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Introdução
Depois de décadas de padrões de beleza, o conceito do visagismo surge
para acabar com a padronização do conceito de beleza, pois busca a
adequação da imagem conforme a personalidade e profissão de cada
pessoa, destacando os pontos fortes e deixando menos evidentes os
pontos fracos, pois cada indivíduo pode ser belo e único.
O visagismo permite que o profissional use do seu conhecimento téc-
nico para ajudar o seu cliente a definir o que ele quer expressar através da
sua imagem. O rosto é a identidade da pessoa e qualquer mudança visual
altera essa concordância. Por isso, a importância do papel do visagista,
pois o profissional que não trabalha com os conceitos do visagismo pode
influenciar negativamente na vida profissional ou pessoal do indivíduo.
Por outro lado, o profissional que se baseia neste conceito pode mudar
a vida das pessoas para melhor, e, para que se obtenha êxito, ele deve
estar aberto ao novo, deixando de lado seus gostos pessoais e traba-
lhando seus conhecimentos para criar a imagem pessoal mais adequada
para seu cliente. Para tal, é de suma importância que o profissional tenha
bem consolidados os conceitos e princípios do visagismo para aplicar as
técnicas de forma prática e assertiva em seus atendimentos.
2 Introdução, princípios e linguagem visual
Segundo Fernand Aubry, “não existe mulher sem beleza, somente belezas que não
foram reveladas. Cada rosto é único”. Confira um exemplo da prática do visagismo
na Figura 1.
Hoje, Hallawell continua sendo uma referência no Brasil, onde ministra cursos, participa
com workshops em feiras e seu livro, Visagismo: harmonia e estética é uma verdadeira
bíblia para os visagistas, pois explica todo o conceito, uma obra que vale muito a
pena a leitura.
Qual seria este padrão de beleza o qual foi imposto por gerações? A pro-
porção áurea ou número de ouro define o conceito de beleza, que foi criado
na antiga Grécia, sendo uma constante real algébrica irracional, na qual nunca
existirá algo que tenha rigorosamente o mesmo valor do número de ouro. Nesse
conceito, o belo é definido pelo equilíbrio geométrico, ou seja, a harmonia
das partes do rosto, quanto mais as medidas de um rosto chegarem próximas
do número de ouro mais simétricas e proporcionais serão.
Hoje, o cabeleireiro francês Claude Juillard, discípulo de Fernand Aubry,
viaja o mundo todo popularizando o visagismo através do método que desen-
volveu ao longo de 10 anos. A seguir, na Figura 2, um exemplo das proporções
ideais de um rosto para o visagismo.
4 Introdução, princípios e linguagem visual
cimento do visagismo. Essas são algumas das áreas que podem e já aplicam
os conceitos do visagismo: beleza, estética, cirurgia plástica, consultores de
imagem, moda, entre várias outras.
Linguagem visual
A linguagem visual é todo tipo de comunicação não verbal, ou seja, uma
comunicação que se apresenta através de imagens e símbolos. E essas imagens
e símbolos são compostos por vários elementos, sendo alguns deles: linhas,
formas, cor, textura, direção e proporção. Esses elementos são sempre usados
para transmitir alguma sensação (HALLAWELL, 2010a).
Na linguagem visual se utiliza apenas do contato visual, sem qualquer tipo
de comunicação oral, verbal nem movimentos.
Reagimos emocionalmente às linhas e seus significados, é uma linguagem
visual básica e comum a todos, não necessita ser ensinada, afetando seu
comportamento e seus relacionamentos (HALLAWELL, 2010a).
No modelo demonstrado na Figura 3, é possível verificar um exemplo de
linguagem visual.
Você sabia que o visagismo masculino está em alta? Os homens estão mais preocupados
com a imagem pessoal e hoje já existem barbearias com profissionais visagistas que
aplicam os conceitos para a escolha do melhor corte e formato de barba, conforme
os traços do rosto e as necessidades do cliente (Figura 4).
Símbolos arquétipos
Os símbolos arquétipos são modelos ideais que possuímos em nosso inconsciente
e esses modelos podem ser positivos ou negativos, sendo milenares e podem
ser muito úteis em nossa vida pessoal, como profissional. Eles funcionam como
“gatilhos naturais”, antes que possamos pensar sobre a imagem que estamos vi-
sualizando, reagimos emocionalmente ao seu significado arquétipo. Os símbolos
arquétipos da imagem de uma pessoa afetam a maneira como os outros reagem
a essa pessoa. Reagimos emocionalmente não somente às linhas e formatos
geométricos que percebemos no rosto, mas também as feições, corte de cabelo,
sobrancelhas, barba, bigode, maquiagem e acessórios (HALLAWELL, 2010a).
Introdução, princípios e linguagem visual 7
Linhas e formas
Conforme Hallawell (2010a), as linhas e formas são assim classificadas:
Você sabia que hoje já se aplicam os conceitos do visagismo nas técnicas de extensão
de cílios? Faz muita diferença quando o profissional usa o visagismo para escolher o
formato e tamanho de cílios que vai valorizar mais aquele rosto e também para que
transmita a imagem escolhida pela cliente.
Na ilustração da Figura 6 podemos ver os formatos de cílios e seus efeitos, que podem
ser naturais, sensuais, aumentar o olhar e até mesmo levantar o olhar.
Imagem pessoal
A imagem pessoal é composta por símbolos universais que estão em todos
os traços faciais, cabelo, roupas e acessórios e que são compreendidos por
todos da mesma maneira, os símbolos arquétipos. Quando você olha para uma
pessoa a primeira coisa que faz é reagir emocionalmente às linhas e formatos
que compõem o seu rosto, cabelos e acessórios. Você deve lembrar de ter tido,
em alguma situação, uma impressão de uma pessoa sem ao menos ter falado
com ela, e depois de trocarem algumas palavras você percebeu que ela era
totalmente diferente do que você tinha “imaginado”. Pois bem, na verdade
você estava reagindo emocionalmente aos traços e linhas que você identificou
inconscientemente naquela pessoa. O que acontece na maioria das vezes é que a
sua imagem exterior não reflete a sua imagem interior (HALLAWELL, 2010b).
Por isso, de certa forma, a imagem pessoal é uma máscara, e essa máscara
pode ser positiva ou negativa, estabelecendo identidade, destacando pontos
fortes, mas também esconde parte da pessoa (MOLINOS, 2011). A maquiagem,
por exemplo, que deriva da palavra masque e significa máscara em francês, nos
possibilita formar essa “máscara” através de linhas e formas que expressem
as emoções que desejamos.
Ao criar uma imagem pessoal, o profissional deve ter total domínio da lin-
guagem visual, para que expresse algo realmente fiel à sua personalidade, pois
caso contrário não conseguirá uma imagem pessoal atrativa. Estabelecer uma
identidade própria é fundamental, pois esta imagem afeta o comportamento, as
relações e a autoestima de qualquer pessoa. Para que o profissional visagista
consiga criar uma imagem pessoal única e de acordo com a personalidade
desta pessoa, ele precisa saber o que ela deseja expressar, o que ela gostaria de
exteriorizar (HALLAWELL, 2010a). Além disso, ainda temos a autoimagem,
que nada mais é do que como cada pessoa se enxerga diante do espelho.
Em alguns casos, a autoimagem de uma determinada pessoa pode estar
totalmente destorcida devido a problemas psicológicos e de baixa autoestima,
e isso de certa forma dificulta o trabalho do profissional, pois por mais que
ele mude, mesmo que ele transforme a sua imagem, ela sempre vai enxergar
os mesmos defeitos que lhe incomodam. O equilíbrio da imagem do próprio
rosto com a autoimagem que a pessoa tem de si eleva a autoestima, o que é
extremamente necessário para a saúde mental, emocional e física (HALLA-
WELL, 2010a).
Introdução, princípios e linguagem visual 11
Imagine uma pessoa que não se sente bem em frente ao espelho, não gosta do que
vê e não se reconhece diante da imagem refletida. Essa pessoa provavelmente não
tem um bom desempenho em suas atividades, pois não se sente confortável consigo
mesma. O visagista tem o papel muito importante de encontrar uma imagem pessoal
que reflita a verdadeira personalidade da pessoa.
https://qrgo.page.link/d7U9v
12 Introdução, princípios e linguagem visual
BULBO RAIZ. Visagismo: tudo que você precisa saber sobre ele. [201-]. Disponível em:
https://bulboraiz.com.br/sem-categoria/visagismo-o-que-voce-precisa-saber. Acesso
em: 21 maio 2019.
HALLAWELL, P. Visagismo: harmonia e estética. 6. ed. São Paulo: SENAC, 2010a.
HALLAWELL, P. Visagismo integrado: identidade, estilo e beleza. 2. ed. São Paulo: SENAC,
2010b.
MOLINOS, D. Maquiagem. 11. ed. São Paulo: SENAC, 2011.
ZAHIR, I. Implante de barba “hipster” é nova mania entre britânicos e americanos. 2014.
Disponível em: https://gq.globo.com/Corpo/Cuidados/noticia/2014/03/implante-
-de-barba-hipster-e-nova-mania-entre-britanicos-e-americanos.html. Acesso em:
21 maio 2019.
PROJETO DE
INTERIORES
COMERCIAIS
Vanessa Guerini
Scopell
Identidade e
comunicação visual
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar os conceitos de identidade e comunicação
visual, entendendo a sua importância e relação com o design de interiores
em espaços comerciais. Além disso, identificará quais são os aspectos e as
formas de comunicação visual que podem gerar sensações nos usuários,
contribuindo para um espaço comercial adequado.
agregar valor comercial. Segundo Caina (2013), esse campo do design abrange
vários modelos de comunicação, aproximando-se, por vezes, do marketing, e
envolve anúncios nos jornais, artes de rua, fachadas de loja, entre outros. Para
aliar as identidades visuais a um espaço comercial, entra em cena o design
de interiores, ou a própria arquitetura. É nessa interação que a comunicação
visual deve ser mais efetiva, visando atingir os seus propósitos e chegar de
forma eficaz aos seus consumidores.
Onofre (2012, p. 11) afirma que:
Entre os meios que podem ser utilizados para comunicar a identidade visual,
está o espaço construído; a imagem de uma empresa pode ser muito bem
representada através de seus ambientes de comércio e serviços. [...] Pressupõe-
-se, portanto, que numa sociedade em que a cultura do consumo ainda está
fortemente embasada nas experiências, o ambiente deve ser considerado um
fator digno de reflexão no contexto da identidade visual (ONOFRE, 2012, p. 11).
identidade cultural;
identidade verbal;
identidade visual;
identidade objectual;
identidade ambiental;
identidade comunicacional.
a importância do que chama de design global, que tem como principal carac-
terística a integração com várias disciplinas, e defende que esse conceito pode
se manifestar de maneira muito significativa nas empresas.
Para Peón (2009, p. 12), a identidade visual “[...] é um dos veículos que
geram a imagem corporativa”. A autora afirma que qualquer coisa que possui
componentes que a identificam visualmente pode ser uma identidade visual,
a qual pode ser mais fraca ou mais forte, dependendo do nível de atenção que
desperta. Entretanto, Peón ressalta que, profissionalmente, “[...] considera-se
identidade visual aquele componente de singularização visual que é formado
por um sistema expressamente enunciado, realizado voluntariamente, planejado
e integrado por elementos visuais de aplicação coordenada” (PEÓN, 2009,
p. 10). Outro aspecto levantado por Peón (2009) diz respeito ao objetivo da
identidade visual de uma empresa, que, segundo a autora, deve influir no
posicionamento da instituição junto aos similares ou à concorrência.
Tratando-se da identidade e comunicação visual voltada para espaços
comerciais, é importante relacionar uma marca a um lugar. Mourão e Ca-
valcante (2011, p. 208) afirmam que “[...] a construção da identidade de lugar
está relacionada à percepção de um conjunto de cognições e ao estabeleci-
mento de vínculos emocionais e de pertencimento relacionados aos entornos
significativos para o sujeito”. Nesse sentido, as identidades dos espaços podem
influenciar a identidade do próprio usuário.
Com isso, pode-se afirmar que a arquitetura tem importante papel na cria-
ção da identidade visual desses ambientes. Hertzberger (1996, p. 169) afirma
que “[...] recursos arquitetônicos permitem sensações graduais de maior ou
menor interioridade ou exterioridade, se prestam a evocar imagens e estimular
determinado tipo de uso”. Por isso que, segundo o autor, o arquiteto deve criar
espaços comerciais nas proporções e com equilíbrio adequados, considerando
alguns fundamentos e aspectos na hora de propor esses locais internos.
Para Onofre (2012), uma arquitetura voltada para a valorização da identidade
visual deve ser especial, com elementos interativos que possam atrair e persuadir
o usuário e comprador. Segundo ele, os espaços comerciais elaborados estrate-
gicamente se tornam interessantes e passam a ser pontos turísticos, pois além
de oferecerem produtos, possuem áreas de experimentação, equipamentos e
mobiliários adequados, entretenimento e descanso, promovendo o movimento e
o dinamismo no espaço. Para o autor, esses projetos devem valorizar os produtos,
destacá-los, de maneira a torná-los mais vivos e convidativos. Outro fundamento
importante é a utilização de cores, materiais e revestimentos do mesmo estilo
da identidade visual; ou seja, o espaço comercial deve traduzir perfeitamente os
valores da marca, o estilo, a sua visão e o seu posicionamento de mercado. Para
4 Identidade e comunicação visual
vivência de compra a mais do que uma simples relação de troca e, com isso,
acaba fidelizando os clientes.
[...] uma experiência subjetiva que envolve a pessoa toda, a mente e o corpo. É
uma reação complexa desencadeada por um estímulo ou pensamento e envolve
reações orgânicas e sensações. É uma resposta que envolve diferentes com-
ponentes, nomeadamente uma reação observável, uma excitação fisiológica,
uma interpretação cognitiva e uma experiência subjetiva.
p. 17), “[...] provoca uma série de associações psicológicas que [...] criam
um sentimento de familiarização com a marca”. De acordo com Cardoso
(2004, p. 501), a publicidade, em geral, pode ser dividida em duas categorias,
racional e emocional, isto é, o pensar e o sentir. O uso do apelo emocional em
uma publicidade desperta mais a atenção do público do que apenas o apelo
racional. Segundo Lopes (2015), é possível atribuir às emoções as decisões
que tomamos, assim como muitos dos nossos comportamentos. “As emoções
são instintivas e o processo de reação emocional envolve várias reações:
orgânicas, bioquímicas e comportamentais. É de salientar que estas são
possíveis de observar externamente”, conforme afirma Lopes (2015, p. 17).
Saad (2011) destaca pelo menos seis componentes que, quando utilizados nos
projetos de interiores comerciais, aliados à identidade visual da empresa, têm
forte apelo às emoções dos indivíduos. Esses condutores do apelo emocional
são mostrados na Figura 2.
ADAMSON, A. P. Brand simple: how the best brands keep it simple and succeed. New
York: Palgrave MacMillan, 2006.
CAINA, A. P. Fundamentos Básicos em Design e tipos de design. Oficina da Net, 4 mar.
2013. Disponível em: <https://www.oficinadanet.com.br/post/10026-fundamentos-
-basicos-em-design-e-tipos-de-design>. Acesso em: 10 set. 2018.
CARDOSO, R. Uma introdução à história do design. São Paulo: Edgard Blucher, 2004.
COSTA, J. Imagem global, design total: os seis componentes da identidade corpora-
tiva. In: Conferência Internacional em Design e Artes Gráficas, 1., 2010, Lisboa. Anais...
Portugal: ISEC/IPT, 2011.
DAVIDSON, W. R. Retailing management. 6. ed. Nova York: John Wiley & Sons, 1988.
ENTENDA o poder da identidade visual para o seu negócio. Omni Arquitetura Comercial,
Juiz de Fora, [2018]. Disponível em: <http://www.omniac.com.br/blog/entenda-o-
-poder-da-identidade-visual-para-o-seu-negocio/>. Acesso em: 10 set. 2018.
