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PRIMEIRA PARTE. El Processo de Reflexión
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Processos reflexivos: atos informativos e formativos
Isto leva ao paradoxo de que quanto mais original for uma descoberta,
mais óbvia parecerá mais tarde. O ato criativo não é um ato de criação, no
sentido do Antigo Testamento. Ele não cria algo do nada: revela,
seleciona, reorganiza, combina, sintetiza fatos, idéias, faculdades e
habilidades preexistentes. Quanto mais familiar são as partes, mais
surpreendente será a nova totalidade."
Arthur Koestler (1964, pg. 119-20)
Este começo bastante pessoal poderia indicar o valor limitado que este
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capítulo talvez tenha para aqueles que preferem descrições objetivas. No
entanto, espero que aqueles que são atraídos pela tradição hermenêutica
e sua premissa de que o conhecimento está ligada ao contexto, ao tempo
e à pessoa, considerem-no de valor menos limitado. Começo por referir-
me brevemente ao círculo hermenêutico.
O Círculo hermenêutico.
Este conceito foi discutido por dois filósofos alemães Martin Heidegger e
Hans-Georg Gadamer (Wachthauser, 1986, Warnke, 1987). Segundo eles,
o que chegamos a compreender é determinado em grande parte pela vida
que temos vivido. Essa vida já vivida nos deu uma variedade de
pressupostos gerais, ou seja, pressupostos sobre como podemos
compreender melhor aos seres humanos.
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oposta aos nossos entendimentos anteriores, matizando-os ou mesmo
modificando-os. Denomina-se círculo hermenêutico à influência do
entendimento anterior sobre a compreensão atual e à que esta última
exerce sobre a primeira quando difere dela.
Outros Preconceitoss
O conceito de entendimento prévio não se aplica apenas à compreensão
dos seres humanos, mas a todos os fenômenos que devemos entender
(ou seja, dar-lhes um sentido), incluindo os processos reflexivos, o
escrever sobre tais processos ou a leitura qu o outro faz do escrito.
Um Matiz
O "objetivo" deste capítulo não é apenas descrever os processos
reflexivos, mas também os contextos em que esses processos surgiram e
evoluíram. Dado que minhas póprias compreensões prévias fazem parte
desses contextos, dedico algum espaço para esclarecer de que modo o
fazer parte de diversos processos reflexivos voltou-se contra meus
preconceitos e meu ser-no-mundo como terapeuta, matizou-os e mudou-
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os. Os processos reflexivos podem ser visto como círculos hermenêuticos.
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Nossos movimentos, por vezes delicados e sutis, às vezes, bruscos e
grosseiros, fazem parte da interação entre os músculos que se estendem
várias partes do corpo (por exemplo, joelho) e os que as flexionam. Os
extensores localizados na parte da frente do joelho e os flexores
localizados atrás, são antagonistas. Quando ambos trabalham sua ação
comum equilibra o joelho. Precisamos de todos os extensores e flexores,
para equilibrar as diversas partes do corpo para caminhar, sentar, levantar,
girar, e assim por diante.
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Observar atentamente este processo, a fim de escrever um livro sobre ele,
contribuiu para algum conhecimento "formigar" sob a minha pele.
Enquanto escrevia o livro, entre 1983 e 1986, comecei a perceber
gradualmente que a maneira como Bülow-Hansen trabalhava, determinava
o quê ela pode afetar. E a sua maneira de trabalhar era em relação com
o outro.
Uma das maneiras em que induzia o outro a alongar uma parte do corpo
era apertando com a mão um músculo tenso (por exemplo, o joelho) até
causar dor. A dor é seguida por um alongamento espontâneo (do joelho) e
uma inalação subsequente. Quando a sua mão era muito suave, Büllow-
Hansen não podia ver qualquer outra resposta na respiração. Se a sua
mão apertava um pouco mais, causando mais dor, ela via um aumento na
inalação, seguido pela expulsão de ar durante a fase de expiração. No
entanto, se sua mão agia com demasiada força, causando muita dor ou
apertando por muito tempo, o outro inalava de maneira aflita , em seguida,
retinha o ar como se aferrando a ele, em vez de expulsá-lo. Bülow-Hansen
efetuava o processo observando constantemente a respiração do outro. Se
visse que a respiração não aumentava em absoluto, sua mão trabalhava
com maior dureza; se via cortar a respiração, porque sua mão era muito
forte, afrouxava imediatamente a pressão.
