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Atividade de escrita criativa

Da curta-metragem à produção de uma história criativa

Instruções da Atividade
PASSO 1 – Visualização da curta-metragem The Light House (O farol) de Po Chou Chi.

A curta-metragem The Lighthouse (O farol) foi realizada em 2010 por um jovem natural de
Taiwan, radicado em Los Angeles, Po Chou Chi, que venceu 27 prémios.

Após o visionamento da curta-metragem, redija a história que lhe inspira e atribua-lhe um título
sugestivo.
Inclua no seu texto:
- a caracterização indireta das personagens
- o espaço sugerido
- o tempo psicológico
- um ou vários momentos de viragem da narrativa
- um breve diálogo
- linguagem não-verbal

Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=N0bdbgr1Tlg

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PASSO 2 – Leitura de 4 textos, inspirados na curta-metragem The Lighthouse (O farol).

EXEMPLOS DE 4 PRODUÇÕES TEXTUAIS


Ode a meu pai
Tal como o meu pai fizera, também eu saí da casa paterna. Não, não virei as costas à casa
do meu pai nem tampouco o abandonei. Apenas saí do farol, a minha referência desde a mais
tenra idade, o meu porto seguro e o meu guia para todo o sempre, porque a vida assim no-lo
exige. Perante essa imposição, não há amarras que nos possam reter junto daqueles que mais
amamos, junto daqueles que nunca nos abandonaram sob qualquer pretexto.
À semelhança daquilo que todos os meus antepassados fizeram, também eu fui obrigado a
procurar um futuro mais promissor noutras paragens e, por isso, fui! Fui, mas nunca deixei de
voltar, sempre que me foi possível. Partir não é fácil, sobretudo quando temos alguém que
reclama um regresso rápido:
- Não te esqueças de mim. Vai, mas volta depressa!
- Sempre! Esquecê-lo é impossível, nem que tenha de atravessar as maiores tempestades,
retornarei sempre… sempre.
Saí e comigo levei todos os seus ensinamentos. Guardei bem dentro do peito as longas
horas passadas, sentados numa partilha fraterna, nas quais dávamos uso ao velho piano que
pertencera ao meu avô e onde a nossa cumplicidade ganhava vida ao som de cada nota que se
soltava.
Foram muitas as viagens iniciadas, mas a casa de meu pai continuou a ser porto seguro, e
como o bom filho à casa torna, fazia questão de voltar... e voltei. Ele aguardava pacientemente.
Sempre que regressava havia uma música nova (que é como quem diz, um ensinamento novo).
Não obstante a promessa de regressar, as vicissitudes da vida afastaram-me da casa de
meu pai. É que, para mim, ele era eterno! O meu farol havia sempre de brilhar. Um dia passou, e
mais outro, e outro… Quando o meu barco atracou de novo naquele cais que tão bem conhecia,
ele não me esperava, como sempre fizera. Qual não foi o meu espanto quando verifiquei que as
minhas cartas estavam amontoadas na caixa do correio. Quando foi que perdi a noção de
tempo?! Quanto tempo estivera sem o visitar? Nesse momento, uma dor trespassou-me de lés a
lés. Senti-me a mirrar e os passos que dava a correr pareciam pequenos passos de bebé, que
não chegavam ao seu destino.
Numa sofreguidão, já sem fôlego, abri a porta do velho farol. O frio tinha invadido o espaço,
prenúncio da morte que se aproximava… Estava perto, tão perto que sentia o seu bafo por entre
as rajadas frias. As voltas que a vida dá afastaram-me, mas essas mesmas voltas permitiram que
chegasse a tempo de partilhar uma última música. Fui o maestro desta composição e o meu pai,
o meu pupilo. Mostrei-lhe que foi um bom professor e ele, feliz, adormeceu nos meus braços com
um sorriso nos lábios.
Agora, que não está cá, compreendo melhor a música que tocávamos em conjunto. Pode
parecer estranho, mas o eco é mais nítido do que a música original. Sinto não só os sons que
articulávamos como também a força dos seus abraços. Cabe-me, portanto, dar continuidade à
composição que foi iniciada há imenso tempo pelos meus antepassados. É o meu filho quem terá
de aprender, de hora avante, a interpretar a melodia da vida. Também ele irá partir e regressar
vezes sem conta. Só espero que compreenda o sentido da música que tocamos e perceba que a
casa do meu pai será também a casa do seu pai, onde encontrará o conforto de quem aguarda
silenciosamente pelo seu regresso.
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Uma lição de vida
Há muitos, muitos anos numa pequena ilha do sul da China, com um farol no cimo de um
promontório, viviam o pai e o filho, ainda pequeno. Todos os dias, o farol orientava
exemplarmente os barcos que de forma regular cruzavam aquela baía.
Neste local, as gaivotas pousavam e circundavam o farol e o mar ao redor da ilha era
calmo e sereno…
Todas as manhãs, ainda cedo, o pai mostrava ao filho o ambiente em volta do farol,
transmitindo-lhe vários ensinamentos sobre a arte de navegar. Na sala do piso térreo do farol,
encostado à parede, existia um piano onde, todas as noites, o faroleiro interpretava composições,
que foi ensinando ao filho, corrigindo-o sempre que necessário. O filho ouvia-o com muita
atenção e reproduzia os ensinamentos do pai.
Passaram semanas. Quando se sentiu preparado, o rapaz conduziu um pequeno barco até
à ilha mais próxima. O pai ficou feliz porque percebeu que tinha preparado bem o filho para os
desafios da vida.
À medida que ia crescendo, o rapaz ia realizando maiores e mais bem sucedidas viagens,
até se tornar um jovem marinheiro. Partiu em busca do seu sonho e o pai sentia-se orgulhoso das
suas conquistas.
O filho deixou então de visitar o pai, passando a escrever-lhe cartas a contar as suas
grandes e prósperas aventuras. Todos os dias, o faroleiro ia à caixa do correio à procura de
notícias do filho. Os dias pareciam-lhe intermináveis… e nem sempre recebia cartas.
A dado momento, na caixa do correio acumularam-se muitas cartas, escritas ao longo de
semanas e meses.
Tempos depois, quando o filho regressou à ilha, ficou assustado porque encontrou as
cartas que escrevera espalhadas pelo chão e acumuladas na caixa do correio… Correu
desesperadamente para o farol, entrou no quarto e encontrou o pai muito doente e debilitado.
Como o filho era agora um adulto, o pai não o reconheceu:
- Quem és tu?
- Sou eu, o teu filho!
O pai, com os olhos humedecidos, sorriu e respondeu:
- Finalmente, regressaste! Mas eu estou muito doente e pensava que nunca mais te iria
ver…
Entreolharam-se e os dois perceberam naquele momento que necessitavam de tocar a
última música no piano do farol… Quando começaram a tocar, a música encheu o farol, levando
algumas gaivotas a pousar no parapeito das janelas… como que recordando os bons velhos
tempos.
De repente, a música parou, as gaivotas desapareceram e o pai caiu morto nos braços do
filho.
Anos depois, o filho regressou à ilha e transmitiu ao seu filho tudo aquilo que o pai lhe
ensinara.

