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Universidade Estadual de Londrina

Centro de Educação, Comunicação e Artes


Curso de Design
Disciplina: História da Arte
Professora: Cândida de Carvalho Bittencourt
Acadêmico: Anthony Gabriel Vieira Bonfim

Avaliação de História da Arte

1. Leonardo da Vinci foi um dos maiores pintores renascentistas com uma forma
de expressão muito própria que iria modificar completamente o pensamento e a
concepção sobre a pintura de sua época. Descreva o que você sabe sobre as
características que identificam a obra de Leonardo.

Leonardo da Vinci é um nome que, hoje em dia, implica uma imediata


reação, evocando a figura de um homem que, a mais de quinhentos anos atrás,
foi capaz de não só praticar como também de se exceder nas principais áreas
da ciência, engenharia e artes, inovando e superando seus contemporâneos em
todos os aspectos. O gênio singular de Leonardo foi produto de uma curiosidade
insaciável de conhecer e explorar todos os aspectos naturais e lógicos que o
mundo tem a oferecer, o que por fim informou as principais características de
sua arte. Talvez seja difícil de imaginar que um artista tão prolífico tenha pouco
menos de 20 pinturas atribuídas ao seu nome, mas considerando a pluralidade
das áreas em que atuava, é evidente que seu trabalho vai além das artes
plásticas. Entre as qualidades que tornam o trabalho de Leonardo único estão
as múltiplas técnicas inovadoras que utilizou ao colocar suas tintas sobre a tela,
entre essas técnicas talvez a mais famosa seja o sfumato, evidente em “Mona
Lisa”, onde a sutil aplicação de camadas de tinta translúcida cria um efeito quase
onírico, onde a ausência de transição evidente entre as cores e sua suavidade
faz com que essas pareçam se mesclar com as sombras, de forma a deixar
evidente apenas o nível de detalhe necessário que permita que o observador
preencha o resto com sua própria imaginação, dando à Mona Lisa um aspecto
verdadeiramente vivo, ampliado pela ambiguidade de sua expressão.
Uma característica intrínseca ao trabalho de Leonardo que talvez supere
sua própria técnica é a aplicação de seu conhecimento detalhado de anatomia e
sua utilização inovadora da figura humana em suas composições, dizia que um
bom artista tem dois objetos principais para pintar, homem e a intenção de sua
alma. Para Leonardo o sentido humano mais importante era a visão, estressava
a importância do “Saper Vedere”, ou “Saber como Ver”, percebia arte como uma
ciência, sendo assim o estudo da natureza através da observação seria uma das
faculdades mais importantes de um artista; essa filosofia levou Da Vinci à
profundos estudos anatômicos, dissecando cadáveres animais e humanos e
catalogando suas estruturas internas em complexas anotações e esboços, entre
esses esboços estão inclusas detalhadas representações de um feto em um
útero, o sistema vascular do coração, órgãos sexuais e estruturas musculares e
ósseas; um de seus estudos mais famosos é o “Homem Vitruviano”, no que
muitos consideram uma das mais icônicas colisões de ciência e arte, Da Vinci
descreve as proporções humanas e suas simetrias.
Em suas obras Leonardo também exibia um extremo conhecimento de
teorias matemáticas, aplicando-as em composições que evidenciavam um
completo domínio de perspectiva, criando a ilusão de tridimensionalidade
característica de obras como “A Última Ceia”, onde as linhas de perspectiva da
cena convergem para o ponto de foco localizado no rosto de Cristo; a pintura
preenchia uma das paredes da igreja de Santa Maria delle Grazie, criando a
ilusão de prolongar a estrutura do próprio local, como se fosse uma janela que
revela a cena bíblica em seu interior.

2. Michelangelo e Rodin foram excelentes escultores. Trace um paralelo entre


suas obras, apontando as semelhanças e diferenças, que você acredita que os
aproximam e os diferenciam.

