunto do
rosto, considerando as seguintes medidas-padrão:

■ se o rosto for fino e/ou as feições pequenas, use em torno de 5 cm de


comprimento;
■ se o rosto for largo e/ou as feições grandes, use até 6 cm ou ainda um
pouco mais;
■ se o rosto for do tipo padrão, o ideal é marcar em torno de 5,5 cm.

Em outros casos, as sobrancelhas podem ser muito longas ou caídas, pesando


o olhar, devendo então ser diminuídas (em geral, isso ocorre em pessoas com
rostos finos e feições desproporcionalmente grandes).
Desenhando as sobrancelhas 11

Figura 8. Marcação do ponto final.

A aferição da medida da boca também pode ser realizada para verificar


a harmonia do rosto, uma vez que rostos simétricos apresentam a largura da
boca semelhante ao comprimento das sobrancelhas (Figura 9). Mas lembre-se
de que o resultado busca uma harmonia geral da face, então se seu cliente
tem os olhos grandes e a boca pequena e você diminuir o comprimento das
sobrancelhas para harmonizar com a boca, no conjunto final os olhos vão
parecer ainda maiores. Por isso, é importante discutir com o cliente o que ele
realmente deseja disfarçar e o que deseja ressaltar.

Figura 9. Aferição de proporção para o ponto final considerando a largura da boca


em relação ao comprimento das sobrancelhas.
12 Desenhando as sobrancelhas

Verificando a simetria das sobrancelhas


Após demarcados os pontos, deve-se realizar a verificação da simetria entre
as sobrancelhas. Nesse processo, você pode utilizar a régua do paquímetro
ou uma linha para aferir se as alturas dos pontos estão iguais entre as duas
sobrancelhas (Figuras 10 e 11).
De maneira geral, a altura do início das sobrancelhas é de 2 cm a partir
da altura do ducto lacrimal. Já a altura do ponto alto, na parte inferior, tem
em média 2,5 cm a partir do centro dos olhos (essa medida é muito variável,
pois depende do formato dos olhos e das sobrancelhas naturais do cliente).
A altura do ponto final, por sua vez, é em torno de 2 cm a partir do canto
externo dos olhos.

Figura 10. Aferição de simetria na altura dos pontos iniciais.


Desenhando as sobrancelhas 13

Figura 11. Aferição de simetria na altura dos pontos iniciais.

Caso a altura das sobrancelhas não seja a mesma de um lado para outro, esse
é um indicativo de que são assimétricas. Antes de fazer a correção, contudo,
deve-se analisar se os olhos também apresentam diferenças de altura. Se apre-
sentarem, não é indicado deixar a altura das sobrancelhas milimetricamente
igual, pois isso fará com que a assimetria dos olhos ganhe maior destaque
na face. Se os olhos forem da mesma altura, somente as sobrancelhas sendo
assimétricas, pode-se fazer a correção removendo pelos na parte superior da
sobrancelha mais alta e na parte inferior da sobrancelha mais baixa. Para isso,
marque os pontos onde deverá iniciar a altura das sobrancelhas, tanto na parte
superior quando na parte inferior.
Não se esqueça de buscar o equilíbrio entre as feições e cuide para não
afinar muito a espessura das sobrancelhas do seu cliente. Mudanças muito
drásticas podem chamar mais atenção do que diferenças de altura e que uma
sobrancelha mais fina do que a outra chama mais atenção do que uma sobran-
celha mais alta que a outra. Por isso é fundamental discutir as possibilidades
com seu cliente e procurar chegar a um consenso que o agrade. Considere
que a diferença de medidas com esse processo pode se dar em milímetros e o
aspecto da assimetria ainda assim tornar-se imperceptível. Tudo depende do
quão importante é a assimetria e do quanto ela incomoda ou não seu cliente.
14 Desenhando as sobrancelhas

Por último, meça a espessura das sobrancelhas (Figura 12). No ponto inicial,
a espessura pode variar de 0,5 até 1,3 cm, sendo que sobrancelhas entre 0,5 e
0,7 cm são consideradas finas (indicadas para pessoas com rostos finos, curtos
e feições pequenas e delicadas), sobrancelhas entre 0,8 e 1 cm são médias
(ideais para rostos de formato-padrão e feições proporcionalmente harmônicas)
e sobrancelhas entre 1,1 e 1,3 cm são grossas (para rostos e feições grandes).

Figura 12. Aferição de simetria na espessura inicial.

Recomenda-se que a espessura do ponto alto seja de 1 a 2 mm menor que


a do ponto inicial, porque as sobrancelhas devem afinar aos poucos ao longo
de seu comprimento. Assim, se forem finas, diminuirão 1 mm e, se forem
grossas, 2 mm. Impreterivelmente, devem estar com a mesma espessura de
um lado e do outro (medidas espelhadas).

Criação do desenho
Findado o processo de demarcação dos pontos e aferição de simetrias, segue
a etapa de criação do desenho/molde das sobrancelhas. Essa é a etapa mais
simples do processo, bastando ligar os pontos estabelecidos nas medidas
anteriores (Figura 13).
Desenhando as sobrancelhas 15

Figura 13. Elaboração do desenho das sobrancelhas.

Existem diferentes técnicas e materiais em design de sobrancelhas, mas,


com relação à marcação do desenho das sobrancelhas, todos os profissio-
nais renomados concordam que deve ser feita com o traçado o mais firme e
limpo possível. Uma alternativa é usar caneta em gel branca. O uso do lápis
dermatográfico também é muito popular entre os profissionais. É bom você
experimentar diferentes formas de trabalhar para que possa escolher qual
delas se adapta melhor a você.

Embora estejamos considerando as medidas citadas para os públicos feminino e


masculino, cabe ressaltar que os homens apresentam ainda mais variações de medidas,
pois podem ter rostos maiores, maior quantidade de pelos e maior espessura de
sobrancelhas. Não se prenda aos milímetros. Avalie sempre as proporções do rosto
de seu cliente para elaborar um design com simetria e harmonia.
16 Desenhando as sobrancelhas

1. Para garantir a segurança do cliente, a) Determinar o ponto


é necessário ter certeza de que ele central, determinar o
não apresenta contraindicação ao ponto alto e determinar a
procedimento que será realizado. espessura do ponto alto.
Sobre isso, marque a opção correta. b) Determinar o ponto inicial,
a) A anamnese é um instrumento determinar a altura do ponto
que verifica se o cliente alto e determinar o ponto final.
apresentará reação alérgica c) Determinar o ponto inicial,
aos produtos usados determinar a espessura do ponto
no procedimento. inicial e determinar o ponto alto.
b) Clientes com patologias d) Determinar o ponto central,
cutâneas, como rosácea determinar o ponto inicial e
e vitiligo, não podem ser determinar a altura do ponto alto.
submetidos ao procedimento e) Determinar o ponto inicial,
de design de sobrancelhas. determinar o ponto central
c) É contraindicado realizar e determinar o ponto alto.
design de sobrancelhas em 3. D’allaird (2016) afirma que para
clientes que já realizaram determinar o formato ideal das
intervenção cirúrgica ou sobrancelhas é preciso uma
procedimento invasivo na face. análise cuidadosa de todo
d) A anamnese é uma ferramenta o rosto. Em casos de rostos
em formato de questionário que proporcionalmente harmônicos,
visa a garantir que o cliente não deve-se aproveitar o comprimento
apresenta contraindicações a natural das sobrancelhas, porém:
determinado procedimento. a) se o rosto for fino e/ou as feições
e) Clientes com a pele sensível pequenas, o comprimento
devido ao uso de peelings das sobrancelhas deve
químicos ou medicamentos ter em torno de 6 cm.
fotossensibilizantes podem b) se o rosto for largo e/
realizar design de sobrancelha. ou as feições pequenas, o
2. A proposta do design de comprimento das sobrancelhas
sobrancelhas é elaborar um projeto deve ter em torno de 4 cm.
em forma de molde sobre as c) se o rosto for largo e/ou as
próprias sobrancelhas do cliente feições grandes, o comprimento
a fim de que ele possa ter uma das sobrancelhas deve
previsão do resultado a ser obtido ter em torno de 6 cm.
e para guiar o profissional no d) se o rosto tiver medidas-
processo de modelagem. Indique padrão com feições grandes, o
a alternativa que contempla uma comprimento das sobrancelhas
sequência na ordem correta para a deve ter até 5 cm.
marcação dos pontos do design.
Desenhando as sobrancelhas 17

e) se o rosto for largo e as feições tornou-se um dos instrumentos


forem padrão, o comprimento mais importantes na elaboração
das sobrancelhas deve ter 5 cm. do design de sobrancelhas. No
4. Em rostos harmônicos, a distância do que se refere ao paquímetro,
ponto central até o ponto alto das marque a opção correta.
sobrancelhas será, em média, de 4,2 a) É, basicamente, uma régua com
a 4,8 cm, conforme o tamanho da bicos de medição ligados à
face. Considerando as possibilidades extremidade direita, a qual está
de variação de formatos e associada a um cursor imóvel
proporções, assinale a alternativa também com bicos de medição.
que propõe uma medida de b) A medição dos bicos superior
harmonização adequada. e inferior do paquímetro é
a) Se o rosto for fino e/ou os a mesma, porém a superior
olhos pequenos, o ponto alto ocorre por dentro dos bicos
deverá estar entre 4,2 e 4,4 cm e a inferior por fora.
a partir do ponto central. c) O cursor móvel tem a
b) Se o rosto for largo e/ou os olhos demarcação de medida
grandes, o ponto alto deverá sempre alinhada à régua em 1
estar em torno de 4,5 cm. cm, mostrando ali a distância
c) Se o rosto for padrão e/ou os entre os bicos de medição,
olhos grandes, o ponto alto estando aberto ou fechado.
deverá estar entre 4,4 e 4,5 cm. d) É, basicamente, uma régua
d) Se o rosto for largo e os com bicos de medição ligados
olhos pequenos, o ponto à extremidade esquerda, a
alto deverá ter 4,4 para qual está associada a um
harmonizar com os olhos. cursor imóvel também
e) Se o rosto for padrão, com bicos de medição.
o corpo das sobrancelhas e) O cursor móvel tem a
deverá medir um terço de demarcação de medida
seu comprimento total. sempre alinhada à régua em
5. Tradicionalmente utilizado para 0 cm, mostrando a distância
medir de maneira precisa dimensões entre os bicos de medição.
de pequenos objetos, o paquímetro
18 Desenhando as sobrancelhas

D’ALLAIRD, M. et al. Milady maquiagem. São Paulo: Cengage Learning, 2016.


GERSON, J. et al. Fundamentos da estética 4: estética. São Paulo: Cengage Learning, 2011.
HALLAWELL, P. Visagismo: harmonia e estética. 6. ed. São Paulo: Senac, 2010.
IFOULD, J.; FORSYTHE-CONROY, D.; WHITTAKER, M. Técnicas em estética. 3. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2015.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO. Comissão de Controle de Infec-
ção Hospitalar. Manual de antissépticos padronizados do HC/UFTM. , fev. 2013.
Disponível em: <http://www.ebserh.gov.br/documents/147715/148046/ANTISSEP-
TICOS_PADRONIZADOS.pdf/5aee0778-a1c3-4f69-a75e-81b0159bb4c9>. Acesso em:
24 jun. 2018.
Conteudo:

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7illI8J
SOLUt;OES
EDUCACIONAIS
INTEGRADAS
Dica do professor
Ao elaborar o design de sobrancelhas, você precisa levar em consideração vários fatores, entre
formato de rosto, formato das sobrancelhas naturais, simetria e harmonia facial. Contudo, existe um
passo a passo simples, utilizado por muitos profissionais, que norteia a prática.

Veja na Dica do Professor a elaboração do design de sobrancelhas, passo a passo, em uma modelo
real.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Na prática
A marcação do design de sobrancelhas masculinas precisa ser pensada para o rosto masculino e
para a estrutura das sobrancelhas masculinas, que, obviamente, são diferentes do perfil feminino.
Além disso, o profissional precisa também considerar qual o desejo do cliente, para elaborar o
design adequado.

Na prática, quando você atender ao público masculino, precisará estar atento a esses e outros
detalhes.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Lápis dermatográfico
Como um recurso ao uso do lápis de maquiagem ou caneta para marcação do desenho das
sobrancelhas, muitos profissionais aderiram ao lápis dermatográfico. Conheça detalhes e dicas de
uso.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Sobrancelhas boyish
Apesar de o design de sobrancelhas ser personalizado, alguns clientes podem desejar seguir a
moda. O Portal Educação trouxe uma matéria sobre a tendência boyish na modelagem de
sobrancelhas. Segundo essa tendência, o design feminino deve seguir um padrão semelhante ao
masculino. Confira.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Aplicação de hena no design de
sobrancelhas

Apresentação
As sobrancelhas podem apresentar falhas naturais ou provocadas e, uma vez que o design de
sobrancelhas se propõe a criar um modelo projetado específico para cada cliente, muitas vezes é
necessário corrigir e preencher essas falhas.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer as características da hena e aprender a aplicá-
la, levando em conta as cores e técnicas ideais para cada cliente.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer as características da hena e sua interação com a pele e pelos.


• Identificar as cores e técnicas ideais para cada cliente.
• Aplicar a técnica da coloração de sobrancelhas com henna.
Infográfico
Para evitar que ocorra reação alérgica ao uso da hena, é necessário realizar o teste de sensibilidade,
principalmente se for a primeira vez em que a cliente estará sendo exposta ao produto.

Neste Infográfico, você verá o passo a passo da realização do teste de sensibilidade.


0 teste deve serfeito pelo menos 24 a 48 horas antes de
submeter ocliente ao procedimento de colora ao com hena.

Passo 1
Higienizar uma area da pele atras da orelha ou na
dobra do cotovelo.

Passo 2
Aplicar uma pequena quantidade da hena na
regiao, deixando agir por 5 minutos.

Passo 3
Remover com gaze umedecida.

Passo4
Observar a rea ao da pele nas 48 horas seguintes.

0 cliente precisa estar ciente deque podera


ocorrer uma rea ao de hipersensibilidade na
area, que podera ficar vermelha e irritada,e
deve ser instruido a informar o profissional
caso ocorra alguma rea ao.
0 cliente deve ser tranquilizado em rela aoa
rea ao, pois, se houver rea aode
hipersensibilidade, esta tende a regredir em
ate 72 horas e nao havera nenhum
dano permanente.

Em caso de rea ao positiva, o profissional deve recomendar o uso de


produto calmante ou agua fria e,sea rea ao for severa e prolongada e
ocorrer edema na regiao, deve recomendar ao cliente que consulte
um medico.

t<:::'\
\Y A rea ao positiva impede o uso do produto no cliente, ou seja, o cliente nao
podera ser submetido a nenhum procedimento que utilize esse produto.

Se a rea aofor negativa, o procedimento poderaser realizado com tranquilidade.

Caso haja rea ao adversa durante o teste (por exemplo, se houver eritema, prurido ou
edema), remova o produto imediatamente, mesmo que nao tenha passado o tempo
estipulado de 5 minutos. De aten ao especial para seu cliente em rela ao a rea oes
adversas que ainda poderao acontecer depois de 48 horas.
Conteúdo do livro
Colorir as sobrancelhas é um dos métodos mais simples e eficazes para realçar e embelezar o olhar,
porém sempre devemos discutir com o cliente o efeito desejado e considerar as variações de cor e
efeitos passíveis de serem atingidos com a técnica.

Na obra Design de sobrancelhas, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, leia o capítulo
Aplicação da hena no design de sobrancelhas, onde você irá conhecer as características da hena e
sua interação com a pele e os pelos, assim como aprender a aplicá-la, levando em conta as cores e
técnicas ideais para cada cliente.
DESIGN DE
SOBRANCELHAS

Jessica Gabriele
da Silva Marques
Aplicação de hena no
design de sobrancelhas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

■ Reconhecer as características da hena e sua interação com a pele e


os pelos.
■ Identificar as cores e técnicas ideais para cada cliente.
■ Aplicar a técnica da coloração de sobrancelhas com hena.

Introdução
Os cuidados com a área dos olhos aprimoram a beleza do rosto. O design
de sobrancelhas, quando bem realizado, proporciona efeito de embe-
lezamento imediato. No entanto, para que o resultado seja ainda mais
eficaz e duradouro, é possível contar com a coloração realizada com hena.
Essa técnica exige conhecimento e segurança e, quando bem executada,
fideliza muitos clientes.
Neste capítulo, você vai conhecer as características da hena e sua
interação com a pele e os pelos e vai saber como aplicá-la, levando em
conta as cores e técnicas ideais para cada cliente.

Características da hena
Há muito tempo e em diferentes civilizações, a hena é amplamente utilizada
com o intuito de tingir cabelos, pelos, pele e unhas. Trata-se de um pigmento
extraído das folhas da planta Lawsonia inermis (Figura 1), que no seu estado
natural pode ser apresentado em pó, o qual produz uma tinta vermelha quando
dissolvido (SOARES; LOPES; BARBOSA, 2014).
2 Aplicação de hena no design de sobrancelhas

Figura 1. (a) As flores e as folhas da Lawsonia inermis e (b) o pó extraído


da planta e em seu estado natural.
Fonte: Adaptada de Swapan Photography/Shutterstock.com.

Na preparação da hena para uso, podem ser misturados vários produtos,


os quais podem ser tanto naturais (chás, café, suco de limão, água de rosas)
quanto sintéticos (parafenilenodiamina [PPDA]). Esses produtos promovem
suas variações de cor.
Estão disponíveis no mercado diferentes tons de coloração de hena para
sobrancelhas. Suas denominações variam muito entre marcas e indústrias, mas,
em geral, são classificados em louros, castanhos e marrons (mais avermelhados
que os castanhos), com pelo menos três graduações de tons entre eles (claro,
médio e escuro). Há ainda os tons preto e preto azulado.
Aplicação de hena no design de sobrancelhas 3

As colorações pretas são destinadas única e exclusivamente para cílios, e o profissional


necessita ter treinamento adequado para realizar esse procedimento. Em nenhuma
situação é recomendado utilizar preto nas sobrancelhas, nem mesmo para pessoas cujos
pelos e cabelos são pretos, pois mesmo que os pelos sejam dessa cor, há uma nuance de
marrom entre o pelo e a pele. Se utilizarmos coloração preta, perderemos essa nuance
e, como consequência, as sobrancelhas ficarão com aspecto extremamente artificial e
grosseiro. O recomendado para esses casos (e também para clientes com pele negra
bem escura) é utilizar hena castanho-escuro e, às vezes, até mesmo castanho-médio
ou castanho-claro (quando desejar um resultado mais suave e delicado).

A hena, quando aplicada da maneira correta, pode colorir muito bem os


pelos e também a pele. Nesse sentido, é possível cobrir falhas nas sobrance-
lhas, além de realçar sua cor. Na pele, apresenta duração média de 5 a 7 dias,
diminuindo a intensidade da cor gradativamente, uma vez que sai conforme o
processo de renovação celular. Nos pelos, tem duração média de 20 a 30 dias,
podendo ficar intensa até a troca dos pelos em fase telógena (fase de queda do
pelo, que dá lugar a um novo pelo no mesmo folículo), ou desbotar conforme os
hábitos do cliente em relação à exposição à água, ao sol e a produtos químicos.
Embora o procedimento de coloração das sobrancelhas englobe, principal-
mente, o uso da hena, também se encontra no mercado outro tipo de tintura
específica para sobrancelhas e cílios. A tintura não pigmenta bem a pele,
não sendo a melhor opção para quem tem falhas e deseja corrigi-las. Porém,
apresenta maior potencial de fixação e cobertura dos fios em comparação com
a hena, sendo mais indicada para indivíduos que apresentam pelos brancos ou
muito claros (loiros e ruivos) e que desejam um resultado extremamente natural.
A tintura para sobrancelhas é sintética e funciona com o mesmo princípio
da tintura para cabelos, necessitando de solução de peróxido de hidrogênio
(água oxigenada — Ox) 3% 10 volumes para abrir a cutícula do pelo e favo-
recer a entrada dos pigmentos — motivo pelo qual funciona melhor em pelos
brancos. A durabilidade da cor nos pelos coloridos com tintura é, portanto,
maior porque a cor fixa até que os pelos cresçam e caiam, dando lugar a novos
pelos, que nascerão com a cor geneticamente programada (ciclo de crescimento
dos pelos). Assim, o retoque da coloração com tintura dá-se, em média, em
intervalos entre 30 e 45 dias.
4 Aplicação de hena no design de sobrancelhas

É importante relembrar as fases do ciclo de crescimento dos pelos. Estudos recentes


revelam cinco fases, que são: fase de crescimento ativo (anágena); fase de regressão
ou involução (catágena); fase de repouso (telógena); fase de repouso absoluto (que-
nógena); e fase de queda (exógena). De acordo com Kumar, Wahid e Anoop (2012),
um ciclo de crescimento completo nas sobrancelhas é concluído em quatro meses.
Contudo, os pelos não estão todos na mesma fase, motivo pelo qual as sobrancelhas
parecem clarear mais cedo: muitos dos pelos que foram pigmentados e estavam na
fase catágena ou telógena se desprendem e logo são substituídos por novos pelos
que têm a pigmentação natural mais clara. Assim, boa porcentagem dos pelos, dentro
de poucos dias, já poderá estar mais clara em relação ao que estava no dia em que
o procedimento de coloração foi realizado, dando a impressão de que a coloração
desbotou.

A escolha da cor
Para a escolha do tom de hena adequado para cada cliente, deve-se levar em
consideração não só a cor da pele, a coloração natural dos pelos e cabelos e o
tom da hena, mas também o tom do resultado almejado.

Para clientes com pele e cabelos claros que desejem um resultado natural, mas
duradouro, recomenda-se o uso da hena louro-médio, pois a louro-claro tenderá
a clarear com mais rapidez. Para clientes com pele clara que desejem um resul-
tado mais marcante, pode-se utilizar louro-escuro, ou ainda uma mistura deste com
o castanho-claro, ou ainda o castanho-claro sozinho, deixando-o agir por menos
tempo. Clientes com pele clara e pelos escuros podem utilizar a hena louro-escuro
ou castanho-claro removido rapidamente (para resultados mais naturais), ou ainda
castanho-claro deixado por mais tempo ou castanho-médio (para resultados mais
marcantes). Clientes com pele escura podem utilizar castanho-médio por bastante
tempo, ou castanho-escuro removido rapidamente (para resultados naturais) ou
deixando até secar (para resultados intensos).
Aplicação de hena no design de sobrancelhas 5

Além dos tons das henas prontas variarem em claro, médio e escuro, há a
possibilidade de misturar tons. Dessa maneira, misturando louro-claro com
castanho-médio, por exemplo, é possível obter tom semelhante ao louro-escuro.
É importante saber que a pigmentação, tanto da hena quanto da tintura, é
tempo-dependente, ou seja, quanto mais tempo fica em contato, mais intensa
se torna, e vice-versa. Somente após o tempo médio de 20 minutos — quando
a hena seca ou a tintura se encontra totalmente oxidada — é que elas perdem
seu potencial de pigmentação.
Caso o cliente demonstre estar inseguro quanto à realização da coloração
das sobrancelhas, é possível mostrar fotos de alguns resultados do seu trabalho.
Pode-se, ainda, oferecer, em um primeiro momento, maquiar as sobrancelhas
com lápis ou sombra, para que ele possa se ver com as sobrancelhas preen-
chidas e ter a noção de como ficará o resultado da coloração. De qualquer
modo, é importante deixá-lo à vontade para decidir se quer ou não realizar
o procedimento.
Segundo Ifould, Forsythe-Conroy e Whittaker (2015), o método mais eficaz
para atingir a cor desejada é por meio da técnica de aplicar-remover. Quando
o cliente não está seguro ou decidido sobre a cor que deseja, deve-se aplicar a
hena, deixá-la agir por pouco tempo e então removê-la de uma pequena região.
Usando um espelho, mostra-se ao cliente o tom atingido até o momento. Se
ele preferir que fique mais escuro, reaplica-se a hena no local e deixa-se agir
um pouco mais de tempo. Caso ele prefira que fique mais natural, talvez já
seja a hora de remover.
Embora esse método pareça mais trabalhoso, tanto você quanto o cliente
estarão seguros de um bom resultado. Ifould, Forsythe-Conroy e Whittaker
(2015) afirmam que assim o cliente apreciará o tempo dedicado a ele e retornará
para uma próxima visita.

Reações adversas e teste de sensibilidade


Como afirmam Soares, Lopes e Barbosa (2014), há importantes relatos de
incidência de reações alérgicas ao uso da hena (Figura 2). O componente mais
relacionado aos casos de reações adversas é o PPDA, potente sensibilizante.
A alergia à hena natural causada por seu ingrediente ativo, Lawsonia, é rara.
6 Aplicação de hena no design de sobrancelhas

Figura 2. Reação alérgica à tatuagem temporária com


hena (nove dias após a exposição ao produto).
Fonte: Soares, Lopes e Barbosa (2014).

Romita et al. (2018) afirmam que, apesar de raras, reações adversas à tintura
de sobrancelhas também têm sido reportadas. Um relato de caso apresenta uma
mulher de 28 anos de idade com reação eczematosa grave nas sobrancelhas
um dia após o contato com tintura específica para sobrancelhas (Figura 3).

Figura 3. Reação alérgica à tintura de sobrancelhas (um dia após a exposição ao produto).
Fonte: Romita et al. (2018).
Aplicação de hena no design de sobrancelhas 7

Os testes de contato realizados no relato de caso de Romita et al. (2018)


denunciaram que a paciente apresentou reação a mais de uma substância
presente na tintura (toluene-2,5-diamine, m-aminophenol, níquel e os corantes
Disperse Orange 3, Disperse Orange 1 e Disperse Yellow 3).
Para evitar que haja reação alérgica ao uso de determinados produtos,
Ifould, Forsythe-Conroy e Whittaker (2015) recomendam realizar o teste de
sensibilidade, principalmente se for a primeira vez que o cliente estará sendo
exposto ao produto. É importante realizar esse teste cada vez que o cliente for
se submeter ao procedimento de coloração de sobrancelhas, pois as pessoas
podem se tornar repentinamente sensíveis a substâncias que já utilizam há anos.
Ifould, Forsythe-Conroy e Whittaker (2015) explicam que, antes do agen-
damento, deve ser explicado ao cliente sobre a necessidade do teste, que deve
ser feito pelo menos de 24 a 48 horas antes do procedimento. Para realizar
o teste é preciso higienizar uma área da pele atrás da orelha ou na dobra do
cotovelo e aplicar uma pequena quantidade de hena na região, deixando agir
por 5 minutos. Caso haja reação adversa durante o teste (p. ex., se houver
eritema, prurido ou edema), remova o produto imediatamente, mesmo que
não tenha passado o tempo estipulado de 5 minutos. Dê atenção especial para
seu cliente em relação a possíveis reações adversas que ainda poderão ocorrer
dentro das próximas 48 horas.
O cliente precisa estar ciente de que poderá ocorrer uma reação de hiper-
sensibilidade — a área poderá ficar vermelha e irritada — e que, em caso
de reação positiva, esta tende a regredir em até 72 horas, não havendo dano
permanente. Além disso, ele deve ser instruído a informar o profissional sobre
quaisquer reações que possam vir a observar dentro do prazo de até 48 horas
após a realização do teste.
Em caso de reação positiva, o profissional deve recomendar o uso de produto
calmante ou água fria. Se a reação for severa e prolongada e ocorrer edema
na região, deve recomendar ao cliente que consulte um médico. A reação
positiva impede o uso do produto no cliente, ou seja, o cliente não poderá ser
submetido a procedimentos que utilizem esse produto. Se a reação for negativa,
o procedimento poderá ser realizado tranquilamente.

Protocolo de coloração de sobrancelhas


O procedimento de aplicação da coloração com hena é muito simples, mas
exige habilidade, destreza e firmeza. Considera-se também a necessidade de
materiais específicos e um passo a passo detalhado.
8 Aplicação de hena no design de sobrancelhas

Os insumos básicos necessários para a aplicação da tintura são os mesmos


da hena, modificando apenas o produto e a presença da Ox 3 vol. O protocolo
também é muito semelhante. Entretanto, existem detalhes peculiares que
fazem o profissional necessitar de um treinamento específico para a aplicação
da tintura.

Materiais necessários para coloração com hena


Além dos materiais utilizados previamente no design de sobrancelhas (al-
godão, gaze, solução antisséptica, paquímetro, caneta para marcação, pinça,
linha, tesoura e escova), são necessários, para aplicação da hena, os seguintes
produtos (Figura 4):

Luvas: recomendadas para que a hena não manche as mãos do profissional.


Porém, se ele já tiver destreza na aplicação, as luvas são dispensáveis. Caso
o profissional esteja com qualquer machucado que caracterize uma porta de
entrada ou saída de microrganismos, deverá obrigatoriamente utilizar luvas.
Ainda, caso haja sangramento da pele do cliente durante a remoção dos pelos
com linha ou pinça, o profissional deve imediatamente interromper o pro-
cedimento, calçar luvas, pressionar o local do sangramento com um pedaço
de algodão com antisséptico e só continuar o procedimento após estancar o
sangue (se o profissional entrar em contato com o sangue do cliente, mesmo
que esteja com sua pele íntegra, deve fazer a higienização e antissepsia das
mãos antes de calçar as luvas). Embora o uso de luvas seja dispensável em
casos de contato com pele íntegra, o profissional deve fazer a higienização e
antissepsia das mãos rigorosamente antes e após atender a cada cliente, para
evitar contaminação cruzada durante o procedimento.

Palitos de madeira: palitos finos utilizados tanto para aplicar a hena quanto
para dar acabamento no contorno. Embora muitos profissionais utilizem pincel
de maquiagem para aplicar a hena, os fabricantes costumam desaconselhar
tal uso, pois o metal dos pincéis tende a reagir com o produto e aumentar a
possibilidade de reações adversas.
Aplicação de hena no design de sobrancelhas 9

Hastes flexíveis: utilizadas para limpar possíveis borrões durante a aplicação


da hena.

Hena em pó: escolhido de acordo com a cor desejada.

Pisseta (ou almotolia): para acrescentar à hena em pó.

Dappen: medidor de vidro para preparar a mistura da hena em pó com água


mineral. Pode ser utilizado o batoque descartável em vez do dappen, mas,
por uma questão ambiental, é preferível o uso do dappen. Utiliza-se o lado
de medida menor.

Fixador: produto hidratante utilizado na finalização do procedimento para


aumentar o poder de fixação da hena na pele.

Figura 4. Bancada com produtos para aplicação de hena.

Passo a passo
Segundo Ifould, Forsythe-Conroy e Whittaker (2015), não é recomendável
realizar a remoção dos pelos das sobrancelhas logo antes da aplicação da
coloração. Isso deve ser feito após a coloração, mesmo que no mesmo dia, ou
deve ser agendado para outro dia. A pele, após a remoção dos pelos, tende a
10 Aplicação de hena no design de sobrancelhas

ficar sensível, e a coloração aplicada em região sensibilizada pode ter mais


chances de causar irritação ou reação adversa.
Após fazer a higienização da pele, a marcação do design e o corte dos
pelos, inicia-se o procedimento de coloração com hena. Diferentes técnicas
estão abordadas ao longo da explicação do passo a passo a seguir:

1. Prepare o produto: coloque a hena em pó até um pouco mais da


metade da medida e, em seguida, acrescente algumas gotas de água
mineral, misturando com o palito até obter uma mistura homogênea.
Acrescente mais água ou mais pó se for necessário, para obter uma
textura semelhante ao ketchup.
2. Aplique o produto: escolha uma das sobrancelhas para iniciar a apli-
cação e aplique o produto com o auxílio do palito. Comece a partir do
corpo da sobrancelha e vá em direção à cauda (Figura 5a), com muito
cuidado para não ultrapassar a margem do design (limpe com haste
flexível úmida imediatamente caso isso aconteça). Faça o acabamento
ao redor das sobrancelhas utilizando um palito limpo. Após terminado
um lado, deve-se aplicar do outro. É importante cronometrar o tempo
que levará para aplicar a hena do outro lado, pois nesse período a so-
brancelha que recebeu a aplicação primeiro já estará em contato com
o produto (Figura 5b). No início das sobrancelhas, a aplicação pode ser
mais fina, porém no corpo, para que o resultado fique bem delineado e
haja cobertura dos pelos, a camada do produto deve ser bem generosa
(Figura 5c). Se o cliente apresentar pelos grossos, deve-se pressionar
bem o palito deitado sobre a pele, para que a hena possa preencher os
espaços entre a pele e os pelos. Caso o objetivo seja colorir apenas os
pelos, a aplicação da hena deve ser bem superficial, podendo, inclu-
sive, ser aplicada com a haste flexível, bem suavemente, uma modesta
camada do produto.
Aplicação de hena no design de sobrancelhas 11

c
Figura 5. (a) Aplicação da hena na sobrancelha esquerda, do corpo em direção à cauda. (b)
Aplicação da hena na sobrancelha direita. (c) Camada mais fina no início e mais generosa
ao longo das sobrancelhas.

3. Remova o produto: após o tempo determinado para atingir o resultado


de cor desejado, ou ao longo do processo de verificação do tom, limpe
com gaze umedecida em água mineral uma porção da hena do início da
sobrancelha que foi preenchida primeiro e mostre ao cliente para que ele
possa ver se já está satisfeito ou se deseja que o tom fique mais escuro
(Figuras 6a e 6b). Após o consentimento, remova completamente a hena
(Figura 6c). É muito importante que ambas as sobrancelhas tenham o
mesmo tempo de exposição ao produto, caso contrário assumirão tons
12 Aplicação de hena no design de sobrancelhas

diferentes. Por isso, deve-se remover a hena da segunda sobrancelha


somente após passar o tempo de diferença entre a aplicação da primeira
e da segunda sobrancelha. Ainda, caso o objetivo almejado sejam so-
brancelhas com efeito esfumado, a parte inicial deve ser removida
entre 3 e 5 minutos antes do restante das sobrancelhas, considerando
um tempo igual de exposição ao produto.

c
Figura 6. (a) Remoção da hena no início da sobrancelha esquerda para verificação do tom
já alcançado. (b) Demonstração do tom já alcançado para avaliação do cliente. (c) Remoção
completa da hena da sobrancelha esquerda, após o consentimento do cliente.
Aplicação de hena no design de sobrancelhas 13

4. Modele as sobrancelhas: remova os pelos em excesso com as técnicas


de linha e pinça, e finalize removendo com uma gaze seca os pelos que
caíram sobre a pele da cliente, aplicando suavemente com algodão uma
loção tônica calmante.
5. Aplique o fixador de hena: com hastes flexíveis, aplique uma pequena
quantidade de fixador de hena nas sobrancelhas do cliente (Figura 7).

Figura 7. Aplicação do fixador de hena.

1. Na preparação da hena para uso, b) Água de rosas e chás,


podem ser misturados vários do claro ao intenso.
produtos, tanto naturais quanto c) Suco de limão e
sintéticos, os quais promovem parabenzilenodiamida (PBDA),
variações de cor. Assinale a do louro ao castanho.
alternativa que cita um exemplo d) Café e parafenilenodiamina
de mistura de origem natural (PPDA), do claro ao escuro.
e um de origem sintética, além e) Chás e parafenilanodiamida
das graduações de tons. (PPDA), do louro ao preto.
a) Café e parafenilenodiamina 2. A hena, quando aplicada da maneira
(PDDA), do castanho ao marrom. correta, é capaz de colorir muito
bem os pelos e também a pele.
14 Aplicação de hena no design de sobrancelhas

Nesse sentido, é possível cobrir c) Utilizar a hena louro-escuro,


falhas nas sobrancelhas, além de ou ainda castanho-escuro
realçar sua cor. Assinale a alternativa removida rapidamente.
correta em relação ao tempo de d) Utilizar a hena castanho-escuro,
fixação da hena na pele e nos pelos. ou ainda castanho-médio
a) Duração média de 5 a 7 dias na removida rapidamente.
pele, diminuindo a intensidade e) Utilizar a hena louro-escuro,
da cor gradativamente. Duração ou ainda castanho-claro
média de 20 a 30 dias nos pelos. removida rapidamente.
b) Duração média de 2 a 7 dias na 4. Em todo procedimento estético,
pele, diminuindo a intensidade deve-se primar pela segurança do
da cor gradativamente. Duração cliente e do profissional. Por isso,
média de 15 a 30 dias nos pelos. medidas de biossegurança, como
c) Duração média de 4 a 9 dias na higienização e antissepsia das
pele, diminuindo a intensidade mãos e o uso de luvas, devem ser
da cor gradativamente. Duração observadas. Em relação ao uso de
média de 30 a 50 dias nos pelos. luvas no design de sobrancelhas,
d) Duração média de 5 a 8 dias na aponte a alternativa correta.
pele, diminuindo a intensidade a) As luvas são recomendadas para
da cor gradativamente. Duração que a hena não contamine a pele
média de 40 a 45 dias nos pelos. do cliente. Porém, se a pele
e) Duração média de 6 a 7 dias na estiver íntegra, são dispensáveis.
pele, diminuindo a intensidade b) As luvas são recomendadas
da cor gradativamente. Duração caso o profissional esteja com
média de 25 a 40 dias nos pelos. qualquer machucado que
3. Para a escolha do tom de hena caracterize uma porta de entrada
adequado para cada cliente, ou saída de microrganismos.
deve-se levar em consideração c) As luvas devem ser
não só a cor da pele, a coloração obrigatoriamente calçadas caso
natural dos pelos e cabelos e o haja sangramento da pele do
tom da hena, mas também o tom cliente durante a remoção dos
do resultado almejado. Assinale a pelos com linha ou pinça.
alternativa que traz uma solução d) O uso de luvas é indispensável
adequada de escolha do tom em casos de contato
de hena para clientes com com pele íntegra.
pele clara e pelos escuros que e) O profissional deve fazer a
desejam um resultado natural. higienização e antissepsia das
a) Utilizar a hena marrom- mãos rigorosamente antes e
-escuro, ou louro-médio após atender a cada cliente,
removida rapidamente. para que possa atender seus
b) Utilizar a hena marrom- clientes sem o uso de luvas.
-claro, ou ainda louro-médio 5. Após fazer a higienização da pele, a
removida rapidamente. marcação do design e o corte dos
pelos, inicia-se o procedimento de
Aplicação de hena no design de sobrancelhas 15

coloração com hena. Diferentes c) fazer o acabamento ao


técnicas podem ser empregadas redor das sobrancelhas
para alcançar resultados específicos. utilizando um palito limpo.
Dessa maneira, para sobrancelhas d) aplicar uma camada generosa
com efeito esfumado, deve-se: da hena nas sobrancelhas.
a) manter ambas as sobrancelhas e) aplicar uma pequena
pelo mesmo tempo de quantidade de fixador de
exposição ao produto. hena nas sobrancelhas.
b) remover a parte inicial em
torno de 3 a 5 minutos antes
do restante das sobrancelhas.

IFOULD, J.; FORSYTHE-CONROY, D.; WHITTAKER, M. Técnicas em estética. 3. ed. Porto


Alegre: Artmed, 2015.
KUMAR, S.; WAHID, A.; ANOOP, KV. Physiology and anatomy of hair in drug abusing
cases. International Journal of Medical Toxicology and Forensic Medicine, Teerã, v. 2, n.
4, p. 153-159, Autumn/2012. Disponível em:<http://journals.sbmu.ac.ir/ijmtfm/article/
viewFile/IJMTFM-3765/pdf>. Acesso em: 13 jul. 2018.
ROMITA, P. et al. Eyebrow allergic contact dermatitis caused by m-aminophenol
and toluene-2,5-diamine secondary to a temporary black henna tattoo. Contact
Dermatitis, n. 79, p. 51-52, 2018. Disponível em:<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pub-
med/29574799>. Acesso em: 13 jul. 2018.
SOARES, J. B.; LOPES, A.; BARBOSA, M. P. Tatuagens temporárias — inofensivas?
Revista Portuguesa de Imunoalergologia, Lisboa, v. 22, n. 3, p. 227-229, set. 2014.
Disponível em: <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pi
d=S0871-97212014000300006>. Acesso em: 13 jul. 2018.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteudo: SOLU<;OES
EDUCACIONAIS
INTEGRADAS
Dica do professor
Quando bem executada, a técnica com hena fideliza muitos clientes. Para aplicá-la, porém, além de
estar ciente do conhecimento e da segurança que a técnica exige, você precisa levar em
consideração vários fatores.

Na Dica do Professor, além de acompanhar o passo a passo do procedimento, você receberá muitas
informações e dicas importantes para se tornar um excelente profissional na área do design de
sobrancelhas.

Confira!

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Na prática
Existem muitas opções de tons de hena, mas escolher o ideal para cada cliente nem sempre é
simples. Apesar de haver várias opções de cor, elas podem ser misturadas entre si, possibilitando
obter ainda mais diversidade de cores.

Você precisa cuidar também do tempo que leva para fazer a aplicação e do tempo em que a hena
fica em contato com a pele, porque o resultado da cor da hena é tempo-dependente.

Confira neste Na Prática como utilizar o tempo a seu favor na hora de aplicar a hena no design de
sobrancelhas.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Adolescente quase fica cega após passar tintura nas sobrancelhas


Alergias à hena não são incomuns. No link abaixo, você poderá assistir a um trecho de reportagem
sobre um caso de reação alérgica ao procedimento.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Coloração x henna na sobrancelha: qual é a diferença?


Um recurso para clientes com alergia à hena é a coloração de sobrancelhas com tintura, porém não
se deve deixar de fazer o teste de sensibilidade. Além disso, apesar de terem um objetivo
semelhante, colorir os pelos das sobrancelhas, há diferenças importantes entre as técnicas. No link
a seguir, você verá as diferenças entre a hena e a coloração com tintura e compreenderá a
aplicabilidade de cada uma das técnicas.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Tintura masculina de barba, sobrancelhas e cílios


Agora que você já sabe a diferença entre a hena e a tintura, acompanhe neste vídeo uma
demonstração do uso da tintura para colorir sobrancelhas e barba masculinas.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Spa das mãos e pés

Apresentação
A vida moderna é muito movimentada. Devido à correria e ao estresse do dia a dia, é importante
que as pessoas separem um momento para cuidar da saúde e para receber procedimentos estéticos
que promovam sensação de bem-estar.

Por esse motivo, é muito interessante estender o relaxamento às regiões das mãos e dos pés, não
somente ara o corpo e para a face.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender sobre produtos e sobre procedimentos
aplicados ao spa das mãos e dos pés. Por fim, você vai aprender como estruturá-lo.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Listar produtos e procedimentos aplicados ao spa das mãos.


• Enumerar produtos e procedimentos aplicados ao spa dos pés.
• Estruturar um spa das mãos e dos pés.
Infográfico
Os cuidados com as mãos e com os pés, seja na clínica ou no spa, devem ser constantes, a fim de
que o desenvolvimento de bactérias não seja facilitado. Esse aspecto é essencial para que não se
tenha nenhuma suscetibilidade de adquirir uma infecção.

Neste Infográfico, verifique os cuidados e as orientações de segurança, bem como a biossegurança


no dia a dia do spa.

Acompanhe.
Conteúdo do livro
Cuidar das mãos e dos pés requer atenção completa, assim como ocorre com o corpo e a face.
Higienizar, hidratar e proteger são ações fundamentais.

No capítulo Spa das mãos e dos pés, da obra Recursos estéticos manuais, você vai estudar os
procedimentos estéticos e o uso de produtos cosméticos que oferecem essas ações, evitando,
ainda, o envelhecimento precoce e os tratamentos médicos.

Boa leitura.
RECURSOS
ESTÉTICOS
MANUAIS

Celio Takashi Higuchi


Spa das mãos e pés
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

◼ Listar produtos e procedimentos aplicados no spa das mãos.


◼ Elencar produtos e procedimentos aplicados no spa dos pés.
◼ Estruturar um spa das mãos e dos pés.

Introdução
O estresse, a correria do dia a dia, a má alimentação, a insônia, entre outros
fatores, podem comprometer a saúde das pessoas. Um ambiente spa
busca reverter esse problema, proporcionando bem-estar, tranquilidade,
equilíbrio e harmonia, e é importante que isso seja estendido também
para as regiões das mãos e pés, não se restringindo apenas ao corpo e
à face. Neste capítulo, você vai estudar os produtos os procedimentos
utilizados no spa das mãos e pés e ver como se estrutura esse tipo de
ambiente spa.

Produtos e procedimentos aplicados no spa das


mãos
Como com qualquer parte do corpo, cuidar da região das mãos é imprescindível.
Junto com o pescoço e o colo, o dorso das mãos é uma região que está sujeita
ao envelhecimento precoce, por estar constantemente exposta às agressões
do meio externo. Dessa forma, ela pode chamar a atenção pela beleza, mas
também pela falta de cuidado (GOOSSENS, 2004).
Com o passar da idade, essas áreas começam a sofrer o processo de fla-
cidez devido à diminuição da gordura sob a pele. A pele afina, há perda da
espessura da derme e mudança do tônus vascular. Com isso, as veias ficam
mais visíveis, a pele fica mais suscetível ao ressecamento e surgem também
as hipercromias solares (ALVES, 2004; BORELLI, 2004).
2 Spa das mãos e pés

A região das mãos precisa ser mantida limpa, hidratada e protegida da luz
solar. Um dos maiores vilões é o uso de agentes químicos, como os detergentes,
que retiram o manto protetor da pele e podem causar irritação e alergia nas
mãos, se utilizados rotineiramente. Até mesmo a água contribui para esse
envelhecimento.
Por esse motivo, realizar procedimentos estéticos e utilizar produtos cos-
méticos corretamente minimizará o envelhecimento precoce. Se não houver
esse cuidado no decorrer dos anos, apenas procedimentos médicos poderão
tratar o problema, e eles muitas vezes podem não apresentar pleno sucesso.
Portanto é mais fácil prevenir do que tratar posteriormente.
O uso de cosméticos para o cuidado da pele deve ser estimulado, visto que
propicia a melhora da qualidade do tecido cutâneo. De acordo com a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os cosméticos são constituídos por
substâncias naturais ou sintéticas, e têm como objetivo higienizar, tonificar,
hidratar, nutrir e proteger a pele (BRASIL, 1976).
As empresas cosméticas que comercializam produtos de linhas de spa
geralmente seguem a proposta de utilizar ativos cosméticos com elementos
extraídos da natureza, sendo, muitas vezes, livres de parabenos, óleo mineral,
silicones, ftalatos, corantes sintéticos, entre outros. Há vários estudos que já
apontam que os parabenos agem como desreguladores do sistema endócrino,
que óleo mineral é potencialmente alergênico e oclusivo, assim como os
silicones e os corantes sintéticos (SPADOTO, 2017). Já quanto aos ftalatos,
a toxicidade aguda é baixa, porém existem indícios de toxicidade crônica,
especialmente carcinogenicidade. As rotas primárias potenciais de exposição
humana são inalação, ingestão e contato dérmico.
No Brasil, há baixa demanda de cosméticos orgânicos ou naturais, devido
ao pouco interesse pelo conceito de sustentabilidade no que se aplica ao cos-
mético; à falta de regulamentação sobre o registro de cosméticos orgânicos,
que não fideliza o consumidor; ao preço mais elevado em relação ao produto
de concorrência de origem sintética e que atinge a mesma proposta de ação; e
à falta de informação mais clara nos rótulos (HIGUCHI; DIAS; TENGUAN,
2012; YAMADA et al., 2013).
Além do apelo da sustentabilidade, um bom produto se elege pela compo-
sição das matérias-primas. Em outras palavras, o uso de determinada matéria-
-prima deve respeitar o meio ambiente, mas também compreender a natureza
e o mecanismo de ação dessa matéria-prima. Deve-se pesquisar toxicidade,
irritabilidade e alergenicidade, elegendo aquela de menores atividades apon-
tadas. Portanto, ter responsabilidade com a matéria-prima é compreender sua
Spa das mãos e pés 3

responsabilidade de ação no produto (orgânico) e sua aplicabilidade (pele)


(HIGUCHI; DIAS; TENGUAN, 2012).

Muitas empresas anunciam seus produtos como cosméticos naturais, mas, em vários
casos, eles não podem ser classificados como naturais, pois, além dos ingredientes
com ativos naturais, esses produtos têm formulação química tradicional, conservantes
e aditivos químicos em sua composição (SEBRAE, [200-?]).

Produtos

Higienização do local a ser tratado

É fundamental higienizar o local a ser tratado antes de realizar a massagem


propriamente dita. Existem vários ativos cosméticos com ação higienizante,
que incluem digluconato de clorexidina, lauril sulfato de sódio e lauril éter
sulfato de sódio. Para minimizar o efeito tensoativo desses componentes, em
função da retirada de oleosidade da pele, e evitar que eles contribuam com a
irritação e secura da pele, incluem-se na lista de ingredientes a glicerina e a
ureia, que são bons umectantes e hidratantes.

◼ Digluconato de clorexidina: é um antisséptico químico com ação


antifúngica e bactericida, capaz de eliminar bactérias gram-positivas
e gram-negativas.
◼ Lauril sulfato de sódio (LSS): é um tensoativo aniônico que apre-
senta propriedade detergente, molhante, espumógena, emulsionante
e solubilizante.
◼ Lauril éter sulfato de sódio (LESS): é um tensoativo aniônico e atua
também como desengordurante, considerado muito eficaz e barato.
◼ Glicerina: é usada como solubilizante para diversos ativos; também
tem ação umectante e protetora da pele.
◼ Ureia: é um composto orgânico com ação hidratante, queratolítica e
antibacteriana. Atua solubilizando ou desnaturando as proteínas.
4 Spa das mãos e pés

Agente esfoliante

Os agentes esfoliantes afinam o estrato córneo e estimulam a pele a ficar mais


hidratada e jovem. O efeito gomagem e as microesferas são os mais utilizados
em ambiente spa, pois são mais suaves e removem impurezas e células mortas
sem provocar microlesões. A perlita é um exemplo de microesfera vulcânica
com ação esfoliante física de origem 100% natural. Reduz a barreira cutâ-
nea, permitindo melhor absorção de ativos. É associada ao uso de extrato de
camomila, para uma ação hidratante, clareadora e calmante.

◼ Gomagem: pode ser indicada a todos os tipos de pele, principalmente


as sensíveis. A gomagem remove as células mortas e impurezas da
camada superficial da pele, proporcionando melhor textura, brilho
e permeação à pele. Após alguns minutos da aplicação do produto,
a esfoliação da área tratada pode ser incentivada com movimentos
circulares ou deslizamentos com os dedos com pressão mediana. Os
próprios movimentos formam caroços ou grânulos que retiram as células
mortas e as impurezas da pele.
◼ Microesferas (perlita): esfoliante com ação física, reduz a barreira
superficial e melhora a hidratação cutânea.
◼ Extrato vegetal: é beneficiado pela presença de metabólitos secundá-
rios da planta, que incluem taninos, flavonoides, compostos fenólicos,
saponinas, entre outros. Dependendo do solvente extrator, busca-se
metabólitos para atender efeitos terapêuticos específicos.

Loção tônica

A loção tônica é geralmente usada como complemento da limpeza de pele


e do demaquilante. Sua função consiste em remover por completo todas as
impurezas advindas do meio externo e células mortas, levando à pele diversas
substâncias de origem vegetal que podem purificá-la.

◼ Extrato de ginseng (Panax sp): considerado tônico e nutriente devido


ao seu conteúdo vitamínico e hormonal. Auxilia na melhora da elas-
ticidade da pele, talvez por estimular a produção de esterol e proteína
(MICHALUN; DINARDO, 2016).
◼ Extrato de camomila (Matricaria chamomilla): possui propriedades
anti-inflamatórias e reparadoras. Também é considerado bactericida,
Spa das mãos e pés 5

antisséptico, purificante e hipoalergênico, com capacidade de neutralizar


substâncias que irritam a pele.
◼ Extrato de aloe (Aloe vera): é usado com frequência em preparações
cosméticas devido às suas propriedades hidratantes, aliviantes e cal-
mantes. É excelente para peles secas e sensíveis, bem como para o
tratamento de queimaduras de sol.
◼ Extrato de hera (Hedera helix): tem propriedade cicatrizante, des-
congestionante e fortalecedora da parede dos vasos, reabsorvendo o
edema tecidual.

Tratamento do local

É importante que o tratamento da região das mãos esteja voltado principal-


mente para as ações hidratante, de proteção solar e antienvelhecimento. Por
esse motivo, a escolha correta de ativos cosméticos é fundamental.

Máscara hidratante para as mãos

A máscara é uma apresentação cosmética que geralmente apresenta grande


quantidade de ativos cosméticos em base cremosa. Entretanto, diferentemente
do creme hidratante, é preciso retirar o produto ao final do tratamento.

