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VISAGISMO NO CABELO: INSTRUMENTO DE HARMONIZAÇÃO E

VALORIZAÇÃO VISUAL

Regiéli Dayse Battisti1


Thaise Tuani Tambosi2
Fabiana Thives3

Resumo Para o profissional cabeleireiro que agrega o conhecimento do


visagismo na sua prática, poderá conhecer e avaliar o seu cliente com mais
critério, domínio e segurança, e assim escolher a melhor técnica estética que
vá valorizar e harmonizar o seu cabelo com seu biótipo, idade, sexo, profissão
e cultura. Hoje o perfil dos clientes consumidores é de buscar profissionais que
transmitam segurança no que estão desempenhando para modificar a sua
imagem estética. Devido a estas considerações, objetivamos por meio deste
artigo demonstrar o uso do visagismo em cortes, penteados e colorimetria para
cabelos, como instrumento de harmonização e valorização visual. Os aspectos
metodológicos adotados para a perante pesquisa bibliográfica, qualitativa de
nível exploratória, envolveram análise da relação do visagismo com a prática
do profissional cabeleireiro. É importante ressaltar que o visagismo trabalha
somente com conceitos de harmonização e valorização individual, e que todas
as técnicas fundamentadas no artigo são para objetivar este caminho, não
sendo recomendado criar uma cartilha padronizada de técnicas.

Palavras chaves: Personalização da Imagem visual. Visagismo. Técnicas de


Cabelo.

1 INTRODUÇÃO

O cabelo é uma das nossas principais identificações, ele revela traços


da personalidade e reflete o estilo de vida de cada pessoa, conforme seu corte,
penteado ou cor, é possível expressar até mesmo seus sentimentos.
Na concepção de Marques (2009) não é por acaso que desde os
primórdios da humanidade os cabelos têm grande importância para homens e

1
Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário
Camboriú, Santa Catarina. E-mail: regieli93@msn.com
2
Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário
Camboriú, Santa Catarina. E-mail: thaise_tambosi@hotmail.com
3
Orientadora do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário
Camboriú, Santa Catarina. E-mail: fabianathives@univali.br
2

mulheres. Em relação a eles basta lembrar-se da força dos cabelos de Sansão


e para elas a grande sensualidade da loira de cabelos compridos Afrodite.
Por isso é essencial ressaltar que o cliente que busca uma
transformação no seu cabelo procure por profissionais que tenham
conhecimento teórico, prático da área também no visagismo. Para o
profissional cabeleireiro que agrega o conhecimento do visagismo na sua
prática, poderá conhecer e avaliar o seu cliente com mais critério, domínio e
segurança, e assim escolher a melhor técnica estética que vá valorizar e
harmonizar o seu cabelo com seu biótipo, idade, sexo, profissão, cultura e
anseios entre outros discernimentos, pois um processo de transformação da
imagem visual pode ter um efeito psicológico muito grande.
Na linha de pensamento do Hallawell (2008) a importância do
conhecimento em visagismo esta inserido como uma das maiores tendências
atuais de customização e despadronização na forma de atender um cliente, ou
seja, o profissional busca identificar a singularidade de cada beleza, o senso de
identidade, e o que o seu cliente deseja expressar.

Comparando o rosto a um quadro, os cabelos são a moldura, e,


dependendo da cor, do corte e do comprimento, transmitem as mais
variadas imagens, marcando mudanças de rotina, novas atitudes e
alterações mais profundas no comportamento e na visão do mundo.
(MARQUES, 2009, p. 9)

