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A FANTASIA INVADE A REALIDADE:

SURREALISMO
Bruna Brauza Caxile
Mariane Guth de Paula
Miriam Guth de Paula

Prof. Orientador: Wellington Tavares


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Curso ART105/5 – Paper
10/12/2014

RESUMO
A presente pesquisa corresponde ao movimento surrealista, destacando mais precisamente o pintor
Salvador Dalí. O artista foi escolhido por ter sido o maior representante do Surrealismo, tanto em suas
obras, quanto em seu estilo de vida e personalidade, retratando de forma tão clara o mundo do
inconsciente, o qual se almejava traduzir em tal estilo artístico. O movimento representou uma reação
daqueles que viam o racionalismo como uma forma de destruição do mundo, principalmente em função
dos constantes conflitos que culminaram em uma guerra de proporção mundial. Para os surrealistas,
formas e imagens não provêm da razão, e sim de impulsos impensados e de sentimentos cegos.

Palavras-chave: surrealismo, artista, sentimentos.

1 INTRODUÇÃO

A escolha do tema em questão foi inspirado no movimento surrealista,


destacando mais precisamente o pintor Salvador Dalí. O artista foi escolhido por ter
sido o maior representante do surrealismo, tanto em suas obras, quanto em seu estilo
de vida e personalidade, retratando de forma tão clara o mundo do inconsciente, o qual
se almejava traduzir em tal estilo artístico.
Este trabalho pretende tornar compreensível uma esfera, ainda mais particular,
das artes mundiais: não somente o movimento surrealista, mas também, e,
principalmente, o seu extremista representante Salvador Dali.
Segundo os surrealistas o humor é a máscara do desespero. As manifestações
do subconsciente são ricas de beleza, mas extremamente pessoais e simbólicas.
Precisam ser interpretadas no seu simbolismo, como os analistas fazem com os sonhos
de seus pacientes. A concepção do quadro pode ser subconsciente, automática, mas a
sua execução será sempre obra do consciente com a aplicação de recursos racionais e
lógicos ou em estado de absoluta consciência (CAVALCANTI, 1978, p.330) .
Os surrealistas apreciavam a loucura divina. Julgavam instruído aquele que era
capaz de se libertar de seus pensamentos racionais. Desejavam rasgar o véu das
aparências para chegar a uma verdade mais elevada. Dali foi um homem da
Renascença convertido a psicanálise, mas, não se restringiu em apenas seguir velhos
padrões. Foi petulante em questionar as bases das escolas anteriores, e, por caminhos
que alguns julguem tortuosos, a verdade é que seu grande feito foi ter conseguido, a
seu modo, entrar para as páginas da história.
A pintura foi a área que mais teve destaque no movimento surrealista, graças
aos pintores e aos métodos criados por eles. Os movimentos artísticos de vanguarda
tiveram um papel importante na arte no início do século XX, pois promoveram uma
libertação do passado e de todas as regras tradicionais.
As formas e as cores não tinham mais a obrigação de representar com precisão
os objetos e a natureza. Os artistas do movimento surrealista exploraram várias
técnicas que lhes permitiam explorar os efeitos do acaso e a livre associação de ideias.