◼ Óleo de gérmen de trigo: como qualquer ativo de origem vegetal,


promove ação antioxidante, emoliente e hidratante.
◼ Manteiga de karité (Butyrospermum parkii): óleo vegetal com baixo
peso molecular que é capaz de penetrar e, possivelmente, envolver-se no
processo bioquímico da derme. É considerado um precursor biológico
na síntese de ceramida. Pode estimular os fibroblastos para sintetizar
colágeno, elastina e proteoglicanos (MICHALUN; DINARDO, 2016).
◼ Alantoína: renovador celular usado em cicatrização de feridas. Ação
hidratante e queratolítica (INFINITY PHARMA, 2017b).
◼ Extrato de calêndula: emoliente com propriedades antissépticas e anti-
-inflamatórias. Pode ser usado em casos de pele oleosa e/ou delicada,
bem como acneica.
◼ PCA sódico: ingrediente hidratante higroscópico que apresenta ação
umectante.
6 Spa das mãos e pés

Finalização

Os protetores solares (ou filtros solares) são substâncias de aplicação cutâ-


nea em diferentes apresentações que contêm em sua formulação ingredien-
tes capazes de interferir na radiação solar, reduzindo seus efeitos deletérios
(SCHALKA; REIS, 2011).

Pessoas com sensibilidade a algum componente da fórmula dos produtos utilizados


não devem utilizá-los, principalmente os com ação de limpeza. Em caso de irritação,
suspender o uso.

Procedimentos

Higienização

◼ Higienizar a região a ser tratada com fluído de limpeza.


◼ Esfoliar as mãos com movimentos suaves e circulares até o produto
secar por completo.
◼ Aplicar loção tônica para normalizar o pH das mãos.

Tratamento

◼ Massagear as mãos com máscara hidratante com ativos de interesse


estético (rejuvenescedora, clareadora e/ou hidratante).
◼ Envolver as mãos com filme osmótico para fazer oclusão e aguardar
de 20 a 30 minutos.

Finalização

◼ Retirar e finalizar com protetor solar para as mãos.

Manutenção diária do cliente (home care)

◼ Utilizar hidratante e protetor solar para as mãos.


Spa das mãos e pés 7

Frequência de tratamento

◼ De acordo com a necessidade do cliente.

Hoje o conceito de spa mudou bastante, acompanhando tendências e necessidades


típicas da vida moderna. Por meio da adequação dos tratamentos, dos profissionais
e dos serviços, e pela inovação da oferta, os spas tornaram-se empreendimentos
grandiosos, sofisticados e muito procurados. Novos serviços foram incorporados,
técnicas das mais diversas aplicadas e muitas opções surgiram para todo o tipo de
público (D’ANGELO, 2010).

Produtos e procedimentos aplicados no


spa dos pés
Os pés são uma estrutura fundamental para a locomoção e o equilíbrio do ser
humano. São partes do corpo com camadas de pele mais resistentes do que
em outras partes, e são mais grossas devido ao peso do corpo que recai sobre
eles (MADELA, [2009]).
De acordo com Nogueira ([200-?]), a planta dos pés e a palma das mãos
não possuem glândulas sebáceas, que são responsáveis pela lubrificação da
pele. Em consequência, a pele tende a ser mais ressecada, precisando maior
atenção no que diz respeito à hidratação e proteção. A planta dos pés, por
não ter a mesma proteção que outras áreas do corpo, tende a desenvolver
uma camada mais espessa de queratina, que tem a função de proteger a pele
contra agressões de agente mecânico.

As principais causas de problemas que podem acometer a região dos pés são alterações
climáticas, desidratação, psoríase, diabetes, agressores químicos e obesidade (BEGA,
2006; OLIVA, [200-?]; LIMA, [201-?]; KOGOS, [2010]).
8 Spa das mãos e pés

Produtos

Higienização do local a ser tratado

Sabonete líquido

O sabonete líquido proporciona uma limpeza suave, podendo ser utilizado


com os sais aromáticos para fazer esfoliação dos pés, promovendo intenso
relaxamento.

◼ Extrato de maracujá: confere ao produto ação relaxante e sedativa


e ainda reduz a ansiedade, diminui o estresse e o cansaço, além de
apresentar propriedades anti-inflamatórias, hidratantes e cicatrizantes.
◼ Extrato de pitanga: promove ação antioxidante, remineralizante e
hidratante.

Sais aromáticos

Os sais aromáticos auxiliam nos banhos de equilíbrio energético e relaxamento.


Utilize-os na banheira ou em um recipiente com água morna para imersão.

◼ Cloreto de sódio: responsável pelas trocas metabólicas (osmose).


◼ Óleo dispersível: óleo vegetal que se solubiliza parcialmente em fases
aquosa e oleosa; promove sensação de hidratação cutânea sem deixar
com aspecto oleoso.

Tratamento do local

É importante que o tratamento da região dos pés esteja voltado principalmente


para as ações hidratante, esfoliante, refrescante e antienvelhecimento. Por esse
motivo, a escolha de ativos cosméticos é fundamental.

Loção hidratante para os pés

◼ Salicilato de metila (Gautheria procumbens): apresenta ações anal-


gésica e anti-inflamatória; utilizado largamente no alívio de dores
musculares (MAPRIC, [201-?]).
◼ Mentol: aplicado sobre a pele, dilata os vasos sanguíneos, causando
sensação de frio seguida de analgesia (BATISTUZZO, 2006). De acordo
Spa das mãos e pés 9

com a Anvisa (2006) o uso de mentol em produtos cosméticos deve ser


restringido à concentração máxima de 1% (um por cento).
◼ Óleo de andiroba: promove ações anti-inflamatória, antisséptica,
cicatrizante, emoliente e hidratante na pele.
◼ Ureia: é um composto orgânico com ação hidratante, queratolítica e
antibacteriana. Atua solubilizando ou desnaturando as proteínas.
◼ Óleo vegetal: forma filme protetor, permitindo maior retenção hídrica,
diminuindo a perda de água por evaporação transepidérmica, melho-
rando a permeabilidade cutânea.
◼ Óleo de semente de uva: tem ações antioxidante, anti-inflamatória,
cardioprotetora e neuroprotetora e atividade antidiabética, em função
da presença dos compostos fenólicos (JARA et al., 2018).
◼ Extrato de castanha-da-índia: é indicado como antivaricoso de ação
sistêmica, anti-hemorroidário, anti-inflamatório e para edema de estase
venosa (INFINITY PHARMA, 2018a).
◼ Extrato de arnica (Arnica montana): além de ter efeito estimulante
da circulação, apresenta propriedades antisséptica, adstringente, anti-
-inflamatória e cicatrizante. Em sua composição contém arnicina, fulina,
sesquiterpenos, flavonoides e cumarinas (MICHALUN; DINARDO,
2016).

Argila

As argilas promovem ações hemostática, purificante, adstringente, reminerali-


zante, antisséptica e cicatrizante, além de reduzir as inflamações da pele. Essas
ações dependem da presença de sais metálicos, de acordo com a cor da argila.

◼ Silicato de alumínio: composição abundante na argila, promove ações


antioleosidade, cicatrizante, bactericida e drenante. Por apresentar efeito
bactericida, ajuda a diminuir os odores na região dos pés.

Procedimentos

Higienização

◼ Higienizar os pés do cliente com fluído de limpeza.


◼ Esfoliar com a mesma proporção de sabonete líquido e sais aromáticos.
◼ Aplicar loção para normalizar o pH do local.
10 Spa das mãos e pés

Tratamento

◼ Preparar um escalda-pés para relaxamento.


◼ Massagear com loção hidratante para os pés.
◼ Aplicar a argila hidratada por toda extensão dos pés.
◼ Envolver os pés com filme osmótico para fazer oclusão; aguardar 20
minutos e retirar.

Manutenção diária do cliente (home care)

◼ Utilizar loção hidratante para os pés.

Frequência de tratamento:

◼ De acordo com a necessidade do cliente.

Pessoas diabéticas muitas vezes perdem a sensibilidade da pele, principalmente


nas mãos e pés, e por isso sofrem com podopatias. Oliva ([200-?]) alerta que os pés
diabéticos merecem maior atenção, pois qualquer corte ou ferimento poderá causar
uma série de infecções, podendo desencadear um processo infeccioso e levar até a
uma amputação.

Estruturação de um spa das mãos e dos pés


Atualmente, as clínicas de cuidados para as mãos e pés atuam na investigação,
prevenção e prognóstico de saúde. Elas também oferecem serviços estéticos
(de assepsia, reforma e pintura de unhas, esterilização e hidratação de pés),
relaxantes (de massagens terapêuticas) e posturais (correção do caminhar).
Os profissionais que atuam na área capacitam-se com cursos de qualificação
profissional de pedicure e manicure e cursos técnicos em podologia, oferecidos
por instituições reconhecidas pelo Ministério da Educação (SEBRAE, [201-?]).
O mercado para clínicas de cuidados para as mãos e pés acompanha a
evolução do setor de beleza e estética, que está em franca expansão. O úl-
Spa das mãos e pés 11

timo estudo divulgado pela Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de


Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos) aponta que a venda dos produtos
de beleza e higiene cresceu 15,62% em 2012. Segundo a associação, esse
mercado mantém seu crescimento anual na faixa dos 10% há alguns anos — e
a tendência é aumentar.
Antes de realizar efetivamente a estruturação de qualquer negócio, é
muito importante o registro da empresa em inúmeros órgãos como: Junta
Comercial, Secretaria da Receita Federal (CNPJ), Secretaria Estadual da
Fazenda e prefeitura do município, para obter o alvará de funcionamento,
enquadramento na entidade sindical patronal (a empresa ficará obrigada ao
recolhimento anual da contribuição sindical patronal), cadastramento junto à
Caixa Econômica Federal no sistema “Conectividade Social — INSS/FGTS”
e Corpo de Bombeiros Militar.
A localização do ponto comercial é uma decisão relevante para uma clínica
de cuidados para das mãos e pés. Especialistas do varejo afirmam que 25% do
sucesso de um empreendimento dependem exclusivamente da sua localização.
Para a estruturação de um spa ou clínica de cuidados para as mãos e pés,
estima-se ser necessária uma área mínima de 100 m2, com flexibilidade para
ampliação conforme o desenvolvimento do negócio. O ambiente pode ser
dividido em gabinetes individuais para atendimento, banheiros, recepção,
sala de espera e escritório (SEBRAE, [201-?]).

◼ Gabinetes individuais para atendimento: devem ter tamanho su-


ficiente para acomodar os equipamentos necessários a cada tipo de
serviço. Em geral, possuem uma área mínima de 5 m 2, separados por
divisórias de altura mínima de 2 m. Podem-se utilizar biombos para
dividir espaços maiores e criar áreas privativas para o atendimento
individual, dando privacidade e conforto aos clientes. A iluminação
do ambiente deve ser serena e agradável, proporcionando tranquilidade
tanto aos clientes quanto aos empregados. Da mesma forma, a cor das
paredes e do piso deve ser discreta. As salas devem ser arejadas e a
temperatura agradável. Se necessário, podem ser instalados aparelhos
condicionadores de ar.
◼ Banheiros: devem estar próximos às áreas de atendimento e serem em
número suficiente para o fluxo de pessoas que frequentam a clínica.
◼ Recepção: deve ter um balcão de atendimento com equipamentos de
informática, que possibilitem o cadastramento dos clientes e o controle
dos tratamentos. Pode contar com o serviço de caixa no mesmo local.
Deve ter telefone para atendimento e contatos diversos.
12 Spa das mãos e pés

◼ Sala de espera: os clientes que chegarem antes da hora marcada devem


ter um espaço agradável para aguardar o atendimento, com revistas à
disposição, TV ou música ambiente.
◼ Escritório: espaço que o empreendedor poderá utilizar para realizar o
controle e a gestão da empresa. Também pode ser um importante local
de encontro e reuniões com fornecedores.
◼ Estacionamento: é muito importante que haja um espaço próprio para
estacionamento ou convênio com estacionamentos próximos, oferecendo
comodidade aos clientes — isso pode ser um diferencial favorável ao
negócio.

O local de trabalho deve ser limpo e organizado. O piso, a parede e o teto


devem estar conservados e sem rachaduras, goteiras, infiltrações, mofos
e descascamentos. O piso deve ser de alta resistência e durabilidade, além
de fácil manutenção. Paredes pintadas com tinta acrílica lavável facilitam
a limpeza. Texturas e tintas especiais na fachada externa personalizam e
valorizam o ponto.
Sempre que possível, deve-se aproveitar a luz natural. No final do mês, a
economia da conta de luz compensa o investimento. Quanto à luz artificial,
a preferência é pelas lâmpadas fluorescentes. Devido ao trabalho realizado,
a iluminação deve ser ampla e abundante.
É muito importante lembrar que a decoração é um elemento fundamental
nesse segmento, pois é importante que os clientes se sintam bem acolhidos
em um ambiente agradável e relaxante. Profissionais qualificados (arquitetos,
engenheiros, decoradores) poderão ajudar a definir as alterações a serem
feitas no imóvel escolhido para funcionamento da clínica, orientando em
questões sobre ergometria, fluxo de operação, design dos móveis, iluminação,
ventilação etc.

No site do Sebrae, você encontra inúmeras ideias de negócio e o passo a passo de


como abrir e estruturar um negócio de interesse. Veja, no link a seguir, uma ideia de
clínica de cuidados para os pés.

https://goo.gl/ZqMx8k
Spa das mãos e pés 13

Estrutura tendência
A popularização dos termos “orgânico”, “consciência ecológica” e “susten-
tabilidade” já se faz também presente nas estruturas dos empreendimentos
mais modernos, principalmente no mercado internacional. Uma estrutura em
consonância com essas tendências alia espaços agradáveis e ecologicamente
corretos. Para tanto, a planta arquitetônica do empreendimento é desenvolvida
estrategicamente, buscando minimizar o impacto ambiental e, principalmente:

◼ maximizar a utilização da luz solar, reduzindo o consumo de energia;


◼ promover o acesso adequado e fácil às áreas do estabelecimento e
manter processos de reciclagem de materiais;
◼ facilitar uma possível expansão física do espaço, evitando obras des-
necessárias e uso excessivo de materiais de construção.

Nesse segmento, são poucas as clínicas que se preocupam com as pessoas com
deficiências físicas e pouca mobilidade. Um empreendimento adaptado às necessidades
desse público pode representar uma grande oportunidade de negócio. Para tanto,
devem ser instaladas rampas de acesso, elevadores especiais (no caso de clínicas com
mais de um andar) e instalações específicas de apoio no banheiro e vestiário.
14 Spa das mãos e pés

ALVES, B. da C. Como manter as mãos sempre jovens e bonitas. Les Nouvelles Esthétiques,
v. 13, n. 77, p. 54-58, fev. 2004.
BRASIL. Agência Nacional de vigilância Sanitária. Lei no 6.360, de 23 de setembro de 1976.
Dispõe sobre a vigilância sanitária a que ficam sujeitos os medicamentos, as drogas,
os insumos farmacêuticos e correlatos, cosméticos, saneantes e outros produtos, e
dá outras providências. Brasília, DF, 1976. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/
documents/33864/284972/lei_6360.pdf/5330c06d-1c17-4e1e-8d21-d7e3db4d3ce4>.
Acesso em: 06 ago. 2018.
BATISTUZZO, J. A. de O. Formulário médico farmacêutico. 3. ed. São Paulo: Pharmabooks,
2006.
BEGA, A. Tratado de podologia. São Paulo: Yendis, 2006.
BORELLI, S. As idades da pele: orientação e prevenção. São Paulo: Senac, 2004.
D’ANGELO, J. M. Estratégias de negócios para salões de beleza e spas. São Paulo: Cengage
Learning, 2010.
GOOSSENS, J. Beleza um conjunto em harmonia. São Paulo: Harbra, 2004.
HIGUCHI, C. T.; DIAS, L. C. V.; TENGUAN, R. H. Regulamentação de cosméticos orgânicos no
Brasil: apelo sustentável à pele. InterfacEHS (edição em português), v. 7, n. 1, p. 82-83, 2012.
INFINITY PHARMA. Alantoína: hidratante e queratolítico. 2017b. Disponível em: <https://
infinitypharma.com.br/uploads/insumos/pdf/a/alantoina.pdf>. Acesso em: 06 ago. 2018.
INFINITY PHARMA. Castanha da Índia pó/ext. seco: antivaricoso. 2017a. Disponível
em: <https://infinitypharma.com.br/uploads/insumos/pdf/c/castanha-da-india.pdf>.
Acesso em: 06 ago. 2018.
JARA, P. et al. The effect of resveratrol on cell viability in the Burkitt's lymphoma cell
line ramos. Molecules, v. 23, n. 14, p. 1-12, 2018.
KOGOS, L. Pés rachados. [2010]. Disponível em: <http:blog.bolsademulher.com/Ligiako-
gos/2010/11/22/pés-rachados/>. Acesso em: 16 maio 2011.
LIMA, R. B. Doenças de pele. [201-?]. Disponível em: <https://www.dermatologia.net/
cat-doencas-da-pele/psoriase/>. Acesso em: 06 ago. 2018.
MADELA, O. Rachaduras nos pés. [2009]. Disponível em: <http://www.uraonline.com.
br/beleza/beleza2009/rachadura-pes.html>. Acesso em: 03 mar. 2011.
MAPRIC. Salicilato de metila: (gautheria procumbens). [201-?]. Disponível em: <http://
www.mapric.com.br/anexos/Boletim524_02122011-16h14.pdf>. Acesso em: 06 ago. 2018.
MICHALUN, M. V.; DINARDO, J. C. Dicionário de ingredientes para cosmética e cuidados
da pele. Rio de Janeiro: Cengage Learning, 2016.
Spa das mãos e pés 15

NOGUEIRA, M. Hidratação o segredo para o tratamento das fissuras. [200-?]. Disponível


em: <http://www.shinsei.com.br/?p=1304>. Acesso em: 24 fev. 2011.
OLIVA, E. Pé diabético. [200-?]. Disponível em: <http://jornal100porcentovida.com.br/
blog/?p=174>. Acesso em: 18 maio 2011.
SCHALKA, S.; REIS, V. M. S. Fator de proteção solar: significado e controvérsias. Anais
Brasileiros de Dermatologia, v. 86, n. 3, p. 507-515, 2011.
SEBRAE. Ideias de negócio: clínica para cuidados com os pés. [201-?]. Disponível em:
<http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ideias/como-montar-uma-clinica-de-
-cuidados-para-os-pes,e0e87a51b9105410VgnVCM1000003b74010aRCRD>. Acesso
em: 06 ago. 2018.
SEBRAE. Os tipos de cosméticos orgânicos. [200-?]. Disponível em: <http://www.
sebrae.com.br/setor/cosmeticos/o-setor/producao/cosmeticos-naturais/bia-
1514/BIA_1514>. Acesso em: 30 out. 2013.
SPADOTO, M. Avaliação dos efeitos dos parabenos sobre organismos aquáticos e comparação
de sensibilidade de espécies. 112 fls. 2017. Tese (Doutorado em Ciências Engenharia Am-
biental)- Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.
YAMADA, D. A. S. et al. Discussão crítica da legislação orgânica aplicada aos produtos
cosméticos sustentáveis e investigação científica na prática do consumo. InterfacEHS
(edição em português), v. 8, n. 3, p. 3-18, 2013.

Leituras recomendadas
BATEMAN, T. S. Administração. Ed. 2. p. 408. 2012. Série A.
TANK, P. W.; GEST, T. R. Atlas de anatomia humana. Porto Alegre: Artmed, 2010.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da lnstitui9ao, voce encontra a obra na fntegra.
Conteudo:

[ill]
7illI8J
SOLUt;OES
EDUCACIONAIS
INTEGRADAS
Dica do professor
A manutenção do cuidado das mãos e dos pés deve ser estendida diariamente, em casa. Portanto, é
fundamental que o profissional oriente o cliente, por meio de dicas gerais, para protegê-los.

Nesta Dica do Professor, conheça essas orientações.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Na prática
O profissional da área de estética deve estar sempre atento à reação do cliente, durante a aplicação
do procedimento estético.

Neste Na Prática, acompanhe uma situação que aconteceu com a estudante Karina. Durante seu
período de estágio em um salão, foi repreendida por uma cliente.

Confira.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Spa das mãos


A seguir, veja um passo a passo dos cuidados que devem ser feitos no spa das mãos.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Como fazer spa nos pés


Assista ao vídeo indicado e confira um passo a passo dos cuidados aplicados no spa dos pés.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Mãos e pés: cuidados para ressecamento e tratamento de


hidratação profunda
No link a seguir, veja algumas dicas e cuidados para evitar o ressecamento, bem como para realizar
tratamento de hidratação para regiões das mãos e pés.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
História e Conceito da depilação e
epilação

Apresentação
A cultura brasileira favorece a procura, especialmente pelas mulheres, das mais diversas formas de
livrar-se dos pelos, seja arrancando-os, cortando-os ou eliminando-os definitivamente. Com a
evolução da cosmetologia e dos equipamentos, o desafio é escolher a forma com a qual você vai se
livrar dos pelos em locais indesejados, pois opções não faltam .

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender as diferenças entre as técnicas de depilação e
de epilação, e como elas surgiram. Além disso, vai compreender como deve ser o ambiente e os
cuidados que devem ser tomados durante a prática de ambas as técnicas.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Descrever a história da depilação e da epilação.


• Conceituar as técnicas de depilação e de epilação.
• Identificar as condições do ambiente para a prática da depilação e da epilação.
Infográfico
Você pode remover os pelos corporais de várias formas diferentes, aparando-os rente à superfície
da pele, arrancando-os desde a raiz ou, ainda, destruindo o folículo piloso e eliminando o pelo
definitivamente. Você saberia dizer qual dessas opções é considerada epilação ou depilação?

Veja, neste Infográfico, a diferença principal entre epilar e depilar. Veja também exemplos e a
durabilidade média para cada procedimento.
-
EPILA AO X DEPILA AO
-

. .

• ARarelhos com lamina, cremes


deRilat6rios, aguinas de corta
cabelos e Relos (sobrancellias,
RO exemRIO).

• Efeito de dois a cinco dias,


deRendendo da dur_abi!idade
e da velocidade de crescimento
dos Relos.

-
ME TODOS DE REMO AO DE PELOS
-

•••• •

Conteúdo do livro
Livrar-se dos pelos e sentir o prazer de uma pele lisinha. Esse é o desejo de muitas pessoas,
especialmente das mulheres. Entrar nesse nicho do mercado é uma grande oportunidade de
incrementar a renda de um profissional da área.

No capítulo História e conceito da depilação e epilação, do livro Habilidades e técnicas de depilação e


epilação, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você verá como surgiram os primeiros
métodos de remoção de pelos, sua evolução, as diferenças conceituais entre depilação e epilação e
quais as técnicas mais utilizadas atualmente. Além disso, você descobrirá como organizar
o ambiente de forma ideal para receber o seu cliente e prestar um serviço epilatório de altíssima
qualidade.

Boa leitura.
HABILIDADES E
TÉCNICAS DE
DEPILAÇÃO E
EPILAÇÃO

Tatiele Katzer
História e conceito da
depilação e epilação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

■ Descrever a história da depilação e epilação.


■ Conceituar as técnicas de depilação e epilação.
■ Identificar as condições do ambiente para a prática da depilação e
epilação.

Introdução
Neste capítulo, você vai estudar sobre as técnicas de epilação e depilação,
sua história e evolução, as diferenças entre os procedimentos e como
você deve organizar seu espaço para trabalhar na área. Embora vivamos
em um momento no qual se busca liberdade para ser diverso, no Brasil é
praticamente consenso entre as mulheres que um corpo livre de pelos,
especialmente nas pernas, axilas, virilha e face, é mais apreciável do que
um corpo com eles.
A pele sem pelos, lisinha, recebe melhor a maquiagem facial, pro-
porciona efeito mais elegante às pernas e facilita a vida de quem quer
colocar uma blusa sem mangas ou vestir um biquíni para ir à praia ou à
piscina. Além disso, é importante destacarmos a questão higiênica, que
fica favorecida na pele glabra, ou seja, sem pelos. Embora a epilação e
depilação sejam práticas menos comuns aos homens, muitos deles são
também adeptos da remoção de pelos.
Novos tipos de cera, pinças com pontas diferentes, aparelhos com
lâminas duplas, triplas ou com ativos calmantes, remoção de pelos com
linha ou mola, tecnologia de ponta, como o laser e a luz intensa pulsada,
fazem parte do arsenal do profissional depilador. Você poderá escolher,
ao final deste capítulo, com qual desses recursos pretende trabalhar.
2 História e conceito da depilação e epilação

História da depilação e epilação


A depilação e a epilação não são técnicas novas. Já no Antigo Egito, na época
de Cleópatra, os pelos eram removidos utilizando produtos naturais, como
o extrato de sândalo, a argila e o mel de abelha, os quais confeccionavam
uma mistura aderente à pele e proporcionavam a remoção dos pelos (FEIJO;
TAFURI, 2012).
Na Antiga Grécia, os pelos eram removidos com o auxílio de uma mistura
de cinza quente, argila e derivados vegetais, a qual era aplicada sobre a pele
e removida com uma vareta, conhecida como estrigil. Devido à tração feita
nos pelos e ao calor das cinzas, as clientes da época precisavam beber algo
para aliviar a dor causada pelo procedimento.
As muçulmanas, que devido a sua origem apresentam pelos mais escuros e
por isso visíveis, são adeptas de longa data dos métodos epilatórios. Conta-se
que usavam uma mistura de água, açúcar e sumo do limão para remover os
pelos, uma composição que lembra muito as ceras de açúcar industrializadas
e utilizadas atualmente.
Certamente, se pudéssemos ter acesso a registros confiáveis da história,
conseguiríamos identificar as formas mais primitivas que foram usadas para
eliminar os pelos da superfície da pele. No Brasil, parece que, quando os
portugueses chegaram, escreveram para Portugal contando que os habitantes
daqui não tinham pelos no corpo, sendo que, na verdade, os índios tinham
o hábito de se depilar, provavelmente para facilitar as pinturas corporais.
Imagine como seria fazer todas as pinturas e desenhos dos rituais indígenas
em uma pele cheia de pelos?
Além das misturas de ingredientes para obter o que hoje chamamos de
cera, métodos físicos para quebra ou corte dos pelos também estão descritos
em sites e blogs que trazem um pouquinho da história da depilação e epilação.
Índios podem ter usado a espinha do peixe-lixa para, por meio da fricção,
remover os pelos. Navalhas, como a que você pode ver na Figura 1, eram (e
na verdade ainda são, principalmente com o boom das barbearias) utilizadas
para cortar os pelos rente à pele, muitas vezes machucando-a. Visando a evitar
esse problema, foram desenvolvidos aparelhos de depilação com lâminas na
forma de T, também chamados de gilete devido ao nome da primeira marca
que os lançou no mercado em meados de 1903. Inicialmente, as lâminas eram
reutilizáveis, pois podiam ser afiadas. Em seguida, as lâminas passaram a
ser descartáveis e, nos dias atuais, temos os aparelhos de plástico totalmente
descartáveis.
História e conceito da depilação e epilação 3

Hoje é possível encontrar inúmeras opções para remover os pelos em casa


e nos estabelecimentos estéticos ou salões de beleza. Os campeões para uso
domiciliar são os aparelhos descartáveis com lâminas e os cremes depilatórios.
Com relação aos aparelhos, existem os que tracionam os pelos por meio de uma
engrenagem rotativa que arranca os pelos que ficam presos nela. A epilação
com cera, por sua vez, embora possa ser feita em casa, torna-se mais prática
quando é possível contar com a ajuda de um depilador.
Nos salões de beleza, os procedimentos de epilação mais comuns são
a epilação com linha, também conhecida como egípcia, e a epilação com
cera quente. Nos estabelecimentos estéticos e médicos, o procedimento mais
realizado para remoção duradoura e até definitiva dos pelos é a fotoepilação,
seja com laser ou luz intensa pulsada.

Figura 1. Utensílios para depilação e epilação: da navalha, na Antiguidade, aos epiladores


elétricos com engrenagem rotativa na modernidade.
Fonte: Nyvlt-art/Shutterstock.com; Nataly Studio/Shutterstock.com.

Ceras para epilação: das receitas caseiras


à indústria cosmética
Se você já se submeteu a um processo de epilação com cera em algum estabe-
lecimento comercial, sabe se a cera utilizada para o procedimento era feita em
casa ou industrializada? Essa não deveria ser uma opção. Aliás, legalmente
não é. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2009), agência
reguladora vinculada ao Ministério da Saúde e que tem, dentre outras funções,
a de regulamentar os cosméticos no Brasil, informa que as ceras para epilação
devem ter registro, ou seja, é proibido o uso de ceras caseiras. Além disso, no
documento Referência técnica para o funcionamento dos serviços de estética
4 História e conceito da depilação e epilação

e embelezamento sem responsabilidade médica, publicado em 2009, a Anvisa


orienta que as ceras para epilação sejam fracionadas em porções suficientes
para cada cliente, sendo vetada a reutilização de sobras. Isso é importante para
que sejam evitadas contaminações microbiológicas entre pacientes.

A epilação com cera feita em casa é uma prática comum que, além de poder gerar um
resultado final insatisfatório em razão da limitação de movimento para a execução da
técnica, oferece riscos à saúde da sua pele. Ao realizar a epilação sem a devida formação
profissional, você vai ficar à mercê de vários erros que poderão gerar consequências
desagradáveis e duradouras como, por exemplo:
■ queimaduras de pele caso a temperatura da cera exceda o suportável (38–42°C);
■ hipercromias (manchas escuras) ou hipocromias (manchas claras) nas regiões onde
a cera for aplicada com temperatura muito alta;
■ hematomas, que são lesões arroxeadas causadas pelo extravasamento de sangue
do interior para fora dos vasos sanguíneos e que ocorrem devido à remoção da
cera de forma inadequada, sem esticar a pele e puxando lentamente;
■ dermatites, ou seja, inflamação na pele devido à aplicação de cera no mesmo
local repetidas vezes.

Epilação e depilação: qual a diferença?


Ao ver a palavra epilação pela primeira vez, pode parecer que quem a escre-
veu esqueceu o d inicial. No entanto, há, de fato, diferença entre epilação e
depilação. Embora os dicionários descrevam ambas as palavras como sendo a
extração de pelos e cabelos (MICHAELIS, 2018), a definição aceita no campo
da estética e cosmetologia é que epilação é a remoção dos pelos a partir da raiz
e que depilação é a remoção da parte do pelo (haste pilosa) visível.
São exemplos de métodos epilatórios para a remoção dos pelos:

■ cera, independentemente do tipo;


■ pinça;
■ linha (epilação egípcia);
■ aparelhos elétricos que tracionam os pelos;
■ laser e luz intensa pulsada.
História e conceito da depilação e epilação 5

São exemplos de métodos depilatórios:

■ aparelhos com lâminas;


■ navalha;
■ equipamentos elétricos para raspagem dos pelos;
■ cremes depilatórios.

Cada método apresenta suas vantagens e desvantagens, sendo uma questão


crucial a durabilidade do efeito “pele lisa”, sem pelos. Na Figura 2, você pode
perceber que a durabilidade está diretamente relacionada ao mecanismo pelo
qual o pelo é removido. Por exemplo, raspar os pelos ou usar cremes depila-
tórios dará de 1 a 4 dias de pele sem pelos, pois apenas a parte que fica além
da superfície da pele é removida. Já na epilação com cera, pinça ou epilador
elétrico, o pelo é inteiramente removido, à exceção das estruturas responsá-
veis pelo recomeço de um ciclo de crescimento, o que permite que esse pelo
renasça entre 15 e 30 dias. A fotoepilação com laser ou luz intensa pulsada,
por sua vez, destruirá as estruturas fundamentais e proporcionará um efeito
definitivo na remoção dos pelos.

Depilação com lâmina ou creme


1 a 4 dias

Epilação ou uso de cera


1 a 3 semanas

Laser

Figura 2. Método de epilação e depilação e durabilidade do efeito “pele lisa”.


Fonte: Adaptada de gritsalak karalak/Shutterstock.com.
6 História e conceito da depilação e epilação

Riscos e benefícios dos métodos depilatórios


e epilatórios
Todos os métodos depilatórios (cremes, aparelhos com lâmina e máquinas
para aparar os pelos) apresentam como vantagem a praticidade e a ausência de
dor, uma vez que não tracionam os pelos. Por outro lado, por apenas cortarem
— mecânica ou quimicamente — os pelos rentes à superfície cutânea, uma
desvantagem desses métodos é a curta durabilidade do efeito “pele lisa”, em
torno de 2 a 5 dias a depender da velocidade de crescimento dos pelos de cada
pessoa. Com relação aos equipamentos elétricos para aparar os pelos, a des-
vantagem é o investimento inicial que precisa ser feito. No caso dos aparelhos
com lâmina, o risco de cortes e de contaminação caso sejam compartilhados
é grande. Os cremes depilatórios, por sua vez, são compostos por uma base
cremosa com pH alcalino e, por isso, são possíveis irritantes cutâneos. Além
disso, não devem ser usados nas pálpebras nem na região íntima e, devido ao
risco de causarem irritações na pele, deve ser realizada uma prova de toque
antes de serem aplicados sobre uma área de pele maior.

Cremes depilatórios podem causar queimaduras químicas na sua pele


Os cremes depilatórios são para uso domiciliar. Desse modo, você não os usará na sua
prática como epilador. No entanto, é importante saber como funcionam e o que podem
causar na pele dos seus clientes. Sua aplicação é muito simples: aplicar diretamente
sobre a região onde se quer remover os pelos, deixar agir de 3 a 5 minutos, remover
com uma espátula ou esponja e, por fim, enxaguar abundantemente.
Os compostos responsáveis pela quebra dos pelos rente à superfície da pele são
substâncias alcalinas, como o ácido tioglicólico e seus sais (por exemplo, tioglicolato de
sódio ou potássio) e o hidróxido de sódio ou potássio. Essas substâncias desnaturam
a queratina, proteína que compõe os pelos, levando-os à quebra.
Uma vez que o pH alcalino (usualmente entre 11 e 12,7) nesses produtos é muito
diferente do pH da pele (pH de aproximadamente 5 a 5,5), é possível que, mesmo o
produto ficando aplicado sobre a pele apenas durante o tempo indicado no rótulo
(normalmente de 3 a 5 minutos), ocorram reações inflamatórias no local, com sintomas
como coceira, vermelhidão, ardência, formação de bolhas e descamação.
A Anvisa obriga os fabricantes de cosméticos a incluírem no rótulo dos produtos
depilatórios os seguintes dizeres: Evitar contato com os olhos e Manter fora do alcance
das crianças (BRASIL, 2015). Além disso, antes de ser usado efetivamente, o produto
deve ser testado em uma pequena área da pele — a chamada prova de toque. Você
História e conceito da depilação e epilação 7

o aplica no dorso da mão, por exemplo, deixa o tempo indicado no rótulo, remove-o
conforme indicado (com água e uma toalha ou esponja macia) e observa os efeitos
na pele por 24 horas. Se não ocorrem as reações de irritação de pele aqui descritas,
você pode usar o produto com segurança. Essa prova de toque deve ser feita cada
vez que se deseja aplicar o produto.

O que é alcalinidade?
Para entender o que é alcalinidade, é preciso saber o que é pH, uma sigla para as
palavras potencial de hidrogênio iônico ou potencial hidrogeniônico. O pH é apresentado
por meio de uma escala logarítmica que mede o grau de acidez, neutralidade ou
alcalinidade de soluções aquosas.
Nessa escala, 7 representa o ponto de neutralidade, ou seja, igual quantidade de
íons de hidrogênio (H+) e hidroxila (OH-) em uma dada solução. Valores acima de 7
são considerados alcalinos (maior quantidade de íons OH-) e abaixo de 7, ácidos (maior
quantidade de íons H+).
Nossa pele é levemente ácida, e todos os produtos que tiverem pH muito diferente
do dela podem causar irritações. Por isso é tão importante executar provas de toque
antes de usar um creme depilatório.
Entenda melhor o conceito de pH assistindo ao vídeo a seguir.

https://goo.gl/KOd65y

Com relação aos métodos epilatórios, uma desvantagem é a dor devido à


tração. Algumas pessoas pensam que os métodos de tração dos pelos podem
causar flacidez ou envelhecimento da pele. No entanto, não há, na literatura
acessada para compor este material, qualquer informação que corrobore com
esse conceito. Dessa forma, os métodos epilatórios não podem ser pensados
como estratégias que envelhecem ou rejuvenescem. A principal vantagem
desses métodos (à exceção da fotoepilação) é o tempo de duração do efeito
do procedimento — em torno de 15 a 30 dias a depender da velocidade de
crescimento dos pelos de cada indivíduo.
O epilador elétrico, que você conheceu na Figura 1, é um item prático para
a remoção de pelos. Necessita de investimento inicial para aquisição, mas não
tem custo de manutenção. É recarregado com o uso de energia elétrica e pode
ser usado por minutos ou até horas sem necessidade de nova recarga. Existem
8 História e conceito da depilação e epilação

várias marcas disponíveis no mercado, com design diversificados para facilitar


o contato dos pelos com os discos da engrenagem rotativa, proporcionando
seu arrancamento. Apesar de os fabricantes o indicarem para a epilação de
todas as áreas corporais, é mais adequado para áreas com pele firme, como
pernas, axilas, abdome, peito e braços. A epilação íntima não é recomendada
pela possibilidade de o usuário se machucar, e os pelos faciais nas mulheres,
por normalmente serem mais finos, podem não ser epilados efetivamente
com esses aparelhos. Os epiladores elétricos são restritos ao uso domiciliar e
pessoal, pois não é possível limpá-los nem higienizá-los de forma a ficarem
totalmente livres de microrganismos.
As pinças são itens fundamentais tanto para uso pessoal, em casa, quanto
para uso profissional. Apresentam como vantagem o baixo custo e o fácil
manuseio. São indicadas para áreas menores, como sobrancelhas, bem como
para a remoção de pelos remanescentes em áreas epiladas com outras técnicas.
É muito importante esticar, com a mão que não estiver segurando a pinça, a
pele na região a ser trabalhada, evitando puxões na pele e doloridos beliscões.
Além disso, os pelos devem ser retirados no sentido do seu crescimento a fim
de evitar quebrá-los ao invés de arrancá-los.
Existem vários tipos de pinças, mas as principais variações estão no material
e no tipo de ponta. Pinças de ponta reta e chanfrada são as mais usadas. Uma
pinça só poderá ser reutilizada em outro cliente se for higienizada e esterilizada
seguindo normas rígidas de biossegurança. O material que melhor suporta
repetidas higienizações e esterilizações é o aço inox. Se você não possui a
autoclave para esterilização, é melhor comprar pinças descartáveis, mais
baratas, e usar uma por cliente.
A epilação com linha, também conhecida como epilação egípcia, é realizada
com linha 100% poliéster. Variações no tipo de linha e, consequentemente, na
sua espessura e resistência favorecem o procedimento sem que a linha arrebente
com facilidade. O pedaço de linha a ser utilizado durante a epilação deve ser
higienizado com uma solução de álcool a 70% e deve ser descartado ao final
do procedimento. A desvantagem dessa técnica é a necessidade de habilidade
com as mãos para executá-la, bem como a dor durante o procedimento. Dentre
as vantagens para o profissional está o baixo custo e a agilidade com que a
epilação pode ser feita se o profissional tiver a habilidade bem desenvolvida.
A epilação com cera quente é o procedimento mais procurado nos estabe-
lecimentos de beleza para remoção temporária dos pelos. Embora a cera fria
ainda exista, é pouco usada devido às dificuldades que apresenta no manuseio,
como pegajosidade e, consequentemente, dificuldade de aplicação. Existem
diferentes tipos de cera quente:
História e conceito da depilação e epilação 9

■ Cera à base de xarope de açúcar: é aplicada sobre a pele com auxílio


de um palito descartável (palitos de picolé, mais finos, ou os abaixado-
res de língua, mais largos e longos). Para sua remoção é necessária a
aplicação de uma banda de falso tecido ou TNT, que será retirada em
um rápido puxão, removendo da superfície da pele a cera e os pelos.
É o método mais versátil para epilação corporal e facial, pois pode ser
aplicado em pequenas e grandes áreas.
■ Cera do método espanhol: é aplicada sobre a pele com auxílio de um
palito descartável. Sua remoção é feita sem o auxílio de qualquer outro
item, pois a cera, ao esfriar rapidamente, endurece e pode ser removida
sozinha. É o método mais indicado para epilação de pequenas áreas,
como face, axilas e virilha. Para a epilação de peito, costas, braços e
pernas, por exemplo, esse método é limitado, pois não é possível fazer
aplicação de cera em grandes extensões de pele a cada aplicação.
■ Cera roll-on: a epilação com cera roll-on é muito rápida e prática e, por
isso, é a escolhida de muitas pessoas para uso domiciliar e profissional.
O aquecimento não é feito em termocera, mas em aquecedores com
dimensões específicas para os refis de cera (o tamanho é padrão, sendo
possível adquirir o aquecedor e comprar a cera de marcas variadas). Há
aquecedores individuais ou suportes para dois até três refis. Apesar de
existirem refis de cera roll-on menores e com ponteira estreita, eles não
são muito comuns. Por isso, esse método é indicado para a epilação de
regiões corporais com pele firme e lisa (pernas, peito, costas, braços),
para evitar puxões desagradáveis. A aplicação é feita deslizando o roll-on
sobre a pele no sentido do crescimento dos pelos. Aplica-se sobre a cera
uma banda de falso tecido, esfrega-se a mão sobre ela para proporcionar
contato entre banda e cera e, em um puxão rápido no sentido contrário
ao da aplicação da cera, removem-se cera e pelos. Outra alternativa é
aplicar o roll-on no falso tecido e aplicar a banda sobre a região a ser
epilada. Nesse caso, a banda não pode ser reutilizada e o roll-on não
será contaminado, podendo ser usado em mais de um cliente. O roll-on
deve ser de uso exclusivo do cliente ou descartável.

Para aquecimento da cera à base de xarope de açúcar e da cera do método


espanhol, é fundamental o uso de uma termocera, também chamada de pa-
nela para cera (Figura 3). Existem vários modelos no mercado, com variação
na graduação de aquecimento (níveis), na cor, no material, no tamanho, na
resistência. Para facilitar o aquecimento de uma porção por cliente, você pode
utilizar os plásticos termorresistentes. Eles são vendidos em lojas de produtos
10 História e conceito da depilação e epilação

cosméticos para profissional e devem ser colocados dentro da termocera para,


só então, a quantidade de cera necessária para a epilação ser aquecida. Dessa
forma, mantém-se a biossegurança do procedimento.

Figura 3. Panela para cera.


Fonte: Liliia Mykhalevych/Shutterstock.com.

É muito importante que você avalie a temperatura da cera antes de aplicá-la na pele
de seu cliente. A fluidez da cera dará a você uma noção da temperatura: se estiver
muito líquida, é porque está muito quente; se estiver muito pastosa, é porque precisa
de mais aquecimento. Quando a cera estiver no ponto, com textura de mel, você
deve testar a sua temperatura em uma pequena região da sua pele, como o pulso,
por exemplo. Só depois de ter certeza que a temperatura não está muito alta, você
pode utilizá-la no cliente.

Independentemente do tipo de cera a ser utilizada, é importante que a pele


da região a ser epilada esteja limpa e seca. Sendo assim, é fundamental que
você tenha lenços umedecidos ou uma solução higienizante. Se optar pelos
História e conceito da depilação e epilação 11

lenços, eles são suficientes, pois já vêm impregnados de uma solução para
limpeza suave. Se optar pelas soluções higienizantes pré-epilatórias, você
precisará de algodão ou gaze para a aplicação. Essa etapa pré-epilatória é
fundamental, pois, se o cliente estiver com algum produto aplicado sobre a
pele, isso poderá dificultar a adesão da cera.
Para que a pele fique seca, você pode usar uma toalha de papel descartável,
a mesma que usa para secar suas mãos após higienizá-las, ou pode polvilhar
sobre a superfície da pele talco. O talco deve ser neutro, o mais simples possível,
preferencialmente sem muita fragrância, pois os gostos são variados quando
se trata de olfato. O talco é absorvente e removerá da pele a umidade residual.
Além disso, ele não obstrui poros e folículo.
A fotoepilação é a forma mais eficaz para a remoção dos pelos de forma
gradativa e definitiva (Figura 4). Os dois principais métodos de fotoepilação são
o laser e a luz intensa pulsada. Ambos apresentam como vantagem a redução
dos pelos nas áreas epiladas e, se bem aplicados, a eliminação é permanente.
Existem vários sistemas de laser que já foram estudados e que demonstram
efetividade na fotoepilação, entre eles o laser de diodo (810 nm), de ruby (695
nm), alexandrite (755 nm) e Nd:YAG (1064 nm).

Figura 4. Remoção de pelos com laser.


Fonte: Adaptada de charless/Shutterstock.com.

A fotoepilação baseia-se no princípio da fototermólise seletiva, ou seja,


destruição térmica seletiva de um alvo específico (nesse caso, as células
responsáveis pelo crescimento dos pelos), preservando as células e os tecidos
adjacentes. Para que você compreenda melhor, a fototermólise acontece a
partir da absorção da energia do laser ou luz intensa pulsada por uma molécula
específica que dá cor aos pelos — a melanina. Ela atua como cromóforo nos
12 História e conceito da depilação e epilação

folículos pilosos e pelos, conduzindo a energia absorvida, na forma de calor,


para as porções vitais do folículo piloso, destruindo-as. Pelos brancos não
possuem mais melanina, e pelos loiros e ruivos possuem menos, por isso a
fotoepilação não é possível em pelos com essas características.
É necessário múltiplas sessões para a obtenção de resultados satisfatórios, usu-
almente entre três e oito para a redução de 70 a 90% dos pelos. Quanto maior o
contraste entre pelo e pele, maior a efetividade, sendo a situação ideal pelos escuros
e grossos e pele clara. Além disso, a programação do equipamento é fundamental,
uma vez que uma fluência (densidade energética utilizada para causar destruição
térmica) abaixo do ideal pode levar ao afinamento dos pelos, e não à sua eliminação.
Por outro lado, a fluência acima do ideal pode levar a efeitos colaterais importantes.
São desvantagens da fotoepilação a dor ou o desconforto durante o proce-
dimento e alguns efeitos que surgem imediatamente depois da sessão, como
vermelhidão (causada pelo aumento da temperatura local e consequente aumento
do fluxo sanguíneo e pela inflamação local que é iniciada) e prurido (pode surgir
coceira nas primeiras horas pós-fotoepilação). Se houver falha na avaliação da pele
e/ou nos parâmetros escolhidos no equipamento, podem ocorrer queimaduras (caso
a pele esteja bronzeada ou os parâmetros do equipamento sejam programados de
forma inadequada), manchas escuras (hipercromias), manchas claras (hipocrô-
micas ou acrômicas), formação de bolhas e cicatrizes elevadas (hipertróficas).
Para garantir a segurança ocular do profissional e do cliente, óculos de proteção
específicos devem ser usados durante todo o procedimento (Figura 5).

Figura 5. Óculos de proteção.


Fonte: BLACKDAY/Shutterstock.com.
História e conceito da depilação e epilação 13

A fotoepilação realizada com os equipamentos a laser ou luz intensa pulsada são


formas de remoção gradativa, duradoura e, em alguns casos, até definitiva dos pelos.
No entanto, nem todas as pessoas podem ser tratadas com esses recursos, pois para
todo procedimento estético, dermatológico, existem contraindicações. Nesse caso,
algumas delas são:
■ peles escuras;
■ peles bronzeadas;
■ doenças de pele no local a ser epilado;
■ tatuagem no local a ser epilado;
■ alteração na sensibilidade térmica;
■ pelos brancos, loiros e ruivos.

O ambiente ideal
O ambiente no qual você atuará como epilador deve ser cuidadosamente
pensado e projetado para que seus clientes se sintam seguros e confortáveis
e você tenha praticidade durante seu trabalho. Antes de qualquer coisa, é
fundamental que seja uma área separada do resto do estabelecimento por meio
de porta com chave, para que não aconteça a desagradável situação de alguém
entrar desavisadamente, atrapalhando o seu atendimento e constrangendo o
cliente. Estruturalmente, o chão deve ser liso e lavável, e as paredes devem ser
rebocadas, lisas, laváveis e, sugere-se, com cores claras para denotar a limpeza.
A iluminação deve ser boa e preferencialmente feita com luzes brancas, pois
isso facilitará a visualização dos pelos remanescentes durante o seu trabalho.
A sala para a prática da epilação deve comportar o mobiliário descrito a
seguir.

Maca. Deve ter altura regulável para que sua posição de trabalho seja ergo-
nômica, ou seja, favoreça uma postura corporal adequada durante o trabalho
(nem muito alta nem muito baixa para a sua estatura). Seu material deve ser
liso e lavável, para que seja possível higienizá-la antes e após cada atendi-
mento. Se você tiver espaço na sua sala, dê preferência a uma maca larga,
pois assim seus pacientes vão ficar mais confortáveis nela, até mesmo os de
maior estatura. Fique atento ao peso que a maca suporta, as mais resistentes
são mais interessantes, pois não vão limitar o seu trabalho. A maca não deve
14 História e conceito da depilação e epilação

estar encostada em paredes para que haja possibilidade de circulação por


todos os seus lados.

Pia. Deve ser usada para a lavagem das mãos antes e depois da realização do
procedimento e deve ter torneira que possa ser aberta sem que você precise
usar as mãos para isso (existem as opções com acionamento com pedal, as
com sensores de movimento e as com comando que possa ser aberto com
toques de cotovelo e antebraço, por exemplo).

Mesa auxiliar. Deve ser feita de material higienizável e ter, preferencialmente,


de 3 ou 4 andares, para que você apoie seus itens fundamentais para a prática
da epilação, como a termocera (equipamento profissional para aquecimento
da cera), os palitos para manuseio da cera, a banda (tecido específico para
remoção de alguns tipos de cera quente), a pinça, os lenços umedecidos, o
talco, o higienizante, o cosmético calmante, o filtro solar, entre outros. Essa
“mesa-carrinho” deve ser móvel, para permitir que você mude sua posição
conforme a necessidade durante o procedimento de epilação.

Recipientes para organização. Ambientes organizados vão inspirar mais


confiança aos seus clientes. Compre potes ou caixas organizadoras para que
os itens menores utilizados na prática da epilação sejam armazenados. Esses
recipientes devem ter tampas para não ficarem expostos à poeira no ambiente.

Porta papel-toalha descartável. É proibido o uso de toalha de pano, pois são


altamente anti-higiênicas para um ambiente profissional.

Dispensador de sabonete líquido. Pode ser aqueles de prender na parede ou


saboneteira com válvula de apertar, pois sabonete em barra também é proibido.

Escadinha de dois degraus. Usada para que os clientes consigam subir com
mais facilidade na maca. É importante que ela seja resistente e estável. As
metálicas com superfície antiderrapante são excelente opção.

Lixeiras. É preciso ter pelo menos duas lixeiras com pedal: uma para des-
carte do lixo comum (saco de lixo descartável preto) e outra para descarte de
material contaminado (saco de lixo descartável branco). É considerado lixo
comum a toalha de papel utilizada para secar as mãos, as embalagens e os
envoltórios de papel ou plásticos, além de todo o resíduo de produto que não
esteja contaminado por ter entrado em contato com o cliente. É considerado
História e conceito da depilação e epilação 15

lixo contaminado a cera utilizada durante o processo e todos os acessórios


descartáveis que forem utilizados junto, como os palitos e as bandas.

Suporte. Cabideiro ou banqueta para apoio dos itens pessoais do cliente.

Ar-condicionado. Usado para climatização do ambiente, lembrando que é


normal os clientes sentirem mais frio, pois estão parados e, dependendo da
área a ser epilada, estarão parcialmente despidos.
Além desses itens, é interessante, embora não seja extremamente necessário,
ter um armário em que você possa armazenar alguns produtos para reposição,
como cera, palito, soluções de higienização, lenços umedecidos, entre outros.
Se você formar uma carta de clientes que procura bastante epilação facial,
especialmente de sobrancelhas, a aquisição de uma lupa com tripé e iluminação
é importante, pois lhe permitirá ver com mais precisão os pelos finos e que
precisam ser tirados na epilação.
Lembre-se de que, além da estrutura física e da mobília, o ambiente da
sua sala de epilação precisa estar com aroma agradável e ter uma música
ambiente. Nada de cheiro de cigarro, comida ou cafezinho dentro da sala de
epilação. Café, apesar de delicioso, combina com a recepção, e não com a
sala de procedimento. Com relação à música, hoje em dia existem seleções
musicais prontinhas na internet, bastando salvá-las no seu computador para
não precisar mais se preocupar com isso. O que não combina com um ambiente
profissional é propaganda de rádio e volume muito alto.

