Você está na página 1de 48

A ESTRUTURA DE

CONSTITUINTES DA
FRASE
- Teoria de Regência: regência lexical e
regência estrutural. Categorias regentes e
constituintes regidos.
- As funções semânticas ou papéis temáticos e
as classes sintáctico-semânticas de
predicadores no Português.
RECAPITULANDO
AS AULAS
ANTERIORES…
esse livro de matemática
[SN [D esse] [N’ [N livro] [SP de matemática]]]
[ SV [ SV [ V’ [ V’ [ Vdeu ] [ SN uma banana ]] [ SP ao irmão]]]
[SAdv ontem]]

SV

SV SAdv

V’

V’ SP

V SN

dar uma banana ao irmão ontem


Assim, o Esquema representativo do SX é o
seguinte :
SX

Especif SX

SX Adjunto

X’

X Compl
Ora, ainda segundo a mesma teoria, considera-se a Frase como SComp
(Sintagma Complementador)
5. Estrutura P:

SC/SComp

C/Comp SFlex

SN Flex’
D Flex
N’ SV

N V’ SP

V SN

o João [Pass;IIIP;+S] dar uma banana ao irmão


TEORIA DE
REGÊNCIA E
LIGAÇÃO
TEORIA DE REGÊNCIA E LIGAÇÃO
Sentido (natural) de Regência:

Um verbo rege o(s) seu(s) complemento(s).

6. a) o Mufaransa ofereceu um presente à amiga.


b) ele ofereceu um presente à amiga.
c) ofereceu um presente à amiga.
d)* o Mufaransa ofereceu.

O verbo, oferecer, precisa de determinados


complementos, mas ele é a categoria principal, isto é,
o regente lexical dos complementos por ele
seleccionados, formando um SV.
TEORIA DE REGÊNCIA E LIGAÇÃO
Uma categoria X é um núcleo lexical quando possui comple-
mentos.

Um verbo é um núcleo lexical que rege directamente o


seu objecto (complemento) directo, e /ou indirectamente
o seu complemento indirecto.

A regência lexical é a forma canonica de regência.

Em português, o regente lexical precede o(s) seu(s)


complemento(s) regendo-os à direita.

O Sentido / A Direccionalidade da regência e português é a direita.


TEORIA DE REGÊNCIA E LIGAÇÃO
Assim, (re)definir a regência da seguinte maneira:
α rege β se e somente se:
 α é um regente e;
 α m-comanda β e;
 Não há barreiras de intervenção entre α
e β.

α m-comanda β se α não domina β e β não


domina α e a primeira projeção máxima de α
domina β, onde a projecção máxima de um
protagonista X é SX.
TEORIA DE REGÊNCIA E LIGAÇÃO
A teoria de ligação reza que:
 um elemento α liga-se a um elemento β
se e somente se α c-comanda β, e α e β
co-referem.

A ligação é usada, juntamente com os


principios particulares de ligação, para
explicar a não-gramaticidade determinadas
declarações.
As regras de aplicabilidade são chamadas
Princípio de ligação A, Princípio de ligação
B, Princípio de ligação C.
TEORIA DE REGÊNCIA E LIGAÇÃO
Princípio A:
Uma anáfora deve ser ligada em seu
domínio de regência.

Princípio B:
um pronome deve ser livre dentro de sua
categoria de regência.

Princípio C:
uma expressão-R (expressão de referência) deve
ser livre.
ao contrário de pronomes e anáforas, eles se referem de
forma independente, i.e., escolher entidades em um
mundo.
TEORIA DE REGÊNCIA E LIGAÇÃO
A Regência Estrutural. A teoria da regência estabelece
as condições em que se verifica da regência:
i. condições para a escolha do regente;
ii. condições sobre os constituintes;
iii. condições estruturais sobre a relação de regência.

Os regentes funcionais são elementos com uma função


sintáctica e sem conteúdo conteudo semântico
descritivo:

 as conjunções,
 os verbos auxiliares,
 a flexão, e
 os determinantes.
TEORIA DE REGÊNCIA E LIGAÇÃO
A relação de predicação é uma relação de igual para igual
do que uma relação de dependência de um (o sujeito) sobre
o outro (o predicado), ou vice-versa.