Cada indivíduo é único, e através do seu formato de rosto, do tom de


sua pele, da cor de seus olhos pode-se desvendar muito de uma pessoa. O
papel de um profissional com conhecimento em visagismo é trabalhar estes
conceitos, onde ele poderá atenuar características desarmônicas, ou então,
realçar os pontos mais atrativos desta beleza. Utilizando de áreas como o
estudo da anatomia da face, que permitirá o cabeleireiro reconhecer as
estruturas anatômicas que podem enaltecer com um corte de cabelo correto,
bem como utilizar-se do estudo e aplicação da teoria de Hipócrates que traz o
conceito das proporções da face em relação aos temperamentos (humores), e
fazer uso da avaliação das faces em relação aos tipos de cabelos, através dos
formatos geométricos, juntamente com a teoria das cores permitirá empregar
com mais segurança e diferencial as suas técnicas de embelezamento.
3

Segundo Lopes (2009, p.11) Em uma entrevista realizada com Fernando


Torquatto maquiador e cabeleireiro, o mesmo relata o quanto é importante o
uso do visagismo no seu trabalho:

Num trabalho sei exatamente qual será o resultado final, pois trabalho
a concepção geral desde a maquiagem até as fotos numa linha de
raciocínio única, consigo transformar em realidade o que em outras
situações apenas se almeja.

Hoje o perfil dos clientes consumidores é de buscar profissionais que e


transmitam segurança no que estão desempenhando para modificar a sua
imagem estética.
Devido a estas considerações, objetivamos por meio deste artigo
demonstrar o uso do visagismo em cortes, penteados e colorimetria para
cabelos, como instrumento de harmonização e valorização visual.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Personalização da Imagem visual

Atualmente muitas pessoas buscam estar na moda e se sentir bem ao


mesmo tempo com sua personalidade e estilo, por isso a procura crescente por
profissionais que auxiliem neste processo de modificação e personalização da
sua imagem visual. Na compreensão de Vigarello (2006, p.85):

4
Os próprios fisiognomonistas sobretudo Lavater, pretendiam
discernir indivíduos distintos, “originais”, além dos tipos
tradicionalmente evocados: todos os rostos, todas as formas, todos
os seres criados diferem entre eles, não apenas em sua classe, no
seu gênero, na sua espécie, mas também em sua individualidade.

A linguagem visual é um conjunto de práticas pelas quais as imagens


podem ser utilizadas para comunicar conceitos. Harmonia, na área visual é o
equilíbrio entre todos os elementos que são usados para criar uma imagem. No
conceito de Hallawell (2008, p.27):

A linguagem visual é um conjunto de signos e símbolos usados para


se comunicar visualmente com harmonia e senso de estética. Essa

4
Fisiognomonia: Arte de conhecer o interior do ser humano pela leitura dos traços do rosto.
(def.): do Gr. physiognomonía < physis, natureza + gnomon, o que conhece (MARTINEZ, 1997).
4

linguagem começou a ser desenvolvida no século VI a.C. pelos


gregos da antiguidade – os primeiros a procurar meios para
representar a realidade visual, já que queriam mais que as imagens
simbólicas usadas em ritos pelos egípcios.

Na ideia de Perazzo e Valença (1997) o profissional de estética se


depara com várias situações na hora de atuar e conseguir criar uma imagem
visual harmônica, necessitando de perspicácia e criatividade, pois as
possibilidades são infinitas levando em consideração a fisiognomonia e a
estética de cada cliente.

Esse encontro entre a imagem física e a imagem interna, quando a


pessoa se olha no espelho e diz “Essa sou eu!”, é um momento
inesquecível. Os benefícios à saúde, tanto emocional como psíquica
e física, são enormes (HALLAWELL, 2008, p. 16)

No entender dos autores Bianco; Leite (1998 p.11):

Levando em conta o fascínio despertado pelas imagens, bem como a


importância das culturas visuais no mundo contemporâneo, insistimos
na necessidade de aprender ler, produzir e interpretar criticamente as
diferentes linguagens.

