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Divisão em 4
momentos 1º momento
(ll.1 a 61)
GI GEORGE GEORGINA
1.2.
George evoca o seu passado, materializado na figura de Gi, e perspetiva o seu futuro,
criando uma imagem mental de si própria na velhice, a Georgina.
1.3
O “lindo sorriso” e os “cabelos escuros” de Gi são substituídos pelo sorriso alheado e os cabelos
pintados de Georgina. Os nomes da personagem coadunam-se com os diferentes momentos da
sua evolução:
• Gi é um nome constituído por apenas uma sílaba, uma abreviatura carinhosa usada até
à sua juventude;
• George transmite uma maior sobriedade; poderá tratar-se do nome artístico da pintora;
• Georgina é o nome mais longo, mais sério e pesado (também pelo número de sílabas),
condizendo com a idade.
2. George encontra-se a caminhar numa “longa rua” (l. 3) num dia de muito calor.
• Destaca o efeito expressivo da utilização do plural nas formas verbais com que se
iniciam os dois parágrafos do texto.
4.
“ …perdeu a bússola não sabe onde nem quando, perdeu tanta coisa sem ser a bússola. Perdeu
ou largou?” (l.7) - caracterização psicológica da protagonista ao longo do conto
George aprecia a liberdade e, por isso, evita criar vínculos com objetos e lugares. Assim, a
pergunta reforça a ideia de que as perdas da personagem poderão ser deliberadas.
5.
“… por isso se foi um dia com uma velha mala de cabedal riscado, não havia outra lá em casa.
E as suas malas agora são caras, leves, malas de voar e com rodinhas.” (ll. 58 a 61)
• Esclarece a decisão de George de “ter deixado a vila” (l.38) e ter partido “à descoberta
da cidade grande” (ll. 31 -32), considerando as convenções sociais expostas no diálogo
com GI.
6.
Na época em questão, não parece ser aceitável uma mulher partir sozinha para uma cidade
grande, já que esse seria um local de perdição. A mulher deve cumprir o seu papel, isto é,
casar, ter filhos e tomar conta da casa [Diálogo entre George e Gi:
- Ainda desenhas?
– Se não desenhasse dava em maluca. E eles acham que eu tenho muito jeitinho, que hei
de um dia ser uma senhora da vila, uma esposa exemplar; uma mãe perfeita, tudo isso com
muito jeito para o desenho. Até posso fazer retratos das crianças quando tiver tempo, não é
verdade?” ll. 92-95)].
7.
• Aponta duas referências incluídas no discurso da “mulher velha” (l.129) que permitam
associá-la à metamorfose futura de George.
8.
À sua frente uma senhora de idade, primeiro esboçada, finalmente completa, olha-a
atentamente. De idade não, George detesta eufemismos, mesmo só pensados, uma mulher
velha… (ll.127 a 129)
[…]
- Também tenho muitos encontros, eu. Não quero tê-los mas sou obrigada a isso, vivo tão só.
Cheguei à ignomínia de pedir a pessoas conhecidas retratos da minha família. Não tinha
nenhum. Não tinha nenhum, só um retrato meu, de rapariguinha…[…]
- E verá que está só e olhará para o espelho com amais atenção e verá que está velha.
Irremediavelmente velha.
- Não seja tonta, menina. Outro dia vai reparar, ou talvez já tenha dado por isso, que está a ver
pior, e outro ainda que as mãos lhe tremem […]
• Refere o(s) efeito(s) de sentido produzido(s) com o recurso à interrogação “porque havia
de ter?”
9.
À sua frente uma senhora de idade, primeiro esboçada, finalmente completa, olha-
a atentamente. De idade não, George detesta eufemismos, mesmo só pensados, uma
mulher velha. Tem as mãos enrugadas sobre uma carteira preta, cara, talvez italiana,
italiana, sim, tem a certeza. A velha sorri de si para consigo, ou então partiu para qualquer
lugar e deixou o sorriso com quem deixa o guarda-chuva esquecido numa sala ade espera.
O seu sorriso nada tem a ver com o de Gi – por que havia de ter? – são como odia e a
noite.
10.
A senhora de idade simboliza a voz da experiência, o saber empírico que alerta George para
os problemas com que se deparará no futuro.
Esta figura, fruto da sua imaginação, pode ser vista como a representação de um medo
inconsciente da personagem.
11.
12.
Depois das suas digressões ao passado e ao futuro, George tranquiliza-se por poder voltar a
casa e por se convencer de que, graças ao seu dinheiro, na velhice, não será uma pessoa só,
contrariamente ao prognóstico de Georgina.
13.
GRAMÁTICA
DD
– Se não desenhasse dava em maluca. E eles acham que eu tenho muito jeitinho, que
hei de um dia ser uma senhora da vila, uma esposa exemplar; uma mãe perfeita, tudo
isso com muito jeito para o desenho. Até posso fazer retratos das crianças quando tiver
tempo, não é verdade?” [GI]
DI