O [SN, F] e o SV não se encontram numa de relação de


dominância.

SN sujeito e SV predicado regem-se mutuamente,


Porque não se dominam um ao outro e são dominados
pelo mesmo nó: F
Regência Estrutural
SN SV
COMANDO DE CONSTITUINTE
(COMANDO-C)
Comando-c:
Um constituinte α comanda outro constituinte β sse o
primeiro nó ramificante (X’ ou X”) que domina α domina
β, e α não domina β, nem β domina α.
F

SN SV

V SN

D N
O nó [SN,F] comanda-c SV, V, [SN,SV], D e N, porque F é
o primeiro nó ramificante que domina o [SN,F] e SV; e
este ([SN,F]) não domina o SV, nem o SV domina [SN,F].
COMANDO DE CONSTITUINTE
(COMANDO-C)

Comando-c (em termos de parentesco):


um nó comanda-c os seus irmãos e os descen-
dentes deles.

O SN-Sujeito rege o SV predicado e vice-


versa, não estando o [SN,F]
estruturalmente subordinado ao SV,
nem este ao primeiro.
PREDICAÇÃO
Predicação consiste em atribuir uma
determinada propriedade a um certo termo
ou em estabelecer uma relação entre termos.

O acto de predicar visa fundamentalmente,


descrever um dado estado de coisas a um
dado universo de referência.

Predicação não só abrange a tradicional


relação entre o sujeito e o predicado de uma
frase, mas também a relação que se estabelece
entre um determinado núcleo lexical e os
seus argumentos.
FUNÇÕES SEMÂNTICAS
(PGS. 4-6)
As Funções semânticas referem-se:
 ao tipo de propriedade ou relação expressa pelo
predicador, e
 que definem o tipo de relações que ele mantém com os
seus argumentos nucleares. São elas:
 AG(ente);
 FON(te) ou OR(igem);
 O(bjecto) ou Tema;
 EXP(erienciador);
 LOC(ativo);
 Alvo ou REC(ipiente);
 PAC(ciente);
 N(eutro); e
 DIR(ecção)
CLASSES SINTÁCTICO-SEMÂNTICAS DE
PREDICADORES NO PORTUGUÊS
(Pgs. 6-9)
Quanto à natureza:
1. Predicadores de Estado: (Existenciais,
Relacionais, Experienciais; Transferiais;
e Locativos)
2. Predicadores de Processo: (Meteorológicos,
Experienciais, Actividade física, e
Movimento.)
3. Predicadores de evento: (causativos e os
não causativos)
CLASSES SINTÁCTICO-SEMÂNTICAS DE
PREDICADORES NO PORTUGUÊS
(Pg. 3 )
Quanto à Valência:
O número de argumentos varia em função do
predicador seleccionado.
Valência Nº de Exemplo:
Argtº
0/ 0 Choveu. [o V chover é um predicador de valência 0]
1 1 [Deus] existe.
2 2 [A Ntavasse] vestiu [uma roupa].
3 3 [O Makholwana] deu [sapatos novos] [ao
filho].
4 4 [A FCLCA] transferiu [o curso de Francês]
[das instalações da Patrice Lumumba] [para
a Sede].
ESQUEMA PREDICATIVO /
ESTRUTURA ARGUMENTAL
Um esquema predicativo designa um conjunto
de informações que deve estar presente na
entrada lexical de cada predicador,
nomeadamente:
 a categoria sintáctica a que pertence o
predicador;
 a classe sintáctico-semântica a que pertence
o predicador;
 o número de lugares (zero a quatro
argumentos);
 a função semântica de cada um dos argumentos
nucleares (a relação semântica) que cada um dos
argumentos nucleares mantém com o predicador.
REPRESENTAÇÃO DE UM ESQUEMA
PREDICATIVO
(P, i: x 1, y 2, … z n)
onde:
P = representação da Forma não marcada do
predicador;
 = categoria sintáctico-semântica do
predicador;
i = classe sintáctico-semântica do predicador;
x, y, z = argumentos nucleares do predicador;
1, 2, n = função semântica de cada um dos
argumentos nucleares.

