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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

MAX LEAL DE FREITAS

AVALIAÇÃO DE ESTÉTICA I: SETE FICHAS

CURITIBA
2021
Ficha 1: Ghiberti e o Laocoonte de Lessing
Artista: Lorenzo Ghiberti, escultor e fundidor de metais italiano dos séculos XIV e
XV.
Contexto: Warburg aborda obras de relevo de Ghiberti e analisa como este tipo de
expressão plástica se inspirou em, e desenvolveu seu potencial a partir de,
elementos de outras artes pictóricas.
Tradição: a tradição pode ser identificada desde esculturas livres frente a paredes
na Grécia Antiga, até figuras mais ou menos imersas no plano de fundo. Os relevos
de Ghiberti nas portas do Batistério experimentam o plano da parede como
indicação de profundidade. Warburg indica o novo uso do ponto de fuga nos relevos
expostos como influência do arquiteto Brunelleschi.

Ficha 2: Imagens da região dos índios pueblos na América do Norte


Artista: Warburg remonta seu conhecimento sobre a arte dos pueblos indígenas, de
caráter animista e cosmológica. Este coletivo de humanos é apropriadamente
tratado como artista graças a sua capacidade inovadora de representar e criar o
mundo que o cerca.
Contexto: a cultura dos pueblos encontra-se prejudicada em grau proporcional a
sua relação com o colonialismo europeu. Contudo, os povos mais afastados ainda
conservam melhor o seu saber.
Tradição: a “dança mascarada”, como é referida, é um procedimento que visa
ganhar a cooperação das forças naturais através de uma simbologia desenvolvida
com grande saturação de sentido e associação. Em certo ritual, indivíduos com
papel cerimonialista se metamorfoseiam em antílopes, por meio de máscara e
dança, para facilitar o processo de caça. Outro ritual, que cabe dizer, extenso, busca
garantir a colheita do milho. Outro deles, que é o mais impressionante, convida
serpentes vivas a participar do ritual, servindo como interlocutoras entre os pueblos
e a chuva. Cada elemento ritualístico, como exemplo o fetiche de penas paho, é um
instrumento de comunicação com o sobrenatural. Com foco nas serpentes, Warburg
implica sentidos paralelos e coincidentes com o simbolismo de outros sistemas de
crenças, desde a Grécia antiga até o cristianismo.

Ficha 3: O Nascimento de Vênus e A Primavera de Sandro Botticelli


Artista: Sandro Botticelli, pintor italiano dos séculos XV e XVI, da escola florentina
no Renascimento.
Contexto: No chamado Quattrocento, os artistas e seu conselheiros eruditos se
inspiravam em elementos específicos da antiguidade, como, no caso, o movimento
aparente e acentuado.
Tradição: A partir das pinturas mitológicas de Botticelli, Warburg busca, a partir de
filiações de poetas (de Ovídio a Poliziano), de tratados como o de Alberti, e de
algumas obras pictóricas que também retratavam a Primavera e as Horas, remontar
a origem da eleição de certos elementos, como trajes, dinâmicas e personagens, da
maneira como encontramos n’O Nascimento de Vênus e A Primavera.

Ficha 4: A ninfa
Artista: Domenico Ghirlandaio, grande pintor italiano do século XV.
Contexto: a decoração de igrejas no Quattrocento envolvia relações políticas entre
as ordens religiosas e aqueles que financiam as obras. No caso do coro de Santa
Maria Novella, ficamos diante da disputa entre a família dos Sassetti e os
Tornabuoni, em que estes últimos saíram vencedores graças à experiência
diplomática que Giovanni Tornabuoni tinha adquirido com os clérigos romanos.
Tradição: como prática comum no Renascimento, vemos figuras importantes da
sociedade representadas em, e até mesmo protagonizando, obras que ilustram
grandes momentos da história judaico-cristã. Na igreja Santa Maria Novella, na
imagem do pós-parto de João, identifica-se como ponto focal uma moça no canto
direito, que tem o caráter de um “movimento personificado”, e se trata da
participação de uma mulher da família Tornabuoni. Dado o nome escolhido ao par
de epístolas, “A Ninfa”, podemos identificar o tema discutido por Warburg em sua
explicação das obras de Botticelli: a natureza dinâmica que encontramos na
representação da espécie de figura mitológica.

Ficha 5: Dürer e Antiguidade italiana


Artista: Albrecht Dürer, gravurista, matemático e teórico alemão do século XV e
XVI.
Contexto: o Renascimento esteve em plena relação de aprendizado com a
Antiguidade. De início, procurava-se o páthos decorativo, uma certa solenidade que,
para certos renascentistas, era natureza da arte antiga. Dürer concordou com isso
no início, contudo, como podemos ver na obra A Morte de Orfeu, há uma mudança
de paradigma possível em relação àquele citado acima, ainda mais assinalada após
a descoberta do conjunto do Lacoonte.
Tradição: no trabalho filológico de Warburg, percebemos que a transformação de
apreensão, quanto aos valores da arte antiga para os renascentistas, foi solicitada
pela própria arte antiga: Dürer desenvolveu suas ideias a partir de um extenso
trabalho de pesquisa e mimese de obras clássicas.

Ficha 6: A arte do retrato e a burguesia florentina


Artista: Domenico Ghirlandaio, grande pintor italiano do século XV.
Contexto: o sentido da obra de arte nesse período deve ser compreendido a partir
da relação do pintor e do contratante. Em Florença, homens da burguesia mercantil
solicitavam a representação de si mesmos, atitude que Warburg remonta à tradição
pagã e oposta àquela desejada pela igreja. Contudo, as imagens de mecenas
começaram a tumultuar a própria igreja.
Tradição: Nesse contexto, vemos em uma das pinturas de Ghirlandaio, feita com
referência a uma outra que ilustra a sanção do Papa à ordem religiosa de Francisco
de Assis, a participação de efígies de pessoas importantes da comunidade
florentina.

Ficha 7: O Déjeuner sur l’herbe de Manet


Artista: Édouard Manet, pintor francês do século XIX, reconhecido no movimento
impressionista, mas também com obras realistas.
Contexto: a obra Déjeuner sur l’herbe é reconhecida como índice da esquiza frente
às normas acadêmicas na pintura do século XIX. Contudo, as três figuras principais
em desjejum foram extraídas, a partir de uma transformação que ocorre em vários
termos, de obras que representam o julgamento de Páris como motivo mitológico e,
por isso, arcaico.
Tradição: a imagem original, o julgamento de Páris, encontrado em sarcófagos e,
posteriormente, em gravuras renascentistas, ilustra um céu tumultuado por seres
divinos e a terra com personagens que cedem sua atenção ao que acontece acima.
A partir de transformações, que, como defende Warburg, retiram a preeminência
divina das considerações humanas, chegamos à pintura de Manet, onde a ninfa (e
seu companheiro adjacente), podem divagar o olhar na natureza ou em seu
observador invisível.

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