Michelangelo é considerado um dos mais importantes artistas do período


renascentista, mesmo tendo produzido algumas das mais impressionantes
pinturas, afrescos e obras arquitetônicas da história da arte, sempre preferiu
trabalhar com esculturas e se considerava primariamente um escultor. Em seu
trabalho é evidente uma fusão da religião católica com a mitologia grega, figuras
bíblicas são representadas como heróis típicos de escrituras épicas, uma fusão
de características que não era incomum no renascimento. Michelangelo era
obcecado com a figura humana, diferente de Da Vinci, ele raramente trabalhava
com a natureza, seu foco era a compreensão das complexidades das formas do
corpo. Para Michelangelo o corpo humano era uma extensão da alma, uma
entidade de beleza inigualável que poderia apenas ser apreciada através da
nudez, essas características são claramente presentes em seu trabalho,
apresentando um claro humanismo. A estátua de Davi, por exemplo, apresenta
uma anatomia herculeana remanescente de esculturas gregas, suas
características exibindo um nível de detalhamento nunca antes visto, sendo
possível observar detalhes como os gomos de seu abdômen emergindo por
baixo de sua caixa torácica, os tendões de suas mãos, as contrações da
musculatura de seus braços e suas veias abaixo de sua pele, olhar para a
estátua cria a sensação de estar em frente a um ser humano vivo. Características
como o tamanho de sua cabeça e suas mãos foram deliberadamente
exageradas, dada a intenção de posicionar a estátua acima do espectador,
dando uma sensação de grandiosidade ao olhar para cima e ver a figura de Davi.
Michelangelo acreditava que suas estátuas eram criações premeditadas,
aprisionadas dentro dos blocos de mármore, sua função como artista era
remover os excessos e libertar as figuras. Sua técnica e filosofia permitiram a
criação de centenas esculturas como a “Pietà” e “Moisés”, exibindo as
características citadas.
Já Auguste Rodin, considerado por muitos o precursor da escultura
moderna, teve seu trabalho informado por uma certa ausência de treinamento
formal em comparação com seus contemporâneos, sua abordagem envolvia
métodos mais artesanais. Seu estilo inicial era definido por um certo realismo
tradicional, dado seu desejo de ser reconhecido na academia, esse tipo de estilo
é evidente em peças como “A Idade do Bronze”, que foi diretamente inspirada
em “Escravo Morrendo” de Michelangelo, porém, com o tempo foi
desenvolvendo um estilo expressionista único, tornando-o um dos escultores
mais inovadores da história e inspirando uma nova geração de artistas. Rodin
trabalhou em várias técnicas alternativas de escultura, envolvendo a junção de
fragmentos já existentes para a criação de novas obras, o resultado são obras
como a “Porta do Inferno”, composta de mais de 180 figuras de bronze
emergindo do portal em formas distorcidas, entre essas está o próprio
“Pensador”, representando a figura inquisitiva de Dante. O distanciamento de
Rodin do realismo a favor de expressão se torna evidente em trabalhos como
“Monumento a Balzac”, escultura em homenagem ao romancista de mesmo
nome, onde é clara a prioridade de Rodin de representar a persona do escritor
ao invés de suas características físicas.
Auguste Rodin e Michelangelo ambos tinham entre suas influências o
trabalho dos antigos gregos, ambos buscavam representar a expressividade da
figura humana em suas obras, Michelangelo através do extremo realismo da
figura humana, e Rodin por meio de sua distorção. Rodin expressou sua
admiração por Michelangelo múltiplas vezes, além do interesse em sua imensa
capacidade técnica, era fascinado pela intensidade espiritual que, para ele,
representava a essência do povo Italiano, para Rodin, sua aspiração seria
similarmente representar a essência do gênio Francês em seu trabalho.

3.Tomando as obras de Jacques Louis Davi, “O Rapto das Sabinas” e a de


Théodore Géricault “A Jangada da Medusa”, analise suas principais
características.