1. As técnicas de remoção dos c) A depilação com cremes pode


pelos podem ser divididas em ser utilizada para pelos faciais,
epilação e depilação. Uma das mas nunca para os corporais.
técnicas depilatórias é o uso de d) A depilação com cremes pode
cremes. Sobre esses produtos, ser utilizada para a remoção dos
assinale a alternativa correta. pelos na região das sobrancelhas,
a) A depilação com cremes inclusive aqueles que estiverem
é indicada para qualquer em excesso nas pálpebras.
região corporal. e) A depilação com cremes pode
b) A depilação com cremes deve ser realizada na região da
ser realizada apenas após a virilha, desde que o usuário
execução da prova de toque. faça a prova de toque antes.
16 História e conceito da depilação e epilação

2. Assinale a opção correta a) A sala deve ser climatizada,


sobre a fotoepilação. devendo permanecer abertas
a) O mecanismo de ação da as janelas em dias de calor.
fotoepilação está baseado b) A sala de epilação deve
na fototermólise seletiva, ou conter uma maca de
seja, destrói o folículo piloso superfície lisa e lavável.
e o tecido adjacente. c) O piso da sala, para maior
b) A melanina é o cromóforo para conforto das clientes, pode
a fototermólise seletiva nos ser carpete a fim de evitar
processos de fotoepilação. que elas pisem no chão frio.
c) A melanina da pele também d) A maca para a sala de
deve absorver a energia luminosa depilação deve ser branca,
durante a fotoepilação para que para que os clientes
o procedimento seja efetivo. percebam que está limpa.
d) Quanto menos melanina houver e) A maca deverá estar posicionada
na pele e mais melanina houver na sala de epilação afastada
no pelo, menor é a chance das paredes, para permitir
da fotoepilação ser efetiva. circulação ao seu redor e facilitar
e) Quanto mais espessos e o processo de epilação.
pigmentados forem os 5. Sobre os itens necessários
pelos, maior será o número para a prática da epilação,
de sessões necessárias para marque a alternativa correta.
eliminá-los por fotoepilação. a) A depiladora deve usar apenas
3. Assinale a alternativa que traz uma pinças descartáveis para
vantagem da epilação com linha. a remoção de pelos esparsos ao
a) É adequada para a epilação final de uma epilação com cera.
dos pelos da barba. b) As ceras quentes à base de
b) É adequada para epilação do açúcar podem ser feitas
contorno das sobrancelhas. artesanalmente, desde que
c) É adequada para epilação sejam utilizados utensílios
facial, pois estimula o específicos para isso.
rejuvenescimento da pele. c) As ceras devem ser fracionadas
d) É adequada para epilação íntima. em porções suficientes para cada
e) É adequada para a epilação cliente, evitando contaminações.
dos pelos das pernas. d) O uso da cera em roll-on
4. O ambiente para a prática evita a contaminação que
da epilação deve ser limpo poderia acontecer com a
e organizado a fim de que o cera quente de termocera.
cliente se sinta à vontade e e) A reutilização de cera entre
seguro. Sobre a sala de epilação, clientes é permitida, desde
aponte a alternativa correta. que eles não apresentem
lesões visíveis na pele.
História e conceito da depilação e epilação 17

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA. Referência técnica para o


funcionamento dos serviços de estética e embelezamento sem responsabilidade médica.
Brasília: NADAV/DIMCB/ANVISA, 2009. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/
documents/33856/2054354/Refer%C3%AAncia+t%C3%A9cnica+para+o+funcion
amento+dos+servi%C3%A7os+de+est%C3%A9tica+e+embelezamento+sem+res
ponsabilidade+m%C3%A9dica/e37a023b-91c0-4f07-993a-393d041156ab>. Acesso
em: 18 jul. 2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da
Diretoria Colegiada – RDC n. 07, de 10 de fevereiro de 2015. Dispõe sobre os requisitos
técnicos para a regularização de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes
e dá outras providências. Brasília, DF, 2015. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.
br/documents/10181/2867685/RDC_07_2015_.pdf/>. Acesso em: 18 jul. 2018.
FEIJO, A.; TAFURI, I. Depilação: o profissional, a técnica e o mercado de trabalho. Rio
de Janeiro: Senac Nacional, 2012.
MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Disponível em: <http://michaelis.
uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/dicion%C3%A1rio/>.
Acesso em: 18 jul. 2018.

Leituras recomendadas
FREITAS, M. E. M. et al. Efeito da depilação na hidratação da pele e na diminuição dos
pelos. Cosmetics & Toiletries, v. 25, n. 2, mar-abr, p. 60-66, 2013.
GERSON, J. et al. Fundamentos de estética 4: estética. 10. ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2011.
ME SALVA. Potencial hidrogeniônico. 2014. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=IwHmoHfWj60>. Acesso em: 18 jul. 2018.
RIBEIRO, C. Boas maneiras e sucesso nos negócios: um guia prático de etiqueta para
executivos. Porto Alegre: L&PM, 2011.
SOUZA, F. H. M. et al. Estudo comparativo de uso de laser de diodo (810nm) versus
luz intensa pulsada (filtro 695nm) em epilação axilar. Surgical & Cosmetic Dermatology,
v. 2, n. 3, p. 185-90, 2010.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteudo:
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7sBBJ
SOLU<;OES
EDUCACIONAIS
INTEGRADAS
Dica do professor
Epilação temporária, especialmente com uso de cera quente, é a forma mais procurada para a
remoção dos pelos. No entanto, para quem sente muito desconforto (dor), fica com a pele irritada,
tem problemas com inflamação dos folículos (foliculite) ou não tem paciência para sessões mensais
de epilação temporária, a técnica da fotoepilação se apresenta como a melhor escolha.

Nesta Dica do Professor, você conhecerá as principais técnicas de fotoepilação e entenderá o


mecanismo de ação que proporciona a remoção definitiva de pelos por meio da destruição dos
folículos pilosos.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Na prática
O atendimento de um cliente vai muito além da execução do procedimento. Tudo começa pelo
ambiente da recepção do seu espaço. Seu cliente deve ser acolhido e sentir-se importante do
começo ao fim do atendimento.

Veja, neste Na Prática, como receber bem o cliente e preparar o ambiente para um procedimento
eficaz e eficiente.
ATENDIMENTO AO CLIENTE

certamente
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Como atender o cliente em um salão de beleza


Veja um vídeo, elaborado pelo Sebrae, sobre como prestar um atendimento de excelência em um
salão de beleza, onde, normalmente, estão inseridas as depiladoras. Apesar de não ser específico
para a área da depilação, o vídeo dá excelentes dicas que podem ser aproveitadas pelos
profissionais do ramo.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Remoção de pelos na adolescência


Veja, neste artigo, os principais métodos de remoção de pelos, as suas indicações, vantagens e
desvantagens.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Procedimentos estéticos para queratose
pilar e foliculite

Apresentação
A queratose pilar e a foliculite são duas disfunções dermatológicas que afetam a unidade estrutural
que dá origem aos pelos, chamadas de folículos pilosos. Cursam com formação de quadros clínicos
que representam queixas estéticas na pele, além de poderem causar prurido, dor, dentre outros
sintomas.

Na área da estética, o profissional pode fazer uso de diferentes recursos terapêuticos a fim de
prevenir, amenizar sinais e sintomas e, ainda, tratar os quadros de queratose pilar e foliculite,
melhorando a aparência da pele.

Considerando isso, esta Unidade de Aprendizagem abordará a fisiopatologia dessas disfunções, o


quadro clínico, a etiologia, dentre outras informações importantes. Além disso, serão discutidos os
principais procedimentos estéticos voltados ao tratamento dessas disfunções, englobando o uso de
recursos de eletroterapia, fototerapia e de cosméticos.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer a etiopatologia da queratose pilar e da foliculite.


• Descrever os procedimentos estéticos utilizados na queratose pilar e na foliculite.
• Listar ativos e protocolos para queratose pilar e foliculite.
Infográfico
A realização de tratamentos estéticos no manejo de queratoses pilares promove melhoria no
aspecto da pele e, ainda, reduz alguns sintomas que possam estar presentes, como prurido e
eritema, sendo muito efetiva no controle da disfunção.

As queratoses podem ser de diferentes tipos. As mais predominantes são a actínica, a seboreica e a
pilar. Todas cursam com quadros de hiperqueratinização na pele. Contudo, os sinais clínicos e a
abordagem terapêutica diferem entre si, sendo que cabe ao profissional de estética apenas o
manejo da queratose do tipo pilar.

Considerando isso, este Infográfico traz informações acerca desses três tipos de queratoses e serve
para que o profissional saiba identificar essas particularidades e compreender sinais, sintomas,
apresentação clínica e terapêutica das disfunções mediante a avaliação prévia do paciente.
TIPOS DE QUERATOSE
As queratoses sao disfum,oes dermato16gicas que acontecem na camada mais
superficial da pele, chamada de camada cornea, causando hipertrofia, com aspecto
de papulas, escamoso ou verrucoso, dependendo do tipo de queratose.

QUERATOSE PILAR

,
QUERATOSE ACTINICA

Para que os procedimentos garantam hons resultados e, sobretudo, seguram,a na


aplicaqao, sao necessarios avaliaqao correta e diagn6stico previo das lesoes,
possibilitando, desse modo, a abordagem correta da queratose.
Conteúdo do livro
Queratoses pilares e foliculites são disfunções dermatológicas comuns. A queratose pilar causa
alterações na camada mais superficial da pele, chamada de camada córnea, ocasionando
hiperqueratinização local, enquanto a foliculite é uma disfunção que acomete o folículo piloso,
causando processo inflamatório e, em alguns casos, infeccioso local.

Essas disfunções cursam com o aparecimento de alterações cutâneas, que, além de causarem
desconfortos, alteram a aparência da pele e a autoestima do paciente. Por isso, necessitam de
tratamentos estéticos. Dentre os tratamentos disponíveis para essas disfunções, estão os recursos
de eletroterapia, de fototerapia e o uso de produtos cosméticos.

No capítulo Procedimentos estéticos para queratose pilar e foliculite, da obra Procedimentos em


estética corporal, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá um pouco mais
acerca dessas disfunções e dos tratamentos que podem ser empregados visando à prevenção ou
à minimização dos quadros clínicos.

Boa leitura.
PROCEDIMENTOS
EM ESTÉTICA
CORPORAL

Aline Andressa Matiello


Procedimentos estéticos
para queratose
pilar e foliculite
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

◼ Reconhecer a etiopatologia da queratose pilar e da foliculite.


◼ Descrever os procedimentos estéticos utilizados na queratose pilar
e na foliculite.
◼ Listar ativos e protocolos para queratose pilar e foliculite.

Introdução
Algumas disfunções dermatológicas podem afetar a unidade funcional
que dá origem aos pelos, chamada de folículo piloso. Entre as disfun-
ções que podem acometer essa estrutura, cita-se a queratose pilar e a
foliculite. Essas disfunções cursam com queixas inestéticas e, por isso, o
profissional de estética pode atuar, nesses casos, utilizando diferentes
recursos terapêuticos para a melhoria dessas condições.
Neste capítulo, você vai compreender a fisiopatologia da queratose
pilar e da foliculite, compreendendo as causas, os fatores de risco, o meca-
nismo fisiopatológico, entre outras informações. Além disso, conhecerá os
principais procedimentos estéticos voltados à prevenção e ao tratamento
da queratose pilar e da foliculite, incluindo procedimentos que fazem uso
de recursos de eletroterapia, de fototerapia e de produtos cosméticos.
2 Procedimentos estéticos para queratose pilar e foliculite

1 Disfunções estéticas associadas ao folículo


piloso
Estruturalmente, o folículo piloso é definido como um aprofundamento da epiderme
na derme e é considerado a unidade funcional responsável pela produção dos pelos
no corpo humano. Segundo Abraham et al. (2009), cada pessoa tem, em média,
5 milhões de folículos pilosos distribuídos ao longo dos tecidos corporais. A estru-
tura do folículo piloso é dividida em duas partes principais: a extremidade profunda,
que se localizada abaixo da pele, em média a 4mm da superfície; e a extremidade
mais superficial. Cada folículo piloso contém algumas estruturas anexas que per-
mitem um adequado funcionamento dessa estrutura. Segundo Tortora e Derrickson
(2017), entre essas estruturas, encontra-se a glândula sebácea, responsável pela
síntese de sebo. A Figura 1 a seguir mostra essa estrutura funcional.

Figura 1. Estrutura funcional do folículo piloso.


Fonte: Martini, Timmons e Tallitsch (2009, p. 97).
Procedimentos estéticos para queratose pilar e foliculite 3

Várias condições patológicas podem acometer o folículo piloso, causando o


surgimento de disfunções (BERNARDI, 2016). Entre estas disfunções, cita-se
a queratose pilar e a foliculite.

Queratose pilar
A queratose é definida como um conjunto de disfunções dermatológicas,
caracterizadas por alterações na camada mais superficial da pele, mais es-
pecificamente na camada córnea. Caracteriza-se pela formação de áreas de
hipertrofia tecidual, com aumento da espessura dessa camada (SBD, c2017a).
Entre os tipos de queratose, existe a queratose pilar.
Também chamada de ceratose pilar ou de ceratose folicular, a queratose pilar
se caracteriza pelo aparecimento de pequenas lesões de coloração avermelhada ou
esbranquiçadas na pele, com aparência semelhante a espinhas na pele e aspecto
endurecido (SBDRJ, c2020). As lesões são múltiplas, pequenas e semelhantes a
pápulas foliculares. A Figura 2 a seguir mostra o quadro clínico dessa disfunção.

Figura 2. Quadro clínico da queratose pilar.


Fonte: Silva, Fonseca e Obadia (2010, p. 923).

Acerca da fisiopatologia da queratose pilar, as lesões são decorrentes


de hipertrofia tecidual, causadas pelo acúmulo de queratina ao redor dos
folículos pilosos (hiperqueratinização), que levam ao acúmulo secundário
de secreção sebácea no folículo piloso. Associado a esse quadro de hi-
pertrofia tecidual, com acúmulo de queratina, a pele da região acometida
4 Procedimentos estéticos para queratose pilar e foliculite

passa a apresentar um aspecto de pele ressecada, áspera e desidratada


(SBD, c2017a). Em outros casos, pode-se apresentar ainda com quadro de
eritema ao redor do folículo, indicando, nesse caso, a associação de um
processo inflamatório local.
Os locais de acometimento da queratose pilar, como braços, pernas
e nádegas, são as regiões do corpo mais comuns de comprometimento
cutâneo, especialmente na região posterior e lateral desses locais. Entre-
tanto, as lesões podem acometer a região facial, mais especificamente,
as bochechas.
O aparecimento e a piora das lesões sofrem influências sazonais, sendo
que o quadro é mais proeminente no inverno e, na maioria das vezes,
melhora no verão. As lesões costumam surgir ainda na infância e tendem
a desaparecer com o avançar da idade, em geral após os 30 anos (DINU-
LOS, 2018).
Acerca da etiologia, as causas da queratose pilar não estão totalmente es-
clarecidas. Entretanto, sabe-se que há predisposição genética ligada à herança
autossômica dominante. Além disso, pacientes com história de dermatite
atópica têm maiores chances de desenvolvimento da disfunção, assim como
algumas doenças autoimunes e alérgicas (SBD, c2017a).
A queratose pilar não costuma causar dor ou outros sintomas, uma vez
que, na maioria das vezes, é totalmente assintomática. Alguns pacientes
podem referir prurido local, especialmente se a queratose pilar estiver
associada a um quadro de pele seca. Mesmo não causando sintomas, as
lesões afetam a aparência da pele e podem ser motivo de queixas por parte
dos pacientes.

Foliculite
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) (c2017b), a foliculite
é definida como uma inflamação que acomete a pele e se inicia na estrutura
do folículo piloso. A Figura 3 a seguir demonstra a inflamação existente no
folículo piloso nos quadros de foliculite.
Procedimentos estéticos para queratose pilar e foliculite 5

Figura 3. Foliculite.
Fonte: Adaptada de solar22/Shutterstock.com.

A foliculite se manifesta com a formação de pequenas lesões semelhantes a


espinhas, de pontas brancas, que se desenvolvem em torno de um ou mais folículos
pilosos da pele (SBD, c2017b). Essas lesões podem ser encontradas em qualquer
região do corpo onde se apresentam os pelos. Contudo, costuma ter um padrão
de aparecimento distinto entre homens e mulheres. Segundo Albuquerque et al.
(2019), nas mulheres, a foliculite é mais prevalente em regiões de pernas, virilha
e axilas, todavia, nos homens, é mais facilmente encontrada na região da barba.
A fisiopatologia da foliculite pode estar associada a um processo inflama-
tório local decorrente de pelos encravados, mas pode também ser motivada
por alguns quadros infecciosos de origem bacteriana, fúngica ou viral (SBD,
c2017b). De acordo com a extensão do processo inflamatório, as foliculites
podem ser classificadas em superficiais ou profundas.
Em geral, a maioria dos pacientes apresenta um quadro de foliculite
superficial. Nestes casos, a disfunção acomete apenas a parte superior do
folículo piloso e cursa com o surgimento de pústulas semelhantes a espinhas
6 Procedimentos estéticos para queratose pilar e foliculite

associadas a sinais de prurido, aumento da sensibilidade local e formação


de lesões avermelhadas ao redor do folículo piloso, com a presença ou
não de pus. As pústulas, nesse caso, têm diâmetro máximo de 1cm, sendo
que na maioria das vezes é possível visualizar o pelo no centro da lesão.
Na foliculite superficial, a resolução da disfunção acontece espontaneamente
(BRUNA, c2020).
Considerando o agente etiológico e o tipo das lesões, as foliculites super-
ficiais podem ser classificadas em: foliculite estafilocócica, foliculite por
pseudomonas, foliculite de barba e, ainda, foliculite ptirospórica.

Foliculite estafilocócica — entre os tipos de foliculites, essa é a mais


prevalente (BRUNA, c2020). Caracteriza-se por um quadro de infecção
bacteriana, em geral, por Staphylococcus aureus. Em condições fisioló-
gicas, esse tipo de bactéria habita o tecido cutâneo do organismo, mas
pode adentrar em tecidos mais profundos através de ferimentos na pele.
Nesse tipo de foliculite, percebe-se a formação de área de vermelhidão
local, pus e queixa de prurido, podendo acometer qualquer região corporal
(SBD, c2017b).

Foliculite por pseudomonas — é causada por infecções relacionadas a


bactérias Pseudomonas aeruginosa. Este tipo de bactéria se encontra, em
especial, em áreas aquáticas, como banheiras e piscinas aquecidas. A apre-
sentação clínica é caracterizada pela formação de erupções avermelhadas
ao redor dos folículos pilosos, associadas a prurido, que costumam surgir
entre oito horas e cinco dias após a exposição à bactéria. Em relação às
áreas de acometimento, regiões corporais que permanecem úmidas por
períodos maiores estão mais propensas a esse tipo de foliculite (SBD,
c2017b).

Pseudofoliculite da barba — neste tipo de foliculite não há necessariamente


uma infecção, apenas um quadro inflamatório. Nestes casos, os pelos raspados,
à medida que crescem, curvam-se e retornam para o interior da pele, causando
uma inflamação local. As mulheres costumam apresentar esse tipo de foliculite
na região de virilha, enquanto os homens, na região de face e pescoço, tendo
maior prevalência em pessoas negras. A Figura 4 a seguir mostra esse quadro
de foliculite.
Procedimentos estéticos para queratose pilar e foliculite 7

Figura 4. Quadro clínico de pseudofoliculite.


Fonte: Rivitti (2018, p. 615).

Foliculite ptirospórica — este tipo de foliculite está relacionada a uma in-


fecção fúngica que causa lesões semelhantes a pápulas avermelhadas que
coçam. Acomete mais adolescentes e homens adultos em áreas de dorso, tórax,
pescoço, ombros, braços e face (SBD, c2017b).
Em contrapartida, em outros casos, o quadro de foliculite pode ser mais
profundo, afetando toda a estrutura do folículo piloso, incluindo a raiz (BRUNA,
c2020). Nesses casos, a disfunção merece atenção médica, uma vez que necessita
de tratamentos medicamentosos. A inflamação se estende para áreas mais pro-
fundas da pele, podendo gerar a formação de furúnculos. Nestes casos, os sinais
e sintomas se caracterizam pela formação de áreas avermelhadas extensas ao
redor do folículo, endurecidas, com lesões elevadas, presença de pus e aumento
da sensibilidade local, podendo gerar quadros de dor intensa e tumefação tecidual
(SBD, c2017b). Os tipos mais comuns de foliculites profundas são: sicose da
barba, foliculite por bactérias gram-negativas, furúnculos e foliculite eosinofílica.

Sicose da barba — caracteriza-se por pústulas que surgem, inicialmente, no


lábio superior, queixo e mandíbula, com sinais de pequenas inflamações, que
se tornam recorrentes com a realização do barbear diário.

Foliculite por bactéria gram-negativa — costuma surgir na face em as-


sociação à acne. Pacientes que fazem uso prolongado de antibióticos para
manejo da acne apresentam um desequilíbrio na flora bacteriana normal da
pele, gerando um aumento na quantidade de bactérias do tipo gram-negativas.
8 Procedimentos estéticos para queratose pilar e foliculite

Furúnculos e carbúnculos — os furúnculos acontecem em quadros de in-


fecções por bactérias estafilocócicas que atingem as regiões mais profundas
do folículo. As lesões têm início com a formação de pápulas que crescem
gradativamente, de cor avermelhada, edemaciada, com presença de pus e, ainda,
muito doloridas. Em casos mais avançados, a pápula pode romper e liberar
secreção purulenta. Os carbúnculos são lesões definidas como aglomerados
de furúnculos que se desenvolvem concomitantemente, acometendo as áreas
posteriores de pescoço, ombros, costas e coxas.

Foliculite eosinofílica — este tipo de foliculite não tem uma causa definida, mas
acomete principalmente pacientes com HIV. As lesões se caracterizam por manchas
avermelhadas, associadas a feridas com pus, que se desenvolvem na face e nos braços,
podendo se espalhar para outras regiões gerando alterações de pigmentação na pele.

No desenvolvimento de foliculites profundas, como a inflamação atinge tecidos mais


profundos, há um risco elevado de formação de cicatrizes e lesões permanentes no
folículo piloso, o que pode resultar em perda permanente dos pelos dos folículos
acometidos. Pacientes com quadros de foliculites de repetição, em especial, sem tra-
tamento, podem desenvolver quadros de foliculite decalvante e foliculite queloideana.
No primeiro caso, o quadro inflamatório e/ou infeccioso gera uma lesão permanente
no folículo piloso, impedindo o crescimento do pelo, surgindo áreas teciduais com
alopecia. Na foliculite queloideana da nuca, as lesões de repetição formam cicatrizes
do tipo queloides na região, em especial na nuca (LIMA, c2020).

Qualquer pessoa pode apresentar episódios de foliculite ao longo da vida.


Entretanto, a presença de algumas condições clínicas torna o paciente mais
predisposto ao desenvolvimento dela. A presença de doenças que afetam a
imunidade, como leucemia crônica e AIDS, e obesidade são fatores predis-
ponentes (BRUNA, c2020; SBD, c2017b).
Além disso, pacientes que apresentam acne ou dermatite também têm
maiores chances de desenvolvimento da disfunção. Pacientes que fazem uso de
medicamentos contínuos, como produtos à base de corticoide ou antibióticos,
também têm maiores chances de desenvolver foliculite. Bruna (c2020) comenta
ainda que há uma predisposição relacionada à etnia, na qual pessoas negras e
asiáticas têm maiores chances de desenvolvimento da disfunção.
Procedimentos estéticos para queratose pilar e foliculite 9

Rescaroli, Silva e Valdameri (2009) comentam que, além dessas causas, o


processo de raspagem dos pelos também pode levar a um quadro de foliculite. Neste
caso, a raspagem torna os pelos mais afiados, fazendo com que eles tenham maiores
chances de perfurar o folículo, invadir a derme e causar a reação inflamatória.
Além dessas condições clínicas, algumas causas externas também podem levar
ao desenvolvimento de foliculite, em especial, porque comprometem a integridade
do folículo piloso (BRUNA, c2020). O processo de fricção tecidual, causado
pelo uso de roupas excessivamente apertas ou pela fricção do barbear, calor, suor
excessivo, uso de botas ou luvas de borracha por longos períodos, lesões na pele,
como aranhões ou feridas e uso de curativos plásticos ou fitas adesivas em contato
com áreas de pelo são condições etiológicas externas relacionadas à foliculite.
Uma das complicações que podem surgir com o desenvolvimento dessas
afecções do folículo piloso que cursam com quadros inflamatórios é a hiper-
pigmentação pós-inflamatória. Esta disfunção acontece especialmente em
pacientes que permanecem por períodos prolongados e intensos de quadros
de inflamação e culminam com a formação de manchas mais escuras na pele.
O que causa esse tipo de pigmentação são as substâncias liberadas durante o
processo inflamatório, que estimulam a melanogênese, gerando maior formação
de melanina na pele (RIBEIRO, 2010). Nesses casos, as manchas costumam ser
uma queixa inestética comum e demandam tratamentos estéticos específicos.

2 Tratamentos estéticos
Os tratamentos estéticos empregados nos casos de queratose pilar e de foliculite
objetivam prevenir novas manifestações das disfunções, tratar as lesões existentes,
minimizar o impacto estético que elas representam e, ainda, tratar possíveis compli-
cações decorrentes dessas disfunções, como a hiperpigmentação pós-inflamatória.
A terapêutica inclui modalidades de eletroterapia, fototerapia, uso de peelings
químicos, peelings físicos, medidas educativas e, ainda, uso de cosméticos.
Em geral, essas modalidades que são empregadas irão atuar de modo a
melhorar as condições da pele, proporcionando uma pele renovada, hidratada,
com uniformidade de cor, além de algumas dessas modalidades atuarem com
função anti-inflamatória, reduzindo quadros de edema, dor e hiperemia tecidual.
Especificamente nos casos de queratose pilar, mesmo sem causar sintomas,
essa disfunção deve ser tratada quando os sinais representarem uma queixa
estética. Além disso, é importante destacar que as lesões crônicas podem gerar
alterações cicatriciais na região, que culminam com hiperpigmentação de al-
gumas áreas, piorando o aspecto inestético dessa disfunção ao longo do tempo.
10 Procedimentos estéticos para queratose pilar e foliculite

A terapêutica das foliculites dependerá do tipo de foliculite apresentada pelo


paciente. Foliculites superficiais podem ser tratadas com medidas terapêuticas
estéticas associadas a mudanças de hábitos e cuidados com a pele, enquanto
que foliculites profundas demandam, além dos tratamentos estéticos e cuidados
com a pele, uso de medicamentos prescritos pelo médico.

Luz intensa pulsada


Acerca do tratamento para quadros de queratose folicular e foliculite, a luz intensa
pulsada tem sido utilizada com sucesso, especialmente para controlar os quadros
de eritema que possam estar associados a essas disfunções (DINULOS, 2018).
A luz intensa pulsada (LIP) é um recurso terapêutico emissor de energia que
utiliza flash de luz pulsada de alta potência, com comprimentos de onda que
variam entre 550 e 1200nm (BERNARDI, 2016). Quando aplicada nos quadros
de foliculites e de queratoses, ela pode promover efeitos terapêuticos importantes.
Nos quadros de foliculite, a LIP pode ser aplicada a fim de promover a epilação,
ou seja, a remoção dos pelos, evitando, desse modo, que o paciente necessite utilizar
outros métodos de epilação que possam desencadear o surgimento da foliculite.
No uso da LIP para epilação, o equipamento provoca o aquecimento da raiz do
pelo, em temperatura acima de 70°C, o que leva à coagulação das proteínas do
bulbo, causando atrofia e destruição completa do pelo (GUIRRO; GUIRRO, 2004).
Outro efeito terapêutico da aplicação da LIP está relacionado ao manejo
de disfunções de pele que causam quadros de eritema tecidual ou lesões que
deixam a pele vermelha. Esse efeito é promovido, porque a LIP é absorvida
pela oxi-hemoglobina dos tecidos, de modo que promove a redução do quadro
do eritema (BORGES, 2010). Por isso, nos quadros de queratose pilar em que
o paciente tiver essa queixa, a LIP pode ser indicada.

Alta frequência
Pode ser empregada no tratamento da foliculite. A alta frequência é um recurso
de eletroterapia que faz utilização de um equipamento que emite faíscas ele-
tromagnéticas por meio de eletrodos confeccionados em vidro. A aplicação
desse recurso sobre a pele provoca a formação de ozônio (BORGES, 2010).
O ozônio, quando aplicado sobre os tecidos, tem atividade bactericida, bac-
teriostática, germicida e antisséptica geral. Isso, porque, ao atingir os tecidos, a
molécula de ozônio se decompõe rapidamente, liberando moléculas de oxigênio
reativo que agem na estrutura dos microrganismos, provocando a lise celular
e, com isso, o efeito antisséptico dos tecidos (KAMIZATO; BRITO, 2014).
Procedimentos estéticos para queratose pilar e foliculite 11

Considerando esse efeito, a alta frequência está indicada no tratamento da


pele acometida por foliculite ou, ainda, está indicada como recurso de prevenção
de quadros de foliculite. Nestes casos, quando o objetivo for prevenção, a alta
frequência deve ser aplicada após a depilação, uma vez que após a remoção
dos pelos, alguns microrganismos podem penetrar na pele através dos poros
abertos pela extração do pelo, promovendo quadros infecciosos nos tecidos.
Em casos nos quais já há processo inflamatório local, a alta frequência
pode ser aplicada a fim de reduzir os sinais de inflamação da foliculite. Essa
aplicação se justifica, porque, segundo Borges (2010), além do efeito antissép-
tico importante desse recurso de eletroterapia, a aplicação da alta frequência
gera efeitos anti-inflamatórios nos tecidos, uma vez que melhora a circulação
local, induz a proliferação de células de defesa no local da lesão e, com isso,
acelera a cicatrização dos tecidos. A Figura 5 a seguir mostra a aplicação
desse recurso em região facial.

Figura 5. Aplicação de alta frequência em quadro de foliculite.


Fonte: Borges (2010, p. 92).

Rescaroli, Silva e Valdameri (2009) cometam que na utilização da alta


frequência nos casos de foliculite, o tempo de aplicação pode variar de 10 a
30 minutos, dependendo da área de tratamento. Como efeito esperado após a
aplicação da alta frequência nos casos de foliculite, espera-se uma regressão
do quadro, que em geral varia de uma regressão de 50 a 100% no quadro da
12 Procedimentos estéticos para queratose pilar e foliculite

doença (LOPES et al., 2013). Além de tratar os quadros de foliculite, a alta


frequência pode ser aplicada após a raspagem dos pelos, a fim de prevenir a
proliferação de microrganismos locais e prevenir, desse modo, o desenvolvi-
mento da foliculite.

Vapor de ozônio
É empregado no tratamento da foliculite. Assim como a alta frequência, o
vapor de ozônio pode ser aplicado em quadros de foliculite, considerando os
efeitos terapêuticos do gás ozônio sobre a pele, como os efeitos bactericida,
fungicida e germicida (ALBUQUERQUE et al., 2019), podendo inclusive ser
aplicado como medida preventiva.

Laser de baixa potência


É utilizado no tratamento da foliculite. O laser (light amplification of stimulated
emissions of radiation) de baixa potência é amplamente utilizado na área da
estética. Pode ser aplicado por meio de diferentes comprimentos de onda, sendo
comumente utilizado o comprimento de onda aproximado de 660nm, que gera a
formação de luz vermelha e atua sobre a epiderme e a derme (MANA et al., 2017).
O mecanismo de ação acelera a reparação tecidual, aumenta o trofismo
da pele, além de ter efeito anti-inflamatório, acelerando o processo de cica-
trização nos casos de foliculites. Por isso, pode ser empregado no tratamento
de foliculites, reduzindo o quadro de inflamação.

Ledterapia
É empregado no tratamento das foliculites e também da queratose pilar.
O LED (ligh emitting diode) é considerado um diodo emissor de luz, que pode
ser utilizada como recurso terapêutico de fototerapia, uma vez que influencia
nas funções celulares em relação a condições bioquímicas, fisiológicas e proli-
ferativas. É aplicado por meio do uso de diferentes comprimentos de onda e de
cores distintas. Quando aplicado na área da estética, mais especificamente no
tratamento de quadros inflamatórios, indica-se a utilização do LED de cor azul
(DOURADO et al., 2011). Isso, porque o LED de cor azul tem efeito sobre a
epiderme, gerando a destruição de bactérias e fungos, com efeito antisséptico.
Além dos efeitos do LED citados anteriormente, o esse tem ainda capacidade
de degradar cromóforos presentes na pele, reduzindo, desse modo, as manchas
presentes nos quadros de hipercromias pós-inflamatórias (RESCAROLI;
Procedimentos estéticos para queratose pilar e foliculite 13

SILVA; VALDAMERI, 2009). Em virtude desse efeito, pacientes que apre-


sentam quadros de manchas na pele ocasionadas pelo processo inflamatório
da foliculite podem fazer uso do LED também para o manejo dessa disfunção.
O LED de cor azul pode também ser empregado no manejo da queratose
pilar, promovendo, nesse caso, hidratação da pele, que normalmente se encontra
desidratada nessa disfunção.

Vale ressaltar que pacientes gestantes, com neoplasias, epilepsia, fotossensibilidade e


aqueles que estejam fazendo uso de medicamentos fotossensíveis não devem realizar
esse tratamento (MANA et al., 2017).

Microcorrentes
Castro, Pinheiro e Castro (2018) sugerem a aplicação de microcorrentes no tra-
tamento de quadros de foliculite. A microcorrente é um recurso de eletroterapia
que faz utilização de corrente elétrica terapêutica de baixa intensidade, na faixa
dos microampères, e quando aplicada aos tecidos, promove restabelecimento
da bioeletricidade tecidual, ativação do sistema linfático, analgesia, aceleração
do processo de cicatrização e, ainda, tem ação antibacteriana. Desse modo,
pode reduzir os sinais inflamatórios nos tecidos, reduzindo o eritema, o edema,
a dor e melhorando a cicatrização da pele.
Quando aplicada aos tecidos acometidos por foliculite, a microcorrente é
eficaz por agir no combate à inflamação, na promoção da homeostase do tecido,
garantindo, dessa forma, a redução dos sinais de eritema local e dor, assim como
na melhoria do quadro fisiopatológico (CASTRO; PINHEIRO; CASTRO, 2018).

Laser de alta potência


O laser de alta potência é utilizado na área da estética com finalidade epilatória,
ou seja, de remoção de pelos. Ele atua destruindo o folículo piloso por meio
de comprimentos de onda que variam de 800 a 810nm (MANA et al., 2017).
Esse tratamento é indicado para pacientes com quadros de repetição de
foliculites, uma vez que, nesses casos, a depilação definitiva evita que o
paciente necessite fazer utilização de outros métodos de epilação que possam
14 Procedimentos estéticos para queratose pilar e foliculite

ocasionar quadros de foliculite. Sendo assim, esse tratamento é mais reco-


mendado para pacientes com pele de fototipos mais baixos e com pelos mais
escuros, considerando que, nessas condições, o folículo piloso absorve melhor
a energia (MANA et al., 2017).

Peelings químicos
Os peelings químicos se caracterizam pela aplicação de ativos cosméticos
ácidos sobre a pele, causando uma lesão tecidual programada que culmina
com a morte celular e consequente indução da renovação celular. Yokomizo
et al. (2013) comentam que os peelings químicos são indicados para quadros
de condições de hiperqueratoses em que há acúmulo excessivo de queratina
na pele, como nos casos de queratose pilar, por exemplo.
Isso, porque esses tratamentos induzem a remoção da camada mais externa
da epiderme, formada por células mortas, carregadas de queratina. Com a
aplicação dos peelings químicos, nesses casos, há remoção de parte dessa
queratina, com afinamento da pele e melhora tecidual. Nos quadros de que-
ratose pilar, podem ser empregados diferentes ácidos, incluindo o salicílico,
o glicólico e o ácido lático (GUERRA et al., 2013).
Ribeiro (2010) comenta que nos quadros de disfunções dermatológicas que
cursam com aumento na concentração de queratina na pele, como nas quera-
toses, o ácido salicílico se destaca, promovendo efeitos positivos de controle
da espessura da epiderme, e seu uso é muito seguro, não sendo evidenciados
efeitos adversos importantes.
Os peelings químicos podem ser empregados também em quadros de hiperpig-
mentação pós-inflamatória decorrentes de foliculites ou da queratose pilar. Nesses
casos, os ácidos aplicados objetivam o clareamento da pele, reduzindo a coloração
escura das manchas e melhorando a uniformidade tecidual. Para tratamento de
manchas decorrentes de hiperpigmentação pós-inflamatória, indica-se o uso de
peeling de ácido do tipo glicólico, mandélico, azelaico, lático e ascórbico (KEDE;
SABOTOVICH, 2004; REINEHR; BOZA; HORN, 2015; RIBEIRO, 2010).

Microdermoabrasão
Em pacientes que tenham queixas inestéticas relacionadas à queratose pilar, o
profissional de estética pode fazer a utilização da microdermoabrasão (AMO-
ROSO, 2018). Este recurso é definido como um peeling físico (esfoliação física)
realizado mediante aplicação de peeling de cristal ou peeling de diamante.
Procedimentos estéticos para queratose pilar e foliculite 15

Nesses casos, os equipamentos utilizam recursos abrasivos que, ao serem


aplicados sobre a pele, promovem a remoção das células localizadas nas
camadas mais externas da pele, promovendo um afinamento dela e, ainda, um
estímulo à renovação celular (KEDE; SABOTOVICH, 2004).
Considerando esses efeitos, a microdermoabrasão pode ser empregada no
tratamento de pele acometida por queratose pilar, visando à redução da quera-
tina presente na pele e, com isso, promover o afinamento do tecido e melhorar
o aspecto da pele. Pode também ser aplicada nos quadros de hiperpigmentação
pós-inflamatória, proporcionando melhor uniformidade de coloração da pele.
A microdermoabrasão promove, ainda, melhoria da permeação de ativos
cosméticos na pele, quando aplicados após a esfoliação. Isso, porque esse
recurso remove a camada mais externa da pele, reduzindo a barreira existente
para a permeação dos ativos na pele. Desse modo, quando aplicados após a
esfoliação, esses ativos conseguem permear mais rapidamente e atingir tecidos
mais profundos, potencializando os efeitos terapêuticos.
Considerando esse efeito, a microdermoabrasão pode ser aplicada na pele
acometida por hiperpigmentação pós-inflamatória decorrente de foliculites
ou de queratoses pilares e, em seguida, pode-se aplicar ativos cosméticos que
possam atuar clareando as manchas.

Medidas preventivas
Sobre a prevenção da queratose pilar, não há relatos de medidas preventivas
específicas para essa disfunção (SBD, c2017a). Contudo, alguns cuidados
dermatológicos podem melhorar as condições gerais da pele do paciente com
queratose pilar ou predisposição a ela.
Como os quadros de queratose pilar estão comumente associados à pele
desidratada, medidas que auxiliam na hidratação da pele e na prevenção do
ressecamento são válidas. Nesse caso, evitar tomar banho com água muito
quente, manter uma rotina de hidratação da pele diária, evitar o uso de sa-
bonetes muito agressivos, utilizar filtro solar regularmente, evitar exposição
solar excessiva e, ainda, evitar esfregar excessivamente a pele são exemplos de
medidas que auxiliam a manter a pele mais hidratada e, com isso, melhoram
o aspecto cutâneo.
Em contrapartida, os casos de foliculites podem ser prevenidos com algumas
medidas simples. Nesses casos, algumas orientações preventivas podem ser
repassadas ao paciente, tanto acerca da prevenção de foliculite ou, ainda, de
modo a evitar a piora de um quadro de foliculite já existente. A SBD (c2017b) cita:
16 Procedimentos estéticos para queratose pilar e foliculite

◼ evitar fricção excessiva sobre a pele acometida por foliculites, evitando


raspar os pelos da área, por exemplo;
◼ ao barbear-se, realizar a troca da lâmina pelo barbeador elétrico, evi-
tando contaminação; fazer uso de água morna; utilizar espuma ou
gel de barbear para facilitar o deslizamento e evitar cortes e fricção
excessiva na pele; além de passar o barbeador sempre no sentido de
crescimento dos pelos;
◼ após a depilação ou o barbear, aplicar creme hidratante na região;
◼ manter a pele higienizada, seca e livre de lesões;
◼ evitar utilizar produtos antissépticos rotineiramente, sem orientação
de um profissional da estética, uma vez que eles alteram a microbiota
natural da pele;
◼ após a depilação, aplicar produtos cosméticos calmantes na região;
◼ manter a pele o mais hidratada possível;
◼ utilizar toalhas descartáveis após a depilação;
◼ evite o uso de roupas excessivamente apertadas que causem atrito
excessivo com a pele;
◼ antes de realizar a depilação, lave bem as mãos;
◼ evite permanecer por tempo prolongado com uso de roupas úmidas;
◼ tomar cuidado ao fazer a barba, usar gel de barbear, espuma ou sabão
para lubrificar as lâminas e evitar cortes.

Nos tratamentos estéticos, o profissional de estética é responsável por


repassar essas orientações aos pacientes, de modo a contribuir para os resul-
tados do tratamento.

3 Cosmetologia
Inúmeros ativos cosméticos podem ser aplicados nos casos de foliculites e
queratoses pilares, a fim de prevenir, tratar ou amenizar as condições inestéticas
existentes nessas situações. Esses ativos podem ser utilizados nos protocolos
de tratamento realizados pelo profissional em associação a outros recursos
estéticos, como os peelings físicos, a eletroterapia, a fototerapia, entre outros.
Além disso, o uso de ativos cosméticos nos quadros de queratose pilar e fo-
liculite pode ser feito no ambiente domiciliar, mediante orientação adequada
do profissional de estética, potencializando os resultados.
Procedimentos estéticos para queratose pilar e foliculite 17

A indicação dos melhores ativos cosméticos se baseia na fisiopatologia


de cada disfunção e no quadro clínico apresentado pelo paciente, podendo
ser utilizados ativos com função: esfoliante, hidratante, antisséptica, anti-
-inflamatória, despigmentante, entre outros.
Nos casos de queratose pilar, o tratamento cosmético é feito geralmente
com uso de ativos cosméticos com função esfoliativa, aliado ao uso de ativos
que promovam a hidratação cutânea (SBD, c2017a; SBDRJ, c2020). Nos casos
de foliculites, indica-se o emprego de ativos com função anti-inflamatória,
antisséptica e calmante. No tratamento de hiperpigmentações causadas por
essas disfunções, indica-se a utilização de ativos despigmentantes.

Ativos esfoliantes
Estes ativos, quando aplicados na pele, promovem a remoção das camadas
mais externas da epiderme sem atingir a derme (RIBEIRO, 2010). A esfoliação
está indicada no tratamento de queratose pilar, na prevenção de quadros de
foliculite e, ainda, no tratamento de hiperpigmentações pós-inflamatórias
que possam estar presentes. Nesse caso, os ativos esfoliantes promovem a
esfoliação mediante meios químicos, físicos ou enzimáticos.

Esfoliantes químicos — fazem uso de substâncias ácidas que promovem a


esfoliação tecidual. Entre os tipos de ativos mais utilizados com essa função,
cita-se o uso dos hidroxiácidos.

Esfoliantes físicos — agem por meio de mecanismo mecânico, no qual a


aplicação de esfoliantes físicos de diferentes granulometrias sobre a pele,
associado à fricção sobre os tecidos, gera a remoção das camadas mais externas
da epiderme. Como esfoliantes físicos são comumente utilizados materiais
provenientes de sementes, grãos, pós, argilas, entre outros ativos que promovem
uma espécie de “lixamento” da pele. Nesse sentido, podem ser empregados
como esfoliantes físicos os pós de sementes, as sementes, a argila, os grânulos
de polietileno, entre outros ativos.

Esfoliantes enzimáticos — são enzimas que têm função catalítica, na qual


essas substâncias “digerem” a queratina existente na pele, facilitando a sua
remoção. Entre os tipos de esfoliantes, cita-se a utilização da bromelina e
da papaína. O uso de esfoliantes é essencial para o tratamento de queratose
pilar. As opções terapêuticas incluem uso de ácido lático, ácido glicólico,
ácido salicílico, cremes com ureia e adapaleno associados (FRANÇA, c2020).
18 Procedimentos estéticos para queratose pilar e foliculite

Ativos hidratantes
Os ativos hidratantes atuam na pele restabelecendo as condições de hidratação
natural dela, repondo lipídeos, água e outros nutrientes essenciais ao funcio-
namento adequado da pele. Estão indicados na prevenção e no tratamento
da pele seca, também chamada de xerodermia. A pele seca é comumente
encontrada em pacientes com queratose pilar. Por isso, nesses casos, deve ser
feito o uso de ativos cosméticos hidratantes. Além disso, os ativos hidratantes
devem ser utilizados como meio preventivo de foliculite. Isso, porque segundo
Ribeiro (2010), a pele hidratada está menos propícia à formação de foliculites
e demais inflamações cutâneas.
Ribeiro (2010) cita como principais ativos cosméticos hidratantes: derivados
de minerais (óleo mineral, parafina e squalene); gorduras animais (lanolina e
gordura de ema); manteigas vegetais (karité, cupuaçu, oliva e cacau); silicone;
óleos vegetais (óleo de abacate, macadâmia, buriti, milho, canola, uva, castanha e
girassol); ceras (de abelha e de jojoba) e ácidos graxos. Além desses ativos, pode-
-se utilizar a ureia, o lactato de amônio e de sódio, a arginina, a glicerina, o ácido
hialurônico, a elastina e o colágeno, que têm excelentes propriedades hidratantes.
Hidratantes de pele com ureia ou α-hidroxiácidos, como ácido glicólico
ou ácido lático, são o principal tratamento indicado nos casos de queratose
pilar, podendo também utilizar a vaselina (GONZALEZ, 2018). A aplicação
de vaselina pode diminuir o relevo das lesões nos quadros de queratose pilar e
podem estar associados ao uso de formulações que contenham ureia (DINU-
LOS, 2018). Os ativos hidratantes devem também ser inseridos nos tratamentos
de foliculites, especialmente após a depilação, a fim de restabelecer a película
hidrolipídica e manter a pele hidratada.

Ativos antissépticos
Estes ativos atuam na pele reduzindo a proliferação de microrganismos pató-
genos, como alguns tipos de bactérias, fungos e vírus, prevenindo a formação
de processo infeccioso.
Considerando esse efeito, os ativos podem ser aplicados na pele visando a
prevenir e a auxiliar no manejo dos quadros de foliculite. Em especial, devem
ser aplicados após a depilação, auxiliando no controle dos microrganismos
locais e na prevenção de foliculite.
O óleo de melaleuca é um exemplo de ativo com propriedade antis-
séptica na pele, exercendo forte ação antibacteriana. Seu mecanismo de
ação se pauta na inibição da respiração do microrganismo, levando-o à
Procedimentos estéticos para queratose pilar e foliculite 19

morte (RIBEIRO, 2010). O óleo de copaíba também é utilizado como


ativo antisséptico, uma vez que tem ação germicida, associado à ação
anti-inflamatória (RIBEIRO, 2010). Além desses ativos, o cloreto de ben-
zalcônio, o triclosan, o pidolato de zinco, o óleo de alecrim e o própolis
são exemplos de ativos antissépticos.

Ativos anti-inflamatórios
Estes ativos atuam reduzindo os sinais de inflamação, como dor, calor, rubor,
eritema e intumescimento presentes nos quadros de foliculites. Nesses casos,
promovem alívio da dor, redução da vermelhidão local e redução do edema,
além de acelerar a cicatrização dos tecidos. Entre os ativos com essa função,
cita-se: aloe vera, camomila, calêndula, alantoína, óleo de rosa mosqueta,
vitaminas C e E, entre outros ativos.
Podem ser empregados tanto no tratamento da foliculite como aplicados
imediatamente após a depilação, a fim de reduzir os danos teciduais causados
pelo mecanismo de remoção dos pelos. Nesses casos, quando aplicados pós-
-depilação, podem ainda ser empregados ativos como: alfa-bisabolol, óleo
essencial de hortelã, mentol e outros ativos que promovem ação refrescante
pós-depilação, amenizando o quadro de rubor e irritação cutânea.
Além disso, Ribeiro (2010) comenta que nos pacientes com histórico de
foliculites, associado aos processos de epilação, pode-se indicar o uso de ativos
que retardam o crescimento dos pelos, reduzindo as agressões aos folículos
pilosos por meio da remoção dos pelos. Nesse caso, cita-se o emprego de ativos
como: lipoxidase, eflornitina, além de ativos naturais, como hidrolisado de
proteína de soja e hamamélis, entre outros ativos.
Na queratose pilar, os ativos anti-inflamatórios podem ser empregados
se houver sinais inflamatórios locais. Para pacientes cuja queixa é o eritema
tecidual (vermelhidão), o profissional de estética pode fazer uso de ativo anti-
-inflamatório associado a ativos com função específica antieritematosa que
atuam reduzindo a dilatação vascular, responsável pele eritema. Cita-se o uso
de gingko biloba, água termal e centelha asiática, nesse caso.

Ativos despigmentantes
Estes ativos estão indicados nos quadros de hiperpigmentação da pele, que
cursam com o aparecimento de manchas mais escuras que a cor natural da
pele. Nessas situações, o emprego de cosméticos visa a clarear as manchas e
tornar a cor da pele mais uniforme.
20 Procedimentos estéticos para queratose pilar e foliculite

Segundo Ribeiro (2010), para promoverem esses resultados, os ativos


despigmentantes, também chamados de ativos clareadores, devem inibir a
síntese de melanina (substância que dá cor à pele), reduzindo a quantidade
de melanócitos ativos (células que produzem a melanina), além de esfoliarem
os queratinócitos carregados de melanina localizados na superfície da pele.
Com essa função, pode-se aplicar ativos como: ácido kójico, ácido elárgico,
vitamina C, ácido fítico, ácido azelaico, silicato de alumínio, α-hidroxiácidos,
vitamina F, belides, entre outros ativos.
Os ativos citados anteriormente podem estar presentes em diferentes
formulações, incluindo sabonetes líquidos, tônicos, cremes, géis, máscaras,
ou seja, em uma variedade de formulações, dependendo do local de aplicação.
Na prática, ainda, esses ativos cosméticos podem estar presentes de maneira
associada em formulações, não necessitando de um produto cosmético
para cada indicação. Utiliza-se, por exemplo, um produto cosmético que
contenha ativos calmantes, anti-inflamatórios e antissépticos associados
(MANA et al., 2017).

4 Elaboração de protocolos de tratamentos


associados
Os protocolos de tratamentos destinados ao manejo de queratose pilar e foli-
culites devem ser baseados na avaliação do paciente, realizada previamente ao
tratamento. Contudo, algumas associações terapêuticas podem ser sugeridas,
com base na fisiopatologia dessas disfunções e no mecanismo de ação dos
recursos terapêuticos disponíveis. A seguir, são descritos alguns exemplos
de protocolos.

Protocolo de tratamento de queratose pilar — nestes casos, pode-se asso-


ciar a utilização de cosméticos esfoliantes, luz intensa pulsada e cosméticos
hidratantes. Pode-se iniciar o protocolo com uma esfoliação tecidual com o
uso de cosmético esfoliante enzimático, como a bromelina, a fim de remover
a camada de células mortas e o excesso de queratina, mas sem agredir exa-
geradamente a pele.
Em seguida, aplica-se a luz intensa pulsada que, nesse caso, atuará redu-
zindo o eritema facial, que pode ser uma queixa dos pacientes com queratose
pilar, especialmente se houver acometimento facial.
Procedimentos estéticos para queratose pilar e foliculite 21

Para finalizar, aplica-se ativos cosméticos com propriedades hidratantes,


como cosméticos com vaselina e ureia. A aplicação de ativos hidratantes se
pauta no fato de a pele com queratose pilar comumente apresentar desidratação
tecidual, que pode ser tratada com hidratantes. Aliado ao uso do hidratante, o
produto pode conter em sua formulação ainda, de maneira associada, algum
ativo que reduza o eritema facial, como gingko biloba.

Protocolo de tratamento de foliculite — nestes casos, pode-se associar o


uso de cosméticos esfoliantes, calmantes, anti-inflamatórios e antissépticos
associado à terapia com ledterapia.
Pode-se iniciar o protocolo com a higienização da pele com o uso de sabo-
nete líquido com ácido salicílico na formulação. Em seguida, pode-se aplicar
um tônico calmante na região, a fim de reduzir os sinais e sintomas decorrentes
da inflamação. Aplica-se a técnica de ledterapia na cor azul em toda a área de
tratamento, a fim de acelerar o processo cicatricial. E, ao final do protocolo,
pode-se aplicar um ativo cosmético com propriedades anti-inflamatórias a
antissépticas, como vitamina C e óleo de melaleuca.

