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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

CURSO DE LETRAS – LINGUA PORTUGUESA


DISCIPLINA: LITERATURA BRASILEIRA MORDENISMO
PROF. MARCELO SPITZNER
FARIAS, Aryson1
Análise: "Felicidade Clandestina", de Clarice Lispector
“Felicidade Clandestina”, é uma compilação de vários textos escritos por
Clarice Lispector em vários momentos da vida. Ao todo, Felicidade Clandestina reúne
25 textos sobre diversos temas, como infância, adolescência, família, amor e questões
da alma. Assim como a crônica que dá título ao livro, muitos dos textos assumem um
caráter autobiográfico, trazendo à tona memórias da infância da autora. Através da
memória de fatos passados.
Uma das técnicas mais utilizadas nesses contos é a narração em fluxo de
consciência, uma tentativa de representar os processos psicológicos dos
personagens. Essa narrativa não tem estrutura sequencial porque as ideias não são
expressas de maneira ordenada. Desta forma, parece que a autora não tem controle
sobre o personagem e deixa sua imaginação correr solta.
Felicidade Clandestina
O conto "Felicidade Clandestina" de Clarice Lispector é certamente uma obra
interessante para se analisar de forma positiva. É sobre uma garota que é humilhada
por outra por causa de um simples livro.
Conforme descrito na história, a menina que humilha e descrita como feia. Por
outro lado, o fato de seu pai ser dono de uma livraria torna-se a chave para seu reinado
como uma menina má e mesquinha, já que ela não gosta de ler, ao contrário de todas
as outras meninas de sua idade, que gostam.
Então ela não presenteava com livros, só cartões postais; mesmo que alguém
lhe peça emprestado livros, ela nunca os empresta com orgulho. Ao perceber que sua
mesquinhez a agrada por ser diferente das outras garotas, ela passa a torturar apenas
uma pessoa. Esta ficou obcecada em encontrar o livro que queria, sabia que era

1
Discente do curso de licenciatura em Letras, Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA,
Campus Tomé-Açu, PA E-mail: arysonbvilareal@gmail.com
enganada pela filha do dono da livraria, mas não parava de tentar emprestar livros
todos os dias.
Clarice Lispector sabe contar uma história da maneira que os leitores esperam
o melhor de seus protagonistas. E acontece quando a mãe da menina rebelde
descobre seus truques da humilhação diária da filha, ela tem que parar e "retribuir" a
filha em nome de menina incansável. Calma, ela apenas pediu à filha que desse o
livro para a menina e deixasse ela "ficar com ele o tempo que ela quiser".
Os acontecimentos que se seguem à atitude dessa mãe são decisivos para o
desfecho da história. A menina segura o livro nas mãos e descreve o momento como
valioso porque, para ela, vale mais a pena ter o livro indefinidamente do que tê-lo para
sempre. As palavras da menina nos remetem ao título do conto, "Felicidade
Clandestina", porque ter algo que não seja seu legítimo dono nos torna clandestino;
no caso da menina, o livro Monteiro Lobato).
A atitude da moça após a conquista nos mostra sua "confusão" e alegria.
Porém, o segredo da moça ainda pode ser observado na última linha da história,
quando Clarice, sabendo de todas as atitudes, compara a relação da moça com o livro
à de uma mulher e seu amante, relação que pode ser encerrada, mas que se
estabelece por tempo indeterminado.
Contos representativos
"Amizade sincera"
A história de dois homens que se tornam amigos inseparáveis, mas a certa
altura começam a não ter nada a dizer. Os dois moram juntos, mas não podem mais
ser amigos como antes e, no final, tomam rumos diferentes na vida e sabem que
nunca mais se verão.
"O ovo e a galinha"
Esta é uma das histórias mais icônicas de Clarice Lispector. A partir da visão
dos ovos na mesa da cozinha, o narrador inicia uma série de reflexões sobre as mais
variadas coisas. Esses pensamentos aparecem aleatoriamente e aparecem no fluxo
da consciência, onde um pensamento, sensação, sentimento etc, desencadeia outro
e assim por diante. Desta forma, ele desconstrói os objetos que vê, e então o ovo se
torna uma representação de qualquer coisa, seja física ou abstrata (liberdade,
amor, vida, etc.).
"Os desastres de Sofia"
Neste conto, a narradora relembra seus tempos de escola. Por volta dos nove
anos, ela desenvolveu um amor por seu professor, um homem feio e visivelmente
frustrado. A narradora se envolve em um jogo tão sádico com o professor que faz de
tudo para que ele a odeie. Em algum momento da narrativa, ele pede à sala que
escreva uma história com base nos dados que fornece. Ansiosa para ser a primeira a
terminar, a garota narradora rapidamente escreve sua história e sai triunfante da sala.
No entanto, depois de ler o texto que ela escreveu, o professor ficou profundamente
impressionado e até sorriu com conhecimento de causa. A narradora percebe que o
olhar do professor não está mais cheio de ódio como antes e se desespera com a
nova realidade. A partir daí, há um momento de epifania onde ela enfrenta a verdade
do mundo e sua vida muda.
Por fim, é importante observar que o narrador traça seu passado de forma
autobiográfica, mas não de forma "fiel". Em vez de simplesmente contar os fatos e o
que aconteceu em seu passado, ela os recria com base no que "eu" está passando
no presente. Isso fica evidente nas passagens em que o narrador admite ter dúvidas
sobre o que de fato aconteceu em determinadas situações e está em constante
hesitação. Assim, por meio de uma reconstrução assistemática de seu passado, a
narradora constrói uma imagem de si mesma no presente.
Outros contos que fazem parte da obra:
Restos do Carnaval, O Grande Passeio, Come, meu Filho, Perdoando Deus,
Tentação, Cem Anos de Perdão, A Legião Estrangeira, Os Obedientes, A Repartição
dos Pães, Uma Esperança, Macacos, Os Desastres de Sofia, A Criada, A Mensagem,
Menino a Bico de Pena, Uma História de Tanto Amor, As Águas do Mundo, A Quinta
História, Encarnação Involuntária, Duas Histórias a meu Modo, O Primeiro Beijo.

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