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Melodia da vida
O vento rugia naquela tarde azul de verão, as ondas saltavam ao encontro dos rochedos,
respirava-se um ar de espera tranquila.
Pai acompanhava, com um olhar terno, o Filho brincalhão, que sorria para as gaivotas,
expectante em relação à sua primeira viagem de barco. Filho queria descobrir o mundo e Pai,
atento, incentivava-o a conquistar os seus sonhos. Era lá fora, mas também no aconchego da
sala, onde o grande piano lançava as notas compassadas que Filho ia recebendo das mãos
sábias do pai.
O tempo passou, Filho cresceu, e as suas viagens tornaram-se companheiras dos anos,
formando o seu caráter e moldando a sua vida.
- Querido Pai - dizia nas suas cartas - tinhas razão, o mundo não é só o nosso farol. Ele
era a nossa vida, mas a vida cresceu muito para além dele e de nós…
As lágrimas cresciam nas faces de Pai, mas a saudade misturava-se com o orgulho de
saber que Filho já era um homem e que estava a encontrar o seu lugar para lá das falésias,
vivendo os seus sonhos de criança.
Esse ano passou, outros anos correram. Um dia, Pai não conseguiu levantar-se da cama.
As pernas, tolhidas, já não lhe obedeciam e as cartas acumulavam-se na caixa do correio. O
vento do Norte levou a notícia a Filho ausente, que há muito não recebia respostas de Pai.
Determinado, fez-se ao caminho das ondas, no Grande Barco que cortava a espuma e lançava o
sal no seu rosto.
O sol acabava de descer no horizonte. Era um disco dourado envolto numa névoa roxa e
fria, que cobria os ombros de Filho e o acompanhava na corrida até à Casa. Entrou. O som do
silêncio cobria o quarto de Pai e invadia toda a casa, como uma presença estranha, de mau
augúrio.
- Pai, cheguei. Voltei para tocarmos aquela música que é só nossa. Os dois, a quatro
mãos… Vem comigo…
Sentados em frente ao teclado, a melodia sobe no ar, os dedos espalham-se, cruzados de
emoção. O mestre olha emocionado o aprendiz. Sorri, certo de que a lição está agora toda
naqueles dedos ainda jovens. Pode finalmente partir em paz, a espera acabou.
Nesse momento, o sol mergulha no mar...
Chegada a primavera, vozes alegres anunciam-se. É o riso de uma mulher, o palrar de
uma criança e a melodia de um piano que vê a história repetir-se.