Protocolo de tratamento para hiperpigmentação pós-inflamatória causada


por queratoses ou foliculite — nestes casos, a queixa do paciente se refere à
falta de uniformidade na coloração da pele, com presença de áreas mais escuras
que a pele natural. Nesses casos, pode-se empregar a aplicação de peelings
químicos com ativos despigmentantes, como o ácido kójico.
Pode-se associar, entre as sessões, a realização de microdermoabrasão,
que promove a remoção da camada mais externa da epiderme de maneira
física, removendo o excesso de melanina depositado nessa região, e da luz
intensa pulsada, a fim de atuar sobre a melanina presente na pele, reduzindo
a concentração desse pigmento nas manchas, clareando-as. Aliado a esses
tratamentos, o paciente deve ser instruído a utilizar filtro solar e evitar a
exposição ao sol durante o tratamento.
Lembre-se de, antes de elaborar o protocolo de tratamento, realizar a ava-
liação do paciente, verificando a queixa dele, o histórico de saúde, a avaliação
da pele e, ainda, se o paciente tem indicações para os tratamentos disponíveis.
Vale destacar que no tratamento de queratose pilar e foliculites, a abordagem
deve ser integral, utilizando diferentes recursos terapêuticos e envolvendo cui-
dados com a pele e cuidados cosméticos realizados pelo paciente no ambiente
domiciliar, a fim de garantir resultados mais efetivos.
22 Procedimentos estéticos para queratose pilar e foliculite

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24 Procedimentos estéticos para queratose pilar e foliculite

SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA (SBD). Ceratose. Rio de Janeiro: SBD, c2017a.


Disponível em: https://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/
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SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA (SBD). Foliculite. Rio de Janeiro: SBD, c2017b.
Disponível em: https://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/
foliculite/7/. Acesso em: 3 set. 2020.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA REGIONAL RIO DE JANEIRO (SBDRJ). O que
são ceratoses? Rio de Janeiro: SBDRJ, c2020. Disponível em: http://sbdrj.org.br/o-que-
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TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia.
10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
YOKOMIZO, V. M. F. et al. Peelings químicos: revisão e aplicação prática. Surgical & Cosmetic
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br/exportar-pdf/5/5_n1_253_pt/Peelings-quimicos--revisao-e-aplicacao-pratica.pdf.
Acesso em: 3 set. 2020.

Leitura recomendada
LIMA, R. B. Foliculite queloideana da nuca. Barbosa Lima Dermatologia, c2020. Disponível
em: https://www.dermatologia.net/cat-doencas-da-pele/foliculite-queloideana-da-
-nuca/. Acesso em: 3 set. 2020.

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Conteudo:

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SOLUt;OES
EDUCACIONAIS
INTEGRADAS
Dica do professor
A abordagem terapêutica na queratose pilar normalmente é feita por meio da aplicação de
diferentes recursos, visando a potencializar os efeitos terapêuticos de cada recurso aplicado.

Dentre as possíveis associações empregadas no tratamento da pele acometida por queratose pilar,
está o tratamento conjunto de peelings físicos, como o peeling de diamante, por exemplo, associado
à aplicação de cosméticos com finalidade anti-inflamatória, antieritema e cosméticos hidratantes.

Os objetivos dessa associação são promover a remoção da camada mais externa da epiderme e
aumentar a permeação dos ativos cosméticos aplicados à pele, melhorando, desse modo, o aspecto
inestético da pele acometida por quadros de queratose pilar.

A Dica do Professor exemplifica a abordagem terapêutica com o uso de peeling de diamante e


ativos cosméticos no tratamento dessa disfunção.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Na prática
As foliculites podem apresentar diferentes etiologias, cursando com quadros de inflamação e/ou
infecção tecidual, que geram quadros de eritema, dor, prurido e, em alguns casos, intumescimento
local.

Podem ter diferentes etiologias e, em algumas situações, o quadro pode se desenvolver após
raspagem dos pelos corporais, gerando um processo inflamatório local, que surge alguns dias após
o procedimento, evoluindo à medida que os pelos crescem.

Considerando esse tipo de foliculite, relacionada ao hábito de "raspar os pelos", este Na Prática traz
um relato de caso e uma sugestão de protocolo de tratamento estético para essas situações.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Atuação do laser de diodo na foliculite


O laser de diodo é uma técnica de remoção definitiva dos pelos feita por meio da energia luminosa
do laser. Trata-se de uma técnica que tem sido muito utilizada por pacientes a fim de evitar o
trauma causado pela raspagem dos pelos, evitando traumas na pele.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Ceratose pilar (queratose pilar) - O que é e como tratar


Este vídeo contém a explicação de uma médica dermatologista sobre o que é a queratose pilar, as
causas, as manifestações clínicas e os possíveis tratamentos a serem utilizados.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Tratamento estético para hiperqueratose nos braços


Este vídeo aborda alguns dos principais ácidos a serem empregados no tratamento da queratose
pilar, considerando que a realização de peelings químicos está indicada para essa disfunção a fim de
afinar a pele e reduzir o quadro de hiperqueratinização.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Foliculite nas nádegas e na virilha: tratamento simples e barato
com esfoliação
Quadros de foliculites são frequentes e podem acometer tanto homens como mulheres. Neste
vídeo, um médico aborda a fisiopatologia dessa disfunção, as causas e algumas medidas
preventivas.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Anatomofisiologia do folículo piloso e da
unidade pilossebácea

Apresentação
O cabelo destaca-se no ser humano como um grande aliado estético no quesito beleza e
autoestima, envolvendo a associação de textura, cor e corte ideal para cada tipo de rosto. Ao
estudar a história do cabelo, é possível perceber que ele sempre teve um destaque importante para
o homem. Além de representar um adorno, pode-se encontrar relatos de movimentos inserindo um
significado importante para os diversos tipos de penteados que eram escolhidos de acordo com a
época, como o uso do black power no movimento negro e os cabelos longos e esvoaçantes
destacados no movimento hippie, que pregava o amor livre. Além de ser esteticamente um aliado,
fazer parte de movimentos e histórias com importantes significados, na Antiguidade, a adoração
dos cabelos alcançou impérios, crenças, mitologia, cultura, religião, classe sociais e, posteriormente,
a ciência acolheu veementemente o estudo aplicado à tricologia.

Nesse contexto de significados relacionado aos fios, enquanto para o homem ele representava
força e poder, para a mulher não era somente símbolo de beleza, mas também uma forma de
reivindicar direitos iguais. O cabelo é igualmente um símbolo importante de saúde, que se revela
por meio dos sinais de queda, pois por intermédio dele é possível detectar uma doença quando, por
exemplo, uma pessoa é acometida de alopecia ou eflúvio repentino.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará a história do cabelo, bem como a


anatomofisiologia do folículo piloso e da unidade pilossebácea. Além disso, aprenderá a identificar
as fases do pelo e as características de cada uma delas.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Descrever a história do cabelo.


• Explicar a anatomofisiologia do folículo piloso e da unidade pilossebácea.
• Identificar as fases do pelo.
Infográfico
O folículo piloso pode ser acometido por uma disfunção que leva à inflamação, ocasionando a
queda dos cabelos de forma isolada ou em várias áreas, acarretando uma alopecia parcial ou total.
Algumas pessoas já apresentam características predisponentes a determinada disfunção, uma vez
que estas estão relacionadas ao fator genético e, consequentemente, já nascem com o gene que
levará à queda capilar.

Neste Infográfico, você vai conferir algumas disfunções que acarretam a inflamação do folículo
piloso, bem como as características e os fatores importantes a serem considerados na hora de
avaliar um couro cabeludo que está passando por queda e tem uma ou várias áreas calvas.
TlPOS DE DISFUN O--ES • • •
.,. ••• •

DO FOLICULO PILOSO • • •

0 folfculo piloso e desenvolvido somente no perfodo embrionario, ou seja, a crian\aja


nasce com a quantidade adequada que irater durante a vida.

Quando a queda capilar nao esta dentro da normalidade, e um indicativo de que o


folfculo piloso esta sofrendo algum tipo de inflama\ao, par isso as fases de
crescimento sao alteradas: a fase anagena nao dura o tempo que deveria ea fase
te16gena e antecipada, consequentemente, levando a queda.

Conhe a os principais tipos de disfun oes do foliculo piloso.

.
•. •
••
.
Alopecia areata
-.- .• •.• :

E considerada uma doen\a genetica, autoimune, com ataque linfocftico, sem distin\ao
de sexo, ra\a e idade, afetando 0,1-2%da popula\ao.

0 infiltrado acontece em torno do folfculo


da regiao peribulbar, perivascular e na
bainha externa (predominante no bulbo},
interrompendo a fase anagena.

0 tratamento pode ser com injetaveis ou


medicamento receitado pelo medico,
coma corticoides.

Dermatite seborreica

As caracterfsticas e os aspectos clfnicos


incluem eritema, aspereza, descama\ao,
prurido e inflama\ao.
Pode acometer areas coma couro cabeludo,
face e t6rax.
• •
• • •• •
• •• ••

Alopecia androgenetica

0 desprendimento se da por fator genetico com padrao de queda capilar em homens.

Os folfculos predispostos sao alvos do


horm6nio andr6geno que provoca uma
inflama\ao, causando a miniaturiza\ao
dos fios.

0 tratamento pode ser t6pico com Minoxidil


ou com medicamento receitado pelo medico,
coma a Finasterida.

Psorfase

.
. • .•.
• .• . •.


1

E uma doen\a autoimune e genetica. Ha uma


resposta imunol6gica autorreativa causada
pelos linf6citos Te os mast6citos, levando a
uma inflama\ao cr6nica e recidivante da pele.

Entretanto, nao e contagiosa, mas as


les6es aparecem eritematodescamativas,
delimitadas, de tamanhos variados,
com padr6es e distribui\ao corp6rea variaveis.

Avalia ao e cuidados

Anamnese

Avaliar o couro cabeludo e investigar a disfun\ao


corretamente e essencial para entender a conduta
correta: e possfvel realizar algum tipo de tratamento,
ou see um caso para ser tratado por um medico
especialista com injetaveis.
..
• •.•.
. •

Acalmar a pele

A pele precisa ser acalmada com a ajuda de ativos com


propriedades inflamat6rias e calmantes de emolientes,
no caso da dermatite seborreica e psorfase, devido a
inflama\ao intensa e as placas que acometem a pele. .
.
. .
• .• .•.••.

Higieniza ao

0 ideal e usar um xampu ou lo\6es com antifungicos,


antibi6tico e corticoides, no caso da
dermatite seborreica.
Na psorfase, usar lo\6es ou xampus de corticoides
ou analogos da vitamina D.

• • •• • •
• • •
Conteúdo do livro
Na atualidade é possível encontrar vários estudos embasados cientificamente relacionados à
anatomofisiologia do folículo piloso. Por meio deles é possível perceber que o cabelo não é
somente um adorno estético como era no Antigo Egito e na Grécia, em que as mulheres e os
homens se preocupavam extremamente com a beleza e a aparência, e quanto mais longo os
cabelos, mais da alta sociedade a pessoa era. Eles usavam muitos adornos para aumentar a estética
da aparência, como tiaras de ouro e tranças com fitas. Os cabelos eram usados como oferta aos
deuses e os penteados eram os mais inusitados. No entanto, as mulheres do Antigo Egito tinham
mais liberdade de escolher qual penteado queriam. Muitos optavam por raspar a cabeça e usar
peruca para facilitar a higiene devido às pragas que assolavam a humanidade.

No entanto, o cabelo não se resume a um adorno estético, é possível ver a complexidade das
estruturas e características da unidade pilossebácea por meio das pesquisas e dos estudos clínicos
que envolvem a anatomia, a fisiologia e a embriologia do folículo piloso, anexo do corpo humano
que dá origem ao cabelo.

No capítulo Anatomofisiologia do folículo piloso e da unidade pilossebácea, base teórica desta


Unidade de Aprendizagem, você vai ver a descrição da história do cabelo, a anatomofisiologia do
folículo piloso e da unidade pilossebácea. Além disso, vai entender as particularidades de cada
estrutura. Por fim, vai identificar as fases do pelo.

Boa leitura.
TRICOLOGIA E
ESTÉTICA CAPILAR
Anatomofisiologia
do folículo piloso
e da unidade
pilossebácea
Glaucia Lopes da Silva

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

> Descrever a história do cabelo.


> Explicar a anatomofisiologia do folículo piloso e da unidade pilossebácea.
> Identificar as fases do pelo.

Introdução
A história do cabelo apresenta importantes relatos sobre significados, movi-
mentos e mitologia, promovendo estudos com embasamento científico para
melhor compreensão das suas partes. O cabelo sempre foi considerado um
adorno de embelezamento aliado à estética, símbolo de força para o homem e
de encantamento para a mulher. Por outro viés, é preciso entender o cabelo em
termos também fisiológicos, com suas fases de crescimento, suas estruturas
e respostas a fatores internos e externos ao organismo.
Neste capítulo, você começará estudando a história do cabelo, para então
examinar a anatomofisiologia do folículo piloso e da unidade pilossebácea,
identificando as fases de crescimento e as particularidades de cada uma.
2 Anatomofisiologia do folículo piloso e da unidade pilossebácea

História do cabelo e sua importância para


a humanidade
O cabelo representa mais que um adorno estético; ele fez história em di-
ferentes épocas, lugares e ocasiões. Desempenha um papel importante de
acordo a etnia, religião e grupo social, além de ser um considerável objeto de
comunicação presente nos penteados, que em algumas épocas simbolizavam
poder, gênero, identidade e posição social. Assim como penteados com fios
alinhados, altos topetes, cachos grandes, perucas, etc. desempenhavam
um papel de soberania, indivíduos despenteados, em contrapartida, eram
associados a bruxos, rebeldes, prisioneiros e até mesmo loucos. Ainda hoje os
cabelos indiscutivelmente exercem essa função de comunicação, indicando,
por exemplo, área profissional, posição social ou religiosa. Nesse âmbito,
é possível encontrar histórico de lutas e movimentos importantes, como a
consolidação do black power nos anos 1960, também conhecido como Movi-
mento Negro, em que negros buscavam mostrar sua identidade por meio de
roupas, atitude e principalmente pelos fios soltos e naturalmente cacheados
e armados (ARAÚJO, 2012).
Na Grécia Antiga, registros referentes à beleza e aos cabelos estão eviden-
tes em pinturas, estátuas, achados arqueológicos e até mesmo em coleções
privadas. Dessa forma, é possível perceber como os símbolos de beleza
eram importantes para eles. Os homens bonitos eram aqueles que tinham
lábios grossos e queixo pronunciado, considerados abençoados por deuses
três vezes mais que os outros desprovidos de beleza, enquanto as mulheres
eram consideradas belas quando tinham cabelos perfumados com óleos
essenciais e pintados em tons de louro, que simbolizava beleza, ou tom
ruivo, que simbolizava riqueza. Outro fato curioso com relação aos cabelos
na Grécia Antiga é que quando uma pessoa fazia uma promessa aos deuses
ela ofertava seus cabelos, ficando totalmente careca.
A Figura 1 mostra a estátua de um homem grego que remete à tonalidade
dos cabelos claros na cor dourada, nariz fino, queixo protuberante, de corpo
aparentemente alto e escultural. Os homens que não tinham cabelos dourados
faziam uma mistura de ingredientes naturais, como vinagre, suco de limão e
açafrão para deixar os fios mais claros.
Anatomofisiologia do folículo piloso e da unidade pilossebácea 3

Figura 1. Estátua grega antiga conhecida como Diadumenos (aquele que porta o diadema),
retratando um jovem no ato de amarrar um enfeite na cabeça.
Fonte: The Athens… (2009, documento on-line).

O professor Fabio Lessa (2018) menciona como os corpos eram atléticos e


que há uma relação entre corpos humanos e divinos que também foi referen-
ciada por Michalis Tiverios (2015). Para o autor, “em todas as imagens populares,
os deuses gregos, igual aos heróis e atletas, são belos e de formosos corpos”
(TIVERIOS, 2015, p. 108–109). Nesse contexto, não há dúvida de que se trata
de uma idealização, pois não é plausível que todos os gregos antigos fossem
belos e tivessem um físico escultural.
Quanto aos penteados usados na época, é possível observar que tanto
homens quanto mulheres seguiam modelos de acordo discriminação familiar
e idade. Eram muito usados, por exemplo, tranças alinhadas, cabelos frisados
e o nó grego. Veja na Figura 2 exemplos de como as mulheres usavam adornos
como tiaras e fitas e cabelos cacheados.
4 Anatomofisiologia do folículo piloso e da unidade pilossebácea

Figura 2. Tipos de penteados femininos usados na Grécia Antiga.

No Egito antigo, além da beleza ser tão primordial quanto para os gregos,
acreditava-se que a aparência era importante também após a morte. Por isso,
é comum encontrar em túmulos egípcios adornos como cosméticos, pentes,
joias e até mesmo perucas. Para manter a pele bonita e os penteados que
apreciavam, os egípcios usavam cosméticos naturais feito com mel, leite,
óleos de amêndoa, rícino, mamona, entre outros.
Nesse âmbito, registros atestando a beleza da rainha egípcia Nefertiti (c.
1370–1330 a.C.) são encontrados em muitos indícios arqueológicos, que até
hoje servem de referência para nomear uma técnica de aplicação de toxina
botulínica de Nefertiti lift. Esse procedimento estético recebe esse nome em
referência a traços marcantes dessa rainha, como o contorno da mandíbula
muito preciso, além do pescoço longo (Figura 3) (CARIA, 2013).
Anatomofisiologia do folículo piloso e da unidade pilossebácea 5

Figura 3. Busto da rainha Nefertiti, do Egito Antigo.


Fonte: Pikart (2009, documento on-line).

Com relação aos penteados dos antigos egípcios, havia distinção de acordo
com classe social, idade e sexo. Um escravo não podia usar o mesmo pente-
ado que cidadãos livres, do mesmo modo que pessoas de classe baixa não
podiam usar o mesmo penteado que pessoas de classe alta. De acordo com
hieroglifos da época, tanto meninas quanto meninos usavam os mesmos
estilos de penteado, com somente uma mecha de cabelo do lado esquerdo
da cabeça e o resto todo raspado. Quando cresciam, os meninos mantinham
e estilo de penteado com um lado da cabeça raspado e as meninas optavam
por usar tranças ou cabelo preso em uma espécie de rabo-de-cavalo. Já no
período tardio do Antigo Egito, as mulheres usavam cabelos mais curtos na
altura do queixo, enquanto os homens deixavam os cabelos com cachos e as
orelhas visíveis (PAULA, 1962).
6 Anatomofisiologia do folículo piloso e da unidade pilossebácea

Os egípcios aderiram ao uso de perucas que simbolizavam religio-


sidade e estética, bem como para ajudar na higiene, uma vez que
pragas como insetos e piolhos apareciam constantemente por alagamentos
do rio Nilo. Assim, era comum raspar a cabeça e optar por usar perucas, que
eram confeccionadas com o próprio cabelo da pessoa. Para dar mais volume,
eram adicionadas fibras de linho e lã, e alguns egípcios optavam por usar o
acessório por cima do cabelo. As perucas ainda tinham adornos como tiara de
ouro, flores, fitas coloridas e penas de aves. Quando os cabelos usados para
confeccionar as perucas eram claros em tons de louro ou castanho, os egípcios
usavam cera de abelha para colorir os fios de preto. A configuração das perucas
não mudou muito até os dias atuais, e elas ainda trazem referências do Egito
Antigo (FUSCO; COELHO, 2014).
Observe na Figura 4 diversos modelos de perucas usadas pelos egípcios
antigos, incluindo adornos como tiaras, miçangas e fitas, que eram usados
para dar volume.

Figura 4. Estilos de peruca do Egito Antigo.


Fonte: My Little Occukt (2018, documento on-line).
Anatomofisiologia do folículo piloso e da unidade pilossebácea 7

Registros da Grécia Antiga e do Egito Antigo deixam claro como o cabelo


desempenhava um papel importantíssimo não somente como um adorno de
beleza, mas também para diferenciar classes sociais, servir de oferta aos deuses
e como símbolo religioso, de crença e de poder. Quanto mais adornos, mais
a pessoa tinha poder. A diferença entre esses dois povos é que as mulheres
do Egito Antigo tinham muito mais liberdade com seus cabelos, e podiam, por
exemplo, optar por cortes curtos ou raspados, enquanto as mulheres da Grécia
Antiga só tinham seus cabelos cortados para simbolizar luto ou envelhecimento.

Folículo piloso e unidade pilossebácea


Sabemos que o cabelo tem uma importância fundamental na vida humana,
de acordo cada cultura em distintas regiões e em diferentes épocas, desem-
penhando um papel de adorno estético e manifestação cultural. Em termos
fisiológicos, o cabelo, bem como o couro cabeludo, pode sofrer afecções,
mudando consideravelmente sua estrutura, e inclusive passando por eflúvio ou
alopecia. As estruturas do cabelo envolvem folículo piloso, glândula sebácea,
músculo eretor do pelo e bulbo, que é a parte ejetada para fora do couro cabe-
ludo e que compreende o córtex, a medula e a cutícula. Seu desenvolvimento
se dá através do bulbo piloso, e passa pelas fases de crescimento anágena,
catágena e telógena no seguimento inferior transitório do folículo piloso.
O folículo piloso é a estrutura que dá origem a pelos e cabelos, sendo
queratinizada e com várias características, como cor, tamanho, espessura e
disposição, de acordo a localização no corpo e com cada etnia. O folículo piloso
é desenvolvido somente no período embrionário. Na região dos supercílios,
lábios e mento, desenvolve-se a partir da 9ª semana de gestação, enquanto
nas outras regiões desenvolve-se a partir do quarto mês.
Os pelos são divididos em lanugem, que surge entre a 17ª e a 20ª semanas,
e o pelo velus, que o substitui depois de alguns meses de nascimento do
bebê. O cabelo é uma invaginação da epiderme na derme.

Os brotos capilares invaginam-se e sua extremidade terminal é preenchida por


mesoderma, no qual se desenvolvem vasos e terminações nervosas. As células no
centro dos brotos capilares tornam-se queratinizadas e formam a haste do pelo,
e as células periféricas originam a bainha epitelial do pelo. A bainha da raiz dérmica
e o músculo liso, denominado de eretor do pelo, formam-se ao redor do tecido
conjuntivo da derme circundante ao folículo piloso. A parede epitelial do folículo
piloso apresenta um pequeno broto que penetra no mesoderma circundante, no
qual as células desse broto formam as glândulas sebáceas. Em relação à colora-
ção, os melanoblastos migram para os bulbos pilosos e a melanina é depositada
nas células formadoras dos pelos da matriz germinativa (BORGES, 2016, p. 759).
8 Anatomofisiologia do folículo piloso e da unidade pilossebácea

Veja na Figura 5 como o folículo piloso é formado a partir da 4ª semana


do período embrionário.

Figura 5. Desenvolvimento do folículo piloso.


Fonte: Garcia e García Fernández (2012, p. 558).

O folículo piloso é dividido em duas partes: segmento superior e inferior.


O segmento superior é considerado uma parte fixa e está localizado da altura
da inserção do músculo eretor até a superfície da pele. É composto pelas
seguintes estruturas: infundíbulo, istmo, glândula sebácea e bulbo. Por sua
vez, o segmento inferior é considerado uma parte transitória e está localizado
na região que vai do músculo eretor até a base inferior, e contém o bulbo
piloso e o folículo piloso.
O infundíbulo é uma região comum à glândula sebácea e ao folículo, repre-
sentando uma continuação do epitélio. Tem uma forma em espécie de túnel,
que se estende do óstio até a abertura do ducto da glândula sebácea. Pelo
infundíbulo sai o cabelo e a secreção sebácea, mas a abertura que comunica
Anatomofisiologia do folículo piloso e da unidade pilossebácea 9

a unidade pilossebácea com o couro cabeludo externo é denominada óstio


folicular. É pela identificação da sua presença na anamnese com o aparelho
de tricoscopia que é possível observar a presença de folículo abaixo do couro
cabeludo. Já o poro faz parte da glândula sudorípara, por onde sai o suor.
Por sua vez, a glândula sebácea é responsável por lubrificar o pelo mediante a
secreção sebácea de ácidos graxos. O istmo se estende do ducto da glândula
sebácea até o músculo eretor do pelo, que é o menor músculo presente no
corpo, apresentando fibras lisas e sendo responsável pelo eriçamento dos
pelos (ACHENBACH; GRECO, 2014).
Veja na Figura 6 a divisão do folículo piloso com cada uma de suas
estruturas.

Acrotríquio

Glândula
sebácea Infundíbulo Região
persistente
Músculo
eretor
do pêlo

Istmo

Região Porção
transitória germinativa
Segmento
inferior

Bulbo

Figura 6. Estruturas do folículo piloso.


Fonte: Merlotto (2020, documento on-line).

A composição do folículo piloso inclui uma quantidade enorme de células


epiteliais e mesenquimais, compreendendo mais de 20 tipos diferentes de
células que passam por inúmeras transformações e sofrem alterações de suas
substâncias de acordo com a fase do clico de crescimento ou do incitamento
hormonal. Em termos gerais, destacam-se as células-tronco, queratinócitos e
melanócitos, além da presença dos vasos sanguíneos e de células do sistema
10 Anatomofisiologia do folículo piloso e da unidade pilossebácea

imunológico. O bulbo é uma estrutura protuberante muito importante, que


fica próxima ao músculo eretor do pelo. Apresenta formato de nicho, que
serve de reservatório de células-tronco foliculares, mais precisamente as
células-tronco mesenquimais, que têm alta capacidade proliferativa e são
multipotentes, responsáveis pela regeneração do folículo piloso, das glândulas
sebáceas e da epiderme interfolicular. Também contém células de Langerhans
imaturas, células de Merkel e células neurais. As células-troncos ainda são
responsáveis por mediar as fases de crescimento do pelo e pela renovação
da porção inferior do folículo em casa fase. Além disso, contribuem com a
regeneração da epiderme superficial, fazendo a reparação do tecido quando
sofre alguma agressão (PORRIÑO et al., 2014)
Para entender a importância do bulbo, é necessário compreender a função
das células-tronco presentes nele. Essas células têm a capacidade singular de
se renovar ao longo da vida de um órgão enquanto produzem células-filhas que
se diferenciam em uma ou várias linhagens. Embora seja difícil identificá-las e
caracterizá-las em qualquer tecido, essas células são perseguidas avidamente
pela ciência, pois carregam consigo a promessa potencial de reprogramação
terapêutica para o crescimento de tecido humano in vitro e para o tratamento
de doenças humanas. Seus potenciais destinos, incluindo autorrenovação e di-
ferenciação, representam características biológicas cruciais das células-tronco
que ainda são pouco conhecidas. As células-tronco epiteliais representam
um alvo maduro para a pesquisa dos mecanismos fundamentais subjacentes
a esses processos importantes (ALONSO; FUCHS, 2003).
De acordo com Harris (2018), um fio de cabelo ou pelo é produzido no bulbo
capilar. O bulbo contém a matriz germinativa e abriga a extremidade inferior
da raiz do fio, sendo a parte mais espessa e profunda do folículo. O bulbo
piloso possui cinco porções: papila dérmica, matriz germinativa, bainha interna
do folículo, bainha externa do folículo e o pelo. A papila dérmica é composta
de fibroblastos e controla o tamanho e o número de células germinativas,
como queratinócitos e melanócitos, e o tamanho do pelo. As células da ma-
triz germinativa, os queratinócitos, multiplicam-se e se movem para cima e
dentro do folículo piloso, depois diferenciam-se nas células que constituem
o pelo. A papila dérmica é irrigada por pequeníssimos vasos sanguíneos que
carregam oxigênio e nutrientes para as células que darão origem a pelos e
cabelos, simultaneamente removendo as toxinas dos folículos pilosos. Já a
bainha externa é a camada localizada na periferia do folículo piloso, dando
continuidade ao epitélio da epiderme que recobre o couro cabeludo, enquanto
a bainha interna é formada por uma camada única de células que envolvem a
Anatomofisiologia do folículo piloso e da unidade pilossebácea 11

cutícula. Somente as palmas das mãos, as plantas dos pés, a região do lábio
inferior e a genitália masculina que não possuem unidades pilossebáceas,
as quais compreendem glândula sebácea, folículo piloso e seus anexos.
Assim, além das estruturas que se acomodam internamente ao couro
cabeludo, o fio de cabelo depois de ejetado também apresenta estruturas
próprias, como cutícula, córtex e medula. A cutícula é a camada mais externa
do cabelo, constituída de células achatadas e queratinizadas, com seis a
oito camadas sobrepostas. É transparente, permitindo que a cor do cabelo
se manifeste, e tem a função de proteger o córtex, além de ser responsável
pelo brilho do cabelo. A cutícula pode sofrer agressões externas, mecânicas
ou químicas, como por tratamentos de alisamento, permanente, colorações,
secador, chapinha, clima, entre outros. O córtex responde por 90% do peso
total do cabelo, sendo constituído por células queratinizadas que se tornam
alongadas. Cortando um fio de cabelo, podemos ver a disposição das longas
células do córtex como s substância intercelular rica em lipídios e proteínas,
a macrofibrila de queratina. Cada macrofibrila é composta por inúmeros
elementos menores, as microfibrilas, e cada microfibrila aparece como um
arranjo de elementos menores denominados protofibrilas, que, por sua vez,
têm quatro cadeias de queratina formando uma alfa-hélice. Possui ainda
pequenos grânulos de melanina e sua estrutura completa determina o grau
de resistência e elasticidade do fio (GAMA, 2010).
É no córtex que acontecem as transformações do cabelo, mediante a
formação ou quebra das ligações químicas da sequência de aminoácidos,
como a ligação salina e hidrogênio, que aumenta a extensão do cabelo ao ser
molhado e sofre uma transformação temporária, e a ligação de enxofre, que
pode ser transformada de modo permanente por agentes químicos ou físicos,
sendo protegido pela cutícula e por uma fina camada de sebo. Já a medula é
a parte mais interna da estrutura do fio de cabelo, com células anucleadas e
nucleadas. Embora não esteja presente em todo o cabelo, é responsável por
levar nutrientes e minerais até as pontas dos fios e manter a termorregulação.
Ter conhecimentos sobre todas as estruturas do folículo piloso e do cabelo
é extremamente útil para manter a saúde do couro cabeludo e para desenvol-
ver fios fortes e brilhosos, que emanam saúde. Além disso, uma alimentação
balanceada também é fundamental para levar nutrientes aos fios através dos
capilares sanguíneos presentes no folículo. Dessa maneira, disfunções do
couro cabeludo e no folículo piloso podem ser evitadas, incluindo as quedas
de fios. Ademais, o ideal é que esses cuidados sejam associados ao uso de
cosméticos adequados a cada tipo de cabelo.
12 Anatomofisiologia do folículo piloso e da unidade pilossebácea

A estrutura dos fios é modificada com uso de produtos muito al-


calinos, como alisantes, xampus antirresíduos e coloração, ou de
produtos muito ácidos, como aqueles usados na escova progressiva. Alguns
desses últimos contêm formol em sua formulação, e nesse caso os fios que
receberem o produto não voltarão mais ao seu estado natural, uma vez que
a ponte dissulfeto sofrerá um rompimento e quando se ligar novamente à
queratina o cabelo terá uma nova forma, ou seja, se era cacheado ficará liso.

O ciclo de crescimento capilar


O crescimento dos cabelos se dá a partir do folículo piloso e inclui as fases
de crescimento anágena, catágena e telógena. De acordo com Restrepo e
Mercedes Niño (2012), cada fio de cabelo cresce em torno de 1 cm por mês;
em contrapartida, os cabelos caem numa taxa média normal de 50 a 100 por
dia. Isso acontece porque os cabelos novos que estão emergindo empurram
os fios telógenos que já estão programados para cair. Seja como for, certos
cuidados com a saúde e a alimentação devem ser priorizados para que nu-
trientes essenciais cheguem até o folículo através da corrente sanguínea
pelos vasos capilares.
Em todo o corpo, calcula-se que existem em torno de 5 milhões de fo-
lículos pilosos, sendo que 1 milhão deles estão localizados na cabeça. No
couro cabeludo, existem cerca de 100 mil unidades, entre as quais 90% têm
a capacidade de produzir um fio por vez, enquanto os outros 10% podem
produzir dois ou até mais fios por vez.

Os fios de cabelos crescem 0,33 mm por dia, ou seja, cerca de 1 cm ao mês. Uma
pessoa com a fase de crescimento (anágena) de 2 anos, terá cabelos de 24 cm
de comprimento. Outra com 5 anos de crescimento terá 60 cm de comprimento.
A queda normal diária de cabelos tem relação direta com o número total dos
mesmos e com a duração da fase de crescimento. Normalmente, uma pessoa tem
em média 100 mil fios de cabelos e uma fase de crescimento de 3 anos, ou seja,
esta pessoa troca cerca de 100 mil fios a cada 1.000 dias, tendo uma perda de
100 cabelos por dia. Se o indivíduo tiver mais do que 100 mil fios, com o mesmo
tempo de fase de crescimento, ele terá uma maior perda diária (WEIDE; MILÃO,
2009, documento on-line).

Veja na Figura 7 que dentro de um mesmo folículo piloso é possível haver


de um a quatro fios de cabelos. Tais folículos foram retirados um a um por
um profissional médico especialista em implante capilar.
Anatomofisiologia do folículo piloso e da unidade pilossebácea 13

Figura 7. Tipos de folículos pilosos com quantidade distintas de fios.


Fonte: Biavatti ([2021?], documento on-line).

Cada folículo tem seu ciclo ou fase de crescimento individual com suas
particularidades. A fase anágena dura cerca de 2 a 7 anos e varia de acordo as
características pessoais, genética, sexo, idade, além de alimentação, qualidade
de vida, entre outros fatores ambientais. Nessa fase, há uma produção intensa
de células capilares da papila dérmica, que se dividem e empurram as anterio-
res para cima. Cerca de 80 a 90% dos fios estão nessa fase (LEONARDI, 2004).
A fase catágena, ou fase de transição, dura em torno de 3 a 4 semanas,
e cerca de 2% dos fios estão nessa fase. Nela acontece uma involução do
crescimento do fio para que este se solte. Dessa forma, o folículo se retrai e
sofre alterações morfológicas e moleculares, ao se preparar para um novo
crescimento. O folículo começa então a produzir novas células germinativas
que aguardam o sinal para renovar a fase anágena (HALAL, 2013).
Por sua vez, cerca de 10 a 15% dos fios estão na fase telógena, que dura
em torno de três meses. O folículo se retrai completamente, o córtex diminui
sua espessura e a cutícula não é mais produzida. Dessa forma, o fio não
cresce mais e permanece no folículo, sendo empurrado para fora pelo que
está nascendo, e consequentemente cai (MELLO, 2010).
Observe na Figura 8 as fases de crescimento dos cabelos. Veja como na
fase anágena há uma intensa atividade das células e, por isso, os cabelos
crescem. Já na fase catágena há uma involução do crescimento e o fio se
prepara para cair, o que acontece na fase telógena.
14 Anatomofisiologia do folículo piloso e da unidade pilossebácea

Fase anágena Fase catágena Fase telógena Fase telógena Início da fase
(crescimento) (transição) (descanso) exógena anágena
(queda) (crescimento)

Figura 8. Ciclo de crescimento do cabelo.


Fonte: Adaptada de Paper Teo/Shutterstock.com.

Conhecer a história do cabelo é importante tanto quanto entender a


anatomofisiologia do folículo piloso, sua unidade pilossebácea e a fase de
crescimento dos fios, para compreender quando um cabelo é acometido por
alguma queda repentina ou o couro cabeludo desenvolve alguma disfunção.
É essencial que o profissional da tricologia e estética capilar desenvolva
conhecimentos capazes de nortear toda e qualquer função de cada célula
envolvida no desenvolvimento do folículo piloso e haste capilar, pois podem
ter ligação direta com eflúvio ou alopecia.
Outro fato importante que requer atenção é que, embora os cabelos caiam
dentro da normalidade por causa da fase telógena, é preciso estar sempre
atento quando a queda começa a se acentuar, pois o folículo ou couro cabe-
ludo pode ser acometido por alguma alteração que precisa ser diagnosticada
o mais cedo possível para que o profissional se certifique se o problema é
passível de tratamento.

Referências
ACHENBACH, R. E.; GRECO, C. Folículo piloso: promontorio (s). Revista Argentina de
Dermatosifilología, v. 95, n. 2, p. 48–54, 2014.
ALONSO, L.; FUCHS, E. Stem cells of the skin epithelium. Proceedings of the National
Academy of Sciences, v. 100, supl. 1, p. 11830–11835, 2003.
ARAÚJO, L. Livro do cabelo. São Paulo: Leya, 2012.
Anatomofisiologia do folículo piloso e da unidade pilossebácea 15

BIAVATTI, H. O que é o implante ou transplante capilar? Marau, RS: [s. n., 2021?]. Disponível
em: http://drhenriquebiavatti.com.br/transplante-capilar/. Acesso em: 17 nov. 2021.
BORGES, F. Terapêutica em estética: conceitos e técnicas. Rio de Janeiro: Phorte, 2016.
CARIA, T. M. M. Aspectos da condição feminina no Antigo Egito. Revista Mundo Antigo,
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GAMA, R. M. Avaliação do dano a haste capilar ocasionado por tintura oxidativa aditivada
ou não de substâncias condicionadoras. 2010. Tese (Doutorado) — Universidade de São
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GARCIA, S. M. L.; GARCÍA FERNÁNDEZ, C. Embriologia. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.
HALAL, J. Tricologia e a química cosmética capilar. São Paulo: Cengage Learning, 2013.
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LEONARDI, G. R. et al. Cosmetologia aplicada. São Paulo: Medfarma, 2004.
LESSA, F. de S. Um olhar antropológico sobre o corpo: representações atléticas na
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MERLOTTO, M. R. Estudo da transição epitélio-mesenquimal na alopecia de padrão
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PORRIÑO, M. L. et al. El folículo piloso: una importante fuente celular en ingeniería
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16 Anatomofisiologia do folículo piloso e da unidade pilossebácea

RESTREPO, R.; MERCEDES NIÑO, L. M. Alopecia areata, nuevos hallazgos en histopato-


logía y fisiopatología. Revista de la Asociación Colombiana de Dermatología y Cirugía
Dermatológica, v. 20, n. 1, p. 41–53, 2012. Disponível em: https://revista.asocolderma.
org.co/index.php/asocolderma/article/view/209. Acesso em: 17 nov. 2021.
THE ATHENS example, with the quiver in view. In: WIKIPEDIA. [S. l.: s. n.], 2009. Disponível
em: https://en.wikipedia.org/wiki/Diadumenos#/media/File:Youth_binding_his_hair._
About_450-425_BC_(3209630605).jpg. Acesso em: 17 nov. 2021.
TIVERIOS, M. Cuerpos de dioses, héroes y atletas hasta el período helenístico. In:
SÁNCHEZ, C.; ESCOBAR, I. (ed.). Dioses, héroes y atletas: la imagen del cuerpo en la
Grecia Antigua. Madrid: Comunidad Autonoma Madrid – Servicio de Documentation y
Public, 2015. p. 103–120.
WEIDE, A. C.; MILÃO, D. A utilização da finasterida no tratamento da alopécia androge-
nética. Revista da Graduação, v. 2, n. 1, p. 1–8, 2009. Disponível em: https://revistasele-
tronicas.pucrs.br/ojs/index.php/graduacao/article/view/5035. Acesso em: 17 nov. 2021.

Leituras recomendadas
PEREIRA, J. M. et al. Tratado das doenças dos cabelos e do couro cabeludo: tricologia. São
Paulo: DiLivros, 2016.
RIBEIRO, A. C.; ANTUNES JUNIOR, D.; SOUZA, V. M. Tricologia e cosmética capilar. São
Paulo: Editora Cia farmacêutica, 2021.
VOCÊ se encaixaria nos padrões de beleza da Grécia Antiga? BBC News, 12 jan. 2015.
Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/01/150111_beleza_an-
tiguidade_lgb/. Acesso em: 17 nov. 2021.

Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos


testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da
publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas
páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os edito-
res declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou
integralidade das informações referidas em tais links.
Conteudo:

[ill] SOLUt;OES
EDUCACIONAIS
INTEGRADAS
Dica do professor
A avaliação do couro cabeludo e do cabelo é necessária no momento em que o profissional estiver
colhendo o histórico do cliente, entretanto, somente a olho nu não é possível obter todos os
detalhes para identificar assertivamente alguma alteração que vier acometer o couro cabeludo.
Dessa forma, é importante que o profissional conheça os recursos para tricoscopia, e existem vários
modelos com características distintas disponíveis para a avaliação.

Nesta Dica do Professor, você vai ver informações sobre alguns modelos de aparelhos disponíveis
no mercado, como o mais simples que pode ser acoplado ao smartphone ou videodermatoscópio
com mais tecnologia e recursos.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Na prática
É um desafio enorme para o profissional da tricologia manter o cliente sempre consciente dos seus
deveres e responsabilidades, não somente com os fios de cabelo, mas também com o couro
cabeludo. Isso porque entre uma sessão e outra do tratamento, o cliente acaba fazendo algo que
não deveria, bem como aplicando produtos indevidos no cabelo, de forma a comprometer todo o
processo do tratamento, piorando a saúde e a condição dos fios.

Neste Na Prática, você vai conferir como um profissional qualificado percebe algo errado com o
couro cabeludo e os cabelos no momento da avaliação com o tricoscópio e a sua conduta mediante
o cliente.
POROSIDADE, QUEBRA CAPILAR ..
E ALISAMENTO TEM RELA AO? •:

Essa e uma situa<;ao muito comum com a profissional no momenta da avalia<;ao


capilar. Para tanto, e importante estudar cada parte dessa situa<;ao para concluir de
forma inteligente cada informa<;ao verbalizada pelo cliente.

Acornpanhe o caso: • •
• ••
. - • ••
Urna abordagern da postura profissional explicando sobre o uso indevido de
urn alisarnento feito em casa.

Clara Maria e uma especialista terapeuta


capilar que trabalha ha anos em uma
elfnica em que a foco principal ea saude
do couro cabeludo ea conscientiza<;ao dos
seus clientes.

....
••
.. . • .

Par experiencia de tantos anos na area de terapia capilar, tern percebido que alguns
clientes estao com as cabelos apresentando quebra ea elasticidade comprometida,
alem do couro cabeludo estar vermelho e descamando.

A avalia<;ao, o tratamento e o acompanhamento da manuten<;ao do cliente e muito


importante para que qualquer eventualidade nao aconte<;a entre uma sessao e outra.

Marflia e uma cliente da clfnica onde


Clara Maria trabalha, ela tern
caracterfsticas de uma pessoa muito
tfmida. Ela faz tratamento para combater
a queda capilar ja ha bastante tempo,
porem sempre reclama do volume do
seu cabelo, a que a incomoda bastante.

•. . • . .
• .•.•. ••. •

Marflia esta em urna fase do tratamento


na qual precisa voltar a cada 15 dias para
acompanhamentoe aplica<;ao de injetaveis.

Depois de avaliar o couro cabeludo ea


haste de Marflia, Clara Maria percebeu
algo errado e come<;ou a conversar com
ela, abordando a assunto de forma clara
e suscinta sabre as riscos que envolviam
usar qufmica em casa sem

.....
nenhum conhecimento.
• •
.
.. •.••..

Entao, Marflia, coma estao os cuidados com


o cabelo e o couro cabeludo em casa?
Estou percebendo, por meio da tricoscopia,
que o seu couro cabeludo ea haste estao
alteradas. 0 que voce usou de diferente?

• .•
..
. •.• •.
.

• . •

Ah, Clara, pensei que voce nem fosse perceber.


Eu nao aguentei a volume e o frizzdo meu
cabelo e acabei comprando um alisante,
que eu mesma apliquei, porem esqueci de
tirar no tempo certo.

• • ••
•• ••• • ••

Olha, Marnia , alem de voce ter feito errado


em passar uma qufmica no cabelo sem ter
conhecimento profissional, voce comprom eteu
o tratamento que estavamos fazendo,
alem deter gerado danos ao seu couro
cabeludo e cabelo.
Vamos parar com o tratamento e come<;ar
outro para acalmar o seu couro cabeludo.

Nossa, Clara, nao sabia que tinha feito alga


tao ruim assim. Agora arrumei mais dais
problemas. Voce disse para esperar,
mas nao estava aguentado. Se eu pudesse
voltar atras...

. .
•. •
.
• ••

• • ••
Marnia, eu entendo que a ansiedade toma
conta da gente as vezes, mas poderia ter
esperado s6 mais um pouco, afinal,
ja estavamos terminando as sess6es.
Agora voce precisa trocar os produtos que
estava usando. Vamos tentar recuperar o
seu cabelo e acalmar o couro cabeludo.
Entenda que esses produtos qufmicos sao
muito alcalinos, alterando o pH do cabelo.
Jao couro cabeludo pode sofrer ate uma
queimadura mais grave, gerando uma
alopecia cicatricial.
Issa significa que quando sarar, fica uma
cicatriz no local, no qual nunca mais
nasce cabelo.

Ao perceber na fala do cliente que ele deseja


a mudan<;a, mas demonstra que nao vai
conseguir esperar por ela, deixe claro os
riscos de usar produtos qufmicas em casa
sem conhecimento, pois essa atitude pode
trazer danos irreparaveis coma gerar uma
queimadura no couro cabeludo e
comprometer a elasticidade dos fios,
ocasionando a quebra ou ate mesmo um
carte qufmica, dependendo do produto usado.

•• •
••

• •••
• ••
0 certo e
que, voce, enquanto profissional,
deve manter a postura educada, porem firme,
fazendo com que o cliente perceba o seu erro,
de forma a mante-lo consciente que deve agir
com responsabilidade.

• ••


• • •


Conclui-se que a abordagem minuciosa na avalia ao capilar ea postura firme de
conscientiza<;ao do profissional para com o cliente e eficaz, principalmente no
momenta de colher o hist6rico geral dos cuidados diarios com o cabelo.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Cuidado com os cabelos na Idade Média


Neste vídeo você vai conferir uma explicação sobre os cuidados que homens e mulheres tinham
com os seus cabelos na Idade Média. Veja como eram os penteados e os adornos que as mulheres
usavam para esconder os cabelos, que só podiam ser vistos pelo seus maridos. Assista.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

A história dos cabelos crespos no Antigo Egito


Neste vídeo, a profissional disserta sobre o cabelo crespo no Antigo Egito, como eles eram
penteados e raspados, o uso das perucas e o modelo que a realeza utilizava.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Análise capilar na prática


Acompanhe o vídeo a seguir, no qual o profissional está fazendo uma avaliação com
videodermatoscópio. Observe como é a maleta com monitor de 7 polegadas, a técnica de avaliação
e os detalhes do couro cabeludo e do cabelo. Confira.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Diferença entre as câmeras da DermaZoom
Neste vídeo, você vai ver quais são as maiores diferenças das câmeras de análise capilar e qual a
melhor escolha de acordo com o seu objetivo.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Metamorfoses dos cabelos


Acompanhe neste vídeo como o cabelo é desenvolvido, o ciclo de crescimento e as transformações
que acontecem no córtex.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Tricologia e estética capilar

Apresentação
Os cuidados com a aparência dos cabelos sempre nortearam a rotina dos indivíduos, que procuram
cuidar da aparência e vivenciam a necessidade de serem aceitos como belos. A partir do
conhecimento sobre a tricologia e as terapias capilares, é possível estudar as patologias
dermatológicas capilares, de modo a buscar a prevenção, o tratamento e a qualidade de vida do
paciente.

É preciso compreensão sobre como deve ser a conduta do profissional da estética capilar, aliado ao
entendimento correto sobre a ficha de anamnese e sobre o cuidado com a saúde do paciente. Isso
propicia e assegura um sucesso terapêutico, ao final, obtém-se um resultado satisfatório para o
profissional e para o paciente.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer o que é a tricologia e o conceito de estética
capilar, aprendendo sobre as principais patologias que acometem o escalpo e a haste capilar. Além
disso, vai compreender a importância da ficha de anamnese capilar, pois uma boa avaliação se torna
imprescindível.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Conceituar tricologia e estética capilar.


• Reconhecer as principais patologias capilares.
• Descrever a ficha de anamnese capilar.
Infográfico
O paciente/cliente que procura uma clínica de estética capilar está esperando que o profissional lhe
atenda com dedicação e atenção. Ele está em busca do melhor tratamento, mas que não afete ou
acabe por prejudicar sua saúde, visto que a saúde do corpo sempre vem em primeiro lugar. Quanto
mais o profissional se aprofundar nos conceitos da estética, seja ela capilar ou não, melhor vai ser o
tratamento oferecido ao paciente/cliente.

Neste Infográfico, você vai aprender como a análise e a verificação das alterações de saúde do
paciente podem acarretar a não realização de tratamentos voltados à tricologia e à estética capilar,
visto que algumas patologias podem ser reativas e acabam por comprometer ainda mais a qualidade
e a saúde do paciente.
-
ELEMENTOS IMPRESCIND IVEIS
NA ELABORA AO DA FICHA DE -
ANAMNESE PARA TRICOLOGIA

Existem alguns elementos que sao impres-


cindfveis na elabora ao de uma ficha de
anamnese para tricologia. Caso o profissio-
nal observe qualquer um desses elementos
em seu cliente, nao deve realizar o procedi-
mento au deve pedir a libera ao a um
medico especialista para nao comprometer
a saude do cliente.
.,-
Conhe a alguns deles a seguir:

Lupus

Questionar se o paciente tern lupus,


pois essa doen a, parser autoimune,
proporciona o desequilfbrio do
sistema imunol6gico. Issa pode
afetar diretamente o resultado de
qualquer tratamento e tambem a
saude imunol6gica do cliente, vista que
o sistema imunol6gico pode ser atingido,
dependendo da tecnica empregada.

Psorfase,]
1

Questionar se o paciente tern psorfase. Par


se tratar de uma patologia autoimune, as
tecnicas au procedimentos realizados
podem desencadear o seu agravamento.

Rosacea

Questionar se o paciente tern rosacea, pois,


parse tratar de uma patologia inflamat6ria
cr6nica da pele, pode interferir diretamente
no resultado das tecnicas de tratamento, ja
que a pele se apresenta muito sensibilizada
e com um ardor especffico.

cancer l
Caso observe alguma altera ao na pele do
escalpo, coma verrugas, manchas elevadas,
secre 6es, e necessario avisar ao cliente,
questionando-o sabre o ocorrido e pedindo
que ele procure ajuda medica, pois pode
se tratar de alguma altera ao celular, no
caso cancer. Mediante isso, nao realize
nenhum tratamento no cliente ate saber
do que se trata.

-,Uso de medicamentos]

Seo cliente fizer uso de medicamentos, coma


anticoagulantes cumarfnicos (interferem na
coagula ao do sangue e na cicatriza ao
tecidual), retinoides (causam afinamento do
extrato cornea), corticosteroides (interferem
na cicatriza ao), entre outros, e importante
questionar o paciente sabre o motive do
uso dos medicamentos e se existe libera ao
para tratamento.

Quando observada qualquer altera ao, e necessario anotar na ficha de


anamnese para uma analise mais aprofundada posteriormente para se ter um
aval sabre o tratamento a ser realizado e se este poder ser feito naquele
momenta. • •
• •••

•• • •
••••
Conteúdo do livro
Quando se fala em estética capilar, a maioria das pessoas imagina um cabeleireiro com tesoura em
mãos. Essa imagem não está totalmente errada, afinal, o usual é frequentar um salão de beleza ou
uma barbearia para cortar, colorir, escovar ou pentear os cabelos. Mas a estética capilar se resume
a isso? A maior parte do trabalho do profissional que atua nessa área consiste justamente em
técnicas de transformação de cor, corte e textura dos cabelos. Entretanto trabalhar com estética
capilar vai muito além: desde cuidados básicos com os fios de cabelo até tratamentos para a queda
capilar e para afecções de couro cabeludo.

O profissional à frente dos conhecimentos em sua área de atuação precisa compreender que o seu
aprofundamento nos estudos e a sua base de conhecimento o tornam um diferencial no mercado,
visto que existem muitos profissionais, mas nem todos dispõem de um embasamento científico,
teórico e prático apropriado para uma melhor atuação e atendimento ao paciente.

No capítulo Tricologia e estética capilar, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai
compreender como o profissional que atua na tricologia e estética capilar deve analisar e observar
o paciente, conhecendo sobre esse vasto mundo que envolve a área capilar, bem como vai ser
capaz de explicar as patologias capilares que envolvem o cabelo e como elas podem ser
identificadas. Por fim, vai entender que a aplicação da ficha de anamnese capilar é fundamental e
de extrema segurança para o paciente e profissional.

