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e Tradução: Rachael
Revisora Inicial: Marcia
Revisora Final: Rachael
Formatação: Rachael
Logo/Arte: Dyllan
Agradecimentos
Eu amo a página de agradecimentos em um livro porque agradecer às
pessoas me faz feliz; embora acrescente algum stress no caso de eu esquecer
alguém. Se eu tiver, eu realmente peço desculpas. Muitas pessoas
trabalharam duro para fazer este livro acontecer, e eu estou muito grata por
isso.
Primeiro, um grande obrigado ao meu marido, Big Tone. As pessoas
perguntam o tempo todo como um autor com um dia de trabalho e filhos
consegue tudo pronto, e eu lhes digo que é porque eu sou casada com você.
Você faz as coisas acontecerem. Mesmo antes de eu vender meu primeiro
livro, quando escrever era apenas um tempo de atividades, você me
incentivava a continuar. Obrigada.
Aos meus filhos, Gabe e Karly, obrigada pelo apoio, pelos risos, e pela
diversão. Vocês são os melhores filhos do mundo, e eu amo vocês.
À minha agente talentosa, Caitlin Blasdell, obrigada por proteger,
guiar, e melhorar minha carreira. As edições que você envia sempre faz o
livro muito mais forte. Você é a calma em uma indústria selvagem, e eu te
agradeço muito! Obrigada a Liza Dawson por me ensinar a montar o cenário,
a Havis Dawson por seus experientes conselhos de edição, e a Hannah
Bowman para percepções de caracteres. A gang Dawson verdadeiras rochas.
À minha incrível editora, Michele Bidelspach, obrigada pelas
fantásticas e detalhadas edições para este livro. Acho que nós alcançamos
uma profundidade com os personagens que os leitores vão adorar, e isso é da
sua competência. Eu realmente gostei de trabalhar com você e espero que
tenhamos muitos livros por vir. Obrigada a todos no Grand Central
Publishing que trabalharam tão duro para conseguir este livro para os
leitores.
Obrigada a Kelly Mueller em Books-n-Kisses por sua amizade e apoio,
e obrigada a Bonnie Paulson, Tina Jacobson, e Asa Bradley por responder
perguntas rápidas sobre gramática e lógica... E por sua amizade. Além disso,
obrigado a Carla Gallway por seu trabalho duro.
Obrigado à Lethal Ladies Critique Group pela sabedoria e diversão, à
minha equipe de rua FB pelo incentivo e risos, e ao meu grupo local RWA,
IECRWA, pelo apoio e bons tempos.
E, como sempre, obrigada ao meu sistema de apoio constante: Gail e
Jim English, Debbie e Travis Smith, Stephanie e Donald West, Brandie e Mike
Chapman, Jessica e Jonah Namson e Kathy e Herb Zanetti.
Revisoras Comentam...
Marcia: Se você gosta de uma boa trama, muito bem dosada com
bandidos malvados, mocinhos maravilhosos — oh, meu, eu queria um desses
para mim — muito suspense, segredos e ação que te deixam de cabelo em pé
e adrenalina correndo por suas veias o tempo todo, sim, você veio ao lugar
certo... Eu juro, mal posso esperar pelo próximo... Boa leitura.
Capítulo 1
Dias presentes
Capítulo 2
Os pequenos bíceps de sua esposa tencionaram em suas mãos, e
aqueles olhos incríveis escureceram para violeta, traindo sua intenção de
recuar. Shane agarrou seu queixo para segurá-la no lugar, procurando
uma resposta que ele não sabia ao certo se merecia.
Ela lhe deu um olhar gelado e um leve rubor se espalhou por suas
belas maçãs do rosto, mas não atingiu seu nariz arrebitado que ele tinha
o desejo mais estranho de beijar. “Minha vida sexual não é da sua
conta.”
Ele baixou as pálpebras. “Ah, querida,” ele suspirou, “nós dois
sabemos que isso não é verdade.” Ele ergueu a mão de seu queixo para
deslizar o dedo sobre seu lábio inferior cheio e picou com prazer quando
ela respirou fundo. Seu cérebro podia não se lembrar dela, mas seu
corpo vibrava com a necessidade de tirar o sangue de qualquer homem
que ousasse tocá-la.
Enquanto eles estavam parados nas portas de vidro do hospital no
entardecer do dia, Shane catalogou a paisagem urbana tranquila. Trinta
e cinco veículos estavam parados no estacionamento, e três empresas
se alinhavam na outra rua: uma que vendia alimentos, uma loja de
penhores com possíveis armas, e uma loja de conveniência administrada
por um casal. Havia uma boa probabilidade de que a loja tinha uma
espingarda perto da registradora. Uma fileira de apartamentos se
levantavam acima das empresas, provavelmente, três. Estatisticamente,
pelo menos, uma residência podia ter uma arma.
Como ele sabia disso? Claustrofobia súbita o teve lutando para
parecer normal, mesmo enquanto inclinava a cabeça para ouvir...
Alguma coisa. Qualquer coisa. Mas todos os sons chegavam abafados,
como se sua cabeça estivesse debaixo d’água.
Assim, ele se concentrou na pele macia debaixo de sua mão
áspera. Josie tinha um rosto clássico, maçãs do rosto bem definidas, e
feições delicadas. No entanto, seu queixo segurava uma teimosia que o
intrigava tanto quanto o desafiava.
Ele moeu os dentes juntos. “Eu não sei o quanto você está ferido,
mas se você não me soltar, eu vou chutar seu traseiro.”
Seu sorriso rápido se sentiu enferrujado, como se os músculos não
tivessem sido utilizados há muito tempo. Dois anos talvez — desde que
ela o deixara?
Com um dar de ombros, ele a soltou, endireitou, e recuou. Cada
movimento ligeiro cavando agulhas afiadas em seu crânio. Luzes
piscavam por trás de seus olhos por causa da dor. “Eu preciso saber.
Você está com medo de mim?” Ele não se conhecia. Será que ele
poderia machucá-la? A ideia de que ele pudesse machucar uma pequena
mulher tão indefesa foi como um soco no estômago. Quem diabos era
ele?
Ela arqueou uma sobrancelha delicada. “Se você está perguntando
se você abusa de mulheres, a resposta é não. Se você está perguntando
se você é um idiota, a resposta é sim.”
Ele bufou uma risada, mal segurando uma careta quando seus
olhos provocaram agonia. “Eu aprecio sua honestidade.”
“Disponha.” Ela jogou um fio loiro por cima do ombro e abriu a
porta de saída para o ar fresco da noite. “O que você poderia muito bem
fazer o mesmo.”
Ele fez uma pausa em sua declaração, tomando um momento para
apreciar seu corpo apertado no terninho cinza claro. A mulher tinha uma
bunda que ele adoraria afundar as mãos. O flash de luxúria rolou através
dele seguido por mal-estar. Ele tinha acabado de assustá-la,
praticamente a ameaçando sobre o namorado, e agora ele a queria nua.
Depois de um breve casamento, ele a abandonara. E se ele não tivesse
tido uma boa razão? Haveria uma boa razão para ele ter deixado sua
mulher desprotegida? Provavelmente não.
Depois que ela saiu, ele rapidamente a seguiu, seu olhar
esquadrinhando o enorme estacionamento. Tranquilo, pacífico e bem
iluminado na noite fria. Pinho e um toque de neve flutuava pela brisa.
“Você vai me levar para casa, anjo?” Ele imaginou que teria que
persuadi-la para levá-lo para sua casa. Ele precisava cavar um buraco
até que sua cabeça parasse de bater, e depois descobrir quem o havia
atacado.
Escuridão e paz parecia mais importante do que segurança agora.
Ela suspirou, puxando as chaves de uma bolsa monstruosa e
caminhando em sapatos pontudos em direção ao centro do
estacionamento. “Goste ou não, você é minha responsabilidade agora.
Pelo menos até você assinar os papéis.” Ela parou e se virou de forma
tão abrupta que ele teve que agarrar seus braços para evitar se chocar
com ela. Seu olhar encontrou o dele. “A menos que você só esteja cheio
de merda. Amnésia? Sério?”
Ela se sentia bem sob suas mãos. Ignorando a enxaqueca, ele
entrou em seu espaço, realmente desfrutando do clarão de consciência,
e então a filtragem de irritação em seu rosto deslumbrante. “Eu já menti
para você?” A pergunta era um risco, considerando que ele não fazia
nenhuma ideia se tinha mentido ou não.
Anger bateu a irritação fora do rosto e estreitou os olhos. “Não.
Você simplesmente não me disse nada.”
Oh, mas ele a tinha machucado. O jogo de seus ombros, a linha
de seus lábios, tudo lhe dizia que ele havia lhe causado dor. Que tipo de
burro ele era para ferir uma coisinha tão doce? “Sinto muito.”
Ela piscou três vezes e deu um passo atrás. “Não importa.”
“Eu acho que sim. Sejam quais forem os erros que cometi, eu
sinto muito.” Ela era tão pequena, a cabeça nem tocava o fundo de seu
queixo. Talvez ele devesse se virar sozinho no momento — deixá-la viver
a vida que ela tinha construído ao longo dos dois últimos anos.
Mas ele não queria fazer isso. Havia calor enterrado na mulher, e
ele estava se sentindo tão malditamente frio. Ela o amara uma vez.
Talvez ela pudesse explicar o porquê.
Um zumbido começou na base do seu crânio. Ele levantou a
cabeça para explorar o parque de estacionamento, a abundância
tranquila de SUVs não fornecendo nenhuma resposta. Alguém os estava
observando, embora — disso ele estava certo.
A dor de cabeça desapareceu, empurrada para algum lugar para
ser tratada mais tarde. Consciência filtrou através de seu cérebro de que
ele não deveria ser capaz de fazer isso. Seus batimentos cardíacos
diminuíram. Sua respiração desacelerou. Ele puxou Josie para seu lado,
ignorando a dor em seu ombro ao encontrar suas costelas machucadas,
levando ambos mais para dentro do estacionamento. Uma brisa fresca
soprou em seu rosto, e uma van do outro lado da rua chamou sua
atenção. Sim. “Onde está seu carro?”
A mulher não conseguia se afastar de seu braço protetor. “Bem
aqui.” Ela apontou um chaveiro para um Toyota Highlander preto, um
bip ecoando através da área silenciosa quando as portas destravaram.
Adrenalina inundou seu sistema, de alguma forma, o acalmando
ainda mais. Isso não era natural. Deveria ele ter mais medo de si mesmo
do que de seus agressores? “Você deveria ter estacionado debaixo de
uma luz.”
“Não me repreenda.”
“Então você deveria ser mais cuidadosa.” Ele teve a sensação de
já ter dito essas palavras para ela antes. Empurrando a especulação
para longe, ele abriu a porta do motorista, e ela entrou. Ele a seguiu,
agarrando sua cintura fina e a levantando sobre o consolo central,
estabelecendo sua própria bunda no assento. Dúvida tentou se infiltrar
em seus instintos, mas seus movimentos foram graciosos e treinados —
seus músculos trabalhando rapidamente como se separados de seu
cérebro. Dor começou logo atrás de seus olhos, e ele a empurrou de
lado.
Josie tentou voltar para seu assento. “Ei —”
“Eu dirijo.” Ele pressionou no pedal do freio e apertou o botão de
ignição sem chave. Pânico rodou em seu abdômen, então ele se
concentrou duro e rápido, cercando-se de calma. Truque interessante,
esse. “Afivele seu cinto de segurança.”
“Não —”
“Agora.” Ele baixou a voz para puro comando, cortando um olhar
para ela que foi igualmente duro.
Ela arqueou as sobrancelhas em surpresa. Com um bufo, ela
revirou os olhos e puxou o cinto. Não. Definitivamente nenhum medo
dele.
Pela primeira vez desde que recuperara a consciência, seu corpo
parecia familiar. Calma, decisão, alerta. Uma ameaça existia naquela van
azul. Ele preferiu não questionar sua certeza do fato. Não agora de
qualquer maneira. O veículo estava parado em frente a uma das saídas
do estacionamento como se estivesse esperando pacientemente, longe
de quaisquer luzes. Ele olhou no espelho retrovisor pela entrada no lado
oposto. Perfeito.
Movimentos certos teve o SUV dando ré e manobrando ao redor
das fileiras de carros em direção à saída. Pressionando com força contra
o acelerador, ele apertou o reverso através da entrada com um guincho
de pneus.
“Mas o quê —” Josie silvou, agarrando as duas mãos no painel
enquanto o atendente na entrada saltava da cabine, os braços
balançando no ar.
Shane chicoteou a Toyota ao redor e no tráfego, pressionando o
acelerador e contornando vários carros antes de girar o volante e atirar
o carro em um beco, seguindo por vários quarteirões.
“O que diabos você está fazendo?” Josie gritou.
Ele arqueou uma sobrancelha, deslizando em uma rua de mão
única longe do hospital. “Você tem uma boca grande, não é mesmo,
anjo?”
“Oh, Deus, você está completamente louco. Você tem uma
concussão. De jeito nenhum você deveria estar dirigindo.”
Ele olhou pelo espelho retrovisor. Tudo limpo. Dúvida sufocou em
sua garganta. Talvez ele estivesse louco. Independente disso, ele não
sentia mais a ameaça. “Desculpa. Eu só queria me divertir um pouco.”
Compreensão afundou. Ele não tinha intenção de lhe contar sobre a
ameaça. Interessante. Ou ele não confiava nela — ou o instinto lhe
ditava para protegê-la. Independente disso, ele escolheu experimentar,
para julgar sua reação. Ele limpou a garganta. “Havia homens em uma
van em frente ao hospital, esperando um de nós. Eu senti o perigo.”
Ela virou a cabeça lentamente em direção a ele. “O quê?”
“Você me ouviu.” Ele manteve o olhar na estrada enquanto
passaram por fachadas de lojas tranquilas, estudando-a fora de sua
visão periférica. A veia no pescoço dela vibrou quando seu batimento
cardíaco acelerou. Sua respiração engatou, e um aroma de frutos
silvestres flutuou dela. Que espécie de soldado ele era para ter esse tipo
de treinamento? Esses sentidos superdesenvolvidos? Temor se
estabeleceu em seu intestino.
Ela balançou a cabeça. “Você está louco. Que van? Não havia
nenhuma van.”
Então, duas opções aí. Ou ele não a havia colocado em seu
mundo, ou ela estava mentindo. O desejo de sua confiança o pegou de
surpresa. Maldição. Ele precisava ficar com ela até que sua memória
voltasse.
Uma voz na parte de trás de sua cabeça sussurrou que era uma
desculpa tão boa quanto qualquer outra para ficar com ela. Ele virou
para uma estrada principal, passando por uma longa fileira de
concessionárias de veículos. “Para que lado eu vou?”
Seu suspiro encheu o carro silencioso. Ela olhou para o porta-
luvas. “Siga a interestadual indo para o leste.”
Interessante — ele podia facilmente ler os pensamentos
espelhados em seu rosto. “Há uma arma em seu porta-luvas, querida?”
Ela saltou, um olhar cortante para ele. “Hum, sim?”
Ele arqueou uma sobrancelha. “Pistola?”
“Sim. Lady Smith1. Você me ensinou a atirar e sempre manteve
uma arma por perto.”
Bom. Embora ele apreciasse se ela não pegasse em uma arma,
enquanto perto dele... Pelo menos por agora. “Vamos deixá-la aí, tudo
bem?”
1
Uma série de pistolas semiautomáticas fabricadas pela Smith & Wesson a partir do início do século 20.
“Tudo bem.” Ela cruzou os braços.
Ele entrou na interestadual, seguindo as indicações para Idaho.
“Eu agradeço você me levar para casa, anjo.” O apelido. Parecia afetá-la
bastante se seu rosto corado fosse qualquer indicação. Sua visão
periférica era excelente, assim como sua visão noturna — bom demais.
Quem ou o que ele era? O mundo começou a se fechar sobre ele. “Eu
não sei o que aconteceu comigo, mas eu prometo que vou descobrir.”
“Tenho certeza de que sua memória vai voltar — você é o cara
mais forte que eu já conheci.” Ela não parecia feliz com esse fato, e sua
mão tremia quando ela correu os dedos pelas sedosas mechas loiras.
Um pequeno dente mordeu em seu lábio. “Ouça. Você não conhece
ninguém aqui na cidade. O que aconteceu deve ter sido um assalto.” Ela
se virou para ele, aqueles belos olhos azuis iluminados pelos postes na
rua. “Você pode ficar comigo alguns dias até que sua memória retorne.
Ou até que encontre seus irmãos.”
Hesitação. Ele franziu a testa. A mulher não queria que ele ficasse
com ela. Seu coração bateu forte. Sua esposa estava sendo gentil.
Amável. Ele olhou para ela, deixando-a saber que seu olhar estava nela.
Dessa vez. “Eu posso não me conhecer agora, querida. Mas eu sei que
eu nunca teria te deixado ir.” De jeito nenhum ele era tão estúpido.
Fogo brilhou naqueles olhos perigosamente. “Você me deixou,
querido.”
Ele arqueou uma sobrancelha. “Por quê?”
Seu olhar vacilou. E ela se deslocou no assento, desviando o olhar.
“Pegue a próxima saída.”
Dúvida amuou seus belos lábios. O que ela sabia que não estava
lhe dizendo? De alguma forma, ele sabia como obter respostas de
pessoas — não importa o custo. Um frio varreu sua espinha. Ele não
queria machucar alguém como Josie, não é? Sacudindo a cabeça, ele
deu sinal e arrancou, saindo da estrada para uma rua tranquila.
Ela apontou. “Vá para a direita e suba a colina, depois vire à
esquerda na Newcomer. Minha casa é a quarta à direita.” O timbre
suave da voz dela acariciou sua pele, proporcionando conforto e um
sentimento de pertencer.
