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Universidade de Aveiro Departamento de Matemática

2018-2019 1.o semestre

Aplicações lineares

Capı́tulo 7 ALGA - agrupamento I 1/ 9


Aplicação linear

Sejam V e W espaços vetoriais reais. Uma função

L : V −→ W
v 7→ L(v)

diz-se uma aplicação linear, ou transformação linear, de V em W se

i. L(u + v) = L(u) + L(v) para quaisquer u, v ∈ V ;

ii. L(α v) = α L(v) para quaisquer e α ∈ R e v ∈ V .

Quando W = V , L diz-se um operador linear em V ou endomorfismo de V .

Resulta de ii. que a aplicação linear L acima satisfaz L(0V ) = 0W .

Denota-se por L (V , W ) o conjunto de todas as aplicações lineares de V em W ;


abrevia-se para L (V ), quando W =V.

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Exemplos

1. A aplicação derivada dada por


L: Pn −→ Pn−1
p(x) 7→ p0 (x)

é uma aplicação linear de Pn em Pn−1 .

2. A reflexão dos vetores de R2 em relação ao eixo dos xx, definida por

L : R2 −→ R2
(x, y) 7→ (x, −y)
é um operador linear em R2 .

3. A rotação de ângulo θ , em torno do eixo dos zz , no sentido anti-horário, dada por

L : R3 −→ R3
(x, y, z) 7→ (x cos θ − y sin θ, x sin θ + y cos θ, z)

é um operador linear em R3 .

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Matriz de uma aplicação linear

Seja L ∈ L (V , W ) e v ∈ V de coordenadas na base B = (v1 , . . . , vn ) de V :


 
a
 .1 
[v]B = 
..  ,
 isto é, v = a1 v1 + · · · + an vn .
an

Como L(v) é completamente determinado pelas imagens L(v1 ), . . . , L(vn ), vem

[L(v)]T = a1 [L(v1 )]T + · · · + an [L(vn )]T = [L]B,T [v]B ,

sendo T uma base de W e [L]B,T a matriz de colunas [L(v1 )]T , . . . , [L(vn )]T .

Chama-se matriz representativa de L relativamente às bases B e T a [L]B,T .

Assim [L]B,T ∈ Mm×n , se dim W = m, e as suas colunas são os vetores das


coordenadas na base T das imagens dos vetores da base B .

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Matriz de uma aplicação linear de Rn para Rm

Em particular, se L ∈ L (Rn , Rm ) e B = (X1 , . . ., Xn ), T = (Y1 , . . . , Ym )


são bases de Rn e Rm , então a coluna j da matriz [L]B,T é o vetor
 
aj1
 .. 
[ L(Xj ) ]T =
 .
,
 tal que aj1 Y1 + · · · + ajm Ym = L(Xj ),
ajm

isto é, a solução do sistema

MBc ←T X = L(Xj ),

pois MBc ←T é a matriz de colunas Y1 , . . . , Ym . Pode resolver em simultâneo os n

sistemas que se obtém para j = 1, . . . , n, recorrendo à matriz ampliada:


h i h i
MBc ←T L(X1 ) | · · · | L(Xn ) ∼ In [L]B,T .

método de eliminação de Gauss-Jordan

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Mudança de base e matriz de uma aplicação linear (opcional)

Seja L : V → W uma aplicação linear, B1 , B2 bases de V e T1 , T2 bases de W .

[L(v)]T1  [L]B1 ,T1 [v]B1


6
Q = MT1 ←T2 P = MB2 ←B1
?

[L(v)]T2 [v]B2
[L]B2 ,T2

Então

[L]B1 ,T1 = MT1 ←T2 [L]B2 ,T2 MB2 ←B1 .

Nota: Se W = V , T1 = B1 e T2 = B2 , então Q = P −1 .

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Núcleo e imagem de uma aplicação linear

Seja L : V → W uma aplicação linear. O núcleo de L é

ker L = {X ∈ V : L(X) = 0W }.

A imagem de L é o conjunto dos vetores de W que são imagem de algum vetor de V ,

im L = {Y ∈ W : ∃ X ∈ V tal que L(X) = Y }.

ker L e im L são subespaços vetoriais de V e W , respetivamente.

Exemplo

Se A ∈ Mm×n e L : Rn → Rm é definida por L(X) = AX , então


ker L = N (A) e im L = C (A).

Mais geralmente, dadas bases B de V e T de W , se A = [L]B,T , então

X ∈ ker L ⇔ [X]B ∈ N (A) e Y ∈ im L ⇔ [Y ]T ∈ C (A).

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Teorema das dimensões, injetividade e sobrejetividade

Seja L ∈ L (V , W ). Se A = [L]B,T , então

dim (ker L) = nul A e dim (im L) = car A.

Teorema das dimensões Se L : V → W é uma aplicação linear, então

dim (ker L) + dim (im L) = dim V .

L é injetiva se elementos distintos de V possuem imagens distintas.


L é sobrejetiva se im L = W .

Teorema Dada L ∈ L (V , W ),
1. L é injetiva ⇔ ker L = {0V } ⇔ dim (ker L) = 0;
2. L é sobrejetiva ⇔ dim (im L) = dim W .

Em particular, quando dim V = dim W , tem-se L injetiva se e só se L sobrejetiva.

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Isomorfismo

Um isomorfismo é uma aplicação linear bijetiva entre espaços vetoriais.

V, W são isomorfos, escreve-se V ' W , se existe um isomorfismo entre V e W .

Exemplos

i. V ' Rn quando dim V = n;


ii. Pn ' Rn+1 ;
iii. Mm×n ' Rmn .

Seja L ∈ L (V , W ) e A = [L]B,T . Ora

L é um isomorfismo ⇔ A é invertı́vel ⇔ det A 6= 0

Se L é isomorfismo, então L é invertı́vel e L−1 : W → V é um isomorfismo, tal que

A−1 = [L−1 ]T,B .

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