Você está na página 1de 39

LICENCIATURA EM RELAÇÕES LUSÓFONAS E LÍNGUA PORTUGUESA

(PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA)


Unidade Curricular – Técnicas de Expressão Escrita
Ano letivo: 2022/2023
ESE de Bragança
Professor Ilídio Arribada Cadime

3.7. Textos jornalísticos


3.7. TEXTOS JORNALÍSTICOS
3.7.1 Notícia
Definição: a notícia é um texto jornalístico curto, cujo objetivo é
informar objectivamente acerca de um acontecimento atual e de
interesse geral para o público. Deve ser breve e conciso.
Estrutura: Antetítulo (facultativo)
Título
Subtítulo (facultativo)
Lead (1º Parágrafo) Tenta responder a:
- Quem?
- O quê?
- Onde?
- Quando?
Corpo da notícia (resto do texto) Tenta responder a:
- Como?
- Porquê? 2
Sendo um género
textual não literário
que está presente no
nosso dia a dia, usa,
como técnica de
estruturação a
PIRÂMIDE INVERTIDA.
Isso significa que este
tipo de redação
jornalística privilegia a
disposição das
informações por
ordem decrescente
de importância.

3
Uma notícia é uma
narração ordenada,
objectiva e clara de
factos recentes ou de
situações, com
interesse público, sem
comentários nem
apreciações.

4
I – Título
A notícia é encabeçada por um título
que deve ser muito preciso e
expressivo, para chamar a atenção do
leitor.
1- antetítulo (assunto geral),.

2- título (refere o assunto principal da


notícia e relaciona-se, habitualmente,
com o que é tratado no LEAD.),

3- subtítulo e entretítulos (assuntos


particulares ou relevantes, dentro da
notícia).
O antetítulo, o subtítulo e os entretítulos
só se usam quando forem necessários.
5
II - Parágrafo-Guia ou Lead
Este parágrafo é, frequentemente, escrito
em caracteres diferentes e destacado do
corpo da notícia. Começa do mais
importante para o menos importante.
Responde às seguintes perguntas:
1 - Quem? - Sujeito da frase, afirmação
mais importante da notícia, palavra-chave,
palavra ou expressão com mais carga
dramática, o resultado do acontecimento...
2 - O quê? - Predicado (verbo) e comple-
mento directo ou indirecto. É o
acontecimento.
3 - Onde?
4 - Quando?

6
III - Corpo da Notícia - Desenvolve as informações do parágrafo-
guia, sempre do mais importante para o menos importante. Além
disso, desde que haja elementos, responde às questões:
1- Como?
2- Porquê?

7
Algumas regras gerais para fazer notícias

1 - Numa notícia, tudo se escreve sempre do mais importante


para o menos importante. As afirmações colocam-se,
normalmente, antes de indicar quem as disse.

Ex.:
30 mortos foi o resultado de um acidente decorrido ontem, na EN 2;

«Os salários vão aumentar 10 %» - afirmou o primeiro-ministro, hoje, em visita


oficial a...;

Uma manifestação contra o racismo teve lugar à porta do Consulado de


Angola, durante todo o dia de ontem;

Médicos portugueses recusam-se a preencher vagas no interior do país; etc. 8


2 - Uma notícia escreve-se sempre na 3.ª pessoa (do singular
ou do plural).
Eu, tu, nós, vós e vocês só se empregam nas citações, as quais
devem ser devidamente separadas com aspas.

Ex.:
«Vimos a morte à frente dos olhos» - afirmou Fulano, um
habitante do referido prédio;

«Já estamos à espera, desde as 5 da manhã, para sermos


consultados» - afirmam os manifestantes, descontentes com a
falta de médicos; etc. 9
3 - Não se dá opiniões, nem sugestões, nem se avalia, nem
se lamenta, nem se deseja nada, nem se dá parabéns.
Só se devem usar os adjetivos que designam o que é evidente
para qualquer pessoa.
Ex.: As cores são evidentes para qualquer pessoa; mas o que é
bom, grande e bonito para uns pode ser mau, pequeno e feio
para outros. O recurso a citações é uma exceção a esta regra,
desde que não comprometa a independência de quem escreve a
notícia.