Algo lhe dizia que ele não tinha pertencido há muitos lugares. Ele
manteve uma vigilância estreita sobre as casas bem conservadas em
ambos os lados da rua, muitas delas decoradas com enormes abóboras,
luzes alaranjadas, e fantasmas de papel ondulando das árvores. Ele
também observou as luzes do carro atrás dele. Mais importante, ele
sintonizou em seus sentidos. Nada. Nenhuma advertência, nenhum
temor. Embora algo ainda estivesse errado com sua audição — quase
como se ele esperasse ouvir mais coisas. Algo além do normal. Do que
ele estava sentindo falta?
Ele puxou para a entrada de automóveis que aparentemente
parecia uma casa de fazenda branca com arbustos alegres ao longo da
frente. O acabamento era de um azul marinho perfeito. Mal-estar filtrou
através de sua mente. Ele já tinha visto este lugar antes. Acolhedor.
Doce. Puro. “Sua casa é bonita.”
Ela arrancou, com um olhar cortante para ele.
O quê? Ele nunca tinha dito nada gentil para ela? Com um
grunhido, ele apertou o botão da porta da garagem na viseira de sol e
entrou no espaço vazio. Limpo e arrumado, as paredes seguravam
ancinhos, pás, e uma variedade de ferramentas com alças rosas. A cor
fez algo em seu peito doer. Ela não deveria ter que usar um martelo.
Nunca. “Você vai me dizer o que quer que você está escondendo de
mim.” Ele saltou do veículo.
Os pés dela tocaram o concreto, e a porta do carro se fechou
antes de ela responder. “Eu não vou te dizer porcaria nenhuma.” Ela
tentou passar por ele.
Ele mudou seu peso, bloqueando seu caminho. “Eu não te dei
nenhuma opção.” Nem por um segundo ele queria intimidá-la. Mas ele
deu um passo, forçando a mulher a inclinar a cabeça para olhar para
ele.
Fúria cintilou vermelho brilhante através das altas maçãs de seu
rosto enquanto suas mãos foram para os quadris. “Se você pensa que
pode aparecer aqui depois de dois anos, com uma porcaria de amnésia e
mandar em mim, você pode começar a pensar de novo.”
OK. Sem intimidação. A bola de desconforto desenrolou em seu
intestino conforme ele relaxava. Ele conteve o sorriso que queria soltar.
“Eu não vou embora até que eu me lembre de tudo.”
Ela respirou fundo. “Ou sai do meu caminho ou se prepare para
ser um eunuco.”
A mulher era uma coisa. Indecisão filtrou através de seu cérebro.
Surpresa o enchendo do quanto ele queria sua cooperação. Sua
confiança disposta. Ele deu um passo para o lado, lhe permitindo abrir a
porta e entrar em uma cozinha alegre, com aparelhos de aço inoxidável
cintilantes.
Ele fechou a porta atrás dele e a trancou. Ele era o cara bom ou o
cara mau? “Eu te ensinei a lutar?” Instinto lhe sussurrou que, se ela
tinha sido dele, mesmo que por pouco tempo, ele teria lhe ensinado.
“Talvez eu te ensinei,” ela murmurou, sacudindo a jaqueta para
pendurá-la sobre uma antiga cadeira esculpida que correspondia a uma
mesa redonda.
Ele suspirou. O aconchego da sala o pegou de surpresa, fazendo-o
sentir como um valentão cheio de merda. Belos vasos e copos se
alinhavam na parte superior dos armários, a mistura eclética e de
alguma forma calmante. Ímãs femininos de flores e citações adornavam
a geladeira. A casa era um lar. “Sua casa é bonita.”
“Obrigada.” Ela olhou para a máquina de mensagens sobre o
balcão organizado. Que piscava com duas mensagens.
“Verifique suas mensagens, Josie.” Ele manteve o comando suave,
enquanto queria apertar o botão ele mesmo. O namorado teria ligado?
Raiva varreu através dele com o pensamento. Os músculos na base de
seu pescoço começaram a doer. Aquela dor de cabeça estava voltando e
rápido. Quem diabos sairia com uma mulher casada? Sua mulher?
*****
2
Uma rede de lojas de móveis e presentes nos EUA e Canadá. A matriz está localizada em São Francisco, Califórnia. Foi fundada
em 1950 pelos irmãos Paul e Morris Secon.
O momento bateu uma dura consciência em seu plexo solar. Ela o
havia imaginado naquela casa confortável, olhando para ela daquele
jeito.
Como ele fazia quando eles viviam juntos.
Seus pés ficaram presos ao chão. Ela não conseguia desviar o
olhar e suas altas maçãs do rosto, nariz reto, e os lábios carnudos que
ela não tocava há dois anos. O cabelo espesso tinha crescido até os
ombros. Seus dedos coçavam para tocar. Mas então ela franziu o cenho.
Os militares o haviam deixado crescer o cabelo todo esse tempo?
Segurando seu olhar, ele avançou tão graciosamente quanto um
gato selvagem. Lento e seguro — fechando a distância entre eles até
que ela inalou seu perfume de cedro aquecido. Um zumbido começou
em seu abdômen. Calor lavando ao longo de sua pele.
Um dedo grosso ergueu seu queixo. Ela deveria dar um passo
atrás. Longe do perigo. Mas algo... Algo a manteve parada. Talvez fosse
curiosidade. Talvez fosse esperança que ela ainda podia sentir arder.
Seus membros estavam pesados. Demasiadamente pesados para se
mover. Sua frequência cardíaca engatou.
Lentamente, muito lentamente, que ambos sabiam que ela tinha
tido mais do que tempo para se afastar, ele abaixou a cabeça. Os lábios
roçaram os dela. Firmes, sondando, tão quentes. Uma vez, duas vezes,
e depois uma terceira vez.
Um gemido vibrou em sua garganta.
Ele deu mais um passo perto dela, uma mão apertando seu quadril
e a outra inclinando seu queixo. Fogo. A língua deslizou através de seus
lábios, tomando. Um movimento e ele a puxou contra seu corpo duro,
forçando suas curvas a se encaixar em seu tamanho maior, a aceitá-lo,
para embalar o cume firme de uma ereção cavando em sua pele.
Necessidade a atravessou tão rápido que ela estremeceu. Seu sexo
umedeceu. Seus mamilos empedraram.
A mão em seu queixo se moveu e agarrou seu cabelo enquanto
ele devorava sua boca. O gosto tão familiar dele escalpelando seu
coração. A boca liberou a dela para pressionar beijos molhados de boca-
aberta ao longo de seu queixo e pescoço.
Tão rápido.
Tão duro.
Tão exigente.
Ela ofegou por ar, sua mente girando. Seus joelhos
enfraquecendo. Shane.
Ele beijou mais abaixo, mergulhando o rosto no V de sua blusa,
empurrando o material para o lado para acariciar a parte superior de
seus seios. Um zumbido baixo de apreciação masculina ecoou contra sua
pele. Ela deslizou as mãos por seu cabelo grosso, puxando-o para mais
perto. Calor a encheu. Um toque começou em seus ouvidos. Seu corpo
saltando para a vida. Pela primeira vez em dois anos, ela ansiava.
De repente, ele se moveu de novo, agarrando sua bunda e a
levantando contra ele. Ela ofegou quando seus pés deixaram o chão.
Suas pernas automaticamente circulando sua cintura.
Isso era loucura... E ela realmente não se importava. Mais. Ela
precisava de mais.
Seu corpo esteve adormecido por dois anos e de repente estava
acordado. Vivo.
A dureza exigente do pênis pressionou contra seu núcleo. A boca
voltou a devorar a dela, as mãos fortes pressionando seu corpo contra o
dele. Erguida, ela gemeu e apertou as coxas contra seus quadris,
esfregando-se contra ele. Precisando. Finalmente, ele levantou a cabeça.
Seu beijo tinha sido mais duro e mais insistente do que em sua
vida anterior juntos. Ele sempre tinha sido tão cuidadoso — tão gentil.
Algo novo e selvagem jorrava dele agora. Excitação queimou em seu
peito. Pela primeira vez ele a tratava como igual. Como mulher e não
como algo frágil que ele precisava proteger.
Posse. Brilhava em seus olhos cinzentos, junto com necessidade.
Desejo. Promessa. Ela deveria pensar. Ela não deveria pensar?
“Josie. Você me diz onde é o quarto, ou eu vou te tomar aqui no
chão.” Sua voz baixa, quase gutural, acariciou todos os nervos crus, já
implorando por seu toque.
Atordoada, ela abriu a boca para falar. O barulho estridente do
telefone a fez saltar. Ela sacudiu a cabeça. Realidade. Onde ficava a
realidade? O telefone tocou novamente.
Os olhos de Shane estreitaram. O aperto em sua bunda
intensificou, puxando seu sexo com mais força contra o dele. Ela gemeu.
Seu olhar perigoso a mantendo cativa.
O telefone tocou novamente.
Depois, sua voz dizendo para o chamador deixar uma mensagem.
Então... Tom. “Oi, linda. Que tal um jantar esta noite?”
Capítulo 3
Capítulo 4
Josie cruzou as pernas, lutando contra a vontade de esfregar uma
palma em seus olhos. Ela se sentou na cama, uma infinidade de livros
espalhados diante dela. Depois do jantar, ela tinha deixado Shane para
ir para o banheiro de hóspedes, dizendo que tinha trabalho a fazer antes
de se trocar para seu moletom confortável, o cabelo em um rabo de
cavalo.
Mas os números das contas diante dela não estavam batendo.
Havia problemas em várias das contas que ela tinha tomado ao longo
dos últimos meses. Ou ela tinha cometido um erro, ou o contador que
contratara tinha feito merda. Não que isso fosse uma grande surpresa,
considerando que Billy tivera que sair para um centro de reabilitação de
drogas.
Ela foleou de volta aberto o arquivo de papel manilha principal da
Hall Funeral Home. Os números nadaram diante de seus olhos. Ela
piscou várias vezes, lhes permitindo endireitar.
Espere um minuto.
Lutando com o contas-a-pagar, ela rapidamente digitalizou os
itens. Triunfo a teve quase rindo alto. Claro. Billy tinha contado as
vendas de várias parcelas de uma família como um montante fixo, e não
como renda mensal. A venda estava distribuída por vários meses, e o
dinheiro não seria pago até o décimo quinto dia de cada mês. Mas Billy
tinha contado o dinheiro antes de receber o pagamento.
Obrigada Senhor. O problema foi fácil de resolver. Ela tomou uma
respiração profunda e relaxante. Talvez todas as quatro contas com
problemas tivesse erros semelhantes. As drogas aparentemente tinham
realmente mexido com o cérebro de Billy. Embora por segurança, ela
deveria verificar todos os seus arquivos, mesmo os que pareciam certo,
especialmente desde que a concorrência na firma estava bem louca
ultimamente. Ela olhou para os outros arquivos espalhados na cama.
Talvez ela devesse ir para a cama e esquecer o trabalho. Era
apenas um pouco depois das oito, mas a exaustão fazia sua cabeça se
sentir pesada. Ela olhou para sua cesta de tricô no canto. Tricô. Preciso,
lógico, e ainda de alguma forma criativo. A Sra. Lilly, uma de suas mães
adotivas favoritas, lhe ensinara quando ela tinha onze anos. Antes da
Sra. Lilly ficar muito doente para cuidar de crianças perdidas. Mais
recentemente, seu antigo hobby tinha permitido a Josie fazer amigos em
uma cidade estranha e mostrar um lado de si mesma que ela muitas
vezes tinha escondido.
Com um sorriso, ela notou um chapéu listrado empoleirado sobre
a cômoda que tinha recentemente tricotado para sua secretária. Sassy,
brilhante e ousada, a mulher ia amar o padrão. Era tão diferente de suas
primeiras tentativas desastrosas por conta própria. Agora ela podia
imaginar o resultado final em sua mente, enquanto comprava os fios na
loja de especialidades do outro lado da cidade. O proprietário já a
conhecia lá... E durante as compras, Josie se tornara parte de algo. Uma
comunidade de pessoas criativas.
Os tempos eram difíceis. Pessoas tricotavam para ganhar dinheiro,
para manter suas famílias aquecidas. Enquanto as mulheres com seus
filhos adoráveis pesquisavam pelos corredores acolhedores, Josie quase
podia fingir que ela tinha uma família, também. Que ela tinha uma
habilidade para passar e compartilhar com mais alguém.
Alguém com os olhos de Shane e nariz dela.
Mesmo que ela ficasse sozinha a vida inteira, ela poderia criar.
Algo dela permaneceria... Tanto tempo quanto o fio se segurasse.
Shane tinha amado seu tricô. Algo antiquado e feminino sobre o
método. Uma parte dela queria voltar para a sala. Estar perto dele. Mas
eles realmente não tinham nada para falar senão a necessidade de ele
assinar os papéis do divórcio. E se ele não quisesse assinar?
E se ele quisesse?
O telefone tocou, sacudindo-a de pensamentos sobre Shane. Ela
pegou o telefone. “Alô?”
“Sra. Dean, é o Detective Malloy.” Farfalhar de papéis e telefones
tocando soaram através da linha, circundando a voz do detetive no
ruído.
“Olá, detetive.” Uma sombra cruzou sua porta. Ela encarou Shane.
Ele mais do que enchia sua entrada, seu grande volume contrastando
com os tons femininos de seu quarto. O cabelo molhado enrolado na
nuca.
O detetive limpou a garganta. “Nós tivemos algumas evoluções no
caso de seu marido, Sra. Dean.”
Mal-estar endireitou sua postura. “Evoluções?”
“Sim. Eu sei que já são quase oito horas da noite, mas eu gostaria
que você e seu marido me encontrassem na estação em trinta minutos.”
O detetive desligou.
Josie puxou o aparelho do ouvido, virando-o para olhar estarrecida
para ele. Evoluções? Malloy precisava de um livro sobre a etiqueta
apropriada no telefone. Ela desligou o telefone e se virou para a porta.
“Anjo?” Shane se inclinara contra a porta em um jeans desbotado
e camiseta rasgada, a postura casual desmentida pelo olhar agudo em
seu rosto muito pálido. Sua cabeça provavelmente o estava matando.
Seu aroma de cedro aquecido flutuou para ela, inundando de
masculinidade em sua zona de conforto.
“O detetive Malloy gostaria de falar com a gente.” Suas mãos
agarraram o edredom grosso com padrões de tulipas caseiro. Ela tinha
comprado a capa de um catálogo, esperando impacientemente até que
chegasse antes de escolher as lâmpadas extravagantes da mesa
combinando. Ela normalmente contava cada tostão, mas tinha se
esbaldado na criação de sua casa.
A cama king-size tinha sido outra indulgência.
Memórias de noites quentes e manhãs divertidas passadas
agarrada com Shane em outra cama encheram sua mente. Ele era um
cara grande e precisava de uma cama king-size. Ela lutou contra um
rubor.
Shane arqueou uma sobrancelha, recostado na parede que ela
tinha pintado de um bege suave. Uma sobra se alinhava em sua
mandíbula afiada, lhe dando a aparência de um rebelde. “Por que o
detetive quer falar com a gente?”
Ela deu de ombros. “Eu não sei.” Sangue manchava a camisa
rasgada de Shane, um testemunho da violência que o espreitava. “Dê-
me um segundo, enquanto eu me troco, e podemos ir ver do que se
trata.”
Os olhos dele aqueceram. “Precisa de ajuda?”
Seu abdômen apertou. “Não.”
Seu dar de ombros o fez estremecer. “Como quiser.”
“Você está bem?” A preocupação indesejada a fez lembrar de
emoções que ela pensava ter destruído.
“Tudo bem. Apenas uma dor de cabeça.” Ele girou em seus pés
descalços e desapareceu de vista.
Sim, lá estava o Shane que ela se lembrava. Bloqueando-a fora,
sob o pretexto de proteger sua natureza delicada. Babaca.
Era hora de seguir em frente e tapar o buraco que ele tinha
criado. As emoções que Shane evocava eram cruas, perigosas, e muito
profundas. Ela nunca o havia expulsado completamente de dentro de
seu coração.
Ele era um soldado e tinha apostado sua reivindicação.
Quanto mais cedo ele partisse, mais cedo ela poderia voltar a
fingir que estava seguindo em frente. Talvez um dia ela realmente o
fizesse. Seus pés tocaram o chão frio de madeira. Ela estivera
procurando um tapete para o quarto por mais de um ano — um dia ela
encontraria o perfeito.
Ela vestiu um jeans confortável e um suéter azul que trazia
variados matizes em seus olhos. Não que estivesse se vestindo para
impressionar Shane. Ela apenas gostava daquele suéter.
Indecisão a teve mordendo o lábio até que, com um dar de
ombros, ela pegou uma camiseta desbotada de homem da gaveta
inferior. Nas noites frias, ou noites solitárias, muitas vezes ela dormia
com uma das camisas velhas de Shane. Ele não podia ir para a delegacia
de polícia com uma rasgada.
Ela o encontrou na mesa da cozinha, comendo o resto da lasanha
fria. “Você está com fome de novo?”
Ele terminou de mastigar. “Eu gosto de sua comida.”
A camiseta pousou sobre a mesa com uma jogada rápida. “Eu
tenho uma de suas camisas velhas. Está limpa.”
Ele limpou a boca com um guardanapo, seu olhar para a camisa.
“Eu deveria interpretar algo disso?” Profunda e escura, a voz dele tinha
baixado para um rumor que acelerou seu coração.
“Não.” Apenas que ela não tinha conseguido esquecê-lo ainda.
Não importava o quão duro ela tinha tentado mentir para si mesma.
“Algumas das suas roupas devem ter sido confundidas com as minhas
quando eu me mudei.” Nada a faria admitir que também tinha mantido
uma camisa dele que ela se recusara a lavar, escondida na parte traseira
de seu armário. Mesmo depois de dois anos, seu perfume masculino
único ainda se agarrava ao algodão gasto.
“Tudo bem.” Ele arrancou a camisa ensanguentada e vestiu a
limpa. “Obrigada.”
“De nada.” Um olhar naquele peito impressionante e ela queria
lambê-lo da-cabeça-aos-pés. Meu, ela precisava se controlar. Ela pegou
um casaco do pequeno armário perto da porta. As paredes emocionais
entre eles a estavam sufocando, e ela precisava sair dali. “Devemos ir.”