Boa leitura.
TRICOLOGIA E
ESTÉTICA CAPILAR
Tricologia e
estética capilar
Claudia Stoeglehner Sahd

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

> Conceituar tricologia e estética capilar.


> Reconhecer as principais patologias capilares.
> Descrever a ficha de anamnese capilar.

Introdução
O embelezamento capilar é um assunto recorrente desde os primórdios na
história da humanidade. Embelezar-se é um hábito de muitos e, desde a Anti-
guidade, os povos de diferentes culturas utilizavam recursos dos mais variados
no intuito de criar adereços e pinturas para se destacarem no meio em que
viviam. Com o passar dos anos, as pessoas ficaram mais exigentes com a beleza,
o que, muitas vezes, gera fatores preocupantes que comprometem a saúde e
o equilíbrio do corpo e da mente.
Terapias capilares são descritas durante a história e sempre estiveram
aliadas à melhora da autoestima e da qualidade de vida do indivíduo. Além
disso, elas são formas de potencializar os tratamentos médicos para patologias
dermatológicas capilares, desde que autorizadas, promovendo, assim, um
resultado satisfatório tanto na área estética como na da saúde.
Neste capítulo, você vai estudar a tricologia capilar e como o profissional da
estética deve atuar frente a situações que podem surgir no atendimento, além
de conhecer as patologias mais comumente verificadas dentro do atendimento
ao paciente capilar. Também vai ver como deve ser feita a ficha de anamnese
capilar e qual é a sua importância para o atendimento.
2 Tricologia e estética capilar

Definições
Você já se perguntou o que é tricologia? Tricologia é uma área da ciência
que se dedica ao estudo dos problemas e tratamentos voltados ao couro
cabeludo e à haste capilar. De acordo com Damazio e Makino (2016), a terapia
capilar está inserida dentro da tricologia e surgiu de modo a auxiliar nos
tratamentos capilares.
O estudo científico do cabelo e de suas doenças e cuidados é denominado
tricologia — trichos (cabelo) e logia (o estudo de) (HALAL, 2016).
O couro cabeludo considerado normal é aquele que tem a produção sebácea
apropriada, com o escalpo lubrificado, e suja porção proximal da haste tem
aspecto brilhoso e não pesado. A descamação natural do couro cabeludo
não é aparente e não há desconforto do tipo prurido ou sensibilidade. Vários
distúrbios podem acometer o couro cabeludo, interferindo nesses fatores:
hormônios, predisposição genética, nutrição e, até mesmo, estado emocional.
Os distúrbios podem ser divididos de acordo com suas características, que
envolvem queda capilar, descamações, oleosidade excessiva, etc.
O profissional da área da estética atua nesses casos com a terapia capi-
lar, que se trata de um conjunto de ações terapêuticas que envolvem tanto
protocolos com produtos naturais quanto com eletroterapia, os quais têm
se mostrado alternativas eficazes para o tratamento. A abordagem multidis-
ciplinar com a atuação conjunta de profissionais de diferentes áreas, como
medicina, farmácia, psicologia, etc., agrega no tratamento dessas patologias,
visto que são multifatoriais.
A estética capilar não trabalha apenas com transformações da haste
capilar, como corte, coloração e químicas em geral. Esse ramo da estética
também trata o couro cabeludo e suas disfunções, como a queda capilar, a
oleosidade excessiva e a dermatite seborreica, as descamações de couro
cabeludo e muito mais.
O profissional que atua com estética capilar também trabalha na ima-
gem pessoal e na autoestima dos seus clientes. Como em todas as áreas de
atuação profissional, e especialmente na área da estética, na qual novas
tecnologias, equipamentos, produtos cosméticos e princípios ativos surgem
a todo o momento e as tendências mudam com rapidez, a atualização se faz
necessária constantemente, a fim de que o profissional não se torne obsoleto
e ultrapassado. Trabalhar com cabelos requer muito estudo e dedicação
(DAMAZIO; MAKINO, 2016).
Tricologia e estética capilar 3

Nos últimos anos, a estética capilar vem ganhando cada vez mais força no
mercado de trabalho, pois a visão que se tem do profissional dessa área está
mudando. O esteticista capilar não faz somente as vias de cabeleireiro, mas
de terapeuta capilar. Para conquistar seu espaço no mercado de trabalho,
o profissional deve sempre trabalhar com ética e profissionalismo, presando
pela saúde dos cabelos e do couro cabeludo dos seus clientes (HALAL, 2016).
Antes de executar qualquer procedimento, o profissional competente e
comprometido faz a devida anamnese no cliente, a fim de evitar possíveis
complicações durante o procedimento. Devemos ter em mente que nem sempre
é possível atender ao desejo do cliente de imediato, e que tampouco podemos
prometer resultados em pouco tempo. Muitos clientes sem conhecimento
teórico-prático acreditam que transformações de haste capilar podem ser
feitas de uma hora para outra, como platinar os cabelos em uma tarde ou,
então, obter algum resultado na diminuição da queda dos cabelos em poucas
sessões de terapia capilar.

O profissional que zela pelo seu trabalho e pelo seu cliente tem
consciência de que é prudente ir com calma e preparar a haste
capilar ou o couro cabeludo para os procedimentos. Se, durante a anamnese,
for identificada alguma fragilidade, cabe ao esteticista capilar informar ao
seu cliente das possíveis intercorrências. Quantas vezes não ouvimos falar de
alguém que fez algum procedimento para mudar o visual e teve seus cabelos
danificados, ficando ressecados e quebradiços? Assim como de clientes que
desistem do tratamento na metade do caminho por não observarem nenhuma
mudança, pois não lhes foram explicadas as etapas? Não devemos prometer
milagres, resultados que sabemos serem inatingíveis sem comprometer a estru-
tura da fibra capilar, no caso das químicas, ou resultados que não são possíveis,
no caso da terapia capilar.

É importante ressaltar que o profissional da estética capilar não tem


aptidão para diagnosticar patologias, ou seja, o diagnóstico deve ser feito
por um médico dermatologista ou tricologista, e o trabalho multidisciplinar,
muitas vezes, é necessário. Algumas patologias que acometem os cabelos e
o couro cabeludo podem ser multifatoriais, isto é, podem ser resultado de
problemas endocrinológicos/hormonais, psicológicos, nutricionais, etc. Assim,
o esteticista capilar deve buscar parceria com profissionais de outras áreas
para que todos os fatores causadores da patologia possam ser tratados.
4 Tricologia e estética capilar

É papel do esteticista capilar atuar de forma preventiva, evitando possíveis


danos de haste ou couro cabeludo em seus clientes. Também não podemos
nos esquecer de que, para que os cabelos mantenham o brilho e a maciez
pós-procedimento ou para que a terapia capilar alcance os resultados espe-
rados, é muito importante que seja feita uma manutenção em casa. Por isso,
a indicação do home care é tão importante quanto a escolha de bons produtos
e de protocolos adequados realizados na estética. E por falar em variedade
de produtos, devemos também estar atentos às tendências de mercado dos
cosméticos, lembrando, sempre, que é nossa função saber reconhecer os
princípios ativos e as mudanças de roupagem dos produtos.
A estética capilar abrange tanto a personalização da imagem quanto a
terapia e tem em suas mãos uma ótima oportunidade de negócio, pois amplia
sua área de atuação e se sobressai em meio a outros profissionais, além de
aumentar e diversificar sua clientela. Aqueles que optarem por incluir a es-
tética capilar no seu rol de especificidades estarão fazendo um investimento
em suas carreiras e, muito mais que retorno financeiro, terão a satisfação
de trabalhar cuidando da imagem pessoal e da autoestima de seus clientes.

Patologias capilares
O ser humano está suscetível a desenvolver vários tipos de patologias capi-
lares, e seu agravamento pode culminar no desencadeamento da alopecia,
também considerada uma patologia, que apresenta caráter multifatorial.
A alopecia é descrita como rarefação, ausência ou queda de pelos e cabe-
los, quer em caráter transitório ou definitivo, podendo atingir uma região
corporal delimitada, extensiva ou até mesmo o corpo todo. Tem prevalência
em indivíduos com idades entre 20 e 50 anos, desenvolvendo-se em ambos
os sexos (RIVITTI, 2018).
Segundo Pereira (2001), o número total de fios capilares de um indivíduo
tem relação direta com a quantidade de queda diária considerada normal e
com a permanência da fase anágena. Por exemplo, um indivíduo com uma
quantidade de 100 mil fios de cabelo, com três anos de duração da fase
anágena, apresentará, por dia, uma queda de aproximadamente 100 fios;
se outro indivíduo estiver na mesma fase e pelo mesmo tempo, mas sua
quantidade total de fios for de 200 mil, sua queda diária será de 200 fios.
Desse modo, percebe-se que a queda diária de fios capilares varia de acordo
com a quantidade total de fios de cada indivíduo. Pode-se, ainda, observar
que um fio capilar cresce em média 0,33 mm por dia. Assim, se um indivíduo
Tricologia e estética capilar 5

tiver 150 mil fios capilares no escalpo, e estando 80% deles na fase anágena,
teremos, então, 120 mil fios na fase de crescimento.
Várias patologias podem estar ligadas ao surgimento e ao agravamento das
alopecias, incluindo as neoplásicas, infecciosas, inflamatórias, metabólicas,
entre outras. Essas patologias afetam diretamente o folículo piloso, seja em
sua estrutura anatômica ou na atividade fisiológica, desencadeando, muitas
vezes, consequências sobre a haste capilar, como alteração de estrutura,
cor, aspecto e consistência, além de queda, até a total eliminação do folículo
piloso. Esse último caso traz implicações muito danosas ao indivíduo, já que
a região afetada não terá novamente a presença de fios capilares.

Alopecias
As alopecias são classificadas em não cicatriciais (transitórias) e cicatriciais
(definitivas), e seu tratamento varia com base no diagnóstico apresentando.
Nas alopecias não cicatriciais, existe uma perda significativa de fios capila-
res, mas não é definitiva, pois com ou sem tratamento os fios vão retornar.
Processos que afetam a saúde, como anemia, febre, desnutrição, doenças
tireoidianas, estresse, emagrecimento abrupto, períodos pós-operatórios,
quimioterapia e uso de medicamentos, podem desencadear o fenômeno da
alopecia.

Alopecias não cicatriciais


Como tratamento inicial para a alopecia não cicatricial desencadeada por
alterações de saúde temos a busca pelo controle ou pela estabilidade da
alteração orgânica que desencadeou o declínio ou a queda dos fios capilares.
Em casos como esse, é necessária a indicação de um médico especialista na
área e, com sua autorização, a atuação do profissional de estética capilar.
Além disso, o uso de próteses capilares pode ser um aliado para esconder
os locais com falta de cabelo até que ele volte a crescer.
Na alopecia por tração, os fios capilares são submetidos à tração em razão
de alongamentos ou penteados muito presos. Como consequência, acontece
o desprendimento do folículo, sendo este o mais afetado. Alongamentos
costumam ser utilizados com o intuito de aumentar o comprimento dos
fios capilares ou disfarçar a pouca densidade. No entanto, podem causar
o desprendimento dos fios, agravando o quadro já instalado e tornando a
região mais evidente. O mais indicado é procurar um especialista e realizar
uma terapia capilar.
6 Tricologia e estética capilar

Alopecia areata

A alopecia areata é uma afecção de caráter crônico que acomete os folículos


pilosos e as unhas. Atinge aproximadamente 2% da população. Sua origem
não é conhecida, podendo ter vários fatores, como aspectos autoimunes e
genéticos. A perda de cabelos ou pelos ocorre em áreas caracteristicamente
redondas ou ovais, sem sinais inflamatórios ou de atrofia da pele. Pode ser
reversível, pois a queda é causada pela interrupção da produção dos fios, não
havendo destruição ou atrofia dos folículos pilosos (RIVITTI, 2014).
Além disso, ela é uma doença autoimune; a pessoa tem, em seu DNA,
genes que acarretam o surgimento da alopecia areata, assim como de outras
doenças autoimunes. Portanto, ela apresenta uma suscetibilidade genética
que causa prejuízo ao sistema imunológico do seu organismo. Os fatores de
caráter genético são de grande importância na origem da alopecia areata, pois
é possível que seja uma patologia poligênica, envolvendo genes relacionados
à suscetibilidade e à gravidade dessa afecção. Um exemplo é a associação
com atopia, uma condição hereditária.
Na maioria dos casos, a alopecia areata é assintomática, mas alguns indi-
víduos relatam dor, ardência e/ou coceira antes da queda. Essa alopecia pode
ser classificada de acordo com sua apresentação. Quando atinge uma região
específica, é considerada localizada; quando não forma placas específicas,
é considerada difusa (RIVITTI, 2018).

Eflúvio telógeno e eflúvio anágeno

O eflúvio telógeno é caracterizado pela queda excessiva de fios de cabelo


durante a fase telógena. Está associado a algum evento que ocorreu por dois
a três meses e que funcionou como gatilho para o início da queda dos fios.
Alguns eventos como febre, infecção aguda, dietas restritivas, cirurgias, alguns
medicamentos (anticoagulantes cumarínicos, retinoides, anti-hipertensivos,
betabloqueadores) e estresse podem desencadear essa patologia. Já o eflúvio
anágeno ocorre na fase anágena dos fios. É um tipo de alopecia de efeito
colateral frequente em decorrência do uso de drogas citostáticas que atingem
as células da matriz pilosa em franca atividade mitótica.

Alopecia androgenética

A alopecia androgenética é induzida por níveis elevados de androgênios em


indivíduos geneticamente predispostos. Esse distúrbio é retratado como
resultado de redução gradual do folículo piloso e da alteração na dinâmica
do ciclo capilar. O efeito dos androgênios é exercido sobre os cabelos por
Tricologia e estética capilar 7

meio da testosterona derivada das glândulas suprarrenais, dos testículos e


ovários. Uma enzima denominada 5-α-redutase converte a testosterona em
uma forma mais potente: o hormônio di-hidrotestosterona (DHT). Somente a
testosterona livre tem a capacidade de entrar nas células e se converter em
DHT. Em ambos os sexos, conforme a predisposição genética, a DHT se liga
aos receptores de androgênios específicos. Em seguida, o complexo formado
entra no núcleo da célula do cabelo e se combina com o DNA. Assim, dá-se a
ativação de genes e são produzidas proteínas responsáveis pela transformação
gradual de folículos pilosos normais em folículos miniaturizados (RIVITTI, 2014).
Os folículos capilares reduzem o seu tamanho. Esse processo se carac-
teriza pelo encurtamento progressivo da fase anágena; logo, acontece o
afinamento e o encurtamento dos fios. Cada fio que cai é substituído por
outro que dura menos tempo na fase anágena, nascendo mais curto e fino.
Em suma, os cabelos, antes identificados como pelos do tipo terminal, vão
progressivamente transformando-se em pelos do tipo velo. Com o passar dos
anos, a densidade dos fios capilares fica cada vez menor, até que se verifica
o surgimento da fase quenógena, em que não há nascimento de novos fios
(VASCONCELOS et al., 2015).
Embora as mulheres também produzam o DHT, a quantidade é inferior à
produzida pelos homens. A calvície nos homens apresenta um padrão muito
comum, em que se inicia o surgimento de “entradas” nas laterais da linha
frontal de crescimento capilar, junto com o raleamento dos fios presentes no
topo da cabeça. Em casos avançados, essas duas regiões com perda capilar
se encontram, sobrando apenas uma faixa de cabelo na região de trás e na
parte lateral da cabeça, pois os fios são menos sensíveis ao DHT nessas áreas
(LYON; SILVA, 2015).
A calvície feminina está relacionada com a perda dos fios de forma difusa,
e o raleamento dos fios de cabelo é mais proeminente no topo da cabeça,
pois ocorre o aumento da área em que o cabelo é repartido, o que faz a pele
por baixo ficar mais visível. Na menopausa, há a redução da produção dos
hormônios femininos; portanto, a manifestação da queda capilar pode ser
mais intensa. A associação com eflúvio telógeno deve sempre ser considerada
e, se diagnosticada, tratada de acordo com a sua etiologia (PUJOL, 2011).
A apresentação da alopecia androgenética se dá de distintas maneiras
nos padrões masculino e feminino. No masculino, o início da miniaturização
acontece pela região biparietal (entradas da região frontal) e pelo vértice
(coroa) e, à medida que a patologia avança, essas regiões se tornam unificadas,
resultando na perda de cabelos na região parietal (topo da cabeça) (Figura 1).
8 Tricologia e estética capilar

Figura 1. Classificação de Hamilton-Norwood para classificação de alopecia androgenética


masculina.
Fonte: Lyon e Silva (2015, p. 162).

No padrão feminino, a miniaturização tem início pela linha média do couro


cabeludo e vai se estendendo conforme a patologia avança, podendo atingir
toda a região parietal (topo da cabeça) e vértice (coroa) (Figura 2).

Figura 2. Escala de Ludwig para classificação de alopecia androgenética feminina.


Fonte: Lyon e Silva (2015, p. 166).
Tricologia e estética capilar 9

Alopecias cicatriciais
As alopecias cicatriciais fazem parte de um grupo com maior diversidade
etiológica e patogênica, tendo como atributo a irreversibilidade no desen-
volvimento e no crescimento dos fios capilares, decorrente do extermínio
das células-tronco, isto é, uma eliminação do folículo piloso no decorrer ou
em algum momento específico da vida, como por lesões graves, patologias,
queimaduras, radioterapia, quimioterapia, entre outros (PEREIRA, 2001).
Podemos considerar as alopecias cicatriciais de caráter avançado aquelas
que, se não diagnosticadas ou tratadas com celeridade, podem evoluir a ponto
de não mais ser possível obter um resultado satisfatório para o paciente, com
potencial de abalá-lo psicologicamente. A seguir, vamos examinar algumas
dessas alopecias.

Alopecia frontal fibrosante

A alopecia frontal fibrosante age de maneira lenta e progressiva, apresentado


recesso simétrico nas margens temporal e frontal de implantação dos fios
capilares. A região cutânea afetada exibe palidez e atrofia, com carência de
orifícios foliculares. Na linha dos cabelos, em determinados orifícios folicu-
lares, nota-se hiperceratose e tonalidade eritematoviolácea. Considera-se
que a degradação da bainha externa da raiz (nível do istmo) é responsável
pelo critério de irreversibilidade da alopecia cicatricial (SMIDARLE; SEIDL;
SILVA, 2010).

Alopecia de lúpus

Já o lúpus eritematoso apresenta lesões discoides no escalpo, culminando


em placas de alopecia cicatricial, que apresentam atrofia variável e áreas
de hipopigmentação e hiperpigmentação. Nas placas de alopecia de lúpus,
nota-se ceratose folicular. Além disso, com a cronicidade da patologia pode
ocorrer atrofia pilossebácea e, em alguns casos, necrose epidérmica.

Líquen plano pilar

Por sua vez, o líquen plano pilar é uma patologia cutânea pilosa decorrente
de um processo inflamatório linfocítico, que pode causar a destruição do
folículo piloso, substituindo-o por tecido fibroso. Tem caráter autoimune,
apresentando processo inflamatório com presença de pápulas eritematosas.
Geralmente, suas lesões envolvem o vértex, ainda que o acometimento possa
se dar em qualquer região do escalpo. As lesões têm como característica
um eritema folicular violáceo com acúmulo de queratinócitos, localizados
10 Tricologia e estética capilar

frequentemente na periferia da zona com alopecia. O processo inflamatório


acaba por se resolver de forma espontânea após a perda dos fios capilares.
Como desfecho, cicatrizes atróficas dão lugar a outras lesões, e estas repre-
sentam a lesão definitiva dos orifícios foliculares, resultando no estágio final
da alopecia cicatricial (BERBERT; MANTESE, 2005).
A foliculite queloidiana da nuca é um tipo de foliculite decalvante, classifi-
cada como uma alopecia cicatricial, sendo muito comum em indivíduos negros.
Evolui para presença de pústulas, pápulas, queloides e placas cicatriciais
especialmente em região occipital (Figura 1). É revelado histologicamente um
processo inflamatório crônico com inúmeros plasmócitos referentes à estru-
tura folicular, microabscessos, destruição folicular e reação gigantocitária
tipo corpo estranho em torno das hastes avulsas, fístulas e fibrose dérmica
intensa com fibras queloidianas, que dão nome à patologia (FERNANDES
et al., 2018).
Uma vez que a alopecia cicatricial apresenta caráter irreversível, o objetivo
dos tratamentos nesse âmbito é evitar o progresso das patologias. Contudo,
os tratamentos ainda trazem um grande desafio aos profissionais.

A alopecia cicatricial se destaca por apresentar uma evolução crônica


associada a aspectos psicológicos ou psicossomáticos desencade-
ados nos indivíduos acometidos. Nessas situações, alguns pacientes convivem
normalmente com a patologia e suas consequências, pois são capazes de se
acostumar com a condição patológica, mesmo sofrendo processos de discrimina-
ção de outros indivíduos. Contudo, existem pacientes que se incomodam muito
com a condição e de pronto procuram inúmeras soluções para que não sejam
alvos de chacota ou até mesmo descontentamento ao se olharem no espelho.

Seborreia e dermatite seborreica


A seborreia é a produção excessiva de oleosidade pela glândula sebácea,
que serve para auxiliar na proteção da superfície da pele, na manutenção
da hidratação e na flexibilidade cutânea. Acontece em regiões em que há
maior concentração de glândulas sebáceas, como couro cabeludo e face.
Acomete mais o sexo masculino, pois a produção sebácea é geralmente
maior. A dermatite seborreica (DS) é uma afecção que também acomete as
regiões com maior quantidade de glândulas sebáceas e se caracteriza por
ser descamativa e avermelhada, com processo inflamatório, e apresenta
Tricologia e estética capilar 11

placas onde há descamação e oleosidade abundantes. É crônica e intercala


períodos de melhora e piora. Fatores emocionais, como estresse, e climáti-
cos, como mudanças bruscas de temperatura, parecem ser gatilhos no seu
desenvolvimento.
A etiologia da DS ainda não está totalmente esclarecida, entretanto se
acredita que a presença de leveduras do tipo Malassezia possa estar envolvida,
embora essa teoria ainda não tenha sido comprovada. O surgimento das lesões
se dá em locais onde a presença desses microrganismos está aumentada, o
que coincide com as regiões que apresentam maior quantidade de glândulas
sebáceas. É importante ressaltar que esses microrganismos fazem parte da
flora microbiana da pele. O que parece acontecer é uma sensibilidade dos
indivíduos acometidos ao Malassezia, que causa processo inflamatório e
consequentes descamação e prurido local. A influência da seborreia na DS não
foi verificada até o momento. Nos casos de seborreia e DS, a terapia capilar
visa ao controle da produção da glândula sebácea, diminuindo a oleosidade
do couro cabeludo. O controle dos microrganismos também é importante
nos casos de DS.

Caspa

Alguns autores consideram a caspa uma manifestação mais branda


de DS, que consiste na descamação do couro cabeludo e pode ser classificada
em leve, moderada e intensa. Na caspa leve, a descamação é pouca, com flocos
finíssimos caindo do couro cabeludo quando da raspagem. A caspa moderada
consiste em flocos finíssimos e menores presos às hastes capilares. Já na intensa,
há presença de flocos grandes, facilmente detectáveis. O prurido causado pela
caspa pode variar do leve ao intenso, e há desconforto estético, pois os indivíduos
apresentam os flocos soltos nos cabelos e nas roupas.

Psoríase
A psoríase acomete igualmente ambos os sexos e pode manifestar-se em
qualquer idade. Além do couro cabeludo, pode acometer outras partes do
corpo, e em geral as mais afetadas são cotovelos e joelhos, face e tronco.
Apresenta quadros de melhora e piora, e, assim como na dermatite seborreica,
fatores de estresse, abalos emocionais e climáticos podem estar envolvidos na
exacerbação do quadro. Cerca de 2% da população mundial é acometida pela
12 Tricologia e estética capilar

psoríase, considerada de origem imunológica; além disso, há predisposição


genética para seu surgimento.
A psoríase tem várias formas de apresentação, sendo a psoríase vulgar
a mais comum (cerca de 80% dos casos) e a que afeta o couro cabeludo.
É caracterizada pela formação de placas soltas ou aderidas ao couro cabeludo,
com vermelhidão intensa nas bordas da lesão. O processo de formação das
placas da psoríase se dá da seguinte forma: o sistema imune estimula os
queratinócitos basais a se reproduzirem em uma taxa acelerada, acumulando
queratinócitos córneos na superfície da pele; essa aceleração prejudica a for-
mação dos desmossomos, daí a formação de placas característica da psoríase.
As descobertas do envolvimento imunológico no surgimento e/ou agra-
vamento das lesões de psoríase evidenciam que ela não é apenas uma ma-
nifestação cutânea e sugerem outras patologias associadas, como doenças
cardiovasculares, hipertensão, obesidade, diabetes tipo II e propensão a
infartos agudos do miocárdio.

Tinea capitis
O termo tinea capitis é usado para denominar as infecções fúngicas que
acometem o couro cabeludo. As regiões colonizadas pelos fungos se apre-
sentam circunscritas, avermelhadas e com perda de cabelos. Aparentemente,
crianças são as mais afetadas, e a doença atinge adultos em menor proporção.
As tineas podem ser contagiosas — por isso, os cuidados com a biossegurança
são essenciais. Ao identificarmos casos de tinea capitis, o encaminhamento ao
dermatologista deve ser feito o mais breve possível, pois não há terapêutica
cosmética para esses casos.

Ficha de anamnese capilar


As clínicas e os centros de estética investem recursos para atrair e reter
pacientes, e o profissional que presta o atendimento é o protagonista, isto é,
o responsável pela atração e pela retenção desses pacientes (BARROS, 2016).
Dessa forma, o profissional que atua em estabelecimentos de estética deve
se esforçar para avaliar adequadamente e conhecer melhor seus pacientes,
em relação não apenas a preferências de consumo, mas a seus objetivos, seu
histórico patológico, suas queixas principais, seu histórico pessoal, entre
outros dados que podem ser obtidos durante o processo de elaboração da
ficha de anamnese personalizada (BARROS, 2016).
Tricologia e estética capilar 13

Conforme comentamos anteriormente, procedimentos estéticos, inclusive


a tricopigmentação, podem influenciar o correto funcionamento do organismo
do indivíduo, de forma que, antes de realizá-los, sempre se deve obter e consi-
derar o histórico do cliente e as informações relativas a seus hábitos de vida.
Esses dados compõem a ficha de anamnese, um importante instrumento na
área da estética. A fim de auxiliar no registro dos dados e no acompanhamento
da evolução do cliente, indica-se que o preenchimento da ficha de anamnese
se dê nos quatro passos a seguir (PEREZ; VASCONCELLOS, 2014).

1. Coleta de dados na entrevista inicial com o cliente.


2. Registro da avaliação clínica, verificando qual é a melhor técnica a ser
empregada para atingir o resultado esperado.
3. Registro dos procedimentos concretizados em cada sessão.
4. Autorização para registro fotográfico.

O Quadro 1 apresenta os principais elementos que devem compor a ficha


de anamnese, a fim de proporcionar uma visão geral do que deve ser conside-
rado pelo profissional para sua elaboração. Não se pretende, porém, que seja
exaustiva: cada caso tem suas peculiaridades, de modo que, provavelmente,
informações complementares devem aparecer na ficha de cada cliente, con-
forme as necessidades.

Quadro 1. Especificações que devem constar na ficha de anamnese

Itens Características

Identificação Nome completo, idade, sexo, profissão, estado civil,


endereço, etc.

Queixa principal Relato das preocupações que motivaram o cliente a


buscar atendimento.

Histórico Histórico de doenças anteriores e de doenças na família


patológico e específicas, como hipertensão arterial ou doença
história familiar coronariana. Medicamentos em uso, alergias e outras
informações relativas a disfunções do organismo.

Avaliação visual Avaliar a região a ser trabalhada, verificando as queixas


apresentadas. Em seguida, deve-se anotar, na ficha,
tudo o que foi observado, bem como as medidas
realizadas.
(Continua)
14 Tricologia e estética capilar

(Continuação)

Itens Características

Prognóstico Elaboração de um provável tratamento que será


realizado, baseado na avaliação realizada.

Termo de Espaço onde o cliente declara estar ciente de tudo que


consentimento será realizado, bem como confirma que tudo que disse é
verdade. Além disso, temos o termo referente ao direito
de imagem prestado pelo registro fotográfico.

Fonte: Adaptado de Bickley e Szilagyi (2018).

Na primeira parte da ficha de anamnese, em seu cabeçalho, temos, como


enfoque, a coleta de dados obtida no primeiro contato com o cliente. Primeiro,
insere-se o nome do profissional avaliador e a data da primeira avaliação,
depois os dados de identificação do cliente, o que inclui nome, endereço,
data de nascimento, telefone, e-mail, idade, profissão, etc. No próximo passo,
deve-se questionar os hábitos de vida, contemplando as informações a seguir
(PEREZ; VASCONCELLOS, 2014).

■ Qual é a quantidade de água que ingere por dia?


■ Tem uma alimentação equilibrada?
■ Pratica alguma atividade física? Se sim, quantas vezes por semana?
■ Quantas horas, em média, dorme por noite?
■ Ingere bebida alcóolica?
■ Fuma?
■ Qual profissão exerce?
■ Fica exposto ao sol? Se sim, com que frequência e por quantas horas?

Após a coleta das informações sobre os hábitos de vida do cliente, in-


vestiga-se seu histórico de saúde. Dessa maneira, é necessário registrar
informações sobre as doenças que já teve ou se está acometido por alguma
no momento. Segundo Perez e Vasconcellos (2014), as seguintes informações
devem ser coletadas.

■ Tem doenças de pele?


■ Tem doença autoimune?
■ Tem alterações na tireoide?
Tricologia e estética capilar 15

■ Tem doenças emocionais (depressão, ansiedade, síndrome do pânico,


etc.)?
■ Tem doenças neurológicas?
■ Tem diabetes, colesterol e/ou triglicerídeos descompensados?
■ Tem histórico de neoplasias (câncer)?
■ Tem problemas cardíacos?
■ Tem problemas renais?
■ Tem problemas vasculares?
■ Tem hipertensão arterial?
■ Tem alterações hormonais?
■ Tem algum tipo de alergia?
■ Tem alergia por uso de algum cosmético ou medicamento? Se sim, qual?
■ Já realizou cirurgias? Se sim, quais?
■ Toma medicamento de uso contínuo? Se sim, qual?
■ Tem algum pino, placa ou marca-passo?
■ Já teve alguma doença no couro cabeludo? Se sim, qual? (p. ex., lú-
pus, rosácea, psoríase, dermatite seborreica, pitiríase, capitis simplex
[caspa], alopecia areata e alopecia androgenética).

Depois de verificar o histórico de saúde do cliente, deve-se realizar as


verificações específicas relacionadas à tricopigmentação, lembrando que o
rosto, como um todo, deve ser analisado. Segundo Sachdeva (2009), para uma
ficha completa, devemos observar as seguintes características.

■ Classificação da pele segundo Fitzpatrick.


■ Classificação da pele segundo Baumann.
■ Presença de lesões no couro cabeludo.
■ Presença de cicatrizes.
■ Presença de discromias.
■ Tipo de pele (oleosa, mista, seca, etc.).
■ Hidratação da pele.
■ Presença de fios de cabelo em quais regiões do couro cabeludo.
■ Se há características de integridade nos fios de cabelo presentes. Se
não, o que é notado de anormal?
■ Tamanho dos fios de cabelo.
■ Cor do cabelo (loiro, castanho, preto, ruivo, etc).
16 Tricologia e estética capilar

■ Presença de cicatrizes. Se sim, quais? (p. ex., queloide, hipertrófica,


hipotrófica).
■ Densidade dos fios de cabelo (muitos ou poucos).
■ Espessura dos fios de cabelo (fino ou grosso).
■ Formato do rosto (oval, triangular, quadrado, redondo, etc.).
■ Pele quente ou fria.

Veja, a seguir, algumas diretrizes para a aplicação da ficha de anam-


nese (THINK CULTURAL HEALTH, 2017):
■ Apresentação: conte, ao cliente, sua formação e sua especialidade de atuação.
■ Metas: observe as metas da entrevista. Qual é a queixa? Existem implicações
na técnica que será utilizada para o tratamento? Haverá algum acompanha-
mento depois?
■ Transparência: informe ao cliente que todas as informações ditas serão uti-
lizadas durante toda a sessão.
■ Ética: tenha ética e respeito com seu cliente durante a anamnese. Ouça sem
emitir julgamentos.
■ Foco no cliente: o cliente deve ser o foco da anamnese. Os profissionais de
estética devem interagir com seus clientes, perguntar se existe alguma dúvida
antes de finalizar a anamnese e esclarecê-la, se houver.
■ Controle: é importante que o profissional da estética mantenha o controle
da interação, não deixe o cliente dominar a conversa.
■ Explique: use uma linguagem simples e frases curtas ao trabalhar com o
cliente, de forma que não haja mal-entendidos.
■ Agradecimento: sempre agradeça ao cliente. No prontuário, anote as neces-
sidades do cliente e o que você observou durante o atendimento.

A fotografia é um recurso que deve ser utilizado na anamnese do cliente,


pois auxilia muito no acompanhamento e na evolução do tratamento estético,
sendo um recurso excelente para a comparação dos resultados obtidos.
Lembre-se de que uma boa fotografia é aquela que maximiza a informação
clínica e minimiza ou elimina informações irrelevantes. Sobre o uso da imagem
do cliente, seus direitos de imagem devem ser respeitados, de forma que um
requerimento de permissão para o uso das imagens deve ser feito caso o
profissional queira utilizá-las. O cliente deve assinar e datar essa permissão,
consentindo que o profissional tenha posse desse documento fotográfico.
Preferencialmente, uma cópia deve ser entregue ao cliente.
Tricologia e estética capilar 17

Por fim, é necessário que o cliente compreenda a importância de não


omitir nenhuma informação durante a anamnese, pois sua segurança durante
o tratamento pode ser comprometida se informações importantes sobre sua
saúde não forem fornecidas. Caso o profissional da estética tenha dúvidas em
relação à indicação do tratamento em razão da condição de saúde do cliente
ou em razão de alguma informação obtida, ele pode solicitar uma autorização
médica (PEREZ; VASCONCELLOS, 2014).

Referências
BARROS, A. L. B. L. (org.). Anamnese e exame físico: avaliação diagnostica de enfermagem
no adulto. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
BERBERT, A. L. C. V.; MANTESE, S. A. O. Lúpus eritematoso cutâneo: aspectos clínicos e
laboratoriais. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 80, n. 2, p. 119–131, 2005.
BICKLEY, L. S.; SZILAGYI, P. G. Bates: propedêutica médica essencial: avaliação clínica,
anamnese, exame físico. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
DAMAZIO, M. G.; MAKINO, R. F. L. Terapia capilar: uma abordagem inter e multidisciplinar.
São PAULO: RED, 2016.
FERNANDES, N. C. et al. Foliculite supurativa crônica de couro cabeludo: desafio tera-
pêutico. Surgical and Cosmetic Dermatology, v. 10, n. 3, p. 40–43, 2018.
HALAL, J. Milady: tricologia: química cosmética capilar. 2. ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2016.
LYON, S.; SILVA, R. C. Dermatologia estética: medicina e cirurgia estética. Rio de Janeiro:
MedBook, 2015.
PEREIRA, J. M. Propedêutica das doenças dos cabelos e do couro cabeludo. São Paulo:
Atheneu, 2001.
PEREZ, E.; VASCONCELLOS, M. G. Técnicas estéticas corporais. São Paulo: Érica, 2014.
PUJOL, A. P. (org.). Nutrição aplicada à estética. Rio de Janeiro: Rubio, 2011.
RIVITTI, E. A. Dermatologia de Sampaio e Rivitti. São Paulo: Artes Médicas, 2018.
RIVITTI, E. A. Manual de dermatologia clínica de Sampaio e Rivitti. São Paulo: Artes
Médicas, 2014.
SACHDEVA, S. Fitzpatrick skin typing: applications in dermatology. Indian Journal of
Dermatology, Venereology, Leprology, v. 75, n. 1, p. 93–96, 2009.
SMIDARLE, D. N.; SEIDL, M.; SILVA, R. C. Alopecia frontal fibrosante: relato de caso. Anais
Brasileiros de Dermatologia, v. 85, n. 6, p. 879–882, 2010.
THINK CULTURAL HEALTH. Interpret tool: working with interpreters in cultural settings.
[S. l.]: Think Cultural Health, [2017]. Disponível em: https://www.acf.hhs.gov/sites/
default/files/documents/otip/hhs_clas_interpret_tool.pdf. Acesso em: 16 nov. 2021.
VASCONCELOS, R. C. F. et al. A aplicação do plasma rico em plaquetas no tratamento
da alopecia androgenética. Surgical & Cosmetic Dermatology, v. 7, n. 2, p. 130–137, 2015.
18 Tricologia e estética capilar

Leituras recomendadas
FESTA NETO, C.; CUCÉ, L. C.; REIS, V. M. S. Manual de dermatologia. 4. ed. Barueri: Manole,
2015.
FRANGIE, C. M. et al. Milady: cosmetologia: ciências gerais, da pele e das unhas. São
Paulo: Cengage Learning, 2016.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: textos, atlas. 11. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2008.
SOUTOR, C.; HORDINSKY, M. K. Dermatologia clínica. Porto Alegre: AMGH, 2015.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.

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integralidade das informações referidas em tais links.
Conteudo:

[ill] SOLUt;OES
EDUCACIONAIS
INTEGRADAS
Dica do professor
A eletroterapia é amplamente empregada entre os profissionais da área da saúde que utilizam os
benefícios de técnicas estudadas e difundidas desde os meados de 1900. A estética cada vez mais
tem se apropriado dessas tecnologias para potencializar os tratamentos faciais, corporais e
capilares. Mesmo havendo poucos estudos científicos voltados especificamente para a área, são
perceptíveis as melhoras na aplicabilidade das disfunções de couro cabeludo, tratando de forma
ampla e segura as inúmeras patologias que acometem grande parte da população mundial
atualmente.

Nesta Dica do Professor, você vai conhecer um pouco sobre os recursos eletrotermofototerápicos
na terapia capilar. Também vai aprender sobre o equipamento de laser, como atua e os seus
benefícios, assim como do equipamento de LED e sua atuação.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Na prática
As pessoas, quando procuram o atendimento de um profissional voltado à estética capilar, colocam
sua saúde nas mãos do profissional do qual vai receber atendimento, e a confiança e a segurança
geram um melhor elo entre eles. Por isso o profissional deve ter em mente que atuar com a área
capilar não é simplesmente uma questão estética, mas envolve a saúde do escalpo, hasta capilar e
do organismo como um tudo, além de que qualquer alteração já preexistente no paciente e ativada
com o atendimento estético pode acarretar danos ao organismo. Cuidado, atenção e respeito são a
base para um atendimento preciso e correto ao paciente.

Neste Na Prática, você vai conhecer sobre a importância da ficha de anamnese para a prática de
tricologia e para a estética capilar em um paciente que passou por tratamento de câncer.
• •
.A. •
• •
A IMPORTANCIA DA FICHA • • •
-
DE ANAMNESE NA TRICOLOGIA•.
E ESTETICA CAPILAR
Joa.a e um jovem de 30 anos que procurou o
centro de beleza especializado em tricologia
e estetica capilar, pois se sente insatisfeito
com seus cabelos.

Durante a aplicac;ao da ficha de anamnese,


ele relata que passou cinco anos em
tratamento contra um cancer de tireoide,
no qual a quimioterapia ea radioterapia
implicaram uma perda intensa de pelos e
cabelos em seu corpo. Com o tempo, os
pelos foram voltando, mas as regi6es que
mais o incomodavam, pois ainda nao se
recuperaram completamente, eram as
entradas laterais do couro cabeludo.

Voce, profissional especializado em


tricologia e estetica capilar, que atua ha mais
de 10 anos no mercado, ficou preocupado
com a saude de Joa.a e indagou se ele tinha
autorizac;ao medica para a realizac;ao de
qualquer procedimento. Joa.a, de prontidao,
entrega-lhe uma autorizac;ao por escrito e
assinada pelo medico.
Durante a anamnese visual, voce
observa a falta de fios de cabelo na regiao
das entradas laterais do couro cabeludo.
Como forma de tratamento, enxerga
a possibilidade de utilizar o recurso
eletrotermofototerapico, utilizando
os equipamentos de LED e o laser
de baixa potencia.

No recurso, sao utilizados o LED e o laser de baixa potencia, que agem de maneira a
emitir luz no tecido. Por sua vez, essa luz ativa respostas fisiol6gicas distintas, como
estfmulo da produc;ao de Adenosina Trifosfato (ATP) pelas mitoc6ndrias. Assim, ocorre o
aumento da permeabilidade da membrana celular, da neocolagenese, entre outras.

Ap6s 10 sess6es de tratamento, o paciente comec;a a notar diferenc;a na area afetada


pela queda capilar, pois novas fios comec;am a nascer e crescer.

Antes Depois

Alem disso, sua autoestima e sua qualidade de vida aumentaram com o resultado •

gratificante, realc;ando a beleza natural do paciente.
• ·•
• • ••• •
••••
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

A eficácia da alta frequência associada aos óleos essenciais no


tratamento de dermatite seborreica
Neste artigo, você vai compreender como a alta frequência, quando utilizada em conjunto com os
óleos essenciais, é eficaz no tratamento da dermatite seborreica, doença de pele que atinge regiões
com alta concentração de sebo.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Tratamento para alopecia androgenética e alopecia aerata:


microagulhamento, laser de baixa intensidade e fatores de
crescimento – uma revisão de literatura
Neste artigo, você vai verificar que o microagulhamento é realizado para induzir uma percussão do
colágeno, contribuindo para a formação de novos capilares sanguíneos, enquanto o laser de baixa
intensidade, com sua capacidade de atingir o bulbo capilar, estimula o crescimento dos cabelos.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Uso do laser de baixa intensidade no tratamento da alopecia


androgenética: uma revisão bibliográfica
Neste artigo, você vai acompanhar um levantamento de estudos a respeito do uso do laser de baixa
intensidade para tratar a alopecia androgenética, doença que ocasiona perda total ou parcial dos
pelos.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Forma e pH dos cabelos

Apresentação
O cabelo está ligado à autoestima, ao estilo, à crença, à raça, à mitologia, entre outros fatores. Mais
que uma substância complexa com propriedades físicas e químicas, ele tem formas que são
definidas de acordo com o formato do folículo piloso. Por exemplo, o folículo com formato
elipsoide dá origem aos cabelos cacheados e quanto mais elipsoide é o folículo, mais achatado ele
fica, dando origem aos cabelos crespos. Ainda existe o folículo com formato redondo, dando origem
aos cabelos lisos.

O cabelo tem também sua classificação quanto à etnia, como os caucasoides (fios cacheados ou
ondulados), os mongoloides (fios lisos provenientes dos orientais) e os negroides (fios crespos).
Assim como a pele, os cabelos também têm sua subdivisão quanto à retenção hídrica e lipídica, ou
seja, se classificam em normais, oleosos, mistos ou secos. Compreender toda a anatomofisiologia
que envolve a formação do fio é tão necessário quanto conhecer cada particularidade e
complexidade das propriedades e das características do cabelo.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai saber quais são as formas que o cabelo apresenta (por
exemplo, cilíndrico, espiral e negroide), bem como os detalhes de cada característica e as
propriedades químicas que estão presentes no córtex dos fios, como as pontes e suas ligações, que
podem sofrer alterações e mudar a forma dos cabelos.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer as formas dos cabelos.


• Identificar as propriedades físicas e químicas dos cabelos.
• Descrever as características dos cabelos.
Infográfico
Tão importante quanto escolher o produto ideal para usar de acordo com o tipo de cabelo, seja ele
oleoso, seco, normal ou misto, é entender sobre o pH dos diversos tipos de produtos disponíveis no
mercado. O equilíbrio do cabelo depende dos produtos aplicados nele, já que o indicativo do cabelo
é o pH 5,5 e, quando são usados componentes muito acima desse pH, os fios ficam embaraçados e
as cutículas abertas, podendo levar à sensibilização do couro cabeludo.

Os xampus, o condicionador e as máscaras têm pH predefinido para ocasionar a limpeza e a


emoliência sem danificar os fios, por exemplo. Várias empresas optam por deixar o xampu próximo
ao pH do cabelo para que os fios não fiquem tão enrijecidos ou porosos. Já a máscara tem opção de
pH mais ácido, apresentando pH 3,0 e dispensando o uso do condicionador de acordo com a
indicação do fabricante.

Neste Infográfico, você vai conferir a indicação e o pH de alguns produtos, como xampus
hidratante e antirresíduo, condicionador e máscara. Também vai saber como aplicá-los da maneira
correta e o tempo de pausa adequado.

PH DOS PRODUTOS • •• • •• •
• • ••

E INDICA(;A--O • •


O cabelo tern pH em torno de 5,5 e, de acordo com a tabela de potencial de hidrogenio,


ele e um componente acido. Manter o pH equilibrado e importante, poise ele que
controla a carga da microbiota da pele fntegra, tendo func;6es bactericida e fungicida.

Para tanto, e necessario que o profissional entenda a indicac;ao ideal dos diversos tipos
de produtos disponfveis no mercado para os distintos tipos de cabelo de acordo com
seu pH, descrito na embalagem.

Xampu hidratante

0 pH do xampu pode interferir diretamente na saude


do couro cabeludo e dos fios. Ele controla a carga
eletrica dos fios e tern alto poder de detergencia.

Ha varios xampus com indicac;ao apenas para a


higienizac;ao au para tratamento com pH 5,5, coma no
caso da dermatite, sendo necessario ter na formulac;ao
componentes coma sulfeto de selenio e cetoconazol,
pois estes tern propriedades antifungica
e anti-inflamat6ria.

Xampu antirresfduo]
1

Esse tipo de xampu tern o pH acima de 7, sendo muito


alcalino e com alto poder de detergencia. Issa faz com
que as cabelos fiquem mais asperos, embara ados,
com maior carga eletrica negativa da superficie,
aumentando, consequentemente, o atrito entre os fios
e deixando as cuticulas muito eri adas.

Xampus com pH acima de 5,5 podem irritar o couro


cabeludo e ate provocar dermatite

Condicionador - PH

0 condicionador tern a func;ao de selar as cuticulas


eri adas pelo xampu. Par isso, e preciso que ele
apresente um pH mais acido, entre 3,5 e 4,5.

Dessa forma, a carga eletrica deixada pelo xampu e


neutralizada, diminuindo o frizze o embarac;o.

Miiscara de tratamento J
1

A mascara tern a func;ao de hidratar, nutrir e repor


massa aos fios, como protefnas e aminoacidos.

Em geral, apresenta pH 4,5. Entretanto, algumas


empresas diminuem ainda mais o pH para 3,0 na
intenc;ao de excluir o uso do condicionador.

Xampu
-
O ideal e aplicar o xampu nos cabelos, deixa-lo agir par ate 5
minutos e s6 depois enxaguar. Dessa forma, ele mantem a
efetividade do poder de detergencia e higieniza ao, removendo
toda a gordura sem a necessidade de muito atrito.

Condicionador

Algumas empresas empregam no condicionador, alem de agentes


com poder de emoliencia, ativos hidratantes e nutritivos. Par isso,
e preciso um tempo para o produto agir e o cabelo absorver
tais propriedades.

Mascara

El
A forma correta de aplicac;ao e respeitando tres centfmetros de
distancia do couro cabeludo para nao sobrecarrega-lo com gorduras
e obstruir o 6stio. Deve ser aplicada do meio para as pontas,
respeitando o tempo de pausa e retirada.

• • • •
• •


Seja qual for o tipo de cabelo - seco, oleoso, misto au normal-, o pH sera sempre 5,5 •
e nao deve ser alterado. Entretanto, o que muda e requer atenc;ao e a indica ao do
tipo de produto, do vefculo e dos ativos presentes na composic;ao do xampu,
condicionador ou mascara para cada tipo de cabelo.
• •
Conteúdo do livro
O cabelo apresenta características distintas de acordo com a etnia, que é determinada ainda
quando o folículo piloso é desenvolvido no período embrionário, considerando textura, cor,
densidade e formato. O folículo tem, então, formatos cilíndrico ou ovoide (cabelo liso), elipsoide
(cabelo ondulado), esférico ou achatado (cabelo crespo ou encaracolado). Assim como a pele, os
cabelos também são definidos quanto ao teor de oleosidade e retenção hídrica, como oleosos,
secos, mistos ou normais.

Sobre as características físico-químicas do cabelo, estão evidenciadas as ligações dissulfeto


(consideradas mais fortes), as ligações de hidrogênio (mais fracas e rompidas somente com água e,
quando o cabelo seca, elas voltam ao seu estado original) e as ligações de média força iônicas
(rompidas de acordo pH do produto). Essas ligações podem ser rompidas temporária ou
permanentemente de acordo com o pH mais ácido ou alcalino.

No capítulo Forma e pH dos cabelos, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai
aprender que os cabelos têm várias formas, sendo definidos ainda no período embrionário. Além
disso, vai ver que o fio de cabelo pode ser mudado temporária ou permanentemente, uma vez que
suas características físicas e químicas, como as pontes de sulfeto e de hidrogênio e ligações iônicas
presentes no córtex, podem sofrer alterações e ser rompidas.

Boa leitura.
TRICOLOGIA E
ESTÉTICA CAPILAR
Forma e pH
dos cabelos
Glaucia Lopes da Silva

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

> Reconhecer as formas dos cabelos.


> Identificar as propriedades físicas e químicas do cabelo.
> Descrever as características dos cabelos.

Introdução
O cabelo é um grande aliado estético que apresenta características e funções
distintas, como isolante térmico, proteção da cabeça contra radiação solar e
abrasão mecânica. Por sua vez, sobrancelhas, cílios, pelos do nariz e da orelha
protegem contra a entrada de partículas estranhas. É possível que uma pessoa
adulta tenha aproximadamente 100 a 150 mil fios de cabelo. Cada fio é uma
substância forte e elástica, resistindo a cargas de até 200 g. Sua cor se deve
a pigmentos denominados eumelanina, na coloração escura, e feomelanina,
na coloração clara, e apresenta ainda a capacidade higroscópica, ou seja,
de absorver a umidade do ar.
Cada pessoa tem cabelos com características distintas de textura, forma
física e química dos fios, resultando em cabelos cacheados, ondulados, lisos
ou afro. Folículos redondos dão origem a fios lisos, característica dos asiáticos;
folículos elípticos dão origem a fios cacheados, característica dos caucasianos;
e folículos achatados dão origem a fios crespos, característica dos africanos.
Cada tipo de cabelo também pode ser classificado quanto a oleosidade e
retenção hídrica, como normal, oleoso, misto ou seco.
2 Forma e pH dos cabelos

Neste capítulo, você vai aprender a reconhecer as formas dos cabelos, bem
como identificar suas propriedades físicas e químicas, além de aprender as
características distintas dos fios.

Como identificar as formas dos cabelos


É possível observar que cada pessoa possui um tipo de textura, cor, espessura
e forma dos seus cabelos. Em termos de cores, podem se apresentar como
ruivo, castanho, preto ou loiro e nas espessuras grosso ou fino. Quanto à
densidade, temos a relação de quantidade de fios por área, e nos mais variados
formatos, como cacheados, crespos, lisos, secos, oleosos, mistos ou normal.
Cada característica dos fios de cabelo é determinada de acordo o formato
do folículo piloso, quando este está sendo desenvolvido no período em-
brionário e de acordo a etnia. Fato é que o estudo do cabelo inclui conhecer
cada estrutura que o forma, desde a parte interna abaixo do couro cabeludo
incluindo o folículo piloso, o bulbo, o músculo eretor do pelo, e as células
tronco que mediam as fases de crescimento do fio, a glândula sebácea que
secreta o sebo para lubrificar o cabelo, quanto as características químicas e
físicas da parte que é ejetada para fora do couro cabeludo como a cutícula,
o córtex e a medula.
O cabelo se apresenta de várias formas, isso porque as células são trans-
mitidas hereditariamente definindo cada característica do corpo. Essas células
também abrangem os cabelos quando o folículo é desenvolvido no período
gestacional, podendo ocorrer variações quanto à forma se tornando, elipsoide,
cilíndrico, ovoide, esférico ou achatado, sendo também inclusas características
como tamanho, densidade e cor. A forma como o fio vai ficar originalmente
é determinada entre o canal do bulbo piloso, que é a parte inferior do seg-
mento do folículo, e o istmo. Dessa maneira, quando o fio é preparado para
ser ejetado para fora, passando pelo infundíbulo, ele já tomou sua forma
permanente (ZORZI, 2021)
É importante saber sobre os formatos que o cabelo apresenta, para que
cada tratamento ou modificação seja o mais apropriado possível, de acordo
a textura, biotipo e caimento, aplicando-se também ao corte escolhido.
É possível que haja em torno de 12 tipos de formas de cabelo, distinguidos
como mongoloides os cabelos lisos, caucasoides os cabelos cacheados e
negroides os cabelos crespos. Ainda apresentam divisões em tipo 1, 2 3 e 4
e subdivisões quanto à curvatura em A, B e C, exceto pelo cabelo liso, que
não apresenta curvatura. O formato de cabelo tipo 1 é totalmente reto das
raízes às pontas, e não apresenta qualquer subdivisão, ao contrário dos de-
Forma e pH dos cabelos 3

mais, porque não exibe curvatura, sendo típico da etnia oriental e conhecido
cientificamente como cabelos mongoloides.
Observe na Figura 1 o tipo de cabelo com formato 1A, cujo folículo é clas-
sificado em cilíndrico ou ovoide, típico do povo oriental.

