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O Grito é uma das mais famosas pinturas da história da arte ocidental. Foi feita em
1893 pelo artista norueguês Edvard Munch, que utilizou tinta a óleo, têmpera e giz
pastel sobre cartão.
O Grito é um quadro que exibe uma pessoa que olha aterrorizada para o espectador. O
cenário é uma ponte e há outras duas pessoas que caminham sem notar o desespero
da personagem principal, que é mostrada com traços ondulados e sombrios.
Além disso, a figura não tem feições masculinas nem femininas e representa qualquer
ser humano.
Especula-se que essa obra seja um autorretrato do artista com sua vida emocional
bastante atordoada.
Em 1892, Munch registrou em seu diário o que seria o impulso para a produção da
obra.
Caminhava com dois amigos pelo passeio, o sol se punha, o céu se tornou
repentinamente vermelho, eu me detive; cansado, apoiei-me na grade - sobre a cidade
e o braço de mar azul-escuro via apenas sangue e línguas de fogo - meus amigos
continuaram a andar e eu permanecia preso no mesmo lugar, tremendo de medo - e
sentia que uma gritaria infinda penetrava toda a natureza.
Nessa tela, Munch nos apresenta um ser rodeado de medo e ansiedade. A figura quase
se funde à paisagem, mas distancia-se dos vultos que aparecem ao fundo.
1. A ponte
Além disso, as linhas retas passando pelo quadro ligam a figura central às duas
personagens ao fundo, formando um ponto de fuga para olhar do espectador e
destacando o rosto do ser que grita.
2. As pessoas
Essas figuras são apresentadas em formas alongadas, com traços retos - assim como a
ponte - o que faz um contraponto com a personagem principal, formada por traços
sinuosos.
3. O céu vermelho
A escolha dos tons vermelhos para retratar o céu sugere a angústia e reforça o
sentimento de ameaça que o personagem principal experimenta.
Há a suspeita de que o artista tenha se inspirado em uma cena presenciada em Oslo,
quando o céu se tornou vermelho por conta da erupção do vulcão Krakatoa, em 1883.
4. O vilarejo
É possível notar que o local onde se desenvolve a cena é próximo a um povoado, nas
cercanias de Oslo. Olhando com atenção, percebemos inclusive os contornos de uma
igreja. Entretanto, tudo parece muito distante e nebuloso.
É provável que o artista tenha se inspirado em uma múmia peruana exposta no Museu
do Homem, em Paris. Edvard Munch pode ter visitado esse museu enquanto morou na
França.
No contexto atual, a figura serviu como inspiração para a série americana de filmes de
terror intitulada Scream - traduzida para o português como Pânico - produzida entre
1996 e 2011.
Versões de O Grito
Edvard Munch produziu diversas versões da obra. Com técnicas e materiais diferentes,
o artista se expressava de outras maneiras usando a mesma composição.
Desde que nasci, os anjos da angústia, da inquietação e da morte estavam ao meu lado
(...) Espreitavam-me quando ia dormir e me aterrorizavam com a morte, o inferno e a
condenação eterna. Às vezes, acordava de noite e olhava ao redor: estava no inferno?
Foi criado pelo pai, um militar que se tornou cristão fervoroso e era bastante rígido ao
impor disciplina aos filhos. Edvard também possuía saúde frágil. Asmático, tinha
personalidade introvertida.
Influenciado pelo pai, ingressa no curso de engenharia em 1879, mas usava seu tempo
livre para desenhar. Em 1880, aos 17 anos, o jovem decide se tornar pintor e
matricula-se na Escola Real de Artes e Ofícios de Christiania, para o descontentamento
do pai.
Munch tem uma grande produção. Com mais de 60 anos de carreira, utilizou tinta a
óleo, aquarela, giz pastel, gravuras em metal, litogravuras e xilogravuras.