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O Docente
Carlos L. Mutondo
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Ficha de Apoio nº04 – SSPP I/FCLCA-UPMaputo/2020 Por Carlos Mutondo
Índice
Índice.......................................................................................................................................................................... 1
1. A Frase Exclamativa .......................................................................................................................................... 2
1.1. Definição ........................................................................................................................................................ 2
BIBLIOGRAFIA: .................................................................................................................................................... 13
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Ficha de Apoio nº04 – SSPP I/FCLCA-UPMaputo/2020 Por Carlos Mutondo
1. A Frase Exclamativa
1.1.Definição
De acordo com Mateus et al. (2003) «numa frase exclamativa, o emissor exprime um estado
emotivo, exteriorizando seus sentimentos. É pontuada com ponto de exclamação». Portanto, as frases
exclamativas serão aquelelas com certas propriedades gramaticais, que expressam actos expressivos
avaliativo, ou seja, exprimem uma exclamação, um elogio, etc. Vejamos os exemplos que se seguem:
(1) a) Que dia maravilhoso!
b) Que bom que você chegou!
(2) a) Que simpático que ele é!
b) Tão bem que ele cantou!
Mateus et al. (1989), por sua vez afirmam que quanto à classificação, «as frases exclamativas
podem ser totais ou parciais, consoante a exclamação tiver por escopo1 toda frase ou apenas um
constituinte».
As exclamativas totais, de acordo com Mateus et al. (2003), podemos distingui-las das exclamativas
parciais por duas propriedades, nomeadamente porque: «(i) são frases não elípticas; (ii) não ocorre
nelas nenhum movimento de constituintes específicos na sintaxe». Por outras palavras, a frase
exclamativa total não se difere tanto da frase declarativa na sua estrutura, mas pela marcação prosódica
nela presente.
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O escopo, de aacordo com o «Dicionário On Line», refere se ao «elemento gramatical através do qual se interpreta o
predicado». De um modo vulgar diríamos que, escopo pode ser interpretado como «âmbito» da interpretação de uma
estrutura exclamativa.
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A Sintaxe de exclamativas totais, como as ilustradas nas frases anteriores, podem ser descritas,
simplificadamente, do seguinte modo: está sempre presente nesta frase um núcleo funcional C, com um
traço interpretável em forma fonética e em forma lógica.
(4) SComp
Comp SFlex
[+ avaliativo]
Segundo Mateus et al. (2003, 479), as frases exclamativas totais, ou absolutas, distinguem-se das
parciais em dois aspectos:
Uma terceira característica deste tipo de frase, é o facto de poder assinalado exclusivamente por
processos prosódicos. Repare nas seguintes frases:
Estas autoras explicam que a frase em (5.a), a interpretação exclamativa provem do alongamento da
vogal da sílaba sublinhada e da curva entoacional; em (5.b) tal interpretação tem por base a produção
silabada de toda a frase e a entoação final ascendente.
Um outro aspecto trazido ao debate por estas autoras é que as exclamativas totais «podem ser
assinaladas por uma combinação de meios prosódicos com outros indicadores gramaticais ou com
indicadores lexicais», tal como mostram as frases no exemplo seguinte:
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Repare-se que em (3.a), o escopo da exclamação recai apenas para o adjectivo “linda” e em (3.a), nota-se que é a frase
toda que é afectada pela exclamação. Porém, importa esclarecer que na grafia as duas frases têm uma representação
normal.
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(6) a) O João come tanto!
b) Então ele não me diz que vai faltar ao teste?!
c) Ainda se ele fosse simpático!
Repara se que as frases acima implicitam, respectivamente as que procedem por baixo:
(8) (a) É imperdoável que ele nos tenha deixado sozinhos no meio da rua!
(b) Insultar-nos desta maneira é inadmissível!
(c) Isto foi cá um filme!
Por vezes, a fronteira entre exclamativas totais e outros tipos de frases e ténue, assim acontece com
exclamativas com as chamadas interrogativas retóricas, que partilham propriedades de exclamativas
totais e de frases interrogativas, como se observa nos exemplos
A interpretação das frases acima como interrogativas retóricas decorre, em primeiro lugar, do
contexto discursivo e situacional em que são produzidas. Frases em (10) ocorrem em contextos em que o
locutor não esta a realizar um acto elocutório directivo.
(10) a) (Que)3 eu seja ceguinho se ela não e a mulher mas gorda que eu já vi!
b) (Que) eu morra já aqui se não te contei a verdade!
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Note-se que aqui, pode se produzir a exclamativa com ou sem a partícula “que”.
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1.3.Exclamativas Parciais
De acordo com Mateus et al. (2003), «as exclamativas parciais incluem frases elípticas e não
elípticas».
Definindo as exclamativas parciais elípticas, Mateus et al. (1989) são caracterizada como aquelas
que «podem ser constituídas por nomes simples antecedentes ou não de adjectivos valorativos e por
expressões adjectivais em qualquer dos casos podem ocorrer neste subtipo de exclamativas palavras de
grau», como ilustrado em (11 -13):
(11) a) Palermice!
b) Linda menina!
(12) a) Espantoso!
b) Cretino!
(13) a) Tanta gente!
b) Tão antipático!
Sabe-se ainda que nas exclamativas parciais podem também ser usadas, na perspectiva de expressões
nominais antecedidas de demonstrativos, adjectivos valorativos antecedidos de possessivo, e formas
verbais realizadas como interjeições.
