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A persistência da memória -Salvador Dali

Apresentação Oral
Através do uso de um Prezi (cujo link se encontra no final deste documento), farei uma
breve introdução indicativa do que irei tratar ao longo da minha exposição oral,
seguida de uma curta biografia do pintor Salvador Dali, o autor do quadro “A
persistência da memória”, tema da minha apresentação.
De seguida, para melhor compreensão do plano cultural em que se insere a obra, farei
uma breve referência aos aspetos mais importantes do surrealismo.
Relatarei, de forma sucinta, como surgiu a obra e explicarei cada simbolismo das
figuras presentes no quadro, enquadrando-as no tema e na visão de Dali sobre a
memória, o tempo, o inconsciente e os sonhos.
Para concluir, farei um breve apanhado das ideias a reter, que considero mais
importantes para percebermos o quadro.

Salvador Dali
Salvador Dali foi um famoso pintor espanhol, conhecido pelo seu excecional trabalho
surrealista de incrível combinação de imagens bizarras e paradoxais de excelente qualidade,
que demonstram o seu caráter extravagante e excêntrico, e nos inquietam.

O quadro “A persistência da memória” de Salvador Dali, pintado a óleo em 1931, insere-se no


surrealismo e é uma obra misteriosa que nos leva a refletir sobre a memória e o tempo. Somos
levados a questionarmo-nos sobre a sua temporalidade e sobre tudo o que fazemos na nossa
vida terrena.

O surrealismo
O surrealismo é o movimento artístico caracterizado pela expressão do pensamento de
maneira espontânea, movida pelos impulsos do subconsciente (que tinha sido revelado pela
teoria da psicanálise de Freud), desprezando a lógica e a racionalidade.

Salvador Dali utiliza o método paranoico-crítico para trazer do seu subconsciente as figuras
oníricas que através da autoindução de alucinações e das suas talentosas pinceladas usa nos
seus quadros.

Como surgiu a obra


Este quadro surgiu espontaneamente num dia em que Dali ficou em casa e vendo um relógio
apercebeu-se que o tempo parecia não passar na ausência da sua musa. Concluiu então que o
tempo por vezes não passa e outras vezes passa rápido demais, quase como se fosse
atemporal.
O plano de fundo
Como plano de fundo vemos o mar e alguns penhascos, a vista da casa do pintor em
Barcelona. Esta paisagem é o que resta da realidade neste quadro onírico (relativo aos
sonhos).

Os tons amarelados, e castanhos escolhidos para representar esta paisagem árida levam-nos a
uma natureza seca e infértil que exteriorizam a melancolia na alma do pintor.

Luzes e Sombras
A forma como trabalha o contraste e a luz é extremamente inteligente.

A luz solar, em segundo plano, está ausente no resto do quadro criando uma imagem sombria
em destaque, equilibrando-o e fazendo parecer que o espaço e o tempo se deformam e
desvanecem à medida que uma força poderosa, obscura e ilógica que nasce das profundezas
da alma humana domina o quadro. Por isso é que no primeiro plano temos tons escuros e as
figuras deformadas e misteriosas.

Os relógios
Talvez o que seja mais cativante em todo o quadro sejam mesmo os relógios derretidos. Estes
são inspirados num queijo que derretia no estúdio de Dali por causa do calor.

Existem quatro relógios no quadro: um suspenso de um ramo, outro dobrado num ângulo
sobre o canto de uma superfície, um terceiro relógio que cobre a caricatura do pintor e um
quarto, duro, reto e vermelho, voltado para baixo e coberto por formigas.

Representam respetivamente o passado, o presente, o futuro e o tempo linear.

Os relógios que se apresentam derretidos têm cores dourado e prateado.

Todos eles marcam horários diferentes afirmando a relatividade do tempo não só na obra, mas
também nas nossas vidas e memórias.

Os relógios que estão “derretidos”, representam o tempo que não passa de maneira linear e
trazem uma noção distorcida dos segundos, alongada e arrastada, como se se prolongassem
no tempo. Eles simbolizam o tempo nos sonhos onde passado, presente e futuro podem
coexistir.

