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Sandro Botticelli

  
- Nasceu na cidade italiana de Florença em 1 de março de 1445.
 
- Aos 24 anos de idade, abriu seu próprio ateliê.
 
- Estudou a arte da pintura na oficina de Frei Filippo Lippi, importante pintor florentino
do século XV.
 
- No ano de 1467 Botticelli voltou para Florença e passou a frequentar a oficina de
Andrea del Verrocchio. Neste local, trabalhou ao lado do grande Leonardo da Vinci.

- Desde jovem, dedicou-se à pintura mostrando grande talento para as artes.


 
- Botticelli faleceu em 17 de maio de 1510, aos 65 anos, na cidade de Florença (Itália).
 
 
Principais características de seu estilo artístico:
 
- Em suas obras seguiu temáticas religiosas, místicas e mitológicas. Porém, dedicou-se
também ao trabalho com temas históricos seculares.

- Uma temática recorrente em suas obras é a Virgem, Madona (mãe de Jesus) com o
Menino no colo (Jesus criança).

- Este importante artista resgatou, de forma brilhante, vários aspectos culturais e


artísticos das civilizações grega e romana. Chegou também a fazer retratos de pessoas
famosas (príncipes, integrantes da burguesia e nobres) da época.

- As pinturas de Botticelli são marcadas por um forte realismo, movimentos suaves e


cores vivas. Há também a marcante presença de símbolos, que enche, muitas de suas
obras, com um tom de mistério.

- Outra característica marcante na obra de Botticelli é a presença de senso de forma e


decoração extravagante.
 
- Uma de suas obras mais conhecidas, até os dias de hoje é “O Nascimento de Vênus”,
que o pintor fez no ano de 1485. Nesta linda obra, observamos a valorização das forças
da natureza, o realismo e o resgate da mitologia romana.

- A principal técnica de pintura utilizada por Botticelli foi a têmpera sobre madeira.
- Outras características importantes de suas obras são: presença da beleza neoplatônica e
a mistura do paganismo clássico com o cristianismo. Para Botticelli, a arte é uma
expressão simbólica, religiosa e espiritual.
 
- Usou muito em suas pinturas as cores frias.
 
- Na fase final de sua carreira, suas obras são marcadas por forte expressionismo trágico
e temas visionários.

Primavera (1481-1482): uma das principais pinturas de Sandro Botticelli.

A Primavera, obra também conhecida como Alegoria da Primavera quadro de Sandro


Botticelli. A história da obra não é muito conhecida; parece ter sido encomendada por
um membro da família Médicis.
É provável que Botticelli se tenha inspirado nas odes de Ângelo Poliziano para realizar
esta obra.

As outras fontes são da Antiguidade: os “Faustos” de Ovidio e “De rerum natura” de


Tito Lucrécio.
O quadro representa e festeja a chegada da Primavera. No meio do bosque de laranjeiras
Vénus, a deusa do Amor, surge num prado, por cima do qual o seu filho Eros atira as
flechas de amor, com os olhos vendados.

Soberana do bosque, Vénus encontra-se um pouco atrás.

A atitude e o movimento das personagens demonstram uma harmoniosa unidade entre o


homem e a natureza.

Por cima de Vénus, as laranjeiras fecham-se em semicírculo, como uma auréola que
circunda a deusa, principal personagem do quadro.

O lirismo também terá servido de inspiração a Botticelli e assim, surge a divindade de


Zéfiro, brisa que banha as planícies de orvalho, as cobre de doces perfumes e veste a
terra de inúmeras flores.

Esta personagem está representada à direita do quadro sob a forma de um ser alado, azul
esverdeado.

É Zéfiro que persegue uma ninfa com vestes transparentes (Clóris) que olha para o deus
com horror.

Da sua boca caem flores e misturam-se com as que decoram o vestido de uma outra
personagem que avança ao lado dela.

Esta nova personagem tira do regaço um punhado de rosas que coloca no jardim.