Shane assentiu, levantando-se da cadeira da cozinha, e abriu a
porta devagar e deliberadamente. “Ok.”
Preocupação parou seu movimento. “Você está bem?”
“Sim. Apenas uma dor de cabeça. Eu vou dirigir.”
Josie pensou em discutir. Mas por que se preocupar? Ele ia acabar
dirigindo, e, francamente, dirigir à noite não era sua atividade favorita.
Ela gostava disso sobre Shane durante seu breve casamento. Dirigir era
um prazer para ele, e ela podia apenas ficar lá sentada e relaxar durante
o passeio. “Tanto faz.”
Ela esperou até que ele saiu da garagem antes de lhe dar as
direções. Eles viajaram em silêncio até que ele alcançou a cidade. Josie
cutucou distraidamente em uma fiapo em seus jeans. “Quaisquer
memórias voltando?” Apenas uma vontade obstinada manteve seu olhar
longe das mãos habilidosas no volante. Ela adorava aquelas mãos.
“Não.” Shane olhou novamente pelo espelho retrovisor.
Josie se virou para olhar os carros atrás deles. “O que você está
procurando?”
“A van que nos seguiu hoje cedo.”
Talvez sua contusão tivesse sido pior do que eles pensavam. “Eu
acho que foi apenas sua imaginação. Você tem um ferimento na
cabeça.”
“Talvez.” Ele verificou atrás novamente. Frustração e dúvida
deslizando em seu rosto, para ser mascarado por um sorriso agradável.
Um que não a enganou nem um pouco. “Independente disso, eu não
sinto nenhum perigo agora.”
Sim. Ele ainda mantinha segredos guardados hoje, não é? Josie
virou seu foco para a noite fora do carro.
Shane saiu da autoestrada, dirigiu por aproximadamente um
quilômetro, e estacionou o SUV na frente do prédio de tijolos de três
andares. Luzes brilhantes rodeavam a estação, banindo a noite.
Saltando, ele cruzou para abrir sua porta antes que ela pegasse a
maçaneta. Mãos fortes a ajudaram a sair do veículo, onde a brisa do
outono cortou em sua pele.
“Ah, Josie? Que tal deixar que eu falo com o detetive?” A porta se
fechou com um clique suave e Shane apontou para frente.
“Por quê?” Ela era perfeitamente capaz de responder às perguntas
da polícia. Não só ela nunca tinha feito nada de errado, como também
tinha crescido em um orfanato. Lidar com as autoridades e suas agendas
não era novidade para ela.
Shane abriu a porta. “Eu tenho a sensação de que Malloy está
atrás de algo. Eu não gosto que ele não lhe disse quaisquer detalhes
sobre suas novas evoluções.”
Ela estava cercada por pessoas manipuladoras mantendo agendas
escondidas, e isso incluía Shane. Mesmo se a amnésia fosse real, ele não
estava exatamente próximo da verdade.
A sala de espera da estação de polícia tinha dois sofás de couro,
uma miríade de plantas vivas, e várias cadeiras laranja largas. Acolhedor
e confortável. Uma fatia de cidade pequena em uma cidade que tinha
crescido inesperadamente. Uma mulher de quarenta e poucos anos com
cabelo vermelho desordenado estava sentada atrás de um balcão largo
com paredes com vidro grosso, cantarolando satisfeita no meio do turno
da noite. Atrás dela se espalhava uma parede de fotos retratando
policiais em várias cerimônias de premiação. Ela sorriu e falou através do
alto-falante, sua voz metálica emergente. “Posso ajudar?”
Shane avançou para responder exatamente quando uma
campainha soou e uma porta se abriu ao lado do balcão. Malloy a
manteve aberta com uma mão robusta. “Entrem.”
Josie girou e o seguiu por um corredor largo e tranquilo. A grande
mão de Shane assentada na parte baixa de suas costas, pressionando-a
junto. Possessivo e protetor — completamente no comando. Ela tinha
esquecido desse sentimento de ser dele.
Várias portas fechadas se alinhavam pelo corredor, enquanto os
três se aproximavam de uma grande porta dupla que bloqueava o centro
da delegacia do público. Malloy abriu uma porta de metal riscado,
apontando para entrarem em uma sala de conferências com uma grande
mesa de carvalho e cadeiras de couro. Josie deslizou na cadeira que
Shane puxou para ela, olhando para uma bela aquarela de uma cena de
montanha de neve decorando a parede lateral. “Onde está o espelho de
duas faces?” Ela perguntou.
Malloy bufou, andando em volta da mesa para se sentar e soltar
pastas de papel manilha sobre a madeira polida. “As salas de
interrogatório são mais próximas das celas. Esta é apenas uma sala de
reuniões.”
Shane se sentou ao lado de Josie. “Certo. Exatamente por que
estamos nos reunindo aqui, detetive?”
Josie se recostou na cadeira e longe do conforto que ela teria
encontrado se tivesse se inclinado contra Shane.
Malloy coçou o queixo, estudando-os com olhos astutos e aspecto-
cansado. Ele tinha descartado o paletó amarrotado e gravata velha,
enrolando as mangas da camisa para revelar um pelo escuro ao longo
dos braços. Ele se concentrou em Shane. “Alguma de suas memórias
voltou?”
“Ainda não, mas elas vão.” Shane ignorou o movimento de Josie
de se afastar e estendeu a mão para colocar um amplo braço sobre seus
ombros. “Você já falou com Pendleton?”
“Ainda não, mas eu vou,” o detetive repetiu o tom de Shane.
Então olhou para Josie. “Quando vocês eram casados, seu marido
alguma vez falou sobre seu conjunto de habilidades no exército?”
O braço em volta de seus ombros endureceu, mas o corpo de
Shane se manteve relaxado e sua expressão indiferente. Josie pensou.
“Não. Shane não falava sobre seu passado, sobre seu futuro, ou sobre
seu trabalho, detetive. Eu acredito que nós já abordamos isso.” Admitir
que seu casamento tinha sido uma farsa assentou como uma pedra em
seu estômago. Ela cruzou as pernas. “Por que pergunta?”
Malloy olhou para Shane e abriu um arquivo, tirando três
fotografias e as colocando sobre a mesa. “Eu pergunto porque
encontramos três corpos mortos abaixo no rio um par de horas atrás.”
Josie sugou o ar, seu olhar colado nas fotos de homens mortos
deitados em placas de metal, seus corpos coberto por lençóis finos.
Exatamente como na televisão. Choque detonou um rugido em seus
ouvidos. “Quem são eles?” ela sussurrou.
Malloy deu de ombros. “Não sabemos ainda. Mas um exame
preliminar mostra que os dois primeiros morreram com pescoços
quebrados.” Seu dedo bateu na terceira imagem de um homem com
contusões e cortes marcando seu rosto. “Este cara provavelmente
morreu de uma batida intensa que esmagou seu crânio — saberemos
mais depois das autópsias amanhã.” O detetive olhou para as juntas
machucadas da mão de Shane apoiada sobre a mesa.
“Quaisquer forense?” A voz de Shane permaneceu amena e
despreocupada.
“Ainda não. Mas tenho certeza que vamos encontrar alguma
coisa.” Malloy levantou uma sobrancelha. “Algum de vocês reconhece
esses homens?”
Josie estudou as imagens, um caroço se formando em sua
garganta. Teria Shane matado três homens com as próprias mãos? Ele
seria capaz de tal ato? Sua pele picou com consciência e um novo
sentido de autopreservação. Ela não conhecia o homem com quem se
casara. “Eu não os reconheço.”
A mão de Shane assentou em sua nuca.
Ela saltou.
Os olhos de Malloy se estreitaram.
Shane esfregou seu pescoço em círculos suaves que não
conseguiram acalmá-la. “Eu não os conheço.”
“Nós encontramos um taco de beisebol perto de um deles.” Malloy
tirou uma foto de um rebatedor de metal. “Estava no rio, mas vamos
encontrar impressões no punho.”
Shane deu de ombros. “Nós dois sabemos que você já tirou as
impressões do taco, e se tivesse encontrado alguma, você já teria dito.”
Josie endureceu. Como ele sabia disso?
Malloy perguntou para ela. “Tem certeza de que não reconhece
nenhum desses homens, Sra. Dean?”
“Sim.” Ela manteve a voz baixa para evitar que tremesse. “Por que
você pergunta?”
Malloy pegou um segundo arquivo de um saco de provas contendo
um pedaço de papel amassado. “Porque nós encontramos sua foto no
bolso de um dos homens mortos.”
Capítulo 5
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Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
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Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
11
Normalmente em uso policial, referindo-se a um suspeito criminoso ou pessoa desaparecida, estar em vigia.
“Josie?” Oh, isso estava ficando pior a cada minuto. “Eu vou matá-
lo.”
O sotaque sulista de Nathan se aprofundou. “Eu te avisei que ele
não tinha finalizado com ela. De jeito nenhum. De maneira nenhuma.”
Matt empurrou a raiva para baixo atrás da preocupação. Ele
precisava pensar. “Você vai voar para Snowville. Me mande um texto
com sua informação de voo, e eu te encontro no aeroporto — eu vou
dirigindo, assim teremos transporte.” Matt pegou uma camisa e a puxou
sobre os ombros. Seus irmãos. Uma bomba-relógio pairava sobre suas
cabeças, e o tempo estava em contagem regressiva. “Ah, traga uma
identidade como um advogado, caso precisemos de um.”
“Matt.” A voz geralmente bem-humorada de Nathan ficou séria.
“Você pode sair? Nós temos você no lugar há menos de um ano.”
“Eu tenho tempo. Vou fazer isso uma situação de emergência.” O
que essa porra era. “Você tem suas ordens.”
Ele desligou o telefone. Raiva e determinação rodando em seu
intestino até que sua respiração ficou presa. Ele chegaria a Shane antes
que o comandante o fizesse?
Ele não podia perder outro irmão.
*****
Um lobo uivou ao longe. Chuva e vento batiam contra o vidro de
folha-única da janela. Josie se aconchegou ainda mais sob as mantas
puídas do quarto de motel barato. Calor a envolvia a partir do corpo de
Shane. Pelo amor de tudo que era santo, o que ela estava pensando?
Dormindo com ele novamente.
Dormindo? Mais para fodendo. Bolas batendo duro em sua bunda,
fodendo. O homem fazia isso bem. Sua mente ainda podia estar de
molho, mas seu corpo se lembrava bem dela. Exatamente do que fazer
com ela.
Ainda bem que ela estava tomando pílulas para lidar com as
cólicas menstruais.
Eles sempre tinham usado proteção. Nenhum deles queria um
bebê durante o breve casamento. É claro, um dia ela acreditava que eles
teriam filhos. Mas ele a tinha deixado. Sem filhos.
A ideia de ter um bebê a enviou em uma espiral. Ela sempre tinha
planejado criar uma grande família... Um monte para amar. Mas, lá no
fundo, vivia o medo. E se ela morresse? Deixar seus bebês sozinhos na
vida assustava a merda fora dela. E se eles acabassem em um orfanato,
também?
Ela não estava pronta para tomar essa decisão.
Os números vermelhos do relógio de cabeceira iluminavam os
arquivos assentados na mesa barata. Talvez ela devesse levantar e
trabalhar.
“Você está pensando demais,” Shane retumbou em seu ouvido,
correndo a mão por seu braço. Arrepios subiram em reação.
“Eu sou uma pensadora, Shane.” Mais uma coisa que ele não se
lembrava dela.
Ele assentiu. “Sem brincadeiras. Eu tenho que perguntar... Eu não
deveria, porque estávamos separados, mas eu preciso saber. “
“Sabe o quê?”
“Você dormiu com o Marsh?”
A pergunta deveria tê-la surpreendido. Mas ela se lembrava bem
da possessividade de Shane. Ele precisava saber a verdade.
É claro que ela não tinha dormido com ninguém enquanto ainda
casada com ele. “Não, eu não dormi com Tom.” Shane tinha sido o único
para ela.
O corpo dele relaxou atrás dela. “Isso me agrada.”
Ela suspirou. Agradá-lo não estava no alto de sua lista. “Que
fantástico.”
Ele riu. “Então. Diga-me o que eu não me lembro sobre você.”
O quê? Oh, meu. Ela odiava conversa de travesseiro. Ela era uma
merda em intimidade verbal. Estar nua com Shane já a tornava
vulnerável o suficiente, e agora ele queria que ela se expusesse ainda
mais relatando sua vida estranha? Ninguém nunca tinha lhe ensinado
como compartilhar, como confiar. Não realmente.
Ela suspirou. “Você já sabe que eu cresci em casas de adoção —
mudando aos montes.” Chuva caía fora da janela. “Minha infância foi
bem. A maioria das pessoas eram gente boa, mas ninguém era meu.”
Ele suspirou, agitando seu cabelo. “Até eu.”
“Até você. Aí você me deixou.” Dor prendeu a respiração em seu
peito. Como podia seu desaparecimento, possivelmente, ainda doer?
Lábios macios pressionaram um beijo no topo de sua cabeça.
“Sinto muito.”
Emoção demais para ela. Ela não podia lidar com mais. “Mais cedo
no meu escritório. Nós não usamos preservativo.”
Ele parou. “Huh.” Um braço deslizou ao redor de sua cintura para
puxá-la longe do calor. Uma ereção assentou contra sua bunda. “Eu não
acho que há a possibilidade de, hum, ah...”
“Sem brincadeiras.” Calor se reuniu em seu núcleo. Ela lutou para
controlar a respiração, para manter seu diafragma relaxado. “Embora eu
esteja tomando pílula — para cólicas menstruais.”
“Oh. Eu acho que está tudo bem. Mas sobre crianças, nós somos
casados.”
“Estamos prestes a nos divorciar.” Ele nem se lembrava de si
mesmo.
“Não.” Ele lambeu sua orelha para morder na concha.
Ela estremeceu em resposta. “Sim.”
“Não.” Ele espalhou a palma por toda ao sua barriga à mostra. “Eu
posso ter estragado tudo, e nós vamos descobrir o porquê, mas eu não
vou te machucar novamente. Você é minha, anjo. A única coisa na vida
que me importa.” Um tremor de desespero filtrou através de sua voz.
Os dedos roçaram a parte inferior de seu seio. Ela soltou um
gemido baixo. “Eu sou a única coisa que você se lembra agora. O resto
vai voltar.” Então ela não importaria mais. Alguma outra coisa o levaria
embora novamente, e ele a deixaria despedaçada. Reconstruir quase a
havia matado da última vez. Ela não podia fazer isso de novo.
“Eu te amo, anjo. É a única coisa que me lembro, sem nenhuma
dúvida.” O sotaque sulista se enrolou em torno de seu coração. “Eu não
vou te deixar ir.”
“Por favor, Shane.” Ela não podia aceitar essa promessa. Não
mais. “Isto é apenas sexo.”
Ele riu em seu ouvido. Então a virou de costas, o corpo prendendo
o dela. Tensão desfiava em seus músculos. “Isso soa como uma oferta.”
Seu coração ficou preso em seu peito. Um zumbido chiou em seu
sangue. Aviso lavou através dela, junto com desejo. “Isso não foi uma
oferta.”
Ele acomodou a ereção no ápice de suas pernas. “Meu erro.” O
cabelo áspero de suas coxas fazendo cócegas na pele dela. Ele abaixou
a cabeça para plantar beijos quentes ao longo do cordão de seu
pescoço, uma mão deslizando para afagar sua bunda e apertar, a
pressão implacável. “Tem certeza de que não estava oferecendo?”
Orgulho obstinado lutou com necessidade básica. A necessidade
desesperada que apenas aquele homem em cima dela poderia cumprir.
“Não.”
“Não para sexo? Ou não, você não tem certeza sobre a oferta?” O
sotaque aprofundou. Ele puxou um mamilo, a mordida de dor enviando
necessidade crua para seu clitóris. A mão em sua bunda a ergueu,
esfregando-a contra ele.
Sua respiração ficou presa na garganta. Ela levantou o olhar e o
encontrou focado em seus olhos. Não o corpo, mas seus olhos.
Observando-a. Medindo suas reações. Aprendendo seus segredos,
mergulhando mais fundo dentro dela, não lhe permitindo esconder nada.
Na compreensão, algo se desenrolou dentro dela. Algo escuro,
algo ousado.
Os dedos continuaram a se mover, puxando seus mamilos pra lá e
pra cá — até que ela queria implorar. Tantas sensações de uma só vez a
mantendo na borda. O corpo duro sobre o dela, a ereção pulsante, os
dedos exigentes — e aquele olhar sabedor. Como se ela estivesse
completamente nua para ele.
Seu núcleo doía com uma necessidade muito grande de lutar. Ela
emaranhou ambas as mãos em seu cabelo escuro. Puxou sua boca para
a dela, e lambeu seu lábio inferior com a língua. Os olhos dele brilharam
prata através da escuridão, tão famintos que ela se sentiu devorada. Ele
beliscou seu outro mamilo, e a mão serpenteou o emaranhado em seu
cabelo e puxou para trás. “Diga as palavras, Josie.”
Ele a tinha enredado, deixando-a imóvel. Se ela pudesse se mover,
ela o atiraria de costas e o tomaria. Duro e rápido. Ela receava lhe dar
quaisquer que fossem as palavras que ele exigia. “Isto é apenas sexo.”
“Não é isso o que eu quero ouvir.” A mão amassou seu traseiro, os
dedos deixando marcas. Marcas dele. “Você mencionou uma oferta.
Faça.”
“Eu odeio isso sobre você,” ela sussurrou, mesmo enquanto seu
corpo deslizava contra o dele. Tanto sentimento. Tanta dor.
O sorriso dele não tinha bondade. “Não é verdade. Você ama isso.
Você precisa disso.” A mão em seu cabelo agarrou mais apertado, uma
dor erótica se espalhando ao longo de seu couro cabeludo.” Eu não vou
deixar você se esconder. Eu não vou te deixar ir.”
