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“O ano da
morte de
Ricardo Reis”
Resumos
Por fim, as festividades como o Ano Novo, Carnaval e Páscoa, bem como as
manifestações de apoio ao regime, nada tinham a ver com a tristeza, desalento, a fome
e com as vitimas das inundações- devido às chuvas intensas, as inundações tornaram-se
um grande problema, não só para as vitimas dos mesmos que perderam as suas casas e
vidas com o transbordar do Tejo, mas também os agricultores e trabalhadores rurais
que viram as suas produções em risco.
O romance O ano da Morte de Ricardo Reis
Para melhor entender o romance, existe a necessidade de compreender a figura
do heterónimo de Ricardo Reis. O poeta Fernando Pessoa diz ter criado Ricardo Reis a 8
de março de 1914 (dia ao qual chamou de “triunfal”) e, com ele, foram criadas mais
duas figuras, a de Alberto Caeiro e Álvaro de Campos. Relativamente a Ricardo Reis,
Pessoa cria-o de forma diferente de si mesmo em todos os planos que o constituem
(físico, cultural, etc.).
Ainda que Ricardo Reis seja um heterónimo criado por Fernando Pessoa, José
Saramago, ao escrever o romance, não estava obrigado a seguir os critérios elaborados
pelo poeta acerca da sua personagem, mas, no entanto, não se afastou muito da figura
criada por Pessoa. Porém, ao longo da história, vão sendo atribuídas a Ricardo Reis
atitudes, decisões, ideias e sentimentos que Saramago decide atribuir-lhe.
Saramago transforma Fernando Pessoa numa personagem desta obra, criando uma
interação entre Ricardo Reis e o falecido Pessoa.
Capitulo I
O romance tem inicio a 29 de dezembro de 1935 com a chegada de Ricardo Reis a
Lisboa, num dia chuvoso, cinzento e triste. Instala-se no Hotel Bragança, com vista sobre
o Cais Sodré e o rio Tejo. À hora do jantar avista uma jovem a terminar a sua sopa,
Marcenda.
Marcenda- provocava em R. Reis uma estranheza pelo seu nome gerundivo, original
e fatídico (significa “aquela que deve murchar”). Proveniente de Coimbra, de boas
famílias, bela e débil, o que favorece a aproximação dos dois, visto a semelhança
social, contrastando com o afastamento físico dado à idade de R. Reis, 25 anos mais
velho. A sua mão esquerda está paralisada desde a morte da mãe (fez-se referencia
à mão paralisada no jantar do 1º capitulo em que está a mesa com o pai acabando
de comer a sopa) que remete para a carência e fragilidade da personagem. É
submissa ao pai e incapaz de tomar as próprias decisões e simboliza o amor
imaterial e platónico (incapaz de se realizar).
Lídia- provoca em R. Reis uma estranheza relacionada com a memória dos poemas
dele enquanto heterónimo de Fernando Pessoa (nas odes de R. Reis ela é referida, de
modo subentendido, a beleza dela é o que o atrai). É uma criada do hotel , o que
significa que provém duma condição social inferior à do personagem, pronunciando
um desequilíbrio na relação amorosa. É independente, trabalhadora e responsável
(aceita as consequências dos seus atos). É uma mulher cujo físico atraí R. Reis, é
excecional pela sua produção de juízos de valor singulares e interessantes. Simboliza
o amor incondicional, desinteressado e libertador.
Capitulo III
Estamos no dia da Passagem de Ano (dia de Ano Novo), e como já referido
anteriormente, esta data na obra é uma das datas importantes das celebrações festivas
presentes na obra. A 31 de dezembro de 1935, Ricardo Reis procede a uma nova
deambulação por Lisboa, no período da noite da passagem de ano. Nesta noite, neste
capitulo, Reis volta ao Cemitério dos Prazeres, aqui ocorre o primeiro encontro entre o
heterónimo e o ortónimo, Ricardo Reis e Fernando Pessoa.