FORTY, A. Objetos de desejo: design e sociedade desde 1750. São Paulo: Cosac Naify, 2007.
HERTZBERGER, H. Lições de arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
KLINGMANN, A. Brandscapes: architecture in the experience economy. Cambridge:
The MIT Press, 2007.
Identidade e comunicação visual 13
Introdução
A educação para cegos, no Brasil, começou no século XIX, com a criação do
Imperial Instituto dos Meninos Cegos. Nos mais de 150 anos que se passa-
ram desde então, vemos que esse tipo de educação é um processo ainda
em discussão e que apresenta muitas dificuldades no contexto brasileiro.
A partir da Declaração de Salamanca, em 1994, os deficientes visuais
passaram a integrar escolas regulares e, com isso, os educadores passaram
a buscar a melhor forma de atingir esse público. A Educação Física, nesse
contexto, é vital e salutar para os deficientes visuais, que precisam participar
de suas aulas tanto pelo aspecto motor quanto pelo cognitivo e pelo social.
Neste capítulo, você vai compreender os conceitos de deficiência
visual, bem como reconhecer os seus diferentes graus e, ainda, programar
atividades físicas inclusivas para pessoas com esse tipo de deficiência.
O Imperial Instituto dos Meninos Cegos passou a se chamar Instituto Benjamin Constant
(IBC) (Figura 1) em 1891. Além de ser uma referência no atendimento a deficientes visuais,
o Instituto oferece cursos de formação relacionados à área para profissionais da saúde
e da educação. Também oferece consultas oftalmológicas, serviços de reabilitação e
produção de materiais pedagógicos para a área da deficiência visual.
Apesar de o IBC ser uma inspiração para a criação de mais escolas para
deficientes visuais no Brasil, o atendimento, nessa e em outras instituições, nem
sempre foi o adequado. Por muito tempo, os cegos foram excluídos das escolas
regulares ou segregados, podendo frequentar apenas as classes especiais.
Apenas nos anos 1950, em São Paulo, de forma experimental, surgiu “[...]
a primeira sala de recursos para deficientes visuais estudarem em classes
comuns” (MASINI, 2013, p. 50 apud PIRES, 2014). Pires (2014) aponta que,
nessa mesma década, em 1958, criou-se a Campanha Nacional de Educação
e Reabilitação de Deficientes da Visão, inspirada na campanha iniciada pelo
IBC, posteriormente chamada de Campanha Nacional de Educação de Cegos
(CNEC), vinculada diretamente ao gabinete do ministro da Educação. Essa
campanha visava fortalecer a formação de professores para trabalhar com os
deficientes visuais.
Esses movimentos educacionais ganham força e aliados importantes no
campo social nos anos 1980, buscando, assim, a inclusão dos deficientes visuais
tanto nas escolas quanto nas demais áreas. A inclusão efetiva dessas pessoas
na escola passou a ser garantida apenas em 1994, a partir da promulgação da
Declaração de Salamanca, na Espanha.
Mas, afinal, você sabe o que é deficiência visual exatamente? Vamos,
agora, ver alguns conceitos relativos a esse tema.
Segundo Van Munster e Almeida (2008), há uma enorme variedade de
definições que, frequentemente, geram dúvidas sobre o que é deficiência visual,
sobre quando uma pessoa possui, ou não, essa deficiência. Conforme os mesmos
autores, “[...] a deficiência visual é caracterizada pela perda parcial ou total da
capacidade visual em ambos os olhos, levando o indivíduo a uma limitação
em seu desempenho habitual” (VAN MUNSTER; ALMEIDA, 2008, p. 29).
O Decreto 5.296/04 define que, no Brasil, uma pessoa é considerada de-
ficiente visual quando se enquadra em uma das seguintes características:
cegueira, na qual a acuidade visual — capacidade do olho de distinguir detalhes
como forma, cores e tamanhos —, medida via exame oftalmológico, é igual
ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; baixa visão,
que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor
correção óptica; casos nos quais a somatória da medida do campo visual — o
quanto o olho consegue perceber em extensão angular de um ambiente, também
medido via exame oftalmológico —, em ambos os olhos, é igual ou menor
que 60º; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores
(BRASIL, 2004).
4 Deficiência visual
Baixa visão
Corn apud Van Munster e Almeida (2008) definem as pessoas com baixa visão
como aquelas que têm dificuldade para desempenhar tarefas visuais, mesmo
com a prescrição de lentas corretivas, mas que podem aprimorar sua capacidade
de realizar tais tarefas com a utilização de estratégias visuais compensatórias
e modificações ambientais. Gil (2000) sublinha que, na baixa visão, as pessoas
possuem um rebaixamento significativo da acuidade visual, no campo visual,
na sensibilidade de contrastes e de limitação de outras capacidades.
Segundo Coicev (2018, documento on-line):
[...] baixa visão se aplica aos casos em que, com a melhor correção, [o indi-
víduo] tenha ainda no máximo 30% da visão normal, mesmo com o uso de
lentes convencionais, ou após tratamento clínico e/ou cirúrgico, utilizando
recursos visuais especiais para leitura e escrita.
Gil (2000) aponta que uma pessoa com baixa visão tem dificuldade para
enxergar com clareza suficiente, para contar os dedos da mão a uma distância
de três metros, à luz do dia — ou seja, apresenta apenas resíduos de visão.
A autora aponta que, nos tempos atuais, tem havido uma modificação no
pensamento referente a essas pessoas:
Como exemplo de auxílios ópticos, temos diferentes tipos de óculos, lupas (Figura 3)
e telescópios. Os auxílios não ópticos podem ser, por exemplo, a ampliação de livros e
cadernos com pautas mais grossas. Também se destaca o avanço da tecnologia, como
no caso da informática, com a criação de programas que favorecem a visualização
e a leitura.
Gil (2000) ainda aponta que as pessoas com baixa visão apenas distinguem
vultos, a claridade ou objetos a pouca distância, pois a visão se apresenta
embaçada, diminuída e restrita.
Cegueira
A pessoa cega é aquela cuja percepção de luz, embora possa auxiliá-la em seus
movimentos e orientações, é insuficiente para a aquisição de conhecimento
por meios visuais, necessitando utilizar o sistema braille em seu processo
de ensino-aprendizagem (BARRAGA apud VAN MUNSTER; ALMEIDA,
2008, p. 37).
Já para Coicev (2018, documento on-line), “[...] cegueira é a ausência total
de visão, até a perda da capacidade de indicar projeção de luz, utilizando o
sistema braille como principal recurso para leitura e escrita”. Para Diehl (2006,
p. 62), “[...] cegueira é ausência ou perda da visão em ambos os olhos, ou um
campo visual inferior a 0,1 graus no melhor olho, mesmo após a correção,
não excedendo a 20 graus no maior meridiano do melhor olho, mesmo com o
uso de lentes para a correção”.
A cegueira, assim como a baixa visão, pode ser congênita ou adquirida, e
isso pode resultar em diferenças ao longo da vida:
O indivíduo que nasce com o sentido da visão, perdendo-o mais tarde, guarda
memórias visuais, consegue se lembrar das imagens, luzes e cores que conhe-
ceu, e isso é muito útil para a sua readaptação. Quem nasce sem a capacidade
da visão, por outro lado, jamais pode formar uma memória visual ou possuir
lembranças visuais (GIL, 2000, p. 8).
https://goo.gl/4g8TD4
Nó no lenço
Número de participantes: livre.
Material: apitos e vários lenços ou fitas.
Local: quadra ou sala.
Formação dos alunos: colunas ou fileiras.
Descrição do jogo: os alunos ficam sentados em seus lugares, em
colunas ou fileiras com igual número de integrantes, representando
as equipes. O último de cada coluna ou fileira estará segurando um
lenço e o primeiro, um apito. Ao sinal dado, aqueles que têm o lenço
na mão atam-no ao braço direito do colega da frente, fazendo um nó
entre o cotovelo e o ombro; o aluno desata o nó do seu braço com a
mão esquerda, ata-o no colega da frente e, assim, sucessivamente,
até que o primeiro dê o sinal de que sua equipe terminou. Vence a
equipe que apitar primeiro.
Em situação de inclusão: o aluno não deficiente visual não poderá olhar
quando for amarrar o lenço ou a fita nem quando for desamarrá-los,
mantendo o rosto voltado para o outro lado (DIEHL, 2006).
Passa a bola
Números de participantes: livre.
Material: bolas com guizo (caso não tenha bola com guizo, a bola poderá
ser colocada dentro de sacolas plásticas).
Descrição do jogo: são formadas duas ou mais colunas com o mesmo
número de participantes. O primeiro integrante de cada coluna deverá
estar com a bola, que deverá ser passada entre as pernas ao colega
de trás até chegar ao último da coluna; esse irá devolver por cima da
cabeça até chegar ao primeiro da coluna. Na mesma ordem, logo em
seguida, deve passar a bola pelo lado direito, retornando pelo lado
esquerdo. Vence a coluna que terminar a sequência em primeiro lugar,
gritando o nome de sua equipe. Os alunos videntes auxiliarão os alunos
cegos e com baixa visão a pegar a bola por meio de comunicação
verbal (DIEHL, 2006).
Deficiência visual 13
Leitura recomendada
GORGATTI, M. G.; COSTA, R. F. Atividade física adaptada: qualidade de vida para pessoas
com necessidades especiais. 2. ed. Barueri: Manole, 2008.
SILVA, L. G. S. Orientações para atuação pedagógica junto a alunos com deficiência:
intelectual, auditiva, visual, física. Natal: WP, 2010.
Conteúdo:
PRODUÇÃO DE
IMAGEM NA
PROPAGANDA
Introdução
A imagem publicitária é uma ferramenta eficaz e rápida para divulgação
de produtos, serviços, conteúdo organizacional, entre outros, que esta-
belece uma ligação direta entre marca e público. A presença da imagem
no contexto publicitário demonstra a importância da percepção visual,
pois, para a compreensão da ideia, é preciso um esforço complexo, rela-
cionado ao modo de transmitir a mensagem e à experiência e à bagagem
cultural do receptor.
Neste capítulo, você compreenderá o conceito de percepção visual
e verá quais os principais elementos que compõem esse processo inter-
pretativo, bem como analisará fotografias, ilustrações e outras linguagens
gráficas a partir dos conceitos de percepção visual, principalmente sob
a ótica da Gestalt e da semiótica.
2 Conceitos de percepção visual
Leis da Gestalt
Para entender melhor como funciona o princípio das Leis da Gestalt e todas
as suas principais propriedades, veja, a seguir, cada uma dessas preposições
e observe a Figura 1.
A parceria surgiu com a proposta de apresentar a arte das ruas para as pessoas em
espaços que fugiam do convencional. Para alcançar essa missão, os irmãos foram
convidados a transformar uma aeronave em tela. Eles já haviam pintado áreas extensas,
como edifícios, mas nunca em um formato tão inusitado. Segundo Os gêmeos, o projeto
precisou de 100 horas para ser concluído e foi uma das experiências mais difíceis da
carreira dos artistas. Como resultado, o avião se transformou em uma obra de arte
voadora e ganhou mais visibilidade ainda por ser a aeronave que transportou a seleção
brasileira de futebol durante a Copa do Mundo de 2014, no Brasil. O trabalho d’Os
gêmeos pode ser contemplado na figura a seguir (BORGES, 2014, documento on-line):
AMBROSE, G.; HARRIS, P. Imagem. Porto Alegre: Bookman, 2009. 176 p. (Coleção Design
Básico).
ASSOCIAÇÃO MÉDICA DE BRAS. Saiba Diferenciar Dengue, Zika e Chikungunya. Medium,
[S. l.], 9 dez. 2016. Disponível em: https://medium.com/@ambr/saiba-diferenciar-dengue-
-zika-e-chikungunya-f432abdf0136. Acesso em: 5 mar. 2020.
BORGES, B. A seleção voará em avião pintado pelos grafiteiros Os Gêmeos. El País,
Madrid, 26 maio 2014. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2014/05/26/
cultura/1401128429_325663.html. Acesso em: 5 mar. 2020.
DONDIS, D. A. Sintaxe da linguagem visual. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003. 236 p.
20 Conceitos de percepção visual
Leituras recomendadas
GARDNER, H. A nova ciência da mente: uma história da revolução cognitiva, 3. ed. São
Paulo: Edusp, 2003. 456 p.
GOMES FILHO, J. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma. 9. ed. São Paulo:
Escrituras, 2009. 133 p.
OLIVEIRA, S. R. Imagem também se lê. São Paulo: Rosari, 2009. 194 p.
Conceitos de percepção visual 21
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TEORIA E
PRÁTICA DA COR
Carolina Corso
Rodrigues Marques
O papel do sistema visual
e a temperatura de cor
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, você verá que o sistema visual é considerado, entre os
sistemas sensoriais, o mais complexo. Seu funcionamento envolve várias
estruturas e mecanismos para a obtenção de informações ambientais,
que são obtidas por meio da refração da luz, proveniente das superfícies,
objetos, plantas, animais, etc. Constante em projetos luminotécnicos, a
temperatura de cor de uma fonte luminosa é uma importante caracte-
rística, pois está diretamente ligada a sua aplicação. A temperatura de
cor expressa a aparência da cor emitida pela fonte de luz.
Características da cor
As cores são impressões de faixas luminosas captadas pelos olhos, ou seja,
elas designam uma sensação visual que ocorre na presença de luz. A palavra
cor vem do latim color e significa cobrir, ocultar. As cores correspondem
aos fenômenos físicos gerados pela luz, na qual a cor branca, responsável por
originar a luz, representa a união das sete cores do espectro (vermelho, laranja,
amarelo, verde, azul, anil e violeta) e, a cor preta, representa a ausência de
cor ou de luz (LEÃO, 2017).
Matiz
Matiz é o estado puro da cor, sem o branco ou o preto agregado. É um atributo
associado com a longitude de onda dominante na mistura das ondas lumino-
sas. O matiz se define como um atributo de cor que nos permite distinguir o
vermelho do azul, e se refere ao percurso que faz um tom para um ou outro
lado do círculo cromático, pelo qual o verde amarelado e o verde azulado serão
matizes diferentes do verde, por exemplo (MORENO, 2008).
Luminosidade ou brilho
A luz é formada por um grande número de minúsculas partículas elementares
denominadas fótons. A luminosidade ou brilho de uma cor é proporcional
ao número de fótons da luz que a superfície reflete ou emite. Ela se refere à
quantidade de luz, que determina quão clara ou escura é a cor. A luminosidade
ou brilho corresponde a um valor: um tom pertencente a uma escala acromática
entre o branco (luminosidade máxima) e o preto (luminosidade mínima), ao
qual a cor corresponde ao se considerar apenas o brilho, desconsiderando o
matiz. Trata-se do tom que a cor assumiria em uma versão em preto e branco
(MORENO, 2008).
Matizes diferentes podem refletir a mesma energia luminosa e assim
corresponder ao mesmo valor. À medida que se agrega mais preto a uma cor,
intensifica-se essa obscuridade e se obtém um valor mais baixo. À medida
que se agrega mais branco a uma cor, intensifica-se a claridade da mesma,
obtendo-se valores mais altos. Duas cores diferentes (como o vermelho e o
azul) podem chegar a ter o mesmo tom, se consideramos o conceito como o
mesmo grau de claridade ou obscuridade com relação à mesma quantidade de
branco ou preto que contenha segundo cada caso (MORENO, 2008).
Podemos assim chegar a uma conclusão: Uma das principais utilizações que
se desprendem deste estudo é a capacidade de representar profundidade mediante
a correta utilização dos valores de cinzas ou valores de cor numa pintura.