Seus olhos tinham muito conhecimento. Será que ele se lembrava,
ou era ela que era tão fácil de ler? Seu coração doía, mesmo enquanto
seu corpo se movia contra o dele. “Shane —”
“Este é o seu lugar, pequena. Tome-o.” A boca vagou sobre a
dela, beijando nos cantos, e depois no centro de seus lábios, inclinando-
a para mergulhar fundo. Bem fundo. A língua deslizou contra o céu de
sua boca, enquanto ele a mantinha imóvel. Segurando-a onde a queria.
Ele levantou a cabeça. “Faça a oferta.”
Maldito seja. Ela mordeu o lábio, sabendo que estava lutando
contra o inevitável. “Tudo bem.”
“Não é bom o suficiente.” A boca se fechou na carne macia onde
seu pescoço encontrava o ombro. Ela gemeu do fundo da garganta,
esperando até que ele levantou a cabeça e o olhar cinza se fixar nela.
“Tudo bem. Eu ofereço sexo.” Por favor. Que seja suficiente.
Deus. Deixe-a com algo.
“Insuficiente.”
Ela empurrou contra ele. Chegando a lugar nenhum. “O que
diabos você quer?”
Uma sobrancelha subiu. Perfeito controle. Ela queria fazê-lo perder
isso. “Tudo, Josie. Você já sabia a resposta.”
Ela sabia. Ela sabia exatamente o que ele exigiria no segundo em
que o deixou tomá-la no escritório. Ela poderia arriscar seu coração de
novo? Cavalgar a onda até que terminasse. Seu corpo ansiava. Seu
coração precisava. E se? E se o relacionamento deles funcionasse dessa
vez?
“Confie em mim. Por favor.” Seus olhos escureceram para um tom
nem sequer perto de cinza.
Algumas coisas eram inevitáveis. Ela enfrentava sua maior
esperança e sua possível queda. Ela se conhecia. Por Shane, e só Shane,
ela arriscaria. Um risco terrível de assumir, e o único com uma
recompensa que valeria a pena. Ela nunca tinha tido nenhuma chance
com ele. “Ok. Tome tudo.” Ele o faria de qualquer maneira. Ele sempre
tinha mantido seu coração. Por que fingir o contrário?
Triunfo ergueu seu queixo. Ele encontrou seus lábios em um beijo
tão cheio de emoção que lágrimas brotaram de seus olhos. Lentamente,
muito lentamente, ele a penetrou, seu corpo fundindo-se com o dela.
Tomando-a. Protegendo-a.
Ela prendeu as coxas em seus quadris, as mãos cavando em seus
braços. Ele começou a mergulhar mais rápido, empurrando com perfeito
controle. Sem chance, amigo. Ela agarrou sua bunda, puxando-o em
direção a ela, enquanto se erguia para morder seu peito. Deixando sua
marca.
Ele parou, no meio do impulso.
Seus dentes o soltaram, e desceu a cabeça para o travesseiro.
Uma veia pulsava em seu pescoço. Carmesim se espalhou pelas
maçãs salientes de seu rosto. Aqueles olhos perigosos escureceram para
a meia-noite enquanto a perfuravam. Seus bíceps ondulava como os
músculos de um garanhão querendo correr, e seu pau inchou dentro
dela.
Ela prendeu o fôlego. Ela nunca o tinha visto assim tão no limite.
Então, sabendo muito bem o que estava fazendo, ela permitiu que um
sorriso desafiador curvasse seus lábios.
Seu controle estalou.
Dedos duros cavaram em seu quadril enquanto ele empurrava
duro e até o cabo. Fogo queimou dentro dela, faiscando em cada nervo.
Ela gritou, arqueando contra ele, os olhos largos nos dele.
As narinas dele chamejavam. Sua respiração ofegante. Ele deslizou
fora e bateu de volta, os olhos cintilando, a mão agarrada em seu
cabelo. Mantendo-a no lugar. A cabeceira esmagando contra a parede.
Ele bombeou duro e rápido, enviando ambos mais alto e mais
quente do que ele jamais tinha se permitido ir com ela, levando-o além
de sua rédea afiada. Uma bola inacreditável de calor se desenrolou
ferozmente dentro dela. Isto era mais do que sexo — mais do que
homem e mulher. Ele era todo macho, tomando uma fêmea. Seu
coração martelou com o conhecimento, e ela apertou os tornozelos em
suas costas.
Perto, ela estava tão perto. Ela fechou os olhos. Eletricidade
disparando através dela. Com um grito agudo, ela caiu, rasgando as
ondas.
Ele bateu mais forte, mais rápido, finalmente moendo contra ela e
murmurando seu nome em um profundo sotaque sulista enquanto
gozava.
Ela relaxou de volta para a cama, sua mente girando. Ele tinha
perdido o controle. A escuridão escondeu seus lábios trêmulos. Talvez as
coisas pudesse ser diferente dessa vez. Porém, quando seus batimentos
cardíacos desaceleraram e a realidade voltou, ela se perguntou. Isso era
mesmo uma coisa boa?
Capítulo 14
*****
Perto das sete da noite, a cabeça de Josie latejava, seus pés
doíam, e ela tinha ruído as unhas até o sabugo. Ela precisava de uma
manicure, muito. Ela tinha se encontrado com cinco clientes e passado o
resto do tempo no telefone tranquilizando os outros de que suas
informações financeiras estavam seguras. Esperançosamente.
Ela apertou a mão no aparelho do telefone. “Eu entendo, Sr.
Larson.” Primeiro Billy tinha feito merda com suas deduções e agora
isso. “Você precisa entender, eu tinha seu arquivo comigo ontem à
noite. As pessoas que destruíram nossos escritórios não estão com
nenhuma de suas informações.”
“Eu tenho sua garantia sobre isso?” O tom do homem acelerou em
agitação.
“É claro.” Ela suspirou. “Nós provavelmente deveríamos nos reunir
na próxima semana e repassar os documentos.” Havia uma boa chance
da Larson poder processar a empresa de CPA, uma vez que ela tinha
levado os erros de Billy à sua atenção. Eles provavelmente ganhariam.
“Eu te ligo para que possamos definir alguma coisa.” Ela desligou depois
de despedidas tensas.
Ela pegou os arquivos Manilha do The Pound para rever as
deduções, um bar local que ela esperava que pudessem mantê-la como
sua contadora. O proprietário tinha ficado muito preocupado com o
arrombamento, e ela tinha passado quinze minutos tranquilizando-o
através do telefone. Ela também tinha prometido verificar as deduções
pelas notas que havia rabiscado para a criação de um novo plano de
benefícios para seus empregados.
Seu celular tocou e ela leu a tela. Shane esperava lá fora. Hora de
ir. Ele tinha lhe assegurado que eles só teriam que ficar no motel por
mais algumas noites, e então ela podia voltar para casa. Aparentemente,
ele achava que seria capaz de descobrir quem estava atrás dele até lá.
Ele iria querer ficar em sua casa, então? Ela queria que ele
ficasse? A questão realmente se resumia em se ou não ela confiava nele,
e se ou não ele queria tentar fazer isso dar certo. Como eles poderiam
fazer isso, até que suas memórias voltassem? Sua cabeça começou a
doer.
Agarrando seus arquivos e bolsa, ela se apressou em direção ao
elevador, acenando para Johnston em seu escritório quando passou.
Meu, ele estava com raiva. Ninguém mexia com seus clientes.
O elevador rodou suavemente até o piso inferior. Ela saiu para o
frio do anoitecer, e apertou o casaco, tomando uma respiração
profunda. O cheiro de folhas em decomposição contrastava com a cor
alaranjada vibrante das folhas ainda nos ramos das árvores.
Porém, o ar cheirava a mortos.
Ela não pôde evitar o longo tremor que sacudiu seus ombros. O
mundo de repente ficou muito quieto. Fortalecendo os ombros, ela
forçou-se a se mover em direção a sua vaga de estacionamento, o
cabelo na parte de trás de seu pescoço em pé. Shane estava lá em
algum lugar, olhando para ela. Seu corpo respondendo simplesmente
porque ele estava perto. Quem diria que desejo e alerta poderiam se
misturar?
Uma figura se afastou do prédio e agarrou seu braço. Ela gritou,
puxando de volta. “Tom. O que você está fazendo?”
Ele franziu a testa. “Desculpe, Josie. Realmente.” O vento tinha
desgrenhado seu cabelo ainda mais do que o habitual. Ele apertou a
mão e começou a arrastá-la de volta para a porta principal do edifício de
escritórios.
Daniel tinha acabado de abrir a porta e ele congelou, as
sobrancelhas arqueadas.
Ela lutou. “O que está acontecendo? Solte-me.”
“Eu vou em um minuto,” Tom sussurrou, puxando mais forte. “Eu
juro, você é tão má quanto minhas irmãs. Vocês garotas nunca
pensam?”
Outra figura saiu das sombras. “Solte-a, Marsh.”
Shane. Obrigada Senhor. Tom a puxou para trás de suas costas.
Ela tropeçou em seus saltos, agarrando sua camisa de flanela para
não cair no concreto.
“Parado!” Uma voz masculina gritou quando um homem vestindo
um colete preto marcado SWAT saltou dentro da área. Veículos
guincharam, e sirenes chiaram enquanto veículos de emergência
derrapavam no estacionamento.
Malloy saiu de um carro preto sem marcação, a arma apontada
para Shane. “Major Dean. Você está preso.”
Shane olhou para o detetive e a miríade de armas apontadas para
ele. “Um monte de poder de fogo que você trouxe, Malloy.”
“Sim, bem. Eu vi o que acontece com os homens que atravessam
seu caminho.” Malloy gesticulou. “Vire-se e coloque as mãos sobre o
edifício.”
Josie acotovelou Tom fora do caminho. “Detetive! Eu disse que
Shane não me sequestrou. Você não pode prendê-lo.”
Tom se virou para ela. “Eu prestei queixa. Ele invadiu minha casa
e me nocauteou antes de levá-la. Isso é crime.”
Shane rosnou. “Você tinha uma arma apontada para mim, idiota.”
Tom deu de ombros. “Era minha casa e você estava invadindo. Eu
tinha o direito de defender Josie.”
Pânico elevou a respiração de Josie para ofegos curtos. “Tom. Não
faça isso. Por favor.” Sua mente girava. O que ela poderia fazer?
“Sinto muito.” Seus olhos escureceram na luz suave, seu queixo
endureceu e sua voz baixou para o tom que ele costumava usar quando
lidava com suas irmãs mais novas. “Você não sabe o que está fazendo.
Você não está pensando claramente.”
Filho da puta. Malloy agarrou Shane, o virou e o algemou em
segundos. Porque Shane permitiu. Graças a Deus seu marido não estava
lutando de volta. Neste momento, de qualquer maneira.
Malloy inclinou a cabeça, resignação em seus olhos. “Sra. Dean,
provavelmente você vai poder tirá-lo em algumas horas.” Ele levou seu
marido para uma viatura.
“Josie.” Shane a olhou, as mãos atrás das costas, os olhos um
matiz de cinza seriamente puto. “Fique de olho em sua retaguarda e vá
para casa. Não saia de lá até que te ligue.” Malloy empurrou sua cabeça
para baixo antes de enfiá-lo no carro.
Segundos depois, eles foram embora. A equipe da SWAT logo
atrás. O estacionamento ficou vazio.
Tom segurou seu braço, puxando-a para encará-lo. “Venha para
casa comigo. Eu posso te proteger.”
Fúria lavou através de seu sistema. Ela atirou o joelho em sua
virilha.
Tom se curvou com um oomph abafado, caindo sobre um joelho.
“Maldição.”
Ela se virou e olhou para Daniel, que tinha permanecido imóvel na
porta.
Ele sacudiu a cabeça. “Você vai arruinar sua carreira.”
Sem outro olhar, ela girou e correu para a Toyota, ligou a ignição
e rasgou fora do lote. Shane tinha dito para ela ficar de olho em sua
retaguarda e ir para casa. Provavelmente, o motel de merda. Ela sabia
que ele tinha dinheiro escondido em uma grande mochila. Ela precisava
do dinheiro para soltá-lo.
Os arquivos deslizaram fora de sua pasta. Ela certamente perderia
o bar como cliente se não fosse fazer as deduções como prometido. Ok.
Novo plano. Ela faria as deduções dos arquivos e voltaria para o motel
para pegar o dinheiro para resgatar Shane. A polícia precisava de tempo
para processá-lo, né?
Ela mordeu o lábio. Qual era o procedimento de fiança? Ela tinha
que para a delegacia? Meu, ela nem fazia ideia.
Capítulo 15
Capítulo 16
Ela puxou a arma, firmando os pés no tapete feio. Ela deveria
apontar para um deles ou entre eles? Entre eles.
Os dois homens no sofá não vacilaram. Ou se moveram. O de
cabelos castanhos que tinha ficado de pé contra a parede mais longe no
bar arqueou uma sobrancelha. “Você imaginou que ela tivesse uma
arma?” Ele inclinou a cabeça para o lado, torcendo os lábios como se
num pensamento profundo.
“Não.” O homem de cabelo preto esticou as pernas longas. “Ela
jogou a bolsa sobre a cama.”
Familiar. Havia algo tão familiar sobre estes dois. Ela piscou os
olhos. “Quem diabos são vocês?”
O primeiro homem coçou a cabeça, olhando para o outro. “Bem?”
Com um aceno curto, o segundo homem falou. “Eu sou Matt e
este é Nathan.” Ele inclinou a cabeça. “Irmãos de Shane.”
Irmãos de Shane. Choque lavou através dela, e ela estampou
reconhecimento familiar no rosto. “Bem. Isso explica a cor dos olhos.”
Cinza. Cinza puro, assim como Shane. “Como vocês me acharam?”
“Nós te seguimos até o bar de seu trabalho e do bar até aqui,”
Matt disse, seu grande corpo relaxado no sofá.
“Não, vocês não fizeram. Eu verifiquei atrás de mim.”
Ele sorriu. “Eu sei. Você fez um bom trabalho, também. Quase te
perdemos na Pine Street.”
Quase não era bom o suficiente. De jeito nenhum ela poderia
enfrentar estes dois. Eles se esticavam bem mais de um metro e oitenta
e três centímetros, duramente embalados, e vibravam com a mesma
quietude sobrenatural assim como Shane. E eram tão grandes quanto
Shane. Provavelmente tão perigosos quanto. “Então, por que me
seguiram? Por que não foram tirar seu irmão da cadeia?”
“Nós vamos. Shane está seguro agora. Você não,” Nathan disse,
esfregando o queixo.
Ela trocou seu alvo para ele. “Isso é uma ameaça?”
Confusão torceu seu nariz. “Hum, não. Eu nunca ameaçaria
alguém tão suave. Isso soou como uma ameaça?” Ele arqueou uma
sobrancelha para o irmão.
Matt sacudiu a cabeça. “Eu acho que não. Eu achei uma
constatação de um fato.”
Ela endireitou os ombros. “Escuta, Laurel e Hardy13. Parem com
isso. Vocês não estão ao menos um pouquinho preocupados de eu atirar
em vocês?”
Um sorriso curvou os lábios de Matt. “Querida, você tem a
segurança presa.”
13
Dupla de comediantes norte-americanos, que levaram sua distinta comédia pastelão para muitos filmes de 1927.
Maldição. Seu polegar clicou a alavanca solta. “Não agora, não
mais.”
O sorriso se alargou. “Shane estava certo. Ela é uma coisa.”
Prazer veio espontaneamente. Ele tinha falado sobre ela para seus
irmãos? De uma maneira boa? Então irritação disparou totalmente. “Ele
nunca mencionou vocês. Nem uma única palavra.”
Os olhos cinzentos de Nathan suavizaram. “Ele não podia, Josie.
Confie em mim.”
“Eu não confio em nenhum de vocês.” Triste, mas verdade. Nem
mesmo Shane. Quem eram essas pessoas?
“Garota esperta,” Matt disse. “Então, ah, você se importaria de nos
dizer quais são as acusações contra Shane? Eu sei que houve um BOLO
sobre ele pelo seu sequestro, mas a polícia o cancelou hoje mais cedo.”
Ela apertou os dentes. “Estou apontando uma arma para vocês.” O
quão estúpido eram esses caras? “Saiam.” Casa. Ela arrumaria as malas
e voltaria para casa. Se Shane ficasse bem longe, ela ficaria segura. Para
continuar com sua vida. Sua longa, e chata, vida solitária.
“Na verdade, você está apontando a arma para Nathan,” Matt
disse. “Ele já levou um tiro antes. Vá em frente.”
“Você é um idiota,” Nathan murmurou.
Suas conversetas beirava ao cômico, mas uma tensão espessa
flutuava pelo quarto. Perigo eriçava através do ar.
“Vocês, por favor, poderiam sair?” Por que ela estava pedindo? Era
ela quem segurava a arma.
Os olhos de Matt suavizaram. “Não. Shane aparentemente quer
que você fique segura. Isso significa que vamos mantê-la segura.”
“Por quanto tempo? Até que ele me deixe de novo?” Sua voz
falhou.
“Ah, Josie.” Matt se inclinou para frente, o olhar sério. “Ele não
tinha escolha. Jory foi morto, e tivemos que nos mover. Deixá-la era a
única maneira de mantê-la segura e fazer o que ele precisava fazer.”
Fogo chicoteou através dela. “Mentira. Desculpe, Matt. A velha
história 'eu te machuquei para te proteger’ não funciona mais comigo.”
Ela trocou seu alvo para ele. “Como Jory morreu?” A pergunta era
arriscada e ela sabia disso.
Ambos endureceram. Já duros, seus rostos endureceram ainda
mais. Matt segurou seu olhar, enquanto Nathan baixou o dele para o
chão. Dor engrossou o ar.
Matt limpou a garganta. “Precisamos soltar Shane. Você vai nos
ajudar ou não?”
Ok. Então, eles compartilhavam informações tão livremente
quanto Shane fazia. De jeito nenhum. “Se eu ajudar, vocês vão embora?
Todos vocês?”
