Você está na página 1de 8

O nascimento de Vénus

DE SANDRO BOTTICELLI
Introdução

No presente trabalho, proposto pela disciplina de História A, vou fazer


a análise de uma pintura Renascentista.
A escolha da pintura baseou-se em que fosse algo que ainda não tenha
sido analisado ou falado em aula mas que fosse, no entanto, uma autêntica
representação da arte do Renascimento. O quadro escolhido foi “O
nascimento de Vénus” do pintor Sandro Botticelli.
Os objetivos desta análise são a compreensão das técnicas utilizadas
pelo autor e a transmissão da sua mensagem e mostrar como a obra de arte é
uma expressão do contexto histórico renascentista.
O trabalho está dividido da seguinte maneira:

Introdução........................................................................................................................................1
Sandro Botticelli..............................................................................................................................1
Visão Geral da Obra........................................................................................................................3
Análise Plástica...............................................................................................................................5
Análise Histórica.............................................................................................................................6
Comentário Pessoal.........................................................................................................................7

A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, enriquecida com


algumas informações do manual.

PÁGINA 1
Sandro Botticelli

Alessandro di Mariano Vanni Filipepi, mais conhecido como Sandro


Botticelli, nasceu em Florença no dia 1 de março de 1445. O nome Sandro
é um diminutivo de Alessandro e Botticelli é uma derivação do apelido
“Botticillo” dado a Sandro por seu irmão mais velho, que significa “pequeno
barril de vinho”.
Sandro Botticelli é considerado um dos maiores pintores do
Renascimento artístico em Itália.
Sabe-se que na adolescência trabalhou numa casa de ourives. Depois foi
aprendiz de Filippino Lippi, um artista florentino, com quem iniciou a sua
carreira artística. Em 1470, Botticelli já tinha o seu próprio atelier e a sua
fama alargou-se. Também foi nesse período que se aproximou da famosa
família Médici que lhe encomendaram inúmeros trabalhos.
A produção de Botticelli está dividida em três temas: o religioso, o
mítico e os retratos. São conhecidas cerca de 150 obras da sua autoria
realizadas em óleo sobre madeira, afrescos e desenhos, entre elas estão
“Primavera”, “A adoração dos Magos”, “Minerva e o Centauro”, “As
provações de Moisés”, “O castigo dos Rebeldes”, entre outras.
Botticelli morreu solitário e quase esquecido a 17 de maio de 1510.
No entanto, as suas obras foram ressuscitadas no século XIX, quando artistas

PÁGINA 2
da época redescobriram o valor de Botticelli, valor este que se estende até ao
momento presente.

Visão Geral da Obra

O NASCIMENTO DE VÉNUS

Nome original: Nascita di Venere


Autor: Sandro Botticelli
Data: 1483 (536 anos)
Técnica: Têmpera sobre tela
Dimensões: 172,5 x 278.5
Localização atual: Galleria degli Uffizi, Florença

No centro da pintura está a protagonista, Vénus, sobre uma concha


aberta. Ao seu lado estão Zéfiro e a ninfa Clóris, dou outro lado Hora, a
deusa das estações. A obra foi uma encomenda feita para ornamentar a casa
do político e banqueiro italiano Lorenzo di Pierfrancesco.

PÁGINA 3
Inspirada na mitologia
romana, Vénus aparece nua no
centro da pintura sobre uma
grande concha, que por sua vez,
está repousada sobre a água do
mar. Vénus está banhada de luz
exaltando, assim, a pureza da sua
alma.

A mulher segurando o manto florido que está prestes a cobrir a deusa


representa a deusa Hora, relacionada com a primavera e com tudo que
floresce.

De um outro lado estão mais duas figuras, supostamente voando,


detalhe que podemos observar através das linhas esvoaçantes usadas pelo
pintor. Também inspirados na mitologia romana, estes representam o deus
Zéfiro, personificação do vento do Oeste, segurando a ninfa Clóris.

A riqueza dos detalhes, o uso das cores claras, a harmonia das formas, a
delicadeza dos movimentos, a serenidade nos olhares e a alusão ao mito de
Vénus são as principais características desta obra de Botticelli.