Saturação ou croma
A saturação ou croma define o grau de pureza da cor. É o máximo que uma cor
pode conter de si mesma. Entretanto, nos materiais de cor, o estado de pureza
absoluta se reduz a uma hipótese abstrata, uma vez que eles não refletem apenas
um raio luminoso, mas um conjunto de radiações luminosas, com predomínio
daquela que especifica o seu matiz. Cores “puras” mescladas com branco ou
com cinza ou com preto ficam empobrecidas em sua saturação. Misturadas
com outros matizes, mesmo que em pequenas quantidades, desviam-se da
sua cor original, alterando, inclusive, a sua luminosidade. O nível mais baixo
de saturação se obtém mesclando uma cor com a sua cor complementar, em
partes iguais.
A sensação de pureza de uma cor não se explica somente em termos
físicos: os fatores que afetam a percepção visual como os contrastes, a aco-
modação, as relações entre figura e fundo, também interferem na saturação
(LEÃO, 2017).
Para obter maior pureza de um pigmento, convém aplicá-lo sobre uma
superfície branca, em uma camada de espessura tal que a luz incidente possa
penetrar até o plano do fundo e retornar. A superposição de camadas poderá
A saturação também pode ser definida pela quantidade de cinza que contém
uma cor: quanto mais cinza ou mais neutra for, menos brilhante ou menos
“saturada” é. Igualmente, qualquer mudança feita a uma cor pura automa-
ticamente baixa sua saturação. Por exemplo, dizemos “um vermelho muito
saturado” quando nos referimos a um vermelho puro e rico. Porém, quando
nos referimos aos tons de uma cor que tem algum valor de cinza, as chamamos
Temperatura da cor
Cores quentes e frias são cores que transmitem a sensação de calor ou de
frio. São muitas vezes usadas para causar sensações diferentes nas pessoas
que as visualizam. Vários estudos comprovam que as cores têm um efeito
psicológico nas pessoas e, por esse motivo, diferentes cores são usadas para
despertar sentimentos e estados de espírito. Cores quentes como o vermelho,
laranja e amarelo remetem para a luz solar e calor, enquanto cores frias como
roxo, azul e verde são associadas ao mar e ao céu e têm o efeito de acalmar
(MORENO, 2008).
No design de interiores, as cores quentes costumam ser usadas em grandes
salas para criar um ambiente mais acolhedor; por outro lado, cores frias como
o azul e verde são ideais para salas pequenas, para criar a sensação de que
são maiores.
Como você pode ver na Figura 8, as cores frias estão localizadas do lado
esquerdo do círculo cromático, enquanto as cores quentes estão situadas do
lado direito. Note que as três cores frias básicas (primárias e secundárias) são
o verde, o azul e o violeta (roxo ou púrpura); as cores terciárias que surgem da
mistura entre elas são azul-esverdeado e azul-arroxeado. Da mesma maneira,
as cores quentes básicas são o vermelho, o laranja e o amarelo, e as cores
terciárias resultantes da mistura entre elas são o vermelho-alaranjado e o
amarelo-alaranjado (MORENO, 2008). O vermelho-arroxeado e o amarelo-
-esverdeado resultam da mistura de cores frias e quentes — violeta e vermelho
e verde e amarelo, respectivamente.
Cores quentes
Cores frias
As cores que pertencem à família mais fria são os azuis, verdes e roxos do
círculo cromático. Esses naturalmente evocam um sentimento mais calmo
do que as outras cores, são mais subjugados do que as cores mais quentes,
ligando-se mais de perto à água, à natureza etc.
AMO PINTAR. Valor tonal das cores. Para que serve e como se utiliza? 2017. Disponível
em: <http://www.amopintar.com/valor-tonal-das-cores/>. Acesso em: 30 out. 2018.
CORES frias. Toda Matéria, 11 mar. 2016. Disponível em: <https://www.todamateria.
com.br/cores-frias/>. Acesso em: 30 out. 2018.
CORES quentes. Toda Matéria, 11 mar. 2016. Disponível em: <https://www.todamateria.
com.br/cores-quentes/>. Acesso em: 30 out. 2018.
ESTUDO DA COR. Dimensões da cor. 2018. Disponível em: <https://estudodacor.wor-
dpress.com/aspectos-fisicos/dimensoes-da-cor/>. Acesso em: 30 out. 2018.
LEÃO, F. G. Psicologia das cores no design de interiores. Design Culture, 7 abr. 2017.
Disponível em: <https://designculture.com.br/psicologia-das-cores-no-design-de-
-interiores>. Acesso em: 30 out. 2018.
MORENO, L. Teoria da cor: propriedades das cores. Criarweb, 28 fev. 2008. Disponível
em: <http://www.criarweb.com/artigos/teoria-da-cor-propriedades-das-cores.html>.
Acesso em: 30 out. 2018.
Leitura recomendada
KLEINER, A. F. R.; SCHLITTLER, D. X. C.; SÁNCHEZ-ARIAS, M. R. O papel dos sistemas visual,
vestibular, somatosensorial e auditivo para o controle postural. Revista Neurociências,
v. 19, n. 2, p. 349-357, 2011.
Rafaela Queiroz
Ferreira Cordeiro
Revisão técnica:
Deivison Campos
Bacharel em Filosofia
Mestre em Sociologia da Educação
ISBN 978-85-9502-320-8
CDU 070
Introdução
Uma das características comunicacionais marcantes da sociedade atual
é o uso abundante de imagens. Ora, você vive na sociedade mediada
pelo imperativo da imagem, na qual todos de alguma forma acabam por
“se mostrar” por numerosos discursos visuais. Você precisa, assim, diante
dessa profunda imersão no universo visual, compreender a imagem
como linguagem e discurso dotado de heterogeneidade e valor próprio.
Embora a leitura de uma imagem pareça ser à primeira vista fácil, é
importante você saber que as imagens não somente informam e co-
municam. Elas representam o mundo e a relação das pessoas com a
“realidade” de inúmeras formas. Desse modo, compreender alguns dos
elementos básicos e das funções da imagem é fundamental para uma
leitura crítica do visual.
Neste texto, você vai reconhecer a imagem como linguagem e
discurso. Também vai estudar os elementos básicos que compõem a
imagem e identificar algumas das funções relacionadas a ela.
a imagem parece dizer e expressar tudo por “si só”. Mas essa noção é um
engano. A imagem, assim como a escrita, é composta por linguagens que
apresentam especificidades e, por isso, têm valor próprio (LENCASTRE;
CHAVES, 2007). Essas linguagens podem ser empregadas conjuntamente —
uma em direção à outra, como uma legenda que acompanha uma fotografia
— e frequentemente o são. Contudo, você deve compreender a imagem como
uma linguagem específica. Ora, o que a imagem informa e comunica, isto é,
representa se dá por meio de recursos visuais como cores, tons, ângulos,
posições dos atores, deslocamentos de objetos, sombreados, margeação,
etc. Esses recursos, por sua vez, nem sempre são empregados em outras
formas de linguagem, como pela escrita cotidiana. Tais elementos poucas
vezes são tão facilmente compreendidos, embora pareçam o ser. Assim,
não é só porque a imagem “fala com a sua visão”, chamando facilmente a
sua atenção, que ela deve ser lida como um texto claro, pronto e que diz
tudo “mostrar”.
Ler uma imagem exige uma análise da sua especificidade como linguagem
e discurso, pois ela é, assim como o discurso verbal, parcial, textual e um
corte no tempo e no espaço. Ela também não deve ser definida em oposição à
linguagem verbal, uma vez que a distinção entre verbal e não verbal pouco
ajuda a situar o uso interativo de ambas. A esse respeito, você deve saber
ainda que a linguagem escrita, como a scriptovisual, pode fazer — e faz, em
abundância, no universo social das redes — uso de muitos desses recursos. Ora,
quantas vezes você se depara com manchetes jornalísticas na cor vermelha?
Apesar de essa pergunta ser simples, a resposta a ela já dá pistas de que muito
provavelmente a notícia ou a matéria referida faz parte do universo do crime.
Ou, caso não faça, há uma analogia possível a se inferir pelo uso da cor. Tudo
isso só comprova a necessidade de um aprendizado, um ensino que se volte
para a imagem. Para aprender a ler o texto escrito, desde pequeno você é
convidado a ser alfabetizado, isto é, a ler e a escrever de forma “consciente”.
É preciso, assim, instituir práticas de alfabetização que incluam a imagem,
como as que foram sócio-historicamente inseridas quanto à necessidade e à
importância de ler um discurso verbal.
Portanto, é imperativo também saber ler a imagem como uma linguagem
para entender como funciona e o que representa. As pessoas levam anos para
aprender a ler e a escrever, bem como para desenvolver uma leitura e uma
escrita funcionalmente críticas. Com a imagem, isso não é diferente. Estudá-
-la é dilatar o seu olhar sobre o mundo, sobre a análise da informação e da
comunicação. Além disso, e não menos importante, é compreender que um
discurso pode reunir vários sentidos.
Funções da imagem e descoberta do visual 199
Cloutier (1975 apud LENCASTRE; CHAVES, 2007) propõe o uso da expressão audios-
criptovisual para evitar a comum confusão entre linguagem e media, e também
a distinção entre linguagem escrita e linguagem audiovisual. Na sua perspectiva,
há as linguagens de base — tais como a auditiva e a visual, que são caracterizadas
como naturais, e ainda a scripto. Esta última se relaciona ao mundo da “significação”
e às suas associações, chamadas pelo teórico de sintéticas ou compostas, tais como
a audiovisual, a scriptovisual e a audioscriptovisual.
Tal como concebe Cloutier (1975 apud LENCASTRE; CHAVES, 2007), a linguagem de
áudio é percebida pelo ouvido. Ela é temporal, pois se desenvolve ao longo do tempo,
e linear, uma vez que cada som é percebido em cadeia, associado a outro anterior.
Quando é produzida, é escutada simultaneamente, embora possa ser conservada ao
longo do tempo por meio da gravação. Já a linguagem scripto é percebida pela
visão. Ela é caracterizada como híbrida e linear, pois, além de se desenvolver ao longo
do tempo, o som é representado pela grafia. Ademais, a escrita constitui um conjunto
de símbolos arbitrários, os quais só têm sentido para os sujeitos que compartilham
uma língua específica. A linguagem visual, como é sabido, destina-se a ser percebida
também pela visão. Os objetos do mundo são representados espacialmente em três
dimensões, desse modo ela é espacial e global. Seja por meio da representação do
objeto (a imagem), seja por meio do próprio objeto, você o percebe a partir de formas,
luzes, cores, linhas, movimentos, perspectivas, etc.
Quanto às linguagens tidas como compostas, Cloutier (1975 apud LENCASTRE;
CHAVES, 2007) afirma que elas se originam da fusão de linguagens de base e dão origem
a uma forma de comunicação nova. A partir do que expõe o autor, é possível resumir
essas linguagens da seguinte forma: (i) a audiovisual diz respeito à comunicação
que é percebida pela visão e pela audição; (ii) a scriptovisual se refere aos modos de
comunicação gráfica cuja palavra se funde com a imagem; e (iii) a audioscriptovisual
se constitui como uma comunicação cujas diversas linguagens estão “aglutinadas”.
Neste último caso, destaca-se a própria atividade humana da comunicação, a qual
se dá nas quatro dimensões básicas que abarcam o espaço-tempo (altura, largura,
profundidade e tempo).
A ideia é que você não encare essa identificação como um operador restritivo e
fechado. Você pode ver essa mesma classificação como uma forma de ajudá-lo a pensar
sobre a diversidade de linguagens humanas possíveis, e não como um arcabouço
teórico fechado e predeterminado.
Elementos da imagem
Para ampliar a sua compreensão da imagem como linguagem, você deve
identificar quais elementos visuais são importantes na construção dessa ima-
gem. A esse respeito, é possível partir da discussão elaborada por Lencastre
e Chaves (2007). Retomando Dondis (1999 apud LENCASTRE; CHAVES,
2007), esses dois estudiosos indicam o ponto, a linha, a forma, a direção, o
tom, a cor, a textura, a escala, a dimensão e o movimento como alguns dos
elementos essenciais para construir as formas visuais. Villafañe (1985 apud
LENCASTRE; CHAVES, 2007) acrescenta a essa perspectiva mais outros
elementos e os reúne em três grandes grupos, que são os (1) morfológicos,
(2) dinâmicos e (3) escalares. O primeiro e o segundo se caracterizam pela
natureza qualitativa dos elementos; o terceiro, pela natureza quantitativa e
relacional dos elementos.
Funções da imagem e descoberta do visual 201
Elementos morfológicos
Desse primeiro grupo fazem parte o ponto, a linha, o plano, a textura, a cor, a
forma e o tom. Tais elementos apresentam a característica de espacialidade e,
assim, compreendem a estrutura do espaço. O ponto, por exemplo, é o ícone mais
simples da comunicação visual, conforme explicam os autores supracitados. Ele
pode ser representado de forma bem diversificada, desde um pequeno círculo
a uma representação próxima do quadrado. Já a linha (Figura 1) se dá quando
os pontos estão muito perto um do outro. Esta pode ser caracterizada também
como um ponto em movimento. Uma vez que é formada por pontos, também
pode ser representada em inúmeras formas, estilos e expressões — de nítida à
sombreada. O plano tem um aspecto especialmente espacial, como você talvez
já tenha imaginado. Ele corresponde à superfície — com duas linhas horizontais
e verticais — em que se organiza a representação da imagem.
Elementos dinâmicos
Nesse segundo grupo, você encontra os elementos relacionados à dinamici-
dade da imagem. São eles: o movimento, a tensão, o ritmo e a direção (LEN-
CASTRE; CHAVES, 2007). É interessante refletir sobre tal explanação pelo
seguinte: se a imagem constitui um corte do “real”, do que está se realizando
em um momento e um espaço únicos, essa imagem será estruturalmente
uma representação que foi “retirada” da dinamicidade e da organicidade da
vida, não é mesmo? No entanto, a reflexão sobre esses elementos dinâmicos
não parece ser tão simples assim. Afinal, uma imagem aparentemente fixa
pode apresentar dinamicidade, por exemplo. Imagine uma foto de um casal
retirada no dia do seu casamento. Em tal imagem, há apenas os dois a se
Funções da imagem e descoberta do visual 203
Elementos escalares
Nesse terceiro grupo, você encontra os seguintes elementos: escala, proporção,
formato e dimensão. Eles dizem respeito à caracterização quantitativa da
representação da imagem. Embora nem sempre sejam valorizados, conforme
explicam Lencastre e Chaves (2007), ao se fazer uma análise da comunicação
visual observa-se também a sua natureza relacional: na escala, há uma relação
entre a imagem e o real; na proporção, entre as partes com o todo da obra;
no formato, entre a verticalidade e a horizontalidade; e na dimensão, entre o
tamanho da imagem e a sua legibilidade.
De maneira geral, a escala é uma noção que possibilita aumentar ou di-
minuir o objeto sem modificar substancialmente as propriedades estruturais
204 Funções da imagem e descoberta do visual
Os gregos usavam uma escala bastante conhecida até os dias de hoje: a chamada
seção áurea. A razão áurea ou razão de ouro é um número especial que foi encontrado
dividindo-se a linha em duas partes. A parte mais longa dividida pela parte menor
é também igual a todo comprimento dividido pela parte mais longa. Essa razão é
comumente simbolizada pelo número phi (π), após a vigésima primeira letra do
alfabeto grego.
Empregada no desenho de plantas e templos, a razão áurea ficou famosa por cons-
truir a noção de simetria matemática do que se considerava belo. Conforme explica
Hom (2013), em 1509 o matemático italiano Luca Pacioli (1447–1517), colaborador de
Leonardo Da Vinci (1452–1519), escreveu um livro em que se referia ao número como a
“proporção divina”. Tal proporção foi retomada e ilustrada por Da Vinci (1452–1519) na
sua famosa ilustração chamada Homem de Vitrúvio. Além de Da Vinci, artistas famosos
como Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni (1475–1564), Raffaello Sanzio da
Urbino (1483–1520), mais conhecido como Raphael, Rembrandt Harmenszoon van Rijn
(1606–1669), Georges-Pierre Seurat (1859–1891) e Salvador Dalí (1904–1989) fizeram
uso dessa razão.