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livremente em muitas situações e circustâncias, inclusive nas
conversações.
A outra coisa que eu aprendi com Bülow-Hansen era que ela olhava (eu
suponho que também ouvia e talvez até mesmo cheirava) como o outro
respondia às suas mãos antes de continuar a trabalhar. Aplicada à
psicoterapia, isso significa que tenho que esperar e ver como o outro
responde ao que eu digo ou faço, antes de dizer ou fazer em seguida. O
que eu diga ou faça a seguir deve ser influenciado pela resposta do outro
ao que eu acabei de dizer. Tenho que prosseguir devagar o suficiente para
poder ver e ouvir o que é para o outro, participar na conversação
Duas Introduções
A idéia de que as conversações terapêuticas eram algo adequadamente
incomuns para o outro, serenou o ambiente daquelas em que participei.
Essa idéia foi um dos dois prelúdios para a formação da primeira equipe
reflexiva, em março de 1985, e eu acho que isso influenciou o segundo
prelúdio, ou seja, uma nova maneira de propor intervenções.
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No começo nossa equipe atendia segundo o modelo de Milão, mas em
1984 houve uma mudança na forma como intervir. Começamos a dizer às
famílias: "Além de o que você viu, nós vimos isso" e "Além do que você
tentou fazer, pode tentar isso (nossa sugestão)"
A intenção era destacar que as considerações que a família fazia eram tão
valiosas como as nossas. Anteriormente tínhamos uma tendência para
tentar encontrar as intervenções corretas, e se as famílias discordavam
destas, facilmente se instalava uma disputa: ou tinham razão as famílias,
ou nós. A mudança da antiga posição e/ou para a nova posição de
ambos/e fez com que o encontro fosse mais "democrático".
A equipe reflexiva
A idéia da conversa aberta permaneceu dormente por quatro anos até que
começamos a aplicá-la em Março de 1985 (a equipe incluiu Magnus Hald,
Eivind Eckhoff, Trygve Nissen e eu). Um jovem terapeuta conversou com
uma mãe, um pai e filha sobre sua vida familiar triste. A mãe, que achava
difícil imaginar um futuro positivo, havia buscado o hospital psiquiátrico
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várias vezes (algumas por tentativa de suicídio). O terapeuta se viu em
desespero e não conseguia encontrar perguntas para ajudar a planejar um
futuro alternativo. Os membros da equipe, que seguíamos a conversa por
trás de uma espelho unidirecional, chamamos o terapeuta para a nossa
sala e lhe transmitimos nossas perguntas otimistas. Ele as formulou para a
família, mas não tardou a voltar o pessimismo geral.
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conversavam no consultório, enquanto a equipe ouvia na outra sala, atrás
do espelho unidirecional. Em seguida, a equipe ia para a "sala de
conversação", enquanto o terapeuta ea família mudavam-se para a "sala
de escuta". Quando a equipe dava por terminada a conversa, repetia-se a
mudança de sala e a família comentava sobre o que a equipe havia
expressado na "sala de conversação". O terapeuta ficava sempre com a
família e separado do resto da equipe.
Duas Descrições
Passou algum tempo antes que fôssemos capazes de descrever o nosso
processo. Ao princípio, nós o descrevíamos como um "heterarquia". Muitos
não terão ouvido nunca essa palavra, mas todo mundo já ouviu seu
antônimo: hierarquia. Uma hierarquia governa de cima a baixo, uma
heterarquia governa por intermédio do outro.
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poderiam criar novas idéias dela. (Bateson, 1980).
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seguida se inicia uma conversa entre os outros supervisionandos e o
supervisor, que é ouvida pelo entrevistador supervisionado; finalizando, o
supervisor conversa com o entrevistador supervisionado.