Figura 1. Cabelo tipo 1A.


Fonte: Jess Foami/Pixabay.com.

Já o cabelo com formato tipo 2 apresenta subdivisão de curvatura, for-


mando uma espécie de S bem singelo nos fios, além de volume e frizz de acordo
com a quantidade de ondas. O formato em 2A inclui cabelos parcialmente
ondulados e mais finos, sugerindo uma pequena ondulação, sendo fácil de
manter um penteado com mais ondas ou deixá-lo liso, uma vez que a raiz é
mais lisa do meio para as pontas, aparecendo singelas curvaturas. O formato
2B inclui cabelos mediamente ondulados, mas as ondulações aparecem desde
a raiz, chegando até as pontas e contornando toda a cabeça. Já o formato
2C inclui cabelos mais ondulados e volumosos desde a raiz, com textura
um tanto grossa e muita densidade, sugerindo frizz indesejado. Entretanto,
o caimento e o movimento ficam ideais de acordo o corte, com o penteado
e com produtos escolhidos, como spray, pomada e aqueles de base vegetal,
que irão nutrir e hidratar os fios, deixando-os mais alinhado.
4 Forma e pH dos cabelos

Observe na Figura 2 o aspecto dos cabelos tipo 2A, 2B e 2C em uma mesma


cabeça. Os fios são mais lisos na raiz, sugere ondas em algumas partes e em
outras ondas bem-marcadas típicas das europeias. Nesse tipo de cabelo dá
para manter dois tipos de penteado, deixando mais liso com o uso de uma
escova e secador ou com cachos mais marcados usando babyliss.

Figura 2. Cabelo tipo 2A caucasoide — ondulado.


Fonte: Pixabay.com.

Os cabelos com formato tipo 3 têm características de muito volume, cachos


mais definidos e soltos, podendo apresentar frizz e danos de acordo o atrito
mecânico.Apresentam subdivisão de curvatura, formando uma espécie de
S bem-marcado nos fios, originando os cachos. O tipo 3A exibe cachos bem
definidos da raiz mais lisa até as pontas, apresenta brilho, e o fio é mais
fino que o 3C. O tipo 3B exibe cachos mais fechados. Já o tipo 3C apresenta
a forma em espiral bem mais definida que os demais, dando mais volume e
movimento. O ideal é usar produtos que ajudam a manter a forma natural e
definida, como xampu e condicionador indicados para cabelos cacheados,
creme para pentear, ativador de cachos, que contém em sua formulação
óleos vegetais, bem como manteigas e silicones para manter a nutrição e
hidratação dos fios.
Forma e pH dos cabelos 5

Observe na Figura 3 como os cachos de formato esférico ou achatado do


tipo 3 são bem definidos, formando uma espiral perfeita e dando volume e
movimento.

Figura 3. Cabelo tipo 3A elipsoide — cacheado.


Fonte: Tim Douglas/Pexels.com.

O cabelo com formato tipo 4A possui características de fios mais crespos,


finos, com menos elasticidade, encolhendo ao molhar. Os cachos são mais
finos e fechados, apresentando ressecamento e fragilidade, podendo sofrer
quebra espontaneamente. Por isso, é importantíssimo que sejam tratados
com produtos emolientes, hidratantes, umectantes, nutritivos e repositores
de massa para fortalecer os fios, além do cuidado ao pentear. Os tipos 4A
e 4B são bem parecidos e apresentam cachos bem definidos e fechados;
ao puxar para abrir os cachos, é possível ver o formato em S ou Z. Já o tipo
4C não tem tantos cachos definidos em espiral como os demais, sendo mais
crespo, frisado, fino e sensível. Para definir os cachos, é necessária uma
texturização com produtos específicos (ABRAHAM et al., 2009; SILVA, 2012).
Observe na Figura 4 como os fios apresentam formato mais elipsoide que
os cacheados e mais achatados, pois em vez de terem somente cachos em
espiral e definidos, apresentam também fios frisados e crespos. São cabelos
finos e mais sensíveis.
6 Forma e pH dos cabelos

Figura 4. Cabelo tipo 4A elipsoide — crespo.


Fonte: Greta Hoffman/Pexels.com.

Agora observe na Figura 5 a diferença entre cada formato de fio de cabelo


e veja como a curvatura se distingue do tipo 2B até o 4C, resultando em cachos
mais abertos ou fechados, com forma cilíndrica definida ou frisado.

Figura 5. Tipos e formatos de cabelos.


Fonte: Adaptada de cuppuccino/Shutterstock.com..
Forma e pH dos cabelos 7

É importante conhecer as formas e as características de cada tipo de cabelo


para que assim os cuidados diários sejam feitos com produtos específicos,
mantendo o formato natural, a hidratação e a nutrição para que o aspecto
seja brilhante, evidenciando um cabelo saudável.

Os cabelos tipo 4 requerem atenção quanto a cuidados e atrito me-


cânico para evitar a quebra, uma vez que apresentam fragilidade
acentuada devido ao comprometimento da elasticidade e menor camada de
cutícula. Quanto aos produtos recomendados, o ideal é que apresentem manteiga
de karité, óleo vegetal de jojoba rico em vitaminas A, B e E, além de alta concen-
tração de ceramidas, óleo vegetal de abacate, por sua propriedade fortalecedora
e nutritiva e alta concentração de componentes como vitaminas E, A, B1, B2 e C,
além de lipídios, que são nutrientes essenciais para a pele e o cabelo.

Propriedades físico-químicas dos cabelos


É possível mudar a forma e a cor dos cabelos de acordo suas propriedades
físicas e químicas. Cada fio é dividido em três partes: cutícula, córtex e medula.
A cutícula é formada por queratina, uma capa que contém até 12 camadas
sobrepostas, que tem a função de proteger o córtex contra agressões externas.
A queratina é uma proteína composta por 15 a 22 aminoácidos, com destaque
para a cisteína. A queratina dá forma, resistência e elasticidade aos fios.
Até 90% do peso do cabelo se deve ao córtex, que é formado por fibras de
queratina pigmentada e unidas pelo cimento intercelular. Cada fibra presente
no córtex tem um aspecto de feixe ou corda alongada, recebendo o nome de
macrofibrila. Cada macrofibrila é constituída por milhares de microfibrilas que
por sua vez formam as protofibrilas, e em cada protofibrila se apresenta uma
alfa-hélice como espiral de queratina denominada cadeia de aminoácidos ou
polipeptídica (VARELA, 2007; OLIVEIRA, 2019).
De acordo com Halal (2013), dentro do córtex a queratina é organizada
em protofibrilas e composta por quatro cadeias polipeptídicas. Na estrutura
das cadeias de aminoácidos da queratina ocorre uma reação de condensação
(união) entre o nitrogênio do grupo amino e o carbono do grupo carboxílico,
que vão se adaptando em uma forma helicoidal. Essa estrutura é mantida por
ligações entre os átomos das diferentes cadeias e podem ter forças variáveis,
consideradas ligações fracas, como as pontes de hidrogênio, ou fortes, como
as ligações iônicas ou pontes dissulfeto.
8 Forma e pH dos cabelos

As pontes ou ligações de hidrogênio apresentam uma interação do átomo


de hidrogênio com os aminoácidos que formam a queratina. Quando os cabelos
estão molhados, essas pontes diminuem suas forças de hidrogênio. Porém,
como são numerosas, conseguem se ligar novamente e voltar à estrutura
natural dos cabelos. De acordo com a higienização feita nos cabelos ao molhar,
é possível romper a ligação de hidrogênio considerada a mais fraca, que é a
interação eletrostática entre as moléculas de água que contêm hidrogênio (com
uma carga parcialmente positiva) e outra molécula de água com os elétrons
disponíveis do átomo de oxigênio, formando a ligação de hidrogênio. Como o
cabelo tem a capacidade de absorver água, ou seja, capacidade higroscópica,
a água que entra em contato com o cabelo é então absorvida, chegando até
o córtex. Dessa forma, a queratina é atingida pela água, deixando a espiral
bem mais aberta. Por isso, é possível perceber o cabelo com comprimento
maior quando está molhado, pois as ligações são quebradas temporariamente.
Quando é feita uma escova nos cabelos, uma nova ligação é formada, mas
ao serem molhados novamente os cabelos retomam sua forma natural e as
ligações de hidrogênio voltam a se estabelecer novamente como eram antes
e o cabelo volta à sua forma original (DELFINI, 2011).
Por sua vez, as pontes ou ligações iônicas se baseiam na atração eletrostá-
tica entre as cargas positivas e negativas de um íon. São mais resistentes que
as ligações de hidrogênio, mas podem ser quebradas quando são aplicados
nos cabelos produtos alcalinos com pH acima de 10 ou ácidos com pH abaixo
de 2. Esse tipo de ligação é rompido pela simples ação da água quando o
cabelo é umedecido, reconstituindo-se assim que o pH volta ao normal. Já a
ponte ou ligação dissulfeto diz respeito às ligações mais fortes encontradas
no cabelo, que conferem solidez à queratina. Unem átomos de enxofre de dois
aminoácidos de cisteína, formando uma ligação dissulfeto, característica da
molécula de cistina (HALAL, 2011).
A esse respeito, Varela (2007, documento on-line) explica:

A estrutura das cadeias polipeptídicas vai se adaptando em uma forma helicoidal


com 3,7 aminoácidos em cada volta da hélice. Cada volta da hélice está fixada em
relação a outra por ligações de hidrogênio, formando a cerda elementar que, por
sua vez, liga-se à outra cerda de uma forma retorcida pelos átomos de enxofre que
são também conhecidas como ligações dissulfeto e por ligações iônicas ou salinas.
A influência dessas ligações em relação à estrutura do fio está bem definida, por
exemplo: se as ligações dissulfeto se quebram, o cabelo se debilita, mas não par-
tirá se forem mantidas íntegras as ligações salinas (iônicas). Da mesma maneira
acontece com as ligações salinas, se forem mantidas as dissulfeto.
Forma e pH dos cabelos 9

Observe na Figura 6 o fio de cabelo todo formado por queratina e como


são as ligações químicas que ficam no córtex, podendo ser quebradas e con-
sequentemente mudar a forma dos fios de modo temporário ou permanente.

Forças de Van der Waals

Pontes de hidrogênio

Figura 6. Ligações químicas do cabelo.


Fonte: Série... (2017, documento on-line).

É importante compreender as ligações químicas presentes no córtex e


como elas se formam, pois desse modo é possível entender que a estrutura
natural do cabelo pode ser modificada devido à possibilidade de rompê-las
permanente ou temporariamente. Entretanto, não se deve romper duas
pontes ou ligações ao mesmo tempo, pois acarretará o comprometimento
da elasticidade e resistência, levando à dissolução do fio.

Para saber mais sobre como agem os produtos químicos nos cabelos,
rompendo as ligações ou pontes de hidrogênio, iônicas e dissulfeto,
assista ao vídeo “Guia das químicas capilares de alisamento”, publicado pelo
canal Juliana Prudente no YouTube (GUIA DAS QUÍMICAS..., 2019).
10 Forma e pH dos cabelos

Características e pH dos cabelos


O cabelo apresenta características distintas como pH, cor, elasticidade
(a capacidade do cabelo esticar e voltar ao seu estado normal), densidade
(relação de quantidade de cabelo por área), composição de estruturas como
cutícula, córtex e medula, composição química presente nos fios e teor de
lipídio (quantidade de oleosidade) e hídrico (água presente nos cabelos),
determinando se o cabelo é mais oleoso, misto, normal ou seco.
De acordo com Robbins (2012), os componentes dos fios de cabelo incluem
os estruturais e livres, como a água e os lipídios, os considerados não livres e
combinados quimicamente com cadeias laterais de grupos proteicos ou com
grupos de ácidos graxos como os pigmentos e elementos traços. As proteí-
nas são substâncias formadas por um conjunto de aminoácidos ligados entre
si através por ligações peptídicas fundamentais para a estrutura e função
celular. Os aminoácidos são moléculas formadas por carbono, hidrogênio,
oxigênio e nitrogênio. Já a composição química do cabelo se dá pelos seguintes
componentes: carbono — 45%; hidrogênio — 7%; oxigênio — 28%; nitrogênio
— 15%; e enxofre — 5%, sendo o restante proteína. Por isso, o fio é tão forte,
elástico e resistente.
Quanto ao pH, essa é uma sigla que significa o potencial de hidrogênio.
Serve para identificar acidez, neutralidade ou alcalinidade de um componente.
Mas por que o pH é importante? O pH da pele é identificado como ácido,
e varia de 4,5 a 5,5. Ele é importante porque dentro da normalidade o nível
de pH é fundamental para proteção bactericida e fungicida da pele, ofere-
cendo resistência contra a bactéria Staphylococcus epidermidis e inibição da
proliferação de Staphylococcus aureus, ambas naturalmente encontradas na
pele. Entretanto, quando há uma alteração no pH ocorre uma modificação
da homeostase cutânea. O pH ácido contribui para a maturação da barreira
epidérmica nos processos de reparo tecidual e na esfoliação celular, e participa
ativamente da síntese de ceramidas, que é um importante lipídio atuante na
barreira de permeabilidade do estrato córneo (KAMIZATO, 2014).
O pH do cabelo é ácido, em torno de 5,5, então quando é aplicada qualquer
substância com pH diferente disso, a fibra capilar é alterada. O uso de compo-
nentes químicos com pH alcalino, como os usados para descoloração dos fios
ou xampu antirresíduos, deixa a cutícula eriçada, popularmente conhecida
como escamas abertas. Essa reação química deixa o cabelo sensibilizado,
resultando em porosidade, com a elasticidade comprometida e sem brilho.
Outro fator que altera a fibra capilar é o uso de substâncias ácidas, como
Forma e pH dos cabelos 11

as aplicadas em escovas progressivas, deixando o cabelo rígido e levando


à sua quebra. O ideal para restabelecer o pH do cabelo é fazer uso de pro-
dutos capazes de reequilibrá-lo, como as máscaras, que contém nutrientes
que repõem os níveis de água e proteína dentro na fibra capilar (LEONARDI;
GASPAR; CAMPOS, 2002).
Observe na Figura 7 uma escala de pH.

pH = Potencial de hidrogênio
1 14
2 7 13
3 11 12
4 5 6 Neutro 8 9 10

Ácido Alcalino

Figura 7. Escala de pH.


Fonte: Adaptada de Medidor... (2021, documento on-line).

Outra característica do cabelo diz respeito a seus teores lipídico e hídrico.


Ambos irão determinar se o cabelo é oleoso, normal, seco ou misto, e estão
diretamente ligados à atividade da glândula sebácea. Os cabelos oleosos
apresentam uma oleosidade natural ou adquirida devido ao alto teor de
produção de sebo. A irrigação de ácido graxo é distribuída por todo o couro
cabeludo, mas não chega até as pontas. Devido ao alto teor de secreção
sebácea tamponando os óstios, há maior propensão de perda de fios, sendo
indicado usar produtos que apresentem ativos adstringentes e reguladores
de oleosidade.
Os cabelos mistos indicam oleosidade na raiz, mas secura nas pontas.
Devido a essa particularidade, é preciso escolher dois tipos de produtos
específicos, um para o couro cabeludo, sendo mais adstringente, e outro
contendo ativos mais hidratantes, para usar nas pontas. Já os cabelos secos
apresentam pouca produção de sebo e, por isso, têm aparência opaca e sem
brilho, podendo ser quebradiços e com escamas abertas e vulneráveis. Por
fim, os cabelos normais se apresentam macios, pois a produção de sebo é
equilibrada, resultando em lubrificação adequada e brilho natural (SCARA-
MELLA, 2020).
12 Forma e pH dos cabelos

Observe na Figura 8 a diferença de um fio de cabelo saudável, com a cutícula


toda alinhada refletindo brilho, para um cabelo poroso, com suas cutículas
eriçadas e abertas, resultando em um fio opaco e rígido. Já o cabelo danifi-
cado, apresenta falha em suas cutículas, deixando o córtex completamente
exposto, favorecendo a quebra.

Cabelo saudável Cutícula aberta Cutícula aberta


porosa e danificada

Figura 8. Cabelos saudáveis e sensibilizados.


Fonte: Adaptada de Designua/Shutterstock.com.

Independentemente do tipo de cabelo, para que ele tenha um bom cres-


cimento e se desenvolva da melhor da melhor forma possível, é necessário
que o couro cabeludo esteja saudável e que o excesso de oleosidade seja
controlado para não ser um agravante para a queda, evitando o tampona-
mento do ósteo por onde sai o cabelo. Além disso, é importante que haja um
estímulo da fase anágena, mediante o uso de ativos tônicos, vasodilatadores
e estimulantes do folículo piloso, como ativos naturais de óleo vegetal de
abacate, com ação desintoxicante e fortalecedora, atuando no crescimento
do cabelo e da pele e agindo como carreador dos óleos essenciais, bem como
alecrim e hortelã-pimenta, respectivamente tônico e estimulante, além de
atuar sobre o sistema circulatório.
Forma e pH dos cabelos 13

Uma vez que o profissional compreenda as particularidades de cada ca-


belo, suas propriedades físico-químicas e suas características, como os tipos
relacionados a curvatura, pH, sensibilidade e resistência, além da densidade
e teores lipídico e hídrico, ficará mais fácil definir qual xampu, condicionador,
creme para pentear ou máscara e ativos para tratamento devem ser aplicados
para manter o cabelo saudável e com brilho.

Referências
ABRAHAM, L. S. et al. Tratamentos estéticos e cuidados dos cabelos: uma visão médica
(parte 1). Surgical & Cosmetic Dermatology, v. 1, n. 3, p. 130–136, 2009.
DELFINI, F. N. A. Ativos alisantes em cosméticos. 2011. Monografia (Farmácia-Bioquímica)
— Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2011. Disponível em: http://hdl.handle.
net/11449/118857. Acesso em: 22 nov. 2021.
GUIA das químicas capilares de alisamento. [S. l.: s. n.], 2019. 1 vídeo (17 min).
Publicado pelo canal Juliana Prudente. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=TaQGQO_zGqA. Acesso em: 22 nov. 2021.
HALAL, J. O crescimento e a estrutura do cabelo: tricologia e a química cosmética
capilar. São Paulo: Cegange Learnig, 2011.
HALAL, J. Tricologia e a química cosmética capilar. São Paulo: Cengage Learning, 2013.
KAMIZATO, K. K. Técnicas estéticas faciais. São Paulo: Saraiva Educação, 2014.
LEONARDI, G. R.; GASPAR, L. R.; CAMPOS, P. M. B. G. Estudo da variação do pH da pele
humana exposta à formulação cosmética acrescida ou não das vitaminas A, E ou de
ceramida, por metodologia não invasiva. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 77,
p. 563–569, 2002.
MEDIDOR de ph. [S. l.], 2021. Disponível em: https://medidordeph.com/blog. Acesso
em: Acesso em: 22 nov. 2021.
OLIVEIRA, S. M. M. A química envolvida na descoloração do cabelo: uma abordagem
contextualizada para o ensino de química. 2019. Monografia (Licenciatura em Química)
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ufc.br/handle/riufc/48439?locale=pt_BR. Acesso em: 22 nov. 2021.
ROBBINS, C. R. Chemical and physical behavior of human hair. 4. ed. New York: Springer-
-Verlag, 2002.
SCARAMELLA, L. R. et al. Uso do óleo vegetal de Pracaxi como silicone natural na haste
capilar. Brazilian Journal of Natural Sciences, v. 3, n. 3, p. 514–514, 2020.
SÉRIE o cabelo | parte 1: entendendo um pouco da estrutura capilar. Nutrihair, 2017.
Disponível em: https://nutrihair.com.br/serie-o-cabelo-parte-1-entendendo-um-
-pouco-da-estrutura-capilar/. Acesso em: 22 nov. 2021.
SILVA, E. M. Caracterização físico-química e termoanalítica de amostras de cabelo
humano. 2012. Tese (Doutorado) — Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. Dispo-
nível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/46/46136/tde-11092012-091254/
publico/DissertCorrigidaElisabeteMiranda.pdf. Acesso em: 22 nov. 2021.
14 Forma e pH dos cabelos

VARELA, A. E. M. Um estudo sobre os principais ativos dos produtos para alisamento e


relaxamento de cabelos oferecidos atualmente no mercado brasileiro. 2007. Monografia
(Curso de Cosmetologia Estética) — Universidade do Vale do Itajaí, Balneário Camboriú,
2007. Disponível em: http://siaibib01.univali.br/pdf/Antonio%20Martins%20Varela.pdf.
Acesso em: 22 nov. 2021.
ZORZI, R. Corpo humano: órgãos, sistemas e funcionamento. São Paulo: Editora Senac,
2021.

Leituras recomendadas
CARMO, G. C.; COSTA, J. M.; SILVA, M. R. Fundamentos de dermatoscopia: atlas derma-
tológico. São Paulo: Atheneu, 2012.
PUJOL, A. P. Nutrição aplicada à estética. São Paulo: Rubio, 2011.
TOSTI, A.; ASZ-SIGALL, D.; PIRMEZ, R. (eds.). Tratamentos de cabelo e couro cabeludo:
um guia prático. New York: Springer Nature, 2020.

Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos


testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da
publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas
páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores
declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou
integralidade das informações referidas em tais links.
Conteudo:

[ill] SOLUt;OES
EDUCACIONAIS
INTEGRADAS
Dica do professor
Os alisantes agem de forma permanente nos cabelos, estejam eles na escala de pH ácido ou
alcalino. Uma vez modificadas as estruturas do cabelo com processos químicos, não é mais possível
reverter o procedimento, pois eles agem no córtex, quebrando as pontes ou ligações mais fortes, as
dissulfeto. Somente o novo cabelo terá sua forma original. Por isso, as pessoas, depois de alisarem
o cabelo todo, retocam somente a raiz, que tem volume.

Nesta Dica do Professor, você vai ter informações sobre os tipos de alisantes com pH ácido e
alcalino, como as ligações são rompidas e a importância de os produtos comercializados como
alisantes terem liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Na prática
Na prática clínica, é muito importante que o profissional seja atencioso com o cliente que vai fazer
algum tipo de tratamento e forneça a ele todas as informações necessárias. É dever do profissional
explicar ao cliente como usar os produtos, para que serve cada um deles e a importância do pH
para manter o couro cabeludo e o cabelo em equilíbrio.

Confira, Na Prática, como o profissional é educado e atencioso com o cliente, esclarecendo dúvidas
sobre o que é o pH e a diferença entre os produtos convencionais e os de tratamento.
• •
• • • •
UMA ABORDAGEM •••• • •
• •
• •

PROFISSIONAL SOBRE •
.A.

A IMPORTANCIA DO PH
NOS PRODUTOS

Gabriele e tricologista e tern experiencia em


terapia capilar com foco na saude do couro
cabeludo e dos cabelos.

A avalia ao com fotodocumenta ao e o


acompanhamento do tratamento sao muito
importantes para que o profissional tenha
ciencia da evolu ao e, caso ele nao esteja
correspondendo aos objetivos, saber qual
atitude tomar.

Altera oes

Gabriele sempre e questionada sobre


os produtos que indica para disfun oes
no couro cabeludo e na haste capilar.
Ela sempre explica a importancia do ativo,
do vefculo e, principalmente, do pH para
que a pele e o cabelo nao se alterem,
evitando que os danos apare am.

As altera 6es mais comuns sao dermatite


seborreica, caspa, psorfase, triconodose,
tricorrexe nodosa e tricoptilose.

0 caso de Marcos J
1

Ao atender Marcos, Gabriele percebeu, na


anamnese, que o couro cabeludo estava
apresentando uma rarefa ao associada a
queda capilar. Como o cliente nao referiu
casos de calvfcie na famflia, ela indicou um
xampu com pH especffico e um t6nico capilar.

Ela aproveitou para explicar o que esse xampu


tinha de diferente, falando sobre ativos
estimulantes do crescimento e o pH, que era
igual ao do cabelo de Marcos.

Acrescentou tambem que o t6nico capilar promove o estfmulo ea reativa ao do folfculo


piloso. Por isso, e fundamental usa-lo todos os dias de manha ea noite, pois asujidade ea
oleosidade impedem os ativos de permear o couro cabeludo, formando uma pelfcula.

I•

E imprescindfvel que o profissional tricologista tenha paciencia ao


explicar para
a cliente a importancia do tratamento e o que contem o produto que ele ira usar.
Alem disso, deve manter o acompanhamento de perto para observar a evolu ao • •

••
do tratamento.

A abordagem enfatica e principalmente atenciosa para explicar ao cliente o


tratamento, como ele vai proceder, como devem ser usados as produtos ea


• • ••
importancia dos ativos faz muita diferen a nas melhorias.

• •
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Descubra o seu verdadeiro tipo de cabelo com este simples teste


Veja, neste vídeo, como identificar os tipos de cabelo com o teste disponibilizado pelo profissional.
Observe como são abordadas as distintas características do fio de cabelo.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

As diferenças dos tipos de cabelo – liso, ondulado, cacheado e


crespo
Observe, neste vídeo, como a profissional descreve a diferenças e as características químico-físicas
dos diversos tipos de cabelo de acordo com seu formato, textura, curvatura, densidade e cor.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Vamos entender melhor sobre o pH do cabelo


Acompanhe, neste vídeo, a explicação e a demonstração do pH do cabelo e a sua importância para
manter a integridade do fio e do couro cabeludo. Veja como é importante usar produtos que
mantenham o pH equilibrado.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Ligações químicas e a química do cabelo
Veja, neste vídeo, como o profissional elucida toda a composição química do fio de cabelo, como
acontecem, na queratina, as ligações dissulfeto, iônicas e de hidrogênio no córtex, podendo ser
modificadas temporária ou permanentemente.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Produtos capilares modificadores

Apresentação
Atualmente, o mercado de cosméticos dispõe de inúmeros produtos que atuam sobre o cabelo de
modo a alterar a sua cor, por meio do uso de tinturas, ou a forma dos fios, por meio do uso de
ativos alisantes.

Esses ativos modificadores de forma ou de cor dos cabelos agem de diferentes maneiras,
garantindo resultados de acordo com o ativo escolhido e seu mecanismo de ação.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá conhecer esses ativos, o modo como eles atuam nos
cabelos e os possíveis danos que podem ocorrer diante da exposição aguda ou crônica a eles.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Descrever o mecanismo de ação dos alisantes capilares.


• Relacionar o mecanismo de ação de tinturas capilares permanentes, semipermanentes e
temporárias.
• Analisar tinturas e alisantes capilares quanto a sua eficiência e aos riscos de exposição aguda e
crônica a eles.
Infográfico
Como agem as diferentes tinturas capilares? Qual é a mais indicada? Essas são dúvidas muito
comuns a muitos clientes, que não sabem exatamamente como agem os produtos capilares que
modificam a cor dos fios e quais são os mais indicados para cada situação.

O Infográfico a seguir traz um esquema representativo de como agem as colorações nos fios de
cabelo e pode servir para explicar ao cliente as diferenças entres os produtos.
Os corantes do produto
Os corantes do produto
sao moleculas grandes
penetram na haste capilar,
Os corantes do produto e ficam apenas
mas nao permanecem par
penetram na haste definitivo nessa camada. depositadas sabre o fio
capilar e ficam de cabelo. Par nao
A medida que o cabelo e
armazenados nessa penetrarem mais
lavado, as moleculas de
regiao definitivamente. profundamente, sao
corante vao saindo junta
eliminadas do fio na
com a lavagem.
primeira lavagem.

Para correc;:ao de
Cl) mechas, para eliminar
Cobertura mediana para ou atenuar o tom
10 Para mudanc;:as radicais
colorac;:oes de media amarelado dos cabelos
(> durac;:ao. lndicadas para brancos e para reduzir

<
na car dos cabelos e
disfarc;:ar os primeiros a descolorac;:ao

u
para cobertura de
fios brancos e tambem excessiva depois de
...... grande quantidade de
fios brancos.
para cabelos grisalhos, tons de vermelho ou

Q para retirar o amarelo, alem de

z
......
aspecto amarelado. permitir maior brilho e
reflexo a um cabelo
opaco ou desbotado.

Cl)
0
>
........
u Cl)
oo
Bastante agressiva
Causa aumento Efeitos de colorac;:ao
aos fios de cabelos,

z Ei:
da fragilidade capilar e, sao removidos muito
pois envolve varias
se nao for bem aplicada, rapidamente, ate
reac;:oes qufmicas.
nao garante mesmo com a umidade
00
Cl) Cl) Aumenta a
fragilidade capilar. excelente cobertura. dos fios.

.E.-.4.. <
J.1-t
Conteúdo do livro
Os produtos cosméticos capilares modificadores são utilizados em tratamentos que objetivem
mudanças na cor ou na forma dos fios de cabelo, incluindo as colorações e os alisamentos.

Conhecer como atua sobre a fibra capilar cada um desses ativos encontrados nos cosméticos e
como eles garantem os objetivos desejados é essencial para todo profissional de estética capilar
que vise a atender as necessidades de seus clientes de maneira segura e efetiva.

No capítulo Produtos capilares modificadores, da obra Princípios ativos em estética, você irá
aprender que o uso de tinturas e alisanetes é considerado seguro, entretanto alguns danos à haste
capilar e à saúde do cliente podem ocorrer por inúmeros fatores. Verá também que é de
responsabilidade do profissional conhecer os meios de prevenir ou minimizar esses danos.
PRINCÍPIOS
ATIVOS EM
ESTÉTICA

Aline Andressa Matiello


Produtos capilares
modificadores
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

◼ Descrever o mecanismo de ação dos alisantes capilares.


◼ Relacionar o mecanismo de ação de tinturas capilares permanentes,
semipermanentes e temporárias.
◼ Analisar tinturas e alisantes capilares quanto à eficiência e aos riscos
de exposição aguda e crônica.

Introdução
Para alterar conformação e cor dos cabelos, os profissionais de estética
capilar utilizam cosméticos específicos, com princípios ativos destinados
à função de modificar os fios com fins estéticos e cosméticos, de modo
a atender às necessidades de seus clientes (SANTOS, 2017).
É comum, atualmente, a grande disponibilidade de produtos cos-
méticos destinados a transformações nos cabelos. Entre os diversos
tratamentos oferecidos, há as colorações, incluindo as permanentes,
temporárias e semitemporárias. Além dos tratamentos para alterar a
cor dos fios, o mercado de cosméticos dispõe de produtos destinados
a alterar o formato dos fios, garantindo, por exemplo, cabelos lisos por
meio do uso de produtos alisantes (FRANGIE et al., 2017).
Neste capítulo, você conhecerá os ativos cosméticos aplicados aos
tratamentos de alisamentos dos fios e de colorações, incluindo seus
mecanismos de ação e os possíveis danos decorrentes da exposição
aguda e crônica a esses ativos.
2 Produtos capilares modificadores

Mecanismo de ação dos ativos alisantes


capilares
Todo cabelo possui, em sua estrutura natural, inúmeras ligações químicas entre
as moléculas de queratina, principal proteína do cabelo. São essas ligações
químicas, chamadas de ligações de hidrogênio, dissulfeto e salinas, que mantêm
o formato dos fios em ondulados, crespos, cacheados ou lisos, assim como
garantem a resistência dos fios. Cabelos ondulados, por exemplo, apresentam
essa forma porque as ligações químicas entre as proteínas do cabelo não se
encontram dispostas em linha reta, e isso é o que mantém o formato dos fios
(HALAL, 2012).
A partir da aplicação de produtos alisantes capilares, os ativos atuam causando
reações químicas que alteram o formato natural dos fios por meio da quebra
das ligações de dissulfeto e da criação de novas ligações, agora dispostas em
linha reta, o que garante como resultado final o cabelo liso (FRANÇA, 2014).
Incialmente, o processo ocorre com a aplicação do produto, que irá gerar
a quebra dessas ligações a partir de diferentes mecanismos de acordo com o
produto alisante utilizado. Após, as ligações de dissulfeto devem ser restauradas,
dando a forma que se quer — no caso, a forma lisa (FRANGIE et al., 2017).

Princípios ativos empregados em alisantes capilares


O tioglicolato de amônio (ATG) é um ativo cosmético capilar utilizado tanto
nos tratamentos de ondulação permanente quanto nos alisamentos. O meca-
nismo de ação dos alisamentos com ATG é chamado de óxido-redução, pois
envolve a aplicação de um agente redutor e, posterior a isso, um agente oxidante
(HALAL, 2012).
O processo de alisamento, nesse caso, consiste em três partes, mostradas na
Figura 1, em que é possível visualizar os cabelos ondulados com as ligações de
dissulfeto dispostas de maneira não reta. A seguir, o produto alisante é aplicado
aos cabelos ondulados e gera uma reação de redução, por meio da quebra das
ligações de dissulfeto nos fios, tornando o cabelo inerte para tomar a forma
desejada. É nesse momento do processamento que o cabelo recebe o tratamento
térmico com uso de prancha aquecedora, que irá deixar esses fios no formato
reto desejado. Depois dessa fase, um agente neutralizante é aplicado aos fios de
cabelo com um produto oxidante, como, por exemplo, o peróxido de hidrogênio,
que, quando aplicado sobre os fios, agora dispostos provisoriamente no formato
liso, criará novas ligações de dissulfeto, então dispostas em linha reta, no formato
liso dos fios (FRANÇA, 2013).
Produtos capilares modificadores 3

Figura 1. Mecanismo de ação do agente alisante à base de tioglicolato de amônio.


Fonte: Halal (2012, p. 222).

Dessa maneira, o processo de alisamento com uso de ATG inclui um


processo químico pela aplicação do agente alisante e, associado a isso, tem-se
um processo térmico pela aplicação da chapinha, que dará a configuração lisa
aos fios após o uso do ATG. É na fase da aplicação da prancha aquecedora que
ocorre um superaquecimento da fibra capilar, e esse aquecimento, associado
à tração mecânica dos fios, está relacionado à manutenção da configuração
lisa dos fios, resultado permanente, após o uso de agente neutralizador ou
oxidante (FRANÇA, 2013).
Os hidróxidos também são conhecidos como produtos alisantes alcalinos
(HALAL, 2012). Os cabelos enrolados, quando recebem o agente alisante à
base de hidróxido, tornam-se retilíneos, sem a necessidade de uma força para
realizar a tração dos fios, como no alisamento à base de ATG, uma vez que,
na aplicação dos hidróxidos, o agente alisante quebra as ligações do cabelo
responsáveis pelo formato enrolado (FRANÇA, 2013).
Todos os ativos alisantes à base de hidróxidos apresentam uma concentração
extremamente alta de íons de hidrogênio (OH), o que determina que essas
soluções possuem um pH elevado, ou seja, são alcalinas. A força do agente
alisante dependerá do quão elevado é o pH do produto aplicado. Em altas
concentrações de íons de hidrogênio, quando a solução é bastante alcalina,
4 Produtos capilares modificadores

rompe as ligações de dissulfeto dos fios pela retirada de íons de hidrogênio


presentes naturalmente nessas ligações (HALAL, 2012).
Esse processo de retirada dos íons de hidrogênio, que gera a quebra das
ligações de dissulfeto, culmina com a formação de uma nova substância
chamada de lantionina por meio do processo de lationização, que garante o
formato liso dos fios a partir da formação de novas ligações lationinas no fio,
deixando o cabelo retilíneo (HALAL, 2012).
Como esse produto é bastante alcalino, mesmo após a lavagem dos fios,
o pH dos cabelos continua alto; diferentemente do alisamento com uso de
tioglicolato, nos alisamentos à base de hidróxidos, não há necessidade de um
agente oxidante ou redutor. No caso desses alisamentos, é apenas aplicado
um xampu ácido após a retirada dos produtos à base de hidróxidos dos fios,
de modo a equilibrar o pH (HALAL, 2012).
A Figura 2, a seguir, mostra o mecanismo de ação dos agentes alisantes
à base de hidróxidos.

Figura 2. Mecanismo de ação do agente alisante à base de hidróxidos.


Fonte: Halal (2012, p. 224).

Os principais ativos que se encontram no grupo de hidróxidos e que são


utilizados em alisantes capilares são (HALAL, 2012):
Produtos capilares modificadores 5

◼ Hidróxido de sódio: também chamado de lixivia ou soda cáustica,


é empregado em alisamentos capilares muito potentes. O pH desse
hidróxido é normalmente maior que 12, e essa alta alcalinidade traz a
capacidade de ser corrosivo, de modo que seu uso deve ocorrer com
cautela.
◼ Hidróxido de lítio e potássio: não possui lixivia em sua formulação,
mas o mecanismo de ação é semelhante ao dos demais hidróxidos.
◼ Hidróxido de guanidina: faz a associação do hidróxido de cálcio com
carbonato de guanidina e, no geral, é menos irritativo para o couro
cabeludo.

Mecanismo de ação das tinturas capilares


Tinturas capilares são aplicadas aos fios com finalidade alterar a cor dos mesmos
e podem ser classificadas em temporárias, semipermanentes e permanentes
oxidativas de acordo com a durabilidade da cor nos fios, o que está intimamente
ligado ao mecanismo de ação pelo qual cada uma delas age (SANTOS, 2017).
As tinturas temporárias e as tinturas semitemporárias são produtos cos-
méticos com ativos baseados em moléculas que são coloridas, chamadas
de corantes de deposição. Essas moléculas coloridas, quando permanecem
apenas na superfície capilar, na camada de cutículas, são chamadas de tinturas
temporárias ou de tinturas de manutenção. Quando essas moléculas interagem
um pouco mais com a haste capilar e parte delas penetra no córtex capilar, as
tinturas são chamadas de semipermanentes (FRANÇA, 2014).
Os produtos cosméticos chamados de tinturas permanentes oxidativas
possuem como ativo corantes de oxidação, de modo que a formação da cor é
resultado da interação dos ativos precursores com moléculas do córtex capilar,
a partir de um processo chamado de oxidação, que promove uma coloração
dos fios permanente (FRANÇA, 2014).

Mecanismo de ação das tinturas permanentes


oxidativas
São as mais utilizadas comumente, em virtude de seus efeitos mais duradouros,
representando aproximadamente 80% das colorações realizadas. Esse tipo de
coloração proporciona uma eficácia permanente, como o próprio nome diz.
Dessa maneira, após a coloração, o cabelo mantém a cor mesmo após diversas
lavagens (FRANÇA, 2014).
6 Produtos capilares modificadores

Dentre as vantagens do uso de tinturas permanentes, destaca-se que seu uso


permite a coloração dos fios em quaisquer tonalidades e cobertura de até 100%
dos fios brancos e grisalhos, além de ser possível clarear os fios ou escurecê-
-los, de modo que há, dessa forma, inúmeras aplicabilidades (FRANÇA, 2014).
As tinturas permanentes oxidativas conseguem colorir os fios por meio
de um processo chamado de oxidação, que faz uso de um tipo de corante
denominado corante de oxidação. Essas moléculas de corantes não possuem
a capacidade de colorir os fios quando empregadas isoladamente, mas, ao
atingirem o córtex, sofrem um processo químico, chamado de oxidação, e o
resultado desse processo é a formação de moléculas grandes e coloridas, que
permanecem no córtex dando cor ao cabelo (TERRIBILE, 2013).
O efeito desse tipo de coloração ocorre porque, ao se formar no interior do
córtex capilar, essas moléculas, também chamadas de polímeros, não podem
difundir-se por meio da cutícula durante os processos de lavagem do cabelo
porque são muito grandes, garantindo, dessa maneira, que permaneçam dentro
do córtex definitivamente (FRANÇA, 2014).
Além das moléculas de corantes, essas tinturas possuem outros compostos,
como agentes intermediários e acopladores, agentes alcalinos, agentes redutores
e oxidantes, cada um desempenhando funções específicas, de modo a garantir
o processo de oxidação. Os agentes alcalinos são necessários no processo de
coloração permanente para promover o valor de pH adequado para início do
processo de oxidação, que culmina com a formação da cor desejada no fio de
cabelo. Dentre os agentes alcalinos mais utilizados nesses tratamentos, estão
os produtos à base de amônia, que agem alcalinizando o meio e fazendo a
abertura das cutículas para que a moléculas de corante possam adentrar no
córtex capilar. O agente oxidante, normalmente o peróxido de hidrogênio,
realiza a oxidação dos corantes (MILIAUKAS, 2017).
A Figura 3, a seguir, traz esse processo, representado pela imagem da
haste capilar e pela presença dos corantes na parte externa. Com a aplicação
da tintura, ocorre, inicialmente, a abertura das cutículas para a entrada dos
corantes representados por A, também chamados de precursores, que, na
presença dos agentes acopladores (B), criam uma molécula colorida maior
(polímero colorido) por meio do processo de oxidação, o que resulta na colo-
ração do cabelo (GAMA, 2010).
Esse tipo de tintura é considerado permanente, uma vez que, após o po-
límero colorido ser formado no interior do córtex, não é possível a remoção
total dessas moléculas devido a seu tamanho maior (MILIAUKAS, 2017).
Produtos capilares modificadores 7

Figura 3. Mecanismo de ação das tinturas oxidativas permanentes.


Fonte: Gama (2010, p. 25).

Mesmo possuindo efeito permanentes, devido ao crescimento do cabelo,


sua reaplicação se faz necessária mensalmente, apenas na parte próxima à
raiz (MILIAUKAS, 2017).

Mecanismo de ação das tinturas temporárias


Essas tinturas são indicadas para fins específicos, como, por exemplo, para
adicionar reflexos coloridos aos fios de cabelo, remover o efeito esverdeado
ou amarelado dos fios ou cobrir fios brancos, desde que em pequena quan-
tidade, para clientes com até 15% de fios brancos apenas (FRANÇA, 2014).
Os ativos empregados nessa tintura, chamados de corantes de deposi-
ção, possuem moléculas grandes em sua composição, de modo que fiquem
depositados apenas na camada externa dos fios sobre as células da camada
cuticular. Dessa maneira, como não penetram no fio e apenas ficam depo-
sitados na haste capilar, assim que os cabelos são lavados, esse pigmento é
eliminado (FRANÇA, 2014).
A Figura 4 mostra esse mecanismo de ação, no qual a aplicação da tintura
temporária faz com que as moléculas de corante fiquem apenas depositadas
sobre a superfície da haste capilar. Por não adentrarem no córtex capilar,
essas moléculas de corante são eliminadas assim que o cabelo é lavado
(GAMA, 2010).
8 Produtos capilares modificadores

Figura 4. Mecanismo de ação das tinturas temporárias.


Fonte: Gama (2010, p. 19).

Quanto à apresentação, esses produtos capilares com finalidade de coloração


temporária podem ser encontrados na forma de xampu, gel, solução líquida
ou emulsão. Alguns deles podem ser aplicados continuamente, enquanto
outros são formulados apenas para aplicação única nos fios, de acordo com
sua composição química (FRANÇA, 2014).

◼ Aplicação contínua de tintura temporária: a concentração de co-


rante nesses produtos varia de 0,01% a 0,1%, de modo a promover uma
deposição do corante de forma gradual nos fios. São indicados para
clientes que queiram amenizar o surgimento dos primeiros fios de ca-
belos brancos ou para intensificar a cor natural dos fios de cabelo. São
formulados para uso diário ou toda vez que os cabelos forem lavados;
normalmente, estão na forma de xampus e são aplicados por um período
médio de 5 minutos. Para cessar a coloração dos fios, o cliente deve
parar o uso e, em 1 ou 2 lavagens, os efeitos da tintura já desaparecem
dos fios (FRANÇA, 2014).
◼ Aplicação única de tintura temporária: a concentração de corante de
deposição nesses produtos é maior, de 0,1% a 2%, de modo a propor-
cionar uma coloração mais acentuada nos fios. A aplicação é um pouco
Produtos capilares modificadores 9

mais demorada, em média 30 minutos. A indicação é para clientes que


realizaram descoloração dos fios por mechas e queiram cores diferentes
nessas mechas. Esse tipo de produto costuma durar de 3 a 6 lavagens
(FRANÇA, 2014).

Mecanismo de ação das tinturas semipermanentes


Os produtos capilares para coloração semipermanente fazem uso de ativos
chamados de corantes de deposição, com moléculas de tamanhos pequenos e
médios, o que os difere dos ativos dos produtos de coloração temporários, que
utilizam moléculas de tamanhos grandes. Essas moléculas de corantes menores
podem penetrar um pouco mais na haste capilar, atingindo o córtex capilar,
onde ficam depositadas, dando a cor desejada aos cabelos. Essas moléculas,
como não passam por nenhum processo químico que as fixe no córtex, vão
sendo eliminados gradativamente pelas lavagens. Sua duração nos fios é de
aproximadamente 3 a 6 lavagens (FRANÇA, 2014).
Atualmente, o mercado de cosméticos capilares dispõe de novos produtos
destinados à coloração semipermanente dos fios, mas que tenham uma ação
mais duradoura; são os cosméticos capilares de coloração semipermanente,
chamados de demipermanentes.

Tinturas demipermanentes fazem a associação de ativos corantes de deposição


associados a ativos corantes de oxidação e utilizam peróxido de hidrogênio. Essa
associação de ativos propicia uma maior abertura das cutículas, maior entrada de
moléculas de corante de deposição e, ainda, a formação de cor pelo mecanismo de
oxidação promovido pelos ativos de oxidação (FRANÇA, 2014).

A Figura 5 mostra o mecanismo de ação das tinturas semipermanentes.


Na imagem, é possível visualizar a molécula de corante de deposição que
penetra no córtex capilar por meio das aberturas das cutículas; esse corante
fica depositado na região do córtex capilar, colorindo o cabelo.
10 Produtos capilares modificadores

Figura 5. Mecanismo de ação das tinturas semipermanentes.


Fonte: Gama (2010, p. 22).

Esse processo de tintura semipermanente não envolve qualquer reação


de oxidação; a formulação da tintura semipermanente é misturada a uma
solução alcalina compatível para alcançar um pH entre 6 e 8,5, o que permite
a abertura das cutículas para que as moléculas de corante adentrem no córtex
(GAMA, 2010).