Fonte: Hom (2013), Lencastre e Chaves (2007).
Funções da imagem
Quando você pensa em imagens, provavelmente vem à sua mente uma
questão em especial, que diz respeito ao uso ou à utilidade da imagem.
Ora, para que serve uma imagem? Conforme Aumont (2002), as funções
da imagem têm sido as mesmas de todas as produções humanas realizadas
ao longo da história. Essas funções envolvem estabelecer uma relação
com o mundo. Há, no entanto, três modos principais de se trabalhar essa
relação, que são: o (1) modo simbólico, o (2) modo epistêmico e o (3)
modo estético.
O modo simbólico
Segundo explica Aumont (2002), no início as imagens apresentavam uma forte
relação com a esfera do sagrado. Como símbolos religiosos, tais ícones —
uma vez que boa parte das imagens se caracterizava dessa forma — tinham
como efeito sugerir o divino ou aproximá-lo do indivíduo por meio de uma
manifestação dessa mesma presença divina. As primeiras esculturas gregas,
por exemplo, eram ídolos que foram produzidos e venerados como formas de
manifestações das divindades. Assim como Zeus representou a máxima divin-
dade grega masculina, Buda e Jesus Cristo também são exemplos de imagens
iconográficas religiosas. Além delas, há algumas imagens que apresentam um
simbolismo religioso — sem uma necessária relação de iconografia —, tal
como a cruz cristã e a suástica hindu.
Há, contudo, outras formas de manifestar a função simbólica para além
do modo religioso: valores ideológicos como a liberdade, a democracia, o
progresso, entre outros, são representados também por meio de símbolos
imagísticos.
206 Funções da imagem e descoberta do visual
A palavra iconografia tem origem na união de dois termos gregos que são eikon
(imagem) e grafia (escrita), os quais significam de forma literal a escrita da imagem.
De maneira geral, a iconografia diz respeito aos estudos de vários tipos de imagens,
tais como estátuas, pinturas, gravuras, retratos, ilustrações, etc. Entretanto, até o século
XVI, a iconografia abrangia somente imagens relacionadas ao contexto religioso, tais
como esculturas e pinturas de anjos, santos e Jesus Cristo. Inclusive, o surgimento da
própria expressão ícone veio da relação implícita entre a imagem e o sagrado.
No Brasil, a iconografia tem por objetivo analisar a construção do país antes do
seu descobrimento. Afinal, os índios produziram pinturas e esculturas que são de
importância fundamental para compreender os costumes, os hábitos e as tradições
que influenciaram a constituição do País.
Fonte: Significados (c2011-2018).
O modo epistêmico
A função epistêmica está relacionada ao conhecimento (o termo episteme
também vem do grego). Essa função se dá uma vez que as imagens veiculam
informações sobre os objetos, as pessoas, o mundo, as culturas, as relações
sociais e históricas, etc. Essa função também foi atribuída desde cedo: as
imagens ao longo da história representam as “realidades” e, ao fazer isso,
nos informam, por meio de numerosas maneiras sempre parciais, a geografia
de uma região (um mapa, por exemplo), o ponto turístico de uma cidade (um
cartão postal, por exemplo), o número de uma conta bancária (um cartão do
banco, por exemplo), o tipo de uma planta (um pôster botânico, por exemplo),
uma espécie animal (uma cartilha da medicina veterinária, por exemplo), etc.
Há muitos tipos de imagens e, desse modo, existem muitas maneiras de levar
o conhecimento e construí-lo com as pessoas (AUMONT, 2002).
Desde os manuscritos da Idade Média, essa função já estava relacionada
às imagens. A partir das eras moderna e pós-moderna, tal modo passou a ser
cada vez mais ampliado e desenvolvido. Isso ocorre principalmente com os
gêneros paisagem e retrato fotográfico, conforme explica Aumont (2002).
O modo estético
Por último, mas não menos importante, a imagem tem a função de agradar
ao público, de oferecer sensações específicas. Essa modalidade é também
Funções da imagem e descoberta do visual 207
Leituras recomendadas
BRAIT, B. A palavra mandioca do verbal ao verbo-visual. Bakhtiniana, São Paulo, v. 1, n.
1, p. 142-160, 2009. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/index.php/bakhtiniana/
article/view/3004>. Acesso em: 10 dez. 2017.
DONDIS, D. A. Sintaxe da linguagem visual. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2015.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
Literatura
Infantojuvenil
Introdução
O ensino de literatura e os seus objetivos na educação básica têm sido
amplamente debatidos. Nesse contexto, está em jogo tanto a forma do
texto quanto o seu conteúdo. A comparação do leitor com o fotógrafo
se dá na medida em que a leitura é feita considerando os detalhes, os
recortes de ideias e a aproximação da escrita com as imagens. Nesse
sentido, é possível considerar o formato das letras, a sua disposição gráfica
na página e o potencial que as palavras têm de “criar imagens” a partir
da descrição de espaços e pessoas e do uso de figuras de linguagem.
Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a leitura compre-
ende as práticas de linguagem que se desenvolvem a partir da interação
com textos escritos, orais e multissemióticos, bem como da interpretação
desses textos. Assim, é necessário pensar sobre o imaginário suscitado
pelas histórias e sobre as condições de ensino. Como você sabe, existe
uma imensa quantidade de publicações, porém nem todas são adequa-
das para a aprendizagem. É desde a formação do professor no curso de
licenciatura que se definem as possíveis leituras a serem realizadas na
educação básica e os critérios de escolha que levam a elas.
2 O leitor fotógrafo ou o fotógrafo leitor
Podemos pensar a leitura de literatura como uma das formas de acesso a ou-
tras referências que nos permitem sonhar ou sair de uma situação de controle
racional, sem medo de nos perdermos, ou seja, que nos permitem os desloca-
mentos, a liberdade, o exercício da curiosidade e do espírito aventureiro de
que tanto precisamos para enriquecer nossa vida e nos mantermos saudáveis.
Esses são alguns dos elementos que possibilitam uma leitura proficiente e
de qualidade. Realiza-se, assim, uma leitura mais ampla, de um ponto de vista
mais macro, e forma-se uma ideia geral dos acontecimentos e da história em si.
Já para o fotógrafo leitor, cada detalhe do texto precisa ser captado, muitas
vezes por meio de um recorte do todo, da análise de um fragmento e da poste-
rior retomada do texto por inteiro. Assim como o fotógrafo, que divide a cena
captando o momento exclusivo com sua lente, o leitor capta frases de efeito
para relacioná-las com a íntegra do texto. Por isso, em muitas situações, só é
possível compreender a história após o seu término. Afinal, em sua análise, o
leitor somente consegue compreender os motivos das ações e intervenções das
personagens após juntar todas as cenas confrontadas com o seu imaginário. O
leitor fotógrafo é aquele que não deixa escapar os detalhes e sabe que eles são
partes importantes para a compreensão do todo. Ele junta fragmentos que vão
aparecendo no decorrer da leitura e une-os com base em algum significado
que atribui. Assim, realiza uma leitura mais pormenorizada, do ponto de
vista mais micro, formando várias ideias minuciosas dos acontecimentos e
juntando-as para a compreensão global.
Todo texto possui referências externas que proporcionam complemen-
taridade de ideias e melhor compreensão ao leitor, que pode conhecer mais
detidamente os fatos do texto e relacioná-los à realidade. O caminho pode
ser escolhido pelo professor e nem sempre é necessário seguir os mesmos
passos. Afinal, uma leitura precisa atender às peculiaridades do próprio
texto, e não a categorias de análise. Por outro lado, é necessário que o pro-
fessor conheça e proponha itens de análise, enfoques a serem observados
na leitura. Na perspectiva do fotógrafo, o leitor se desenvolve cada vez mais
quando mantém o foco em algo, que pode ser variado, desde que atente
para onde está focando em suas impressões, de modo a não cair no vazio
de informações sem significado.
O leitor fotógrafo ou o fotógrafo leitor 5
Ler um texto (me refiro especialmente, embora não só, ao texto verbal) é
atribuir significações, atribuir significações pressupõe uma re-construção
do texto que nos é apresentado. Esse processo envolve um mecanismo de
descodificação e ativação de todos os conhecimentos de que o leitor dispõe.
Assim, ler um texto põe em ação todo o conhecimento de mundo (aqui enten-
dido como o conjunto de todas as experiências que se possui). Através desse
processo, atribuem-se significações a um texto que ultrapassam aquelas de
superfície, as quais poderiam ser reconhecidas por qualquer pessoa treinada
para ler na língua em que está o texto.
A literatura pode muito. Ela pode nos estender a mão quando estamos pro-
fundamente deprimidos, nos tornar ainda mais próximos dos outros seres
humanos que nos cercam, nos fazer compreender melhor o mundo e nos
ajudar a viver. Não que ela seja, antes de tudo, uma técnica de cuidados para
com a alma; porém, revelação do mundo, ela pode também, em seu percurso,
nos transformar a cada um de nós a partir de dentro. [...] O leitor comum,
que continua a procurar nas obras que lê aquilo que pode dar sentido à sua
vida, tem razão contra professores, críticos e escritores que lhe dizem que
a literatura só fala de si mesma ou que apenas pode ensinar o desespero. Se
esse leitor não tivesse razão, a leitura estaria condenada a desaparecer num
curto prazo (TODOROV, 2009, p. 76–77).
Como você pode perceber, para Todorov, a literatura está ligada ao conhe-
cimento do mundo, realizando a integração do leitor consigo mesmo e com
a sociedade na qual ele está inserido. A possibilidade de a literatura levar
à compreensão do mundo e a sua influência na forma de vida dos sujeitos
podem transformar as pessoas. Tal poder fica marcado pela ligação e pelo
exercício de análise do texto literário, apontando para a relevância do papel do
professor no ensino de literatura. Nesse sentido, a condição humana é colocada
8 O leitor fotógrafo ou o fotógrafo leitor
Para saber mais sobre a relação entre leitor e texto literário, leia a introdução do livro Uma
superfície de gelo ancorada no riso: a atualidade do grotesco em Hilda Hilst, de Reginaldo
Oliveira Silva. Nessa introdução, o autor explica como o público leitor recebe a obra
de Hilda Hilst e também aborda a estética da recepção, citando o nome de Hans
Robert Jauss. Essa vertente de estudo investiga as formas de recepção e atualização
dos textos no momento da leitura. Acesse o texto no link a seguir.
https://qrgo.page.link/QXtbf
O ensino de literatura
No currículo escolar, a disciplina de literatura por vezes é relegada a segundo
plano, sem receber o tratamento pedagógico merecido. Ao longo do tempo,
o ensino de literatura tem privilegiado a história e o contexto social, com
destaque para a classificação de obras e escolas literárias, associando as suas
características. Com isso, o caráter peculiar de cada texto e as suas relações
subjetivas ficam em último plano, ou até mesmo não são considerados. Contudo,
a proximidade entre autor e leitor é um meio importante para a aprendizagem,
na medida em que torna possível ao leitor ampliar a sua visão de mundo e
vivenciar emoções novas, aprendendo a superá-las em situações reais seme-
lhantes. Segundo Abdala Junior (2003, p. 14),
É esse impacto sobre o aluno que fará dele um leitor proficiente e capaz de
compreender os obstáculos e entraves da vida. Para isso, a literatura precisa
ser tratada em sala de aula como um espaço plural, com possibilidades de
leituras e releituras mais interiores do que exteriores ao próprio texto literário.
A partir das marcas linguísticas e de vocabulário, construções e formas de
elocução, pode-se realizar uma leitura com mais complexidade e compreensão
não só do tema, mas também da apropriação das formas de escrita e de seus
significados. É pelo leitor que o texto adquire mais sentido e se faz conhecer.
A percepção plural do texto literário torna os estudos de tal texto mais consis-
tentes. Ao jogar com o previsível e o imprevisível, estabelece-se o momento
de aceitação e de repulsa de certas situações e oportunizam-se reações por
parte do leitor. Essas reações podem ser repetidas, renovadas ou eliminadas
a qualquer momento, conforme o estado emocional e de percepção em que se
encontra o leitor. Portanto, a leitura torna o texto vivo e o faz compreensível
e próximo na relação autor–texto–leitor.
A BNCC (BRASIL, 2018), documento que norteia o ensino básico no
Brasil, fornece indicações de como os professores devem proceder, entre outros
aspectos, quanto à leitura em sala de aula. O texto menciona a complexidade
textual e como ela influencia o ensino da leitura e da escrita. No eixo da
análise linguística e semiótica, a imagem é bastante valorizada na produção
oral, escrita e multissemiótica, o que mostra o impacto dela nos efeitos de
sentido produzidos pelo texto. Esse impacto se dá no momento de leitura e
releitura do texto, considerando o seu gênero e a sua forma de composição
ao encontro da significação. Quanto ao aspecto multissemiótico, a análise
textual considera a linguagem das imagens visuais ditas estáticas a partir do
ângulo, do lado, da figura, do fundo, da profundidade, do foco, da cor e da
intensidade. Assim, o ensino de leitura compreende os seguintes aspectos:
[...] as práticas de leitura/escuta e de produção de textos orais, escritos
e multissemióticos oportunizam situações de reflexão sobre a língua e as
linguagens de uma forma geral, em que essas descrições, conceitos e regras
operam e nas quais serão concomitantemente construídos (BRASIL, 2018,
documento on-line).
A leitura em profundidade se dá a partir de estratégias e metodologias
adotadas pelo professor em sala de aula. A BNCC orienta e sugere atividades
para garantir as análises macro e microestrutural dos textos, explorando as
suas potencialidades. Por exemplo, no poema a seguir, de Estrela Leminski
(2011, p. 22), é importante ficar atento à disposição gráfica das palavras.
12 O leitor fotógrafo ou o fotógrafo leitor
ba
lan
çou
ca
iu
mas ninguém
viu
que não há mais o que fazer e que a ação terminou, daí os verbos no pretérito
perfeito, ou seja, não há continuidade da ação. Esse exemplo condiz com a
organização de um ensino de literatura de qualidade, que leve em conta todos
os aspectos envolvidos no estudo literário. É imprescindível que tal estudo
seja articulado aos conteúdos previstos para os diversos anos da escolaridade,
associados a metodologias e práticas didáticas, a fim de tornar relevantes e
produtivos os momentos de aula.
A escola é a agente por excelência da formação e da manutenção de leitores.
Ela “[...] exerce sobre a família e a comunidade um papel de centro irradiador
de livros, de leituras e do gosto literário” (CEREJA, 2005, p. 22). Por sua vez,
o professor é um orientador e um mediador das leituras; é ele quem indica
quais textos devem ser lidos, com qual frequência e para quê. Quanto mais
convicto estiver o professor de sua influência sobre a formação de leitores,
mais a sua ação será eficiente e contínua. O que se espera da escola é a for-
mação de um leitor cidadão e conhecedor de sua cultura, de sua identidade e
das demais culturas e identidades existentes. A adesão dos alunos às leituras
depende da habilidade e das metas estabelecidas pelo professor, uma vez que
ele é o condutor das aulas. As propostas didáticas devem estar alinhadas a
objetivos que levem ao conhecimento do texto literário e de suas múltiplas
possibilidades, como também à escrita de um texto próprio, perseguindo a
forma apresentada e analisada em aula. Segundo resultados de uma pesquisa
realizada por Cereja (2005, p. 23):
https://qrgo.page.link/sF5A3
Considerar a literatura como arte, não apenas da palavra mas também das ima-
gens, abre caminho para se pensar a sua relação com as demais artes, viabilizando
um percurso cultural em sala de aula. A representação imagética propiciada pelo
olhar atento do professor, que busca instigar os alunos, é um elemento diferenciador
para as aulas, trazendo significações novas e abrangentes. No planejamento de
ensino, é vital que o professor realize atividades interdisciplinares, possibilitando
uma visão mais ampla do estudo literário. Isso deve proporcionar:
[...] saberes essenciais para a vida do aluno num universo social que se mostra
cada vez mais diverso e múltiplo para, assim, evitar o acúmulo de conheci-
mentos empilhados que distanciam o indivíduo da vivência social e das trocas
culturais (GREGORIN FILHO, 2012, p. 155–156).