Ex.: Segundo afirmou um automobilista, «os javalis são bichos muito maus. Se
encontrarem um carro pela frente, não se desviam e atacam»;
«Foi o melhor momento da minha vida» - afirmou (ou referiu) Fulano; etc.
10
4 - Quando não se presenciou, recorre-se a fontes diversas
ou a citações, tendo sempre o cuidado de indicar que os
dados estão de acordo com as referidas fontes. É lógico não
indicar aquilo de que não se tem a certeza!

Ex.: De acordo com informações de...; A mesma fonte também indicou (ou
confirmou) que...; De acordo com (ou Segundo afirmam) testemunhas
oculares, ...; A alegada fraude; ...não revelou (, contudo)...; (Segundo) anunciou
F, presumivelmente por...; lembrou, por outro lado, que...; Observou (ou
Afirmou) um habitante..., acrescentando que...; Precisou F; Segundo um
balanço oficial; O último balanço indicava...; Contou F; Adiantou, ainda, que...;
O que terá provocado...; etc.
11
5 - A linguagem deve ser simples e clara, para que todas as
pessoas a possam entender. As palavras pouco conhecidas
devem ser evitadas. Deve-se evitar o uso de recursos estilísticos
e de todas as expressões que possam deixar dúvidas no leitor. As
frases devem ser curtas e simples. Quando se usam siglas, é
necessário dizer o que elas significam.

Ex.: CDU (Coligação Democrática Unitária); Partido Social Democrata (PSD);


etc.

12
6 - Deve-se transmitir o máximo de informações num mínimo
de palavras.
Um jornal não é um exercício de retórica.

7 - A linguagem deve ser atractiva.


Caso contrário, o jornal perde compradores!

13
3.7.2 Reportagem
Definição: Texto jornalístico não literário mais longo e
pormenorizado, cujo objetivo é informar os leitores sobre um tema
de interesse geral. Para o elaborar, o repórter desloca-se ao local
do acontecimento, recolhe informações, entrevista os
intervenientes, anota o que vê, ouve e sente. O repórter pode
exprimir comentários pessoais.
Esta tipologia textual é veiculada pelos meios de comunicação:
jornais, revistas, televisão, internet, rádio, entre outros.
Estrutura: Embora apresente uma estrutura similar à da notícia, a reportagem é
mais ampla e menos rígida na estrutura textual. Pode incluir as
opiniões e interpretações do autor, entrevistas e depoimentos,
análises de dados e pesquisa, etc.
Título
Entrada – breve resumo, em letra destacada, sobre o assunto
que se vai desenvolver.
Corpo – é a pormenorização do assunto. 14
A reportagem é uma narração informativa feita por um jornalista
presente no local dos acontecimentos e cuja visão é fundamental para
a apresentação dos factos. Ao estar no terreno o jornalista introduz no
texto o resultado das pesquisas de informação que fez e procura
envolver o leitor nessa narração dos acontecimentos.

15
Na reportagem, ao contrário
da notícia, há lugar para
marcas de subjetividade.
O estilo deve ser vivo,
ritmado, simples e
envolvente.
O desenvolvimento do texto
deve seguir a cronologia
e não a técnica da pirâmide
invertida.

16
Notícia e Reportagem

Ainda que a notícia e a reportagem sejam textos jornalísticos, a


notícia difere da reportagem, na medida que é um texto
informativo e impessoal, sem teor opinativo, característico das
reportagens. Além disso, as notícias não são textos assinados
pelo autor, ao passo que as reportagens apresentam o nome do
repórter.

