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Escola Secundária Conde de Monsaraz

História A
Surrealismo

Ana Nunes nº03


António Valesnº07
Joana Mamede nº14
Maria Paulino nº16

12ºD

Reguengos de Monsaraz, 15.Outubro.2015

1
Sumário
Nº de Página

Introdução 3

Desenvolvimento 4

Contexto 4

Características do Movimento 4

As Artes Visuais 6

A Escrita 7

Segunda Guerra Mundial e o 7


Período Pós-Guerra

Surrealismo Pós-Breton 7

Impacto do Surrealismo 7

O Surrealismo em Portugal 8

Alguns Artistas do Surrealismo 8

Análise de Algumas Obras 11


Surrealistas

Conclusão 19

Bibliografia 20

“Sonho de Uma Prostituta” de Cícero Dias

2
Introdução
A palavra surreal vem de super real; supra real.

Surreal é algo que está para além do real.

E surrealismo, segundo o dicionário Petit Robert, é o "conjunto de procedimentos de criação


e de expressão que utiliza todas as forças psíquicas (automatismos, sonhos, inconsciente)
liberadas do controle da razão e em luta contra os valores recebidos; movimento intelectual
revolucionário que afirma a superioridade destes procedimentos. Tem como antónimos
naturalismo, realismo e racionalismo.

O surrealismo foi lançado em 1924, por André Breton, defende o afeto pela imaginação, pelo
sonho e pela loucura da mente humana em quadros e poesias. Isto foi baseado na sua
experiência de vida num hospital psiquiátrico.

O surrealismo em Portugal apareceu por volta de 1936 e a partir dai o interesse sobre ele foi
despertado. O movimento durou pouco tempo mas deixou grandes marcas tanto na literatura
como na pintura.

“Abaporu” de Tarsila do Amaral

“Le Déclin de la Société Bourgeoisie” de André Breton

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Desenvolvimento
Contexto
O Surrealismo surgiu na França em 1924, entre as duas grandes guerras mundiais. Nessa
época o mundo todo sofria as consequências da Primeira Guerra e sentia a tensão que
antecedia a Segunda.

Surgem a psicanálise e os escritos de Freud sobre as suas experiências com o sonho e com
os sono hipnótico, procurando explorar o inconsciente. Grande parte de nossa alma estava
submersa nas profundezas deste inconsciente.

Os estudos de Freud e as incertezas políticas criaram um clima favorável para uma arte que
criticava a cultura europeia e a frágil condição humana diante de um mundo cada vez mais
complexo.

“Acredito na fusão desses dois estados – sonhos e realidade – aparentemente tão


contraditórios, uma espécie de surrealidade absoluta.” - André Breton

Frottage (decalque) As técnicas frottage e grattage permitiram-lhes criar estruturas


abstratas que à primeira vista não representavam nada, mas que
logo induziam a ver alguma coisa.

Estes decalques e olagens sobre


superfícies irregulares eram alguns dos
métodos utilizados para explorar
potencialidades inconscientes.

A "alucinada" abordagem de Breton para a poesia surgiu como uma


reacção contra as acomodadas convenções literárias da Paris nos anos
20. Breton e seus colegas pretendiam transformar o caos e a desordem
Grattage
em formas de expressão.

Características do Movimento
O Surrealismo pregava a revolta contra tudo aquilo que reprimia a liberdade. E nada é mais
livre que os nossos sonhos, o nosso subconsciente. Assim, imagens visuais do subconsciente
são usadas sem qualquer intenção de realizar um trabalho artístico lógico e compreensível.

A influência dos estudos psicanalíticos de Freud foi bastante nítida. Valorizava-se o sonho, o
devaneio, a loucura. Só com mudanças psicológicas profundas no indivíduo é que se poderia
chegar a uma verdadeira transformação social e política.

Um "método" bastante empregado pelos surrealistas foi a "escrita automática". A escrita


automática consistia em escrever tudo aquilo que vem à mente, sem cortes. As associações de
ideias mais obscuras e ilógicas então apareceriam.