Leitura recomendada
OLIVEIRA, F. R. O ensino da literatura infantil na formação de professores: quais senti-
dos? (à guisa de conclusão. In: HISTÓRIA do ensino da literatura infantil na formação
de professores no estado de São Paulo (1947-2003). São Paulo: UNESP; São Paulo:
Cultura Acadêmica, 2015. Disponível em: http://books.scielo.org/id/8q7yj/pdf/oli-
veira-9788579836688-06.pdf. Acesso em: 15 set. 2019.
SILVA, R. O. Uma superfície de gelo ancorada no riso: a atualidade do grotesco em Hilda
Hilst. Campina Grande: EDUEPB, 2013. Disponível em: http://books.scielo.org/id/wwfpz/
pdf/silva-9788578792848.pdf. Acesso em: 15 set. 2019.
FOTOJORNALISMO:
TÉCNICAS E
LINGUAGENS
Introdução
Leitura é mais do que identificar aquilo que é visível, trata-se de entender
e produzir sentido. Esse exercício mental articula experiências anteriores,
elementos culturais e capacidade criativa dos sujeitos. Assim, a leitura
de imagens é um processo de significação complexo e de fundamental
importância para quem produz imagens profissionalmente.
Neste capítulo, você vai ver, a partir dos conceitos de semiologia, que
é possível identificar níveis diferentes de leitura da imagem. Além disso,
vai reconhecer pistas do ponto de vista de quem produz a imagem sobre
um determinado tema ou quais referências um fotógrafo utiliza para
compor seu discurso. Por fim, identificando a intencionalidade contida em
cada imagem, poderá fazer uma leitura crítica sobre o próprio trabalho e
sobre o campo da fotografia a partir de um olhar que mescla elementos
técnicos e teóricos para orientar as produções.
mas a partir de uma outra vertente de autores (Pearce, Eco e outros). Neste
capítulo, teremos como base teórica os conceitos do francês Roland Barthes
e, portanto, o termo utilizado a seguir será semiologia.
[...] tal carro me diz o status social do proprietário, tal roupa me diz exatamente
a dose de conformismo ou de excentricidade do seu portador, tal aperitivo
(uísque, pernod ou vinho branco com cassis), o estilo de vida do meu hóspede.
Mesmo quando se trata de um texto escrito, é-nos continuamente proposta
uma segunda mensagem nas entrelinhas da primeira: se leio, em manchete
com letras garrafais: Paulo VI tem medo, isso quer dizer também: se você ler
Fotografia e seus aspectos simbólicos 3
a continuação, saberá por quê. Todas essas "leituras" são importantes demais
na nossa vida, implicam demasiados valores sociais, morais, ideológicos para
que uma reflexão sistemática não tente assumi-Ias: é essa reflexão que, por
enquanto pelo menos, chamamos de semiologia (BARTHES, 2001, p. 177-178).
Conotação: sentido ampliado pela articulação entre vários signos, que toma forma
e expressão pelo uso, pelo contexto e pela articulação com outros discursos; a
mensagem sem código.
Denotação: sentido restrito do signo utilizado a partir de um sistema de significantes
em relação direta a esse sistema; a mensagem com código.
Para alguém que nasceu na década de 1980 e viveu nos anos 2000 a Copa
do Mundo, a mesma imagem pode remeter à torcida organizada pela seleção
brasileira na competição. Assim, percebe-se que a leitura da imagem depende
do contexto, ou seja, do lugar e do tempo em que se encontra o decodificador
da mensagem (ou a quais elementos sócio-histórico-culturais ele tem acesso)
durante o processo de significação.
Fotografia e seus aspectos simbólicos 7
[...] diremos que um sistema é arbitrário quando seus signos se fundam não por
contrato mas por decisão unilateral: na língua, o signo não é arbitrário, mas
o é na moda; e diremos que um signo é motivado quando a relação entre seu
significante e seu significado é analógica, [...] poderemos ter então sistemas
arbitrários e motivados; outros não-arbitrários e imotivados.
Desse modo, fica mais fácil entender como uma bandeira é um signo
arbitrário de um país, ou seja, alguém elegeu que a bandeira seria “esta” e não
“aquela”, de maneira unilateral, e, a partir dessa convenção, foi adotada pelos
demais integrantes daquele processo comunicacional. Para o autor, existem
quatro tipos de sistemas de significação: motivados, imotivados, arbitrários
e não arbitrários (Quadro 1).
Motivados Imotivados
Barthes aponta, ainda, que toda ciência pode, em resumo, ser tratada como
metalinguagem dos seus objetos de estudo. “A noção de metalinguagem não
deve ficar restrita às linguagens científicas; quando a linguagem articulada,
em seu estado denotado, se incumbe de um sistema de objetos significantes,
constitui-se em ‘operação’, isto é, em metalinguagem” (BARTHES, 2006, p. 98).
Quando um livro fala de literatura, um filme mostra como se faz cinema, um programa
de rádio trata de jornalismo radiofônico, quando um artigo científico registra o estado
da arte de um campo ou área de estudo ou quando uma fotografia mostra fotografias
e o ato de ler imagens, esses elementos configuram metalinguagem.
Semiologia e a fotografia
Na obra A câmara clara, Barthes (1984) define três elementos básicos do
processo de construção imagética: o fotógrafo (Operator), o leitor da imagem
(Spectator) e o assunto a ser fotografado (Spectrum). Em suas palavras, a
imagem tem o poder de perenizar e trazer os mortos de volta à relação com os
vivos. Em uma construção textual que flerta com a poesia, fala que o sujeito
que se deixa fotografar é transformado em objeto, ou seja, morre como sujeito
na fotografia. É a partir dessas digressões que o autor vai formulando suas
questões e sensibilizações a respeito da imagem fotográfica.
Apresentando outros conceitos de semiologia aplicados à produção fo-
tográfica, tratamos agora das categorias de Punctum e Studium de Barthes,
também explanadas no livro A câmara clara. Quando escreve sobre as imagens
fotográficas, o autor relata que algumas dessas são consumidas de forma
passageira, sem se fixarem diante do olhar. Porém, algumas imagens provocam-
-no a ponto de que se detenha diante delas. No processo de significação, ele
divide e classifica essas imagens especiais em dois tipos: Punctum e Studium.
Fotografia e seus aspectos simbólicos 9
As do primeiro tipo, Punctum, são definidas como imagens que possuem algo
no enquadramento, um elemento (ou um conjunto deles) na composição que parece
“saltar” da imagem e atingi-lo como uma flecha, uma punção. Essas imagens
provocam afetos como desconforto ou prazer a partir daquilo que mostram.
De outro lado, ele classifica as imagens do tipo Studium, que também
provocam o processo de significação, mas não a partir de algo específico na
imagem, e, sim, a partir do diálogo que ela provoca com as experiências, os
traumas, a cultura do espectador. Para Barthes, essa significação se dá em
um outro lugar para além da imagem.
Intencionalidade e a fotografia
“Fotografar é colocar na mesma alça de mira o olho, a cabeça e o coração”. Essa
frase é atribuída a Henri Cartier-Bresson (1908–2004), importante fotógrafo
francês e um dos pioneiros da fotografia de rua, e reforça a ideia de que o
fotógrafo, ao praticar o ato fotográfico, trabalha com a sensibilidade sobre o
instante e aquilo que se coloca diante do olho e da câmera, assim como com
os afetos, os lugares de fala, as experiências, a ética que lhe são próprios e
que o conduzem a uma abordagem específica sobre o tema.
Mesmo escolhas técnicas que parecem sem grande importância podem
afetar a forma como se lê uma imagem. Dois exemplos são o ângulo e o
enquadramento. No caso do ângulo, existem três possibilidades de registro
da imagem:
O fotógrafo Lalo de Almeida fez um vídeo com o making of da sua cobertura em dois
conclaves (momento em que a Igreja Católica reúne os bispos para a escolha de um
novo papa). No vídeo, ele compara as imagens que conseguiu obter e mostra como as
condições do evento a ser coberto (locais de acesso, ritualística) restringem o trabalho
fotojornalístico. A partir dessas imagens, ele propõe que o mais interessante para uma
redação que paga a um fotojornalista para cobrir um evento desses seja a orientação
em busca do exclusivo, do diferencial, do inusitado.
Fotografia e seus aspectos simbólicos 13
Lalo de Almeida exemplifica que, com lentes mais potentes do que as que dispunha e
com um local reservado mais estrategicamente posicionado, os fotógrafos das agências
de notícias internacionais conseguiam imagens (que são vendidas ao mundo todo)
com maior qualidade técnica e informativa que as dele. Em uma provocação, o autor
das imagens sugere que, para encontrar esses elementos diferenciais e exclusivos para
o jornal em que trabalha, talvez seja importante ter a coragem de voltar as costas para
o evento e fotografar o que ninguém vê: as pessoas que se reúnem na Praça de São
Pedro à espera do anúncio de um novo Sumo Sacerdote.
Para assistir ao vídeo Conclaves por Lalo de Almeida, acesse o link a seguir.
https://qrgo.page.link/RPUUP
BALLARD, K. Alfred Eisenstaedt: V-J Day at Times Square, New York City. Internatio-
nal Cener of Photography, 2019. Disponível em: https://www.icp.org/browse/archive/
objects/v-j-day-at-times-square-new-york-city. Acesso em: 4 nov. 2019.
BARTHES, R. A aventura semiológica. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
BARTHES, R. A câmara clara: notas sobre a fotografia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
BARTHES, R. Elementos de semiologia. 16. ed. São Paulo: Cultrix, 2006.
FONTANARI, R. Como ler imagens? A lição de Roland Barthes. Galaxia, n. 31, p. 144-155,
2016. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/gal/n31/1982-2553-gal-31-0144.pdf.
Acesso em: 4 nov. 2019.
Leitura recomendada
MOTTA, L. T.; FONTANARI, R. Roland Barthes diante do signo fotográfico. Comunicação
& Educação, v. 17, n. 1, p. 31-37, 2012. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/comue-
duc/article/view/45436. Acesso em: 4 nov. 2019.
14 Fotografia e seus aspectos simbólicos
Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu
funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto,
a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre
qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
FOTOJORNALISMO:
TÉCNICAS E
LINGUAGENS
Introdução
O mercado da fotografia jornalística é amplo e exige um equilíbrio entre
técnicas e capacidade de contar histórias. Além disso, o próprio campo do
jornalismo tem especificidades internas que exigem habilidades particulares
para diferentes pautas. Mais do que isso, o processo jornalístico por imagens
exige que o profissional se envolva com as fotografias muito antes de em-
punhar a câmera e também muito depois do disparo que registra o assunto.
Neste capítulo, você vai se aprofundar nas particularidades do campo
do fotojornalismo como mercado de trabalho e na atuação do fotojor-
nalista nesse contexto, vendo suas possibilidades de prática em veículos
de comunicação, agências de notícias e como free-lancer.
O papel do fotojornalista
O fotojornalismo pode ser visto como uma linguagem, com especificidades
técnicas, mas também como prática profissional e campo de atuação do jornalista.
Essa segunda perspectiva privilegia o processo, ou seja, as etapas de produção,
edição, circulação e consumo da imagem. Segundo o fotógrafo e professor Jorge
Pedro Sousa (2002), a finalidade primeira do fotojornalismo é informar. Porém,
nessa atividade, o profissional se insere no universo das redações e da formatação
da notícia, em que os assuntos são agrupados e divididos por afinidade. Essas
2 Fotojornalismo e mercado de trabalho
apropriação da pauta;
atenção e capacidade de antecipar os fatos;
sensibilidade e busca do diferencial criativo pelo domínio da linguagem;
alta velocidade de resposta técnica.
Apropriação da pauta
Todo fotojornalista deve participar da reunião de pauta e/ou definição da abor-
dagem sobre o tema que será retratado. Quanto mais informação ele obtiver
previamente, mais “munição” para direcionar o olhar e produzir imagens signi-
ficativas ele terá. Além disso, sem essa regulagem prévia entre o tema e o que se
pretende dizer sobre ele, é possível que a visão do fotógrafo não coincida com
a abordagem do repórter de texto, por exemplo. O resultado dessa dissonância
tende a ser desastroso, com serviço dobrado (por exemplo, voltar ao local para
novos registros) ou desperdício de recursos (tempo, dinheiro, etc.). Outra van-
tagem da apropriação da pauta é municiar o fotógrafo para direcionar a atenção
aos detalhes, ao inusitado, ao excepcional. Se ele não sabe o que é ordinário e
o que é extraordinário, pode deixar de registrar algo que se tornaria manchete.
gols dos dois times e o resultado vai aparecer no texto, não é mesmo? Errado.
Pode ser que, naquela partida, o lance mais importante não seja o gol desse ou
daquele time, mas uma falta mais violenta, um erro de arbitragem ou, ainda, a
reação da torcida fora do campo. Por isso, o trabalho do fotojornalista é narrar,
contar histórias através de imagens para além do superficial e óbvio.
Spot news Imagens únicas que sintetizam a notícia, com impacto informativo e
visual, sobre assuntos que não são agendados ou previstos (associa-
dos ao flagrante). Exemplo: acidente de trânsito.
Ilustrações São fotografias atemporais, que trabalham com signos para ex-
pressar ideias e sentimentos, podendo ser utilizadas em diferentes
contextos. Exemplo: cofre de porcelana em formato de porco, com
um cifrão desenhado na lateral e algumas moedas empilhadas ao
lado para significar economia.
Essa classificação proposta por Sousa (2002) abarca grande parte das
imagens produzidas cotidianamente nas redações jornalísticas brasileiras.
Se algumas pautas são acontecimentos inesperados, outras permitem um
planejamento e uma antecipação dos fatos. Não raro, o fotojornalista precisa
produzir imagens para acontecimentos que ainda estão por vir, mas que
necessitam ilustrações imagéticas colocadas nas páginas do jornal no dia
anterior (fechamento da edição antes de encaminhar à gráfica). Entre o fla-
grante e a fotografia posada, o registro das imagens exige dos fotojornalistas
um espectro de habilidades técnicas e uma capacidade de traduzir assuntos
diversos em imagens.
[...] a fotografia sempre mente, mente por instinto, mente porque sua natureza
não lhe permite fazer outra coisa. Mas o importante não é essa mentira ine-
vitável. O importante é como o fotógrafo a usa, para que intenções serve. O
importante, em resumo, é o controle exercido pelo fotógrafo para impor uma
direção ética à sua mentira. O bom fotógrafo é o que mente bem a verdade.
6 Fotojornalismo e mercado de trabalho
https://qrgo.page.link/xPXQ3
Para conhecer melhor as especificidades de cada ramo da fotografia, pesquise sobre eventos,
canais de dicas e tutoriais na internet, leia livros e consulte artigos científicos sobre o ramo.
Mergulhar no ramo que se quer investir é o primeiro e mais importante passo para evitar os
erros que outros fotógrafos já cometeram (várias dicas nesse sentido estão disponíveis em
vlogs e blogs). A partir do seu envolvimento e conexão com o meio, uma rede de relações
vai se construindo e, a partir delas, indicações sobre valor a cobrar, tipos de equipamentos
com vantagens e desvantagens e outras várias situações serão compartilhadas.
Além dos nichos, também são várias as funções desempenhas pelo fotojor-
nalista em redações ou mesmo na administração de uma carreira autônoma,
como arquivo, edição de imagens, redação de contratos, publicação. Em cada
uma dessas funções, há desdobramentos sobre o trabalho fotojornalístico,
como possibilidades de ganho e/ou comprometimentos jurídicos e éticos.