Preparar = Pev, verbo: AG Suj, Tema OD


A ATRIBUIÇÃO DE CASO
NA LÍNGUA PORTUGUESA

 A teoria do caso;
 O caso estrutural e o caso inerente;
e
 A atribuição de caso em Português
A TEORIA DE CASO
Dubois (2006:99):
«Caso é uma categoria gramatical associada ao
Sintagma Nominal, cuja função sintáctica ele
traduz»;
Os casos são expressos nas línguas:
(i) pela posição dos Sintagmas Nominais
relativamente ao verbo;
(ii) por preposições «(de/a: Pedro vai à praia /
Pedro vem da loja) e
(iii) por afixos Nominais que variam com os nomes
(caso do latim).
A TEORIA DE CASO
Para a GGT:
O caso é uma propriedade das línguas humanas,
independentemente da sua manifestação
morfológica.

Algumas línguas apresentam o chamado caso


morfológico;
Porém, todas as línguas apresentam o caso
marcadamente sintáctico.
A TEORIA DE CASO
Assim:
TEORIA DO CASO ABSTRACTO

São agramaticais todas as frases


que tenham Sintagmas
Nominais realizados se tais
Sintagmas Nominais não
tiverem caso.
A TEORIA DE CASO
PRINCÍPIO GERAL DO
ACORDO ESPECIFICADOR-
NÚCLEO

É o caso que legitima,


do ponto de vista
estrutural, todos os SN
com realização lexical.
A TEORIA DE CASO
A componente da Forma Fonética considera mal formados
os SNs sem caso.

Filtro do caso:
* SN se SN tiver
matriz fonética e não
tiver caso.
Universalmente, os sujeitos das orações finitas têm
caso (em geral, Nominativo), podendo ter ou não
realização fonética, e
Os SNs sujeitos das orações infinitivas não
flexionadas não têm caso, por isso não podem ter
realização fonética.
A TEORIA DE CASO
Analisemos as seguintes frases:
(a) A Maria e o João fizeram isso.

(b) * Maria e o João fazer isso.

(c) Fazer isso é importante.

(b) é mal formada, dado que as orações infinitivas não


flexionadas não podem ter sujeito, pelo que os SNs
lexicalmente realizados não podem ser seus sujeitos,
de acordo com o Filtro do Caso
A TEORIA DE CASO
Analisemos as seguintes frases:
(a) A Maria e o João fizeram isso.
(b) * Maria e o João fazer isso.
(c) Fazer isso é importante.

(c) pode ser considerada de gramatical pois,


considera-se que o seu sujeito é uma categoria
vazia PRO.
Esta categoria vazia não é legitimada por
meio de caso atribuído à posição estrutural
do sujeito, dado que esta posição não recebe o caso
quando a flexão é [-T, -Ac].
de PRO:

PRO não é regido nem


recebe caso estrutural.

Deste modo, a atribuição de papéis- aos argumentos


está relacionada com a necessidade de os SNs terem
caso
Condição de Visibilidade

Um elemento só é visível
para a atribuição de
um papel-θ se estiver
numa posição com caso
ou se for um PRO.
OS CASOS ESTRUTURAIS
Caso Estrutural se for atribuído, em Estrutura-S, a
determinadas posições sintácticas.

São casos estruturais o Nominativo e o acusativo


(objectivo).
O caso estrutural é atribuído independentemente da
marcação temática.
Normalmente o caso Nominativo é atribuído ao
sujeito por Flex, e
o acusativo sob regência do verbo a um SN, que
pode não ser tematicamente marcado pelo verbo
OS CASOS ESTRUTURAIS
É possível encontrar uma correspondência entre casos
e funções gramaticais (casos estruturais):