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Memórias de Um Piano
A fotografia reluzia nas mãos esguias e cuidadas de Joaquim.
- Querido filho, tinha a tua idade quando pela primeira vez me sentei à frente deste piano.
Tinha sido o meu primeiro dia de aulas...
O sofá onde estavam sentados tornou-se aquele barco onde Joaquim embarcou, uma e
outra vez, rumo à escola, sempre debaixo do olhar atento do pai. Ao final do dia, a luz do farol e o
abraço do pai recebiam-no calorosamente. O piano esperava-os. Juntos, conversavam
partilhando saberes e melodias.
O tempo foi passando e as conversas foram substituídas pelas cartas que Joaquim enviava
de outras paragens, de outras vidas. A distância impôs-se. O tempo seguiu. As cartas já não
aqueciam o coração cada vez mais fraco do seu pai.
- Num dia de muito frio e neve, regressei à casa do Farol e encontrei o teu avô já muito
doente, mas a minha presença alegrou o seu velho coração e renovou-lhe as forças. Permanece
na minha memória aquela última vez que tocámos a nossa melodia neste piano…

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PASSO 3 – Seleção e visualização de uma das curtas-metragens apresentadas a seguir.
Título Curta-metragem Resumo
História trágica com Foi lançada em Portugal a 22 de março de 2007. Intitulada
final feliz de Regina em inglês Tragic Story with Happy Ending, estamos perante
Pessoa. uma história lírica e profunda sobre aceitação e comunhão.

Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=T5cSN07OBB0
Cuerdas de Pedro Recebeu o Prémio Goya de melhor curta-metragem de
Solís García. animação em 2014, na categoria de "Melhor curta-metragem
de animação espanhola".

Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=4INwx_tmTKw&vl=pt-PT
O Outro Par - The O filme egípcio "O OUTRO PAR", com apenas 4 minutos de
Other Pair (original duração, ganhou o prémio de melhor curta em festival de
title), de Sarah Rozik cinema. A diretora tem 20 anos de idade.
- 6min | Short | 10
January 2014 (Egypt)

Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Y2ZOqxNOpSs
A ilha - Animação A ilha conta a história de Edu, um rapaz que fica preso numa
(2008) Duração 9 min “ilha” numa grande metrópole. O filme aborda, de maneira
- Brasil - DF bem-humorada, os problemas e dificuldades de se viver
numa cidade grande, na qual as aparências enganam e o
simples ato de se atrever a atravessar uma rua pode ser um
problema.
Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=XjWF6QjAS-A
The present - “The Present”, baseado numa pequena história de banda
Animação (2008) desenhada do talentoso Fabio Coala, é um curta-metragem
Duração 9 min - Brasil alemã de animação de 2014, dirigida por Jacob Frey, que
– DF também co-escreveu junto com Markus Kranzler. A curta
conta a história de um menino de doze anos que ganha da
mãe um cachorrinho de três patas. Aceitar as falhas dos
outros pode ajudar-nos a aceitar as nossas próprias falhas.
Foi exibido em mais de 180 festivais de cinema e ganhou
mais de 50 prémios em todo o mundo.
Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=WjqiU5FgsYc
Wild Love de Jérémy Durante uma fuga romântica, Alan e Beverly provocam um
Clapin acidente fatal. Este crime não ficará impune...
Curta-metragem realizada por Paul Autric, Quentin Camus,
Léa Georges, Maryka Laudet, Zoé Sottiaux, Corentin
Yvergniaux na Ecole des Nouvelles Images.

Disponível em https://vimeo.com/wildlovemovie
Dotty, curta- Uma história emocionante de amor... Dotty é um curta
metragem de Mick neozelandês criado e produzido por Mick Andrews e Brett
Andrews e Brett O’Gorman que mostra de uma forma ao mesmo tempo
O'Gorman. divertida e emocionante, as dificuldades de uma senhora já
de idade para enviar uma mensagem de texto para a sua
filha. O destaque fica por conta da atuação lenta e bem
trabalhada das atrizes Joyce Irving e Alison Bruce.
Disponível em:
https://www.facebook.com/podtexto/videos/10-minutinhos-para-ver-dotty-curta-metragem-de-mick-andrews-e-brett-
ogorman-uma-/665966440543196/
OU em:
https://vimeo.com/128544536
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PASSO 4 – Produção de um texto, inspirado numa das curtas-metragens apresentadas.
Após o visionamento de uma das curtas-metragens acima, redija a história que lhe inspira e
atribua-lhe um título sugestivo.
Inclua no seu texto:
- a caracterização direta e indireta das personagens
- o espaço sugerido
- o tempo
- um ou vários momentos de viragem da narrativa
- um breve diálogo

PASSO 5 – Publicação do texto (em formato Word e PDF) no IPBVirtual da turma em


“Atividades” OU “Cacifo Digital (Portefólio)”, com o título “Da curta-metragem à produção
de uma história criativa”.

Bom trabalho!

O DOCENTE: ILÍDIO ARRIBADA CADIME


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