Somos submetidos às imagens, possuídos por elas, e sequer contamos


com elementos para questionar esse intricado processo de enredamento e
submissão. É fato comprovado que não há quem passe sem ser analisado pela
sua imagem visual, recusando-se a ser afetado por sua presença ou a
perceber os significados mais profundos nela envolvidos.
A imagem visual ocupa um espaço considerável no cotidiano dos seres
humanos contemporâneos. Imagens impõem presenças que não podem
persistir ignoradas ou subestimadas em sua potencialidade comunicativa, mas
que, ao contrário, necessitam serem devidamente exploradas e expressas. O
profissional cabeleireiro tem na sua atuação a habilidade de transmitir através
de um corte de cabelo, um penteado ou até mesmo por meio da escolha da cor
que aplicará no cabelo o mecanismo para que esta comunicação ocorra.
Para Halawell (2009) a identificação dos símbolos arquetípicos nas
estruturas da imagem visual nos formatos dos rostos, das feições e do formato
dos cabelos, permite fazer uma leitura que imagem visual como um todo
expressa, e o que a face revela do temperamento.
5

Trabalhos na área da ciência cognitiva, vistas à luz dessa percepção,


indicam que imagens provocam reações emocionais, antes que possa ser
analisado racionalmente, o que explica porque a imagem visual tem tanta
influência na autoestima, no comportamento, no estado psicológico e
emocional e nas relações com outras pessoas.

2.2 Visagismo

Derivado do Francês, “Visage” que significa rosto, aparência ou


personalidade. O termo Visagismo foi criado pelo cabeleireiro e maquilador
Fernand Aubry em 1936 na França, que significa “rosto”. Já no Brasil, essa
técnica começou a se expandir somente em 2003, quando o artista plástico
Philip Hallawell lançou o livro Visagismo - Harmonia e Estética da Editora
Senac (HALLAWELL, 2008). Todavia o início do desenvolvimento desta arte
pode ser atribuído conforme cita Vigarello (2006) no século XVIII com a busca
em individualizar as belezas que os cabeleireiros reivindicaram no parlamento
de Paris em 1769 a arte liberal para criar perucas de forma manual e
personalizada para cada cliente.
Atualmente utilizando os recursos estéticos e de moda, somados aos
conceitos de harmonia no embelezamento e o entendimento da fisiognomonia
e da personalidade de cada pessoa, pode-se desenvolver uma habilidade em
identificar um estilo único e personalizado obtendo-se assim a prática do
visagismo.
Então se compreende o visagismo como um conceito complementar
para novos procedimentos estéticos, sem ditar qualquer fórmula padrão, tendo
apenas a observação que imagem visual tem que mostrar as qualidades da
pessoa pelo seu interior refletindo sua personalidade para formar um conjunto
de beleza atrativo e harmônico. O conhecimento dessa técnica torna-se um
diferencial em toda área estética, tornando-se cada vez mais essencial para o
aperfeiçoamento do cabeleireiro profissional.
Com o conhecimento em visagismo os cabeleireiros começaram a
aprimorar as técnicas de cortes, de penteados e da colorimetria personalizando
para cada pessoa conforme as características citadas. Antes deste
conhecimento, esses profissionais não tinham onde se basear para criar sua
6

arte. Escolhiam as técnicas de embelezamento por tendências de época ou por


gosto, nem sempre a técnica escolhida realmente combinava com a pessoa.
Outro fator a ser exemplificado em relação ao uso do visagismo e a
fisiognomonia é a valorização da personalidade por técnicas no cabelo, é a
questão cultural e seus objetivos que podem ser diferentes conforme cada
civilização, como cita Araujo (2012, p. 68):

Entre os cadiuéus (grupo indígena que habita o Mato Grosso do Sul),


os pais podem vaticinar a personalidade do filho, dependendo do jeito
como o cabelo é cortado pela primeira vez. A partir daí, qualquer
pessoa, ao ver a cabeleira de um menino, saberá se será cordial,
dedicado ao cultivo das roças e a família, ou, ao contrário, violento,
guerreiro, com temperamento incontrolável.

Para ter reconhecimento no mercado é importante estar atualizado e ter


noções de tendências e estilos, e valorizar com prioridade o que o cliente tem
de melhor. Até porque a beleza tem muitas expressões e formas, a estética é
apenas uma delas.

2.3 Fisiognomonia: Temperamentos e Quatro elementos

Segundo a FNUAP (Fundo de População das Nações Unidas) no ano de


2010 éramos em média 6,908 bilhões de pessoas na Terra (BRASIL ESCOLA,
2013), porém mesmo nesta quantidade imensa de pessoas, cada pessoa é
única, ninguém é igual a ninguém, psicologicamente ou fisicamente. Levando
isso em consideração é preciso ter muita atenção quando se trata de analisar a
personalidade e o temperamento de alguém. “A palavra temperamento vem do
latim temperare que significa equilíbrio” (PASQUALI, 2000, p. 4)
Alguns pesquisadores classificam a personalidade em até em 32 tipos.
Todavia os temperamentos são classificados pelo sistema de avaliação:
No sistema de avaliação dos temperamentos de pessoas criado por
Hipócrates, há quatro categorias: Sanguíneo, colérico, melancólico e
fleumático. Todas as pessoas apresentam características das quatro
categorias, mas em graus diferentes. Essas características têm
aspectos positivos, chamados de forças, e outros negativos,
chamados de fraquezas (HALLAWELL, 2009, p.115).
7

O conhecimento sobre os quatro elementos é milenar. A filosofia e as


ciências, em sua origem, os colocaram na base de todas as teorias. (PINTO,
2011).
O médico Hipócrates (460-377 a.C.) relacionou esta teoria cósmica à
saúde das pessoas, criando a teoria dos humores ou dos temperamentos. Dizia
ele que quatro humores físicos, isto é, sangue, bílis preta (atrabílis); bílis
amarela (bílis); fleuma (linfa); estavam respectivamente ligados a quatro
temperamentos da personalidade (CERRO, 2011).
Seguindo o sistema de Martinez (1997), têm-se os seguintes
temperamentos:

Quadro 1 – Temperamentos e Formatos de Rosto

Melancólico Formato Contorno de Rosto Triangular


Invertido
O formato de rosto triangular invertido indica
movimento, que é o princípio da mobilidade.
Pertence às pessoas com movimentos de
excessiva vibratilidade e espíritos inquietos.
São pessoas dominadas pelo trabalho
cerebral, possuindo uma imaginação rica em
ideias originais e ousadas. Possuem boa
memória, intuição e perspicácia, porém não
são muito capazes de intensos exercícios de
meditação, contemplação ou exercícios que
requeiram certa imobilidade corporal.
Fisiologicamente são pessoas geralmente
magras, e possuem boa resistência física que
pode ajudar a manter um ritmo de trabalho
acima da média das pessoas.

Elemento: Terra
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Colérico Formato Contorno de Rosto Quadrado

O formato de rostos com ângulos retos como


rostos quadrados e retangulares são
caracterizados pelo elemento fogo, sentem
força e são impelidos para as ações e para o
mundo. As manifestações dessas forças
podem dar-se não só em atos e conquistas,
mas também em atos espirituais. As pessoas
com este temperamento caminham sem
hesitar em direção a finalidades visadas, são
ambiciosas, autoritárias, com muita confiança
em si mesmo. Possuem ótima capacidade de
trabalho com aptidões para comandar outros,
se ofendem facilmente e não gostam de ser
zombados.

Elemento: Fogo

Sanguíneo Formato Contorno de Rosto


Hexagonal
Para as pessoas que possuem o formato de
seu rosto hexagonal, a afetividade é mais
demonstrada que as demais funções da sua
personalidade. São seres humanos alegres e
otimistas, que criam facilmente laços de
amizade por serem muito comunicativos.
Executam suas tarefas com rapidez e
apreciam correr de uma atividade para outra.

