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FONOLOGIA DO
INGLÊS
Introdução
Quando você ouve a palavra “sílaba”, provavelmente deve se lembrar
das regras referentes à separação ortográfica do português – as quais
você provavelmente praticou muitíssimo nos seus primeiros anos de
vida escolar. Entretanto, você sabia que a sílaba é uma unidade supras-
segmental fundamental para os estudos fonológicos? É por causa dela,
por exemplo, que um aprendiz brasileiro produz a palavra top do inglês
como []. Além disso, é por meio da sílaba que definimos contextos
para a ocorrência de variantes alofônicas, como você já estudou nos
capítulos anteriores. Por fim, determinar os padrões silábicos de uma
língua é fundamental para que se possam definir os padrões acentuais
de tal sistema linguístico.
Neste capítulo, você aprenderá a caracterizar o que é uma sílaba, bem
como refletirá acerca de sua importância. Além disso, você contrastará
os padrões silábicos do português brasileiro e do inglês e verá que a
língua inglesa permite uma variedade muito maior de possibilidades
de padrões. A partir dessa comparação, poderá determinar os desafios
pelos quais passam os aprendizes brasileiros na aquisição do molde
silábico da língua-alvo.
Com base na Figura 1, uma palavra como tip, por exemplo, ocuparia os
três slots silábicos: [] ocuparia o onset; [], o núcleo; e [], a coda. Entretanto,
o que aconteceria com uma palavra como strip? Sabemos que essa palavra
possui apenas uma sílaba, uma vez que apresenta somente uma vogal. Uma
vez que temos três consoantes antes da vogal, é preciso que tenhamos um
onset complexo de três elementos. E no caso de uma palavra como fact, que
apresenta duas consoantes após a vogal? Nesse caso, temos uma coda complexa
de dois elementos. No caso de ditongos decrescentes, tal como stray, temos
um núcleo complexo de dois elementos.
Em uma palavra como strikes, temos uma palavra de uma sílaba. Os segmentos [], []
e [] ocupam a posição de onset; [] e [] ocupam o núcleo; e [] e [] ocupam a coda.
A definição de peso silábico é importante, uma vez que a caracterização dos padrões
de acento (sílaba tônica) da língua inglesa depende dessa propriedade.
Os onsets de dois elementos podem ser de dois tipos (HAMMOND, 1999, p. 55):
1. [s] seguido por uma plosiva surda, fricativa ou nasal ([] spot, [] star, [] scar, []
sphere, [] small, [] snail, dentre outras)
2. Uma plosiva ou fricativa surda seguida por [w, l, r]: ([] play, [] bring, [] drown,
[] crown, [] swim, [] slim, [] float, [] shrink, dentre outras).
Os onsets de três elementos sempre iniciam pela fricativa [s]. Os segundo e terceiro
elementos devem constituir sequências possíveis em onsets de dois elementos ([]
spring, [] stray, [] screw, [] split). Por iniciarem com [s], onsets de três elementos
são difíceis para o aprendiz brasileiro.
Além disso, a coda do inglês pode apresentar até mais do que duas conso-
antes, o que torna as combinações ainda mais complexas. Muitas das codas
de três ou mais consoantes são compostas pelo acréscimo do sufixo, tal como
na palavra texts [], cuja coda é composta de quatro elementos, sendo a
última consoante o sufixo de plural.
Uma coda de três ou mais consoantes é sempre formada por duas sequências de duas
consoantes: dessa forma, uma coda [mpt] (exempt) é possível porque a língua permite
codas [mp] (camp) e [pt] (apt).
https://goo.gl/AsPeQq
Alunos brasileiros de inglês tendem a produzir [] ou []para o alvo star [];
[] para o alvo big []; [] para o alvo cap []; e [], [], [] ou
[] para o alvo fact [], por exemplo.
https://goo.gl/wxUMcw
porque uma produção como [.] não resolveria a proibição de /t/ final no
português brasileiro). Já em codas complexas de dois elementos não passíveis
no inglês, é possível, entre aprendizes de nível inicial, a produção de duas
vogais epentéticas: nesse caso, uma palavra como fact [] pode ser produzida
como [..]. Já com um nível um pouco mais adiantado de proficiência
na língua-alvo, produções como [.] são possíveis, até o ponto em que
o aprendiz atinja a forma-alvo. No caso de encontros consonantais finais de
duas plosivas, é pertinente ressaltar ao aluno a possibilidade de não soltura
da primeira plosiva do encontro, como em act [] e apt [].
Codas simples tendem a ser adquiridas antes de codas complexas. Entretanto, a aqui-
sição, em codas simples, dos dois elementos que compõem a coda complexa não
implica necessariamente a aprendizagem da sequência consonantal. Por exemplo,
é possível que o aprendiz brasileiro já tenha adquirido os padrões silábicos de coda
simples em app [] e at [], mas ainda não tenha adquirido a combinação de [] e
[] em coda complexa, como em apt [].
https://goo.gl/qzC4gc
https://goo.gl/4ZBzx7
Leituras recomendadas
CELCE-MURCIA, M.; BRINTON, D. M.; GOODWIN, J. M; GRINER, B. Teaching Pronunciation:
a Course Book and Reference Guide. Cambridge: Cambridge University Press, 2010.
CRISTÓFARO-SILVA, T. Dicionário de Fonética e Fonologia. São Paulo: Contexto, 2011.