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Almada negreiros nome de guerra

https://www.comumonline.com/2018/11/nome-de-guerra-e-nome-de-um-bom-romance/
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Biografia de Almada Negreiros:


Resumo do livro: O livro pode ser resumido essencialmente como um jovem vai à
cidade grande para se encontrar (sexualmente) e o faz . No entanto, há muito mais do
que isso. Antunes (mais tarde ficamos sabendo que seu primeiro nome é Louis) é
claramente um jovem (-ish) que tem muito a aprender. Em outras palavras, este é um
Bildungsroman. Porém, Antunes se analisa até a morte e, de fato, muda de opinião a
cada poucos minutos, embora saibamos e, na verdade, ele sabe, ele só quer um pouco
de sexo, que não está recebendo em casa de Maria. Negreiros martela em casa sua
incerteza, dividido entre sua educação cavalheiresca e suas necessidades animais
básicas.
Nome de Guerra, escrito em 1925, é o romance de iniciação de um jovem provinciano
proveniente de uma família abastada.

Quando o tio de Luís Antunes o envia para Lisboa, ao cuidado do seu amigo D. Jorge
(descrito como "bruto como as casas e ordinário como um homem"), com o propósito
de o educar nas "provas masculinas", não imaginava o desenlace de tal aventura.
Apesar de, na primeira noite, D. Jorge ter ficado convencido da inutilidade dos seus
préstimos, Antunes concluiu que o "corpo nu de mulher foi o mais belo espectáculo
que os seus olhos viram em dias de sua vida", decidindo-se a perseguir Judite.

Esta "via perfeitamente que o Antunes não estava destinado para ela", mas "não lhe
faltava dinheiro e dinheiro é o principal para esperar, para disfarçar, para mentir a
miséria e a desgraça". Assim se inicia a história de Luís Antunes e Judite, que terminará
com a prodigiosa e desconcertante frase, "não te metas na vida alheia se não queres lá
ficar".

Análise da capa/1ª impressão: diz o que achavas do livro ao leres o título e ao veres a
capa

Personagem favorita: (escolhi a judite porque não é a principal então não é básico) A
primeira personagem que aparece no romance não é o protagonista, mas sim
Judite. Esta é apresentada como tendo um nome de guerra — título do romance —
que, no entanto, não será dado a conhecer pelo leitor. E o que é um nome de
guerra senão uma persona que Judite colou a si própria? Indaga o narrador:

Parece que, em verdade, um nome suposto facilita. Não sei o quê, mas facilita. E se
facilita é porque o nome verdadeiro transtorna ou transtorna-se. Haverá assim
necessidade da mentira para defender a verdade? (NG. p.31)

E novamente a questão dos nomes. Nome de guerra, sobrenome, anonimato. Como


sobreviver, como viver em sociedade, defendendo nossa individualidade e
assumindo, ao mesmo tempo, um papel? Judite é encarada como aquela que é só
persona, como aquela que escolheu um papel — talvez para poder enfrentar a
sociedade —, que vive a maior parte do tempo como Judite, age como Judite e até
parece poucas vezes se lembrar de que não é Judite. Mas, ou por prudência ou por
incapacidade, não revela seu verdadeiro nome: cala-se.

Lição a tirar: A moral que tiro de Nome de Guerra é que a procura do Bem e da
Verdade é sempre mais compensadora e que, apesar do mal se apresentar, muitas
vezes, com aparência de bem, o lodo acaba por vir ao de cima. Sejamos pessoas
autênticas, puras, limpas, despidas de caprichos e comodidades. Sejamos, em cada
momento, capazes de morrer pela vida!
Em termos de construção narrativa, o romance representa a luta entre a personalidade do
indivíduo e as normas da sociedade por adquirir uma certa autonomia. Antunes, o neófito,
rebela-se contra os padrões sociais: "amava a verdade acima de tudo", "quem pensa sozinho
não quer senão a verdade, as justificações são por causa dos outros". 

Conclusão: Negreiros foi, entre outras coisas, um futurista, pelo que este não vai ser o
teu romance convencional e não é. O autor pula dentro e fora da narrativa,
comentando, muitas vezes com cinismo, sobre os vários personagens e não tem medo
de zombar de alguns dos romances mais convencionais. Não creio que nem os
comentadores portugueses considerem este um grande romance mas é certamente
uma visão interessante de como crescer e uma visão cínica do romance romântico
convencional.
A "simplicidade extremamente sofisticada" (Jorge de Sena) da linguagem narrativa e o seu
tratamento inovador do amor poderiam ter revolucionado a prosa portuguesa com a sua
tradicional dependência do academismo. Porém, o romance não chegou a ter um êxito
comparável, por exemplo, à Macunaíma de Mário de Andrade no Brasil, que transformou a
prosa literária brasileira. A tendência geral de a burguesia portuguesa de princípios do século
XX não ter questionado os modelos culturais e morais pode ter contribuído à dificuldade dos
escritores de inovar os estilos e certos tratamentos temáticos.

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