Elemento: Ar

Fleumático Formato Contorno de Rosto Cônico ou


Triangular
Pessoas com o formato geométrico cônico ou
triangular, aparentam expressão calma no seu
rosto. Seu olhar é distante e seus movimentos
são pausados. São grandes observadores,
porém, de ação lenta. Tanto em situações de
êxito ou fracasso, possuem calma necessária
para refletir longamente antes de qualquer
decisão.
Elemento: Água

Fonte: Tabela adaptada, Martinez (1997).

É importante saber que cada o ser humano traz consigo os quatro


elementos: terra, fogo, ar e água. Porém, geralmente se sobressai um ou mais
de um elemento, por isso, denomina-se o temperamento da pessoa por meio
do mais incisivo dos elementos.
9

Esta noção está ligada à teoria dos humores de Empédocles e de


Hipócrates. O ser humano, em cada fase da sua vida, tem a influência de
determinado elemento. Assim: na infância e o ar - o movimento, a rapidez, a
leveza; na juventude, a partir da puberdade, é o fogo - as paixões, os
arrebatamentos; na idade madura, a terra- o concreto; na velhice, a água - a
fluidez, a mansidão, a nutrição. (MARTINEZ, 1997).
O equilíbrio entre os elementos que compõem este mesmo ser é a
condição de saúde que depende dos humores corpóreos em igualdade. Sua
combinação ocasiona os temperamentos e existem relações entre o caráter do
homem, temperamento, aparência física e afetos (SILVA, 2007).
Para Hipócrates o temperamento seria a forma mais primitiva de reação
de um ser humano frente aos fatos e obstáculos da própria vida. É uma
inscrição psíquica, mas registrada no biológico, no hereditário, no orgânico. Os
humanos nasceriam já com uma predisposição básica de reação.
(MENEGUETTE, 2008).
O temperamento interage com influências externas. Suas manifestações
são mais estáveis durante a vida do que qualquer outro aspecto da
personalidade. (PASQUALI, 2000).
Considerando estas teorias e sua relação com a estética, entende-se
melhor a necessidade que hoje encontramos de buscar um aprimoramento
mais aprofundado para nossa prática destes conhecimentos.

2.4 Técnicas para harmonização de cabelos com os formatos de rosto,


corte, penteado e colorimetria

Para chegar à harmonização estética do cabelo precisa-se ter em mente


que os fios dos cabelos são constituídos de texturas, formas e cores distintos.
Para o profissional cabeleireiro com conhecimento em visagismo é essencial
saber como atuar com estas características que são peculiares de cada cliente
e valorizá-las.
Como elucida o cabeleireiro Biaggi (2009, p.11) “Um dos segredos para
ter um cabelo de estrela é entender que cada tipo pede um cuidado específico,
produtos diferentes e até cortes sob medida”. O cabeleireiro ainda cita que a
10

maioria das mulheres brasileiras adoram cabelos lisos, mas a grande parte tem
cabelos crespos ou ondulados, devido à miscigenação das raças no Brasil, por
isso a uma procura diária por salões de beleza para alisar os cabelos. Já
quanto aos cabelos cacheados, as mulheres que são referências de beleza
utilizam este estilo para ficarem mais sensuais, entretanto esse tipo de fio de
cabelo dá muito mais trabalho por precisar de cuidados mais específicos. E por
fim existe os cabelos ondulados que são fáceis de arrumar devido o fio ter
facilidade de modelagem.
Para valorização da beleza dos cabelos é importante respeitar a sua
estrutura básica, dês da textura do fio que definirá o tipo de cabelo até o estilo
de corte ideal para cada pessoa. Existem cinco tipos de fios: o ondulado, liso,
fino, crespo e grosso, cada tipo tem um jeito de cortar e harmonizar com o seu
biótipo e estilo de vida (BIONDO; DONATI, 2007).