O arquivamento de imagens, por exemplo, é um trabalho exaustivo e
extremamente necessário ao fotojornalista. A partir do material “bruto” (sem
tratamento) que chega de uma cobertura jornalística, cabe ao profissional
fazer a seleção do que deve ser mantido e o que será descartado dos cartões
de memória. Uma vez apagados, esses conteúdos serão substituídos por outros
e não poderão mais ser recuperados. Além disso, é de suma importância o
preenchimento de metadados das imagens para identificação das pessoas, das
circunstâncias e das datas de registro. Essas informações, inclusive, podem
ser utilizadas como “prova” de um acontecimento em casos judiciais.
Alguns fotógrafos de ensaios (Figura 3), por exemplo, comercializam
com suas modelos um “pacote” com um número determinado de imagens.
Durante o ensaio, são registradas várias fotografias para além daquelas que
serão escolhidas, mas que serão armazenadas e ficarão à disposição da modelo
para uma aquisição futura se ela assim desejar. Com o intuito de realizar uma
“limpeza” nos espaços de armazenamento de trabalhos, vários fotógrafos
oferecem “pacotes promocionais” um ou dois anos após a realização do ensaio,
comercializando todo o material (sem tratamento) por um preço mais acessível.
É uma forma de rentabilizar o arquivo sem grande esforço e talvez sensibilizar
um cliente sobre a possibilidade de um novo ensaio, mais atualizado.
Confira, no link a seguir, as dicas sobre como começar no ramo da fotografia e escolher
o nicho de mercado para atuar que o fotógrafo Eduardo Vanassi oferece.
https://qrgo.page.link/6dY3c
Leituras recomendadas
BENTES, D. Hiperfotografia e questões deontológicas para o fotojornalismo e a fotografia
documental: reflexões sobre o comunicacional na imagem digital. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 41., 2018, Joinville. Anais [...]. Santa Cata-
rina, 2018. Disponível em: http://portalintercom.org.br/anais/nacional2018/resumos/
R13-0283-1.pdf. Acesso em: 4 nov. 2019.
PEREIRA, S. C. Caçado, coletado, plantado ou construído: as várias faces do retrato no
fotojornalismo. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 41., 2018,
Joinville. Anais [...]. Santa Catarina, 2018. Disponível em: http://portalintercom.org.br/
anais/nacional2018/resumos/R13-0859-1.pdf. Acesso em: 4 nov. 2019.
Fotojornalismo e mercado de trabalho 15
Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu
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qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
FOTOJORNALISMO:
TÉCNICAS E
LINGUAGENS
Introdução
A fotografia de natureza se configura enquanto atividade não só criativa,
mas também de cunho crítico social, já que tem um papel de conectar os
indivíduos e pode ser uma ferramenta de conscientização coletiva. Além disso,
essa prática se segmenta em diversas outras, como fotografia de paisagem,
fotografia ambiental, fotografia macro, fotografia selvagem, aérea e submarina.
Neste capítulo, você vai se aprofundar na fotografia de natureza,
conhecendo as técnicas e os equipamentos mais apropriados para a reali-
zação dessa atividade, bem como os elementos de composição indicados.
Além disso, você vai ver destacado o papel da fotografia na preservação
ambiental, vendo como utilizá-la como meio de conscientização social.
Por fim, verá aspectos específicos da fotografia aérea e submarina.
A natureza da fotografia
Considerando que a fotografia de natureza se enquadra como uma técnica do
fotojornalismo, nada é mais apropriado do que utilizarmos as palavras de Henri
Cartier Bresson, considerado o pai do fotojornalismo (ZATZ, 2004) e conhecido
pela máxima “momento decisivo”, que “[...]seria o momento crucial em que todos
os assuntos interligados no mesmo espaço interagem de maneira harmônica e
dão à fotografia um significado único” (MARÇAL, [201-?], documento on-line).
Bresson detinha um olhar apurado e nada precipitado. Suas fotografias eram
construídas com lógica e muita paciência, resultando no momento decisivo, uma
2 Fotografia de natureza
Figura 2. Teleobjetivas.
Fonte: Cardoso (2018, documento on-line).
4 Fotografia de natureza
Figura 3. Normal.
Fonte: [Lente 50mm] ([2018, documento on-line).
Figura 4. Macro.
Fonte: [ENCRYPTED] ([200-?], documento on-line).
Fotografia de natureza 5
um povo, de um minuto para o outro, viu suas vidas serem destruídas. Por mais
fortes que fossem as palavras usadas para descrever a tragédia, o impacto não
seria o mesmo sem a dimensão e a força da imagem do local antes e depois
do desastre ambiental (Figura 5).
podemos dar voz ao que de mais precioso temos, nosso hábitat. De acordo com
Borges, Aranha e Sabino (2010), educar o indivíduo por meio da percepção
ambiental faz com que se crie um pensamento socioambiental permanente.
Figura 7. Linhas.
Fonte: [Drone] ([201-?], documento on-line).
Para saber mais sobre a fotografia de paisagem, acesse o link a seguir e confira algumas dicas.
https://qrgo.page.link/YEYPL
Leitura recomendada
BENTO, P. 10 dicas para fotografia de paisagem. In: FOTOGRAFIA DG. [S. l.: s. n.], 2018.
Disponível em: https://www.fotografia-dg.com/10-dicas-para-fotografia-de-paisagem/.
Acesso em: 29 out. 2019.
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local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre
qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
COMUNICAÇÃO E
REALIDADE
SOCIOCULTURAL
Introdução
A partir de um olhar antropológico, é possível compreender a visuali-
dade e sua importância nas manifestações culturais e, por consequência,
na formação identitária de uma sociedade.
Neste capítulo, você identificará o conceito de antropologia e sua
importância nos estudos sociais, principalmente os aplicados à comuni-
cação como área do saber. Reconhecerá, ainda, a relevância das imagens
para o estudo da pesquisa antropológica na sociedade contemporânea,
sobretudo, considerando como objeto de estudo os aspectos inerentes
ao cinema e à fotografia. Por fim, verá o quanto as manifestações visuais
e as expressões artísticas estão impregnadas da cultura de determinado
povo, de suas raízes e matriz cultural.
biológico ou físico;
arqueológico;
linguístico;
cultural.
Antropologia visual
A antropologia visual procura esclarecer como as imagens interferem na
formação cultural de um povo. Desde a antiguidade, a linguagem visual serve
como ferramenta de representação da atividade humana, a fim de registrar as
mais diferentes experiências cotidianas e em contato com a natureza. Esses
registros imagéticos carregam simbolismos e servem como objeto de estudo
para compreensão acerca dos hábitos, dos costumes e das crenças dos ante-
passados. Diversos são os exemplos de como a linguagem visual foi usada
para registrar e expressar a percepção do ser humano sobre o universo e
aquilo que o cercava, sobretudo, o que ensejava o subjetivo. Entre esses exem-
plos, podemos citar a arte pré-colombiana, com as pinturas Maias e Astecas,
ou as pinturas rupestres.
4 Antropologia da comunicação visual
Contudo, não é apenas a fotografia que serve como ferramenta para o estudo
da antropologia visual, o cinema, desde o século XX, vem corroborando para
as pesquisas etnográficas desenvolvidas por antropólogos culturais.
A pesquisa etnográfica tem como premissa desvendar a realidade diária de
uma determinada população a partir de perspectiva cultural, procurando com-
preender a produção simbólica por meio dos hábitos e costumes e elementos de
identidade desse grupo. A etnografia utiliza o método observação-participante,
que consiste na interação entre o pesquisado e o pesquisador, possibilitando
uma resposta mais fidedigna da realidade cotidiana dessa sociedade.
Considerando as manifestações visuais culturais contemporâneas, o cinema
é, certamente, umas das principais formas de expressão. Conforme Reyna
(2017, p. 2), em 1895 ocorreram os primeiros encontros do cinema com a
antropologia. Um deles foi quando Louis-Félix Regnault filmava com um
“fuzil cronofográfico” do fisiologista Etienne-Jules Marey e registrava uma
mulher Wolof fabricando potes de argila na Exposição Colonial de Paris.
Antropologia da comunicação visual 5
Leituras recomendadas
CALDEIRA, S. As potencialidades do estudo da imagem fotográfica na antropologia
visual. Vista – Revista de Cultura Visual, Lisboa, n. 1, p. 165–180, 2017. Disponível em: http://
vista.sopcom.pt/ficheiros/20170519-165_180.pdf. Acesso em: 17 ago. 2020.
KOTTAK, C. P. Espelho para a humanidade: uma introdução à antropologia cultural.
Porto Alegre: AMGH; Penso, 2013. 388 p.
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
GEOPROCESSAMENTO
Introdução
As fotografias e imagens aéreas permitem enxergar e analisar o terreno
de forma sistêmica (em conjunto) e multitemporal (em diferentes datas)
de áreas de interesse para diversas aplicações, sendo bastante utilizada
na produção de mapeamentos e extração de dados topográficos.
Neste capítulo, você vai aprender conceitos fundamentais para aplicar
de maneira correta a fotogrametria e fotointerpretação, as quais são
amplamente utilizadas para a análise e a identificação de objetos e fenô-
menos que ocorrem na superfície terrestre. Assim, você verá os conceitos
fundamentais em fotogrametria, conhecendo a importância da escala e
do seu cálculo, necessário para determinar o recobrimento do terreno
pelas fotografias aéreas. Por fim, vai aprender sobre os procedimentos
e elementos utilizados para estabelecer chaves de interpreção para as
fotografias e imagens aéreas.
pelo ser humano, tais como distância focal da lente, altura de voo,
combinações de filmes, filtros e ângulo da lente;
pela natureza, a exemplo da cor dos objetos fotografados, da posição
do objeto com relação ao ângulo de incidência do sol, da bruma atmos-
férica, entre outros.
Sensibilidade Fotografias
Tipo de filme do filme resultantes
Figura 4. Fotografias aéreas com diferentes tipos de filmes: (a) preto e branco pancromático;
(b) preto e branco infravermelho; (c) colorido natural; (d) colorido falsa-cor.
Fonte: Florenzano (2011, p. 20).
https://qrgo.page.link/u1HW1
Fotogrametria e fotointerpretação 7
No vídeo do link a seguir, você pode saber mais sobre a regulamentação para utilização
de drones no Brasil.
https://qrgo.page.link/YTv3X
Estereoscopia
Em 1901, o alemão Pulfrich introduziu na fotogrametria o chamado índice
móvel ou estereoscopia, utilizando um par de fotografias aéreas, sendo possível,
8 Fotogrametria e fotointerpretação
Atenta-se para o fato de que a altura de voo não é uma variável constante,
sendo diferente em todos os pontos da fotografia aérea, justamente pelas
ondulações do terreno provocadas pelo relevo. Por isso, adota-se uma altura
de voo média, definida a partir da média aritmética entre a menor e a maior
altura de voo da área fotografada. Essa variação de escala tem um limite e
não pode ultrapassar 10% das diferenças de altura de voo em cada imagem.
Na identificação da escala, aplica-se a seguinte relação matemática:
E=f/H
Onde:
E = escala da fotografia aérea;
f = distância focal da câmera;
H = altura de voo.
Uma fotografia aérea obtida numa altura de voo de 1.224 m (metros), utilizando uma
câmera com objetiva grande angular de 153 mm (milímetros), apresenta uma escala
de 1:8.000.
Resolução:
1) E = 153 mm
1.224 m
2) E = 0,153 m
1.224 m
Se o objetivo é identificar a escala da fotografia aérea, esta deve sempre ter seu
numerador igual a 1, então, divide-se o numerador por ele mesmo (para obter valor
igual a 1) e, na sequência, o denominador pelo numerador.
4) E = 1:8.000
Fotogrametria e fotointerpretação 11
L=IxE
E, em seguida,
Áreafoto = L2
Onde:
L = medida do lado da foto;
I = dimensão útil da fotografia aérea;
E = escala da fotografia aérea.
Para definir a quantidade de fotos necessárias para cobrir uma área, por exemplo,
de 100 km2, é preciso somente dividir o valor da área de interesse pelo valor da área
de cobertura única da foto e acrescentar 15% no número de fotos por segurança.
Assim:
Figura 8. Imagem de satélite de alta resolução de Dubai, obtida com o satélite Sentinel e
composição das bandas para a obtenção de falsa-cor.
Fonte: TommoT/Shutterstock.com.
Introdução
A linguagem influencia a sociedade e o indivíduo inserido nela, e conheci-
mentos sobre a linguagem verbal e a presença da estética nas construções
textuais de prosa e poesia auxiliam na compreensão dessa influência. A
linguagem visual também é uma forma de comunicação eficiente, que
usa uma série de recursos como linhas e cores para transmitir mensagens
e atrair a atenção do público.
Neste capítulo, você conhecerá mais sobre as linguagens verbal,
sonora e visual, que possuem correlações entre si e podem criar ritmos
e canções que influenciam a vida humana.
é considerado simultâneo, uma vez que não havia conexão entre esses três
lugares e o mundo não era globalizado como hoje.
A linguagem verbal se relaciona com os seres humanos de duas formas:
oral ou escrita. A linguagem é uma característica puramente humana e a
possibilidade de os seres se comunicarem de forma oral entre si causou gran-
des mudanças na história, pois é a linguagem que permite o contato com o
passado, o presente e o futuro.
A linguagem verbal falada facilita a comunicação entre as pessoas inseridas
em uma sociedade e com o conhecimento da mesma língua, permitindo que
se transmitam conhecimentos de geração em geração, por exemplo. A lingua-
gem verbal depende de alguns fatores decodificadores, sendo os principais
o conhecimento da língua, a percepção dos sotaques e o conhecimento dos
regionalismos.
Para compreender totalmente uma mensagem oral, o indivíduo precisa
estar inserido na cultura a qual a língua pertence, ou não entenderá a mensa-
gem por completo. Dessa forma, considera-se que a linguagem falada é viva
e transitória (p. ex., o uso das gírias e de interjeições), se transforma com o
passar do tempo e carrega elementos que a escrita não apresenta.
Além disso, está na oralidade a presença dos sotaques, que variam de região
para região de um mesmo país, como é o caso do Brasil e dos Estados Unidos,
em razão, principalmente, da colonização, mas que também está presente nos
países Europeus, devido à proximidade geográfica com outros países.
A invenção da linguagem escrita é o que transforma de vez a linguagem
e as características da comunicação. O texto escrito surge da necessidade de
guardar todos os conhecimentos adquiridos ao longo dos anos, já que muitos
deles eram perdidos por não haver uma maneira de registrá-los.
A escrita foi desenvolvida a partir da resolução de símbolos colocados
em código para transmitir uma mensagem. No mundo ocidental, são usadas
as letras do abecedário, que foi inspirado no alfabeto grego, porém existem
diversas codificações, como os hieróglifos, os pictogramas, o alfabeto árabe
e os ideogramas chineses.
De acordo com Bakhtin (1997, p. 329–330), “[...] onde não há texto, também
não há objeto de estudo e de pensamento [...]”. O autor sugere que é pelo texto
que surgem os estudos, e por meio dele que se repassa o conhecimento e se
criam possibilidades de estudar. A partir disso é que surgem o pensamento, a
reflexão e, por fim, as novas ideias, pois “[...] quaisquer que sejam os objetivos
de um estudo, o ponto de partida só pode ser o texto [...]” (BAKHTIN, 1997,
p. 329–330).
A linguagem audiovisual 3
Sua linguagem sonora também pode ser usada para embalar momentos de
entretenimento e lazer, com canções dançantes ou românticas, ou como trilha
para danças e espetáculos profissionais. A música é uma linguagem que carrega
seus próprios aspectos estéticos, sendo compreendida como uma forma de
arte. Dos sons clássicos e instrumentais ao rock, a música sempre apresenta
elementos de sonoridade que agradam aos ouvidos de um determinado público.