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Sobre a escrita automática, há uma
passagem bastante curiosa. No final da vida,
André Breton recebeu o jovem poeta mexicano
Otavio Paz, que, intrigado, perguntou:

“- O que o senhor está fazendo, mestre?


- Escrita automática.
- Mas vejo o senhor usar a borracha a todo o
momento.
- Ainda não está muito automática.”

Durante a guerra André Breton, que viria a ser o líder dos surrealistas, que tinha formação
em medicina e psiquiatria, serviu em um hospital neurológico, onde ele usou os métodos da
psicanálise de Sigmund Freud com os soldados que estavam em estado de choque.

Em 1924, este, publicou em Paris o primeiro manifesto do novo movimento artístico. Este
propunha aos artistas e escritores a manifestarem seus pensamentos de uma maneira livre,
espontânea e irracional; que deixassem as manifestações do subconsciente aflorarem, sem
qualquer interferência de reflexão intelectual, por mais absurdas e ilógicas que pudessem ser.
O subconsciente é o marco do surrealismo. As associações, o estudo psicanalítico do
inconsciente e do sonho deviam permitir a expressão do irracional, do intocável. Refugiando-se
em si mesmo, graças aos sonhos e ao maravilhoso, o homem poderia viver na mais completa
liberdade superando assim as limitações da vida consciente

O movimento estendeu-se de 1918 a 1939 e estendeu-se não só à literatura, mas às artes


plásticas, cinema, teatro.

Na difusão de suas ideias, os surrealistas eram agressivos, lançando publicações e fazendo


reuniões, que quase sempre eram recebidas com violentas reacções do público.

"O Surrealismo era acima de tudo, um movimento revolucionário." - André Breton


“… como querem que os demais compreendam
os meus quadros se eu mesmo, que os faço, não
os compreendo. O fato de eu mesmo, no
momento de pintar não os compreender, não
quer dizer que não possuam nenhum
significado. Ao contrário, o significado deles é
de tal maneira profundo, complexo, incoerente,
involuntário, que escapa à análise da intuição
lógica...”

- Salvador Dali

Durante os anos 20 e 30, o Surrealismo espalhou-se do seu centro - Paris - para outros
países, inclusive fora da Europa, ganhando novos adeptos.

5
No início dos anos 30 o grupo surrealista publicou a revista “Surrealismo ao Serviço da
Revolução”, tentando uma síntese entre a teoria política de Marx e o método psicanalítico de
Freud. Considerava a expressão das fantasias reprimidas a base da revolução política: através
delas seria possível derrotar o capitalismo.

Mas esta tentativa foi apenas temporária. Moscovo exigia total fidelidade e subordinação da
arte aos propósitos do Estado, o que não combinava com o ideal de liberdade desejado pelos
surrealistas. Liberdade para criar e expressar-se sem qualquer tipo de repressão ou censura,
seja ela interna ou externa.

Embora grande parte dos artistas simpatizasse com o comunismo, isso não foi uma regra.
Salvador Dalí, por exemplo, declarou abertamente o seu apoio ao Franquismo, e também não
fez questão de escondera sua admiração por Hitler.

Oficialmente, o Surrealismo acabou em 1945. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o


expressionismo abstrato ganhou força. André Breton, contudo, continuou fiel aos ideais
surrealistas até sua morte, em 1966. Muitos outros artistas também continuaram.

As Artes Visuais
Breton inicialmente duvidou de que as artes visuais poderiam ser úteis ao movimento
surrealista, uma vez que pareciam ser menos maleáveis e abertas ao acaso. Essa cautela foi
superada com a descoberta de técnicas como a frottage e decalcomania.

Os desenhos automáticos de André Masson de 1923, são frequentemente usados como


ponto de aceitação das artes visuais e da rutura de Dadá, uma vez que eles refletem a
influência da ideia do inconsciente.

Giorgio de Chirico foi uma importante figura de ligação entre os apetos filosóficos e visuais
do Surrealismo.