“O Rapto das Sabinas” e “A Jangada da Medusa” são obras icônicas de


seus respectivos movimentos, neoclassicismo e romantismo, ambas retratando
uma situação de conflito, mas com execuções e atitudes completamente
diferentes.
Em “O Rapto das Sabinas” David retrata um importante episódio da
narrativa que forma a história de Roma. A história descreve o rapto de mulheres
sabinas por homens romanos, que as tomaram como suas esposas. Em sua
pintura David demonstra uma clara inspiração nas versões de Nicolas Poussin,
que retratou o conflito a mais de um século antes de David. A versão de David
ilustra outro momento da história, a intervenção das mulheres sabinas tentando
reconciliar os combatentes. Na obra podemos observar à direita Rômulo, líder
de Roma, empunhando uma lança e um escudo, à esquerda se encontra Tácio,
líder dos sabinos, entre os dois, vestida de branco, se encontra Hersília, filha de
Tácio e esposa de Rômulo, se colocando entre eles na tentativa de parar o
conflito. O contexto da pintura se encontra a alguns anos após a extrema
violência do Reino do Terror, um símbolo de o que para muitos marca a falha do
Iluminismo e da Revolução Francesa, David concebeu a ideia de criar a obra
após uma visita de sua esposa na prisão, onde foi encarcerado justamente por
ser um seguidor de Robespierre, esse que tinha sido decapitado em memória
recente. A intenção de David é clara em sua obra, declarar um desejo por
harmonia, reconciliação do estado francês e uma busca por soluções pacíficas.
A composição linear do quadro é característica do estilo neoclássico, estilo esse
praticamente criado pelo próprio David, o caos e desordem da batalha ao fundo
parecem passar despercebidos pelos dois homens, Rômulo e Tácito, divergindo
sua atenção um para o outro. Hersília e as mulheres no centro adquirem uma
característica heroica, potencializada pelas influências gregas na anatomia e
nudez dos personagens.
Em “A Jangada da Medusa”, diferente de David, que apresenta uma cena
heroica digna de uma lenda, Géricault apresenta os horrores de um evento da
realidade que ocorreu apenas três anos antes. O nome descreve a história do
Navio “Medusa”, parte de uma pequena frota de navios com a missão de
recuperar Senegal dos britânicos como uma colônia francesa, quando o navio
encalhou em mar aberto não haviam botes suficientes para todas as
quatrocentas pessoas no navio, então o capitão ordenou que fosse construída
de pedaços do navio uma jangada para as cento e cinquenta pessoas restantes.
A ideia original era guiar a jangada com uma corda amarrada a um dos botes,
porém, quando o capitão percebeu que a jangada estava desacelerando o bote,
a corda foi rompida e a jangada foi abandonada em mar aberto. O que seguiu foi
uma experiência de horrores que levou os sobreviventes ao limite da experiência
humana, treze dias de fome, sede e canibalismo até o resgate dos últimos quinze
homens que restavam. Géricault representou na obra extremo realismo e
autenticidade em seus detalhes, entrevistou sobreviventes do incidente,
construiu uma réplica detalhada da balsa em seu estúdio, navegou os mares
para experienciar maremotos e tempestades, até mesmo recuperou membros
humanos do necrotério para estudar e aprender a replicar em detalhes os restos
mortais de corpos em decomposição. Dito isso, é importante lembrar que a
pintura se trata de uma obra romantista, embora os detalhes sejam
extremamente realistas, a intenção de todos esses detalhes e dessa composição
é de criar uma reação emocional no espectador, o sentimento mórbido de horror
e falsa esperança, dando luz a um tipo de peça anti-heroica. A intenção de
Géricault nessa obra é uma de denúncia, tornando a jangada em um símbolo
que aponta a incompetência do capitão do navio, e por extensão a incompetência
do rei que o denominou líder. A obra apresenta uma declaração antimonárquica,
uma crítica ao retrocesso que a população francesa percebia diariamente em
seu país, e o desespero que vem em conjunto com essa realização.

4. Destaque um pintor realista que você gostou apontando as características que


individualizam sua obra.

Um dos realistas que mais me chamaram a atenção foi Winslow Homer,


um artista estadunidense que, inspirado pelo movimento realista na França e
artistas como Manet e Courbet, se tornou um dos principais representantes da
vertente realista e naturalista na América do Norte, retratando a vida de
camponeses e cenas campestres em vibrantes aquarelas. Visível na arte de
Homer é o seu amor pelo mar, retratando barcos e cenas marítimas,
descrevendo ondas em belíssimos tons de azul. O que mais me chamou a
atenção em seu trabalho foi sua simplicidade, a uniformidade de seus tons, sua
iluminação e a simples paixão que transparece em seu trabalho quando reproduz
as ondas da costa de Maine, onde viveu.

Boa Prova! Felicidades!

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