Entre outras diferenças que podem surgir entre esses tipos de


textos, importa lembrar que a notícia apresenta um tema atual de
modo inteiramente informativo, enquanto a reportagem se
aprofunda mais sobre os temas sociais e de interesse da
sociedade, apresentando as opiniões do autor.
17
3.7.3 Crónica
Definição: Texto jornalístico que aborda o quotidiano,
interpretando-o, analisando o facto através de uma visão
subjetiva, razão pela qual aparece na primeira pessoa do
singular. Algumas crónicas aproximam-se do texto literário.
Estamos perante uma tipologia textual publicada na imprensa ou
emitida na televisão ou na rádio (ex.: a polémica crónica do
jornalista foi suspensa).

Estrutura: Título
Corpo – a sua estrutura assemelha-se à de um conto,
apresentando:
- Introdução
- Desenvolvimento
- Conclusão
18
Rubrica: Olho Vivo se confundia com a crença absoluta de a
A Rã e o Girino poder alcançar, atingindo, desse modo,
Sinto-me e sento-me com uma raiva o estado supremo de felicidade. A ilusão
apressada numa cadeira pesada e como tudo na vida, faz-nos acreditar e
ansiosa, com o desejo de cronicar, de faz-nos viver. Todos temos esse desejo
pegar no meu tempo, nas minhas secreto e incontável de viajar no
histórias e nos meus sonhos e projectá- tempo…
los no papel como um jacto de tinta A metamorfose (qual girino transformado
natural saído do pincel do artista. Pincel em rã ou vice-versa) inesperada
não tenho, arte também não, mas sobra- aconteceu e sinto-me outra vez dentro
me a vontade e a determinação de me de um corpo magro, vital e pulsante de
agarrar ao hardware e confiar na energia. Olho-me, procuro um espelho e
operacionalidade do software, eis o cabelo desgrenhado e pouco
esperando que o resultado saia em letra lavado, roupas largas de “dread”, calças
12 - Times New Roman, como acontece enormes, sem cinto e descaídas que
todas as semanas à quarta-feira antes revelam descaradamente a cor
de enviar por e-mail ao editor. indiscreta dos boxers e, ainda a compor
Olho-me e tenho saudades do meu o figurino, ténis de cor desconhecida
passado de puberdade, quando as (este par provavelmente nunca teve a
hormonas saltitavam entre os sonhos e felicidade de entrar numa máquina de
as emoções, onde o desejo de liberdade lavar), mas sinto-me bem, estou radical,19
sou irreverente (até posso dizer que sou chegasse a casa e instalasse o novo
“cool”). “modem” que lhe permitiria navegar
Algo vibra no bolso das calças que se ao dobro da velocidade. Não me
encontra um pouco abaixo do joelho, entendeu ou talvez eu não me tenha
procuro e encontro um telemóvel da feito entender, o que de facto pretendia
terceira geração. Depois de algumas saber era a data, a expectativa e a
hesitações, descobri o modo de ansiedade do encontro real a três
funcionamento do electrodoméstico e… dimensões, que, na minha era,
tentei ler a mensagem e voltei a tentar, acontecia num café, numa livraria, numa
mas nada (vim a descobrir mais tarde biblioteca, num bar, numa esquina,
que se tratava de linguagem SMS). numa praça, num jardim (para quem
Encontrei os meus amigos e amigas (tá- tivesse um arrombo de romantismo
se bem, tás a curtir, não há stress, tou clássico), num sítio real, onde as
na minha), um deles diz que conheceu pessoas pudessem estar a uma
uma miúda nos “chats”, que era distância máxima de dois metros nos