Quadro 2 – Tipos de fios e comprimento do cabelo

Fonte: Warrick (2010)

Quadro 3- Modelos de Cortes e Penteados


Formato do Rosto Corte Penteado
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Rosto Oval Todos os tipos de cortes de Sugestão de penteado cabelos


O rosto oval é uma forma cabelos, tanto simétricos, longos
clássica de rosto, a testa é assimétricos, curtos, médios e
arredondada e não muito longos, como por exemplo, o
larga e as têmporas não conservador “Chanel”, aos
são muito profundas. A mais desfiados e ou repicados,
linha do cabelo é arcada. harmonizam-se com este
As linhas da maçã do rosto formato de rosto.
e do queixo são suaves e
levemente arredondadas.

Rosto Redondo O objetivo do corte para esse Sugestão de penteado cabelos


Geralmente quem tem formato de rosto é sempre médios
rosto redondo também tem alongar a face. Uma boa
pescoço mais curto e técnica é desfiar e ou repicar
grosso. Possui poucos as laterais, lembrando que se
ângulos. A testa e o queixo deve evitar o comprimento na
são menores que nos altura do pescoço. É melhor
rostos ovais. preferir a altura do ombro, num
corte médio.

Rosto Retangular O corte deve suavizar esses Sugestão de penteado


Traços angulosos dão ângulos e diminuir as Cabelos longos
muita seriedade ao extremidades para equilibrar
semblante. Nesse tipo de as linhas. O corte
rosto, a face é longa e recomendado é abaixo do
estreita, e a mandíbula e a ombro e, se for para ter algum
testa possuem a mesma volume, que seja
largura. preferencialmente nas laterais.
Corte em camadas ou com
franja diminui o rosto e pode
ser uma boa opção. É bom
evitar cabelo repartido no meio
ou ainda cabelos curtos (eles
alongam o rosto, e aqui deve
ser feito justamente o
contrário).
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Rosto Triangular O corte deve suavizar o Sugestão de penteado


Invertido ângulo do queixo. .É bom cabelos longos
A testa é larga e a evitar cabelos retos, sempre
mandíbula estreita. As preferir cortes repicados ou
maçãs do rosto não são perfilados.
muito pronunciadas, não se
percebe a curva da
mandíbula e o rosto é
formado por uma linha
continua que ocorre da
maçã do rosto até do
queixo, num ângulo bem
acentuado.

Rosto Triangular Devido a esta diferença entre Sugestão de penteado


A atenção esta na parte as distâncias da testa e da Cabelos médios
inferior do rosto, que é mandíbula, o cabelo deverá
mais larga do que a parte ser cortado para dar volume
superior. Conhecido como na parte superior do rosto para
formato de pera, a harmonizar o semblante. O
mandíbula bastante comprimento deve ir do médio
evidente, larga e quadrada, ao curto.
apresenta sua parte mais
larga na área da
mandíbula, enquanto a
testa é pequena e estreita.
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Rosto Hexagonal O corte mais indicado para Sugestão de penteado


(Reto lateralmente) esse formato de rosto são cabelos longos
As laterais são retas, a cortes que tem como objetivo
testa é em forma de suavizar os ângulos, Só tome
Trapézio, em vez de ter cuidado para não exagerar no
curvas suaves é bastante volume dos fios da parte
angular. As maçãs do rosto superior da cabeça.
são um pouco mais Evite cortes muito curtos para
pronunciadas e as não deixar o rosto ainda mais
têmporas mais profundas. largo.

Rosto Hexagonal Sugestão de penteado


(Reto na base) cabelos longos
A base e a testa retas, as
maçãs são salientes, a
testa não é tão larga e nem
o queixo pontudo. A linha
da maçã do rosto até a
mandíbula é bastante
inclinada. A mandíbula
bastante angular e o queixo
de formato quadrado.
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Rosto em Formato de O corte mais ideal para esse Sugestão de penteado


Losango formato de rosto é tentar Cabelos longos
É parecido com o triangular suavizar os ângulos da maxilar
invertido, ambos tem as e do queixo, o melhor estilo é
maçãs do rosto repicado com volume e franja.
acentuadas, sem definição
no maxilar e queixo, o que
muda é a testa que é muito
menos larga, e forma uma
ponta ou curva
pronunciada.

