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Quattrocento

A segunda fase do Renascimento é denominada Quattrocento e corresponde ao período do


século XV (1401- -1500). Foi marcada pelo despontar de Florença como o grande centro cultural e artístico
do Renascimento. A Família Médici foi importante incentivadora da arte do período e, graças a esses
mecenas, a cidade de Florença abriga, na atualidade, significativa diversidade da produção artística do
Ocidente. São expoentes desse período o arquiteto Filippo Brunelleschi, o escultor Donatello e os
pintores Fra Angelico e Sandro Botticell.

Foto da cidade de Florença. À esquerda, o Palazzo Vecchio, centro do poder político da Florença renascentista;
no centro, a cúpula do Batistério; e, à direita, o Duomo (Catedral de Santa Maria del Fiore.

Curiosidade
A arquitetura renascentista encontra-se representada com todo o seu esplendor na cúpula da Catedral
de Santa Maria del Fiore. A catedral começou a ser erguida em 1296 e sua construção foi interrompida
algumas vezes por causa de pestes, de guerras e de disputas pelo poder político. Desde o início, um dos
grandes desafios para a construção da catedral foi a edificação da cúpula, pois o projeto previa uma estrutura
muito alta e muito pesada (45 metros de largura e 100 metros de altura). Após vários projetos malsucedidos,
Filippo Brunelleschi foi contratado e iniciou seu trabalho em 1420. O projeto do arquiteto, por não utilizar
andaimes, que furavam as paredes do templo e enfraqueceriam a construção, foi considerado bastante
inovador para o seu tempo.

Para muitos estudiosos da pintura, uma das maiores contribuições do Renascimento foi a invenção da perspectiva linear,
ou científica, com um único ponto de fuga. Trata-se da criação de um plano geométrico disposto sobre uma
superfície bidimensional com o objetivo de que o observador tenha uma visão tridimensional da cena retratada. Para
compreender melhor, observe a obra de Carlo Crivelli.

Imitar não é fácil


Mesmo que a obra de um determinado artista possa parecer mais “rea-lista” do que a de outro, toda
imagem figurativa é uma imitação. O que se modifica é a fidelidade da imagem em relação àquilo que
pretende imitar.
A imitação é tão importante para a sociedade que antigas histórias sobre artistas habilidosos na arte
da imitação são contadas até os dias de hoje. Uma delas trata de Zeuxis, famoso pintor da Grécia Antiga.
Conta-se que Zeuxis par-ticipou de uma disputa com outro artista igualmente habilidoso, chamado Parraso.
Os dois competiam para descobrir qual era o mais talentoso na arte da pintura.
A pintura apresentada por Zeuxis foi a de um cacho de uvas. Quando exibiu o quadro, dois pássaros,
imediatamen-te, vieram bicar as frutas. Feliz com a façanha, Zeuxis pediu ao concorrente que desembrulhasse
seu quadro. Nesse mo-mento, Parraso revelou que sua pintura, na verdade, imitava um quadro embrulhado.
Zeuxis, que tinha sido enganado pela ilusão criada, reconheceu, então, a superioridade de Parraso na arte da
imitação.
Os artistas do Renascimento retomaram a ideia de imitação da Antiguidade Clássica, mas não se
restringiram a ape-nas copiar as imagens da natureza. Determinados a superar qualquer imitação já
concebida, eles corrigiam a natureza, a fim de produzir uma imagem idealizada das coisas.

Cinquecento
Essa fase, que compreende o século XVI (1501-1600), marcou o esplendor do Renascimento na
Península Itálica. A ideia do uomo universale, ou seja, do homem universal, atingiu todas as áreas do
conhecimento e passou a ser obser-vada em várias outras partes do continente europeu. Uma percepção
acurada dos seres humanos, que incluía diversos prismas (parte física, espiritualidade, intelecto, etc.), estava
presente em toda a sociedade europeia.
A Igreja Católica, inicialmente contrária ao movimento humanista, soube repensar sua postura e
assumiu um papel importante de mecenato e centro de estudos humanísticos.
As artes plásticas adquiriam outro status, passando de artesanato para artes liberais. Esse período foi
caracterizado pelas obras de Donato Bramante, Leonardo da Vinci, Michelangelo, Ticiano, Tintoretto e
Rafael.
Escultura
Os avanços das técnicas e os resultados obtidos na pintura e na arquitetura renascentista também
podem ser observados na escul-tura desse período. As esculturas gregas e romanas da Antiguida-de
serviram de inspiração para a criação de obras que representa-vam toda a beleza física dos seres
humanos. Apesar dos tamanhos monumentais de muitas dessas produções, a beleza contemplada
também envolvia imperfeições e expressões de sentimentos.

Retratos e cenas
É importante lembrar que, comumente, muitas das características das obras artísticas são reflexo das
sociedades nas quais foram produzidas. Por esse motivo, ao observarmos as diferentes artes, podemos
analisar os valores de determinado grupo, suas organizações sociais e econômicas, credos, vestuários,
costumes, tradições, etc.
No Renascimento, a pintura e a escultura foram utilizadas para enaltecer ou simplesmente eternizar
momentos importantes na vida das pessoas retratadas. Era ainda uma forma de demonstrar o prestígio, a
prosperidade e o poder que tinham diante de seus pares e da sociedade na qual estavam inseridas.
O comerciante Arnolfini encomendou essa obra para registrar seu casamento. Ao
analisarmos a riqueza com a qual os noivos se apresentam e o luxo do quarto que
serve de cenário, podemos concluir que a pretensão era salientar sua posição de
poder e seu status social.

Se é certo afirmar que as artes visuais fornecem características sobre determinados períodos
históricos, também é correto dizer que as obras de arte estão repletas de críticas a essas mesmas sociedades.
Vários foram os artistas que, por vingança ao mecenas exigente e sovina, ou como forma de registrar seu
descontentamento, inseriram em suas obras elementos que simbolizavam posições pessoais contrárias à
ordem vigente.

Uma das obras mais conhecidas de Leonardo da Vinci retrata a última ceia de Jesus Cristo com seus apóstolos.

Obra em foco
Analise o autorretrato de Albrecht Dürer.

No autorretrato de Albrecht Dürer, é possível observar o uso da técnica do chiaroscuro, pois há um


destaque em seu rosto e em suas mãos, as quais são apresentadas com detalhes expressivos da anatomia
humana.

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