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PRIMITIVA
EDJEFERSON SANTOS LIMA
A filha primitiva
- Vanessa Paulino Venancio Passos nasceu em Fortaleza em 13 de abril de 1993
e atualmente encontra-se vivendo em Porto Alegre com sua filha Bela Paulino
e seu marido Paulo Henrique Passos;
- Em 2022, a autora estreou uma coluna no jornal O Povo, onde conta sobre as
experiências de uma mulher na carreira literária;
- A filha primitiva se destaca como sua maior obra até então, tendo ganhado a
6ª edição do Prêmio Kindle de Literatura.
SOBRE SUA
ESCRITA
- Como pontuado pela própria autora, sua escrita “direta, nua e crua”
no começo foi alvo de críticas, com uma linguagem visceral e o uso
constante de palavras obscenas, explícitas e mundanas. Para a
escritora cearense Kah Dantas, Vanessa Passos possui uma escrita
potente, que nos faz sair da indiferença ou negação. Já a escritora e
psiquiatra Natalia Timerman aponta que a linguagem em A filha
primitiva escancara verdades sem amparo;
- Sexualidade feminina (podendo ser observado nos contos Coisas que não
mudam e Palavras no papel presente na coletânea de contos A mulher mais
amada do mundo);
- Da mesma forma, Lygia Bojunga também foi uma das maiores influências
na vida autoral de Vanessa, já que foi a grande motivação para a criação de
seu primeiro livro Manual de estilo e criação literária com a artesã Lygia
Bojunga. Nas similaridades de escrita, Lygia também é caracterizada pelas
questões sociais, familiares e de gênero em suas obras;
- Sendo sempre muito citada, Vanessa parece resgatar em Clarice
Lispector todos os devaneios existencialistas e psicológicos que Clarice
escrevia com suas personagens. Através de protagonistas femininas, as
duas criam assuntos íntimos e individuais que podem perseguir a mente
de uma mulher, como solidão, perda, amor próprio, busca da identidade,
etc.
Através da narração da avó, é possível ver o quanto ela sofreu na sua vida
por ser uma mulher negra e pobre, que teve que se submeter a várias
situações ruins para conseguir sobreviver. Acima de todos os outros
personagens, ela parece ser a mais realista do livro. É uma mulher
religiosa, com uma certa ignorância para os assuntos sociais, mas que
ainda assim tem consciência de quem é, do que viveu e do que sofreu.
Fora do livro, são milhões de mulheres que existem no Brasil exatamente
no mesmo cenário, e essas mulheres merecem ter reflexão e estudo sobre
suas histórias.
“Antes de ir, eu raspei o cabelo feito minha mãe e prometi que nunca mais ia
deixar crescer pra homem nenhum no mundo querer arrancar aquilo que era
meu. Quando fui embora e me viram com o cabelo raspado, sorriram de um
jeito debochado, depois disseram que agora mais do que nunca eu parecia
uma escrava. Gente preta não presta nem pra ser empregada; ou vira bandido
ou vira prostituta!” - A filha primitiva
OBRIGADO