PÁGINA 4
Análise Plástica
Composição Botticelli fez uso da sua inteligência sensível ao
determinar toda a composição da tela. Ele cria linhas
de orientação que quase fazem com que a própria
pintura pareça que está a ascender ao divino, estas
linhas inclinadas ascendentes e a composição
piramidal permitem-nos ter essa ideia. O equilíbrio
também é um fator presente nesta obra e é possível

localizar o seu ponto espacial no centro.


Desenho Botticelli usa linhas finas e esvoaçantes
fundamentais para dar a ideia de movimento.
Os rostos têm uma expressão longínqua, como
se estivessem perdidos em pensamentos.

Cores Esta obra apresenta um esquema de cores


simples e claras, onde predominam as cores frias mas
existindo, no entanto, um balanço entre o frio e o
quente. Os verdes e azuis são realçados pelos suaves
rosas e pelos pormenores dourados.

Luz Como já referido anteriormente, existe um


grande foco de luminosidade em Vénus para exaltar a
pureza da alma da deusa.

Técnica de A técnica utilizada na execução deste quadro foi

PÁGINA 5
pintura a têmpera aplicada sobre madeira. A têmpera é uma
técnica na qual os pigmentos de cor são misturados
com água e ovo.

Análise Histórica
A pintura procura captar a altura do nascimento da deusa, momento que
simboliza o surgir dos ideais de beleza e de verdade. Colocada no centro da
composição, a deusa ergue-se sobre uma concha que se aproxima da costa,
empurrada pelo movimento das ondas e acompanhada de três personagens
que tentam imprimir a sua essência divina.
A serenidade da imagem e a luminosidade da paisagem traduzem um
duplo sentido, por um lado apontam para aspetos renascentistas de
derivação clássica (por exemplo, a influência grega presente na definição do
corpo de Vénus) e para a temática mitológica; por outro, o episódio
representado e a composição da tela recordam representações cristãs do
batismo de Cristo, com referências à concha, à água e às figuras dos anjos,
aqui incarnadas pelos ventos (temática religiosa).
A nudez de Vénus exclui qualquer erotismo e representa apenas a
pureza da figura, como comprova o longo cabelo que tapa o sexo e a mão
que esconde os seios.
Botticelli recusou a imitação direta e naturalista do mundo real, criando
um espaço e um conjunto de figuras idealizadas.
O divino é representado por Vénus e como já dito apesar da composição
pagã, pode-se fazer um paralelo com a religiosidade cristã, como se Vénus
viesse purificada pelas águas batismais. Ela é bela e pudica, isto reflete a
verdade cristã, consequentemente a conecta à figura de Maria, assim sendo, a
pintura passa a ser tratada de forma religiosa.
As figuras de Zéfiro ao lado da sua esposa Clóris representam o amor
carnal, que é purificado pela presença de Hora, que corre para cobrir Vénus.
Para a representação do corpo da deusa, o pintor propositalmente o
realiza de modo que pareça que esta não tenha carne e osso. Botticelli, ao

PÁGINA 6
pintar, escolhe a primavera como a estação. Esta é a estação de Vénus, do
renascimento.
O pintor conseguiu na temática mitológica pagã expressar o espírito
cristão.

Comentário Pessoal
Ao longo da análise deste quadro e também da pesquisa sobre o seu
autor consegui perceber que Sandro Botticelli não era o típico pintor
renascentista, inspirava-se sim nos ideais da Antiguidade Clássica mas não
revelava o estrito realismo como Leonardo da Vinci ou Rafael. A sua forma
subtil de incorporar a temática cristã numa obra de caráter mitológico/pagã
mostra a sua singularidade como artista.
No que refere à obra em específico, conclui-o, então que esta obra,
apesar de ter sido fruto de um mero desejo de objeto para contemplação e
adorno, foi produzida de tal modo que ganhou significados verdadeiros. Uma
obra que conecta o pensamento ao divino e a razão à sensibilidade. Reflete
uma linha de pensamento do autor, que intencionalmente criou toda uma
mensagem divina para que aqueles que contemplem a obra possam aprender
e refletir.
Do meu ponto de vista afetivo considero “O nascimento de Vénus” uma
pintura de extrema beleza e delicadeza, com uma conjunção de cores serenas
e tranquilas e com um significado sublime e uma sensação angelical.

PÁGINA 7

Você também pode gostar