fabulosa, que comunicaram através da primeiros dois minutos e que, à medida
“webcam”, que instalou o “skype” e que que o tempo fosse passando, a distância
agora fala com ela todos os dias. Eu, na se fosse encurtando. Perante a minha
minha pura inocência, perguntei-lhe ingénua curiosidade obtive do meu
quando é que eles se iriam encontrar. interlocutor pasmo, estupefacção,
Ele prontamente me disse assim que admiração, espanto, surpresa e embas-20
bacamento. Isso não existe, disse ele o corpo no corpo até à fundição final.
com veemência, essa coisa é do tempo A esta declaração apaixonada recebi
do homem das cavernas, agora é tudo como resposta um claro, expressivo e
feito à distância de um click, faz-se convicto encolher de ombros.
exactamente a mesma coisa que De repente, a lua iluminou-me e
aparece nos manuais de história, mas abarquei aquilo que me escapava: esta
com muito mais limpeza e higiene. juventude é feliz à sua maneira e está
Mas... não é possível… e o contacto feliz no seu tempo…. e eu … eu não
visual, no qual se vislumbram todos os posso fazer parte desse universo,
defeitos femininos que tornam aquele porque a minha primavera só existe e só
ente especial; e o contacto auditivo, as pode existir no baú das memórias,
doces palavras aladas que se trocam conforme ficou estabelecido no contrato
sem significado mas com um profundo com o Criador.
sentido; e o contacto olfactivo, aquele O mito quebrou-se… e eu estou aliviado.
perfume único e aquele cheiro da pele
que primeiro se estranha e depois se
entranha; e o contacto gustativo, o 19/10/2005
sabor inebriante dos beijos que nos
levam em estado puro à insanidade; e o Paulo Fernando Mota Gaspar
contacto táctil, o mão na mão, o pé no
pé, o braço no corpo, o corpo no braço, 21
3.7.4 Entrevista
Definição: É um diálogo que um jornalista ou outra pessoa
mantém com determinada personagem, questionando-a sobre a
sua vida, profissão, opiniões, etc. As questões podem ser abertas
(questão incompleta ou que dá pistas para o entrevistado seguir)
ou fechadas (questão direta).
Quando nos referimos à entrevista, imediatamente
pensamos numa conversa formal entre um inquiridor e um
indivíduo de quem se pretende saber alguma coisa em particular.
O objetivo de uma entrevista é o de dar a conhecer a
personalidade de uma figura pública, de um candidato a um
emprego, de um artista, de um profissional exemplar, de um autor
desconhecido, de um autor conhecido que acabou de publicar
uma obra nova, etc.
22
Podemos considerar o objetivo nobre da entrevista — o de
informar — um objetivo pragmático, cuja eficiência dependerá
muito das questões apresentadas ao entrevistado.
A entrevista pressupõe três atos: o preparar a entrevista, o
de entrevistar e o da transcrição sob a forma de perguntas e
respostas. A entrevista deve ser orientada pelo entrevistador e
levar o entrevistado a dizer algo de novo ou numa perspetiva
diferente.
Estrutura: Título
Abertura (Introdução) – contextualização sobre a entrevista
(vida, profissão, obra, …).
Corpo – são as perguntas e respostas. É necessário preparar
um guião antecipadamente: recolher dados sobre o
entrevistado, seleccionar tema e objectivos e elaborar um plano
de questões.
Conclusão – o jornalista elabora uma breve conclusão (ou
comentário) tendo em conta as respostas do entrevistado. 23
Metodologia de trabalho:

PREPARAÇÃO

• Selecionar a pessoa a entrevistar;


• Escolher um ângulo, que pode ser alterado no
decurso da entrevista;
• Documentar-se sobre o assunto;
• Elaborar um guião da entrevista;
• A entrevista deve ser marcada com antecedência;
• O local onde decorre a entrevista deve ser pensado;
• O tempo da entrevista é relativo;
• As perguntas devem estar mais ou menos
memorizadas;
• Preparação do material de gravação.
24
ENTREVISTA

• Há que ter em conta as regras da etiqueta;


• Deve fazer com que o entrevistado se sinta à
vontade, abordando os assuntos que ele domina;
• Além do material de gravação, pode-se usar o bloco
de notas;
• Deixar direito ao entrevistado de falar off de record;
• Refazer as questões sempre que as respostas não
tenham sido claras ou congruentes;
• Fazer perguntas pertinentes que não estavam
previstas, mas que são suscitadas pelas respostas do
entrevistado.

25
REDAÇÃO
• Seleção e reconstrução das respostas;
• Eliminação de respostas repetidas;
• Deve condensar-se as respostas, retirando tudo o que
for redundante;
• As respostas não devem começar pela repetição dos
termos da pergunta;
• Expressões como na sua opinião são desnecessárias
na pergunta;
• As marcas de oralidade, o calão e a gíria devem ser
cortados e substituídos;
• Pode-se transcrever em forma de diálogo ou em estilo
narrativo;
• As entrevistas em estilo narrativo permitem traçar o
retrato do entrevistado;
• A abertura deve apresentar o entrevistado de forma
eloquente;
• As perguntas e respostas devem surgir de forma
coerente e encadeada, permitindo ao leitor identificar o fio condutor
da entrevista.
26
27
3.7.5 Editorial
Definição: Artigo em que se discute uma questão, apresentando
o ponto de vista do jornal, da empresa jornalística ou do redator-
chefe. Pertencendo ao género narrativo (como a crónica, a crítica,
o comentário, a “opinião”), o editorial assume, todavia, um
estatuto particular, porque implica de modo especial a
credibilidade da publicação.
Características:
- Objetividade / subjetividade.
- Linguagem clara e concisa.
- Reflete a personalidade do autor.
- «Técnica livre» de redação.
Estrutura: Apresentação do problema.
Exposição das suas consequências.
Tomada de posição. 28
29
3.7.6 Publicidade
Definição: É uma forma de comunicação cujo objectivo é
informar e, sobretudo, persuadir os destinatários a adquirirem
determinado produto (publicidade comercial) ou a adoptarem
determinado comportamento (publicidade institucional ou
humanitária). Deve obedecer aos seguintes aspectos:
Atenção – captar a atenção.
Interesse – suscitar o interesse.
Desejo – provocara a vontade.
Memorização – fácil de fixar.
Acção – produzir efeito.
Estrutura: “Slogan” – mensagem publicitária breve, que apresenta, de
forma condensada, a ideia geral sobre a qualidade do produto.
Deve chamar a atenção e ser facilmente retida na memória.
Texto argumentativo – informa mais detalhadamente sobre as
qualidades do produto.
Imagem – ilustra o anúncio e também chama a atenção. 30
3.7.7 Fait-divers
O fait-divers: como o nome indica, “facto, notícia dispersa,
acontecimentos diversos”, como acidentes, roubos, casos de
polícia, dos tribunais, etc.; factos do quotidiano e que merecem
menos destaque em relação à informação mais relevante.
Exemplo: Ciberespaço

Kevin Mitnick, um dos mais procurados piratas informáticos, foi


capturado, nos Estados Unidos, depois de dois anos de uma
perseguição que confundiu os melhores investigadores
policiais. A detenção só foi possível, porque a Polícia pôde
contar com a preciosa ajuda de um inimigo de Mitnick, um
jovem de ascendência asiática a quem o pirata informático
assaltara o computador.

Expresso (Revista, p. 3, 1999-10-04)


31
3.7.8 Artigo
O artigo jornalístico é, em linha gerais, informação aprofundada:
apresentação de factos ou de uma problemática1, explicando as
suas causas e consequências, distinguindo os aspetos
verdadeiramente importantes dos que são secundários ou
anedóticos. O artigo jornalístico, como se depreenderá do atrás
dito, pode integrar características da notícia, da reportagem e da
entrevista.
Perante um mar de acontecimentos e de problemáticas, o
prestígio, o crédito, a “imagem” de um jornal ou revista derivam
dos objetivos e das capacidades de os seus responsáveis:
1) quererem e saberem selecionar o que é relevante;
2) tratarem as matérias selecionadas com a objetividade, a extensão e a
profundidade adequadas aos diversos assuntos e às necessidades do seu público.
1Por ex.: “Urânio empobrecido” (problemática sobre que, na Europa, se escreveram muitos milhares de páginas
32
no início de 2001); “Barragem do Alqueva: consequências, estratégias para minorar alguns impactos”.
3.7.9 Cartoon
Definição: É um termo inglês que designa os desenhos
geralmente humorísticos, e nos quais se satirizam, simbolizam ou
ridicularizam pessoas, assuntos ou situações. Pretende, pois, ser
uma reflexão crítica. Há, no entanto, quem considere que o termo
cartoon (cartão), tem sua origem no termo italiano cartone
(pedaço de papel) que era aplicado aos moldes recortados ou
perfurados em cartão resistentes, usados para transpor e marcar
os desenhos nas obras de arte de grande porte, como murais ou
tapeçarias.