A exposição La Peinture Surréaliste de 1925, realizada na Gallerie Pierre, em Paris, expõe


obras de Masson, Man Ray, Klee, Miró, entre outros. O espetáculo confirmou que havia um
componente Surrealismo nas artes visuais (embora inicialmente tivesse sido debatido se isso
era possível), e técnicas de Dadá, como a fotomontagem, eram utilizados. No ano seguinte, em
26 de março de 1926 na Galerie Surréaliste abriu com uma exposição de Man Ray. Breton
publica Surrealismo e Pintura, em 1928, que resumia o movimento a esse ponto.

6
A Escrita
A primeira obra surrealista, segundo o líder Breton, foi Les Champs Magnétiques (maio-
junho 1919).

Como os escritores surrealistas raramente, ou nunca, aparecem organizando os seus


pensamentos e as imagens que apresentam, algumas pessoas acham muito do seu trabalho
difícil de analisar. Esta noção, porém, é uma compreensão superficial, sem dúvida, pois, muito
do que é apresentado como puramente automático é realmente editado e muito "pensado".

O interesse surrealista foi reavivado em Isidore Ducasse, com o pseudônimo de Conde de


Lautréamont, na frase "belo como o encontro casual numa mesa de dissecação de uma
máquina de costura e um guarda-chuva", e em Arthur Rimbaud, dois escritores do século 19,
vistos como os precursores do surrealismo.

Segunda Guerra Mundial e o Período Pós-Guerra


A Segunda Guerra Mundial criou o caos, não só para a população da Europa em geral, mas
especialmente para os artistas e escritores europeus que faziam oposição ao fascismo, e ao
nazismo. Muitos artistas importantes fugiram para a América do Norte em busca da relativa
segurança nos Estados Unidos. Na comunidade de arte em Nova Iorque, as ideias sobre o
inconsciente e as imagens dos sonhos foram rapidamente abraçadas.

A Segunda Guerra Mundial ofuscou, por um tempo, a quase totalidade da produção


intelectual e artística.

Embora a guerra se tenha provado destrutiva para o Surrealismo, as obras continuaram e


muitos artistas surrealistas continuaram a explorar os seus vocabulários.

Surrealismo Pós-Breton
Não há um consenso claro sobre o fim do movimento surrealista. Alguns historiadores
sugerem que a II Guerra Mundial efetivamente dissolveu o movimento. No entanto, o
historiador de arte Sarane Alexandrino (1970) afirma: "A morte de André Breton em 1966
marcou o fim do surrealismo como um movimento organizado". Houve também tentativas de
vincular o obituário do movimento para a morte de Salvador Dalí em 1989.

Impacto do Surrealismo
Enquanto o Surrealismo é normalmente associado às artes, como já foi dito para
transcendê-las, o movimento teve um impacto em muitos outros campos.

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Além dos princípios surrealistas que se baseiam nas ideias de Hegel, Marx e Freud, o
surrealismo é visto pelos seus defensores como o esforço da humanidade para libertar a
imaginação como um ato de revolta contra a sociedade.

O Surrealismo Em Portugal
O surrealismo surge em Portugal a partir de 1936, em experiências literárias «automáticas»
realizadas por António Pedro e alguns amigos. Em 1940 é realizada uma exposição que reúne
dezasseis pinturas de Pedro, dez de António Dacosta e seis esculturas abstratas de Pamela
Boden, abrindo a pintura nacional para outros horizontes que ali se
definiam.

Em 1947 Cândido Costa Pinto, que desde 1942 seguia uma linha
estética surrealista, contacta, em Paris, com o recém organizado
Grupo Surrealista; André Breton sugere-lhe a organização de um
grupo idêntico em Portugal. É deste desafio que irá nascer o Grupo
Surrealista de Lisboa.

A primeira e única exposição do grupo teve lugar em 1949 e foi


motivo de escândalo e alvo de ameaças por parte da policia.
A iniciativa de censura por parte do governo agitou o meio artístico
lisboeta que, no mesmo ano e no seguinte, teve mais duas exposições
de índole semelhante, realizadas por um grupo de artistas
desobediente – Os Surrealistas.
Estas exposições marcaram o fim do movimento artístico.

