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Deambulações geográficas de Ricardo Reis

Lisboa no “Ano da morte de Ricardo Reis”, é a Lisboa de 1936, gélida, cinzenta, pálida, uma
cidade governada por uma ditadura autoritária, autocrata e corporativa do Estado Novo
chefiado por António Oliveira de Salazar. Lisboa é nos apresentada como o local onde a
história da morte de Reis se passa.
A deambulação geográfica está representada desde o início do romance, com a chegada de
um navio a Lisboa. A chegada à cidade marca o fim de uma deambulação e assume um
duplo sentido (de regresso e de reencontro). A cidade a que regressa não é a mesma e o
reencontro dá-se com uma cidade onde são visíveis marcas negativas. Lisboa é um espaço
banal marcada por um dia chuvoso e escuro em que se dá a chegada, pouco movimento,
com grandes charcos povoados pelo entupimento das sargetas, as luzes viscosas e
simboliza a entrada para o labirinto.
A deambulação de Reis por Lisboa, decorre como se Reis estivesse num labirinto que o
conduz sempre ao mesmo lugar, como se procurasse alguma coisa ou alguém que não
encontra. Esse alguém pode ser a sua própria identidade, vagando por um percurso cheio
de memórias, destacando-se o Chiado, espaço literário em funções das recordações que
guardam Eça de Queirós e Cesário Verde.

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