Rosto Formato de O objetivo aqui é dar mais Sugestão de penteado


Coração volume e equilíbrio à parte de Cabelo longo
Neste tipo de rosto a testa baixo do rosto. A franja é uma
costuma ser curta e larga, boa pedida para compensar a
tendo o formato de coração largura da testa. E o volume
na parte superior da testa. maior de cabelo na altura da
E o queixo é fino e mandíbula confere a largura à
pontudo. parte inferior do rosto. É bom
evitar fios curtos demais,
cortes que chamem a atenção
para o formato de rosto e
cabelo repartido no meio.

Fonte: Hallawell (2008), Biondo; Donatti (2011)

Este quadro foi elaborado para facilitar a visualização de como


harmonizar os cortes e penteados de cabelos com as características faciais
geométricas peculiares a cada formato de rosto.
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Para definição da colorimetria de cabelos é necessário considerar a cor


da pele e olhos. Na visão de Gurgel (2005) com os esquemas das cores
podem-se escolher uma boa opção para cada tipo de rosto. Precisam-se
conhecer também as características psicológicas das cores, ou seja, como elas
influenciam a mente e a personalidade de cada pessoa.
Para o conhecimento de como utilizar as cores na colorimetria de
cabelos, a figura abaixo Estrela de Cores poderá auxiliar na seleção da cor
mais indicada para cada pessoa conforme a característica do seu cabelo, pele
e olhos.

Quadro 4 – Estrela de Oswald

Fonte:

É importante o cabeleireiro conhecer as características da colorimetria


em relação às reações químicas quanto a altura do tom e o fundo de
clareamento. O quadro 3 - abaixo relaciona estas características para
orientação dos profissionais.

Quadro 5 - Características do Tom e Clareamento do Cabelo


Altura de Tom Fundo de Clareamento
1 – Preto Vermelho
2 – Castanho Escuríssimo Vermelho
3 – Castanho Escuro Vermelho
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4 – Castanho Médio Vermelho


5 – Castanho Claro Vermelho Alaranjado
6 – Louro Escuro Alaranjado
7 – Louro Médio Alaranjado Amarelo
8 – Louro Claro Amarelo
9 – Louro Muito Claro Amarelo Claro
10 – Louro Claríssimo Amarelo Muito Claro
Fonte: Adaptado do material didático Moser (2012).

Como cita Biondo e Donati (2007, p. 65) é importante analisar se o novo


tom vai combinar com o tom da pele, condições do cabelo e couro cabeludo e
até mesmo do corte de cabelo.

Quadro 6 – Relação da cor de pele e cores que devem ser evitadas nas
técnicas de embelezamento

Cor da Pele Evitar Preferir


Pele Rosada Evite as tintas vermelhas ou Prefira os tons acinzentados.
o louro-dourado.
Pele Branca Não utilizar cores claras. Prefira os tons escuros,
que dão mais luminosidade.
Pele Amarela Deve-se evitar tons derivados Prefira os avermelhados.
do amarelo, dourado ou
laranja.
Pele Negra Não utilizar tintas louras ou Mulatas e negras devem
mais claras que o natural. manter a cor do cabelo o mais
perto possível do original, para
completar a tonalidade da
pele.
Fonte: Adaptado do livro de Biondo e Donati (2007)

Todas as pessoas possuem algum tipo de beleza, conforme cada qual com
suas características físicas, porém nem tudo o que usam combinam com a sua
beleza. Analisando isso é sempre importante considerar o natural de cada um
para poder fazer uma transformação. No quadro 5 abaixo, consta a relação das
cores mais indicadas para ressaltar cada característica das belezas
classificadas em Mulheres louras, ruivas e morenas.
Quadro 7 - Cores indicadas para belezas Louras, Ruivas e Morenas
Mulheres Louras Os tons ficam bem em quem tem a pele e olhos claros. Se os olhos
forem azuis, é indicado o louro-bege. Se forem verdes, um louro-
dourado fica ótimo. Já as morenas de olhos escuros podem ate ficar
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louras, mas devem fugir dos tons muito claros.


