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A Legião Estrangeira

Os Desastres de Sofia
Eventos: A estória é narrada por uma garota que, após a morte de seu
professor do primário, conta eventos de 4 anos atrás, onde seu fascínio pelo
gordo e feio professor se assemelhava a, como descrito, uma espécie de amor
ou obsessão. A garota é extremamente arteira e importunava o professor a
toda chance, ação essa que descreve como uma forma de salva-lo, ou leva-lo
para seu lado, um dia o professor pede que os alunos escrevam um conto com
as próprias palavras sobre um homem pobre que, após sonhar com um
tesouro, vaga pelo mundo em busca das riquezas mas não as encontra, e
voltando para casa torna-se rico quando trabalha em sua plantação. A garota,
apressada para ir ao recreio termina a redação primeiro, com a tentativa de
subverter as expectativas do professor, em seu texto procura remover a moral
da estória original, adicionando a frase “o tesouro que se disfarça está
escondido onde menos se espera”, para sua surpresa o professor não recebe
essa adição com cólera, mas sim com admiração. A reação inicial da garota é
descrença, mas após fugir do professor e refletir, percebe que a forma com que
tratava o professor era uma reflexão de si mesma e suas próprias
inseguranças, sentimentos de falta de valor próprio.
Análise: O tema do conto é o próprio ato de escrever, e para Clarisse, uma
expressão do seu encontro com a literatura em si, o nome do conto é o mesmo
de um livro da Condessa de Ségur, este que Clarisse leu durante a infância. A
dinâmica do professor e da aluna é representada em certos momentos de
forma erótica, com a narradora descrevendo o professor como o santo e si
mesma como a prostituta, a mulher que ainda iria se tornar, descreve sua
relação com o professor como um ato de sedução, e ao fim, se descreve como
uma virgem anunciada. O fato é que a personagem da narradora vê no
professor uma figura de um inimigo, mas esse antagonismo é uma forma de
suporte para si, refletindo sua auto percepção negativa nele para justificar suas
ações, e sua repreensão como esperança de que no futuro, após a infância,
talvez se tornaria uma pessoa melhor que “não acredita nas mentiras”.
Também é interessante apontar que os papeis tradicionais de educador-
educando são invertidos, já que ao fim o professor se vê como um aprendiz e a
aluna se vê como uma “mestra”.
A Repartição dos Pães
Eventos: Um grupo de convidados a um almoço de sábado aparecem à casa
da anfitriã sem disposição para estar lá, por ser um sábado prefeririam gastar o
dia com pessoas que realmente importam e não com um grupo de estranhos,
porém essa falta de disposição logo desaparece quando o grupo percebe que a
mesa do almoço estava tão robusta e completa que sentem que não mereciam
tal alimento. O grupo se deleita sobre o banquete sem expelir palavra alguma
de amor, mas se regozijando com uma ideia vaga de união. Pão é o amor entre
estranhos
Análise: O conto possui uma série de simbolismos bíblicos, como a ceia, o fato
de que a anfitriã é descrita como uma pessoa que lava os pés de estranhos, e
o pão e vinho presentes no banquete; O conto representa o lado das pessoas
que se aproveitam do altruísmo, que sem merecer se regozijam sobre um
banquete que não merecem como se estivessem interessados desde o
princípio, como parasitas, sugando o que podem quando podem.
A Mensagem
Eventos: A história de um jovem que sente uma conexão verdadeira com uma
garota através da angústia, gerando um maravilhamento de finalmente poder
conversar sobre as coisas que realmente importam, essa conexão de ambos
através de sofrimento mútuo porém faz com que homem e mulher se
encontrem ambos num mesmo nível de compreensão, e essa visão diminui
nele a mulher nela, e passa a trata-la como um homem, a partir daí a relação
entre ambos começa a ruir e, entretanto, não conseguem se separar, não
sabendo o que queriam um do outro tratavam a si mesmos como rochas
menores a se apoiar antes de se alcançar as maiores, não havia amor, tanto
que ela contava a ele sobre a atração que tinha ao professor, e ele nãoa a via
como mulher. Durante um dia quando andam de volta para casa da escola se
encontram de frente com uma grande casa velha, essa que representa como
uma esfinge a maturidade que de certa forma buscavam alcançar, no fim a
garota assume seu papel de mulher, e o garoto assume seu papel de homem,
com a dúvida sanada de que não havia forma dele realmente compreender
angústia, justificando o que julgava ser um ludibrio da garota como a razão pela
qual a relação ruiu em primeiro lugar, ele era homem e ela mulher. Os dois se
separam e o jovem fica vazio sentindo que, justificando o sentimento como um
momento de fraqueza, realmente precisava dela.
Análise: O conto representa uma história de jovens tentando encontrar o
caminho da maturidade, a figura da casa representa todas as expectativas,
medos e inseguranças desse objetivo, seu tamanho força-os a olhar de baixo
para cima, diminuído suas figuras e deixando claro o quão pequenos são por
ser jovens. O fim deixa um vazio de uma relação não compreendida e não
vivida, abandonada pela ignorância.
Macacos
Eventos: O conto é sobre as experiências da narradora com macacos de
estimação, o primeiro macaco tendo entrado em sua casa perto do ano novo,
quando a mulher foi desfazer-se do bicho seus filhos a imploravam para que
fique lá, dizendo: “E se eu prometer que um dia o macaco vai adoecer e
morrer, você deixa ele ficar? ”. Um ano depois a mãe vê na praia de
Copacabana um homem vendendo macacos, e se lembrando de seus filhos e
das alegrias que eles a traziam resolve comprar uma macaca para criar uma
“cadeia de alegria”. A macaca, chamada Lisette, era pequena a ponto de quase
caber nas mãos, tendo brincos saia colar e pulseira, porém sua vida foi
efêmera, durando apenas três dias até adoecer, a família leva a macaca a um
hospital onde o médico diz que sua vida é improvável, e que não se compra
macacos na rua já que eles podem vir com uma doença, “tinha-se que comprar
macaca certa, saber da origem, ter pelo menos cinco anos de garantia do
amor, saber do que fizera ou não fizera, como se fosse para casar”. A mãe diz
ao doutor, que é um amante de animais, que se conseguir fazer a Lisette viver
pode considera-la de si. No fim a macaca morre, o filho da narradora pergunta
a ela se Lisette morreu de brincos, e a mãe responde que provavelmente sim,
um tempo depois o filho mais velho diz "Você parece tanto com Lisette!", e a
narradora responde "Eu também gosto de você".
Análise: O tema da relação humana com animais é recorrente na coletânea.
Nesse conto em particular, há uma clara antropomorfização da macaca Lisette,
que que usa saia e brincos, é descrita com uma aparência imigrante e jeito
delicado, também há uma comparação da macaca com a narradora nas últimas
sentenças do conto. Além desse tema, percebi uma certa semelhança na
descrição da macaca com a forma que as pessoas tendem tratar a ideia de ter
filhos. Também há uma justaposição da forma que o primeiro macaco é
tratado, indesejado utilizando da morte como argumento para que fique, e da
macaca Lisette, desejada, utilizando da doação como argumento para que viva,
o conto parece fazer um ponto sobre como descartamos coisas importantes
quando temos a chance de te-las.
O Ovo e a Galinha
Eventos: Pode ser classificado como uma dissertação sobre o mistério do ovo,
é uma descrição linguisticamente complexa sobre as filosofias do ovo.
Análise: A narrativa é uma análise introspectiva, que acompanha os
pensamentos do locutor, muitas vezes rompendo com a linearidade e
contradizendo linhas de pensamento. O absurdo do objeto de análise questiona
a realidade inicial estabelecida na primeira frase do texto, que logo é rompida,
parte do princípio de que há uma verdade a ser contada, mas a linguagem
confunde e disfarça essa verdade. A figura do ovo e da galinha são claras
referências à clássica pergunta de quem veio primeiro, notável pelo seu
absurdo por ser uma pergunta que pode ser aproximada de tantos ângulos até
que se perceba que não há uma resposta real, o texto ironiza a questão
original, criando uma filosofia baseada em comparações tão absurdas que
podem fazer com que a pergunta de quem veio primeiro comece a fazer
sentido em comparação. A estrutura do texto em si é um desafio para os limites
da literatura, questionando o alcance do absurdo nos elementos que possam
montar uma narrativa, narrativa esta que é argumentável que a tese sobre o
ovo não monta, de fato, chamar “O Ovo e a Galinha” de um conto pode ser
considerado esticar os limites de significado da palavra em si, mas se não é um
conto, o que é? Quem veio primeiro? O ovo ou a galinha?
Tentação
Eventos: Uma garota ruiva soluçando senta nos degraus da frente de sua casa
numa tarde, observada por uma pessoa do outro lado da calçada são narrados
os eventos em que um Cão Basset, também ruivo, atravessa a rua, os dois
como se metades de um mesmo ser param e num momento inerte olham um
nos olhos do outro, como se pudessem se comunicar, o Basset então
atravessa a rua, a garota o segue com os olhos, mas ele sendo mais forte que
ela não olha para trás.
Análise: Novamente o tema de relação animal com o homem, o conto utiliza o
“ser ruivo” como característica distintiva, “Numa terra de morenos, ser ruivo era
uma revolta involuntária”, e como tal representa a relação inseparável do
destino entre a raça humana e a dos cães.
Viagem à Petrópolis
Eventos: Narra a história de mocinha, uma idosa cuja família inteira morreu
conforme a vida passou e ficou sozinha, vivia de caridade na casa de uma
família que, cansada de sua presença, resolveu leva-la para Petrópolis para
deixa-la na casa de um parente, durante a viagem ela tenta se relembrar de
sua vida e de seus familiares que morreram, como os filhos e o marido. Ao
chegar na casa de Arnaldo, o parente, ela é recusada, Arnaldo a paga uma
passagem para o Rio para que volte a casa da mãe e diga que “A casa de
Arnaldo não é asilo não, viu! ”, mocinha aceita a passagem, mas antes de
voltar logo decidiu fazer o de costume, passear um pouco e apreciar a
paisagem, sentou-se numa pedra junto à uma árvore, e como estava cansada
se apoiou para descansar e morreu.
Análise: Este conto é notório por ter sido escrito quando a autora tinha apenas
14 anos, isso se torna bem claro quando se percebe que esse é provavelmente
o mais objetivo da coletânea, sem a linguagem rebuscada, porém, ainda com a
introspecção de personagens que lhe é característica. A história de mocinha é
uma de solidão, de como o valor de um indivíduo é apenas percebido quando
está rodeado de pessoas que se importam com si, mocinha morreu sozinha,
sem ninguém para prantear ou sequer sentir sua falta.
A Solução
Eventos: O conto narra a história das “amigas” Almira, gorda e presunçosa, e
Alice, pensativa e educada. A amizade era unilateral, partindo completamente
de Almira que era sempre ignorada por Alice aos sorrisos. Um dia Almira
percebeu que Alice chegara atrasada para ao trabalho e mais tarde encontrou-
a chorando com os olhos vermelhos, no almoço implorou para que Alice a
explicasse o que acontecera, e Alice, enfurecida, grita “Sua gorda Você não
pode me deixar em paz? ”, e grita que a razão de sua tristeza é que “Zequinha
foi embora para Porto Alegre e não vai mais voltar. Numa espécie de despertar
Almira responde Alice enterrando um garfo em sua garganta, logo sendo presa.
Na prisão Almira finalmente tem companheiras e se dá muito bem com as
guardiãs, que por vezes à entregam barras de chocolate “exatamente como
para um elefante no circo”.
Análise: O tema é a relação interpessoal unilateral, representada por Almira,
sendo gorda, representando sua gula pela amizade de Alice que a tolera.
