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Realismo

O termo “realismo” geralmente é usado para designar desenhos, esculturas e pinturas


que tenham uma representação objetiva da realidade, ou seja, uma forma de reproduzir a
realidade tal como ela é. No entanto o termo realismo no âmbito das artes visuais diz respeito
ao princípio estético que surgiu na segunda metade do século XIX, na França em reação
ao Romantismo.
O realismo foi um movimento artístico e literário surgido nas últimas décadas do
século XIX na Europa, mais especificamente na França. Entre 1850 e 1900 esse movimento
cultural se estendeu pela Europa e outros continentes. Os integrantes desse movimento rejeitaram a
artificialidade do neoclassicismo e
do romantismo, pois sentiam a necessidade de retratar a vida, os problemas e costumes das
classes média e baixa não inspirada em modelos do passado. O movimento manifestou-se
também na escultura e, principalmente, na pintura e em alguns aspectos sociais.
Pintura do realismo
A pintura do Realismo começou por manifestar-se no tratamento da paisagem, que se despiu
da exaltação e personificação românticas para se ater, simplesmente, na reprodução
desapaixonada e neutra, do que se oferece à vista do pintor. Passou, depois, aos temas do
quotidiano, que tratou de forma simples e crua, sem nada acrescentar ou retirar à realidade.
Apesar de tudo, o realismo manteve-se nos seus preceitos académicos, como a exatidão do
desenho e perfeito acabamento do quadro.

Característica da pintura realista


-Representação da realidade cotidiana da população da classe média e baixa da sociedade. Um
exemplo disso é “The Gleaners”, de Jean-François Millet.
– Ausência de alegria, as pessoas parecem sérias e é por isso que são representadas com cores
escuras. Dessa maneira, as pinturas se tornam sombrias, como forma de demonstrar a situação dos
trabalhadores. Um óleo que o representa claramente é o “Transporte de Terceira Classe”, de Honoré
Daumier.
-Imagem de trabalhadores urbanos, rurais e pobres mostrados em posturas curvadas, lutando para
realizar trabalho manual duro. Isso pode ser visto em “Os britadores de pedra”, de Gustave Courbet.
Desafio das distinções de classe social presentes, por exemplo, em “Moças da vila”. Há jovens
representantes muito próximos do ambiente rural emergente e da classe dos camponeses pobres
que aceitam sua caridade.
Técnicas utilizadas
Para os críticos da época, tanto a pintura de Courbet quanto a de seus contemporâneos do realismo
não respeitavam as técnicas tradicionais. Para eles, era uma arte conflitante e desrespeitosa das
práticas em vigor até aquele momento.
Entre as técnicas que chocaram os especialistas artísticos da época, estão:
– Reforçar muito os contornos das figuras, como acontece no primeiro trabalho de Courbet, “Os
britadores de pedra”, que dá uma tela “plana”.
– Olhar de perspectiva e negação de escala, como em outro trabalho de Courbet “Moças da vila” e
em “Le déjeuner sur l’herbe” de Édouard Manet.

Temas da pintura do realismo


• Paisagens;
• Representações do quotidiano;
• Pintura social denunciando as injustiças e as imensas desigualdades entre a miséria
dos trabalhadores e a opulência da burguesia;
• Politização.

Pintores da época
Gustave Courbet (1819-1877) homem de grande pragmatismo desafiou o gosto convencional
por pinturas históricas e temas poéticos, insistindo que a “pintura é essencialmente uma arte
concreta e tem de ser aplicada às coisas reais existentes”. Sua crença era “tudo que não
aparece na retina está fora do domínio da pintura”. Foi considerado o criador do realismo
social na pintura, pois procurou retratar em suas telas temas da vida cotidiana, principalmente
das classes populares. Manifesta sua simpatia particular pelos trabalhadores e pelos homens
mais pobres da sociedade no século XIX
Jean-François Millet (1814-1875) pintor romântico e um dos fundadores da Escola de Barbzon
na França rural. É conhecido como percursor do realismo, pelas suas representações de
trabalhadores rurais. Junto com Courbet, Millet foi um dos principais representantes do
realismo europeu surgido em meados do século XIX. Sua obra foi uma resposta à estética
romântica, de gostos um tanto orientais e exóticos, e deu forma à realidade circundante,
sobretudo a das classes trabalhadoras. Sensível observador da vida campestre, criou uma obra
realista na qual o principal elemento é a ligação atávica do homem com a terra. Foi educado
num meio de profunda religiosidade e respeito pela natureza. Trabalhou na lavoura desde
muito cedo. Seus numerosos desenhos de paisagens influenciaram, mais tarde, Pissarro e Van
Gogh.
Os Britadores de pedra
A composição Os Britadores de Pedra é uma das obras mais polêmicas do pintor francês Gustave
Courbet em que ele expõe o empobrecimento e a vida miserável dos camponeses de seu país à
época, sem nenhuma esperança de melhoria de vida.