A estética presente na música não é a mesma presente nas artes visuais, que
mexem diretamente com a interpretação de cada indivíduo, mas tem relação
direta com a linguagem verbal e a estruturação poética das palavras. Como
você já viu, na linguagem verbal é possível organizar as palavras em versos e
combiná-las a partir de sua sonoridade fonética. Uma parte da música é levar
essa sonoridade a outros níveis, usando instrumentos musicais e ritmando as
palavras para que se tornem parte da composição.
A construção da música (com letra e não apenas instrumental) passa por
diversas etapas que necessitam da estética para que tenha uma boa aceitação do
seu público. A primeira delas é a composição, semelhante à poesia, que precisa
das palavras certas para que haja uma primeira harmonia. Nesse momento, é
importante que elas tenham uma estrutura parecida e sejam distribuídas de
forma a rimarem entre si, dando aos versos o máximo de fluidez possível.
Enquanto o músico ou autor compõe, vai testando a sonoridade da música e
pensando em uma melodia que as palavras escolhidas possam seguir. No pro-
cesso criativo passa-se, então, a pensar em um ritmo ideal para que as palavras
soem de maneira agradável, não sejam cortadas ou saiam do ritmo proposto.
Existem muitos gêneros musicais e muitas pessoas dispostas a procurar
por mais daquilo que gostam, assim como também existem muitas finalidades
diferentes para a música. Cada gênero musical carrega as suas próprias carac-
terísticas e seu próprio conceito de estética. Para que uma música pertença a
determinado gênero, precisa carregar os mesmos aspectos sonoros. A estética
aparece na maneira de organizar as melodias e sua sonoridade, assim como
os instrumentos e recursos corretos para seu pertencimento ao gênero, além
de agradar ao público fã desse tipo de música.
Os instrumentos escolhidos para a execução da música também têm muito a
ver com seus aspectos estéticos e com os estímulos sonoros que a canção terá.
Alguns instrumentos, convencionalmente, não funcionam para determinados
gêneros, por exemplo, dificilmente se verá a música clássica usando recursos
da música eletrônica, seja pela incompatibilidade de instrumentos ou por não
agradar seu público.
A linguagem audiovisual 9
Portanto, é possível perceber que uma parte das escolhas para esse aspecto
da linguagem sonora é movida pelos gostos de seu público, que influencia
nas composições, na aprovação e no sucesso de uma música. A estética é
importante para a harmonia do som, sendo necessário criatividade, intuição
e inteligência para composição.
A linguagem sonora também pode ser usada para vender produtos, estando
presente na publicidade, desde que ela começou a ser veiculada no rádio e,
depois, na televisão. Não é incomum que as marcas escolham alguns aspectos
estéticos da sonoridade para que suas campanhas façam sucesso.
Os jingles, peças publicitárias criadas para o rádio e que, mais recente-
mente, foram adaptadas para a televisão e Internet, são ótimos exemplos do
uso da estética sonora revertida para a venda de produtos. Neles, uma música
é composta com a finalidade de divulgar um produto e suas qualidades. As
notas da produção têm um alto poder de fixação na mente de seus receptores.
No Brasil, nos anos de 1990, um dos maiores sucessos nessa área foi uma
criação para o Guaraná da Antarctica, que associava o consumo do refrigerante
com a pipoca. O jingle é conhecido e usado como exemplo de sucesso até hoje.
Outro jingle que marcou sua época foi o do McDonald’s, também nos
anos de 1990, desenvolvido especialmente para divulgar o lanche que era
carro chefe da lanchonete, o Big Mac. Na letra da composição eram descritos
todos os ingredientes do sanduíche, e a marca aproveitou o seu sucesso para
aumentá-lo, com uma ação promocional que consistia em fazer os clientes
pedirem o lanche no balcão cantando o jingle. A empresa de fast food fez uma
releitura do jingle para promover a venda dos lanches em 2019, em uma ação
de arrecadação de fundos.
Na política, também é comum usar os jingles para promover os candida-
tos, que podem ser releituras ou composições inéditas, geralmente na época
de eleições. Alguns são tão marcantes que continuam sendo lembrados por
muito tempo, como o jingle do candidato Eymael, candidato à presidência do
Brasil desde 1998.
Considerando todas as formas de criação e execução da linguagem sonora,
é possível perceber que há uma infinidade de possibilidades para o emprego de
seus aspectos estéticos. A estética sonora, assim como a arte em geral, também
é controversa e subjetiva, pois existem muitas possibilidades e alternativas
de combinação. Nem sempre os recursos escolhidos para uma composição
sonora serão considerados bons por todo o seu público.
10 A linguagem audiovisual
3 Linguagem visual
A linguagem visual está presente na sociedade desde o início dos tempos e
é com ela que parte da comunicação pode ser consolidada. Agora que você
já leu a respeito da linguagem verbal e da linguagem sonora, pode perceber
que ambas se integram e se encontram uma na outra, com a linguagem visual
não é diferente.
Nenhuma das linguagens (visual, verbal e sonora) pode ser considerada mais efetiva
do que a outra. Todas elas estão presentes no cotidiano da sociedade. O importante
é escolher qual delas tem mais funcionalidade para comunicar de acordo com a
necessidade que se tem.
Quando uma pessoa nasce, seu primeiro contato com o mundo acontece
a partir do tato. Os bebês precisam tocar em tudo para perceber aquilo que
os cerca. Em seguida, vão se desenvolvendo o olfato, a audição e o paladar.
A visão, no entanto, é mais complexa, se desenvolve de uma maneira diferente
e continua se desenvolvendo e armazenando informações ao longo de toda
a vida humana.
A visão é um conjunto, que reúne diversos significados que vão se juntando
para formar o todo da realidade do indivíduo. A partir dessa conjunção, uma
leitura das informações recebidas é feita, gerando a compreensão.
A linguagem visual, portanto, demonstra a importância de todos os ele-
mentos de forma individual, fazendo as pessoas os processarem e encontrarem
beleza estética naquilo que veem.
Os principais elementos da linguagem visual são linhas, formas, planos,
padrões, volumes e cores. A combinação de um ou mais desses elementos faz
surgirem imagens, concretas ou abstratas, em forma de desenho ou inseridas
em uma representação da realidade, como as placas de trânsito, que transmi-
tem uma mensagem ao motorista sem o uso de palavras. O motorista deve,
contudo, ter conhecimento prévio para entender e interpretar a informação,
para evitar acidentes ou se comportar de uma determinada forma no trânsito.
A linguagem audiovisual 11
As cores quentes, por outro lado, estão associadas à energia ou à força, não
sendo incomum ver a combinação do amarelo e do vermelho nos logotipos de
empresas do ramo da alimentação, como o Burger King e a Pizza Hut, pois a
associação de ambas está relacionada à sensação de fome.
A estética visual, portanto, está relacionada ao sucesso na composição de
todos os elementos usados para comunicar uma mensagem. Esses elementos
incluem combinação de linhas, pontos de atenção, uso inteligente de cores,
escolha de tipografia e distribuição de informações, de maneira que sejam
aceitas e bem compreendidas pelo receptor da mensagem.
Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
SOM PARA JOGOS
Introdução
Estudar os fundamentos do áudio digital, desde a geração do som ele-
troacústico até os processos de conversão do áudio digital, é essencial,
pois, em qualquer processo de produção sonora atual, é preciso lidar
com temas como formatos dos arquivos de áudio, taxas de compressão,
qualidade sonora e tamanho de arquivos. Além disso, é preciso saber
como as medições e o processo de conversão do sistema eletroacústico
ao digital são realizados, considerando perdas ou não de qualidade. Ainda,
é importante compreender a linguagem binária do computador aplicada
à conversão do sinal sonoro em digital, para identificar formatos digitais
de compressão do som.
A breve história do sistema digital aponta os desafios dos pioneiros
em transmitir uma grande quantidade de dados sonoros em mídias limi-
tadas, algo que nos desafia até os dias atuais. Para que essa transmissão
de dados seja concluída com sucesso, faz-se necessário conhecer os
principais componentes do áudio digital, como amostragem, quantização
e compressão, bem como sua relação com os processos de gravação.
Os tipos de suportes e mídias de armazenamento de gravação digital
mais utilizados abrangem desde a evolução do CD de áudio comum,
os formatos dos anos 2000, como Digital Audio Tape (DAT) e players,
até os recentes Super Audio CD (SACD) e a evolução do MP3. Outro
aspecto importante é o processo de conversão do sinal analógico para
o áudio digital, que envolve o equipamento conversor analógico-digital
(analog-digital converter).
2 Introdução ao áudio digital
Intervalo entre
as amostras
3,0
3
2,5 2,4
2
Volts
1
0,9
0,6
0
Figura 1. Sequência de amostras de variações da frequência do
sinal sonoro acústico.
Valores quantizados 2 0 1 3 2
Amostragem
Para captar um sinal analógico e codificá-lo em digital, faz-se necessário
realizar medições constantes no sinal analógico. No entanto, para isso, duas
questões precisam ser respondidas: com que frequência é realizada essas
medições? Com qual precisão é preciso realizar essas medidas?
O teorema de Nyquist determina que, ao coletar os sinais sonoros a uma
determinada frequência, esta é conhecida como frequência de amostragem
(sample rate). Na prática, pode-se considerar que um áudio no ambiente so-
noro controlado utiliza uma taxa de frequência de até 20 kHz. No entanto,
é necessária uma frequência de amostragem de, no mínimo, 40 kHz para
realizar cerca de 40.000 medições por segundo. Pensando em termos de uma
margem de segurança na captação do som, foi determinada uma taxa um
pouco maior, de 44.1 kHz (frequentemente utilizada como padrão nos CDs de
áudio) ou 48 kHz. A Figura 2, a seguir, apresenta as representações analógica
e digital de uma onda sonora.
Quantização
As amostras coletadas recebem valores numéricos (binários), que podem ser
utilizados pelo computador ou pelo circuito digital em um processo chamado
de quantização. O número de valores disponíveis é determinado pelo número
de bits (0 e 1) utilizado para cada amostra, também chamado de profundidade
ou resolução de bits. Cada bit adicional dobra o número de valores disponíveis
(amostras de 1 bit têm 2 valores, amostras de 2 bits têm 4 valores, etc.).
Quando uma amostra é quantizada, a captura instantânea de sua amplitude
analógica deve ser arredondada para o valor digital disponível mais próximo.
Esse processo de arredondamento é chamado de aproximação ou quantização
(REESE; GROSS; GROSS, 2009). Quanto menor o número de bits utilizados
por amostra, maiores as distâncias para as quais os valores analógicos precisam
ser arredondados. A diferença entre os valores analógico e digital é chamada
de erro de aproximação ou quantização (Figura 4).
Compressão
O processo de digitalização do áudio iniciou-se pelas pesquisas dos Bell
Labs para utilizar o máximo de dados no menor espaço possível. Em diversas
situações, o áudio digital necessita de armazenamento de arquivo para reduzir
o espaço em quantidade de bits. Desse modo, é fundamental compreender as
duas formas de compressão: sem perda de qualidade e com perda de qualidade.
Comprimir um arquivo digital sem perda de qualidade (lossless compression)
é o resultado de um conjunto de cálculos que encontram os bits redundantes
e os salvam, preservando apenas a sua localização na sequência do som. Por
exemplo, imagine a seguinte sequência sonora em bits: 110110110110110110110.
O algoritmo indicará que a sequência 110 foi repetida 7 vezes, de modo que
salvará apenas esse algoritmo e a quantidade de repetição. Nesse caso, é
comum as taxas de redução atingirem até 50% da quantidade total de bits.
No entanto, em algumas situações, não basta uma redução de 50%, pois os
arquivos ainda continuam com uma quantidade muito grande de bits. Para
esses casos, a opção de reduzir o som com a redução de qualidade é utilizada.
A compressão do som com redução de qualidade é frequentemente utili-
zada nos arquivos MP3. Essa forma de compressão parte dos pressupostos da
psicoacústica para iludir o cérebro, retirando algumas informações sonoras
e eliminando redundâncias até mesmo quando ouvimos em canais estéreos.
A maioria dos algoritmos de compressão de áudio se baseia no fenômeno
masking (IZHAKI, 2011). Na prática, percebemos quando estamos ouvindo
algo em determinada frequência, mas não percebemos frequências inferiores
quando um som mascara outro. Os algoritmos de áudio dividem o sinal sonoro
em várias faixas de frequências. Se uma faixa de frequência não tiver um
sinal preponderante, ela será mascarada por outra, e o algoritmo subtrai essa
frequência e não a registra em bits.
Os codecs são formatos de codificação que podem utilizar áudio compri-
mido ou não, conforme o Quadro 1.
10 Introdução ao áudio digital
O sistema de áudio mais familiar dos últimos tempos foi o CD, que utiliza
um leitor de raios laser para ler as informações digitais codificadas em um
disco. A fita DAT tornou-se disponível no fim dos anos 80, e foi muito utili-
zada em rádios. Ela utiliza fita magnética e um gravador DAT especializado
com um microprocessador para converter sinais de áudio em dados digitais
durante a gravação e retornar os dados aos sinais analógicos para reprodução.
No início dos anos 2000, tanto a DAT quanto o CD caíram gradualmente
em desuso, em virtude de suas maiores despesas em relação à mídia ótica e
aos discos rígidos compactos de alta capacidade, como os encontrados nos
tocadores de MP3 pessoais.
Os discos compactos para gravações de vídeo foram inicialmente conside-
rados impraticáveis, devido à grande quantidade de dados a serem codificados;
assim, foram desenvolvidos discos a laser de diâmetro maior (Video Disc).
Os discos a laser (também chamados de discos de vídeo) armazenam informa-
ções de áudio em formato digital e vídeo como dados analógicos. As fitas de
vídeo analógicas nos formatos Betamax e VHS (formas analógicas) foram, por
muitos anos, mais fáceis de produzir em massa a um custo menor. Contudo, no
fim dos anos 90, a televisão de alta definição (HDTV) tornou-se disponível, e
o disco versátil digital (DVD) e os players de DVD rapidamente se tornaram
mais populares, em antecipação a uma melhor tecnologia de televisão. O DVD
pode acomodar todo o som e vídeo necessário para um filme, pois contém
cerca de 5 bilhões de bytes de dados, versões de alta densidade e multicamadas.
CD de áudio
AUDIO bit depth. In: WIKIPEDIA: a enciclopédia livre. [San Francisco: Wikimedia Foun-
dation, 2013]. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Audio_bit_depth. Acesso
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FONSECA, N. Introdução à engenharia de som. 6. ed. Lisboa: FCA, 2012. 272 p.
HUBER, D.; RUNSTEIN, R. Modern recording techniques. 7. ed. Waltham: Focal Press,
2009. 672 p.
IZHAKI, R. Mixing audio: concepts, practices and tools. 2. ed. Waltham: Focal Press,
2011. 584 p.
QUANTIZAÇÃO. In: WIKIPEDIA: a enciclopédia livre. [San Francisco: Wikimedia Founda-
tion, 2006]. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Quantiza%C3%A7%C3%A3o.
Acesso em: 12 maio 2020.
REESE, D. E.; GROSS, L. S.; GROSS, B. Audio production worktext: concepts, techniques,
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SINAL digital. In: WIKIPEDIA: a enciclopédia livre. [San Francisco: Wikimedia Founda-
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12 maio 2020.
VALLE, S. Manual prático de acústica. 3. ed. Rio de Janeiro: Música e Tecnologia, 2009.
404 p.
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
PRODUÇÃO DE
RÁDIO, TV E WEB
Introdução
No âmbito da produção audiovisual, o processo de edição de imagens
começa bem antes do início das gravações. Assim, o trabalho do editor
vai desde a pré-produção até as etapas mais técnicas e específicas, como
montagem inicial, corte bruto, corte final, sem contar com as etapas de
pós-produção, gradação de cores e mixagem de áudio. Já a linguagem
sonora na edição costuma ser uma peça fundamental para vídeos das
mais diversas finalidades. No mercado de trabalho, é grande a procura
por profissionais de edição de imagens e som, principalmente para as
áreas corporativa e publicitária.
