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Sermão de

Santo António
Sermão
Género de discurso de conteúdo e intenção religiosa ou
moralizante, cuja primeira forma de comunicação é oral, podendo
embora ser difundido depois pela escrita. Tomando habitualmente
por tema versículos da Sagrada Escritura, desenvolvem-se, por
indução ou dedução, raciocínios que, uma vez provados [...],
conduzem a uma conclusão de intenção ilocutiva.
CASTRO, Aníbal Pinto de, 2001. «Sermão». In Biblos – Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua
Portuguesa. Vol. 4. Lisboa: Verbo (p. 1272)
Objetivos da eloquência
Delectare (Deleitar) Movere (Influenciar) Docere (Ensinar)
Dimensão estética Dimensão persuasiva Dimensão didática
▪ Frases exclamativas ▪ Frases imperativas ▪ Frases declarativas
▪ Interjeições
▪ Interjeições ▪ Argumentos de autoridade
▪ Discurso figurativo:
alegoria, comparação, ▪ Apóstrofes ▪ Explicações e descrições
metáfora ▪ Interrogações retóricas ▪ Discurso figurativo:
▪ Interrogações retóricas ▪ Outros recursos alegoria, comparação,
▪ Outros recursos expressivos: gradação, metáfora
expressivos: gradação,
anáfora, antítese e ▪ Outros recursos
anáfora, antítese, apóstrofe
e enumeração enumeração expressivos: gradação,
▪ Elementos não verbais: ▪ Argumentos de autoridade anáfora, antítese e
entoação, pausas, ritmo... enumeração
Sermão de Santo António: visão global e estrutura argumentativa
. Apresentação do conceito predicável
Capítulo I Exórdio
. Invocação a Maria

Exposição Apresentação da estrutura do sermão


Capítulo II
Louvores em geral
Louvores
Capítulo III Louvores em particular

Capítulo IV Repreensões em geral


Repreensões
Capítulo V Repreensões em particular

Capítulo VI Peroração Elogio e apelo aos peixes


Intenção persuasiva e exemplaridade

Com o Sermão de Santo António, Vieira visa os objetivos da


eloquência e procura impressionar e comover os seus auditórios para
os persuadir, ou seja, convencer, mobilizar e levar à ação.
A sua intenção era, pois, conseguir, por meio da alegoria dos peixes,
tornar evidente aos homens os seus comportamentos incorretos e
convencê-los da necessidade de os corrigirem e de adotarem uma
conduta moralmente correta.
Intenção persuasiva e exemplaridade

Através da alegoria, os peixes adquirem


o valor de exemplos das ações e
comportamentos humanos:
● elogiando os peixes, o orador critica os
homens pela falta das qualidades
louvadas;
● repreendendo os peixes, denuncia os

vícios e defeitos dos homens que eles


representam.
Alegoria e crítica social

Vieira serve-se da alegoria da pregação aos peixes para, através dos


louvores e das repreensões que lhes dirige, desenvolver a crítica social.
Através dos peixes, o orador denuncia comportamentos dos homens
merecedores de reprovação: o facto de os mais poderosos explorarem
os mais frágeis (ou, metaforicamente, os grandes comerem os
pequenos),
a «cegueira», a arrogância, o parasitismo, a vaidade, a ambição
inconsequente, a hipocrisia e a traição.
Alegoria e crítica social
Discurso figurativo

Discurso em que, por meio de diferentes


recursos expressivos se aproximam os peixes dos
homens e se representam naqueles, ou através
deles, traços de carácter e comportamentos
humanos, permitindo aos ouvintes «visualizar»
os aspetos criticados:
● alegoria;
● metáfora;
● comparação.

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