Matt fez uma careta. “Nate e eu vamos embora. Você está por sua
conta com Shane.”
“Shane vai embora,” Nathan disse.
Matt lhe cortou um olhar, “Nate —”
“Shane vai embora.” O queixo de Nathan estalou fechado. “Eu
tenho um irmão na sepultura, e todos próximos de nós morrem. Shane
vai embora. Ele vai seguir em frente nem que eu tenha que batê-lo sem
sentido para fazer isso.” Ele exalou alto. “Sinto muito, Josie. Mas você
deve cortar suas perdas e seguir em frente. Não há futuro com nenhum
de nós.”
Ela já tinha imaginado isso, mas ouvir as palavras proferidas tão
friamente deslizou gelo por sua espinha. Josie abaixou a arma. Sua mão
doía, mas ela continuou a segurá-la de qualquer maneira. “Quantos
irmãos existem?”
Matt tomou sua medida. “Quatro.”
Surpresa brilhou no rosto de Nathan. Aparentemente Matt não era
geralmente tão acessível. Nathan limpou a garganta. “Quatro contando
Jory.”
Três irmãos ainda vivia. Uma família de verdade. “Shane pode não
se lembrar de vocês.”
O sofá balançou quando Matt empurrou sua massa fora dele. “Eu
sei. Temos seus registros médicos.” Ele esticou o pescoço. “Por que
Shane foi preso?”
Ela não se preocupou em perguntar como ele tinha conseguido
colocar as mãos nos registros médicos de Shane. “Eu fui ficar com um
amigo, e dois homens tentaram invadir a casa. Shane os deteve e
nocauteou meu amigo para, ah, me levar.”
Nathan se esticou de pé. “Tom Marsh?”
Esses caras podiam mesmo obter informações, não podiam? “Sim.
Tom tinha uma arma apontada para Shane, então Shane se defendeu. Aí
Tom prestou queixas.”
Nathan sorriu. “Eu te ouvi defender seu homem.”
“É a verdade.” Ela torceu o nariz para ele. Tão familiar. Deveria
ser a semelhança com Shane. Seu homem. Pelo menos
temporariamente.
“Bem. Devo mostrar meu distintivo?” Nathan puxou uma carteira
do bolso de trás e abriu a parte superior.
Aquilo era um distintivo do FBI?
“Não.” Matt alcançou uma caixa ao lado da cama que tinha estado
escondida por suas longas pernas. Ele tirou uma carteira, que ele jogou
para seu irmão. “Você é Nathan Jones, advogado na lei. Parabéns.”
Josie limpou a garganta. “O distintivo do FBI funcionaria melhor.
Ele poderia levar Shane em custódia federal.”
Nathan olhou para ela. “Eu gosto de como você pensa... E você
realmente parece um anjo.”
Ela endureceu. O apelido. Shane tinha discutido ela com seus
irmãos. O que ele tinha dito? “Obrigada.”
Matt sacudiu a cabeça. “O distintivo é autêntico. Eu prefiro não ter
a conexão entre Nathan e Shane no registro. Ainda não, de qualquer
maneira.”
“Por que não?” Sua mão apertou em torno da arma. Ela deveria
colocar a arma em sua bolsa, mas isso parecia imprudente. Apenas no
caso.
Matt deu de ombros. De pé, ele parecia ainda mais alto do que
Shane, que tinha um metro e noventa centímetros.
Ela enfrentou Nathan. “Você é realmente do FBI?”
“Não.” Nathan pegou uma carteira de motorista da Califórnia da
carteira e estudou o plástico.
“Eu não entendo. Por que vocês têm tantas credenciais falsas?”
Inquietação começou a fazer sua cabeça latejar. Quem eram esses
caras?
Nathan puxou uma grande arma na parte de trás da cintura e a
jogou para Matt. “Eu não deveria estar armado.”
Matt a colocou sobre a mesa arranhada mantendo a televisão
desgastada. “Nós realmente não podemos explicar. Shane confia em
você, por isso estamos te deixando saber tanto. Mas quanto menos você
souber, mais Shane estará seguro.” Ele se virou para Nathan. “Boa
sorte.”
Nathan assentiu. “Eu trouxe um terno — está no carro.” Com uma
piscadela para Josie, ele se esquivou para fora da porta.
Silêncio. Sozinha com Matt, Josie se virou para observá-lo. “Então,
você é Mattie.”
Ele cruzou os braços sobre o peito largo. “Este sou eu.”
“E aí, Shane me ama, ou o quê?”
*****
*****
*****
Shane rolou na cama grande, vagando pelo crepúsculo entre
sonho e realidade. Seu cérebro relaxou, e ele deixou as lembranças lavar
sobre ele.
Dois anos atrás, ele assobiava uma melodia country, voltando
para casa da padaria para sua mulher. Josie. Dúvida ainda o assaltava,
mas talvez ele tivesse uma chance de uma vida normal. Claro, o que
tinha acontecido com seu irmão Nathan era uma tragédia, e quando
Nathan tinha sido traído por Audrey, sua vida praticamente parara. Mas
Nate nunca tinha falado sobre a história toda. Alguma outra coisa tinha
acontecido, e ele não quis discutir o assunto. Mas agora, talvez Shane
pudesse encontrar um final melhor.
O cabelo na parte de trás de seu pescoço havia formigado. Ele
tinha mudado as baguetes recém-assadas para a outra mão,
estendendo a mão para a faca no bolso de trás.
“Não é necessário,” uma voz baixa murmurou do beco.
Alívio relaxou seus ombros enquanto ele se desviava para o beco
para enfrentar seus irmãos. “Matt, Nate. Por que estamos em um beco?”
Humor curvou seus lábios. Matt odiava drama, enquanto Nate já tinha
vivido uma vez isso. Quando ele vivera para alguma coisa.
Matt não retornou o sorriso, apenas o olhou com aqueles olhos
cinza escuro.
Medo sussurrou ao longo de sua pele. Suas costelas
instantaneamente doeram. Não. “O que foi?”
“Jory está morto.”
Dois anos depois, as palavras o fizeram sentar na cama, seu
intestino revirando. Dor enchendo seu corpo. Jory. O mais novo, o
menor, o que tinha tentado muito mais duro do que o resto deles. Até
que ele cresceu e arrebentou.
Shane respirou, olhando para a trouxinha adormecida ao lado
dele. Minúscula. Ela era tão pequena, enrolada como um gatinho. Seus
lábios amuaram em seu sono, e ele voltou no tempo para as muitas
vezes em que tinha ficado ao lado da cama. Observando-a. Ele tinha a
intenção de colocar algum sentido para ela no chuveiro. E lhe mostrar
quem era o chefe. Ela o havia levado. Envolvendo seu pequeno corpo
em torno dele tão firmemente quanto tinha amarrado seu coração.
Jesus. Ele não pôde manter seu próprio irmão seguro. Como ele
poderia manter Josie segura? Embora as memórias estivessem voltando
aos poucos, havia mais que ele precisava descobrir. Ele tinha dito a Josie
que ficaria com ela, mas e se isso fosse uma sentença de morte? Talvez
amá-la realmente significasse deixá-la. Mas ele poderia?
Sua mão tremia quando ele alcançou e alisou seu cabelo ralo da
testa. Sua pele parecia a mais fina das sedas. Embora o hematoma se
espalhando através de seu queixo o fizesse desejar ter matado George.
Como ele podia ver tão bem no escuro?
Hora para algumas respostas.
Ele rolou da cama e vestiu a calça, indo descalço pelo corredor até
a sala.
Nathan olhou feio para ele da mesa, onde tinha montado um
scanner. Seu cabelo molhado estava agarrado ao pescoço. “Você usou
toda a água quente, idiota.”
“Desculpa.” Ele passou a mão pelo cabelo. “Por que eu consigo ver
no escuro? Como eu posso saber a velocidade de um veículo a trinta
milhas de distância? Merda, como eu posso ouvir um veículo tão
distante?” Raiva lutou com a razão pelo domínio em seu cérebro. “Como
é que eu sabia como interrogar aquele bastardo mais cedo?”
Nathan se endireitou, os olhos pensativos. “O que você lembra?”
Shane grunhiu e se dirigiu para a cozinha, pegando duas cervejas
da geladeira. Guinness. Ele entregou uma para Nathan e caiu em uma
cadeira de couro grosso. “Lembro-me de uma academia militar e de
quebrar o meu braço. Então me lembro de Matt me dizendo que Jory
estava morto.” Mesmo agora, dor prendeu o ar em sua garganta. “Cenas
pequenas, pequenas memórias espalhadas por toda parte. Estou
começando a me lembrar de tudo sobre Josie.” Ele apertou os olhos,
olhando para o passado. “Eu sei que nós não temos pais. Eu não sei
como eu sei disso, mas eu me lembro de querer pais.”
“Dois anos mais velho do que eu, Matt é a coisa mais próxima que
já tivemos,” Nathan disse suavemente. Ele coçou o queixo. “Pode ser
mais fácil não saber. Mas você está certo. Nós não temos pais.”
“Por que não?”
Nathan exalou. “Somos experimentos, Shane. Genética, psicologia
e tubos de ensaio.”
Capítulo 20
*****
O coração de Josie martelava em seu peito. Ela manteve seu olhar
na entrada escura do quarto. A porta se abriu. Luz fraca do fundo do
corredor filtrou dentro, mostrando a forma forte de Shane na porta.
Ela prendeu o fôlego na garganta. Quieta. Ficar muito quieta.
“Você ouviu tudo que precisava ouvir?” ele grunhiu, entrando e
fechando a porta. Um sussurro soou e seu jeans bateu no chão antes
que ele puxasse as cobertas e deslizasse dentro.
O aroma de cedro quente e masculino encheu suas narinas. Calor
a engolfou.
Ele puxou sua bunda para a virilha, curvando um braço em volta
de sua cintura. “Bem, e aí?”
Ela deu de ombros, sua mente girando. “Sua infância foi uma
merda.”
Uma risada latida agitou seu cabelo. “Sim, é o que parece.” Ele
suspirou. “Embora a explicação científica pareça verdadeira. Quero dizer,
alguns dos meus sentidos não são normais.”
“Nem sequer perto.” Ela se contorceu para ficar mais confortável,
sua peito doendo. “Você acha que Nathan está certo? Vocês vão morrer
em três meses?” As palavras doíam dizer.
“Eu acho que Nate está certo sobre ter um chip de morte em
minha espinha, mas não, eu não vou morrer. Nós vamos descobrir isso.”
Uma calma razão enchia seu tom — calma demais.
Essa era uma promessa que ele não podia fazer. Ele parecia tão
invencível — como ele poderia morrer? Lágrimas brotaram em seus
olhos, e ela as empurrou de volta. Chorar não ajudaria em nada. “Como
é possível manipulação genética? Quero dizer, eu posso entender tirar
esperma de um soldado e fazer bebês, mas como você explica o
aumento da audição? A visão? A força?”
“Não sei.” Ele correu as pontas ásperas dos dedos ao longo de seu
braço nu. Arrepios subiram. “Podemos clonar vacas. Eliminar doenças
genéticas em culturas. Acho que a ideia não é improvável de pensar que
podemos manipular genes que lidam com força e sentidos.”
“Especialmente se financiado pelo governo. Pense no dinheiro
envolvido.”
“Sim. Dinheiro.” Seu corpo apertou ao redor dela. “Sabe, uma
coisa era eu ter certeza sobre minha capacidade de matar. Que eu tinha
treinamento. Mas descobrir que fui criado em um tubo de ensaio para
ser um assassino, bem agora...” Seu tom foi duro e plano, mas dor
ecoou.
Tristeza filtrou através dela. A necessidade de confortá-lo, de curá-
lo, fez seu coração realmente doer. Ele deveria ter sido um menino tão
assustado para ter se transformado em um homem tão duro. “Você não
sabe disso. Claro, você é treinado. Mas é estranhamente inteligente,
também. Talvez você tenha sido criado para fazer algo grande. Curar
uma doença. Corrigir a economia.” Ela se virou em seus braços para
encará-lo. Apenas o brilho profundo de seus olhos incríveis encheu sua
visão. “O que você faz com suas habilidades... Bem, isso é com você.
Não eles.”
Ele exalou. “Agora eu quero descobrir quem matou meu irmão. Na
verdade, eu gostaria de me lembrar do meu irmão.” A grande mão de
Shane se espalhou entre suas omoplatas, e ele acariciou abaixo para
pressionar a parte inferior de suas costas para ele. A ereção saltando
contra seu clitóris. “Depois de me certificar que você está segura.”
Ele beijou sua têmpora. Muita emoção subiu nela, e ela fechou os
dedos sobre seus ombros. Ele então vagou a boca aquecida pelo lado de
seu rosto para tomar sua boca.
Segurança era uma ilusão que ela não queria — e não acreditava.
Isso, isso ela queria. Ele era o que ela acreditava. Com um suspiro, ela
se afundou no beijo.
*****
Várias horas depois, Nathan lançou um olhar para Matt. “Acha que
ele vai voltar?”
“Você voltaria?” Matt abriu uma pasta de arquivo, irritação
rodopiando através de seus pensamentos.
“Provavelmente não.” Nathan socou nas teclas do laptop. “Ele está
perdido, Matt. Ele não entende que precisa deixá-la ir.”
“É mais provável que ela não o deixe ir dessa vez,” Matt retornou.
No que, bem, ele não podia culpá-la. Enquanto examinava o arquivo
dela novamente, ele entendeu sua necessidade de uma família. Embora
morte sempre tivesse pairado sobre sua infância, pelo menos ele tinha
compartilhado seus dias com seus irmãos. Família. Eles lutavam uns com
os outros. Merda, eles lutavam uns pelos outros. A pequena Josie tinha
estado completamente sozinha.
“Talvez. Se ela descobrir toda a verdade, ela pode chutá-lo para
longe.” Nathan pegou um saco de batatas fritas meio amassado debaixo
de outro monitor.
“Sim.” Matt se recostou no sofá. Ele estava tão fodidamente
cansado. Mas sono tinha se tornado um luxo. “Você já conseguiu invadir
seus arquivos de trabalho? Precisamos descobrir quem grampeou a casa
dela.”
“Você acha que a situação tem a ver com o comandante?”
“Não. Eu acho que isso tem algo a ver com seu trabalho. Não nós.
Mas ela é da família, e precisamos descobrir quem está armando para
ela.”
Nathan arrancou, balançando um olhar assustado para seu irmão
mais velho. “Uau. Ela chegou até você.”
Sim. A pequena atrevida de olhos-azuis pouco tinha rastejado
direito para dentro do pequeno círculo de pessoas por quem ele dava a
mínima. Matt lutou contra um rosnado. “Ela é a esposa de Shane. Goste
ou não, nós a colocamos em perigo há dois anos, e ainda é pior agora.
Shane pode ter alertado o comandante quando tentou pesquisar seu
passado.”
“Sim. Cada instinto que tenho diz que eles estão vindo atrás de
nós agora.” Nathan esfregou o pescoço. “O comandante está perto.
Posso sentir sua presença.” Ele limpou a garganta. “Você acha que
Shane descobriu quem matou Jory?”
Matt exalou, forçando a pesada carga de culpa fora de seu corpo.
Por agora. “Espero que sim.” A necessidade de tirar sangue rugiu como
uma tempestade entre seus ouvidos. “Eu não deveria ter deixado Jory
ir.”
“Você não tinha escolha. Jory era bom em seu trabalho e fez o
que precisava ser feito. Se ele tinha uma vantagem, nada poderia tê-lo
parado de persegui-la.” Nathan olhou para o telefone com uma
carranca. “Nem mesmo você, Mattie.”
O sabor espesso da cerveja estrangeira não conseguiu lavar a bile
em sua garganta. “Eu falhei com ele.”
“Não. Era meu trabalho manter o controle de vocês três em campo
— eu falhei com ele.” Nathan pegou um arquivo plano de manilha
contendo uma lista dos clientes atuais de Josie.
O jogo de culpa era inútil, e eles não tinham tempo para isso. Matt
jogou o arquivo na mesa de centro. Não havia necessidade de ler mais
nada — ele conhecia a vida de Josie de cor, desde que Shane tinha se
casado com a mulher. “Shane recebeu bem a notícia de sua morte
iminente.”
“Que escolha ele tinha?” Nate suspirou. “Nós vamos encontrar o
médico. Eu prometo.”
“É melhor que seja logo.” Matt balançou a cabeça. Como a mulher
tinha conseguido se esconder dele por tanto tempo era um mistério.
Um monitor buzinou. Nathan socou nas teclas. “Meus resultados
estão dentro. Eu hackeei o escritório do ME para os resultados da
autópsia sobre os três homens encontrados no rio. Nenhuma evidência
deixada nos corpos.”
“Como eles morreram?” Matt perguntou.
“Todos tiveram lacerações de uma boa luta, mas morreram de
ossos quebrados no pescoço.” Nathan arqueou uma sobrancelha. “Estilo
militar. Os policiais encontraram um bastão de metal perto dos corpos,
mas o rio lavou todo e qualquer DNA.”
Jesus. Matt deixou escapar um suspiro. Três caras tinham chegado
a Shane com um bastão. “Como eles chegaram tão perto?”
“Meu melhor palpite é que nosso irmão estava distraído.” O rosto
de Nate permaneceu impassível, como de costume. Nenhuma emoção
há um maldito longo tempo. Pelo menos, nenhuma que Matt pudesse
ver. Deus ajude a todos quando ele finalmente explodisse. “Eu já tracei
os movimentos de Shane e invadi os arquivos de alguns de seus antigos
contatos. E já confirmei sua teoria de que ele tinha grampeado a casa de
Josie.”
“Por quê?” De jeito nenhum Shane ia grampear a casa de sua
esposa só porque ela estava namorando algum trabalhador da
construção civil. Ele seria mais provável quebrar a porta da frente e
bater o cara em uma polpa.
“Meu palpite é que ele descobriu os outros grampos e imaginou
que o comandante estava vigiando Josie. Conhecendo Shane, ele queria
rastrear os grampos de volta para o bastardo.” Nate mastigou uma
batata. “Então, qual é nosso plano aqui?”