Mulheres Ruivas Os avermelhados sempre ficam em alta no inverno e ótimo em
pessoas morenas. Negras combinam com o acaju e as
orientais ganham um ar exótico com cores vermelhas.
Mulheres Morenas Quem tem pele morena pode optar pelo vermelho ou por tons
castanhos e marrons. A cor preta fica bem nos cabelos de negras e
deve ser sempre evitada por quem tem a pele clara.
Fonte: Adaptado do livro de Biondo e Donati (2007)

3 METODOLOGIA

Os aspectos metodológicos adotados para a perante pesquisa bibliográfica,


qualitativa de nível exploratória, envolveram análise da relação do visagismo
com a prática do profissional cabeleireiro.
Segundo Carvalho (2000), a pesquisa é uma atividade voltada para a
solução de problemas, que se utiliza de um método para investigar e analisar
estas soluções, buscando também algo “novo” no processo de conhecimento.
Na abordagem qualitativa, Bardin (1977, p.42) explana que abordagem do
objeto de estudo “[...] tem por finalidade efeituar deduções lógicas e
justificadas, referentes a origem das mensagens tomadas em consideração (o
emissor e o seu contexto, ou, e eventualmente) os efeitos dessas
mensagens)”.
A pesquisa exploratória que segundo Piovesan, Temporini (1995) define-se
na qualidade de parte integrante da pesquisa principal, como o estudo
preliminar realizado com a finalidade de melhor adequar o instrumento de
medida à realidade que se pretende conhecer, envolve o levantamento
bibliográfico sendo este a universo as pesquisa. Os procedimentos
pesquisados se realizaram no meio de revistas, livros, e sites, com abordagem
no visagismo e fisiognomonia, cortes de cabelo, colorimetria, penteado e
tendências.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como o objetivo inicial deste artigo era demonstrar o uso do visagismo


em cortes, penteados e colorimetria para cabelos, como instrumento de
harmonização e valorização visual, acreditamos que conseguimos alcançar o
objetivo mesmo com falta de material específico sobre esta temática, todavia
as técnicas citadas foram fundamentadas nos preceitos do visagismo que para
muitos os profissionais cabeleireiros ainda é uma dificuldade em encontrar
material didático para entender e colocar esse conhecimento em prática.
Como pesquisadoras no assunto, achamos importante destacar em
especial a relação da aplicação do visagismo para tomadas de decisões em
relação ás modificações visuais como corte de cabelo e mudança nos tons de
cabelo. A insegurança de algumas clientes com sua imagem e a vontade de
mudar esta imagem, sugere-se mais profissionais habilitados a oferecer seus
serviços de cabeleireiros com conhecimento em visagismo.
É importante ressaltar que o visagismo trabalha somente com conceitos
de harmonização e valorização individual, e que todas as técnicas
fundamentadas no artigo são para objetivar este caminho, não sendo
recomendado criar uma cartilha padronizada de técnicas.

REFERÊNCIAS

ARAUJO, Leusa. Livro do Cabelo. São Paulo: Leya, 2012. 205 p.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 1977.

BIAGGI, Marco Antônio de. Estilo Biaggi: Cores, cortes, penteados e cuidados
para os cabelos, por marco antônio de biaggi. São Paulo: Melhoramentos Ltda,
2009. 111 p.

BIANCO, Bela Felman; LEITE, Miriam L. Moreira. Desafios da Imagem. São


Paulo: Papirus, 1998.
19

BIONDO, Sonia; DONATI, Bruno. Cabelo: Cuidados básicos, Técnicas de


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