2 - Poderiam ser organizadas reuniões do corpo médico em que metade
dos seus membros fale sobre um determinado tema, enquanto a outra
metade ouve; em um segundo momento a segunda metade conversa e a
primeira ouve, e assim por diante.
3 - O pessoal administrativo poderia se reunir para discutir certos assuntos.
O grupo poderia ser dividido em vários grupos menores. Um subgrupo fala
de uma questão particular, enquanto outros subgrupos ouvem. Em
seguida, a discussão continuaria no subgrupo seguinte, e depois de um
tempo, em outro subconjunto, e assim por diante.
4 - Na pesquisa qualitativa, o pesquisador pode falar com um colega, por
exemplo, sobre os seus "dados" e suas tentativas de encontrar algo neles,
seja uma categoria específica ou algo desconhecido ou ainda não
"descoberto". Em seguida, os ouvintes poderiam expressar o que
pensaram sobre que ouviram do trabalho do pesquisador e as incógnitas
buscadas, antes que o pesquisador formule seu próprio comentário sobre
o que ouviu.
Algunas Pautas
Eu seria o primeiro a preveni-los contra o uso de uma determinada prática
num processo reflexivo. Quanto menos planejado seja este, maior é a
possibilidade de que a situação determine sua forma. É importante que os
envolvidos no processo possam dizer e fazer o que seja para eles
confortável e natural.
Quando o que fala com a família sou eu, nunca dou por certo que haverá
um diálogo entre os membros da equipe reflexiva, mesmo quando eles
estão sentados lá, prontos para falar. Eu sempre digo à família: "Várias
pessoas escutaram a nossa conversa. Vocês gostariam de ouvir quais são
os seus pensamentos? O que seria melhor para vocês? Nós poderíamos
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terminar nossa conversa aqui, ou continuá-la sem ouvir a equipe. O que
seria melhor? '
Se os familiares querem conhecer as reflexões (especulações) da equipe
costumo dizer-lhes: "Talvez a conversa da equipe seja interessante e
vocês desejem ouvi-la. Também é possível que seus pensamentos voem
para outra parte. Se assim for, deixem-nos voar, porque vocês não estão
obrigados a ouvir a equipe. Ou talvez vocês prefiram relaxar, sem escutar
ou pensar muito. Ou talvez vocês queiram fazer outra coisa. Façam o que
for mais confortável.
Eu nunca diria outro membro da equipe como deve conduzir uma conversa
ao participar na equipe.reflexiva. No entanto, no que me diz respeito eu
fixei três orientações. A primeira é falar (especular) a partir de algo que eu
tenha visto ou ouvido durante a conversa entre família e terapeuta. Eu
costumo começar por referir a isto: "Quando a mãe disse que ela ainda
pensava muito em seu pai, que havia morrido recentemente, vi que seu
marido discretamente acenou com a cabeça, concordando, também vi que
as crianças ouviram atentamente a sua mãe, embora sem olhar“. Em
seguida, eu procuro falar em um tom indagador dizendo, por exemplo, "Eu
me pergunto se falar dele ou pensar nele é fácil para todos, ou se é
doloroso para alguns. Se alguns ainda acham doloroso falar sobre isso, o
que a família poderia fazer para aqueles que querem falar sobre ele
possam fazê-lo e aqueles que ainda não estão prontos para isso não
tenham que participar dessas conversas?
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deveria fazer isso"), talvez eu lhe pergunte, referindo-me à conversa
mantida entre a família e ele: "O que você viu ou ouviu que o levou a
formular essa opinião? ". Assim eu abro a possibilidade de discutir o visto
ou ouvido. Se se discute o visto e ouvido poderiam ser emitidas outras
opiniões, além da primeira. Se o terapeuta se aferra a sua opinião,
poderíamos discutir como essa se encaixa na perspectiva de vários
membros da família: "O que você acredita que o pai pensa a respeito
dessa opinião? O que pensaria a mãe? Que pensaria o irmão do pai?
Estes intercâmbios de pontos de vista poderiam lembrar a todos que eles
já sabem: 1) se um membro da equipe viu ou ouviu alguma coisa
diferente, poderia propor uma outra visão, e 2) uma opinião muda seu
significado dependendo do contexto (perspectiva) em que ocorre.