 Nominativo – sujeito.
 Acusativo – Objecto Directo.
OS CASOS ESTRUTURAIS
São mal formadas as sequências em que a ordem
básica de constituintes não foi respeitada, porque é,
efectivamente, esta ordem que em Português nos
permite identificar com facilidade o Sujeito
Nominativo e o OD Acusativo.
 Os casos estruturais (Nominativo e Acusativo) são
também denominados casos directos.
OS CASOS ESTRUTURAIS
Contrariamente aos nomes, os pronomes do português
apresentam formas funcionalmente distintas que
correspondem à informação de caso:

 Nominativo – sujeito
 Acusativo – objecto directo

 Dativo – complemento indirecto, adjunto

 Genitivo – posse.
OS CASOS ESTRUTURAIS
Em português, considera-se que o caso é
atribuído, ou realizado, sob regência, em
Estrutura-S, e que
cada atribuidor de caso só permite atribuir um
caso a um SN.
Dubois (2006:101): «É a partir do verbo que se
definem, no nível da estrutura profunda, os
diferentes papéis, i.é, as relações casuais»
OS CASOS ESTRUTURAIS
Assim, Fillmore define os seguintes casos:
 Agente: o ser animado instigador do processo;

 Instrumento: a causa imediata do processo;

 Objecto: a entidade que muda ou sobre cuja


existência se discute.
 Locativo: o lugar do processo.

 Dativo: entidade que sofre o efeito da acção.

 Contra-agente: a entidade contra a qual a acção é


dirigida.
OS CASOS ESTRUTURAIS
Condições de Atribuição de Caso Estrutural:
1. Um SN é Nominativo se for regido por Flex
[+T, +Ac] (= orações finitas), ou [-T, +Ac] (=
orações de infinitivo flexionado);
2. Um SN é Acusativo se for regido por um verbo
transitivo directo.
3. Um SN é Oblíquo se for regido por uma
preposição.
OS CASOS ESTRUTURAIS
O Caso Nominativo depende apenas de uma
condição estrutural de Regência – trata-se,
portanto, de Regência Estrutural e, por essa razão, é
denominado caso estrutural;
O caso Acusativo tem a ver com as propriedades
lexicais do verbo, que é, geralmente, transitivo,
razão pela qual se fala de Regência Lexical.
Porém, dado que esta regência está sujeita a
condições estruturais, também é um caso
estrutural.
OS CASOS ESTRUTURAIS
A condição de visibilidade considera que os SNs
argumentos tenham caso para que possam receber
uma função ϴ:

 Nominativo – Agente
 Acusativo – Tema
Generalização de Burzio

Um verbo só atribui
caso estrutural quando
projecta um argumento
externo (na posição de
[SN, SFlex].)
OS CASOS INERENTES
Campos e Xavier (1991):
O caso inerente Dativo é realizado, em Estrutura-S,
pela preposição que realiza este caso em português.

Chomsky (1986) citado por Xavier e Mateus (1992):


inerente é o caso atribuído, em Estrutura P,
pelas categorias temáticas ou lexicais (Nome,
Adjectivo e Preposição) aos seus complementos
subcategorizados.
Atribuição do caso
inerente
A um Sintagma
Nominal argumento é
atribuído o caso
inerente de acordo com
as propriedades do seu
regente lexical (N, V, A
ou P).
OS CASOS INERENTES
O caso inerente é entendido como uma propriedade
lexical de um núcleo-θ, independentemente da
capacidade ou incapacidade que esse núcleo
tenha de atribuir caso estrutural.
A preposição realiza, em Estrutura S, o caso
inerente do nome ou do adjectivo, porque as categorias
[+N] não têm capacidade para atribuir caso estrutural
ao seu complemento.
OS CASOS INERENTES
Na tradição gramatical, são conhecidos os seguintes
casos:
 Acusativo, Nominativo,

 Ergativo, Dativo, Vocativo, Comitivo,


Instrumental, Agentivo, Direccional,
Locativo, Ablativo, Elativo, Genitivo
ACTIVIDADE…
Resolver os exercícios nas páginas 17 a 20, da Ficha de Apoio
nº 01.
PARA REFLEXÃO
1. O que é o Caso?
2. Como é que na língua Portuguesa marca-se o
caso?

Você também pode gostar