Do lado esquerdo, vemos as Três Graças (Aglaia, Tália e Eufrósina), que representam a
beleza, a castidade e a sensualidade, dançando numa roda cheia de encanto.

A seguir está Mercúrio, o mensageiro dos deuses, que fecha o quadro à esquerda.

É reconhecido pelas suas sandálias aladas e a espada que tem na mão direita. A presença
do sabre que Mercúrio transporta, demonstra a sua função de guardião do bosque.

Esta obra destaca-se tanto pelo seu realismo que encontramos nas figuras e também no
estudo detalhado da anatomia, como pelo seu naturalismo; é também um claro exemplo
de retrato.

No quadro poderão estar representadas algumas figuras importantes da época: a Graça


da direita é Catarina Sforza, a Graça do meio poderá ser Semiramide Appiani, esposa de
Lourenço o Popolano que está representado como Mercúrio, (alguns autores referem
que é Juliano de Médicis quem aparece representado como Mercúrio) esta Graça olha
fixamente para o seu marido (Mercúrio). Tem sido proposto que o modelo de Vénus foi
Simonetta Vespucci, musa de Sandro Botticelli.
Enquanto a maioria dos críticos concordam que a pintura, retrata um grupo de figuras
mitológicas num jardim (alegoria para o crescimento exuberante da Primavera), outros
sentidos também foram dados ao quadro.

Entre eles, o trabalho é por vezes citado para ilustrar o ideal de amor platônico.

O Nascimento de Vênus

Este famoso quadro de Botticelli foi revolucionário em sua época, por ser a primeira
pintura renascentista com tema exclusivamente leigo e mitológico.
A admiração pela Antiguidade clássica, isto é, pelas civilizações da Grécia e de Roma,
era uma característica básica da Renascença, e foi um interesse compartilhado por
muitos artistas, estudiosos, estadistas, comerciantes e colecionadores.
A família Médici foi um exemplo de patrono das artes, O Nascimento de  Vênus,
representando um dos mitos clássicos mais pitorescos, nos transporta para um mundo de
sonho e poesia. Vênus, ao centro está ladeada pelo Vento Oeste e por uma Hora que a
acompanha. As figuras alongadas flutuam num fundo plano e simples como se fossem
recortes de papel.

Vênus é uma das deusas mais importantes da Antiguidade, mas a lenda do seu
nascimento no mar é trágica. Urano (o céu) e Gaia (a terra) haviam se unido para
produzir os primeiros seres humanos, chamados Titãs. Mas um dos seus filhos, Cronos,
ou Saturno (o tempo), castrou seu pai com uma foice. Jogou então seus genitais no mar,
que com a espuma resultou o nascimento de Vênus. Note-se que Vênus é seu nome
romano; os gregos a chamavam de Afrodite. É a deusa do amor, da beleza, do riso e do
casamento.

Segundo certos relatos, Vênus surgiu em Pafos, na ilha de Chipre. Outras narrativas
dizem que ela pousou em Citera, próximo à costa sul da Grécia. Ambas as ilhas foram
dedicadas ao culto da deusa.

De acordo com a antiga mitologia, a rosa, que é a flor sagrada de Vênus, foi criada ao
mesmo tempo que o nascimento da deusa do amor. A rosa, com sua encantadora beleza
e fragrância, é o símbolo do amor. Seus espinhos nos lembram que o amor pode ferir.

Zéfiro, o Vento Oeste, é filho da Aurora. É a brisa suave da primavera que impele
Vênus até a praia, e aqui aparece abraçado com sua consorte, Clóris.

A ninfa Clóris foi raptada por Zéfiro do jardim das Hespérides. Mas Zéfiro apaixonou-
se por sua vítima, e ela consentiu ser sua esposa. Assim, a ninfa elevou-se ao nível de
deusa e tornou-se Flora, que tinha perpétuo poder sobre as flores.