Na composição do cartoon podem ser inseridos elementos


da história em quadrinhos, como os balões de falas, subtítulos,
onomatopeias e até mesmo a divisão de cenas em quadrinhos. A
narrativa do cartoon pode ocorrer numa cena ou numa sequência
de cenas. 33
Estrutura: O Humor pode estar na:
- na ideia,
- no texto,
- ou no próprio desenho.

1 - DESENHO
Desenho - ou pintura, ou
grafismo… - estamos
pois a falar de obra
artística. E como
qualquer obra artística
pode ser boa ou má, e
quanto maior for a
qualidade da obra, mais
qualidade terá o produto
final, o cartoon.

34
2 - HUMOR
O humor está sempre presente num cartoon, é parte integrante
deste. Pode ser alegre, desbragado, cínico, amarelo, ou mesmo
triste, mas está lá.
Pode estar na própria ideia que está na base do cartoon,

35
pode estar no
texto – parte
escrita que
acompanha o
cartoon,

36
pode estar no próprio desenho,
e aqui encontramos uma forma
artística que, não sendo
essencial, pode fazer parte do
cartoon e ser o desencadeador
do riso, a caricatura.

37
3 - REFLEXÃO CRÍTICA
O objetivo do cartoon é o de ser um comentário crítico (através do
desenho) de uma situação, de uma forma de ser, de uma acção.
E aqui distingue-se da anedota pura, que se debruça sobre temas
gerais, sobre situações intemporais, para se focalizar sobre
temas da atualidade, muitas vezes situações políticas.
Daí provém muitas vezes a sua efemeridade. A menos que o
tema escolhido seja tão importante que perdure na memória das
pessoas para além do seu “tempo útil”, o cartoon rapidamente
perde o seu prazo de validade e arruma-se na história, quando
não no caixote de lixo desta. Todos os cartoonistas conhecem
bem a dificuldade em publicar recolhas de desenhos, em que a
maior parte destes perderam a actualidade, por se referir a
acontecimentos que a memória esqueceu, sempre estimulada
com o surgimento de novos acontecimentos, eles próprios
também condenados ao futuro esquecimento. 38
Referências

- AZEREDO, M. Olga, PINTO, M. Isabel Freitas M., LOPES, M. Carmo Azeredo, Da Comunicação
à Expressão - Gramática Prática de Português, Lisboa Editora, S. A., 2010;
- CADIME, Ilídio, CRISTÓVÃO, Fátima, ROCHA, Manuel, Palavras, para que vos quero –
Português 5.º ano, Santillana, 2015;
- CADIME, Ilídio, CRISTÓVÃO, Fátima, ROCHA, Manuel, Palavras, para que vos quero –
Português 6.º ano, Santillana, 2016;
- CASSANY, D. (2007). Oficina de Textos: Compreensão leitora e expressão escrita em todas as
disciplinas e profissões. Porto Alegre: Artemed.
- NASCIMENTO, Z. & PINTO, J. M. C. (2001). A Dinâmica da Escrita. Como escrever com êxito.
Lisboa: Plátano Editora.
- PEREIRA, M. L. A. (2000). Escrever em Português. Didáticas e Práticas. Ed. Asa.
- RAPOSO, E. (Org. ) (2013). Gramática do português. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
- ROCHA, Maria Regina, Gramática de Português – Ensino Secundário | 10.º, 11.º e 12.º anos,
Porto Editora, 2016.
- https://www.todamateria.com.br/genero-textual-noticia/ [consultado a 24-03-2019]
- https://lmsev.escolavirtual.pt/playerteacher/resource/1044735/ [consultado a 24-03-2019]

39

Você também pode gostar