A segunda diretriz é que me sinto à vontade para comentar tudo que ouço,
mas não tudo que vejo. Se um membro da família tenta esconder alguma
coisa, por exemplo, se a mãe aperta os dentes para que os outros não
percebem sua tristeza profunda, ou se o pai tenta esconder seus
sentimentos de raiva e os punhos cerrados poderiam denunciá-lo, nunca
comento. Costumo me lembrar a conversa entre Zeus e Hermes, quando
este assumiu o cargo de mensageiro dos deuses (isto é, o transmissor de
mensagens):
Hermes prometeu a Zeus não mentir, mas não prometeu dizer toda a
verdade. Zeus compreendeu. Mães, pais e outras pessoas não são
obrigados a revelar tudo o que eles pensam e sentem.
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seja falando com seus membros ou olhando-os, vocês os obrigam a ouvi-
lo, então eles não podem deixar os seus pensamentos voarem para outros
lugares. (E eu acrescento para mim mesmo: "Se isso for impossível, é
impossível, então deixemos que aconteça").
Quatro Questões
Desses processos surgiram quatro questões. Uma pergunto somente a
mim mesmo, em meu diálogo interno, duas, sempre proponho
abertamente, e a quarta coloco algumas vezes abertamente e outras
apenas para mim mesmo.
A primeira repito a mim mesmo constantemente: "O que está acontecendo
agora é adequadamente inusitado ou é demasiadamente inusitado"?. Se
há sinais de que é muito incomum, eu tenho que mudar o tópico de
conversação ou falar de outra forma.
A segunda e terceira estão inter-relacionadas, são geralmente formuladas
no início de uma sessão e parecem ser particularmente importantes na
primeira reunião. A segunda questão relaciona-se com a história da
presença da família no consultório. De quem foi a idéia? Como reagiram
os outros membros da família? Eram todos a favor o alguns estavam
relutantes? Minha intenção é averiguar quem entre os presentes deseja
falar e quem não. Isso me ajuda a ter certeza de que conversarei com
aqueles que desejam falar e que não o farei com quem não deseja. A
terceira pergunta, dirigida a todos os presentes, formulo-a da seguinte
maneira: "Como vocês gostariam de usar a reunião?". Convido todos a
responder. Aqueles que se mostraram reservados em relação a virem às
reuniões, frequentemente não têm resposta, enquanto que aqueles que
queriam vir tendem a ter uma resposta. Esta é a pergunta mais aberta
que eu encontrei até agora. Permite respostas muito diferentes: "Eu quero
discutir a minha filosofia de vida", "Eu entendo que não pode seguir
adiante sem fixar um objetivo e queria discutir como fazer istor", ou "Eu
estou tão cansado e exausto, eu só quero sentar aqui e descansar, sem
pensar ou falar.
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É extremamente importante que eu responda às respostas dadas a esta
pergunta: "Como gostaria de usar este encontro?") falando sobre os temas
que eles desejam discutir e abstendo-se de falar sobre aqueles que não
querem abordar.
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cessam as conversas. Quando um terapeuta entra neste tipo de cenário,
já cheio de significados, deve ser cauteloso quanto a oferecer mais
significados. É mais seguro fazer perguntas e interessar-se pelos
significados já presentes. Se o terapeuta se conecta amigavelmente com
os membros do sistema de significados, adicionará a incorporação de
seus significados à conversa. Isto poderia reduzir as tensões e até mesmo
alterar os vários significados, tornando possível a retomada das
negociações paralisadas.
Ir ao sistema de significados
Quando um terapeuta local precisa da minha ajuda, eu vou para o
consultório e trabalho lá com ele e seu cliente ou clientes. O terapeuta e eu
podemos constituir uma equipe reflexiva durante a reunião. O terapeuta e
os clientes decidem se continuo a trabalhar com eles, mas muitas vezes
uma reunião é o suficiente para eles continuarem a trabalhar sem mim.