Danos à haste capilar e à saúde humana: ativos


capilares alisantes e tinturas
Sobre os danos causados ao fio de cabelo, tratamentos que envolvem o uso de
agentes modificadores capilares, seja para alterar a cor ou a forma dos fios,
mesmo que aplicados corretamente, levam a alterações na haste capilar que
se caracterizam, principalmente, pelo aumento da fragilidade capilar, com
Produtos capilares modificadores 11

sinais como: enfraquecimento da haste capilar, redução do brilho, redução


da maciez, alterações na textura e, até mesmo, alterações mais intensas da
fibra capilar e do couro cabeludo (SANTOS, 2017).
Para minimizar esses danos à haste capilar, algumas estratégias de preven-
ção vêm sendo utilizadas, visando reduzir os danos térmicos e físico-químicos
aos cabelos durante tratamentos de modificação capilar. Entretanto, até o
momento, não há nenhuma estratégia que seja capaz, definitivamente, de
impedir os danos à haste capilar. Apesar disso, a realização de avaliação
prévia dos fios, o embasamento técnico e científico sobre o cabelo e de
cosmetologia são essenciais para minimizar os danos capilares, garantindo
ao cliente tratamentos mais seguros (SANTOS, 2017).
Apesar de não ser o desejável, os produtos cosméticos podem ocasionar
alguns efeitos adversos à saúde humana. O risco de que esses produtos causem
danos dependerá de vários fatores, como: condições de uso (modo de aplicação,
finalidade, tempo de contato com o fio e o couro cabeludo), composição da
formulação (concentrações dos ativos, restrições do uso de alguns ativos de
acordo com a legislação atual), além de demais fatores, como o cuidado no
armazenamento (GAMA, 2010).
A principal via de exposição às substâncias químicas presentes em cos-
méticos capilares é a pele, a mucosa e seus anexos pelo contato direto com os
ativos ou por meio das vias inalatória e oral. Na via cutânea, as moléculas dos
ativos se movem pela camada mais externa da epiderme por difusão passiva,
penetrando nas camadas mais internas. Os danos ainda pode ocorrer a partir
da via inalatória, pela inalação de pós, gases, vapores de líquidos voláteis e
aerossóis (LACRIMANETE; RIBEIRO NETO, 2014).
As reações adversas ao uso desses ativos cosméticos, incluindo tinturas e
alisantes, dividem-se em agudas ou crônicas, que podem ser reações alérgicas
ou sensibilizantes, dermatites ou reações sistêmicas por inalação ou contato
oral, por absorção percutânea ou ação carcinogênica. A exposição aguda e
subaguda a cosméticos pode causar irritação e sensibilização, além de coceira,
queimadura, descamação e vermelhidão do couro cabeludo e do rosto, queda
do cabelo, irritação ocular, falta de ar, cefaleia, ardência e coceira no nariz
(LACRIMANETE; RIBEIRO NETO, 2014).
A irritação cutânea é uma intolerância local que pode corresponder a
reações de desconforto, variando de intensidade, com coceira, e, em casos
mais graves, causar a destruição do tecido. A sensibilização corresponde a
12 Produtos capilares modificadores

uma alergia, que é uma reação de efeito imediato pelo contato direto com o
produto e que pode aparecer em outra área diferente da área de aplicação,
podendo manifestar-se por eritema, edema e secreção com formação de
crostas (CHORILLI et al., 2006).
Nas reações adversas crônicas, há a preocupação com a exposição crônica
a substâncias presentes em cosméticos que apresentam determinado grau de
toxicidade (CHORILLI et al., 2006). No que se refere às tinturas capilares, a
carcinogenicidade das tinturas capilares é discutida atualmente, principalmente,
porque esses produtos contêm benzidina, 4-aminobifenil e 2-naftilamina,
substâncias classificadas como agentes carcinogênicos humanos. Os estudos
relacionam o uso de tinturas com o aumento no risco de câncer de bexiga,
câncer de mama, linfoma, mas concluiu-se que é improvável que o uso desses
produtos contribua significativamente para o aumento no risco dessas doenças
(ARALDI; GUTERRES, 2005).
Atualmente, a maior parte dos estudos epidemiológicos que buscam re-
lação entre o desenvolvimento de câncer e o uso de tinturas capilares parece
sugerir que não há associação entre a utilização desses produtos e o aumento
no risco de câncer. Os achados até o momento são inconclusivos e não há
base para dizer se esses produtos oferecem riscos definitivos de causar câncer
(ARALDI; GUTERRES, 2005)
Sobre a exposição crônica aos agentes alisantes, os efeitos adversos estão
relacionados, principalmente, à exposição a substâncias não regulamentadas
pela Anvisa para uso, como ativos alisantes, como o formol e o glutaraldeídeo,
que podem desencadear, além das alterações agudas, alterações adversas
crônicas, como doenças respiratórias e câncer. A atividade carcinogênica
dessas substâncias é comprovada e está diretamente relacionada à exposição,
à duração e à concentração do ativo e é maior em ambiente ocupacional em
virtude do uso diário (PINA, 2010). Entretanto, mesmo sendo proibido o uso
dessas substâncias como ativos alisantes, muitos profissionais ainda utilizam
esses produtos de maneira irregular, aumentando os riscos de danos a longo
prazo (MARQUES et al., 2010).
Considerando esses efeitos adversos da exposição aguda ou crônica,
alguns cuidados que previnem ou minimizam danos podem ser citados, como
manusear com cautela esses produtos e seguir as orientações do fabricante,
usar mascaras, óculos e luvas para evitar contato com ativos, lavar as mãos
frequentemente e evitar contato com os olhos, utilizar produtos regulamen-
tados com registro na Anvisa e reduzir a exposição a agentes químicos para
níveis seguros (HALAL, 2012).
Produtos capilares modificadores 13

1. Produtos capilares modificadores a) Tinturas permanentes oxidativas


incluem uma gama de ativos podem ser utilizadas por meio
aplicados aos cosméticos com de aplicação única ou contínua,
finalidades e mecanismos de dependendo dos objetivos.
ação específicos. Sobre esses b) As tinturas semipermanentes
produtos cosméticos, assinale agem a partir de corantes de
a alternativa correta. oxidação e, por isso, possuem
a) Os ativos presentes em produtos efeitos bastante duradouros.
capilares modificadores são c) Nas tinturas temporárias, o
frequentemente encontrados corante ou pigmento fica
em ativos capilares primários, depositado sobre a camada
como em xampus e hidratantes. cuticular dos fios, colorindo-os,
b) Produtos capilares modificadores mas é facilmente removido
buscam alterar as caraterísticas pela lavagem dos fios.
dos fios de cabelo, como nível d) As tinturas permanentes
de hidratação, por exemplo. oxidativas fazem uso de
c) O uso de produtos modificadores corantes de deposição, que
causa aumento da fragilidade permanecem no interior da fibra
capilar, independentemente capilar, gerando a coloração.
do produto utilizado, sendo e) Tinturas temporárias são
uma alteração comum as que garantem a melhor
e que pode apresentar cobertura de fios brancos e,
diferentes intensidades. por isso, são indicadas para
d) A fragilidade capilar que inclui clientes com quantidade
a dilação das cutículas da haste importante de fios brancos.
capilar é causada pela aplicação 3. O processo de alisamento capilar
de produtos com pH neutro faz uso de produtos destinados
ou ácido principalmente. a alterar o formato dos fios de
e) Todos os produtos capilares ondulados, enrolados ou cacheados
modificadores devem ser de uso para lisos. Sobre os produtos
exclusivo profissional, não sendo empregados nos alisamentos,
orientado o uso domiciliar. assinale a alternativa correta.
2. As tinturas podem ser classificadas a) Os ativos alisantes atuam
em permanentes oxidativas, através da quebra das
semipermanentes e temporárias de ligações salinas existentes
acordo com o mecanismo de ação, nas proteínas do cabelo.
o que está diretamente relacionado b) O tioglicolato age por
ao seu tempo de durabilidade. meio de um processo
Sobre essas tinturas empregadas chamado de lationização.
na modificação da cor dos fios, c) A ruptura das ligações de
assinale a alternativa correta. dissulfeto ocorre com a
14 Produtos capilares modificadores

aplicação de hidróxidos, e) Hidróxidos e tioglicolato de


enquanto o tioglicolato amônio são ativos que atuam na
de amônio gera a ruptura modificação do formato dos fios.
das ligações salinas para 5. São necessários alguns cuidados
promover o efeito liso. na utilização de produtos
d) Tanto o tioglicolato quanto modificadores, uma vez que, em
os hidróxidos atuam certas condições, eles podem
quebrando as ligações de causar danos capilares ou à saúde
dissulfeto incialmente. humana. Sobre os efeitos adversos,
e) Os hidróxidos, agentes alisantes, assinale a alternativa correta.
possuem um pH bastante ácido, a) Os alisantes à base de
o que garante o efeito alisante. glutaraldeídos não possuem
4. Os produtos cosméticos capilares quaisquer comprovações de
modificadores atuam de diferentes efeitos danosos à saúde a
maneiras, garantindo os objetivos longo prazo, ao contrário do
desejados seja na modificação da formol como agente alisante.
cor dos cabelos ou na sua forma. b) Os efeitos adversos podem ser
Sobre os produtos modificadores, agudos ou crônicos, sendo que
assinale a alternativa correta. os agudos estão relacionados
a) Os ativos à base de tioglicolato a irritações e sensibilizações,
de amônio atuam na cor enquanto os crônicos estão
do fio de cabelo, gerando a relacionados a danos cumulativos
transformação desejada, uma e à toxicidade dos produtos.
vez que estão inseridos em c) A exposição aos ativos
alguns tipos de coloração. modificadores pode causar
b) A lationização é o processo danos, como sensibilização,
pelo qual ocorre a coloração apenas no local de contato
permanente do fio de cabelo. com o produto.
c) Os hidróxidos são d) O uso de tinturas permanentes
ativos modificadores e semipermanentes está
que se encontram em relacionado ao desenvolvimento
tinturas chamadas de de alguns tipos de câncer
permanentes oxidativas. quando a exposição é exagerada.
d) A reação de óxido-redução e) Dentre as reações agudas mais
ocorre pelo uso de ativos comuns diante da exposição
modificadores com função de a agentes alisantes à base
alterar a cor natural do fio de de formol, estão os efeitos
cabelo em tinturas permanentes. carcinogênicos que ele promove.
Produtos capilares modificadores 15

ARALDI , J.; GUTERRES, S. S. Tinturas capilares: existe risco de câncer relacionado à


utilização desses produtos? Infarma, v.17, n. 7/9, 2005. Disponível em: <http://www.cff.
org.br/sistemas/geral/revista/pdf/19/inf009.pdf>. Acesso em: 7 dez. 2018.
CHORILLI, M. et al. Toxicologia dos Cosméticos. Latin American Journal of Pharmacy, v.
26, n. 1, p. 144-154, 2007. Disponível em: <http://www.latamjpharm.org/trabajos/26/1/
LAJOP_26_1_6_1_660BXNIQT7.pdf>. Acesso em: 7 dez. 2018.
FRANÇA, S. A. Caracterização dos cabelos submetidos ao alisamento/relaxamento e posterior
tingimento. 2014. 147 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Universi-
dade de São Paulo, São Paulo, 2014. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/
disponiveis/9/9139/tde-18032014-130726/en.php>. Acesso em: 7 dez. 2018.
FRANGIE, C. et al. Milady Cosmetologia: cuidados com os cabelos. São Paulo: Cengage
Learning, 2017.
GAMA, R. M. Avaliação do dano a haste capilar ocasionado por tintura oxidativa aditivada
ou não de substâncias condicionadoras. 2010. 160 p. Dissertação (Mestrado em Farmácia)
– Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.
Disponível em: <https://www.scribd.com/document/277019483/Mestrado-Robson-
-Miranda-DaGama>. Acesso em: 7 dez. 2018.
HALAL, J. Tricologia e a Química Cosmética Capilar. São Paulo: Cengage Learning, 2012.
LACRIMANTE, C. A.; RIBEIRO NETO, L. M. Aspectos toxicológicos em cosmetologia. In:
SIMPOSIO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS, 3., 2014, São Paulo. Artigos... São Paulo: Centro
Universitário São Camilo, 2014. Disponível em: <http://www.saocamilo-sp.br/novo/
eventos-noticias/simposio/14/SCF006_14.pdf>. Acesso em: 7 dez. 2018.
MARQUES, A. L. et al. Alisantes capilares: avaliando a toxicidade de compostos químicos
utilizados nestes produtos na cidade de Itumbiara-GO. In: ENCONTRO NACIONAL DE
ENSINO DE QUÍMICA, 15., 2010, Brasília, DF. Resumos... São Paulo: SBQ, 2010. Disponível
em: <http://www.sbq.org.br/eneq/xv/resumos/R0681-1.pdf>. Acesso em: 7 dez. 2018.
MILIAUSKAS, R. Princípios básicos da coloração e suas aplicações. In: SEMANA TECNO-
LÓGICA, 3., 2017, Diadema. Trabalhos apresentados... Diadema: Fatec, 2017. Disponível
em: <http://www.fatecdiadema.com.br/wp-content/uploads/2017/11/unnamed-file-3.
pdf>. Acesso em: 7 dez. 2018.
16 Produtos capilares modificadores

SANTOS, A. C. Fibra Capilar, Agentes de Coloração e Descoloração: química, mecanimos de


ação e danos oxidativos. Trabalho de Conclusão de Curso (Pós Graduação em Tricolo-
gia) - Faculdade Faserra, Manaus, 2017. Disponível em: <http://portalbiocursos.com.br/
ohs/data/docs/235/1-Fibra_Capilar_Agentes_de_ColoraYYo_e_DescoloraYYo QuY-
mica_Mecanimos_de_AYYo_e_Danos_Oxidativos.pdf>. Acesso em: 7 dez. 2018.
TERRIBILE, C. Colorimetria applicata. Città di Castello: Nouva Prhormos, 2013.

Leituras recomendadas
COLENCI, A. V. P. et al. Degradação do cabelo humano causado pelo uso de ácido glioxílico
e em associação com outros processos químicos. 2017. Disponível em: <https://www.
katleia.com.br/wp-content/uploads/2017/09/7.pdf>. Acesso em: 07 dez. 2018.
DIAS, T. C. S. Avaliação in vitro dos efeitos dos diferentes processos de alisamento químico
térmico na fibra capilar. 2015. 229 f. Tese (Doutorado em Ciências Farmacêuticas) -
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015. Dsponível em: <http://www.teses.usp.
br/teses/disponiveis/9/9139/tde-07122016-111738/en.php>. Acesso em: 7 dez. 2018.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da lnstituic;ao, voce encontra a obra na fntegra.
Conteudo:
[ITfil
7sBBJ
SOLU<;OES
EDUCACIONAIS
INTEGRADAS
Dica do professor
Um dos produtos cosméticos capilares aplicados para modificar os fios é o ativo alisante, que
é utilizado com a finalidade de garantir uma transformação dos fios, o que resulta em um cabelo
liso.

Entender como os produtos alisantes agem nos fios e quais os principais ativos utilizados para essa
finalidade é importante para que o profissional possa garantir tratamentos capilares seguros e
efetivos.

Veja tudo isso nesta Dica do Professor.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Na prática
Conhecer os principais produtos modificadores capilares é um dos conhcecimentos básicos de todo
profissional da área de estética capilar. Além de conhecer como agem esses produtos, é importante
que o profisisonal tenha conhecimento da legislação que regulamenta o uso deles.

No Brasil, a agência que faz essa regulamentação é a Anvisa. No site da agência, é possível
consultar informações acerca de todos os produtos cosméticos regulamentados ou não, assim
como as orientações para o seu uso.

No item Na Prática, é mostrado um breve relato de um cliente que ficou em dúvida sobre o uso de
tinturas após fazer a leitura do rótulo de uma delas, procurando um profisisonal da área capilar para
saná-la.
CUIDADO!

Contem substancias passiveis de causar irritac;:ao na pele de determinadas pessoas.


Antes de usar, fac;:a o teste de toque.

Diante da preocupac;:ao em fazer uso desse produto, Ana Clara procurou um


profissional de estetica capilar para esclarecer suas duvidas, principalmente acerca
do teste de toque e se poderia apticar a tintura temporaria em casa.

Por que havia a informac;ao de cuidado na caixa


da tintura temporaria?
I
A Anvisa, agencia que regulamenta a produc;ao e a

7 F
1
comercializac;ao de produtos cosmeticos obriga que todas
ANVISA
as empresas coloquem essas informac;oes no r6tulo dos
produtos, pois as tinturas podem causar intoxicac;oes
agudas ou cronicas, se nao forem bem utilizadas.

Se nenhum sinal ou sintoma surgir, a tintura podera ser apticada normalmente,


sem intercorrencias.

Na presenc;:a de quatquer sinal de irritac;:ao, o teste de toque e positivo e nao


devera ser feito o uso da tintura.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Estudo da caracterização inflamatória e genotóxica em indivíduos


expostos a alisantes capilares contendo formaldeído
Os efeitos tóxicos dos uso do formol já são amplamente conhecidos na literatura, o que motivou a
proibição do uso deste produto como ativo alisante. Entretanto, na prática diária, ainda muitos
profissionais fazem uso deste produto. O texto a seguir traz informações importantes acerca dos
efeitos nocivos deste produto, utilizado anteriormente como produto alisante e proibido
atualmente.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Coloração capilar: os efeitos das tinturas na saúde e na fibra


capilar
O uso de tinturas capilares para alterar a cor natural dos fios é amplamente utilizada. Existe, na
literatura, inúmeros estudos que buscam relacionar o uso destes produtos com o desenvolvimento
de alguns tipos de câncer, entretanto, até o momento, essas pesquisas são inconclusivas. No artigo
a seguir é possível aprofundar esse assunto.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Orientações sobre os alisantes químicos utilizados em


alisamentos capilares de acordo com a ANVISA
Acompanhe o texto disponibilizado no site da ANVISA com diversas orientações sobre os alisantes.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Recursos eletrotermofototerápicos
aplicados a estética capilar

Apresentação
O uso da eletroterapia para disfunções estéticas, em tratamentos de patologias corporais e faciais,
ocorre há muito tempo. Com o aumento da demanda por terapias capilares, os profissionais de
estética têm incorporado a eletroterapia nos tratamentos realizados para as disfunções das hastes e
do couro cabeludo. As pesquisas desenvolvidas na área de estética capilar ainda são limitadas,
fazendo com que o setor careça de mais estudos sobre as patologias que podem ser prevenidas e
tratadas com as terapias capilares combinadas à eletroterapia.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá conceitos gerais de como é aplicada a eletrofísica nos
tratamentos de estética capilar, entendendo a aplicabilidade das correntes galvânica e
microcorrente (recursos disponíveis na eletroestética) e como funcionam os LEDs e lasers em
melhora de quadros patológicos no cotidiano do paciente.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Listar os recursos eletrotermofototerápicos aplicados à estética capilar.


• Descrever abordagens que utilizam corrente galvânica e microcorrente na estética capilar.
• Identificar a ação dos LEDs e lasers aplicados em estética capilar.
Infográfico
As alopecias são recorrentes em consultórios dermatológicos, principalmente porque, quando
manifestadas, os pacientes não somente sofrem os efeitos fisiológicos da patologia, como também
o impacto causado na autoestima, em seu cotidiano. O quadro patológico ocorre em consequência
de alterações no folículo piloso. Se essas modificações forem transitórias e não destrutivas da
matriz capilar, ocorre um novo crescimento; se as alterações provocarem destruição da matriz
capilar, resultarão na formação de escaras (feridas), ou atrofia, produzindo alopecia permanente.

Veja este Infográfico sobre alguns possíveis tratamentos para as disfunções da alopecia e como eles
agem no processo de recuperação dos fios.
TRATAMENTOS PARA ALOPECIA
Veja como sao alguns tratamentos para a alopecia, que ea
reduc;ao parcial ou total de pelos/cabelos.

MICROCORRENTES
Os efeitos fisiol6gicos estao baseados no
estfmulo da microcirculac;ao cutanea, com
consequente melhora na nutric;ao e na
oxigenac;ao do tecido, o que gera um efeito
revitalizante nos tecidos.

CORRENTE GALVANICA
Aumento da permeabilidade dos ativos e
aumento da vasodilatac;ao e do estfmulo
no follculo piloso, via anexos cutaneos.

CARBOXITERAPIA
Aumento da oxigenac;ao e da nutric;ao
do couro cabeludo, promovendo a
reatividade do bulbo.

LASER DE BAIXA POTENCIA


VERMELHO E INFRA
Aumento do ATP. Efeitos: ac;ao anti-inflamat6ria,
liberac;ao de fatores de crescimento por macr6-
fagos, proliferac;ao de queratin6citos, aumento
de populac;ao e desgranulac;ao de mast6citos
e angiogenese, desenvolvendo novos vasos
sangufneos num tecido vivo, fazendo com que o
folfculo piloso passe por novos estfmulos celulares.
Conteúdo do livro
A eletroterapia é muito utilizada por profissionais da área da saúde, desde os meados de 1900.
Essa tecnologia é responsável por potencializar os tratamentos faciais, corporais e capilares. O
objetivo desse tipo de tratamento é a melhora na aplicabilidade nas disfunções de couro cabeludo,
tratando de forma ampla e segura as inúmeras patologias que envolvem os pelos/cabelos.

No capítulo Recursos eletrotermofototerápicos aplicados à estética capilar, da obra Recursos


estéticos e cosméticos capilares, você vai estudar sobre a eletroterapia aplicada à estética capilar,
entendendo como agem os principais métodos utilizados nos tratamentos de disfunções do couro
cabeludo, além de entender a efetividade dessas técnicas por meio de uma ótica física.

Boa leitura.
RECURSOS
ESTÉTICOS
E COSMÉTICOS
CAPILAR

Andressa Martins Padilha


UNIDADE 4
Recursos
eletrotermofototerápicos
aplicados à estética capilar
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

■ Listar os recursos eletrotermofototerápicos aplicados à estética capilar.


■ Descrever as abordagens que utilizam corrente galvânica e microcor-
rente na estética capilar.
■ Identificar a ação de LEDs e lasers em estética capilar.

Introdução
A eletroterapia é amplamente utilizada entre os profissionais da área da
saúde que utilizam os benefícios de técnicas estudadas e difundidas
desde os meados de 1900. A estética cada vez mais tem utilizado essas
tecnologias para potencializar os tratamentos faciais, corporais e capilares.
Mesmo havendo poucos estudos científicos voltados especificamente
para a área, são perceptíveis as melhoras na aplicabilidade nas disfunções
de couro cabeludo, tratando de forma ampla e segura as inúmeras pato-
logias que acometem grande parte da população mundial atualmente.
Neste capítulo, você estudará sobre a aplicabilidade das correntes
elétricas e seus efeitos benéficos para os procedimentos estéticos, a ação
e os efeitos dos LEDs e laser de baixa potência, bem como conhecerá
algumas técnicas empregadas no ramo da estética capilar, tão pouco
difundido e estudado até o momento.
2 Recursos eletrotermofototerápicos aplicados à estética capilar

Eletrotermofototerapia em estética capilar


Os campos de atuação de profissionais da saúde que utilizam equipamentos
elétricos para obtenção de resultados mais efetivos em tratamentos dermatológi-
cos são inúmeros. Os recursos utilizados são divididos em três grupos, que são
amplamente pesquisados pela indústria por serem, muitas vezes, fundamentais
para a melhora do quadro patológico do paciente. São eles: eletroterapia, que se
baseia na aplicação de correntes elétricas nos tecidos (corrente russa, galvânica,
microcorrente, etc.); fototerapia, que é a utilização de radiação eletromagnética
visível ou não (laser infravermelho e vermelho, LED); e termoterapia, que faz
uso de equipamentos que geram calor (radiofrequência, ondas curtas, etc.).
O campo da terapia capilar nunca foi tão difundido como atualmente. Isso
está associado às inúmeras disfunções que têm surgido nos consultórios der-
matológicos, por causa de inúmeros fatores, como: estresse, poluição, agentes
químicos, procedimentos que não deram certo, entre outros. A crescente pro-
cura tem levado à inovação das abordagens e os métodos de aplicação, e o que
pertencia somente à área corporal e facial foi modulado para a estética capilar.
Além do uso de correntes elétricas que estimulam o metabolismo e facilitam
a permeabilidade de ativos, além de lasers de baixa potência e LEDs, existem
outras tecnologias, como vapor de ozônio, alta frequência e carboxiterapia, que são
amplamente utilizadas em patologias de alopecias, psoríases, eflúvios e dermatites.
O vapor de ozônio, mostrado na Figura 1, é um equipamento que utiliza uma
combinação de vapor de água com liberação de O3 e tem alto poder de ação
bactericida e fungicida, indicado para quadros de seborreia aguda e infestações
microbianas no couro cabeludo, que causam mau cheiro e queda capilar. Além
desses efeitos, a oxigenação celular e o teor de hidratação aumentam, bem
como o efeito emoliente provocado pelo vapor torna o couro cabeludo mais
receptível à indução de cosmecêuticos ou à combinação de terapias. Deve-se
ter o cuidado de manter o equipamento em uma distância de 30 cm do local
tratado e seguir a indicação de 10 minutos de exposição.
Outro equipamento empregado na eletroterapia, que utiliza do ozônio, é a
alta frequência. O aparelho, como o da Figura 2, que trabalha com correntes
alternadas de 100.000 e 200.000 Hz com uma tensão que oscila de 25.000 a
40.000 V, quando usado na superfície da pele, provoca a formação de ozônio.
Ele tem inúmeras aplicabilidades, principalmente pela sua ação antibacteriana.
No couro cabeludo, é usado o eletrodo pente, cujas ações sobre a pele são:
bactericida (elimina bactérias anaeróbicas), fungicida, bacteriostático (diminui
a presença de bactérias aeróbicas e melhora a oxigenação tissular), hemostático
(auxilia na cicatrização da pele) e vasodilatador (aumenta o metabolismo local).
Recursos eletrotermofototerápicos aplicados à estética capilar 3

Figura 1. Equipamento de vapor de ozônio.


Fonte: Maxibella (2018a, documento on-line).

Figura 2. Equipamento e eletrodos de alta frequência.


Fonte: Maxibella (2018b, documento on-line).
4 Recursos eletrotermofototerápicos aplicados à estética capilar

A alta frequência tem três formas distintas de aplicação: efluviação ou


aplicação direta do eletrodo sobre a pele, realizando deslizamento; faiscamento
ou aplicação a distância, com eletrodo a milímetros da pele; e saturação ou
aplicação indireta, com eletrodo em forma de barra metálica, segurado pelo
paciente durante o tratamento. A técnica é segura e muito eficaz no tratamento
de processos inflamatórios.
Outra técnica que tem apresentado melhoras em quadros de alopecias é a
carboxiterapia, que utiliza gás carbônico medicinal com 99,9% de pureza. Ele é
administrado de forma percutânea, com o intuito de promover a vasodilatação
local e melhora da oxigenação tecidual. Inicialmente, a carboxiterapia era
utilizada em tratamentos de flacidez e fibroedema geloide (celulite), mas o
emprego da técnica foi tamanho que se observaram melhoras em tratamentos de
alopecia, psoríase, queimadura, edema e pós-operatório de cirurgia plástica. A
técnica consiste na introdução do gás carbônico através de uma agulha ligada
a um cilindro, que exerce pressão para liberação do gás. A quantidade de gás
recomendada, que torna a técnica menos desconfortável para o paciente, é
em torno de até 80 mL/minuto, e o máximo em cada sessão de aplicação é
em torno de 2.000 mL, visto que essas recomendações podem ser menores
para disfunções do couro cabeludo.
Mais estudos científicos voltados para a área de estética capilar são neces-
sários para desmistificar os protocolos e métodos nas disfunções capilares,
pois, cada vez mais, é crescente a procura por tratamentos que, além de serem
dirigidos a patologias e disfunções do couro cabeludo, tragam benefícios para
a autoestima e o aspecto geral dos fios.

Os procedimentos que utilizam a fototerapia devem ser manuseados com cuidados


especiais. Para que não ocorram danos e lesões oculares pela exposição à radiação,
paciente e profissional devem sempre utilizar óculos de proteção.
Recursos eletrotermofototerápicos aplicados à estética capilar 5

Eletroterapia: corrente galvânica


e microcorrente
O uso de correntes como meio de tratamento efetivo para inúmeras patologias
tem sido estudado e tem sua aplicabilidade mais desenvolvida desde 1900,
quando surgiram os primeiros equipamentos de alta frequência e correntes
polarizadas. A eletroterapia avançou e trouxe consigo tecnologias inovadoras
e que reagem de forma mais direta com a especificidade das células. Porém,
os meios eletrofísicos se baseiam na mesma teoria: formas de ondas eletro-
magnéticas e reações de impulso causadas nos tecidos.
Para a estética capilar, o objetivo do uso das correntes é a permeação
de ativos, bem como a ação em patologias associadas ao couro cabeludo,
que acarretam inflamações, pruridos, alopecias, eflúvios, etc. No mercado,
encontra-se uma gama muito grande de equipamentos que utilizam os formatos
de onda (modo de saída da corrente) para modulação de seus parâmetros, como
é o caso de microcorrente.
As diferentes ondas podem ser encontradas em um mesmo aparelho. Mesmo
sem comprovação científica, alguns utilizam diferentes tipos de onda em um
mesmo tratamento. Os controles de intensidade permitem amplitudes de 10
a 990 microamperes e frequências de 5 a 900 Hz, caracterizando uma cor-
rente que não ativa as fibras nervosas, não gera percepção sensorial na pele e
apresenta baixa intensidade de atuação — muito comparada com a corrente
fisiológica do organismo humano.
Os efeitos benéficos da microcorrente são inúmeros e apresentam poucas
contraindicações. Na estética, a microcorrente é utilizada para regeneração
tecidual e normalização da pele e seus anexos cutâneos. Com a utilização
amplamente conhecida na fisioterapia, a área da estética reconheceu seus
benefícios para a estética facial e corporal, sendo adotada também nos pro-
cedimentos capilares e apresentando resultados efetivos nas disfunções do
couro cabeludo.
Nosso corpo apresenta uma carga elétrica natural. Quando nos lesionamos
ou causamos um trauma em qualquer estrutura da pele e seus anexos, essa
bioeletricidade é alterada, fazendo com que os sinais elétricos não aconteçam
em um fluxo normal e o processo de cicatrização e recuperação seja diferente. A
microcorrente (MENS — microcurrent electrical neuromuscular stimulation)
tende a restabelecer essas trocas elétricas na membrana, fazendo com que o
processo de recuperação do trauma seja mais rápido e com menor risco ao
paciente e recompondo a bioeletricidade tecidual.
6 Recursos eletrotermofototerápicos aplicados à estética capilar

A síntese de adenosina trifosfato (ATP) produz energia para facilitar o


processo de trocas metabólicas de todas as células. Quando se tem uma lesão
em algum dos tecidos, há a diminuição de ATP. O procedimento que inclui
a microcorrente estimula os elétrons da membrana celular a reagirem com a
água para aumentar a síntese de ATP e reestabelecer o processo cicatricial e
de regeneração do tecido.
O aumento de ATP disponível faz com que a síntese de proteínas seja
superior a 30 e 40% no organismo e o transporte de íons esteja aumentado pela
presença de dois elementos para reestabelecer um tecido saudável: energia e
proteínas. O transporte ativo de aminoácidos pela membrana celular também é
facilitado com o aumento da ATP. Observou-se que, quando uma intensidade
da corrente de 100 a 500 microamperes é usada, esse processo é mais intenso.
A MENS também facilita a reabsorção do sistema linfático de proteínas
que estão presentes em grande quantidade nos tecidos com trauma. Nota-se
um aumento significativo da pressão osmótica nos vasos linfáticos, facilitando
o processo de reabsorção de fluido no espaço intersticial. Os protocolos suge-
ridos podem ser tanto com corrente interrompida (com pulsos) como contínua
(sem pulsos) — sendo a primeira utilizada amplamente, principalmente em
reparo tecidual.
A seguir, relacionamos os efeitos terapêuticos que a microcorrente oferece
aos tecidos e à estética capilar.

■ Analgesia: o reparo tecidual com aplicações sequenciais diminui a


dor no local, com efeito cumulativo e gradativo. Pode ser utilizada
principalmente em dermatites ou patologias que causam sensibilidade
e dor no couro cabeludo.
■ Aceleração do processo de reparação tecidual: muito utilizada em
processos inflamatórios, acompanhados de pruridos e sensibilidade.
■ Anti-inflamatório: quando o processo do reparo é acelerado, as trocas
metabólicas facilitam a oxigenação e eficiência do sistema linfático,
fazendo com que a inflamação melhore e retraia.
■ Bactericida: na polaridade negativa, tem efeitos comprovados de re-
tardo no crescimento de bactérias e, com os mecanismos de ação de
defesa aumentados, há a diminuição de microorganismos infecciosos
no local tratado.

Mesmo sendo uma técnica com corrente muito parecida à do nosso or-
ganismo, ainda assim apresenta algumas contraindicações, como neoplasia,
Recursos eletrotermofototerápicos aplicados à estética capilar 7

gravidez, processo infeccioso grave, insuficiência cardíaca e renal, portador


de marca-passo e epilepsia.
A corrente galvânica, diferente da microcorrente, tem um sensorial na pele e
é muito utilizada em estética capilar para promover a permeabilidade de ativos
e, por vezes, a saponificação do sebo do couro cabeludo, que chamamos de
iontoforese e desincruste respectivamente. Ela se caracteriza por movimentar
cargas de mesmo sinal em um mesmo sentido com uma intensidade fixa e
constante. Esse tipo de corrente trabalha em baixa voltagem, 60 a 80 V, e
baixa amperagem, de até 200 microamperes.
A polaridade do equipamento deve ser escolhida de acordo com o objetivo
do tratamento. No caso da iontoforese, deve-se analisar a polaridade do produto
a ser induzido na pele e utilizar o mesmo tipo de carga no equipamento para
induzir o cosmético à pele. A sensação no tecido a ser tratado é de um leve
formigamento em função do sensorial da passagem das cargas, sendo que cada
polo (negativo e positivo) terá efeitos distintos no tecido, conforme o Quadro 1.

Quadro 1. Efeitos de cargas nos polos positivo e negativo

Polo positivo Polo negativo

Reação ácida Reação alcalina


Vasoconstrição Vasodilatação
Analgesia — anti-inflamatório Estimulação
Aneletrotônus Cateletrotônus
Efeito de sedação Efeito de estímulo celular

Aplicabilidade das correntes


Na estética capilar, o uso desses dois tipos de correntes — galvânica e micro-
corrente — se dá, principalmente, no controle de seborreia. A permeação de
ativos cosméticos no couro cabeludo é facilitada pela corrente galvânica, para
tratamentos de disfunções e, até mesmo, crescimento capilar.
A microcorrente pode ser associada a outras tecnologias para tratamento
combinado de patologias inflamatórias e de característica alérgica, pois os
efeitos analgésicos e anti-inflamatórios são amplamente difundidos em quadros
patológicos persistentes, como dermatites atópicas, psoríases e alopecias.
8 Recursos eletrotermofototerápicos aplicados à estética capilar

Nas duas modalidades, em função do efeito joule ocasionado pelo tráfico


de corrente através dos íons, é notado um aquecimento, não necessariamente
causando sensação térmica à pele, mas capaz de produzir efeitos fisiológicos
no corpo e em suas microestruturas. O cuidado com o posicionamento e a
aplicação de gel de contato ou meio de contato condutor são indispensáveis
nesse tipo de corrente, pois podem ocorrer as chamadas queimaduras químicas
em função do contato com os eletrodos direto na pele.
Ao se utilizar qualquer uma das correntes, ocorre também a vasodilatação
dos capilares, fazendo com que aconteça maior oxigenação tecidual, aumento
da irrigação sanguínea e do metabolismo, favorecendo a defesa dos tecidos
e melhorando as trocas metabólicas das células. Essas características podem
ser observadas quando utilizamos, principalmente, o polo negativo e, mais
intensamente, quando se trata da corrente galvânica.
Quando se utiliza a ação do desincruste capilar, deve-se analisar a real
aplicabilidade dele, pois, com o intuito de remover o excesso de oleosidade,
pode ocorrer um efeito rebote da glândula sebácea, levando a uma hiperpro-
dução posterior de sebo. É preciso cautela na utilização do protocolo, sempre
respeitando os limites de aplicação das técnicas.

LEDs e lasers em estética capilar


Os tratamentos que utilizam a luz de forma curativa são datados desde os
gregos antigos, que utilizavam a luz do sol para cura de patologias. Inúmeros
cientistas fizeram estudos sobre os efeitos da luz em inúmeras disfunções,
mas apenas, em 1900, Max Planck apresentou a primeira equação que men-
surava os fótons no processo de emissão e refração de luz. Einstein, em 1916,
mensurou a emissão de ondas eletromagnéticas e delineou os princípios que
possibilitaram no desenvolvimento da tecnologia do laser.
Após os anos de 1960, foram desenvolvidos equipamentos que utilizavam
emissão de luz com potência acima de 1 W, um cristal de rubi para aumentar
a precisão do corte e a ablação de pedras dentro do organismo, de forma me-
nos invasiva. O laser de baixa potência surgiu em meados dos anos de 1970,
com potência menor de 1 W e sem ultrapassar 1ºC , empregado na reparação
tecidual de úlceras e feridas abertas.
Recursos eletrotermofototerápicos aplicados à estética capilar 9

Laserterapia
A palavra laser significa, em inglês, light amplification by stimulated emission
of radiation (aplicação de luz por emissão estimulada de radiação). Cada
espectro de luz tem uma determinada escala de absorção, que dependerá da
profundidade, e trabalha de baixa à alta frequência: luz ultravioleta, visível e
infravermelho, conforme a Figura 3.

Figura 3. Espectro de luz.


Fonte: Carvalho (2018, documento on-line).

O laser emite uma luz coerente monocromática com uma concentração de


energia alta, que tem a capacidade de provocar alterações físicas e biológicas
nos tecidos atingidos. A luz emitida tem uma única cor — diferente da luz
branca, que é a composição de várias cores — e um comprimento de onda
específico para cada cor emitida. A mensuração do espectro eletromagnético
é feita por nanômetros, que determinam a profundidade que a onda atinge e
o alvo específico.
A potência do equipamento utilizado determina como o tecido reagirá em
contato com o feixe luminoso, e a aplicabilidade de cada um dependerá da
área profissional de atuação de quem aplica a técnica.
10 Recursos eletrotermofototerápicos aplicados à estética capilar

■ Alta potência: a temperatura pode passar de 100ºC e caracteriza-se


por ser ablativo (lesivo) e utilizado no meio cirúrgico entre os médicos.
■ Média potência: efeito térmico concentrado no local de aplicação de
até 60ºC, muito utilizado em técnicas que se beneficiam dos efeitos
de luz intensa pulsada e lasers para fotodepilação e rejuvenescimento.
■ Baixa potência: caracteriza-se por não ter efeito térmico, mas com
reações bioestimulantes, ações anti-inflamatórias, redução de edema,
analgesia e outros inúmeros benefícios associados à técnica.

Veja, a seguir, as características da radiação laser.

■ Energia: a unidade de medida é dada em watts x segundo, ou seja, em


joules. Isso quantifica o que será depositado no tecido. A alta potência,
por exemplo, tem a capacidade de produzir plasma ou ablação de um
tumor.
■ Potência: é a quantidade de energia produzida ou consumida por uni-
dade de tempo. A potência de um 1 watt é consumida quando se realiza
1 joule por segundo.
■ Densidade de potência: é a razão da potência radiada e da área coberta
pelo feixe emitido.
■ Densidade de energia: é a quantidade de energia fornecida por unidade
de área abrangida, sendo o depósito de joules por centímetro quadrado.
■ Intensidade: é dada pela quantidade de energia que a onda transporta
por unidade de área e por unidade de tempo.

Em óptica geométrica, é necessário o estudo de dois fenômenos: reflexão e


refração. Para isso, deve-se levar em consideração o índice de absorção da onda,
pois a luz não passa para o outro meio de propagação ao atingir a superfície
e nem é refletida por ela. A refração é o fenômeno pelo qual a luz passa para
o outro meio de propagação ao atingir a superfície. Quando a luz muda de
meio de propagação, também altera a velocidade de absorção. A reflexão é o
retorno da luz para o mesmo meio de propagação ao atingir a superfície. Isso
acontece quando a superfície é plana e a luz é refletida com o mesmo ângulo
de incidência, conforme mostrado na Figura 4.
Recursos eletrotermofototerápicos aplicados à estética capilar 11

1 1 1
S S S
2 Retlexão 2 Refração 2 Absorção

Figura 4. Fenômenos de propagação de luz.


Fonte: Estudo da Óptica (2011, documento on-line).

Apesar de a radiação do laser de baixa potência não ter a capacidade ioni-


zante de romper ligações químicas, a sua capacidade de indução fotobiológica
é capaz de provocar alterações bioquímicas, bioelétricas e bioenergéticas nas
células-alvo. As interações ocorrem e causam basicamente três efeitos distintos:

■ Efeito bioelétrico: aumento na produção de ATP, o que promove uma


maior eficiência da bomba de sódio e potássio presente na membrana
celular, onde há a estimulação de trocas metabólicas mais eficientes
entre os meios intra e extracelular.
■ Efeito bioenergético: acredita-se que a energia da radiação laser tem
a capacidade de normalizar o contingente energético que coexiste com
o contingente físico dos indivíduos.
■ Efeitos bioquímicos: liberação de substâncias, como serotonina, his-
tamina e bradicina, modificando reações enzimáticas com o processo
de acelerar ou retardar a velocidade das mesmas.

Diante das evidências de atuação da luz nos processos metabólicos, essas


terapias são amplamente utilizadas, principalmente combinadas para poten-
cializar o efeito da luz. Observa-se melhoras na flacidez de pele, prevenção
do envelhecimento, cicatrização de feridas, acne, psoríase, estimulação dos
folículos pilosos para terapia capilar e manchas. A aplicabilidade de cada cor
tem suas especificações, conforme mostra o Quadro 2.
12 Recursos eletrotermofototerápicos aplicados à estética capilar

Quadro 2. Especificações de cada tipo de laser

Laser infravermelho Laser vermelho

Trabalha na faixa de 808 nm Na faixa de 660nm, é uma luz


(nanômetros) e os objetivos de de espectro visível e ocorre em
aumentar a circulação e estimular níveis diferentes do infravermelho,
o sistema imunológico. Tem ação fazendo com que haja estimulação
analgésica e anti-inflamatória mitocondrial diferenciada. Atua,
e aumenta a permeabilidade também, com efeitos de analgesia e
da membrana celular. síntese de ATP, bem como no efeito
Indicado para patologias com bactericida e fungicida nos tecidos.
grau de inflamação, como as Amplamente utilizado em
dermatites e psoríase, bem como alopecias e combinação com
para aumentar a permeabilidade o laser infravermelho.
de ativos no couro cabeludo.

LEDterapia
Os LEDs são diodos semicondutores que, quando submetidos à corrente elé-
trica, emitem luz e podem ser utilizados para fototerapia com comprimentos de
onda que variam de 405 nm (azul) a 940 nm (infravermelho). Os dispositivos
de terapia de LED de cor azul são amplamente conhecidos na área da estética
e utilizados em processos de melhora de tecidos, devido à sua interação direta
com as mitocôndrias das células. Eles apresentam maior intensidade de luz,
valor mais acessível e de fácil aplicabilidade, possibilitando tratamentos mais
efetivos por um baixo custo.
A luz do LED é monocromática e emitida através de um cristal que passa
por um processo de dopagem na fabricação. O LED emite uma radiação
infravermelha — quando se utiliza de fósforo, a emissão de luz pode ser
vermelha ou amarelada e, quando se utiliza de fosfeto de gálio e nitrogênio, a
luz emitida pode ser verde ou amarela. Outros componentes são desenvolvidos
atualmente, ocorrendo emissão de luz azul, violeta e até ultravioleta.
O LED, diferente do laser, não emite luz coerente, porém ela é bastante
eficaz, indolor e não invasiva. A luz azul tem comprimento de onda em torno
de 470 nm e ação bactericida, aumenta da hidratação e age em manchas. O LED
âmbar chega a 590 nm, atingindo a derme, e é muito utilizado em disfunções
deste tecido, como flacidez, rugas e estrias, modulando e estimulando células
de colágeno e elastina.
Recursos eletrotermofototerápicos aplicados à estética capilar 13

O emprego dessa terapia abrange várias áreas da saúde, além da dermato-


logia, como a odontologia, fisioterapia e estética. Na estética, ela é utilizada
por sua ação em fungos e bactérias, encontrados no couro cabeludo, bem como
estímulo celular no bulbo para diminuir a queda capilar.

Ação da luz nas células


A incidência de luz sobre uma superfície translúcida é refletida para o meio de
onde veio. Parte dela é absorvida pelo material que foi submetido ao feixe de
luz, e outra parte se dissipa pelo meio e retorna ao meio original. Nos tecidos,
essa absorção de luz dissipa-se e é absorvida pelas células e convertida em
efeitos biológicos específicos para cada célula.
A especificidade nas células dá-se pela presença de cromóforos, que ab-
sorvem a luz e produzem a estimulação de enzimas que aceleram o processo
biológico. Os fotorreceptores (cromóforos) absorvem feixes de luz específicos
e reagem somente por eles. No organismo, esses receptores endógenos estão
presentes na melanina, na hemoglobina e nas porfirinas. Para tratamentos
terapêuticos, é sabido que as células ricas em água, como as de pele e tecido
conjuntivo, têm afinidade pela luz vermelha, por exemplo, enquanto que
nas células que não têm essa disponibilidade abundante de água são usados
comprimentos de onda de infravermelho para tratamento de tecido muscular,
com ação anti-inflamatória.
Entre os médicos, dentistas e fisioterapeutas, o uso dessas tecnologias
é amplamente conhecido, principalmente para recuperação de tecidos. Na
área da estética, novos estudos têm surgido recentemente, com o intuito de
demonstrar a eficácia das terapias com luz em patologias crônicas e disfunções
estéticas. No mercado, encontram-se equipamentos que utilizam mais de um
tipo de luz num mesmo aparelho..
Os tratamentos envolvendo os benefícios da fototerapia no couro cabeludo
englobam, principalmente, pessoas acometidas por inflamações do couro ca-
beludo e inatividade celular no bulbo piloso, ocasionando alopecias e eflúvios.
14 Recursos eletrotermofototerápicos aplicados à estética capilar

Efeitos da eletroterapia em patologia capilar


A alopecia é consequência de alterações no folículo piloso. Se as alterações
forem transitórias e não destrutivas da matriz capilar, ocorre um novo
crescimento. Se as alterações provocam destruição da matriz capilar,
resultam na formação de escaras (feridas) ou atrofia, produzindo alopecia
permanente. Os quadros patológicos variam de alopecia congênita, adqui-
rida, temporária, definitiva, total ou parcial, senil e prematura. A perda
capilar por esses quadros influencia diretamente na aceitação e autoestima
de cada indivíduo, contudo a associação da eletroterapia apresenta melhoras
significativas nesses casos.
As recomendações nos casos de alopecia e, até mesmo, eflúvio anágeno
(interrupção da fase crescimento inicial do fio) ou catágeno (interrupção da
fase de proliferação celular no bulbo capilar) são que sejam utilizadas terapias
que aumentem a interação celular no folículo piloso, microcorrente, cujos efei-
tos fisiológicos estão baseados no estímulo da microcirculação cutânea, com
consequente melhora na nutrição e oxigenação do tecido, que gera um efeito
revitalizante.
A fototerapia com lasers de baixa potência tem indicação nesses casos,
pois estimula a atividade celular, conduz a liberação de fatores de crescimento
por macrófagos, a proliferação de queratinócitos, o aumento de população e
desgranulação de mastócitos e a angiogênese, desenvolvendo novos vasos
sanguíneos num tecido vivo.
O excesso de sebo no couro também é uma incidência frequente entre
as disfunções capilares. Ele é provocado por uma hiperatividade da glân-
dula sebácea e pode causar descamações — em quadros mais graves, pode
ocorrer a queda dos fios, acompanhada de prurido e rarefação. A corrente
galvânica pode ser associada tanto na ionização de ativos quanto no uso do
desincruste. Este deve ser observado e associado a tensoativos que controlam
a seborregulação da glândula, pois o desincruste pode causar efeito rebote,
se não combinado. É indicado também o uso de LED azul para aumentar a
hidratação local e os LBP (laser de baixa potência) vermelho e infra pra ação
cicatrizante e anti-inflamatória.
Mesmo sendo terapias de baixo risco, ainda assim existem contraindicações
relacionadas ao uso de laser de baixa potência e LED para a saúde, como:
neoplasias, gravidez, região de gônadas, exposição ocular, fotossensibilidade
e áreas de aplicação de toxina botulínica.
Recursos eletrotermofototerápicos aplicados à estética capilar 15

O diagnóstico preciso da causa da queda capilar é fundamental para um tratamento


mais seguro e eficaz. Além da consulta dermatológica e dos exames de laboratório,
a tricoscopia é de grande utilidade. Acesse o link a seguir para conhecer mais sobre
a tricoscopia.

https://goo.gl/gAEfgi

CARVALHO, T. Espectro eletromagnético. [2018]. Disponível em: <https://www.infoescola.


com/fisica/espectro-eletromagnetico/>. Acesso em: 08 ago. 2018.
ESTUDO DA ÓPTICA. Refração e reflexão da luz. 2011. Disponível em: <http://fisicaestu-
dodaoptica.blogspot.com/>. Acesso em: 08 ago. 2018.
MAXIBELLA. Alta frequência - high frequency dgm. 2018b. Disponível em: <https://
www.maxibella.com.br/aparelhos-de-estetica/alta-frequencia/alta-frequencia-high-
frequency-dgm/>. Acesso em: 08 ago. 2018.
MAXIBELLA. Vapor de ozônio - face care vapor dgm. 2018a. Disponível em: <https://www.
maxibella.com.br/aparelhos-de-estetica/vapor-de-ozonio/face-care-vapor-dgm/>.
Acesso em: 08 ago. 2018.

Leituras recomendadas
AGNE, J. E. Eu sei eletroterapia. 3. ed. Santa Maria: Pallotti, 2011.
BORELLI, S. Cosmiatria em dermatologia. São Paulo: Roca, 2007.
Recursos eletrotermofototerápicos aplicados à estética capilar 16

BORGES, F. S.; SCORZA, F. M.; JAHARA, R. S. Modalidades terapêuticas nas disfunções


estética. São Paulo: Phortes, 2010.
CARVALHO, A. C; O.; VIANA, P. C.; ERAZO, P. Carboxiterapia: nova proposta para rejuve-
nescimento cutâneo. In: YAMAGUCHI, C. (Org.). I Annual Meeting of Aesthetic Procedures.
São Paulo: Santos, 2005.
GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koo-
gan, 2011.
HALAL, J. O crescimento e a estrutura do cabelo: tricologia e a química cosmética capilar.
São Paulo: Cegange Learnig, 2011.
KALLURI, H.; KOLLI, C. S.; BANGA, A. K. Characterization of micochannels created by
metal microneedles: formation and closure. The APPS Journal, Arlington, v. 13, n. 3, p.
473-481, Sept. 2011.
KEDE, M. P. V.; SABATOVICH, O. Dermatologia estética. São Paulo: Atheneu, 2004.
PEREIRA, J. M. Propedêutica das doenças dos cabelos e do couro cabeludo. São Paulo:
Atheneu, 2001.
RIVITTI, E. A. Alopecia areata: revisão e atualização. Anais Brasileiros de Dermatologia,
Rio de Janeiro, v. 80, n. 1, jan./fev. 2005.
SAMPAIO, S. A. P.; RIVITTI, E. A. Dermatologia. São Paulo: Artes Médicas; 1998.

SORIANO, M. C. D.; PÉREZ, S. C.; BAKUÉS, M. I. C. Eletroestética profissional aplicada: teoria


e prática para a utilização de correntes em estética. Saint Quirze Del Valles: Sorisa, 2002.
TORTORA, G. J.; GRABOWSKI, S. R. Princípios de anatomia e fisiologia. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2002.
WICHROSWSKI, L. Terapia capilar. Porto Alegre: Alcance, 2007.
Conteudo:

[ill]
7illI8J
SOLUt;OES
EDUCACIONAIS
INTEGRADAS
Dica do professor
É reconhecida a eficácia das luzes empregadas na utilização de LEDs e lasers e dos inúmeros efeitos
fisiológicos atrelados ao uso dessas técnicas. As propriedades físicas da luz são amplamente
estudadas e, atualmente, é conhecido o efeito causado nas células específicas, chamado de
cromóforo, para cada comprimento de onda projetado pelos equipamentos.

Veja mais sobre o assunto na Dica do Professor.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Na prática
Os protocolos de alopecia são os mais procurados em terapia capilar, por acometerem grande parte
da população, predominantemente entre os homens. Entretanto, há um número crescente entre as
mulheres, causando um desconforto social que faz o indivíduo buscar recursos para reversão do
quadro patológico. Existem muitas possibilidades de tratamentos que utilizam eletroterapia para
obtenção de resultados positivos. Porém, na maior parte das vezes, o profissional não sabe como
iniciar um tratamento para recuperação do crescimento das hastes que, além de promover o
estímulo inicial, é efetivo para recuperar a saúde do tecido do couro cabeludo.

Observe, neste Na Prática, como funciona o protocolo para alopecia, navegando no material.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Tratamento da alopecia
Artigo que relata um estudo de caso, utilizando técnicas ópticas de diagnóstico e de tratamento da
alopecia. Foram realizadas higienização, esfoliação do couro cabeludo, microagulhamento e
fototerapia (com luzes azul, vermelha âmbar e infravermelha) durante 4 meses, em clínica e em
programa home care padronizado, além da aplicação de loção capilar.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Como evitar a queda capilar


Reportagem sobre a aplicabilidade da terapia capilar e como o paciente deve ser direcionado para
tornar os resultados ainda mais efetivos.

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Terapia capilar
Matéria sobre o uso de eletroterapia no tratamento de disfunções do couro cabeludo, apresentada
pelo programa Vida Melhor.

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Técnicas avançadas de cílios

Apresentação
O mercado da beleza encontra-se em grande ascensão, e, com esse crescimento, novas técnicas
surgem constantemente. Como as extensões de cílios fazem parte do mercado da beleza, novas
técnicas estão sempre aparecendo, a fim de conquistar e fidelizar mais clientes. Por isso, o
profissional deve estar sempre atualizado, buscar se anteceder ao seu cliente e trazer novas
tendências, utilizadas até mesmo em outros países.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você identificará as técnicas avançadas de extensões de cílios,


assim como a importância do cálculo do volume cone nessas extensões. Além disso,
aprenderá sobre as evoluções esperadas no mercado de extensão de cílios.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar as técnicas avançadas de extensões de cílios.

• Explicar a importância do cálculo do volume cone nas extensões de cílios.

• Apontar as evoluções esperadas no mercado de extensão de cílios.


Infográfico
A matemática está presente na maioria das técnicas voltadas para a área da beleza, e nas técnicas
de extensão de cílios não é diferente. Com o intuito de oferecer segurança no direcionamento da
quantidade correta de fios de extensão que serão utilizados para montagem e acoplagem dos fans,
o cálculo do volume do cone vem sendo realizado pelos profissionais. Com esse cálculo, tem-se a
certeza de que o volume do fio natural suporta o volume que será colocado a mais com as
extensões, evitando, assim, prejuízos à saúde do fio natural do cliente.

No Infográfico a seguir, confira informações sobre o cálculo da área do cone aplicado às extensões
de cílios.
Aponte a câmera para o
código e acesse o link do
conteúdo ou clique no
código para acessar.
Conteúdo do livro
É importante que o profissional da área das extensões de cílios compreenda a personalidade do seu
cliente, de modo a expressar na sua imagem a personificação da sua identidade. Com isso, as
técnicas de extensão de cílios auxilia o profissional, pois abrangem um público muito diversificado
em relação a personalidade, desde pessoas que desejam uma técnica mais clássica e que não seja
tão marcante, até pessoas que desejam ousar e utilizar de técnicas como o mega volume ou cílios
coloridos. Portanto, ao conhecer a personalidade do cliente e a técnica correta, o profissional
obterá resultados positivos.

No capítulo Técnicas avançadas de cílios, da obra Design de Cílios e Sobrancelhas, base teórica desta
Unidade de Aprendizagem, você conhecerá sobre as técnicas avançadas das extensões de cílios
e analisará a importância que o cálculo do volume cone exerce nas extensões de cílios. Por fim,
compreenderá sobre as evoluções esperadas dentro do mercado de extensão de cílios.

Boa leitura.
DESIGN DE CÍLIOS
E SOBRANCELHAS

Claudia Stoeglehner Sahd


Técnicas avançadas de cílios
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar as técnicas avançadas de extensão de cílios.


 Explicar a importância do cálculo do volume do cone nas extensões
de cílios.
 Apontar as evoluções esperadas no mercado de extensão de cílios.

Introdução
O público-alvo de determinada área é composto por consumidores
que têm um perfil semelhante. Com base no perfil do seu público-alvo,
os profissionais moldam o seu trabalho. Para conhecer o perfil do seu
público-alvo, o profissional especializado em extensão de cílios deve
realizar uma série de pesquisas. A ideia é que, a partir disso, ele compre-
enda a personalidade dos seus clientes e conheça as características que
eles desejam expressar.
Buscando abranger perfis diferentes de consumidores, as técnicas de
extensão de cílios vêm passando por vários avanços. Cada uma dessas
técnicas tem o intuito de agradar a um público distinto e, com isso, pro-
porcionar um resultado final positivo e satisfatório.
Neste capítulo, você vai conhecer técnicas avançadas de extensão
de cílios, além de verificar a importância do cálculo do volume do cone
nas extensões de cílios. Por fim, você vai ler sobre as evoluções que são
esperadas no mercado de extensão de cílios.

1 Principais técnicas avançadas de extensão


de cílios
Os cílios são a moldura natural dos olhos. Eles são projetados pelo próprio
corpo para protegê-lo de elementos como poeira, vento e sujidades. Além
disso, os cílios são considerados atributos de beleza e vêm ganhando cada
2 Técnicas avançadas de cílios

vez mais notoriedade. Desde 2016, os cílios vêm sendo adaptados de acordo
com a evolução do mercado da beleza, e as pessoas estão mais suscetíveis aos
cuidados, produtos e técnicas variadas de extensão de cílios. Entre as técnicas
avançadas de extensão de cílios, destacam-se: volume russo, megavolume,
perfect line e técnica híbrida. A seguir, você vai estudar cada uma delas.