“Primeiro, descobrir quem está atrás de Josie, enquanto Shane
recupera sua memória. Rapidamente, considerando que estamos
sentados feito patos aqui. Então eu suponho que ele vai tentar enviar
Josie para o complexo com você enquanto lidamos com o assassino de
Jory.”
Nate saltou visivelmente. “Ele não vai ficar com ela, Mattie. Ele
não pode.”
“Eu sei. Logo, logo ele vai descobrir isso.” Matt manteve o rosto
inexpressivo. E endureceu os ombros. “Você vai voar para casa em
Montana amanhã.”
Nathan jogou o arquivo para baixo. “Eu não vou embora.”
Exatamente o que Matt esperava. Ele endureceu o rosto no
verdadeiro modo de irmão mais velho. “Sim, você vai. Não sabemos
quanto tempo vai demorar para Shane recuperar a memória, e eu certo
como o inferno não preciso de ajuda com quem está atrás de Josie. Vá
para casa e faça seu trabalho.”
Shane entrou descalço na sala, puxando uma camiseta sobre a
cabeça, usando um jeans rasgado. E uma mandíbula relaxada. Filho da
puta.
Ele olhou para Matt. “Preciso preencher os espaços em branco.
Agora.”
Matt assentiu. “Vamos ao que interessa.”
Capítulo 21
*****
Matt pisou os pés na varanda, apenas no caso de seu irmão estar
ficando ocupado. Ele esperava que Shane descobrisse o caminho certo
— longe de Josie. Embora ele entendesse. Desde a tenra idade, todos
eles tinham uma fantasia sobre como eram as verdadeiras famílias. Eles
se perguntavam o que tinham feito de errado para estarem tão
sozinhos. Talvez terem sido criados por homens em vez de Deus os
tivesse marcado para a vida. No fundo, ele tinha certeza disso.
Ele cutucou a porta aberta, deslizando para dentro.
Shane estava sentado no sofá, um caderno na mão, o olhar fixo
na parede distante.
“Ah, onde está Josie?” Matt tirou a camisa e enxugou a testa. Ele
tinha se sentido bem correndo pela floresta no frio do outono
novamente. Ouvindo a vida selvagem e sendo beijado pelo sol.
“No quarto.” Shane olhou para cima com olhos vazios. “Eu acho
que ela me despejou.” Incredulidade lavou um rubor sobre as maçãs de
seu rosto.
Matt arqueou uma sobrancelha. “Despejou você?” As palavras
inócuas provaram estranhas em sua língua. “Como em um tipo de
relacionamento regular de despejar você?”
“Sim.” Shane franziu a testa para o corredor vazio.
“Hã.” Matt tirou as botas de combate. “Eu não acho que qualquer
um de nós já foi despejado.” Claro, eles tinham tido amantes tentando
matá-los. Mas nunca apenas... despejá-los. “Então, ah, o que você vai
fazer?”
Shane deu de ombros. “Eu não faço ideia.”
Talvez fosse melhor assim. Embora a carranca no rosto de Shane
revogasse esse pensamento. “Shane, nós fomos treinados pelos
melhores psicólogos do mundo para manipular as pessoas. Você pode
reconquistá-la.”
“Não.” Seu irmão jogou o caderno no sofá. “Isso é real. Não é o
mesmo.”
Bem, agora. Isso era verdade. Matt esfregou o queixo. “Eu vou
falar com ela.”
Shane bufou. “Você não pode consertar tudo.” Ele se levantou,
esticando o pescoço. “Eu posso não me lembrar de toda a minha
infância, mas você, eu me lembro. Sempre presente, sempre tentando
nos proteger.” Seus olhos escureceram. “Obrigada.”
Matt sacudiu a cabeça. Ele não merecia a gratidão. Nathan tinha
passado muito mais tempo criando Shane e Jory do que ele. Além disso,
se ele tivesse feito seu trabalho, Jory estaria vivo. “Vou tomar banho.”
Shane assentiu e se dirigiu para a porta. “Eu preciso de um pouco
de ar fresco.”
Matt suspirou. “Nós devemos sair daqui. Sua esposa precisa pegar
os arquivos de seu trabalho amanhã.”
Shane assentiu, de costas para Matt. “Ela vai.”
Capítulo 22
*****
*****
Capítulo 23
“Você não tinha que atirar nele.” Josie tentou inclinar a cabeça
longe da arma fria perfurando sua jugular enquanto o elevador descia.
Raiva fazendo estrelas dançarem em frente a seus olhos.
Madge deu de ombros atrás dela. “Sim, eu tinha. Eu poderia dizer,
de apenas um olhar para aquele cara — ele é um caçador. Ele vai
continuar vindo. Belo chute, a propósito. Quem você pensa que é?
Rambo?” Ela cravou as unhas afiadas em seu braço, seus seis
centímetros extras de altura vindo a calhar.
Josie piscou rapidamente. Seu chute tinha sido inútil. Talvez Shane
estivesse certo. Talvez ela fosse uma bola de penugem. Medo filtrou
através da raiva. E se a bala tivesse atingido algo importante? E se
Shane estivesse realmente ferido? Sem dúvida ele não ia procurar ajuda
médica, enquanto uma mulher louca a mantinha refém. Ele viria atrás
dela.
Era isso o que família fazia.
As portas se abriram. Dois guardas de segurança, suas posições
abaixadas, apontaram armas para elas.
Madge a puxou para a porta. “Façam um movimento, rapazes, e
eu vou atirar no pescoço dela.”
Eles não se moveram, mas uma gota de suor deslizou pelo rosto
rechonchudo do homem mais próximo delas.
Josie se apressou para acompanhar as pernas mais longas de
Madge atravessando a porta de entrada e para fora, numa chuva forte,
seu pescoço ardendo da raspagem do barril. Ela não ia pensar sobre
isso. Se Madge tropeçasse...
Sirenes soaram à distância.
“Depressa.” Madge mordeu o lábio, parando atrás de uma van
branca desbotada. Ela abriu as portas de trás e puxou Josie para dentro,
então a seguiu e bateu as portas atrás delas. Empurrando-a contra a
parede oposta, Madge se sentou, a arma apontada para seu peito. “Vá.”
O marido dela se virou, os olhos injetados arregalados. “Jesus,
Madge. O que você fez?”
Josie se afundou em um tapete áspero. “Sequestro, tentativa de
assassinato, assalto para começar.” Ela olhou para o homem calvo de
vinte-e-cinco-anos que ela tinha tentado ajudar. Talvez ela pudesse
colocar algum sentido nele. “Isso é ruim, Sam. Muito ruim.”
Sam tirou a van do estacionamento e dentro do tráfego. “Madge?”
Ele olhou para o espelho retrovisor.
Madge deu de ombros. “Eu tinha que sair de lá e pensei que
poderia. Mas agora, todo mundo me viu com uma arma, e eu
simplesmente entrei em pânico.”
Josie olhou para a arma. O fedor de suor e desespero assaltando
seus sentidos. Será que eles iam matá-la? “A polícia está vindo.”
Sam puxou o volante e voou para um beco, dirigindo até que
guinchou em uma parada dentro de uma garagem estreita. Rapidamente
ele saltou da van e abriu a porta de trás.
Josie se preparou para atacar, então congelou na Glock que Sam
apontava para ela. Pelo menos parecia uma Glock, semelhante em
tamanho e forma com a arma que Shane tinha lhe ensinado a atirar
anos atrás.
“Saia.” Sam a agarrou pelos cabelos e a puxou para fora ao lado
de um Cadillac velho amassado. Dor lanceou em seu couro cabeludo.
“Pegue a corda, Madge.”
Josie lutou, tentando argumentar com ele. “Max vai matá-lo. Você
sabe disso, certo?”
Sam a esbofeteou com as costas da mão, fazendo sua cabeça
girar. Dor formigou através de sua bochecha. Deus. Ela não o conhecia
em absoluto. Ele realmente ia matá-la. Ele entregou a arma para Madge
e girou Josie. A corda áspera arranhou seus pulsos quando Sam a
enrolou e depois deu um nó bem apertado.
Josie estremeceu. E se ela não conseguisse fugir? “Todo mundo
sabe que foram vocês. Eles viram Madge com a arma; na verdade, ela
atirou em meu marido.”
Sam a girou de volta, inclinando o rosto para ela. Um rosto jovem
e bonito com um cavanhaque pitoresco que sempre a encantara. “Então,
nós vamos sair da cidade por um tempo. Max precisa de nós. De jeito
nenhum ele vai nos matar.” Ele agarrou a parte superior de seus braços,
os dedos longos certamente deixando contusões. “Você, por outro
lado...”
Movimentos rápidos a tiveram amarrada e Sam a empurrou para o
porta-malas do Cadillac. Segundos depois o motor acelerou, e eles
estavam na estrada novamente. Eles tinham trocado de veículo. Alguém
estava direcionando Madge e Sam.
O tapete áspero do porta-malas arranhava seu rosto. Um tapete
mofado e malcheiroso. Ela espirrou.
Ela tinha que se libertar antes que eles a levassem para Max. Não
havia um programa de televisão que ela tinha assistido ano passado
sobre sair de um porta-malas? Ela realmente não tinha prestando
atenção. O carro bateu em uma saliência, e náuseas rodaram em seu
estômago.
Ela rolou de costas, arrastando a bunda debaixo dela para chutar
os calcanhares. Escuridão. Nenhuma luz filtrava para dentro. Quanto ar
ela ainda tinha? Seus braços doíam, amarrados no centro de suas
costas. Virando de lado, ela dançou, puxando os joelhos até que suas
mãos pegaram o fundo de seus pés. Seus músculos do ombro esticaram
em protesto.
Ela precisava de ajuda. Ela precisava de Shane.
Ela flexionou os dedos dos pés, e suas mãos deslizaram para
frente de suas panturrilhas em direção a suas coxas. Obrigada, Senhor.
Ela suspirou de alívio, seus ombros relaxaram. Puxando contra as
cordas, ela franziu o cenho. Então ela levou as mãos amarradas à boca,
ignorando todos os germes que provavelmente estavam na corda velha.
Seus dentes afundaram, tentando afrouxar o nó.
Nada.
Ela não conseguia libertar as mãos com os dentes. O carro saltou
novamente e ela gritou, voando em direção ao metal para aterrissar com
um baque de volta no tapete áspero. Contusões começaram a formar
manchas escuras em músculos e tecidos.
De alguma forma, ela não achava que muitas mulheres fossem
levadas cativas com tanta frequência. Ela tinha nascido sob um mau
sinal, ou o quê?
Movendo os ombros em direção ao banco traseiro, ela se inclinou
na altura dos joelhos e chutou em direção onde a luz traseira
provavelmente era. Seus dedos dos pés bateram em metal duro. Dor
ricocheteou através de sua perna.
Sua cabeça estava cavada no tapete, agarrando seu cabelo. Ela
chutou novamente, apenas para machucar ainda mais os pés. Pense. Ela
precisava pensar. Medo retardava seus pensamentos com nebulosidade.
Se ela empurrasse o banco traseiro, assumindo que conseguisse, Madge
e Sam estariam lá com armas. Se ela esperasse até que eles abrisse o
porta-malas, mesmo problema.
O carro fez uma curva e ela rolou em direção ao banco traseiro. O
som de seu ofego encheu o pequeno espaço. Havia ar suficiente no
porta-malas? Por quanto tempo ela seria capaz de respirar? Talvez eles
simplesmente a deixassem lá para morrer. Um soluço subiu. Ela fungou.
Por que ela não tinha escutado Shane e ficado em casa?
Ela soluçou novamente. O quão mal Shane estava ferido? Por que
ela tinha lhe dito que eles não tinham nenhuma chance? A ideia de viver
sem ele machucava um inferno de muito pior do que a ideia de tentar
fazer isso dar certo. Mas eles poderiam? Deus. Ela estava tão ferrada.
O carro parou com um guinchar de freios. Josie rolou para frente e
depois para trás, o tapete áspero arranhando seus braços nus. Ela cavou
o ombro no chão, se deslocando até que seus pés se inclinaram para
trás.
Portas bateram.
A tampa do porta-malas se abriu, e ela atirou os pés na direção da
abertura, estremecendo quando luz cortou em seus olhos.
Sam bateu seus pés para longe, alcançando com uma mão esbelta
para agarrar seus pulsos amarrados e arrastá-la fora do porta-malas.
O metal enferrujado arranhou sua barriga.
Ele a levantou, deixando-a de pé.
O cheiro de leite estragado e comida podre encheu suas narinas.
Um beco. Escuro e molhado entre edifícios de tijolos desbotados. Josie
franziu a testa. Onde no mundo ela estava?
Madge abriu uma porta roxa toda riscada. A batida de música
flutuando para fora.
“Vamos.” Sam a puxou para dentro do corredor estreito.
De jeito nenhum. “The Pound?” Outro cliente que ela tinha
herdado de Billy. Ela tinha razão em suspeitar do irmão do traficante de
drogas. “Paul também está metido nisso?”
“Sim.” Sam abriu a porta do escritório de Paul e a empurrou para
dentro.
Paul estava do outro lado de sua grande mesa, o cabelo
encaracolado selvagem e os olhos arregalados. “O que ela está fazendo
aqui?”
Sam a empurrou para uma cadeira. “Ela descobriu sobre Billy.”
“Eu pensei que ele tivesse arrumado todas as contas.”
“Não. Não a tempo.”
“Bem, ele arrumou a minha antes de ir para a reabilitação.” Paul
se recostou em sua cadeira. “Você deveria ter se certificado de que ele
tinha alterado a sua, também.”
Sam deu de ombros. “Eu não tive a chance. E Max está puto.”
Paul ficou branco. “Onde está Billy?”
Josie se ajeitou na cadeira. “Billy está morto. Um tiro na cabeça.
Fazer negócios com um cara como Max fará com que todos vocês sejam
mortos.” Ela assumiu. Não era como se ela conhecesse Max, mas a
prova estava bastante clara. “Solte-me, Paul. Eu posso ajudá-lo a
conseguir proteção da polícia.”
Sam bufou. “Sim, certo.”
Raiva ferveu sob sua pele. “Ok. Então solte-me, ou meu marido
vai rasgar a pele de seu corpo com as próprias mãos.” Ela se inclinou
para frente, as palavras se derramando. “Você não o conhece. Você não
faz ideia do treinamento que ele teve. Se alguma coisa me acontecer,
ele vai te matar bem lentamente.” As palavras a fez tremer porque eram
a absoluta verdade.
Paul de alguma forma empalideceu ainda mais, sardas claras se
destacando contra a pele branca gritante.
Madge se deixou cair na cadeira ao lado. “Não, não vai. Eu atirei
nele.”
Josie sacudiu a cabeça freneticamente. “Uma bala não vai parar
Shane. Confie em mim.”
Um movimento soou atrás dela antes que a porta se fechasse. “Eu
não estou preocupado com um homem ferido, Sra. Dean.” Baixa e
acentuada, a voz profunda encheu a sala.
Josie girou, olhando para o homem alto. Cabelos negros varridos
longe de uma pele morena que se destacava estranhamente, olhos azuis
claros. Ele usava um terno de seda preta com uma gravata vermelha-
listrada. Josie respirou fundo. “Você deve ser o traficante de drogas.”
Ele sorriu uma linha perfeita de dentes brancos reluzentes. “Não.
O irmão de Paul é um simples traficante de drogas — para mim. Eu sou
um homem de negócios.”
“Você matou Billy?”
“Sim.” Max olhou para Sam, que engoliu audivelmente. “Billy
precisava aprender o quão tolo é cruzar meu caminho.” Ele espanou
fiapos invisíveis de sua lapela. “Claro, eu não imaginei que a equipe de
construção em seu edifício seria chamada para o lado norte de Snowville
no início dessa semana.” Seus lábios cheios se curvaram. “Eu suponho
que Billy está fedendo todo o lugar agora. Espero que eles o encontrem
logo.”
Uma bola de terror se desenrolou em seu intestino. Confissão
completa do criminoso raivoso. Obviamente, ele não estava planejando
soltá-la. Medo assentou um chiado entre seus ouvidos, e suas mãos
tremeram. Como ela poderia fugir? Ela se virou para um trêmulo Paul.
“Você realmente vai deixar que ele me mate?”
Paul sugou o ar, seu olhar se erguendo para Max. “Você não vai
matá-la, não é? Quero dizer, ela é uma boa moça.”
Max lhe deu um aceno de aprovação. “Inteligente, também.” Ele
se virou para Paul. “Ela sabe sobre seu negócio, sobre como temos não
só vendido metanfetamina aqui para os clientes, mas também filtrando o
produto através de várias outras empresas para acabar limpo. Lavagem
de dinheiro é um crime federal. Ela vai te ferrar pra toda a vida.”
Josie endireitou os ombros. “Isso não é nada comparado ao que
Shane vai fazer com você. Confie em mim.”
As mãos de Paul tremeram em cima da mesa.
Max suspirou. “Sam, Madge, levem o Cadillac para a cabana e
esperem por mim lá. Vamos precisar tirá-los da cidade por um tempo.”
Ele puxou um celular do bolso do paletó. “Eu vou trazer o dinheiro.”
Os olhos de Madge brilharam, e ela deu a Josie um olhar
arrogante antes de espernear para fora da porta. Sam a seguiu sem
olhar para trás.
Alguns segundos depois, a porta exterior se fechou.
Max apertou um botão e colocou o telefone no ouvido. “Oi. Haverá
dois problemas chegando na cabana em trinta minutos. Cuide deles.” Ele
clicou o telefone fechado.
Paul meio que se levantou da cadeira. “Você vai matá-los?” Sua
voz subiu uma oitava.
Max torceu os lábios. “Claro. Testemunhas viram eles atirar em um
homem e depois sequestrar esta linda senhora.” Ele correu a mão pelo
cabelo de Josie.
Medo quase a fez engasgar, e ela se afastou. “Toque-me
novamente, e você perde a mão.”
