A imagem em questão é de um grande labirinto em preto e branco e no meio
um enorme buraco. Um labirinto está relacionado com entradas incertas e
dificultosas para encontrar a saída e neste em questão, possui cores sombrias para intensificar a simbologia descrita. A imagem tem relação com a obra “O ano da morte de Ricardo Reis” no que diz respeito as deambulações geográficas e literárias do personagem por lisboa e de sua condição interna. Ricardo Reis deambula pelos labirintos de Lisboa, após dezasseis anos, em uma época sombria, representada por chuvas intensas, uma cidade triste e cinzenta. Uma metáfora acerca da pobreza extrema, de um povo oprimido pelo regime do Estado Novo, sem forças para lutar por uma vida melhor. Encontra- se perdido nos seus próprios pensamentos e sentimentos à procura do seu próprio “eu”, como alguém que está perdido em um labirinto. Nas suas deambulações, revisita espaços físicos reais simbólicos e o autor utiliza da intertextualidade presente na obra, citando Camões, Eça de Queirós, Cesário Verde e Fernando Pessoa, em uma visão critica de memórias felizes passadas em contraste com a miséria social e cultural de um Portugal da época da ditadura. Em suma, a imagem do labirinto pode ser interpretada como uma metáfora, representado pelos caminhos tortuosos e imprevisíveis, onde pensamentos e as memórias se entrelaçam como as ruas da cidade, e a complexidade das emoções se fundem na tentativa de achar o sentido de tudo.