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Mariana Barata Apreciação Crítica - Português 2020/2021

CEM ANOS DE SOLIDÃO


Cem Anos de Solidão é um romance de Gabriel García Márquez
publicado em 1967. Gabriel García Márquez nasceu a 6 de março de 1927
no México. Foi escritor, jornalista, editor, ativista e político colombiano,
tendo sido galardoado com o Prémio Internacional Neustadt de Literatura
em 1972 e com o Nobel da Literatura em 1982.
Este livro é um clássico da literatura latino-americana publicado pela
primeira vez em 1967, sendo escrito com sagacidade incisiva e
delineamento de caráter soberbo porém não é um livro fácil de ler devido
à sua riqueza lexical e complexidade da teia de relações entre os diversos
personagens. De uma forma bastante resumida, a história é passada na
pequena cidade fictícia de Macondo, uma aldeia familiar isolada na zona
rural colombiana. Foi aqui que se instalou a família Buendía após o
casamento dos primos José Arcadio Buendía e Úrsula Iguarán e onde
habitaram sete gerações durante cem anos, daí o título do livro.
Admito que o que me suscitou mais curiosidade para ler o livro foi
a capa e o título devido à sua singularidade. Quando olhei para eles pela
primeira vez, pensei que se tratasse de amor-próprio ou de amor pela
natureza uma vez que a figura se encontra na natureza completamente
sozinha. Outra interpretação que tirei apenas com a capa foi que existiria
uma referência ao conto folclórico “O Flautista de Hamelin”, sendo assim
o instrumento e a presença de animais à sua volta fascinados pela figura
feminina uma metáfora, em que esta iria manipular e conquistar
qualquer homem que quisesse. No entanto, durante a leitura, fui
percebendo que o conteúdo da história era totalmente diferente
daquilo que a minha primeira impressão me “ditou”.
É aqui que se encontra a magia da leitura. Por muito que a minha imaginação crie inúmeras versões da história a partir do que
observo, esta acaba quase sempre por nos surpreender e ser totalmente oposto ao que espectávamos.

Uma frase que me marcou particularmente foi: “Aureliano José estava


destinado a encontrar com a felicidade que Amaranta lhe negara, a ter sete
filhos e a morrer nos seus braços de velhice, mas a bala que lhe atingiu as
costas e lhe partiu o peito tinha sido dirigido por uma interpretação errada das
cartas.” Ao longo de Cem Anos de Solidão, a ideia de um destino predeterminado
é aceite como natural. Como o tempo é cíclico, ver o futuro pode ser tão fácil
quanto lembrar o passado. Esta frase mostra que uma previsão não apenas
prenuncia o futuro, mas também o afeta. É neste momento que conseguimos
compreender que nós é que escrevemos o nosso próprio destino e não
podemos esperar que o destino nos traga a felicidade mas sim ir à procura dela.

Tentei determinar o meu momento preferido do livro mas é impossível porque


todo o crescimento desta família foi o meu “momento preferido”. Cem Anos de
Solidão não é de todo um romance tradicional. Neste livro tudo parece
Úrsula Iguarán acontecer: guerras políticas, crises religiosas, homicídios, incestos e abandonos.

Além disso, os mortos e os vivos coexistem harmoniosamente, como é comum no realismo mágico. Com isto abordam-se dois
grandes temas, que atraem tantos leitores e que tornam a obra algo inegavelmente inovador: a subjetividade da realidade
experimentada e a inseparabilidade do passado, presente e futuro.

Em suma, afirmo que a obra Cem Anos de Solidão foi, sem dúvida, uma grande surpresa para mim. Não estava à espera de
gostar tanto de um livro! Este livro é, definitivamente, merecedor de todos e quaisquer uns prémios.

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