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Portanto, a conversa inclui algo visível, além do que se diz e se pode
pouvirr. Essas mudanças entre as conversa;ões internas e externas são
altamente significativas se estáo presentes uma ou mais pessoas para ver
e ouvir. Peggy Penn e Marilyn Frankfurt (1994) chamam essa contribuição
do outro ou os outros "servir de testemunha(s)”. (Conforme também a
declaração de Lev Vigotsky (1988) sobre as chamadas conversas
egocêntricas).
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palavras) têm atraído meu interesse. Então é lógico que analisamos não só
o que o cliente diz, mas como o faz.
Uma das questões inspiradas por esta análise é: "Notei que você disse
isso. Se procurasse algo mais nessa palavra, o que poderia encontrar?".
Por exemplo, uma mulher disse que em sua família, a palavra capital era
"independência". Não só repetiu, mas pronuncioi com tal expressão em
seu rosto, que foi natural tomá-la como ponto de partida para a pergunta:
"Se você examinasse detalhadamente a palavra, que veria?" Ela
respondeu: "Essa palavra eu não gosto" “O que você não gosta quando
examina a fundo a palavra?" insisti. Ela cobriu o rosto com as mãos e
respondeu, chorando:." Me custa muito falar de solidão ... sim, signifiqua
estar sozinha ... ".
Vejamos outro caso, o de um jovem pai que havia abandonado sua esposa
e seu filho de sete anos. Algum tempo depois, afirmou que, muitas vezes,
ele e seu filho sentiam-se tristes. Ao dizer "tristes” deixa escapar um
suspiro audível e visível, então eu perguntei: "Quando o seu filho está
triste, a tristeza é cheia de tristeza ou há outros sentimentos nele? '. O pai
respondeu que havia também raiva no sofrimento de seu filho, e eu
perguntei? "Se a ira de seu filho pudesse falar, o que diria?" Ele
respondeu: "Por que você me deixou? Você disse que eu era a pessoa
mais importante para você. Por que você me abandonou?”
Vou dar mais um exemplo: um homem falava sobre a relação entre ele e
sua esposa de tal maneira que entre o medo e incerteza, eclodiu a guerra
(ou a raiva). Perguntei-lhe: "O medo está contido na raiva ou a raiva está
contida no medo?" Ele ficou intrigado e pensativo por um longo tempo
antes de poder responder. Essa questão acompanhou-o constantemente
durante três meses.
Um quarto exemplo é o de uma pergunta a um homem que, tomado de
uma fúria violenta, socou outro sem dizer nada. A pergunta foi: "Se o
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punho houvesse sido capaz de falar, enquanto ele se movia em direção à
pessoa em que ia bater, o que teria dito?" Houve várias respostas: "Eu me
sinto estúpido", "Não me escutam", "Ninguém comprendeu que eu estava
ofendido. "
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estava preparada para a pergunta seguinte: "Se examinar cuidadosamente
a palavra, o que você vê?".
Nos últimos três anos trabalhei em colaboração com duas equipes, uma
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em Harstad, Noruega do Norte, e outra en Estocolmo, Suécia1, procurando
formas de aumentar a sensibilidade dos terapeutas para sua própria
contribuição à terapia (Andersen, 1993).
Criamos o seguinte procedimento: depois fr um determinado tempo (por
exemplo, um ano) após a conclusão do tratamento, os terapeutas pedem
aos seus clientes que voltem a vê-los para falar o que sentiram ao
participar das sessões de terapia. Também estará presente um profissional
visitante. Os terapeutas iniciam a reunião enfatizando que eles queriam
manter essa conversa. Os terapeutas e o profissional visitante mencionam
informações sobre evolução de tratamentos, segundo os quais a
colaboração estabelecida entre clientes e terapeutas afeta de forma
impactante, para o bem ou para o mal, o resultado da terapia (Lambert,
1989; Lambert, Shapiro e Bergin, 1986). Portanto, é razoável investigar as
sessões de terapia com os clientes.
O profissional visitante deve ter em mente uma coisa: seu trabalho é falar
sobre o processo das conversações terapêuticas e não de seu
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A equipe deHarstad estava integrado por Leif Hugo Hansen, Ingeborg Hansen, Torill Ida
Aandahl e Torgeir Finsas; o de Estocolmo, por Annica Forsmank, Marianne Borgengren y
Bo Montan.