No entanto, de acordo com Mateus et al. (2003), as exclamativas parciais não elípticas apresentam o
formato ilustrado nos exemplos que se seguem:
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(16) a) Tanto disparate que ele diz!
b) Tão bem que ela contou!
c) Tão parvo que ele é!
d) Muitos livros lê a tua filha!
e) Muita gente ofende esta lei!
Como se pode observar as exclamativas exemplificadas em (14.), tem em comum a presença de uma
palavra de grau modificando um nome, um adjectivo ou um adverbio, seguindo de uma frase
encabeçada pelo complemento «que».
Como podemos observar, este processo de formação exclamativas apresenta semelhanças, segundo
Mateus et al. (1989), com os processos de clivagem, pois, ao se suprimir o complementador e se ordenar
canonicamente os constituintes, o resultado são as paráfrases exclamativas totais bem formadas, tal
como de seguida ilustramos:
De acordo com Cunha e Cintra (1989), por outro lado, a formação deste tipo de exclamativas
apresenta semelhanças com as exclamativas–Q, uma vez que as expressões exclamativa ocupa a
posição inicial da frase, uma posição operador em que ocorrem os sintagmas – Q deslocado na sintaxe.
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O símbolo (?), representa a certeza que se tem na produção deste tipo de estrutura
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Conforme podemos notar, a composição sintáctica de exclamativas parciais como as ilustradas em
(18) e (19) pode ser descrita simplificadamente do seguinte modo:
Está sempre presente nestas frases um núcleo funcional Comp, com um traço
interpretável em Forma Lógica [+ avaliativo]. Assim, o sintagma quantificacional
presente na frase, como reza a teoria X-Barra, move–se para a posição de
especificador de Comp. Ora, quando o constituinte movido é uma expressão de grau,
Comp está lexicalizado através do complementador que; quando o constituinte movido
é um sintagma quantificacional, Comp surge lexicalizado através da forma verbal.
SX Comp'
Comp SFlex
[+ avaliativo]
Na opinião de Mateus et al. (1989), um argumento a favor da análise proposta para este tipo
exclamativas «reside no facto de não poder haver mais de que uma expressão de grau ou mais do que
um sintagma quantificacional em posição inicial da oração» – Prestemos atenção aos seguintes
exemplos:
1.4.Exclamativas – Q
As exclamativas-Q na realidade fazem parte do grande grupo das exclamativas parciais. Porém, as
exclamativas não elípticas como as elípticas caracterizam-se por ocorrer sintagmas–Q. Aqui estão os
exemplos das exclamativas-Q parciais não elípticas:
No exemplo (22) temos a exemplificação de exclamativas parciais não elípticas com um sintagma–
Q ligado discursivamente em posição inicial da frase co-ocorrendo com o complementador que: são
construções construções em que a posiçao de específicador de Comp e o núcleo de Comp estao
lexicalmente preenchido. Em (23) a (25) são exemplos de Exclamativas-Q parciais em que não ocorre
complementador.
Como se pode observar em (25), nas exclamativas-Q parciais, o complementador que ocorre
preferencial ou obrigatoriamente, sendo excluídas ou muito marginais as frases em que o núcleo Comp
não tem realização lexical:
A formação de exclamativas-Q não elípticas pode ser descrita simplificadamente assumindo que:
Comp possui, para além do traço [+ avaliativo], um traço [+ Q], o que força a
deslocação do sintagma –Q presente na frase para a posição do especificador de
Comp. Quando o sintagma-Q que ocupa a tal posição é ligado discursivamente, a
ocorrência do complementador que é preferencial e, em alguns casos , obrigatória
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SX Comp'
Comp SFlex
[+ avaliativo]
[+ Q ]
2. Frases Optativas
As frases optativas, segundo Duarte (2003:487), “realizam actos ilocutórios expressivos de um tipo
particular: exprimem desejos do locutor”. Estas construções recebem esta designação por serem
parafraseáveis por frases complexas em que existe um verbo optativo, Vejamos o exemplo que se
segue:.
Repare-se que as optativas não elípticas contêm um verbo no tempo conjuntivo, geralmente. A
presença dos complementadores que e se propiciam que a estrutura siga a ordem canónica dos
constituintes
(33) a) Se (ao menos) ele fosse feliz!
b) Se a guerra acabasse depressa!
Neste subgrupo de optativas, o sujeito, geralmente um pronome de 3.ª pessoa, serge à esquerda dop
complementador que, embora tal ordem possa ter variantes:
As optativas não elípticas com verbos copulativos obrigam à inversão da ordem canónica, o que não
acontece quando a frase é iniciada pelo complementador que. vejamos:
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São exemplos de fórmulas operativas as seguintes: Deus queira que, queira Deus que, Deus permita que, oxalá
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2.2.Frases optatívas elípticas
As optativas elípticas são frases em que, ou existem formas participiais seguidas de expressões
nominais e, constituem casos de elipse do verbo copulativo, podendo ser parafraseadas por optativas não
elípticas:
(41) a) Malditas segundas-feiras!
b) Malditas sejam as segundas-feiras!
São iniciadas por nomes simples abstratos e podem ser parafraseadas por optativas não elípticas
desde que iniciadas pelo complementador que.
(42) a) Justiça para todos!
b) Que haja justiça para todos!
Em síntese, embora com alguns paralelos, as frases exclamativas e as frases optativas distinguem-se
por várias propriedades formais.
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BIBLIOGRAFIA: