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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU – FURB

CCEAL- CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, ARTES E LETRAS


DEPARTAMENTO DE LETRAS
Estudos Literário II
Profª. M.a Marta Helena Cúrio Caetano
Aluno: Flavio Alberto Silveira
Fichamento do livro A Casa da Rua Mango, Sandra Cisneros.

Referência: CISNEROS, Sandra. A casa da rua mango. 1. ed. Porto Alegre: Dublinense,
2020. 124 p. v. 1. ISBN 9786555530124.
Excerto: Comentário:
“A jovem mulher trabalha com estudantes Essa parte não está na história em si, mas
que largaram o ensino médio, mas muito me chamou a atenção pelo
decidiram tentar de novo obter um diploma. questionamento que ela faz. Como futuro
Ela aprende com seus alunos que eles têm a professor, com certeza irei me deparar com
vida mais difícil do que a sua imaginação de situações como essa. Como ensinar os
contadora de histórias pode inventar. A vida conteúdos para os alunos, enquanto eles só
dela tem sido confortável e privilegiada se pensam na falta de alimento, na falta de
comparada à deles. Ela nunca teve que se carinho, entre tantas outras coisas. Essa
preocupar com dar de comer aos seus bebês situação narrada pela autora representa
antes de ir para a aula. Ela nunca teve um muito o Brasil atual, onde 33 milhões de
pai ou um namorado que batesse nela à pessoas passam fome, ou tem alguma
noite e a deixasse toda roxa pela manhã. Ela dificuldade alimentar. Como vamos pedir
não tinha que planejar uma rota alternativa que eles foquem no conteúdo, quando suas
para evitar gangues no corredor da escola. barrigas doem por falta de comida. Resolvi
Os pais dela não imploravam que ela trazer esse excerto por isso, pra chamar a
largasse a escola para ajudar em casa com atenção desse ponto tão importante em
dinheiro. Como a arte pode fazer diferença nossa sociedade e que por vezes passa
no mundo? Nunca perguntaram isso em despercebida.
Iowa. Ela deveria estar ensinando esses
alunos a escrever poesia quando eles
precisam saber como se defender de alguém
que os espanca? Um memorial do Malcolm
X ou um livro do García Márquez pode
salvá-los dos golpes diários? E o que dizer
daqueles que têm tantos problemas de
aprendizagem que mal conseguem lidar com
um livro do Dr. Seuss, mas sabem tecer uma
história falada tão maravilhosa que ela tem
vontade de tomar nota.” (pág. 11)

“Em inglês, meu nome significa esperança. Nesse trecho, a autora narra sobre o nome
Em espanhol, significa muitas letras. dela e a dificuldade dos americanos em
Significa tristeza, significa espera. (...) Na pronunciar o nome dela. Ela até deseja
escola, eles falam meu nome de um jeito mudar de nome. Seu nome é uma
engraçado, como se as sílabas fossem feitas homenagem para a bisavó, que foi
de lata e machucassem o céu da boca.” (pág. sequestrada pelo bisavô e forçada a viver
23) com ele.
“Minha bisavó. Eu queria ter conhecido ela, Aqui a autora faz uma denúncia para o
um cavalo selvagem de mulher, tão relacionamento dos bisavôs, e deseja que
selvagem que não se casou. Até que meu não aconteça com ela, na analogia do lugar
bisavô jogou um saco na cabeça dela e a na janela, onde sua bisavó fica olhando para
levou. Bem assim, como se ela fosse um fora numa espécie de sair, fugir, com essa
lustre caro. Foi assim que ele fez. E a analogia, a autora diz que não deseja ocupar
história diz que ela nunca o perdoou. Ela esse lugar na janela. A forma que ela narra
olhou pela janela a vida toda, do jeito que isso é relativamente leve, como se fosse
tantas mulheres apoiam suas tristezas em contado por uma criança narrando uma
um cotovelo. Eu fico pensando se ela fez o simples história. Essa é a impressão que o
melhor com o que recebeu ou se ela livro deixa, pessoalmente falando, ser
lamentava por não ter conseguido ser todas narrado por uma criança.
as coisas que queria ser. Esperanza. Eu
herdei o nome dela, mas eu não quero
herdar seu lugar na janela” (pág. 23)

“Eu acho que era hora do turno da noite ou Uma grave denúncia de assédio feito pela
do turno vespertino chegar porque umas autora, em um tom leve. A autora faz
pessoas entraram e bateram ponto e um diversas denúncias pesadas de forma
homem oriental mais velho disse oi e nós descontraída que parece que ela não
conversamos um pouco sobre como eu percebeu o que ocorreu. Talvez seja isso
estava recém começando e ele disse que nós mesmo, ou a autora quis não focar nesses
podíamos ser amigos e que da próxima vez temas para tornar o livro mais palatável para
eu podia sentar ao lado dele no refeitório, e a maioria do público.
eu me senti melhor. Ele tinha olhos
simpáticos e eu não fiquei mais nervosa.
Então ele perguntou se eu sabia que dia era,
e quando eu disse que não, ele disse que era
o aniversário dele e se eu podia, por favor,
dar um beijo de aniversário nele. Eu achei
que podia porque ele era tão velho e bem
quando eu estava prestes a pôr os meus
lábios na bochecha dele, ele agarra a minha
cara com as duas mãos e me beija bem forte
na boca e não me larga.” (pág. 62)

“Toda vez que ela chega, ele a segura firme Aqui neste excerto, temos outro caso de
pela dobra do braço. Eles entram rápido no assédio narrado pela autora, porém, não se
apartamento, trancam a porta atrás deles e deixa isso claro.
nunca demoram muito.” (pág. 77) O bairro em que a autora mora é de classe
média-baixa, com diversas situações que são
narradas pela autora, tais como abuso,
drogas, entre outros, porém, a autora não
foca nesses temas. O principal para ela é
contar a sua história, tal qual um diário.
“As pessoas que vivem nas colinas dormem Temas com pobreza, desigualdade e outros
tão perto das estrelas que elas se esquecem se fazem presentes no livro e retratam o
daqueles como nós, que vivem muito perto desejo e o sonho da autora em melhorar de
da terra. Eles não olham para baixo, exceto vida, porém, esses temas são apresentados
para ficarem satisfeitos por morarem nas não de uma forma crítica ou denunciosa,
colinas. Eles não têm nada a ver com o lixo apenas estão presentes.
da semana passada ou com o medo de ratos.
A noite chega. Nada os acorda a não ser o
vento.” (pág. 92)

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