A composição apresenta duas figuras masculinas: uma bem mais jovem e outra mais velha, ambas
subjugadas pelo interminável trabalho duro — quebrar pedras para a construção de uma estrada. A
presença do rapaz e do homem mais velho deixa claro o ciclo infinito em que se começa a trabalhar
ainda muito moço e se envelhece fazendo a mesma coisa nas classes pobres. Ambos vestem roupas
velhas e rasgadas, atestando a pobreza em que vivem.

O garoto está de costas para o observador, segurando uma vasilha com pedras, enquanto o homem
mais velho — possivelmente seu pai — está de perfil, ajoelhado numa perna, tendo a outra dobrada.
Ele traz as duas mãos na marreta erguida para quebrar as pedras no monte espalhado à sua frente.
O chapéu encobre grande parte do rosto, deixando apenas o queixo visível. Ao fundo vê-se um velho
caldeirão e um recipiente, possivelmente com água. Uma picareta descansa à frente do garoto,
enquanto ele carrega pedras, numa alusão de que assim será sua vida, até se tornar velho como o
homem que acompanha no árduo trabalho.

O quadro Os Britadores de Pedra trata-se de um manifesto nu e cru sobre o trabalho duro a que
estavam submetidos os camponeses franceses à época, mas que poderia, ainda hoje, simbolizar a
vida de muitos trabalhadores espalhados pelo mundo, inclusive em nosso país, onde os serviços
pesados cabem sempre aos pobres.
Escultura Realista
Na escultura, o realismo também se manifestou. Da mesma forma que na pintura, os escultores
buscavam retratar as pessoas e situações sem idealizações.
Procuram fazer uma escultura social, ao enaltecer os aspetos realistas. Na escultura, o grande
representante realista foi o Auguste Rodin (1840-1917), dono de um estilo feito de naturalismo e
passionalismo. Era grande admirador de Donatello e Michelangelo, a princípio apreciava os aspetos
naturalísticos e, no segundo, a dramaticidade. O escultor não se preocupou com a idealização da
realidade. Ao contrário, procurou recriar os seres tais como eles são. Além disso, os escultores
preferiam os temas contemporâneos, assumindo muitas vezes uma intenção política em suas obras.
Sua característica principal é a fixação do momento significativo de um gesto humano.
Auguste Rodin (1840-1917)
Rodin possuía uma capacidade única em modelar uma superfície complexa, turbulenta,
profundamente embolsa em argila. Muitas de suas esculturas mais notáveis foram duramente
criticadas durante sua vida. Eles entraram em confronto com a tradição da escultura da figura
predominante, onde as obras eram decorativas ou altamente temáticas. Seu trabalho mais original
partiu de temas tradicionais da mitologia e da alegoria, modelando o corpo humano com realismo e
celebrando o caráter individual e fisicalidade. Rodin era sensível às controvérsias em torno de seu
trabalho, mas se recusou a mudar seu estilo.
O pensador
A escultura O Pensador (Le Penseur), do artista francês Auguste Rodin, faz parte de uma composição
maior chamada A Porta do Inferno, que foi inspirada no poema Divina Comédia, de Dante Alighieri. A
obra foi iniciada em 1880, mas só foi totalmente finalizada em 1917.
Antes mesmo da Porta ser terminada, Rodin já havia feito outras versões de O Pensador, incluindo a
famosa escultura de 1904.

Auguste Rodin, fascinado com a história contada no livro A divina comédia, já havia criado um
Pensador representando Dante Alighieri, autor do livro, no ano de 1880. A escultura, naquela
ocasião chamada de O Poeta, estava inserida num portal e ilustrava um homem muito menor do que
o tamanho natural, com apenas cerca de 70 cm de altura.

A escultura do Pensador feita por Rodin retrata um homem nu, sentado e apoiando a cabeça em
uma das mãos, enquanto a outra descansa sobre o joelho. A pose da figura do Pensador leva à ideia
de uma meditação profunda ao mesmo tempo que o corpo forte do homem retratado passa a
noção que ele pode vir a tomar uma grande ação.

Há quem diga que O Pensador não procurava representar propriamente Dante Alighieri. Existem
diversas teorias em torno da criação: a peça poderia representar o próprio Rodin refletindo sobre o
seu trabalho ou até mesmo Adão duvidoso em relação às decisões que tomaria no paraíso.

O fato do Pensador estar posicionado na parte superior do portal faz com que se suscite a dúvida se
seria ele uma espécie de juiz espiando o que se passava no inferno ou se seria também um
condenado, assim como os outros, as trevas.

Chama a atenção a riqueza de detalhes da obra. Convém reparar, por exemplo, no formato das
sobrancelhas e na contração dos pés. O próprio Rodin alertou na ocasião da criação para os detalhes
da escultura:

É interessante observar também o fato do Pensador estar nu. Uma das explicações possíveis para a
nudez da escultura é o fato do artista admirar profundamente o estilo de Michelângelo e dos
renascentistas que compunham nus heroicos.

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