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conteudo. Se tocarem nos temas tratados nas conversas terapeuticas,
deverá ser unicamente para esclarecer o processo.
Os comentarios dos clientes sobre tais questões podem ser muito valiosos.
O colega visitante talvez se guie pela ideia de que agora os terapeutas têm
a oportunidade de ouvir aquilo que talvez foi muito incomum para os
clientes, surgiu em um momento inoportuno, foi discutido em um contexto
inadequado, etc., e portanto, a oportunidade de ter mais claro o que não
devem fazer em futuros trabalhos.
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que satisfaça a ambas as partes antes de iniciar a “verdadeira” conversa".
"Tendo participado disto, me sinto cada vez mais convencido de que os
clientes são os melhores supervisores. Esta é uma alternativa para a
supervisão profissional. Na verdade, daqui em diante quero ter ambas".
"Estar dentro deste triângulo peculiar foi algo muito especial, pela grande
aproximação reciproca que senti. Ao ouvir e me sentir tão próximo dos
clientes, pensei que talvez deveriamos nos atrever a expressar mais
abertamente nossos sentimentos, nos momentos em que nós (os
terapeutas) lutamos com eles. "
Fecha-se o círculo
Os Processos reflexivos parecem ser uma prática útil relativamente fácil
de aplicar e útilizável em muitas circunstâncias diferentes. É também uma
prática que se estuda a si mesma. Clientes e terapeutas são
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colaboradores, mas também co-investigadores. Acredito que esta
evolução é boa em muitos aspectos.
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2. Os seres humanos funcionam a partir de um "centro interior"
(Que podemos chegar a conhecer verdadeiramente)
3. A linguagem é uma ferramenta para expressar nossos
pensamentos (que tem origem no "centro interior").
4. A linguagem deve ser inequívoca e literal, está a serviço da
informação.
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independentes, que confiavam em si mesmas, de modo, que a
independência e confiança tornaram-se pré-requisitos para a vida
econômica e material em constante expansão (Samson, 1981).
Premissas alternativas
Primeiro, mencionarei outras premissas sobre os seres humanos e seu
ser-no-mundo.
1-Uma alternativa às explicações estáveis e generalizadas da vida
humana (por exemplo, o diagnóstico de transtornos de caráter) é
que um ser humano muda constantemente e se adapta aos
diversos contextos que, por sua vez (como todos sabemos),
variam constantemente. Portanto seria possível compreender
contextualmente a uma pessoa num dado momento. Tal
compreensão é compatível com o conceito de realidades múltiplas:
uma pessoa pode ser compreedida de muitas maneiras, pois não
só ela muda (fala e age de maneira diferente) ao variarem as
circunstâncias em diferentes períodos, mas também mudam
aqueles que tratam de compreendê-la. Aqueles que tentam
compreender o fazem a partir do que veem e ouvem. Se a pessoa
que compreende escutasse algo diferente do que escutou e ouviu
e visse algo distinto (do que buscou com o olhar e viu), sua
compreensão, então seria diferente.
2-Uma premissa alternativa à de que uma pessoa é governada
desde um centro interior é de que a pessoa não está no centro,
mas o centro da pessoa está fora dela, na coletividade que integra
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com as outras. O centro interior não forma o indivíduo nem a
coletividade, mas a coletividade forma o indivíduo e o centro
interior, supondo que esse centro exista. (Shotter, 1993). O
significante na coletividade são as conversas que se entabulam
dentro dela; o significante a respeito das conversas é a linguagem
em que estão os interlocutores.
3- Uma premissa alternativa da linguagem é que, além de
informar, forma. Wittgenstein tem inspirado a muitos, ao expressar
que a linguagem em que estamos por um lado determina as
possibilidades e por outro, as limitações do que chegamos a
compreender (Grayling, 1988). A linguagem vai intervir na formação
do que chegamos a pensar e compreender. John Shotter inspira-se
em Bakhtin e Voloshinov para avançar ainda mais no tema e dizer
que nossas expressões não só formam o que chegamos a pensar
mas, de fato, formam a pessoa em sua totalidade, incluindo sua
configuração fisiológica. O trabalho de Bülow-Hansen e minha
colaboração com Gudrun Ovreberg me levaram às mesmas
conclusões (Andersen, 1993).
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impressão para essa pessoa e para as demais. Em suma, a impressão
está relacionada com o que foi expressado, ou bem poderia ser
considerado que é um resultado (o produto) do expressado. Nossa cultura
presta muita atenção aos produtos e os avalia rapidamente, por exemplo,
como bons ou maus, úteis ou inúteis, caros ou baratos. Talvez preste
atenção a como foi expressado esse produto (ou seja, ao método ou a
destreza postos em jogo), embora não tanto como ao produto em si.
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pelo ser-no-mundo do indivíduo quando se aplicam as destrezas e se
modelam os produtos? Duvido que esse interesse seja considerável.
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Chegando a esse ponto eu me remeto a "novas perguntas", já mencionado
neste capítulo, que parecem ter algum valor no trabalho terapêutico. Por
exemplo: ”Tenho notado que em algum momento você usou tal palavra. É
uma palavra pequena ou grande?". Se o outro responde que é uma
palavra importante, poderíamos perguntar: "Se a palavra fosse grande o
suficiente para que você pudesse entrar nela caminhando, o que vocë
veria ou ouviria?". Com perguntas como esta são muitas vezes obtidos
"histórias" interessantes
33
para ela. No entanto, aproximadamente entre três e sete anos, a criança
desenvolve uma linguagem "egocêntrica" ao falar para si mesmo durante
os jogos. Viotsky observou que a presença de um ouvinte adulto
aumentava a tendência da criança para falar para si mesma. O adulto não
participava da conversa, mas estava presente e ouvia.
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Bateson, e as diferenças (entre as diferentes perspectivas) que fazem
diferenças (nas perspectivas particulares).
35
linguagem originalmente desenvolvida por profissionais, tornou-se a
linguagem cotidiana de todos. Em novembro de 1991, pouco antes de sua
morte, Goolishian organizou com Harlene Anderson a segunda conferência
Galveston em San Antonio, Texas, sob o título "A despatologização da
saúde mental " (The dis-diseasing of mental health) mental]. No anuncio da
conferência, lemos:
Descrições alternativas
O que aconteceria se nós, como profissionais, começamos a identificar e
descrever o que fazemos de forma diferente?
Costuma-se dizer que durante uma conversa, uma pessoa ouve e a outra
fala. O que aconteceria com nossa conversa se nós escolhêssemos outras
metáforas e disséssemos, por exemplo, que o ouvinte é tocado por aquilo
que o outro expressa?
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A pessoa que é tocada, na próxima vez se moverá. No entanto não se
moverá passivamente. Participará ativamente no sentido de que intervirá
no seu próprio movimento. Uma maneira de esclarecer o que a pessoa
movida quer é que ela analise a linguagem, procurando entender a
situação e o que fazer: O passo seguinte seria expressar esse significado.
Esta expressão será sua maneira de tocar ao outro ou outros.
Quanto mais escrevo (e penso) sobre tudo isso, mais isso se torna uma
questão de responsabilidade coletiva.
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são os resultados de nossas especulações ou, se ousamos usar a palavra
mais altissonante, são os resultados a que chegamos "filosofando." O
Dicionário Webster define a filosofia como "a busca de um entendimento
geral dos valores e da realidade, principalmente através da especulação
ao invés de observação". Na "terapia", como na "pesquisa" e na vida
diária, muitas coisas relacionadas ao conhecimento baseado em
premissas prévias. Às premissas subjacentes que escolhemos
(compreensão prévia) eu as denomino opções filosóficas. Koestler (1964)
as chama de o eu, a comunidade, a linguagem, as conversações, as
emoções, os desejos, a fala , a escuta, o expressado, o criado,o formado.
O que é novo, ou o que poderia contribuir para o novo, resulta de uma
nova forma de combinar o que já é conhecido.
Palavras Finais
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base das metáforas que desenvolvemos (que aprendemos com os outros)
mais tarde na linguagem através da qual nos tornamos "nós mesmos".
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