A flacidez é um conceito brilhante para nos fazer questionar a ordem natural das coisas presas
a regras estabelecidas.

As formigas
As formigas, um inseto detestado por Salvador Dali, encontram-se em vários dos seus quadros
representando a sua decomposição, e putrefação. Relembrando que a tela se torna
desprezível em relação à pintura.
O relógio que não está deformado, está virado para baixo e coberto por formigas,
representando o tempo enquanto esperava por Gala, pútrido (podre) e sem sentido.

Este relógio simboliza o tempo linear, em que o passado, o presente e o futuro não podem
coexistir. Não podemos controlar esse tempo. Dali despreza-o porque esse tempo nos
encaminha para a morte.

A mosca
A mosca pousada sobre o relógio sobre a superfície do lado esquerdo do quadro remete para o
pensamento de que o tempo por vezes voa.

A árvore seca
A árvore, uma oliveira, surge do lado esquerdo da tela. É uma árvore comum da Catalunha,
terra natal de Salvador Dali.

No entanto, a oliveira também era vista como um símbolo antigo de sabedoria. Dali acreditava
que o mundo moderno não possuía essa sabedoria justa, por isso representa-a morta com o
relógio pendurado que simboliza o passado.

Além disso, a árvore seca faz-nos refletir também sobre o tempo da vida e a morte. Relembra-
nos o nosso inevitável fim para o qual o tempo nos empurra neste ciclo da vida.

Caricatura do pintor
Do lado direito do quadro, no meio de toda a escuridão, surge a figura do pintor a dormir
debaixo de um relógio derretido.

A sua figura é retratada de maneira disforme, um corpo amorfo, com grandes pestanas que
sugerem um grande olho fechado em estado de contemplação, do sono (e da inconsciência do
sono onde há a liberdade da consciência) ou da morte.

Assim, Dali propõe que apenas a superação do tempo “terreno” pode soltar as rédeas da
consciência. Só com a morte ou os sonhos (caminho para o inconsciente segundo Freud) nos
libertamos do fardo de sermos conscientes. É a morte da realidade.

Próximo do nariz é possível visualizar um elemento avermelhado, talvez uma língua de fora,
que simboliza o cansado de consciência.

A memória e os sonhos
Em “A persistência da memória” estamos perante uma excecional e extravagante
representação da mente humana de uma forma metafórica e envolvente, onde o tempo é
medido e sentido e a fantasia expulsa os factos (consciente) e a memória permanece.

A memória é uma forma interna e subjetiva de marcar o tempo. Percebemos o tempo através
da memória e dos sonhos.
O tempo da memória não é o mesmo do relógio comum: um momento que aconteceu há
muito tempo (do relógio) pode ser relembrado como algo recente e vice-versa.

Acontece o mesmo com os sonhos, parece que vivemos muito, em apenas um par de horas.

Conclusão
A “Persistência da Memória” explora de uma maneira misteriosa e genial a visão subjetiva do
tempo e das suas implicações nas lembranças e nas obras de arte.

Este quadro é assim uma homenagem ao tempo interior e inconsciente.

Esta “atemporalidade” do próprio tempo é expressa pelo uso dos relógios que derretem ao
serem expostos à persistência da memória, à pintura, que permitirá a imortalidade do sonho
de Dali.

Há um interessante conflito psicológico desenvolvido através de um jogo de contrastes em


toda a obra: rochas duras e relógios moles, luz e sombras, realidade e sonho, razão e absurdo;
tornando uma obra que foi tão rapidamente pintada, numa das mais interessantes e
intrigantes da História.

Dali queria que as suas obras e ele próprios fossem relembrados, procurando um pouco da
imortalidade nos seus quadros. Diria que foi bem-sucedido, “é impossível uma pessoa
esquecê-lo”.

Prezi: https://prezi.com/p/extczcp7nwyg/?present=1

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