Ele se moveu, colocando ambas as mãos nos braços da cadeira
para prendê-la. Ele se inclinou, seu hálito de menta soprando em seus
lábios. “Você pode querer mudar de tom comigo, Sra. Dean.” Ele baixou
o olhar para seus seios. “Ou eu vou mudá-lo para você.” Ele se inclinou
para trás. “Quanto divertimento nós poderíamos ter juntos.”
Medo se reuniu em seu estômago. Pânico a teve mudando seu
foco. “Você grampeou minha casa?”
“Sim.” Max tirou um lenço do bolso, limpando as mãos. “Quando
Billy entrou em reabilitação, nós percebemos que ele não tinha
terminado de limpar todos os livros. Você assumiu para ele, então
grampeamos sua casa para nos certificar de que você não tinha
descoberto nada antes de corrigirmos os arquivos.”
A ideia de pessoas escutando sua vida a fez sentir náuseas. Ela
lutou para se concentrar e não vomitar. “Todos aqueles homens que
Shane cuidou ultimamente? Eles eram seus?”
Max bufou um suspiro irritado. “Sim. Eu não sei da história
completa lá, tampouco. Eu os enviei para esperá-la em sua casa para
podermos conversar um pouco. A próxima coisa que ouvi foi que eles
estavam no necrotério.”
“Eu já te disse que mexer com Shane é definitivamente uma
péssima ideia.” Então, todos os problemas foram por causa dela, e não o
passado de Shane. De qualquer forma, o quão mal seu marido tinha sido
baleado? Ele tinha que ficar bem.
“Vamos ver sobre isso.” Max tirou uma arma de um coldre no
ombro.
Paul se empurrou longe da mesa, a cadeira raspando pelo chão.
“Você não pode matá-la aqui.”
Oh, Deus. Ele realmente ia matá-la. Josie olhou para a arma. Se
ela desse uma joelhadas nas bolas de Max, ele soltaria a arma?
Max sorriu. “Eu não vou matá-la.”
O suspiro de alívio de Josie combinou com o de Paul.
Max deu mais um passo longe. “Você vai, Paul.”
Capítulo 24
Paul saltou de pé. “O quê? De jeito nenhum. Por que eu iria matá-
la?” Ele olhou para Josie e depois de volta para Max. “Eu não sou
nenhum assassino.”
Max levantou a arma. “Ocorreu-me mais cedo que eu estou
assumindo todos os riscos aqui. Se você decidir me entregar, você
certamente poderia chegar a um acordo, considerando que eu matei
Billy.” Um ombro perfeitamente vincado encolhei. “Então você a mata.”
Ele olhou para o jovem dono do bar. “Ou eu vou matá-lo. De qualquer
maneira, eu não vou mais me preocupar com isso.”
Paul engoliu em seco. “Não podemos apenas deixá-la ir e todos
nós saímos da cidade?”
Josie deslizou para a beirada da cadeira. A música pesada através
das paredes se tornando sinistra, a batida balançando seus sapatos.
“Deixe-me ir.” A mesa de Paul tinha um grampeador, um computador e
canetas. Nenhuma arma boa.
Max riu, um som baixo e perigoso que provocou arrepios em sua
pele. Ele enfiou a mão no bolso por um cilindro de prata que ele torceu
na ponta da arma. “Eu gosto de você, Sra. Dean.”
Um silenciador. Ela se fixou no pequeno buraco na extremidade,
incapaz de desviar o olhar. “Como exatamente você pretende tirar meu
corpo daqui?” Ela apontou a pergunta para Paul, sentindo alguma
satisfação quando ele ofegou.
Um profundo suspiro masculino sibilou por entre os lábios de Max.
“Pela porta dos fundos. É claro.” Movimentos rápidos o tiveram
agarrando Paul e puxando o jovem de detrás da mesa.
Max enfiou a arma em sua mão trêmula e apontou o cano para
Josie. “Isso pode fazer uma bagunça, mas tudo bem.”
Paul recuou até que a mesa o deteve, seus olhos se encheram de
lágrimas, sua mão tremendo tão violentamente que ele acidentalmente
poderia puxar o gatilho.
A respiração dela ficou presa na garganta, e a sala se estreitou
para um foco afiado.
Max se afastou de Paul. “Mate-a, Paul.”
“Sinto muito.” Paul fechou os olhos e puxou o gatilho.
Josie se abaixou antes de saltar para frente e esmagar a cabeça
na barriga de Paul. As costas dele atingiram a mesa. A bala sibilou
acertando uma pintura. O ar de Paul fugiu de seus pulmões. Ele se
dobrou, e Josie pegou a arma, as mãos suadas escorregando sobre o
metal frio.
Max se atirou para frente, agarrando seu ombro. Ela gritou. Então
girou, e bateu o cotovelo para cima em sua virilha. Ele fez um som
cruzado entre um porco guinchando e unhas raspando um quadro-
negro. Depois se dobrou na cintura, ainda agarrando a arma.
Oh, Deus. Isso não estava acontecendo. Ela dobrou a mão em
torno do painel de aperto da arma, rolou para o outro lado e se
levantou. O cheiro de madeira lascada e pólvora encheu a sala. Ela
apontou a arma para Max. Paul caiu de joelhos, lágrimas e ranho
escorrendo por seu rosto.
Max se endireitou, o rosto um púrpura malhado, a mão
pressionada contra seu baixo ventre. “Sua cadela. Tudo bem, eu vou te
matar.”
Josie assentou sua postura. Ela realmente tinha tomado a arma
dele. Ao contrário de Paul, sua mão se manteve estável. Sua mente
nublou, na sequência da descarga de adrenalina. A sala e tornando uma
névoa surreal, mas ela manteve o olhar na ameaça. “Eu tenho a arma,
idiota.”
Seu sorriso parecia o de um monstro do Halloween. “Você não vai
atirar em mim. Nós dois sabemos disso.” Ele deu dois passos rápidos
para frente.
Josie puxou o gatilho.
Um pequeno boom ecoou. Mais alto do que o primeiro tiro. Max
bateu contra a parede. Sangue borrifou de seu ombro, e ele levou a mão
para cobrir a ferida, escoando vermelho por entre os dedos. “Você atirou
em mim.” Os olhos dele brilhavam arregalados e incrédulos.
“É claro.” Ela lutou para manter a mão firme. “Você tem sorte que
sou uma péssima atiradora. Eu estava apontando para o meio de seu
peito.” Puta merda. Ela realmente tinha acabado de atirar nele. “Você
achou que eu ia te deixar me matar? Que eu não ia atirar em você?”
Realmente inacreditável. Ela tinha sido uma sobrevivente desde o
primeiro dia nesta vida. Aparentemente parecia realmente enganador.
A porta caiu aberta.
Shane correu para dentro com Matt em seus calcanhares, ambos
segurando armas largas e aparentemente perigosas. Ele parou na cena,
os olhos cinzentos inexpressivos. “Anjo.” Ele olhou de lá para cá entre os
dois homens machucados e ela. “Você está bem?”
“Tudo bem.” Embora agora que o perigo tivesse diminuído, seus
joelhos pareciam borracha. Uma batida começou na base de seu crânio.
Adrenalina louca. “Você está?” Ela olhou para o vermelho manchando
sua camisa.
Ele assentiu, o rosto pálido se contraindo. “Sim. A bala passou de
raspão em meus abdominais. Sangrento, mas não perigoso.”
Sirenes cortaram o final de tarde.
Matt enfiou a arma na parte de trás da calça. “Parece que você
cuidou de tudo aqui.” O sorriso alcançou seus olhos. “Você é mesmo
uma coisa, querida.”
Josie tentou sorrir em resposta, mas seus lábios se recusaram a
cooperar. Ela tinha atirado em um homem.
Shane se colocou entre Josie e Max, a arma apontada para o
coração do cara. “Obrigada pela ajuda. Vejo você mais tarde.”
Matt deu uma última olhada ao redor da sala. Com um aceno de
cabeça, ele correu para fora da porta.
Max sugou o ar. “Eu tenho dinheiro. Um monte disso.”
A postura de Shane não se alterou. “Eu não dou a mínima. Na
verdade, estou tendo um debate mental, sobre se devo ou não matá-lo.”
Paul soluçou mais alto de onde ele estava enrolado no chão.
Shane olhou para baixo, endireitando os ombros. “Saia do chão,
imbecil.”
Sem aviso, Max pegou uma arma de detrás da cintura e apontou
para Shane, puxando o gatilho. A explosão sacudiu ao redor da sala.
Shane caiu para trás. Josie o agarrou, segurando-o e o levando
para o chão. Ela arregalou os olhos na quantidade de sangue, e ofegou.
“Shane.”
Batida de botas correndo ecoou. Três policiais uniformizados
entraram na sala, armas em punho. “Larguem as armas,” o primeiro
gritou.
Max soltou a arma, levantando as mãos.
Shane pousou de joelhos, parcialmente dobrado, mas ainda
trocando seu peso para protegê-la do alvo dos policiais.
Josie agarrou seu braço. “O quão mal?” Sangue jorrava de seu
estômago.
“Ruim.” Shane empalideceu. “Cirurgia ruim.”
Medo pegou um soluço em sua garganta. Ela olhou para cima.
“Consiga uma ambulância.”
“Está a caminho,” o primeiro policial disse. “O que aconteceu?”
“Eu sou Josie Dean e esses caras me sequestraram.” Ela apontou
para Max. “Ele ia me matar, mas eu tomei sua arma.” Sua mão vacilou
quando ela estendeu a arma para o policial. “Eu atirei nele.”
O policial assentiu, pegando a arma. “Sim. Toda a força está
procurando por você.” Ele acenou para os outros dois policiais. “Algeme-
os.” Os outros dois se apressaram para Max e Paul e os algemaram.
“Primeiro levaremos os feridos para o hospital.”
Josie agarrou o braço de Shane como uma tábua de salvação.
Mais sirenes sibilaram.
Shane limpou a garganta. “Você pegou os dois amarrados em seu
carro?”
“Sim.” O oficial olhou para Max e depois voltar. “Eles mal podiam
esperar para começar a falar sobre Max, o famoso traficante de drogas
aqui.”
“Bom.” Shane deixou escapar um suspiro. “Havia outro homem no
beco, o que me ajudou a amarrá-los, mas ele não quis dizer quem ele
era.”
Josie manteve o rosto em branco. Então, ninguém deveria saber
sobre Matt. Ela jogaria junto. Mas seus ouvidos badalavam, e suas mãos
tremiam.
“Vamos obter descrições de ambos.” O bigode espesso do policial
se contorceu quando ele falou. “Você pode responder às perguntas no
hospital, Sra. Dean.”
*****
Capítulo 25
*****
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Capítulo 27
*****
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
“Eu não entendo.” Josie torceu os pulsos contra as algemas que a
mantinha presa à barra de apoio acima da porta do grande SUV. Dor
atravessou seu braço. Do assento traseiro, ela olhou para a cabeça de
Tom que dirigia em meio ao tráfego pós-trabalho. “Eu pensei que vocês
queriam que Shane rastreasse a chamada.”
A Dra. Madison suspirou do assento do passageiro na frente.
“Como no mundo meu Shane foi se apaixonar por essa dita-cuja?”
Estendendo a mão com unhas pintada de vermelho, ela a correu pelo
braço de Tom. “Você sempre teve um gosto melhor, não é mesmo,
Tommy?”
Ele assentiu. “Claro. Embora eu quisesse ficar e esperar pelo bom
e velho Shane.”
“Não.” Madison voltou a se recostar e cruzou as pernas.
“Precisamos de você para nos proteger por enquanto. O comandante vai
capturar Shane e qualquer irmão que esteja com ele. Então, não se
preocupe. Vamos deixá-lo entrar no ringue de treinamento com ele.”
“Eu mal posso esperar.” Satisfação escorria na voz profunda de
Tom.
Fúria atravessou Josie. “Ele vai chutar sua bunda.”
Os olhos castanhos de Tom foram para o espelho retrovisor. “Sem
chance. Acredite em mim, uma vez que ele ver o que eu fiz com você, a
raiva vai deixá-lo fácil de bater.” Tom balançou a cabeça. “Você é uma
fraqueza, Josie. Uma bem grande.”
Maldição, ela era sua fraqueza. Nathan estava certo. Ela ia fazer
com que Shane fosse morto. Ela puxou novamente nas algemas. O
metal cortou mais fundo em sua pele, e ela lutou contra um gemido de
dor. Raiva trouxe um foco nítido a sua visão. O ruído de uma buzina a
fez saltar. Medo empurrou a raiva para longe. Seus pulmões querendo
agarrar. “Onde estamos indo?”
Madison alisou a saia lápis para baixo. “Para um lugar seguro até
que Shane esteja contido. Depois vamos para casa. Graças a Deus.”
“Deus?” Josie engasgou. De jeito nenhum essa cadela psicótica
acreditava em Deus. “E onde seria essa casa?”
Madison torceu em seu assento para piscar um sorriso fechado.
“Back East. Não as instalações onde nosso querido Shane cresceu, mas
similar. Altamente avançado, de fato.”
A mulher tinha um monte de parafuso solto. “Você honestamente
acha que vai conseguir capturar Shane, e que ele vai voltar a trabalhar
para você? Que ele vai ser um soldado supremo fazendo seu trabalho
sujo?” A Dra. Madison realmente não conhecia Shane.
O sorriso dela se alargou. “É claro. Agora que temos você, Shane
vai fazer o que eu quiser. E seus irmãos vão fazer o mesmo.” Ela
fungou. “Eles sempre tiveram uma lealdade quase antinatural uns pelos
outros desde o nascimento.” Sua exalação perfumou o carro com
hortelã. “Eu me pergunto se é algo que fizemos com a engenharia
genética.”
Josie sacudiu a cabeça, tentando ignorar a dor pulsando em suas
omoplatas da estranha posição. “O mais provável é um instinto de
sobrevivência. Para sobreviver à sua infância e de ser criado por uma
completa porca louca como você.”
“Teoria interessante.” Madison apertou os lábios, linhas vincando
sua testa quando ela franziu o cenho. “Embora o comandante
mantivesse a morte sobre suas cabeças. Eu apenas os estudava.
Mantinha-os através de testes e assim por diante.” Ela se virou, o olhar
vagando sobre o rosto de Josie. “Então, quem está com Shane? Deve ter
um dos irmãos por perto. Perto o suficiente para pedir ajuda.”
Apenas Matt. Nathan tinha partido para uma nova atribuição.
Poderiam Matt e Shane vencer o comandante e seus soldados? Josie
arqueou uma sobrancelha. “Shane não precisa de ajuda, e você sabe
disso. Que tipo de armadilha faz você achar que vai funcionar, afinal?”
Tinha que haver alguma maneira de enviar uma mensagem para o
marido. Para avisá-lo.
Tom mudou de faixa, permitindo que uma Ferrari amarela quente
o ultrapassasse à esquerda. “Vamos apenas dizer que a armadilha
envolve o gás asfixiante que derrubaria um stegosaurus 19. Antes que seu
garoto perceba, ele vai estar nas novas instalações trabalhando para
atrair seus irmãos de volta.”
Que tipo de gás? Shane tinha acabado de se recuperar de uma
concussão e cirurgia — e nem sequer tinha recuperado toda a sua
memória ainda. Josie tinha que sair dali e avisá-lo. Como as pessoas
saíam de algemas, afinal? Quanto mais ela puxava, mais duramente o
metal frio cavava em seus pulsos. Eles já estavam em carne viva.
Sangue escorria, revestindo o metal. Bile subiu em sua garganta, e ela
engoliu o gosto horrível de volta para baixo.
Tom sinalizou e pegou a rampa de acesso para a Miller’s Strip.
Josie endureceu. “Nós estamos indo para o aeroporto?” Miller era
um pequeno aeroporto privado para os super ricos. Ela já tinha pegado
clientes ricos lá antes. Se ela saísse de Snowville, Shane poderia nunca
encontrá-la. Pânico ameaçou cortar seu fôlego.
“Sim. Para o aeroporto.” Tom manobrou o veículo em torno de um
reboque de cavalo e seguiu pela estrada tranquila vários quilômetros até
parar ao lado de um grande hangar de paredes de metal.
Josie olhou pela janela. A área ao redor do edifício permanecia
calmo e vazio no anoitecer. Nuvens rolavam pelo céu, o vento
19
O estegossauro foi uma espécie de dinossauro herbívoro e quadrúpede que viveu no fim do período Jurássico principalmente
na América do Norte. Também foi encontrado um exemplar fossilizado em Portugal em 2006.
espalhando folhas soltas sobre a pista deserta. Ela estremeceu com o
quão sozinha ela se sentia.
Tom saltou do SUV e abriu a porta, soltando as algemas e
arrastando-a fora do carro. Um cenho franzido marcando seu rosto
bonito quando ele olhou para seus pulsos sangrentos. “Josie,” ele
suspirou. “O que você fez?”
Ela tentou puxar as mãos fora de seu alcance. “Eu faria qualquer
coisa para ficar longe de você, idiota.”
Ele sorriu. “Eu sempre gostei de sua coragem.”
Dois outros SUV Escalades pretos se aproximaram, parando em
cada lado do carro de Tom. Homens vestidos com uniformes pretos de
combate bateram as botas à-prova-de-bala no cimento quando saltaram,
metralhadoras na mão.
Tom olhou para um homem careca musculoso. “Proteja o
perímetro do hangar.”
“Sim, senhor.” O homem começou a latir ordens e apontar
posições para os soldados. Eles não pareciam reais. Nenhum deles
pareceu sequer notar Josie. Ela contou oito soldados armados, bem
como dois homens vestidos com camisas pólo e calças cáqui. Deviam ser
os pilotos.
Virando-se, Tom a arrastou através de uma pequena porta para
um grande hangar com dois jatos elegantes estacionados no meio.
Madison cortou seus saltos altos através do cimento impecável atrás
deles. O som agudo ecoando pelo vasto espaço. Os pilotos caminharam
silenciosamente em direção aos dois aviões, abrindo escotilhas e
começando a trabalhar.