Capa proibida pela censura – 1ª Exposição do Grupo


Surrealista de Lisboa, 1949

Alguns Artistas Surrealistas


Giorgio de Chirico (1888 -1978)

Por volta dos 20 anos de idade, sob a influência do pintor simbolista Arnold
Böcklin, de Chirico começou a pintar paisagens de cidades estranhas e oníricas.
Quando vistas em Paris, em 1911, as telas foram aclamadas, fazendo de de Chirico
um dos grandes nomes e heróis do Surrealismo. Esta fase de seu trabalho, que durou
até 1918, ficou conhecida como Pittura Metafisica. Durante a fase da Pittura
Metafisica, as cidades de de Chirico povoaram a imaginação modernista. Muitas das
características das cidades pintadas por de Chirico foram retiradas de lugares reais
em que ele viveu. Italiano, passou parte da vida na Grécia, lugar em que o seu pai,
engenheiro, planeou e construiu estradas de ferro. As suas cidades eram um

8
sanatório, no qual habitavam frustração, tensão e memória. Giorgio de Chirico também foi um
grande poeta, condensando sentimentos em metáforas e associações.

Isidore Ducasse (1846-1870)

Isidore Ducasse, o Conde de Lautréamont, foi o primeiro surrealista na


literatura. Usando justaposições como "o encontro fatal entre um guarda-chuva
e uma máquina de costura em uma mesa de operações", este uruguaio filho de
franceses inspirou muitos outros escritores.

Marcel Duchamp (1887-1968)

Exerceu grande influência na arte moderna e de vanguarda. Circulou não só


pelo Surrealismo, mas também pelo Futurismo, Dadaismo e Cubismo. Pintor,
escritor e exímio jogador de xadrez, foi o fundador do movimento Dadaísta em
Nova York em 1913, e membro do grupo surrealista a partir de 1924.

Max Ernst (1891 - 1976)

Nascido na Alemanha, além de pintor e desenhista, Max Ernst também foi


escultor e escritor.

Um dos fundadores do movimento Dada e, posteriormente, um dos


grandes nomes do Surrealismo, dizia que sua arte tinha a intenção de "gerar
uma tensão elétrica ou erótica", através da junção de elementos inesperados.

Desenvolveu a técnica de frottage, a qual consiste em colocar uma folha de


papel sobre o chão, friccioná-la com um pincel macio, e assim produzir um
padrão. Começou então a usar estes padrões em composições ou utilizava-os
para dar textura às pinturas a óleo.

René Magritte (1898-1967)

Juntamente com Salvador Dalí, René Magritte é um dos surrealistas mais


conhecidos no mundo.

Para ele, o mundo visível é uma fonte inesgotável de revelações lúcidas. Por
isso, ele não precisava de sonhos, alucinações ou fenómenos ocultos. Escolhia
coisas comuns para construir a sua obra: cadeiras, árvores, mesas, portas, janelas,
sapatos, luvas, cachimbo, pessoas.

9
Salvador Dalí (1904 - 1989)

Pintor mais famoso do movimento, o espanhol Salvador Dalí também


escreveu um romance, Faces Ocultas (1945), um artigo, " A Conquista do
Irracional" (1935), e foi ainda escultor, ilustrador, designer de joias,
cenógrafo, estilista de moda e diretor de cinema, juntamente com Luis
Buñuel. Com este dirigiu dois clássicos surrealistas: Um cão andaluz (1929) e
Idade do Ouro (1930).

Desenvolveu um método próprio, o "método crítico-paranoico". Recusava


a lógica que rege a vida quotidiana, e procurava representar não objetos
visíveis, mas as imagens associadas a eles e os seus significados
subconscientes.