2 DESENVOLVIMENTO

As artes visuais e a literatura passaram a viver um momento ímpar a partir de


1924, quando o poeta francês André Breton lançou seu Manifesto Surrealista em paris.
Na verdade, o movimento teve origem pelo Dadaísmo, que produziu, antes da Primeira
Guerra Mundial, trabalhos que desafiavam a razão e eram considerados antiarte. O
surrealismo difere do Dadaísmo por não propor uma negação à arte, e sim uma nova
forma de expressão positiva.
O movimento representou uma reação daqueles que viam o racionalismo como
uma forma de destruição do mundo, principalmente em função dos constantes conflitos
que culminaram em uma guerra de proporção mundial. Para os surrealistas, formas e
imagens não provêm da razão, e sim de impulsos impensados e de sentimentos cegos.
Segundo Breton em seu Manifesto, o Surrealismo significava uma reunião do
domínio da experiência consciente e inconsciente tão completa, que o mundo do sonho
e da fantasia poderia se unir ao mundo racional do dia a dia em absoluta realidade,
surrealidade.
André Breton defendia que a arte deve libertar-se das exigências da lógica, sem
controle da razão ou preocupações estéticas, e expressar o inconsciente e os sonhos.
Benjamin (1985, p. 32) afirma que os surrealistas dispõem do conceito de
liberdade de modo que liquidam “[...] o fossilizado ideal de liberdade dos moralistas e
humanistas, porque sabem que ‘a liberdade’, que só pode ser adquirida nesse mundo
com mil sacrifícios, quer ser desfrutada, enquanto dure, em toda sua plenitude e sem
qualquer cálculo pragmático”. Como estética, o surrealismo quis ir além da reprodução
da realidade externa que imperava até o momento, do niilismo dadaísta, do desespero
futurista e exalta a liberdade máxima como o faz Breton.
Nas palavras de GOMES (1995, p. 15), “o surrealismo surge, pois, dentro desse
período conturbado, dentro de uma crise de valores que propiciará o aparecimento das
vanguardas, como manifestação máxima da angústia humana levada à exasperação e
como revolta anárquica contra esse estado de coisas”. Entre as vanguardas artísticas
surgidas no início do século XX, ele foi, como disse Benjamin (1985, p. 21), o último
instantâneo da inteligência europeia “[...] em meio ao tédio da Europa de após-guerra e
pelos últimos regatos da decadência francesa”
A ideia de liberar a imaginação criativa traz consigo o propósito utópico (comum
a todos os movimentos vanguardistas) de encontrar “um homem novo em uma
sociedade nova”. Radicalizando suas propostas de liberdade, anti-convencionalismo e
anti-tradição dos valores da cultura ocidental, contrapondo-se ao utilitarismo crescente,
aos meios de produção, à massificação imposta pelo capitalismo e à condição
desumana do homem explorado, o surrealismo se coloca como “estética da redenção”.
Nesse sentido, como afirma Gomes (1995, p. 16) “[...] o surrealismo é
prospectivo ao buscar reativar o tempo, para afirmar a esperança, o desejo”. Como
última das vanguardas europeias, o surrealismo, na sua origem, estabelece relações de
similaridade com suas antecessoras, ao mesmo tempo em que cria uma face
incomparável. Gomes (1995) diz que o surrealismo ainda mantém uma relação com o
romantismo, mas ao avesso, pois o culto à interioridade e o senso do mistério, usados
como fuga da realidade externa neste, carregam, naquele, um ímpeto revolucionário.
O Surrealismo foi um movimento artístico e literário que surgiu na França nos
anos de 1920. Nessa época os estudos psicanalíticos de Sigmund Freud e as
incertezas políticas criaram um clima favorável para o desenvolvimento de uma arte
que criticava a cultura europeia e a frágil condição humana diante de um mundo cada
vez mais complexo.
Dentro dos movimentos modernos que questionaram as escolas anteriores,
tornou-se relevante o surrealismo, que visava transportar o telespectador a imagens
presas no inconsciente. Expressavam sempre sentimentos ocultos, sem começo, meio
ou fim, como nos sonhos e alienações em que não prevalece a lógica. Foi através da
pintura que as ideias surrealistas foram mais bem expressadas. Através da tela e da
tinta o artista coloca sua emoção, seu inconsciente e representam seu mundo concreto.
Seu representante mais extremista foi o espanhol Salvador Dali, com imagens
que nascem quase de um irrefreável e delirante germinar de imaginação.
Salvador Dalí nasceu em Figueiras, na Espanha. Começou a pintar ainda
criança, por estímulo dos pais. Aos 13 anos ganhou seu primeiro prêmio e foi estudar
em Madri. Aderiu ao movimento surrealista, teve fama internacional e se lançou a uma
vida social repleta de excentricidade. Salvador Dalí trabalhava com a distorção e a
sobreposição de imagens conhecidas.
Sua obra mais conhecida nesse estilo foi “A Persistência da Memória”. Nessa
obra, aparecem diversos relógios desenhados de tal forma que parecem estar
derretendo.
A primeira impressão do observador ao ver essa obra é a de uma cena vasta e
vazia, mas depois o olho se detém no arranjo dos objetos no primeiro plano, em
especial uma série de relógios em vários estados de transformação. Ao sugerir que
relógios de metal e seus delicados mecanismos podem se distender e derreter. Dalí
desafia o entendimento racional do mundo físico. O artista também tece um comentário
sobre a natureza do próprio tempo. O artista estava fascinado pela Teoria Geral da
Relatividade, de Einstein, publicada em 1920. Que descreve como o tempo se
curva sob o impacto da gravidade.
Em sua obra Salvador Dalí foi capaz de trazer para as telas muitas de suas
desilusões e alucinações paranoicas, além de reproduzir fantasias e torna-las reais com
a ajuda dos pincéis. Em 1935, o artista afirmou que: “...a crítica paranoica organiza de
forma exclusiva as possibilidades de associação sistemática entre o significado do
subjetivo e objetivo do irracional”. Com muita ironia, sua intenção era mais confundir do
que explicar. Dono de técnica excepcional, podia se dar o luxo de manifestações
polemicas cujo único objetivo era chamar a atenção para seu trabalho, criando um rol
extraordinário de inimigos.
Muito criativo em sua autopromoção, Salvador Dalí se tornou o Senhor
Surrealismo mais em função de truques de publicidade do que da arte. É evidente a
dimensão onírica de suas imagens. Sua técnica é a fotografia e a precisão ilusionista
tem a finalidade de aumentar o sentido de repelente surpresa que pretende dar.
Esse obsessivo estímulo, essa mórbida e neurótica exuberância de aparições
grotescas constitui uma atitude que Dali definiu como a “atividade paranóico-crítica”. A
única diferença entre mim e um louco é que eu não sou louco. "Aos seis anos eu queria
ser um cozinheiro, aos sete queria ser Napoleão, as minhas ambições continuaram a
crescer ao mesmo ritmo desde então. Todas as manhãs, quando acordo, a maior das
alegrias é minha: a de ser Salvador Dali". (Salvador Dali)
Mesmo após o desligamento do grupo surrealista, Salvador Dalí continuou
produzindo seus quadros ditos como surrealistas. Também fez parte de vários projetos
tanto no teatro, como na moda, na publicidade e até apareceu em programas de
entretenimento da televisão norte-americana. Salvador Dalí se expôs ao público em
quase todas as formas de mídia que era possível na época, levando o nome do
surrealismo junto consigo, mesmo já não pertencendo mais ao grupo. Inclusive, quanto
perguntado sobre o que era surrealismo, ele respondeu: “O surrealismo sou eu”.
Inclusive, em seu livro Diário de um Gênio, Dalí afirma ser o único surrealista integral do
grupo e, por ser excessivamente surrealista, foi expulso do grupo (DALÍ, 1983, p. 22-
23).
Ensinar o Surrealismo na escola é mais do que passar a história de um
movimento artístico, é ajudar os alunos a desenvolver a criatividade, a imaginação e
ensiná-los a lidar com os guardados do inconsciente, enfim é conduzi-los a alcançar
seu maior potencial.
Os professores de arte que não exploram o Surrealismo em sala de aula perdem
a oportunidade de acompanhar o progresso dos seus alunos no campo da imaginação.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se concluir com este trabalho de pesquisa que o surrealismo e as suas