Josie tropeçou para manter o ritmo com Tom, sua mente girando.
Como ela pôde não ter notado o vazio nele? Mesmo enquanto a
ameaçava, ele só parecia metade lá. Como se ele gostasse de atacá-la,
mas poderia tomar ou deixar a possibilidade. “Sabe, a maioria das
pessoas que torturam outras pessoas precisam fazê-lo. Como uma
compulsão.”
Tom a puxou para um escritório espaçoso, empurrando-a em uma
cadeira de couro almofadada. “Oh?” Ele alcançou atrás da cintura e
puxou uma arma grande e quadrada e a colocou sobre a mesa.
“Sim.” Josie se acomodou no assento. ela poderia entrar em sua
cabeça? “Eu acho que sim. Mas você, bem, você não parece realmente
se importar.” Ela baixou a voz. “O que eles fizeram com você?”
Seu sorriso gelou o ar. “Eles me criaram.” Ambas as mãos grandes
agarraram seus braços, e ele se inclinou, o rosto a centímetros do dela.
“E você está errada. A única vez que me sinto vivo é quando tenho
alguém gritando.” Calor queimou em seus olhos. Ele inalou, um rubor
escuro cruzando seu rosto plano. “Você cheira a suavidade e pureza.
Como nuvens.” Ele baixou o olhar de seus olhos para seus seios. “Algo
me diz que você vai ser uma gritadora.”
Havia medo. Porém, ela ergueu o queixo, esperando até que ele
voltasse a encontrar seu olhar. “Se Shane não te matar, eu vou.” Ela se
inclinou mais perto de seu rosto, satisfação a enchendo quando os olhos
dele se arregalaram apenas numa fração de surpresa. “Eu prometo que
você vai morrer,” ela sussurrou.
Seus dentes brilharam em uma paródia de sorriso enquanto ele se
empurrava longe da cadeira. “Eu adoro sua confiança.” Pegando a arma,
ele verificou o clipe.
Sua confiança? Sim, era falsa. Toda a situação era uma merda.
“Eu parei de ter medo de intimidações há muito tempo.” No jardim de
infância, quando ela tinha quebrado a cara de Jason Jones com sua
mochila. De alguma forma, ela duvidava que pudesse cuidar de Tom da
mesma maneira. O que não queria dizer que ela não pudesse tentar,
embora.
Madison entrou na sala com um refrigerante diet na mão. “O
comandante já deu notícias?”
“Não.” Tom revirou os ombros. “Eu deveria estar lá com ele.”
Josie lutou contra o desejo de esfregar os pulsos escorrendo.
“Então, Dra. Madison. Como Jory morreu?”
Madison sorriu, fechando os olhos para inalar. “Meu Jory.” Seus
olhos azuis se abriram e aqueceram. “Que menino inteligente e um
homem ainda mais inteligente.” Ela riu. “Ele era tão pequeno, e então
boom, um dia ele se transformou em um gigante. Com pés enormes.”
“Como ele morreu?” Josie olhou para o grande telefone na beirada
da mesa.
“Ele morreu porque se virou contra nós.” Madison formou seus
lábios em um amuo perfeito. “Ele se virou contra o comandante.” Ela
balançou a cabeça. “Terrível decisão.”
Fogo rasgou através de Josie. “Você o chama de comandante
quando o fode?” Foi um tiro no escuro, mas o instinto assumiu.
A língua de Madison saiu lamber os lábios brilhantes. “Bem,
querida, o comandante é que me fode.” Ela ergueu uma sobrancelha.
“Certamente você entende a diferença.” Outra risada escapou, e essa
rasgou os nervos de Josie como um ralador de queijo. “E, não, o nome
dele é Franklin.”
Tom arrancou, seu olhar voando para Madison.
Josie deixou um sorriso lento deslizar em seu rosto. “Não sabia
disso, não é?”
“Não.” Tom inclinou a cabeça para o lado. “Eu não sabia disso.”
Madison deu de ombros. “Temos sido bem próximos ao longo dos
anos.”
Josie bufou. “Eu sabia o nome dele. Shane me disse.” Ela cruzou
as pernas, pregando a inocente máscara de criança adotiva no rosto.
“Franklin.”
Tom rosnou. “Shane não sabe o nome dele. Nenhum de nós sabe
o nome dele.”
Ah, o babaca não tinha gostado disso, não é? Josie abriu os olhos
mais amplos. “Claro que Shane sabe. Ele me disse há muito tempo.” Ela
baixou a voz. “Talvez Franklin gostava dos irmãos Gray mais do que de
você, Tom. Quero dizer, eles eram seus favoritos, não eram?” Outro
puro palpite, mas que inferno.
Tom se afastou da mesa.
A mão pálida da Dra. Madison no braço dele parou seu
movimento. Ela virou seu foco para Josie. “Ela é uma pequena
manipuladora, não é?”
Josie se recusou a recuar sob o olhar duro. “Assim como sua filha,
então?”
Madison sorriu. “Sim. Embora Audrey tenha um QI de gênio.” O
cabelo escuro brilhante voou quando ela balançou a cabeça. “Ao
contrário de você.”
“Ela era inteligente o suficiente para fazer com que Nathan se
apaixonasse por ela — e não por você.” Josie deixou um filtro de
suavidade calculada em sua voz.
Madison riu novamente. “Essas suas tentativas de cavar em minha
cabeça... Eu amo. Oh, eu gostaria de poder te visto trabalhar em Shane
— aposto que você teve meu menino tão enroscado que ele não
conseguia encontrar seu caminho livre.”
No entanto, ele tinha agora, não tinha? Além disso, ela nunca
tinha tentado manipular Shane. Ela o amava, e tinha lhe dado sua
confiança, junto com seu amor. Josie olhou para a parede cheia de
janelas atrás dela. Os jatos cintilantes esperavam, silenciosos e
vigilantes no grande espaço. “Eu achei que você teria mais soldados
aqui.”
“Os soldados estão todos esperando por seu marido,” Madison
disse, então seu telefone tocou. Ela o pressionou contra o ouvido, saindo
do escritório e fora do alcance da voz.
Tom seguiu a médica com calor em seu olhar. “O comandante vai
trazer Shane e quem estiver com ele para o avião, e depois nós vamos
dar o fora dessa cidade insignificante.” Ele voltou seu foco para Josie.
“Não que eu não tenha gostado de jogar de o-trabalhador-sem-sorte.” O
sorriso de gato Cheshire não tinha nada a ver com o sorriso de Tom.
Ela revirou os olhos. “Você é um idiota.” A arma esperava, pesada
e segura, na grande mesa. Talvez ela devesse enfrentar Tom, então
simplesmente abaixar a cabeça e apontar para seu intestino.
Ele balançou a cabeça, pegou a arma, e a enfiou na parte inferior
das costas. “Não vai acontecer, Josie.”
Era o que ele achava. Ela flexionou os dedos. Seus pulsos quase
berraram de dor. “Então, como isso funciona? Quero dizer, vocês não
têm que apresentar planos de voo e tudo mais?” Não que eles não
tivessem o apoio do governo de qualquer maneira.
“Não.” Tom olhou no relógio. “Este é um aeroporto pequeno. Nós
podemos acender as luzes nós mesmos, e contanto que parecemos estar
voando pelo visual, nós apenas decolamos. Perfeitamente legal e
aceitável.” Ele focalizou nela, deslizando o olhar por suas pernas. “Talvez
devêssemos pensar em algo interessante para passar o tempo.”
Mas que imbecil. “Você é um idiota.”
O rosto dele escureceu com um propósito que a gelou
completamente.
Madison clicou seus saltos altos dentro da sala, uma carranca
enrugando sua pele impecável. “Nós temos um problema.”
Tom endireitou. “Qual é o problema?”
Madison olhou para Josie. “Shane não apareceu. Nem sequer um
palpite dele.” Ela mordeu o lábio. “Talvez tenhamos superestimado seus
sentimentos por ela.”
Josie permitiu que um pequeno sorriso curvasse os cantos de seus
lábios. Adrenalina rasgando através de seu sangue. “Talvez você tenha
subestimado Shane.” Oh, sim. Esperança a encheu. Seu marido estava
chegando.
Capítulo 31
*****
22
A Dassault Falcon é uma família de jatos executivos fabricados pela Dassault Aviation.
A arma arrancou longe de Shane, junto com o corpo do soldado
quando Matt o derrubou. O som de ossos batendo contra o concreto
cobriu o som do fogo. Então o fogo rugiu mais alto.
Ele tinha que chegar até Josie. Ela estava ferida? O Falcon
avançou em direção à abertura. Shane saltou para frente, entrando em
uma corrida. Calor chicoteou ao redor dele. Tom sorriu, puxando as
escadas. O motor acelerou mais alto.
Dois soldados imediatamente correram ao redor do avião em
direção a ele.
Rápido como um chicote, Malloy apareceu pelo lado e disparou no
primeiro cara, derrubando-o. Nate atirou no segundo.
Shane deu um curto aceno para Malloy, que assentiu de volta.
Sim, ele devia ao policial por isso.
Alcançando o avião, ele estendeu a mão, puxando a escada. Tom
disparou um chute em seu rosto, e ele se esquivou para o lado. Então
ele mergulhou no avião, aterrissando no tapete felpudo e balançando as
pernas em um círculo.
Tom saltou para trás, alavancando uma pistola M9 entre os olhos
de Shane. Recuando mais um passo para o corredor estreito, Tom fez
um gesto para ele se levantar.
Shane rolou de pé, o olhar fixo numa Josie pálida, que estava
sentada atrás de Tom em um assento marrom almofadado. Seus olhos
azuis se arregalaram. Ela começou a se levantar, olhando para a arma.
Shane deu um leve aceno de cabeça, e ela se sentou novamente.
Os ombros dela tremeram, e Shane sentiu uma fúria que ele
nunca tinha imaginado. Como eles ousavam mexer com sua esposa? Ele
deslocou os ombros, inclinando o corpo para que Tom não pudesse
empurrá-lo para fora do avião. O jato acelerou, rolando em direção à
pista aberta. Ele forçou um sorriso sarcástico no rosto. “Por que você
não larga a arma e luta comigo como um homem? Quero dizer, você é
um pouco treinado, certo?”
Tom devolveu o sorriso. E disparou.
Josie gritou.
Dor explodiu no peito de Shane. A bala o jogou contra a porta da
cabine. Cada costela vibrou como se arrancada, e ele realmente pôde
sentir seus pontos se separando. Ele deslizou para o chão e parou em
um agachamento. “Seu imbecil.” O idiota tinha propositadamente
apontado para o colete à prova de balas. “Não pode me enfrentar em
plena força, huh?”
Tom deu de ombros, colocando a arma na parte de trás da
cintura.
O jato girou, aumentando a velocidade para rolar pela pista,
arbustos piscando lá fora. Josie soltou um grito e pulou para Tom. Ele
girou, empurrando-a para cima no ar e sobre duas filas de assentos. Ela
bateu entre os bancos e caiu para o chão com um baque surdo.
Fúria rugiu através do corpo de Shane com um calor que
combinava com o fogo que eles tinham acabado de deixar. Ele rosnou e
se lançou para enfrentar Tom. Seus ombros eram muito largos para o
corredor estreito e batiam contra os braços das cadeiras quando os
homens caíram. O bastardo atirou um cotovelo em seu rosto. Sangue
espirrou, mas ele segurou Tom.
O golpe em seu rosto sobrepôs toda a outra dor. Ele deslizou para
o estado de soldado, o lugar em que eles o tinham forçado a entrar
tantos anos atrás. Dor fluiu para longe. Consciência desapareceu. Toda a
emoção, todo o pensamento... Se dissipou. Puro instinto assumiu. Ele
apertou, alavancando o antebraço contra a garganta de Tom.
O avião inclinou, subindo para a noite escura. Tom aproveitou a
mudança, batendo as mãos contra as orelhas de Shane. Alavancando o
joelho para cima, ele bateu contra sua barriga sangrando. Outra costela
estalou.
Shane respirou fundo, afrouxando seu aperto. Embora ele pudesse
manter a dor à distância, seu corpo ainda assim reagia ao dano. Tom
lutou pela posição, e então o jogou sobre sua cabeça.
Rolando, Shane ofegou por ar, agarrando o braço da cadeira mais
próxima para lutar para ficar de pé. O vento assobiava fora da escotilha
ainda aberta. Atrás de Tom. Fora de sua visão periférica, Shane viu sua
esposa se arrastar no assento. “Você está bem?”
“Eu estou bem,” ela sussurrou. Um hematoma escuro já tinha
começado a se formar sob seu olho direito. Só por isso, Tom ia morrer.
Engrenagens guincharam quando as rodas foram dobradas para
dentro do avião. Shane assentou sua postura enquanto o avião subia em
plena inclinação, virando de um lado para o outro conforme o piloto
lutava por controle com a escotilha aberta. Ar correu para fora, sugando
papéis do balcão perto da porta. O ar frio da noite filtrando através da
pequena cabine.
Tom puxou a arma. Shane saltou para frente, batendo sua mão
armada contra a parede e enganchando o braço através do dele. Então
ele deu um passo, torceu o braço e puxou para trás, varrendo o joelho
de Tom ao mesmo tempo. O estalo do braço de Tom precedeu o baque
estrondoso dos homens batendo no assoalho, Shane nas costas de Tom.
Que berrou de dor.
O avião pendeu para o lado.
Josie gritou, batendo contra a janela antes de agarrar o encosto
de cabeça à sua frente com as mãos de dedos brancos.
Tom fez um rugido furioso, chutando Shane nas costas e o
desalojando. Os dois homens se levantaram. Shane limpou o sangue dos
olhos, forçando a dor ainda mais fundo. Que estava se tornando mais
persistente.
O avião se estabilizou, a escotilha aberta um buraco de sentença.
Uma garantia de que alguém iria mergulhar por ele antes que o voo
terminasse.
Tom agarrou o braço quebrado, raiva gravada nas linhas de seu
rosto.
Shane sorriu. O cara não tinha a marca especial de treinamento de
Matt para deixar toda essa emoção se mostrar. Bom. “Pronto para
morrer?”
A porta da cabine se abriu atrás de Tom, e o piloto saiu, uma
nove-milímetros apontada para Shane. “Feche a escotilha.”
Josie ofegou. “Quem está pilotando o avião?” O vento assobiou
uma trombeta sinistra pela entrada aberta.
O piloto sorriu com dentes tortos amarelados. Uma luz estranha
brilhava de seus olhos, suas pupilas completamente dilatadas. O cara
estava drogado? “Piloto automático.” Ele levantou o braço, apontou para
Shane, e disparou.
Shane saltou na frente de Josie, forçando-a para o chão. A bala
rasgou o revestimento de madeira na parte traseira da aeronave. Um
metal de cor parda chamou sua atenção. Em um movimento fluido, ele
agarrou a arma caída de Tom, deslizou para o corredor em seus joelhos,
e disparou contra o piloto.
Tom se esquivou para o lado.
A bala atingiu entre os olhos do piloto. Material cinzento salpicou a
porta da cabine. Sangue espirrou por toda a primeira fileira de assentos.
O piloto caiu no chão, a arma batendo no assoalho.
Tom pegou a arma, mas Shane saltou para frente, e pressionou o
pé contra sua mão. Com força. “Isso não é bom, Tommy.” Se ele
deixasse Tom vivo, o homem simplesmente continuaria vindo atrás
deles, junto com o comandante. Hora de acabar com isso — para
sempre.
Tom deslizou até que suas costas descansaram contra a parede
mais distante, sangue escorrendo por seu rosto, o braço quebrado
pendendo inutilmente para o lado. Fúria iluminava seus olhos castanhos.
Ódio franzia seus lábios.
Memórias. Flashes de luz atravessaram a cabeça de Shane como
facas afiadas. Dor se seguiu até que ele tinha certeza de seus ouvidos
sangravam. Ele não conseguia bloqueá-la. Como um milhão de câmeras
de paparazzi piscando ao mesmo tempo, a visão e os sons cresceram
ensurdecedores.
Jory.
Seu irmão, tiro no peito, caindo no chão. Olhos abertos.
As memórias de Shane se derramaram como concreto espesso.
Encoberto. Ele tinha encontrado o vídeo, e tinha assistido. Lágrimas o
havia sufocado com fúria. Mas, então, quase dois anos em sua missão,
ele tinha encontrado o segundo vídeo. Aquele em que Jory piscava
depois de ser baleado. Talvez. Talvez tivesse sido um truque de luz — o
ângulo da câmera. Mas... Talvez tivesse sido mesmo um piscar de olhos.
Shane engasgou, quase se curvando com a memória.
Um movimento soou. Josie gritou. Shane se virou instintivamente
em direção ao som, o movimento salvando sua vida.
Tom o atacou, dirigindo a cabeça em seu estômago. Shane bateu
no balcão a centímetros da escotilha aberta. O avião saltou, e depois
inclinou para a esquerda. Eles estavam caindo.
Shane girou, varrendo a perna debaixo de Tom. E empurrou.
Tom voou para fora da escotilha e na noite escura, seu grito
ecoando atrás deles até desaparecer no silêncio.
Com um grunhido puto, ele se inclinou e puxou a escada para
dentro antes de deslizar a escotilha fechada. Seus ouvidos zumbindo no
silêncio repentino.
Josie se levantou do assento, correndo em sua direção. Ele a
agarrou e a puxou o mais perto possível. O cheiro de frutos silvestres
enchendo seu nariz. “Está tudo bem, Josie. Estamos a salvo.”
Ela ergueu o rosto para ele, lágrimas enchendo seus olhos. “Diga-
me que você sabe como pilotar um avião.”
Ele sorriu, levantando-a sobre o cadáver do piloto para se sentar
na cabine. Acomodando seu corpanzil no assento do piloto, ele agarrou
a alavanca e endireitou o avião. “É claro, querida. Aprendi a voar
quando tinha doze anos.”
“Onde estamos indo?”
“Casa.”
Ela gostasse ou não.
Capítulo 32