Os rostos pintados por Botticelli costumam ter uma expressão longínqua, como se
estivessem recolhidos em seu mundo interior e perdidos em pensamentos.

As árvores de laranjeiras estão carregadas de flores brancas com pontas douradas. As


folhas têm nervuras douradas e também os troncos têm toques dourados, de modo que o
bosque parece inundado da divina presença de Vênus.

A Hora traz em torno da cintura um ramo de rosas cor-de-rosa. em torno dos ombros
usa uma elegante guirlanda de mirta verde, símbolo do amor eterno. Ela avança
elegantemente para receber Vênus. É uma das quatro Horas, espíritos que
personificavam as estações do ano. Seu manto branco flutuante, bordado com flores
delicadamente entrelaçadas, esvoaça ao vento. Ela representa a primavera, a estação do
renascimento e da renovação.

Vênus parece feita de puro mármore e não de carne. Ela imita a pose de uma famosa
estátua da Roma antiga; Botticelli faz assim uma referência erudita que com certeza
seria reconhecida. Ele escolheu uma pose chamada “Vênus Pudica”, uma vez que a
deusa esconde o corpo com as mãos. Outros artistas escolheram uma representação mais
sensual, chamada “Vênus Anadyomene”, em que ela surge nua do mar, secando as
longas tranças.

Botticelli não faz nenhum esforço para imitar ondas verdadeiras, mas usa o mar como
uma oportunidade de criar um padrão decorativo. As formas estilizadas em V diminuem
à medida que se afastam, mas se modificam ao pé da concha.
A técnica empregada no quadro é a têmpera e ele pertence à Galleria degli Uffizzi em
Florença.

Vênus e Marte, c.1485, têmpera e óleo sobre madeira de álamo, 69,2 x 173,4 cm,
Sandro Botticelli, National Gallery, Londres.

O episódio é conhecido: a beleza e o fascínio de Vênus vencem Marte, orgulhoso deus


da guerra. Enquanto este se abandona ao sono, sátiros e cupidos troçam dele,
apoderando-se das suas armas: o poder do amor vence a violência e a guerra.
Realizada, provavelmente, para a família Vespucci, cujo emblema, as vespas, aparece
na extremidade direita; o quadro, tanto pelo formato como pelo tema representado,
destinava-se a decorar o espaldar de um banco ou de um leito nupcial.

A interpretação pictórica é envolta em nostalgias clássicas, como a estudada posição da


deusa, que exibe uma veste branca que se encrespa numa miríade de pregas soltas, e do
deus transformado em adolescente de membros delgados e traços femininos.

O traço incisivo e o marcado desenho do artista revelam-se na sólida, sinuosa e sutil


linha nera que define os contornos de todos os elementos, mesmo das sombras.

Este obra reflete, de uma forma emblemática a atmosfera da cultura florentina, não
apenas figurativas, que floresceu na Corte dos Médicis, mas também a ambição
humanista de transformar platonicamente a realidade em beleza e mito.

O rosto de Vênus é semelhante ao de cada uma das figuras femininas sagradas ou


mitológicas pintadas por Botticelli. O alongamento da oval do rosto, o estudado
encaracolado dos cabelos e o próprio penteado indicam a aspiração do pintor a uma
sofisticada elegância. A deusa é representada como uma jovem esposa vestida de modo
elegante, de acordo com a moda renascentista.
Os pequenos sátiros, meio humanos e meio animais, que brincam com as armas de
Marte, dão ao artista a oportunidade de ilustrar um magnífico elmo dourado e polido
que reflete a luz, como os que se usavam nos torneios florentinos do tempo. A lança, o
cimo e a couraça são atributos de Marte, deus da guerra.

Marte, adormecido, repete a postura clássica de muitos sarcófagos da idade imperial


romana, que Botticelli evoca com um desenho delicado e de refinada afetação. Os
pequenos sátiros, certamente a um sinal de Vênus, despertam o deus nu do sono
profundo, e o amor vencerá mais uma vez a guerra.

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