técnicas levam a uma reflexão de um nível mais psicológico para o qual nem todos
podem estar preparados para entender. O surrealismo inicialmente era visto de uma
forma um pouco “chocante”, mas apesar disso hoje em dia continua a ser um
movimento artístico muito presente no nosso dia a dia.O Surrealismo foi uma arma
artística para se opor aos erros e males da sociedade.
Para os surrealistas, a Arte não deveria estar vinculada à razão lógica; seu lugar
de expressão não é o mundo cotidiano. Como método, apresenta imagens complexas,
compostas a partir da contraposição irracional de objetos simples.
A pintura pode ser considerada a principal manifestação artística do Surrealismo.
Embora suas principais manifestações tenham ocorrido nas artes plásticas, o
Surrealismo atingiu o cinema, o teatro e a literatura, enfatizando a livre associação de
ideias, expressando o funcionamento do inconsciente e por vezes, reunindo,
aleatoriamente, frases ou palavras recortadas de jornais. O movimento surrealista
trouxe para a arte o universo do sonho e da imaginação.

REFERÊNCIAS

Arte (Ensino fundamental – 8º Ano) – Estudo e Ensino – (Formação de Valor)


BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história
da cultura, v.1, São Paulo: Brasiliense, 1985.

CAVALCANTI, Carlos. História das artes. Rio de Janeiro: Rio – Sociedade Cultural,
1978.

DALÍ, Salvador. Diario de un genio. Barcelona: Tusquets, 1992.


DALÍ, Salvaodr. El Mito Trágico de “El Ángelus” de Millet. Barcelona: Tusquets,
2002.
GOMES, Álvaro Cardoso. A estética surrealista. São Paulo: Atlas, 1995.
MEDEIROS, Ceres Luehring, ADAD; Zaid Ilustrador: ENZE, Ricardo Editora Bom Jesus
- Curitiba – 2013
PINACOTECA – DALI, Salvador

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