Volume russo
O volume russo foi desenvolvido pela russa Olga Dobronravova. Devido à
grande beleza e ao volume que essa técnica proporciona ao olhar, ela ganhou
notoriedade pelo mundo e chegou ao Brasil trazida por profissionais da área,
que sempre buscam inovações para seus clientes. A técnica já passou por várias
lapidações e continua em crescente desenvolvimento, sempre buscando mais
aprimoramento e qualidade.
Nessa técnica, é necessário formar e acoplar fans de maneira que fiquem
perfeitos e não pesem no fio do cílio natural. Para a montagem do fan, são
utilizados dois ou mais fios de extensão superfinos, de modo que formem um
leque. Por serem muito leves, esse fios de extensão não prejudicam os cílios
naturais. Na extensão de cílios fio a fio, são acoplados de 100 a 150 fios; já
no volume russo, esse número pode variar de 200 a 800 fios. Na Figura 1, a
seguir, veja a aplicação da técnica de volume russo.

Figura 1. Volume russo.


Fonte: YURII MASLAK/Shutterstock.com.
Técnicas avançadas de cílios 3

A técnica utiliza fios de 0,05 a 0,07 mm de espessura. Ela se subdivide em


categorias de acordo com a quantidade de fios utilizados para a montagem
dos fans. A seguir, veja a classificação.

 2D: dois fios são aplicados em um fio.


 3D: três fios são aplicados em um fio.
 4D: quatro fios são aplicados em um fio.
 5D: cinco fios são aplicados em um fio.
 6D: seis fios são aplicados em um fio.
 7D: sete fios são aplicados em um fio.
 8D: oito fios são aplicados em um fio.

Um volume 2D ou 3D é mais adequado para pessoas que possuem cílios


naturais frágeis e finos. Na montagem dos fans, o profissional pode deixá-
-los estreitos, médios ou largos: essa diferença se baseia na distância entre os
fios na montagem do fan; ela pode ser de no máximo 6 mm. Além disso, os
fans estão sempre apontando para um profundo V, de modo que é importante
manter a base do fan simétrica e curta (Figura 2).

Figura 2. Acima, fans com suas respectivas quantidades de fios de extensão; abaixo, tipos
de abertura do leque.
Fonte: Adaptada de Paper Teo/Shutterstock.com.
4 Técnicas avançadas de cílios

Quanto mais aberto for o fan (wide fan), mais acentuada será a aparência
de cílios macios. Essa é uma opção para pessoas que possuem poucos fios
de cílios naturais ou fios que apresentam falhas, pois auxilia na cobertura.
Os fans mais estreitos (narrow fans) são indicados para proporcionar uma
aparência mais estruturada e densa, ideal para pessoas que possuem muitos
fios de cílios naturais.

Acoplagem correta dos fans

Observe a Figura 3 e considere que o círculo preto é o fio do cílio natural.


Quando um fan formado por fios de extensão ligados entre si de maneira
uniforme por adesivo é acoplado ao fio natural com o intuito de “abraçá-lo”,
ocorre uma distribuição uniforme de cílios. A acoplagem dos fios de extensão
ao redor do fio do cílio natural é denominada “wrap”. Esse processo garante
uma transição suave entre o fan e o fio dos cílios naturais, sem acarretar
possíveis rachaduras ou grumos, evitando que ocorra acúmulo de sujidades
e menor retenção. O wrap acontece enquanto a cola estiver molhada.

Figura 3. Wrap: acoplagem dos fios de extensão ao redor do fio natural.

A acoplagem lateral (Figura 4) é mais utilizada na técnica perfect


line. Profissionais mais avançados a utilizam para competições e fotos
de portfólio, mas ela também pode ser usada para o volume russo do dia
Técnicas avançadas de cílios 5

a dia. Se você observá-la de cima, vai notar que ela fornece um vínculo
semelhante ao de um fio natural. Além disso, essa acoplagem facilita a
escovação dos fios.

Figura 4. Acoplagem lateral dos fios de extensão ao fio natural.

O adequado é alinhar os fios de extensão em todas as camadas. Para isso,


utilizam-se tamanhos diferentes, pois os fios da camada de baixo precisam ser
mais longos, para que possam atingir a mesma altura dos fios da camada de
cima. Isso acontece porque a linha dos cílios superiores pode estar em torno
de 2 mm mais alta do que a linha dos cílios inferiores. O importante é ter em
mente o resultado desejado e os passos necessários para obtê-lo.
Para que a técnica alcance seu objetivo final, o profissional deve conhecer
as curvaturas mais utilizadas: B, C e D. Se o profissional não souber como
combiná-las, o seu resultado final será instável. A técnica precisa resultar em
linhas de transição suaves (não só em relação ao tamanho, mas também às
curvaturas). A curvatura B é a que possui menos curva; a C é a que possui mais
curva e é mais utilizada; já a curvatura D é a mais acentuada, sendo utilizada
para efeitos mais dramáticos. Com a mistura de curvaturas, as camadas dos
cílios começam a ficar mais evidenciadas. É possível utilizar uma curva di-
6 Técnicas avançadas de cílios

ferente em uma linha diagonal, o que proporciona uma transição muito mais
suave (em comparação com a transição de curvaturas ao lado uma da outra e
diretamente em cada camada).

Veja dicas para a realização da técnica de volume russo:


 anote o formato dos olhos do cliente;
 questione qual é o desejo e qual é o objetivo do cliente;
 mostre fotos de antes e depois e explique o objetivo da técnica ao cliente;
 determine o melhor mapping;
 determine a montagem do fan sempre com base no fio do cílio natural do cliente;
 anote sempre os fios, tamanhos e curvaturas utilizados.

Técnicas para a montagem dos fans

Wriggle

 Levante de 3 a 6 fios da tira e prenda-os ainda na tira.


 Pince os fios no 1/3 inferior e role-os da esquerda para a direita (durante
o ato de virar os fios para a esquerda e para a direita, eles se separarão
e se espalharão para fora).
 Tenha em mente que os fans podem variar de narrow a wide.

Rolling

 Levante de 3 a 6 fios até quase removê-los da tira, deixando apenas


1/3 deles fixo.
 Utilizando uma pinça, comece a rolar e empurrar os fios para o lado,
da direita para a esquerda e voltando do mesmo modo, mas da esquerda
para a direita.
 Realize o processo até obter a largura desejada.
 Remova os fios da fita com cuidado para o fan não fechar (essa técnica
é a mais utilizada para montar os fans de megavolume).
Técnicas avançadas de cílios 7

Push & pop

 Levante de 3 a 6 fios da tira.


 Coloque a ponta dos fios na diagonal em relação a uma fita adesiva
dupla face.
 Empurre os fios para a fita em um ângulo de 45º.

O método push & pop é simples, mas depende da qualidade dos fios de extensão
adquiridos e de sua retirada inicial da tira. Ao final, tenha certeza de que a base está
completamente unida.

Pull & pick

 Retire de 3 a 6 fios, mantendo apenas a parte inferior fixa na tira.


 Comece a pegar os fios na parte inferior em direção à direita, até que
seu fan esteja perfeito.

Speedy

 Retire ligeiramente os fios que você vai utilizar.


 Feche a pinça sem muita pressão e com delicadeza e puxe os fios para
a direita.
 Depois, empurre-os para a esquerda e mude a pressão da pinça para
pegar os cílios assim que eles se espalharem (essa técnica é mais fácil
de ser realizada por pessoas canhotas).

Finger (técnica do dedo)

 Com os dedos indicador e polegar voltados para você, faça o movimento


de pinçar.
 Retire a quantidade de fios que você vai utilizar.
 Com o auxílio da pinça, pegue os fios, coloque-os entre os dedos e
aperte levemente.
8 Técnicas avançadas de cílios

 Depois, solte os dedos e aperte os fios com a pinça.


 Na sequência, aperte os fios devagar com os dedos e solte suavemente
com a pinça.
 Repita esse movimento até que o fan se abra de acordo com o esperado.

Use a menor quantidade de cola possível e reponha o produto a cada 10 ou 20 minutos,


dependendo da umidade e do local de atendimento. Se você utilizar muita cola, a base
do fan ficará muito grossa. Por outro lado, se a quantidade de cola for insuficiente, o
fan pode se soltar ou não se acoplar corretamente.
Somente a parte inferior do fan deve tocar rapidamente a cola, por isso o insira
delicadamente no topo da gota de cola. Se você usar muita cola, ela vai subir e o fan vai
se fechar, ficando com aspecto de tronco de árvore, também chamado de “mangueira”.

Cristalização dos fans

Nesse processo, os fans são montados antes da acoplagem ao fio. A cristali-


zação é caracterizada pela junção dos fios de extensão, que são unidos com a
cola (adesivo) e depois apertados contra os dedos indicador e polegar. A ideia
é realizar uma pré-montagem dos fans e guardá-los para um eventual uso.

Perfect line
É uma técnica que proporciona uma aparência mais escura e uniforme aos
cílios. Essa técnica surgiu na Rússia e vem sendo utilizada cada vez mais no
Brasil. Ela utiliza diferentes comprimentos de fios nas camadas dos cílios. A
perfect line pode ser usada junto às técnicas de volume russo e megavolume.
Essa técnica é muito utilizada para competições, pois indica o quão habilidoso
e preciso é o profissional.

Megavolume
Essa técnica utiliza fios de extensão ultrafinos, com espessura de 0,03 a 0,05
mm. As espessuras são escolhidas pelo profissional para criar um leque ou
buquê ( fan) com a extensão. Geralmente, são utilizados oito fios para cima
na construção do fan, e esses fios são aplicados aos cílios naturais. É possível
Técnicas avançadas de cílios 9

utilizar de 20 a 30 fios. O nível do volume a ser utilizado no cliente varia


conforme a necessidade e as preferências dele, mas você deve tomar cuidado
para que o volume não sobrecarregue os fios naturais, pois isso pode causar
danos à saúde ocular. Na Figura 5, a seguir, veja o resultado dessa técnica.

Figura 5. Megavolume.
Fonte: Aliaksandr Barouski/Shutterstock.com.

Técnica de extensão híbrida


Essa técnica consiste na junção de duas técnicas de extensão, a técnica
clássica fio a fio e a técnica de volume russo. Ela é uma opção para clientes
que estão começando a se habituar com cílios de extensão, ou para aqueles
que ainda não têm certeza se desejam aplicar a técnica do volume russo. A
técnica de extensão híbrida é desenvolvida de diversas formas. A seguir,
veja alguns exemplos.

 A camada inferior dos cílios é preenchida com a acoplagem de fans,


enquanto na camada superior de cílios ocorre a acoplagem fio a fio.
 Nos fios naturais, são alternadas acoplagens de fans do volume russo
com acoplagens da técnica clássica fio a fio.
 A técnica fio a fio é aplicada no canto interno dos olhos, enquanto fans
são acoplados do meio até o canto externo. Assim, o profissional não
escurece demais o canto interno dos olhos, evitando deixar os olhos
com aspecto de aproximação.
10 Técnicas avançadas de cílios

Para a técnica clássica, você pode utilizar fios com espessura de 0,15, 0,18
ou 0,20 mm. Já no volume russo, utilize fans com fios de 0,05 ou 0,07 mm.
Na Figura 6, a seguir, veja a aplicação da técnica híbrida.

Figura 6. Técnica híbrida.


Fonte: Subbotina Anna/Shutterstock.com.

2 Cálculo do volume do cone nas extensões


de cílios
De acordo com Hallawell (2017), todas as formas geométricas conhecidas têm
quatro tipos básicos de linhas: retas verticais, retas inclinadas, retas horizon-
tais e retas curvas. Essas linhas criam formas geométricas bidimensionais
básicas, como o triângulo, o quadrado, o círculo e a lemniscata (elemento que
simboliza o infinito, constituído por linhas curvas que expressam suavidade,
romantismo, sensualidade e abstração). As outras formas geométricas são
derivações das apresentadas.
O cone é um triângulo visto de lado e um círculo visto de cima. Essa
conformação é idêntica à do fio dos cílios: na base do cone, fica a raiz do
fio; no ápice, fica a haste. Assim, assume-se a hipótese de que um fio natural
e saudável aguenta a mesma carga de seu volume em sua superfície sem
sofrer danos.
Técnicas avançadas de cílios 11

Para compreender o cálculo do volume do cone, você deve conhecer os


elementos que fazem parte dele (Figura 7). Veja a seguir.

 V: vértice do cone.
 g: geratriz do cone (é um segmento de reta).
 r: raio do cone (também é o raio da circunferência da base).
 h: altura do cone.

Figura 7. Elementos de um cone.


Fonte: Adaptada de maitree summat/Shutterstock.com.

Na matemática, o volume é a capacidade que uma figura geométrica espacial


possui. O volume do cone tem seu cálculo baseado no produto estabelecido
entre a medida da altura e a área da base; o resultado obtido é dividido por
três. Veja a fórmula para o cálculo do volume do cone:
12 Técnicas avançadas de cílios

onde:

 V é o volume do cone;
 π é a constante, que equivale a aproximadamente 3,14;
 r é a medida do raio;
 h é a altura do cone.

As etapas para o desenvolvimento da técnica de extensão de cílios têm


como base a saúde dos fios dos cílios naturais do cliente. Ou seja, o profissional
deve ter conhecimento específico e embasamento para aplicar a técnica de
forma segura, a fim de não comprometer de maneira alguma a estrutura e a
saúde dos cílios naturais do cliente. O cálculo do volume do cone auxilia o
profissional a identificar quantos fios de extensão podem ser acoplados a um
fio natural sem danificá-lo.
Na técnica de volume russo, para definir de forma adequada e com
segurança a quantidade de fios de extensão que serão utilizados para a
montagem dos fans e a posterior acoplagem aos cílios naturais, utiliza-se
o cálculo da área do cone. O raio do cone é a metade do d (diâmetro —
espessura do fio de extensão, que vem descrita na caixa), como mostra
esta fórmula: r = d ÷ 2.
O profissional, então, deve identificar a espessura do fio do cílio natural do
cliente. Para isso, pode comparar um fio de extensão a um fio do cílio natural,
colocando-os lado a lado. Depois, o profissional deve selecionar a espessura
que vai utilizar na técnica de volume russo. Nessa técnica, é melhor manter
uma espessura de até 0,07 mm, pois isso evita que o fio natural sofra com o
excesso de peso advindo dos fios da extensão.
Para facilitar o cálculo, pode-se prosseguir da seguinte maneira: uma fór-
mula do volume é usada para o fio do cílio natural do cliente e outra fórmula
é usada para o fio de extensão. Veja a seguir.

 Fio do cílio natural:


Técnicas avançadas de cílios 13

 Fio de extensão:

Corta-se os elementos iguais das fórmulas, como você pode ver a seguir.

 Fio do cílio natural:

 Fio de extensão:

Assim, sobra somente o raio do cílio natural (D) e o do fio de extensão (d).
Desse modo, a fórmula final é:

Como exemplo, considere que um profissional verificou que seu cliente


possui fios naturais com espessura média de 0,15 mm. Assim, ele vai montar
um fan a partir de fios de extensão com espessura de 0,07 mm. A fórmula
será esta:

Nesse exemplo, quatro fios podem ser utilizados para a montagem do fan.
No Quadro 1, a seguir, veja valores que vão ajudá-lo na aplicação prática
das extensões.
14 Técnicas avançadas de cílios

Quadro 1. Cálculo volumétrico

Espessura do fio Número de fios Espessura do fio do


sintético (mm) para montar o fan cílio natural (mm)

0,10 2D 0,15
4D 0,20
0,07 2D 0,10
3D 0,12
4-5D 0,15
6-7D 0,20
0,06 3D 0,10
4D 0,12
6D 0,15
9D 0,20
0,05 4D 0,10
6D 0,12
9D 0,15
13D 0,20
0,04 6D 0,10
9D 0,12
14D 0,15
20D 0,20
0,03 11D 0,10
16D 0,12
25D 0,15
36D 0,20

Se a acoplagem for realizada de maneira correta e com base no cálculo do volume


do cone, os fans acoplados não representarão nenhum tipo de risco à saúde dos fios
dos cílios naturais.
Técnicas avançadas de cílios 15

3 Mercado de extensão de cílios


Mesmo sendo relativamente nova, a área de extensão de cílios vem passando
por evoluções constantes. Isso exige do profissional dessa área grandes conhe-
cimentos e atualizações, para se manter sempre à frente e não perder clientes.
Afinal, o cliente sempre estará atento às novidades do mercado e buscará
um profissional capacitado e atualizado para lhe oferecer a técnica desejada.
Em alguns casos, um cliente antigo deixa de frequentar um estabelecimento
porque o profissional responsável não oferece um serviço de qualidade, mas
outras vezes ele simplesmente não volta porque o profissional não evolui junto
ao mercado e acaba oferecendo serviços que já não são muito valorizados.
Portanto, o profissional precisa acompanhar a evolução rápida e intensa do
mercado de extensão de cílios. Ele não deve deixar que seu lado introvertido ou
sem criatividade tome conta do atendimento. Algumas vezes, as técnicas que
surgem no mercado não agradam tanto ao profissional e ele acaba deixando
de oferecê-las ao cliente, o que não é uma postura adequada. Não é porque
o profissional não gosta de determinada técnica que o cliente não vai gostar
dela, não é? Assim, deve-se sempre observar o lado positivo de cada técnica,
buscando uma perspectiva diferente.
Embora a criatividade seja barrada e recriminada em alguns setores, no
âmbito das extensões de cílios ela é muito valorizada. O ideal é que o profis-
sional mostre ao cliente quão maravilhosa pode ser a experiência de aderir a
uma técnica nova, ressaltando que ele será a vitrine daquela tendência. Para
compreender isso melhor, pense na técnica de extensão de cílios coloridos.
Agora, imagine que você só tem uma caixa de cílios verdes e está atendendo
uma cliente que deseja uma extensão, mas não é adepta a novidades. O que
você faria? Pediria para a cliente voltar em outra oportunidade, quando fios
de extensão pretos chegassem? Ou tentaria utilizar a sua criatividade para
que a cliente saísse do centro de embelezamento do olhar com os fios de
extensão verdes?
Para muitos profissionais, o correto seria pedir que a cliente voltasse depois,
quando chegassem os fios de extensão pretos. Todavia, o profissional que se
adapta às novidades do mercado e busca utilizar a sua criatividade encontraria
uma forma de cativar a cliente, fazendo com que ela começasse a se imaginar
com aquela extensão de cílios verdes e eventualmente aceitasse realizar a
técnica. O profissional que se adapta às novidades impostas pelo mercado tem
16 Técnicas avançadas de cílios

grandes chances de obter sucesso em sua carreira, pois ele caminha junto ao
mercado e busca sempre as maiores e melhores novidades para oferecer aos
seus clientes, mesmo que essas novidades não o agradem tanto.
Quando o profissional da área da beleza escolhe sua profissão, ele busca
entregar ou reaver ao cliente sua verdadeira essência e beleza. Ele trabalha
muito próximo ao seu cliente, e esse contato é indispensável, além de gerar
muitas experiências e conhecimentos, visto que o profissional lida com pessoas
que possuem características distintas. Como atua em uma área que presta
serviços de beleza, o profissional deve sempre manter a compostura, sabendo
escutar, estar presente e se atualizar, para que desse modo consiga entregar
ao cliente o melhor serviço.
Em síntese, o bom profissional sempre busca as novas tendências e procura
oferecer um atendimento diferenciado a seus clientes, atualizando-se e pres-
tando um serviço de qualidade. O mercado sempre caminha a passos rápidos,
e sua evolução é intensa e constante. Por isso, sempre busque as novidades e
não deixe que o mercado passe à sua frente: esteja sempre um passo adiante
e ofereça ao cliente um trabalho baseado em qualidade e segurança.

Você, enquanto profissional, deve se autoavaliar anualmente, verificando o andamento


da sua carreira e buscando alinhar os seus interesses e necessidades aos objetivos que
almeja alcançar. Busque construir uma carreira de sucesso na sua área de atuação, e
não somente exercer sua profissão sem tentar alcançar novos objetivos.

Tendências — técnica de extensão de cílios coloridos


Essa técnica se baseia na acoplagem de fios de extensão coloridos. Ela tem o
objetivo de proporcionar um olhar mais iluminado, com cores que têm algo
a revelar sobre a personalidade do cliente. Entre as cores mais usadas, estão:
amarelo, azul, verde, vermelho e roxo.
Para a realização dessa técnica, o profissional deve ter a mente criativa
e aceitar as novas tendências do mercado das extensões. Além disso, para
oferecer o serviço, ele deve conhecer a personalidade do cliente, buscando
Técnicas avançadas de cílios 17

enquadrar as cores em um modelo de oferta adequado. O profissional pode


começar utilizando fios de cores mais discretas na primeira camada de cílios
naturais. Assim, eles são visualizados quando os olhos estiverem abertos,
proporcionando um olhar mais discreto e delicado.
Já para um olhar mais exuberante, os fios coloridos são sobrepostos
às camadas de cílios naturais. Isso resulta em um olhar impactante e com
predominância da cor escolhida pelo cliente. Outra opção é a aplicação
dos fios coloridos apenas nos cantos externos ou internos, ou até mesmo
somente na região central dos olhos. Essa decisão será tomada pelo pro-
fissional durante o atendimento, com base no que mais agrada ao cliente.
É importante que, para a realização da técnica, o profissional conheça o
círculo cromático, a fim de combinar cores e evitar que o resultado final
destoe do esperado.
Com base no círculo cromático, é possível escolher cores análogas para
compor cílios com aspecto dégradé, ou selecionar cores complementares
para criar um olhar mais impactante. Logo, é importante saber quais
cores combinam e melhor se relacionam entre si. Mas, além disso, você
sempre deve questionar o cliente sobre as escolhas, pois ele pode não
gostar do resultado. Na Figura 8, a seguir, veja a aplicação da técnica de
cílios coloridos.

Figura 8. Técnica de extensão de cílios coloridos.


Fonte: Parilov/Shutterstock.com.
18 Técnicas avançadas de cílios

Referência

HALLAWELL, P. Visagismo: harmonia e estética. 6. ed. São Paulo: Senac, 2017.

Leituras recomendadas
D’ALLAIRD, M. et al. Milady: maquiagem. São Paulo: Cengage Learning, 2016.
DAWBER, R.; VAN NESTE, D. Hair & scalp disorders. London: Martin Dunitz, 1995.
GERSON, J. et al. Fundamentos de estética. São Paulo: Cengage Learning, 2011. (Orien-
tações e Negócios, v. 1).
GERSON, J. et al. Fundamentos da estética. São Paulo: Cengage Learning, 2011. (Estética,
v. 4).
HALLAWELL, P. Visagismo integrado: identidade, estilo e beleza. 6. ed. São Paulo: Senac,
2017.
IFOULD, J.; FORSYTHE-CONROY, D.; WHITTAKER, M. Técnicas em estética. 3. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2015. (Série Tekne).
KAMIZATO, K. K. Imagem pessoal e visagismo. São Paulo: Érica, 2014.
LOPES, F. M. et al. Introdução e fundamentos de estética e cosmética. Porto Alegre: SA-
GAH, 2017.
MOLINOS, D. Maquiagem. 11. ed. São Paulo: Senac, 2010.
TRINKA, C. M.; FONTES, E. Imagem pessoal: visagismo. Canoas: Ulbra, 2011.
Dica do professor
O profissional pode proporcionar ao seu cliente, por meio das extensões de cílios, mais volume,
definição e preenchimento das falhas que as vezes causam desarmonia na região do olhar. Com o
mercado dessa área em alta, várias técnicas vêm surgindo para abrir ainda mais o leque de
atendimento do profissional e proporcionar ao cliente novas formas de elevar a autoestima. Uma
dessas técnicas é o volume russo, destinada a pessoas que desejam chamar mais atenção para a
região dos olhos.

Confira, na Dica do Professor, a realização da técnica de volume russo. Saiba mais sobre
a anamnese do cliente, a higienização dos olhos, a montagem dos fans, o isolamento dos cílios
inferiores e o mapping, além da aplicação dos fans e o antes e depois da técnica.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Como fazer cílios híbridos


Para saber mais sobre cílios híbridos, acompanhe essa explicação sobre como a técnica é realizada.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Alongamento de cílios fio a fio, volume russo e volume


híbrido: principais diferenças
Neste vídeo, você confere as principais diferenças entre as técnicas de extensão de cílios fio a fio,
volume russo e volume híbrido.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Como cristalizar os fans na hora do atendimento?


Acompanhe neste vídeo um passo a passo de como realizar a cristalização dos fans na hora do
atendimento.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
As técnicas existentes e a diferença entre cada uma delas
Neste vídeo, você confere as diferentes técnicas de extensão de cílios e a diferença entre cada uma
delas.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Lash lifting e suas aplicações

Apresentação
É possível perceber que, a partir do surgimento e da propagação
de conceitos e conhecimentos relacionados à região dos cílios,
já não existe mais um padrão que sirva como modelo. Assim, hoje temos algo individual e
personalizado, considerando a harmonia,
a simetria e as proporções do rosto de cada pessoa em relação à imagem que se pretende
transmitir. Com isso, chega ao mercado
do embelezamento do olhar a técnica do lash lifting, que possibilita transformação, coloração e
também o tratamento de cílios, proporcionando um novo olhar ao paciente.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer o lash lifting,


sua história, aplicações e indicações, compreendendo a diferença
entre o lash lifting e o permanente de cílios. Além disso, aprenderá mais sobre a aplicação de
coloração em cílios e sobrancelhas.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Descrever história, aplicações e indicações do lash lifting.


• Diferenciar lash lifting de permanente de cílios: técnicas,
produtos e finalidades.
• Discutir a aplicação de coloração em cílios e sobrancelhas.
Infográfico
As mídias influenciam intensamente mudanças de padrões, que,
por diversos fatores, apresentam diferenças de tempos em tempos; a partir de valores individuais,
esses padrões se estabelecem no cotidiano social. Alguns indivíduos buscam incansavelmente
recursos para alcançar resultados que atendam a esses padrões ou a seus
ideais de beleza. Não é de hoje que a região dos olhos é destaque e, devido a isso, novas técnicas
vêm sendo desenvolvidas ou mesmo melhoradas a fim de contribuir para o embelezamento do
olhar.

Neste Infográfico, saiba mais sobre a atuação dos produtos de


lash lifting no fio natural dos cílios, compreendendo a anatomia
e a composição do fio natural, os produtos químicos presentes
nas formulações e o seu pH, além de entender como acontece a modificação da estrutura do fio
natural durante o processo químico.
Aponte a câmera para o
código e acesse o link do
conteúdo ou clique no
código para acessar.
Conteúdo do livro
O rosto é uma das principais marcas da identidade visual de um indivíduo, e os seus elementos
apresentam uma infinidade de combinações e formatos, tornando cada pessoa um ser único. Diante
disso, o profissional que atua no embelezamento do olhar busca a estética e a harmonização dos
traços que definem esses elementos, e não o que se enquadra nas tendências e nos padrões de
beleza impostos à sociedade. A imagem pessoal de cada indivíduo deve expressar suas
características pessoais e o seu estilo. Para alcançar esse objetivo surge a técnica do lash lifting, que
transforma e realça os cílios, tendo papel fundamental na elaboração de uma imagem de sucesso
para cada pessoa.

No capítulo Lash lifting e suas aplicações da obra Design de cílios e sobrancelhas, base teórica desta
Unidade de Aprendizagem, conheça a história, as aplicações e as indicações do lash lifting, bem
como entenda a diferença entre essa nova técnica e o permanente de cílios. Além disso,
compreenda como se realiza a aplicação de coloração em cílios e sobrancelhas.

Boa leitura.
DESIGN DE CÍLIOS
E SOBRANCELHAS

Claudia Stoeglehner Sahd


Lash lifting e suas
aplicações
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Descrever história, aplicações e indicações do lash lifting.


 Diferenciar lash lifting de permanente de cílios: técnicas, produtos e
finalidades.
 Discutir a aplicação de coloração em cílios e sobrancelhas.

Introdução
Neste capítulo, você vai conhecer a história, as indicações e as aplicações
da técnica de lash lifting. Também vai verificar qual é a diferença entre o
lash lifting e o permanente de cílios em relação à técnica, aos produtos
utilizados e às finalidades de cada um. Por fim, você vai ver como é
realizada a aplicação de coloração em cílios e sobrancelhas.

1 Lash lifting
Os cílios formam a moldura natural dos olhos. Eles são projetados pelo próprio
corpo para fornecer proteção aos olhos, impedindo a passagem de agentes
estranhos, como poeira, microrganismos e até mesmo radiação ultravioleta
(UV). Mas, além de proteger, os cílios representam um importante atributo
de beleza: eles são reconhecidos por sua importância estética para mulheres e
homens. Por isso, é comum que se busque destacar e valorizar os cílios — e,
consequentemente, o olhar — por meio de alongamento, maquiagem e, mais
recentemente, tratamentos de lifting (SHIMIZU, 2017).
Quando se fala na história da beleza, o primeiro local que vem à mente
é o Antigo Egito. Por volta de 3.500 a.C., Cleópatra representava o auge da
beleza e dos cuidados com o corpo. Na época, não existiam os recursos de hoje,
então mulheres e homens improvisavam suas maquiagens e desenvolviam seus
2 Lash lifting e suas aplicações

próprios produtos para embelezamento. No Egito do tempo de Cleópatra, a


região dos olhos era muito valorizada. Uma marca registrada desse período é o
delineamento dos olhos com uma substância denominada “khol”, um composto
feito com argila e óleos. Esse composto, de cor preta, era aplicado ao redor
dos olhos. Vale ressaltar que a aplicação dessa mistura não era somente um
recurso de embelezamento, mas também uma forma de proteger a região dos
olhos contra o forte sol do deserto (BRAVO; BARBOSA, 2018).
Muitas publicações sobre moda datadas do final do século XIX ressaltam
modos de alongar cílios e embelezar a região dos olhos. Algumas técnicas
recomendavam o corte dos cílios em suas extremidades para induzir o cresci-
mento dos pelos, enquanto outras faziam alusão à lavagem dos cílios com uma
mistura de água e noz, além de sugerirem o uso de pomadas cuja composição
não é conhecida (SHIMIZU, 2017).
Em 1902, o famoso cabelereiro alemão Karl Nessler patenteou, no Reino
Unido, um método de tecer cílios e sobrancelhas artificiais (SHIMIZU, 2017).
Além disso, ele desenvolveu a primeira solução química de ondulação capilar,
que consistia em uma pasta de bórax (borato de sódio), que produzia ondas
duradouras. Esse foi o primeiro passo em direção à descoberta de que o cabelo
pode assumir uma forma permanente, ou seja, resistente à água, à lavagem e
a todas as possíveis influências atmosféricas. Mais tarde, essas alterações na
estrutura dos fios começaram a ser implantadas no embelezamento do olhar,
na forma de permanente de cílios (SAHD, 2018).
Com o passar dos anos, a indústria cosmética ganhou impulsou e passou
por diversas evoluções. Com isso, aumentou o acesso aos recursos de embe-
lezamento do olhar. Atualmente, muitas pessoas não medem esforços para
alcançar a beleza, buscando um olhar sensual com cílios retos ou curvados,
alongados e charmosos, como se estivessem o tempo todo utilizando curvex e
rímel. A técnica do permanente de cílios tem o intuito de acentuar a curvatura
dos cílios, proporcionando maiores luminosidade e expressividade ao olhar e
realçando a aparência do rosto.
Na busca pela melhor forma de embelezar o olhar, surge a técnica do lash
lifting, na Europa, como uma alternativa às extensões de cílios. Praticamente
todos os estúdios da Europa que realizam extensão de cílios também realizam
lash lifting. Afinal, eles criam os produtos mundialmente conhecidos para o
desenvolvimento da técnica.
No Brasil, o lash lifting chegou por meio de profissionais brasileiros que
foram à Europa buscar novas técnicas para oferecer aos seus pacientes. Eles
trouxeram em sua bagagem essa técnica que conquistou profissionais e pa-
cientes de forma rápida e trazendo resultados satisfatórios.
Lash lifting e suas aplicações 3

A técnica do lash lifting consiste na aplicação de produtos químicos espe-


cíficos que alteram as estruturas dos pelos que constituem os cílios. Assim, os
cílios podem ser moldados conforme o tamanho do molde utilizado, adquirindo
um aspecto impactante devido ao alongamento e à leve curvatura. Além disso,
os cílios recebem coloração e um tratamento ao final, o que possibilita um
efeito de máscara de cílios por várias semanas.

Como todas as técnicas utilizadas na área do embelezamento do olhar, o lash lifting


possui indicações e contraindicações. Ele é indicado para:
 quem deseja cílios alongados e com leve curvatura;
 quem não gosta da técnica de extensão de cílios;
 quem não gosta de utilizar rímel nem curvex;
 cílios que necessitam de reposição de massa.
Por outro lado, o lash lifting é contraindicado em caso de:
 pacientes oncológicos;
 hipersensibilidade nos olhos;
 alergia a algum componente da fórmula dos produtos;
 doenças oculares;
 excessivo lacrimejamento;
 conjuntivite;
 gestantes e lactantes;
 blefarite;
 alopecia;
 psoríase;
 glaucoma;
 herpes;
 síndrome do olho seco.

Técnica de lash lifting e coloração de cílios


Nos últimos anos, a procura por tratamentos e técnicas de embelezamento
se intensificou. Como a expectativa de vida do brasileiro tem aumentado,
as pessoas buscam qualidade e técnicas que melhorem a sua aparência. Os
profissionais da área de estética e embelezamento se veem na obrigação de
inovar e oferecer o serviço adequado à demanda do mercado.
A região dos olhos é naturalmente uma região de destaque na face, já que é
muito expressiva. Com as técnicas de embelezamento, essa área fica ainda mais
4 Lash lifting e suas aplicações

bonita e sensual, uma vez que o olhar fica mais aberto e levantado. A técnica
de lash lifting consiste em alongar, tratar e curvar de forma mais natural os
cílios, por isso ela é muito indicada para quem tem cílios retos e muito lisos e
deseja obter um olhar mais marcante. A tintura de cílios é um procedimento
que visa a pintar a região, deixando os cílios mais escuros, como se estivessem
permanentemente com máscara de cílios, o que pode ser muito conveniente
para quem tem uma rotina agitada.

Passo a passo do lash lifting


Antes de iniciar o procedimento, é fundamental ler o rótulo dos produtos, pois
ele reúne informações específicas e essenciais. Além disso, é sempre reco-
mendado fazer o teste de alergia no paciente antes de realizar o procedimento.
Ademais, ao iniciar o procedimento, o cliente deve estar ciente de que deverá
permanecer com os olhos fechados durante todo o processo.

Componentes do kit de lash lifting

Atualmente, existe grande diversidade de marcas no mercado. Em vista disso,


é importante você saber quais produtos devem integrar um kit de lash lifting.
Alguns kits vêm com itens extras, por isso a leitura do rótulo é fundamental
para a realização da aplicação. A seguir e na Figura 1, veja quais são os
materiais utilizados nessa técnica:

 solução permanente;
 solução neutralizante;
 removedor de cola;
 cola;
 loção demaquilante;
 loção tônica;
 soro fisiológico;
 palitos de madeira;
 bastonetes de algodão;
 protetor de pálpebra (patches);
 xampu de limpeza;
 luvas;
 algodão;
 tesoura;
 álcool 70%;
Lash lifting e suas aplicações 5

 toalha;
 cubeta;
 micropor;
 molde (pad/shield) em tamanho pequeno, médio e grande.

Figura 1. Materiais utilizados na técnica do lash lifting.


Fonte: Maria Sbytova/Shutterstock.com.

A seguir, veja o passo a passo da técnica de lash lifting.

1. A higienização das suas mãos deve ser realizada com sabonete. Na


sequência, aplique álcool 70%, friccionando as mãos para a correta
desinfecção. Por fim, calce as luvas.
2. Faça a limpeza adequada da região dos olhos: a aplicação de dema-
quilante é fundamental para a retirada de resíduos de maquiagem e
sujidades. Aplique o demaquilante suavemente, com o auxílio de um
algodão. Caso o cliente esteja de máscara de cílios, todo o produto
deve ser retirado. Em seguida, aplique uma solução de limpeza para
complementar a limpeza do demaquilante e eliminar substâncias oleosas
do local.
3. Com a região devidamente higienizada e o paciente de olhos fechados,
meça o tamanho do molde (com base no tamanho dos cílios do paciente).
Após a escolha do molde, isole os fios inferiores com as patches antes
de acoplar a shield, como mostra a Figura 2.
6 Lash lifting e suas aplicações

4. Em seguida, passe cola no molde e posicione-o rente aos cílios supe-


riores, apertando suavemente contra a pele para grudar. Na sequência,
com o auxílio de um palito de madeira, faça a aplicação de cola no
molde onde os cílios ficarão posicionados.
5. Após a aplicação da cola, espere alguns segundos para uma ligeira
secagem; quando a cola alcança o ponto de grude, é mais fácil prender
os cílios no molde. Com o auxílio do palito de madeira, cole os cílios
no molde.

Figura 2. Cílios colados no molde.


Fonte: Pixel-Shot/Shutterstock.com.

6. Com os cílios colados no molde, aplique uma pequena quantidade


de solução permanente com o auxílio do palito de madeira ou de um
bastonete de algodão (Figura 3). Depois da aplicação, deixe o produto
agir por um tempo que pode variar de 15 a 25 minutos (esse tempo
deve ser analisado conforme descrição na embalagem do produto e
de acordo com a espessura dos fios dos cílios do paciente). Para maior
conforto e melhor ação do produto, você pode colocar filme plástico
sobre os olhos do paciente.
Lash lifting e suas aplicações 7

Figura 3. Aplicação da solução permanente.


Fonte: Microgen/Shutterstock.com

7. Após o período de ação, passe um bastonete de algodão ou um pedaço


de algodão seco suavemente sobre os cílios, retirando o produto por
completo.
8. Na sequência, com o auxílio de um palito de madeira ou bastonete
de algodão, adicione a solução neutralizante sobre os cílios e deixe
agir por cerca de 15 minutos (esse tempo deve ser analisado conforme
orientação na embalagem do produto e de acordo com a espessura dos
fios dos cílios do paciente).
9. Novamente, passe um bastonete de algodão ou algodão seco suavemente
sobre os cílios, retirando o produto por completo.
10. Terminado o processo de transformação dos cílios, se inicia a coloração.
Prepare a tintura de acordo com a cor da pele e dos cabelos do paciente.
Realize a aplicação e aguarde o tempo de ação de 15 minutos. Ao final,
retire por completo a coloração.
11. Faça a aplicação do lash botox, com a finalidade de tratar os cílios. O
produto pode ser passado com bastonete de algodão em toda a região
dos cílios, com tempo de ação de 10 minutos. Na sequência, retire
por completo o produto; se algum resquício continuar nos fios, eles
podem quebrar.
8 Lash lifting e suas aplicações

12. Para finalizar o procedimento, com o auxílio do bastonete de al-


godão embebido na solução removedora de cola, cuidadosamente
descole os cílios do molde e então descole o molde da pele. Retire
completamente os resíduos de cola da região. Veja o resultado na
Figura 4, a seguir.

Figura 4. Antes e depois da técnica de lash lifting.


Fonte: Vadim Zakharishchev/Shutterstock.com.

Estrutura do fio
Assim como os cabelos e outros pelos do corpo, os cílios possuem três cama-
das: cutícula, córtex e medula, como você pode ver na Figura 5. A superfície
externa e protetora dos fios é a cutícula, não pigmentada e formada por escamas
recobertas diversas vezes umas pelas outras. Ela é constituída por três partes:
epicutícula (membrana que envolve as escamas), exocutícula (região medial e
frágil) e endocutícula (região interior e muito resistente).
A parte mais volumosa da haste do fio é o córtex, constituído por células
fusiformes queratinizadas formadas por macrofibrilas e microfibrilas, nas quais
estão os grânulos de pigmento (melanina), responsáveis pela cor dos fios. A
última porção da haste dos fios é a medula, formada por células anucleadas;
sua função não é clara com relação às propriedades físicas e químicas dos
fios (TORTORA, 2016).
Lash lifting e suas aplicações 9

Figura 5. Estrutura das camadas do fio dos cílios.


Fonte: Adaptada de logika600/Shutterstock.com.

O componente principal da fibra do fio é a queratina, uma proteína mecanica-


mente enrijecida que constitui cerca de 80% da massa total. A fibra do fio possui
em média 20 μm de diâmetro, sendo constituída de células mortas. Portanto, se
um corte for realizado no fio, será visualizada uma disposição de longas células
corticais envolvidas por uma substância intercelular rica em lipídios e proteínas.
Os lipídios constituem cerca de 3% da composição do fio e concedem imperme-
abilidade, garantindo a coesão da fibra. A combinação de lipídios gerados pela
glândula sebácea constitui um filme na superfície da pele e lubrifica a fibra do
fio, preservando sua flexibilidade e seu brilho. A melanina representa 1% da
composição total do fio, e a água constitui de 12 a 15% da composição.
Outros elementos são originários do ambiente ou vêm diretamente do
organismo e estão presentes em quantidades pequenas. Algumas substâncias
são trazidas pelo sangue e são incorporadas pelo fio durante sua formação.
A queratina é uma proteína estrutural e está disposta em uma conformação
α-hélice (KEDE; SABATOVICH, 2009).

As proteínas desempenham diversas funções biológicas, com propriedades e atividades


distintas. As proteínas são polímeros cujas unidades constituintes fundamentais são os amino-
ácidos. Os aminoácidos, por sua vez, são moléculas orgânicas que possuem, ligados ao mesmo
átomo de carbono (denominado “carbono α”), um átomo de hidrogênio, um grupo amina
e um grupo carboxílico, além de uma cadeia lateral R característica para cada aminoácido.
10 Lash lifting e suas aplicações

A estrutura do fio é formada por pontes dissulfeto (ligação S–S), e o que


determina a textura do fio (se lisa ou crespa) é a quantidade dessas pontes.
Assim, quanto mais pontes, mais crespo será o fio, e quanto menor a quanti-
dade de pontes dissulfeto, mais liso será o fio. As células do folículo piloso
produzem várias proteínas, sendo a queratina a mais expressiva. As proteínas
possuem átomos de enxofre (S); quando dois desses átomos de enxofre se
ligam, dão origem a uma ponte dissulfeto. Quando dois átomos de enxofre
da mesma proteína estiverem perto um do outro, a proteína se dobrará para
formar a ponte dissulfeto (HALAL, 2011).
Assim, quanto mais pontes existirem, mais átomos de enxofre estarão
próximos um do outro para se dobrar e formar as pontes dissulfeto. Todas
as cadeias polipeptídicas presentes na estrutura do fio estão organizadas
em paralelo e são ligadas por três tipos de pontes: ponte de dissulfeto ou
ligação de enxofre, ponte salina ou ligação iônica e ponte de hidrogênio
(Figura 6).

Figura 6. Pontes presentes na estrutura do fio.


Fonte: Adaptada de Halal (2011).
Lash lifting e suas aplicações 11

Processo de transformação do fio


O tioglicolato de amônio é um agente redutor ou transformador derivado de
duas substâncias, o hidróxido de amônia e o ácido tioglicolato. Ele é o agente
redutor mais utilizado para o lash lifting. O tioglicolato de amônio age no
córtex, quebrando as pontes dissulfeto entre os aminoácidos da cistina, gerando
a formação de duas cisteínas para cada cistina. Esse processo faz com que
a queratina se torne maleável para ser modelada (HALAL, 2011). No lash
lifting, os cílios são colados em moldes, de acordo com o seu tamanho, e isso
definirá como ficarão ao final do procedimento.
Depois de o agente redutor ou transformador dos cílios ser retirado, para
que ele pare de agir e interrompa seu processo de ação, é necessária a aplicação
de uma solução neutralizante, isto é, um oxidante (peróxido de hidrogênio ou
bromato de sódio). O oxidante atua de modo a regenerar as ligações dissulfeto,
o que resulta em um fio com nova forma (HALAL, 2011).
Essa ação é considerada e denominada “transformação definitiva”, visto
que, uma vez alteradas, as ligações dissulfeto não podem ser modificadas no-
vamente sem que ocorra uma quebra do fio. Por isso, é importante você explicar
o procedimento de forma clara ao paciente, para que ele entenda que somente
com o crescimento de novos fios e a queda dos antigos é que os fios voltarão
ao seu estado normal. Na Figura 7, a seguir, veja como os processos ocorrem.

Figura 7. Quebra e realinhamento das ligações dissulfeto do fio.


Fonte: Adaptada de Halal (2011).
12 Lash lifting e suas aplicações

2 Diferença entre lash lifting e permanente


de cílios
O lash lifting e o permanente de cílios são bastante parecidos em alguns pontos,
mas geram resultados diferentes. No permanente de cílios (Figura 8), ocorre
a transformação dos cílios com o intuito exclusivo de curvar os fios; para sua
realização, é utilizado o bobe ou bigudinho.

Figura 8. Cílios mais curvados, aspecto marcante da técnica de perma-


nente de cílios.
Fonte: Vadim Zakharishchev/Shutterstock.com.

Já no lash lifting, ocorre uma leve curvatura dos cílios, de modo que a
técnica levanta e alinha os cílios, proporcionando um aspecto de alongamento
natural. Para a realização da técnica, utiliza-se um molde de silicone em
formato mais natural e anatômico, o que facilita a execução e leva à obtenção
de um bom resultado. Na Figura 9, veja o resultado de um lash lifting; note a
curvatura do fio e a coloração mais forte.
Lash lifting e suas aplicações 13

Figura 9. Antes e depois do lash lifting.


Fonte: Vadim Zakharishchev/Shutterstock.com.

Nas duas técnicas, os produtos principais de transformação dos cílios são


iguais (cola, loção permanente ou transformadora e neutralizante); a diferença
é que no lash lifting existe um passo a mais, o lash botox. Nesse passo, ocorre
a reconstrução completa do fio dos cílios, propiciando a eles hidratação,
nutrição e um aspecto de renovação, bem como auxiliando na reposição de
massa e na reconstrução cuticular.

Nenhuma das duas técnicas causa dor ou desconforto, mas cada paciente deve ser
avaliado de forma individual. Você deve buscar sempre o melhor resultado, indepen-
dentemente da técnica realizada.
14 Lash lifting e suas aplicações

3 Aplicação de coloração em cílios


e sobrancelhas
Geralmente, a técnica de coloração de cílios e sobrancelhas é realizada após o
lash lifting, realçando ainda mais o alongamento e a leve curvatura alcançados.
No entanto, as técnicas também podem ser feitas separadamente. Para a tintura
dos cílios, é importante que a cor da tinta seja adequada à tonalidade do cabelo
e da pele do cliente. As tonalidades mais comuns são o castanho e o preto.

Componentes da coloração de cílios e sobrancelhas


Assim como existe o kit de lash lifting, há uma grande diversidade de tinturas
para cílios e sobrancelhas. Entretanto, a tintura é um produto único. Para
realizar o procedimento, é preciso adicionar uma pequena quantidade de água
oxigenada (peróxido de hidrogênio) a fim de fazer a mistura e aplicá-la nos
cílios e sobrancelhas, conforme orientação no rótulo do produto. Veja quais
são os materiais utilizados na técnica:

 tintura para cílios e sobrancelhas (lembre-se de que a tonalidade deve


estar de acordo com a cor da pele e dos cabelos do paciente);
 água oxigenada (peróxido de hidrogênio) 10 volumes;
 algodão;
 loção demaquilante;
 loção tônica;
 cubeta de vidro;
 pincel, bastonete de algodão ou escovinha.

A seguir, veja o passo a passo da tintura de cílios.

1. Caso o lash lifting tenha sido realizado anteriormente, a região já estará


higienizada e você pode pular essa etapa. Contudo, se apenas a tintura
for realizada, a higienização deverá ser feita com o auxílio de um
algodão e da solução demaquilante. Limpe a região completamente e
retire qualquer resíduo de maquiagem e sujidade.
2. Com o auxílio de um algodão, aplique a loção tônica cuidadosamente
sobre a região e complete o processo de limpeza retirando os resíduos
e as substâncias oleosas do local.
Lash lifting e suas aplicações 15

3. Antes de aplicar a tintura, posicione um pequeno pedaço de filme


plástico na região embaixo dos olhos ou utilize patches para que a
região não fique manchada.
4. Misture a tintura com a loção oxidante até obter um composto homogê-
neo. Então, aplique a mistura nos cílios ou sobrancelhas com o auxílio
de um bastonete de algodão ou de um pincel (Figura 10). Deixe agir
por cerca de 15 minutos.
5. Após o tempo de ação da tintura, com o auxílio de um algodão umede-
cido em água, retire o excesso de produto da região, tomando cuidado
para não deixar a pele manchada com a tinta. Depois de remover o
produto, retire o algodão ou o filme plástico da região inferior dos olhos.
6. Se necessário, aplique algumas gotas de soro fisiológico na região para
deixar os olhos limpos.

Figura 10. Aplicação da tintura nos cílios.


Fonte: Pixel-Shot/Shutterstock.com.

A finalização da técnica acontece com o produto regenerador, o lash bo-


tox. Esse produto contém ativos como queratina, vitaminas e ceramidas, que
proporcionam a hidratação e a nutrição profunda dos cílios. Além disso, a
aplicação do lash botox pode ser realizada separadamente do lash lifting.
Nesse caso, essa aplicação funciona como um tratamento para a reconstrução
completa dos cílios que passaram por agressões severas, colocação ou mau
uso de extensões, assim como uso excessivo do curvex.
16 Lash lifting e suas aplicações

BRAVO, M. P.; BARBOSA, L. S. Técnicas de embelezamento. Londrina: Editora e Distribui-


dora Educacional, 2018.
HALAL, J. Tricologia e a química cosmética capilar. São Paulo: Cengage Learning, 2011.
KEDE, M. P.; SABATOVICH, O. Dermatologia estética. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2009.
SAHD, C. S. Química capilar. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional, 2018.
SHIMIZU, D. Congresso internacional científico multidisciplinar em estética. São Paulo:
Triall, 2017.
TORTORA, G. J. Princípios de anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2016.

Leituras recomendadas
ABBAS, A. K.; KUMAR, V.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran patologia: bases patológicas das
doenças. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
BECKMANN, H.; RAWLINGS, K. The city and guilds textbook: level 2: beauty therapy for
the technical certificate. London: Hodder Education, 2017.
BRAVO, M. P.; BARBOSA, L. S. Moda e embelezamento. Londrina: Editora e Distribuidora
Educacional, 2017.
EXTENSÃO de cílios X lifting de cílios: saiba qual é mais indicado para você. Marie
Claire, 23 abr. 2018. Disponível em: https://revistamarieclaire.globo.com/Beleza/noti-
cia/2018/04/extensao-de-cilios-x-lifting-de-cilios-saiba-qual-e-mais-indicado-para-
-voce.html. Acesso em: 27 jul. 2020.
GOMES, A. L. O uso da tecnologia cosmética no trabalho do profissional cabeleireiro. São
Paulo: SENAC, 2006.
GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
RIBEIRO, C. J. Cosmetologia aplicada à dermoestética. 2. ed. São Paulo: Pharmabooks, 2010.

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cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
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local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
Dica do professor
Os pelos dos cílios têm grande importância na saúde do olhar, pois são responsáveis pela proteção
dos olhos, podendo, inclusive, servir como barreira para que poeira e microrganismos não entrem
nos olhos. Além disso, no visagismo, eles podem indicar traços marcantes e individuais para cada
pessoa. Por esse motivo, não há tamanho ou espessura ideal: o modelo ideal é aquele que melhor
transmite a imagem que o indivíduo busca. Baseada nesse conceito, surge a inovadora técnica
do lash lifting.

Nesta Dica do Professor, saiba mais sobre a aplicação da ficha de anamnese, o teste de contato, a
relação do visagismo com os cílios,
a escolha de molde e os avisos importantes ao paciente.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Introdução e história do lash lifting


Neste vídeo, acompanhe uma explicação sobre o lash lifting, sua indicação e a diferença entre este
procedimento e o permanente de cílios.

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5 erros no lash lifting que podem prejudicar seu atendimento


Neste vídeo, veja uma explicação sobre os cinco principais erros cometidos durante o atendimento
de lash lifting que podem causar danos ao seu atendimento.

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Lash lifting: composição, lash botox e remoção


Neste vídeo, entenda a composição dos principais agentes transformadores presentes no lash
lifting, assim como aspectos importantes relacionados ao passo da técnica que corresponde ao
tratamento.

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Anatomia e fisiologia das pálpebras
Neste vídeo, aprenda mais sobre a anatomia e a fisiologia das pálpebras, conhecendo
profundamente as estruturas que as compõem.

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Brow lamination - guia passo a passo como fazer


Neste vídeo, acompanhe uma explicação e um guia do passo a passo de como realizar uma nova
técnica para sobrancelhas, a brow lamination.

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Passo a passo brow lamination


Neste vídeo, veja o passo a passo do brow lamination, uma técnica para sobrancelhas.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

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