Evolução de uma Miopia
Eventos: Conta a história de um garoto de óculos que se torna obcecado com
as classificações em que os adultos o atiravam de forma instável, o ser
educado, o ser inteligente, o ser dócil, todas instáveis pois eram dependentes
de situação e contexto. O garoto recebe a notícia que iria passar um dia na
casa de uma prima casada e sem filhos, e nisso vê a oportunidade de, a partir
das primeiras impressões, escolher a classificação a qual seria julgado pelo
amor da prima, criando assim pela primeira vez uma estabilidade porém no dia
em questão é pego de surpresa pela prima ter um dente de ouro, a quebra do
planejamento faz que o plano pare de funcionar, além disso o amor que
acreditava que viria garantido da mulher de forma imediata veio de forma mais
gradual e natural, suas observações não surtiam efeito na forma como ela o
via. Numa pausa no banheiro decide que já que seu plano não tinha dado
certo, iria passar um dia inteiro sem ser julgado como nada, assim criando uma
estabilidade, porém, conforme o dia passava percebia que era julgado pela
prima como um amado. Nesse dia percebeu uma das raras formas de
estabilidade, a do desejo irrealizável, no caso o desejo da prima de ter filhos, e
que o menino de óculos fosse seu, um ideal intangível, pela primeira vez sentiu
atração pelo imoderado e amor à paixão, e de repente era como se a miopia
acabasse e ele pudesse ver o mundo claramente. “Talvez tenha sido a partir de
então que pegou um hábito para o resto da vida: cada vez que a confusão
aumentava e ele enxergava pouco, tirava os óculos sob o pretexto de limpá-los
e, sem óculos, fitava o interlocutor com uma fixidez reverberada de cego”.
Análise: O texto apresenta ideias de instabilidade da percepção humana e
relação a indivíduos, instável pois é dependente de situação e contexto, e o
desagrado dos rótulos que tentam definir o mutável constante, o dente de ouro
representa o fato de que o inesperado é constante, e que a ideia tradicional de
estabilidade é inalcançável da maneira ideal, a única certeza real é a incerteza,
e a única estabilidade é o fato de que podemos garantir a instabilidade.
A Quinta História
Eventos: O conto é narrado da perspectiva de uma escritora contando ideias
para estórias. A primeira, “como matar baratas”, fala da personagem que se
queixa da infestação de baratas em sua casa e recebe de uma senhora a dica
de uma mistura de açúcar e gesso que seria capaz de matar e prender as
baratas. A segunda, “O Assassinato”, é a mesma até o ponto da mistura, e
linguisticamente mais rebuscada e descritiva fala sobre a narradora acordando
durante a noite para ver as baratas mortas. A Terceira, “Estátuas”, é a mesma
até o ponto das baratas mortas, onde continua descrevendo o processo de
endurecimento das mesmas pelo gesso, sendo descritas como corpos
carbonizados e endurecidos pelo Vesúvio em Pompéia. A quarta, sem nome,
descreve a manhã seguinte onde a narradora encontra novas baratas em sua
casa. O conto termina descrevendo o começo da quinta história, “Leibnitz e a
transcendência do amor na Polinésia”, que começa com as baratas.
Análise: O conto apresenta uma metalinguagem que descreve o próprio
processo de surgir com ideias para estórias e descreve-las. Clarisse Lispector
era notória por escrever e reescrever suas estórias, fato representado no fato
de que na manhã seguinte ainda existem baratas a serem dedetizadas, um
ciclo infinito de ideias de uma obra que nunca é realmente finalizada.
Uma Amizade Sincera
Eventos: Narra a história de dois amigos que se conheceram no último ano de
colégio, no começo tinham uma relação bem movimentada onde não havia
nada que não pudessem confiar um ao outro, porém com o tempo as
conversas se desgastaram e ficavam sem coisas para falar, Ao convite do
narrador, seu amigo que antes morava sozinho passa a morar em sua casa,
animados vêm a oportunidade de reascender as chamas da amizade, porém
percebem que estão mais solitários juntos do que por si mesmos, quando o
amigo tem uma questão a ser resolvida com a prefeitura o narrador usa do
caso como pretexto para uma intensa movimentação em busca da
documentação exigida, e após isso ambos tem assunto temporário. Com isso o
narrador percebe o porquê dos noivos se presentearem, para ceder a alma um
ao outro, coisa que nenhum dos amigos estava disposto a fazer, e como tal
estavam fatigados, o conto termina com a separação de ambos ao pretexto de
férias de família, e com um último aperto de mão melancólico percebem que
nunca mais iriam se ver, e que também não queriam se ver, mas que no fim
sabiam que eram amigos sinceros.