Neste capítulo, você vai estudar a edição de imagem e de som como
uma etapa técnica e criativa que depende de bom planejamento e re-
pertório. É nessa etapa que o produto audiovisual assume sua forma final
que será exibida para a audiência.
Pré-produção
O trabalho de edição, por mais estranho que pareça, inicia na etapa de pré-
-produção, antes mesmo das gravações das imagens. Antes mesmo de iniciar o
projeto, um editor de imagens experiente saberá identificar pontos importantes,
cenas que são imprescindíveis e variações que lhe poderão ajudar no ato da
edição. Para isso, é importante o editor conhecer o roteiro, o briefing, e, se
houver, o storyboard. Em um roteiro, é possível compreender aspectos como
a quantidade de linhas narrativas, personagens principais, falas importantes,
elipses temporais, descrições de lugares ou épocas importantes. Caso a pro-
dução audiovisual seja não ficcional, como um documentário, reportagem ou
vídeo institucional, é importante o editor compreender o contexto da produção
e os valores da empresa, pessoas relevantes, falas e entrevistas que merecem
destaques, bem como a linha editorial de comunicação da empresa. Nos tra-
balhos corporativos e publicitários, o mais importante é dispor de um briefing
detalhado com informações desde a concepção do projeto, o público, local
de exibição, tempo das versões finais e o objetivo de cada peça audiovisual.
Edição de imagem e som 3
Gravação
Em geral, em uma produção audiovisual costuma ser gravada uma quanti-
dade muito maior do que será utilizada na edição final. Isso representa uma
vantagem para diretores, atores e apresentadores, mas uma desvantagem para
o editor, que deverá separar o material aproveitável do descartável, gastando
um precioso tempo. Esse tempo despendido apenas na triagem do material
pode levar dias apenas para a seleção.
Se no momento da gravação for escrito um diário técnico com a descrição
das tomadas e a indicação das melhores versões para escolha, isso reduz o
tempo da seleção do editor. Outro ponto importante para o editor é ter um
responsável acompanhando a produção e conferindo as gravações conforme
4 Edição de imagem e som
O corte bruto fornece tanto ao diretor quanto aos demais da equipe uma visão
preliminar do trabalho, indicando suas possibilidades, pontos fortes e fragilidades
encontradas. Ao ser assistido de forma crítica, o corte bruto permite ajustar desde a
estrutura narrativa (tempo, descrição espacial e apresentações de personagens) até
detalhes de inserções musicais, efeitos visuais, sonoros, entre outros elementos, para
aumentar a produção de sentido da audiência (DANCYGER, 2007).
Corte final
O corte final de uma edição se dá quando são estabelecidas as decisões derra-
deiras de seleção, ordenação e narrativa do projeto audiovisual. Nesse estágio,
a edição passa por várias camadas de ajustes, incluindo a afinação do corte de
entrada e saída de cada tomada, a calibragem de cada transição e a definição
da duração de cada cena. Por fim, o editor bloqueia as tomadas e cenas, para
não haver alterações a partir desse estágio da edição. Com isso, a partir desse
6 Edição de imagem e som
Mixagem de áudio
O corte final já com os ajustes de cores é enviado para a etapa de mixagem
e pós-produção sonora, em que todos os ruídos, falas e trilhas sonoras são
incorporados e revisados para uma experiência auditiva completa e integrada
(Figura 1). São equalizados os volumes dos diálogos e outros elementos, para
facilitar a clareza do entendimento e destacar aspectos musicais. A faixa sonora
é incorporada na imagem e, ao exportar o vídeo, teremos o produto audiovisual
finalizado e pronto para distribuir tanto em plataformas de streaming quanto
para produção de DVDs, entre outros suportes.
Edição de imagem e som 7
Figura 1. Imagem de uma timeline de edição de vídeo. Os trechos azuis são as cenas e
seus respectivos áudios. Os blocos verdes são inserções de sons. Os blocos rosas são efeitos
visuais e transições.
Fonte: ibae.chatdanai/Shutterstock.com.
O editor deve compreender que a música não diegética tem a função de alterar
aspectos temporais e espaciais da narrativa. Assim, por meio da música não diegética a
audiência poderá perceber mudanças importantes da narrativa (MASCELLI, 2010). Uma
música não diegética pode criar clima de suspense, terror, expectativas emocionais,
entre outros recursos. Geralmente conhecemos as músicas e sons não diegéticos pelas
trilhas sonoras quando aplicadas a produtos audiovisuais. Nesse sentido, a audiência
sabe que aquela música ou som não é ouvido pelo personagem, pois é um mero
discurso sonoro inerente da narrativa.
Ruídos
No processo de edição sonora, é comum a necessidade de inserir ruídos para
aumentar o impacto da cena, como sons de passos, palmas, roupas, cavalos
galopando, tiros, socos, entre outros. A técnica de sonoplastia para gravar
esses ruídos é conhecida como foley (Figura 2), e consiste na criação de
sons específicos em estúdio por meio de artifícios, como ao bater cocos para
reproduzir o som de galope de um cavalo. O nome é derivado do sonoplasta
norte-americano Jack Foley, que desenvolveu técnicas de gravação de sons
desde a era do cinema mudo. Em seu trabalho, ele acrescentava ruídos comuns
que não eram gravados durante as cenas, pois no início do cinema sonoro, ao
trabalhar na Universal Studios, os filmes eram gravados sem som, e diálogos,
ruídos e músicas eram inseridos posteriormente (DANCYGER, 2007).
Falas
Num produto audiovisual, diálogos, narradores e outros recursos de fala
humana são considerados atributos da linguagem da edição, pois visam pro-
duzir sentido na audiência. Desse modo, o editor deve primeiro trabalhar com
toda a fonte sonora captada em conjunto com as imagens, realçando timbres
e volumes. É importante que os cortes mantenham o fluxo dos diálogos e
produzam um efeito de continuidade conhecido como raccord. As narrações
utilizadas com grande frequência em vídeos publicitários e institucionais
devem ser bem captadas e previamente roteirizadas para uma adequação às
imagens da edição. É preciso levar em consideração que a voz do narrador,
bem como sua idade, seu gênero e seu timbre, suscitam um forte apelo de
identificação, representando uma importante escolha que definirá a linguagem
sonora da peça audiovisual. Quando a captação de áudio é prejudicada no ato
da gravação, ainda pode-se recorrer ao recurso da dublagem de alguns trechos.
Tracking
Essa etapa é o momento de gravação ou importação das músicas e vozes
na estação de trabalho digital (computador). O termo tracking diz respeito
à gravação de pistas (tracks), em que cada instrumento ou voz é gravado
individualmente. A gravação em multipistas é importante para o produtor
musical, pois lhe permite equalizar e ajustar cada item gravado e possibilita
gravar apenas um instrumento caso algo saia errado, economizando tempo
(GIBSON; CURTIS, 2019). Contudo, não é uma etapa meramente técnica, pois
representa para o editor um importante processo criativo, no qual é possível
realizar novas associações de instrumentos, incrementar a dinâmica sonora
e definir o aspecto emocional da cena.
Edição de imagem e som 11
Edição
A edição de som para produtos audiovisuais consiste no processo de organizar o
material gravado, os efeitos, as falas, entre outros itens sonoros, com a intenção
de produzir sentido para a audiência. Com o avanço dos programas digitais, a
etapa de edição possibilita uma infinidade de melhorias sonoras, mas não deve
substituir o processo criativo da composição e escolha das músicas diegéticas
e não diegéticas. A edição faz parte do processo de pós-produção, ou seja,
pressupõe que todo o áudio que será utilizado já foi gravado em multipistas,
seguindo as definições do roteiro. No caso de músicas, não é aconselhável
editar as cenas antes da inserção, pois pode gerar problemas de sincronia. A
edição de uma música não diegética não deve ser perceptível, ou seja, a música
não pode soar cortada.
A edição deve ser planejada em conjunto com o processo de tracking,
garantindo que todos os sons serão gravados no mesmo momento, sem exigir
novas datas de estúdio, de músicos ou de locutores. O primeiro item a obser-
var na edição de áudio é a organização dos arquivos. Depois de inseridas as
pistas na timeline, deve-se ajustar os tempos para que não reste instrumento
ou falas fora de sincronia. Em seguida, inicia-se o trabalho de limpeza dos
excessos de pistas de áudio e a seleção das melhores possibilidades sonoras
para sua produção.
Mixagem
O processo de mixagem tem como objetivo tornar clara a audição da variedade
de sons executados simultaneamente, além de valorizar, atenuar e fundir
aspectos sonoros relevantes para produzir a percepção sonora desejada. Para
muitos produtores e editores, esse estágio requer experiência e repertório para
solucionar problemas sonoros. O trabalho de mixagem exige tanto sensibilidade
artística quanto um grande conhecimento técnico, além de experiência de
mercado. A mixagem é o processo de combinar todos os instrumentos, falas
e sons que foram gravados em um arquivo estéreo, ou surround. Uma boa
mixagem amplia a percepção musical do ouvinte, permitindo soar melhor os
instrumentos e as dinâmicas musicais.
12 Edição de imagem e som
Se você deseja ter mais recursos disponíveis para a edição de áudio do que
seu software de edição de vídeo pode fornecer, considere trabalhar com um
software de áudio dedicado e específico para a função. Em sua maioria, os
programas de edição de vídeo concentram-se principalmente nos recursos de
edição de imagens e podem ser limitados para trabalhos de médio e grande
porte no que se refere a som. Por sua vez, programas altamente especializados,
como o Sound Forge, proporcionam muito mais opções de edição de áudio. Se
você quiser ir além de duas trilhas de áudio em seus projetos, deve considerar
alternativas que trabalham com multipistas, como Pro Tools, Digital Performer
e Vegas Pro (VALLE, 2009).
Tal como acontece com o vídeo, edições de áudio com cortes mais suaves ten-
dem a ser imperceptíveis quando executadas corretamente. Com um pouco de
prática, o editor é capaz de remover tosses indesejadas e outros sons estranhos
Edição de imagem e som 13
Em uma cena longa, é possível que a trilha sonora não seja extensa o suficiente
para cobri-la. Nesse caso, alguns editores utilizam o recurso de looping, ou
seja, a repetição de um trecho sonoro. Porém, esse recurso deve ser utilizado
com cautela, para que a audiência não perceba a repetição nem o corte, caso
contrário poderá gerar fadiga auditiva e criar uma previsibilidade inadequada
no audiovisual. Assim, tente depender o mínimo possível do looping para os
aspectos sonoros e evite o máximo que puder seu uso.
14 Edição de imagem e som
DANCYGER, K. Técnicas de edição para cinema e vídeo: história, teoria e prática. 4. ed.
Rio de Janeiro: Campus, 2007.
GIBSON, D.; CURTIS, M. The art of producing: how to create great audio projects. 2nd
ed. New York: Routledge, 2019.
IZHAKI, R. Mixing audio: concepts, pratices and tools. 2nd ed. Oxford: Focal press, 2010.
MASCELLI, J. V. Os cinco Cs da cinematografia: técnicas de filmagem. São Paulo: Sum-
mus, 2010.
VALLE, S. do. Manual prático de acústica. 3. ed. Rio de Janeiro: Música e Tecnologia, 2009.
ZETTL, H. Manual de produção de televisão. 12. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011.
Leitura recomendada
EDGAR-HUNT, R.; MARLAND, J.; RAWLE, S. A linguagem do cinema. Porto Alegre: Book-
man, 2013.
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
TÓPICOS
CONTEMPORÂNEOS
DA COMUNICAÇÃO
SOCIAL
Formatos disruptivos
em áudio e vídeo
Jéssica de Cássia Rossi
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
No contexto das tecnologias digitais, é possível que diferentes indivíduos sejam
agentes ativos na produção e disseminação de conteúdos que não se pautam
mais pelo interesse da mídia tradicional, mas sim dos próprios interesses que
essas pessoas possuem. Desse modo, novas vozes têm surgido, que passam a
reivindicar a discussão de temas que antes não eram pautados pelos meios de
comunicação tradicionais.
Nesse sentido, surgem então novas formas de produção de conteúdo de
áudio e vídeo, assim como novos usuários de mídia, que experimentam novos
formatos em que se discute assuntos relevantes para boa parte de um público
que nem sempre se viu representado nas plataformas midiáticas. Assim, o papel
de emissor da mensagem se amplia, possibilitando novas formas de experimen-
tação e abordagens nas plataformas digitais, em que todos se tornam emissores
e receptores da mensagem.
2 Formatos disruptivos em áudio e vídeo
Neste capítulo, você conhecerá um pouco mais sobre essas novas vozes e
personagens midiáticos possibilitados por novas tecnologias, além de identificar
como novos dispositivos permitem formas inovadoras de experimentação em
termos de comunicação. Por fim, verá muitos dos temas que são discutidos nesse
novo contexto, em consonância com interesses desse público midiático emergente.
Na atualidade, o público não se deixa mais levar por aquilo que é pau-
tado pelas grandes mídias, e as pessoas procuram fontes de informações e
conexões que sejam de sua confiança ou preferência.
Enquanto a mídia massiva extrai seu poder da sensação de “todo mundo está
falando isso” subentendido em seu uníssono, as interfaces de usuários encon-
tram o seu poder na sensação de “meu amigo recomendou” ancorado na suposta
confiabilidade da fonte da informação (MALINI; ANTOUN, 2013, p. 158).
Figura 1. Podcasts são formatos de áudio explorados por personagens midiáticos que surfam
a onda de democratização dos meios de comunicação de massa.
Por sua vez, nos novos formatos em vídeo é possível utilizar o YouTube para
a produção por qualquer indivíduo que tenha um dispositivo de filmagem,
acesso à internet e algo para dizer. De acordo com a Pesquisa Video Vierwers,
6 Formatos disruptivos em áudio e vídeo
o YouTube vem garantindo cada vez mais presença na vida dos brasileiros,
tornando-se a plataforma favorita de quem assiste a conteúdos em vídeo, até
mesmo à frente da Netflix e da TV aberta e paga (MARINHO, 2018). Os vídeos
permitem que haja mais proximidade e confiança com seu público-alvo, já
que, muitas vezes, trata-se de uma pessoa comum que gera identificação com
a audiência. Vale destacar que o YouTube é a terceira rede social preferida
dos brasileiros, com 82% dos acessos (EQUIPE..., 2017).
No entanto, há outra plataforma de vídeo, o TikTok, cujo acesso vem
crescendo nos últimos anos, mas ainda é pouco explorado. Em entrevista,
Rodrigo Barbosa, gerente de comunidade do TikTok, afirmou:
Em meio à imersão do usuário das mídias digitais nesse ambiente no qual a circula-
ção de informação provoca uma constante necessidade de atualização e consumo de
conteúdo, podemos observar uma série de questões emergentes nesse cenário. Um
cenário no qual o usuário busca não somente informação, mas interação. Estamos
debruçados sobre uma vivência no ambiente virtual e no universo do audiovisual,
seja no âmbito das inovações e atualizações da linguagem, seja na efervescência
de conceitos e formas de produção de sentido (BERNARDAZZI; COSTA, 2017, p. 148).
[...] possibilita a divisão por nichos, onde não somente o jovem, mas também o
espectador do conteúdo no ambiente digital se sente confortável para consumir
no momento que achar mais adequado o conteúdo que lhe for de interesse. Dessa
maneira, os interessados por videogame consomem vídeos voltados para explica-
ção sobre jogos, pessoas que gostam de maquiagem buscam truques e dicas de
beleza, entre diversas outras possibilidades (BERNARDAZZI; COSTA, 2017, p. 154).
Formatos disruptivos em áudio e vídeo 9
Referências
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