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ARTES PLÁSTICAS NA RENASCENÇA: o conceito de renascença; mecenato burguês e eclesiástico; o mercado

da obra de arte; classicismo e naturalismo; espiritualismo e naturalismo.

Renascimento é o termo usado para o período que vai do século XV ao XVI. Este
termo é fundamentado no conceito de que o homem é a medida de todas as coisas. É
a valorização do homem em oposição ao divino e
sobrenatural da Idade Média.
O Renascimento significou um retorno às formas e
proporções da antiguidade greco-romana, mas não no sentido
de copiá-las fielmente, e sim adaptá-las às necessidades da
época. Este movimento artístico começou a se manifestar na
Itália, mais precisamente em Florença, cidade que a essa
altura já tinha se tornado um dos centros comerciais mais
importante do mundo.
Em poucos anos, o Renascimento se difundiu pelas demais
cidades italianas (período conhecido como Quatrocento),
para se estender pouco a pouco ,em fins do século XV ao
resto do continente europeu, no chamado Cinquecento, ou
fig. 01 Homem
Renascimento clássico.
As bases desse movimento eram proporcionadas por uma Vitruviano c.1492
corrente filosófica reinante (Humanismo), que colocava o Leonardo Da Vinci
fig. 02-Davi,1501- homem como medida de todas as coisas. Novos valores culturais emergem como o
04. Michelangelo, humanismo que tirara o foco medieval do mundo centrado em Deus(teocentrismo) para o
Florença antropocentrismo e a fé que era única fonte de explicação do mundo passa a ser questionada
no processo de racionalização, que ocasiona uma certa independência ou liberdade individual
do homem moderno. Todas essas considerações à cerca do conceito de Renascença, deixa clara a ideia de que se trata
de um período de intensa produção cultural originado na reação do homem ao espírito medieval.
Com uma classe média emancipada economicamente (burguesia), houve um florescimento das artes, como um
investimento dos lucros acumulados, onde as famílias abastadas(mecenas) não hesitaram em atrair para si, artistas que
viram crescer seus nomes e saírem do anonimato imposto pelo período medieval.
Por volta do fim do século XV, chegava da Espanha a notícia do descobrimento de um novo continente, a América,
fato este que mudaria a fisionomia do mundo para sempre. O homem se distanciava assim, de modo definitivo do
período medieval para decididamente ingressar na modernidade.
É neste contexto que a arte se desvincula dos dogmas
medievais, pois o homem já não é mais o mesmo e tem
consciência do seu próprio valor. Essa percepção, de si, fez
com que os artistas realizassem obras que enfatizassem a
beleza física do ser humano.

PINTURA
Até o advento do renascimento, só era possível transpor para
a pintura duas dimensões: comprimento e largura. Com o
aperfeiçoamento da perspectiva, os pintores renascentistas
conseguem criar espaços reais sobre uma superfície plana. As
figuras são retratadas ressaltando fielmente todas as suas
características do ser humano. O aperfeiçoamento da técnica
do Sfumato1 possibilitou a passagem de um tom para outro de fig. 03 A Ceia de Cristo, 1498. Leonardo Da Vinci,
maneira suave. As temáticas renascentistas são retratos, Milão
paisagens, mitologia e religião. Inovações são a pintura em tela, uso de cavalete, tinta à base de óleo, configuração
piramidal e o artista passa a assinar suas obras.

ESCULTURA
Pode-se dizer que a escultura é a forma de expressão artística que melhor representa o renascimento, no sentido
humanista. Utilizando-se da perspectiva e da proporção geométrica, as figuras humanas na escultura. Já desvinculadas

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Técnica que consiste em dissolver as linhas do desenho por meio de gradações tonais.
das paredes, mostram-se livres, apoiadas numa base que permite sua observação de todos os ângulos. Sustentadas sobre
suas próprias pernas adquirem equilíbrio e leveza. Revela-se uma figura humana de músculos levemente torneados e
de proporções perfeitas. Mesmo contrariando a moral cristã da época, o nu volta a ser utilizado refletindo o naturalismo.

ARQUITETURA
Os arquitetos renascentistas perceberam que a origem de construção clássica estava na geometria, usando como base
de suas obras o quadrado, aplicando-se a perspectiva, com o intuito de se obter uma construção harmônica. Apesar de
racional e antropocêntrica, a arte renascentista continuou cristã, porém as novas igrejas adotaram um novo estilo,
caracterizado pela funcionalidade e, portanto, pela racionalidade, representada pelo plano centralizado, ou a cruz grega.
Os palácios também foram construídos de forma plana tendo como base o quadrado, um corpo sólido e normalmente
com um pátio central, quadrangular, que tem a função de fazer chegar a luz às janelas internas
Graças ao aperfeiçoamento da perspectiva, as edificações tiveram proporções harmoniosas. Destacaram-se as janelas
de dupla abertura e também a utilização dos três tipos de colunas gregas (dórica, jônica e coríntia) que representava as
tão almejadas proporções humanas: base (representava o pé); fuste (representava a coluna) e o capitel (representava a
cabeça). A cúpula também é um detalhe importante e constante na construção renascentista, onde o mais famoso
exemplo é a Cúpula da Basílica de São Pedro em Roma.

MANERISMO
Paralelamente ao renascimento clássico, desenvolve-se na
Itália no ano de 1520 (séc. XVI), até por volta de 1610 (séc.
XVII), um movimento artístico afastado conscientemente do
modelo da Antiguidade clássica. Esse movimento ficou
conhecido como MANEIRISMO, que deriva da palavra
maniera = estilo ou maneira própria com que cada artista
realiza sua obra.
Alguns historiadores o consideram uma transição entre o
renascimento e o barroco, enquanto outros preferem vê-lo
como um estilo propriamente dito. O certo é que o
MANEIRISMO é uma consequência de um Renascimento
clássico que entra em decadência, onde após a contra reforma,
a Europa já não era a mesma e o homem já não era a mais a
medida de todas as coisas. fig. 04 A Última Ceia, 1592-94 Tintoretto,
É nesse contexto que os artistas se vêem obrigados a partir Veneza
em busca de elementos que lhes permitem renovar e desenvolver todas as habilidades e técnicas adquiridas durante o
Renascimento. Criam uma arte de proporções estranhas e esquisitices que sem dúvida são características
inconfundíveis do estilo maneirista há um antagonismo entre as tendências espiritualista e sensualista da época.

PINTURA
▪ Afastamento dos cânones renascentistas
▪ Figuras comprimidas num só espaço
▪ Figuras trêmulas e distorcidas(alongadas)
▪ Cores sombrias
▪ Composição oblíqua
▪ Formas esguia e alongadas substituem os membros e músculos bem
torneados do renascimento
▪ A luz se detém sobre objetos e figuras (prenuncio do barroco)
▪ A cabeça pequena (microcéfala) em relação ao tamanho do corpo.

fig. 05 O Enterro do Conde de

Orgaz. 1586, El Greco, Toledo

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