Análise: O conto analisa uma complexa situação social entre amigos,
apresenta a verdadeira amizade sincera como uma que inevitavelmente
encontraria seu fim pela própria sinceridade e desgaste.
Os Obedientes
Eventos: Um casal viveu muitos anos juntos. Sua harmonia conjugal era
aparentemente perfeita. Mas não tinham emoções. Cumpriam com perfeição a
rotina, totalmente obedientes ao que se convencionou chamar de realidade de
um casal, inclusive quanto à fidelidade. Nem individualmente nem em comum,
faziam ou diziam algo de inconveniente. Já ultrapassada a idade de 50 anos,
ambos começaram a ter alguns sonhos. Cada um pensava timidamente em
seu interior sem falar: ele imaginava que muitas aventuras amorosas
significariam vida; ela, que outro homem a salvaria. Certo dia, ela estava
comendo uma maçã e sentiu quebrar-se um dente da frente. Olhou-se no
espelho do banheiro, "viu uma cara pálida, de meia-idade, com um dente
quebrado, e os próprios olhos..." Então, jogou-se pela janela. O marido
continuou existindo; "seco inesperadamente o leito do rio, andava perplexo e
sem perigo sobre o fundo com uma lepidez de quem vai cair de bruços mais
adiante."
Análise: De certa forma o tema dessa obra é o inverso de “Uma amizade
sincera”, onde aqui a ideia clássica da união do casal é vista sem
questionamento pelos personagens por uma obediência ao ambiente social, se
em uma amizade sincera a verdadeira amizade é aquela que acaba, aqui a
percepção é a de que manter a relação é a única opção e o amor surgirá como
produto. “Trata-se de uma situação simples, um fato a contar e esquecer. Mas
se alguém comete a imprudência de parar um instante a mais do que deveria,
um pé afunda dentro e fica-se comprometido. ” Questionar a realidade de como
as coisas são compromete a percepção da veracidade dessa realidade, mas se
sua vida é construída numa mentira, você realmente gostaria de descobrir a
verdade?
A Legião Estrangeira
Eventos: O narrador, que é uma mulher, recebeu, um dia antes do Natal, um
pinto. Quem deu foi a sua vizinha, que sumiu sem explicações. Porém,
lembrou-se de Ofélia, a filha de oito anos dessa família que não aceitava
nenhuma intimidade. Ao passar do tempo, Ofélia começou a visitar a narradora
diariamente e quando ouviu o piar do pinto, pediu para vê-lo e pegá-lo. No
momento em que pegou o pinto, deixou de mostrar a sua maturidade e se
tornou uma criança brincando com o pintinho. Depois o largou na cozinha, se
despediu e retornou a sua casa. A narradora, seguindo sua intuição, logo
depois que a menina saiu, foi à cozinha e encontrou o animal morto. “Como na
Páscoa nos é prometido, em dezembro ele volta. Ofélia é que não voltou:
cresceu. Foi ser a princesa hindu por quem no deserto sua tribo esperava”.
Análise: Trata-se de mais um conto sobre o atingir da maturidade, Ofélia é uma
criança que age como adulta, porém é revelada como criança de fato em sua
interação com o pintinho, essa revelação da infantilidade é, porém, muito
breve, pois logo o pinto, que representa a juventude, morre e Ofélia cresce
para nunca mais voltar, o conto parte da perspectiva de uma figura materna, e
diferente de “A Mensagem”, não é sobre autodescobrimento, mas sim sobre a
posição inevitável de ver os jovens se tornarem adultos.

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