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https://www.comumonline.com/2018/11/nome-de-guerra-e-nome-de-um-bom-romance/
#:~:text=Nome%20de%20Guerra%20%C3%A9%20o,do%20exerc%C3%ADcio%20das
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Quando o tio de Luís Antunes o envia para Lisboa, ao cuidado do seu amigo D. Jorge
(descrito como "bruto como as casas e ordinário como um homem"), com o propósito
de o educar nas "provas masculinas", não imaginava o desenlace de tal aventura.
Apesar de, na primeira noite, D. Jorge ter ficado convencido da inutilidade dos seus
préstimos, Antunes concluiu que o "corpo nu de mulher foi o mais belo espectáculo
que os seus olhos viram em dias de sua vida", decidindo-se a perseguir Judite.
Esta "via perfeitamente que o Antunes não estava destinado para ela", mas "não lhe
faltava dinheiro e dinheiro é o principal para esperar, para disfarçar, para mentir a
miséria e a desgraça". Assim se inicia a história de Luís Antunes e Judite, que terminará
com a prodigiosa e desconcertante frase, "não te metas na vida alheia se não queres lá
ficar".
Análise da capa/1ª impressão: diz o que achavas do livro ao leres o título e ao veres a
capa
Personagem favorita: (escolhi a judite porque não é a principal então não é básico) A
primeira personagem que aparece no romance não é o protagonista, mas sim
Judite. Esta é apresentada como tendo um nome de guerra — título do romance —
que, no entanto, não será dado a conhecer pelo leitor. E o que é um nome de
guerra senão uma persona que Judite colou a si própria? Indaga o narrador:
Parece que, em verdade, um nome suposto facilita. Não sei o quê, mas facilita. E se
facilita é porque o nome verdadeiro transtorna ou transtorna-se. Haverá assim
necessidade da mentira para defender a verdade? (NG. p.31)
Lição a tirar: A moral que tiro de Nome de Guerra é que a procura do Bem e da
Verdade é sempre mais compensadora e que, apesar do mal se apresentar, muitas
vezes, com aparência de bem, o lodo acaba por vir ao de cima. Sejamos pessoas
autênticas, puras, limpas, despidas de caprichos e comodidades. Sejamos, em cada
momento, capazes de morrer pela vida!
Em termos de construção narrativa, o romance representa a luta entre a personalidade do
indivíduo e as normas da sociedade por adquirir uma certa autonomia. Antunes, o neófito,
rebela-se contra os padrões sociais: "amava a verdade acima de tudo", "quem pensa sozinho
não quer senão a verdade, as justificações são por causa dos outros".
Conclusão: Negreiros foi, entre outras coisas, um futurista, pelo que este não vai ser o
teu romance convencional e não é. O autor pula dentro e fora da narrativa,
comentando, muitas vezes com cinismo, sobre os vários personagens e não tem medo
de zombar de alguns dos romances mais convencionais. Não creio que nem os
comentadores portugueses considerem este um grande romance mas é certamente
uma visão interessante de como crescer e uma visão cínica do romance romântico
convencional.
A "simplicidade extremamente sofisticada" (Jorge de Sena) da linguagem narrativa e o seu
tratamento inovador do amor poderiam ter revolucionado a prosa portuguesa com a sua
tradicional dependência do academismo. Porém, o romance não chegou a ter um êxito
comparável, por exemplo, à Macunaíma de Mário de Andrade no Brasil, que transformou a
prosa literária brasileira. A tendência geral de a burguesia portuguesa de princípios do século
XX não ter questionado os modelos culturais e morais pode ter contribuído à dificuldade dos
escritores de inovar os estilos e certos tratamentos temáticos.