LITERATURA

Alguns Autores e Obras do Surrealismo


 André Breton: Montepio; Os Campos Magnéticos; Manifesto do Surrealismo; Por uma
Arte Revolucionária Independente; Clair de Terre; Nadja; Os Passos Perdidos; O Amor
Louco.
 Guillaume Apollinaire: As Mamas de Tirésias; O Bestiário ou o Cortejo de Orfeu; O
Espírito Novo e os Poetas; Calligrammes; Álcoois; Os Pintores Cubistas.
 Paul Éluard: No defeito do silêncio; Imaculada Concepção; Capital da dor; Amor e
Poesia; A Vitória de Guernica; Liberté; Do horizonte de um homem ao horizonte de
todos; Poemas Políticos; O Phoenix.
 Louis Aragon: Le Paysan de Paris; Feu de Joie; Le Panorama; Le Libertinage; Le
Mouvement Perpétuel; Le Front Rouge; Le Crève-cöur.
 Jacques Prévert: Paroles; Histoires et autres histoires; Fatras; Grand Bal du printemps.

“O Olho do Silêncio” de Max Ernst

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Análise de Algumas Obras Surrealistas

PINTURA

“A Persistência da Memória” de Salvador Dalí


Os elementos irreais – relógios derretidos – misturam-se com imagens familiares aos olhos
humanos, criando uma impressão de que eles realmente estão ali.

 A paisagem atrás da pintura é o litoral perto da casa de Dalí em Port Lligat, em


Barcelona. Percebe-se que o pintor ilumina os penhascos e o mar com uma luz
transparente e melancólica. Neste quadro, ele preferiu retratá-las sem qualquer
símbolo metafórico, limitando-se ao real.
 No canto esquerdo da tela, algumas formigas reúnem-se em cima de um dos relógios.
Estes insetos são a única representação de vida na pintura, além da mosca sobre o
relógio que se encontra próximo ao descrito anteriormente. O pintor surrealista não
gostava de formigas e quando as colocava nas suas obras era com o objetivo de
simbolizar a putrefação.
 No plano central da obra, coberta por um relógio derretido está a caricatura do próprio
Salvador Dalí. Os cílios sugerem um grande olho fechado em estado de contemplação,
do sono ou da morte. Dalí propõe que apenas a superação do tempo “terreno” pode
soltar as rédeas da consciência.

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“As Musas Inquietas” de De Chirico
Na obra "As Musas Inquietas", de De Chirico , os elementos surgem coexistindo num mesmo
contexto de maneira aparentemente inexplicável. Manequins vestidos em trajes clássicos,
inseridos no meio de uma atmosfera sem vida, cercados por construções arquitetónicas como
a fábrica ao fundo, não possuem nenhuma identificação aparente.

O seu espaço remete-nos a um palco onde acontece um espetáculo de marionetas sem


sen do. O espaço confunde-se com os objetos, é intransitável, inabitável. O significado na obra
de De Chirico é a negação de qualquer significado ou relação, a conversão consciente da
realidade em não realidade".

12
“Metamorfose de Narciso” de Salvador Dalí
"Metamorfose de Narciso" representa o mito de Narciso, vindo da mitologia grega.

NARCISO: O jovem olha a água obcecado pelo próprio reflexo. Com o rosto baixo, imóvel, já
começou a definhar. A sombra no seu couro cabeludo assemelha-se à rachadura apresentada
no ovo ao lado.

MÃO SEGURANDO O OVO: Essa parte do quadro é uma re-elaboração criativa do final
trágico do conto, quando o jovem morre e se transforma num narciso. Dalí justapõe, nessa
situação, dois temas importantes e contraditórios: a criação de uma nova vida, afirmada pela
flor, e a rachadura da mão que a segura, ossificada e morta.

13
“Os Amantes” de Rene Magritte

A origem do casal retratado vem, provavelmente, da imaginação de Magritte, inspirada por


um personagem francês. Como a maioria dos pintores surrealistas, o criador da obra era
fascinado pelo “Fantômas”, uma espécie de vilão da literatura francesa. Esse personagem ficou
tão conhecido que foi adaptado para o cinema, onde aparecia sempre com o rosto coberto por
uma meia ou por um pano branco.
Fantômas

Outra possível causa para as faces ocultas está na morte da mãe do pintor, que cometeu
suicídio e foi encontrada no Rio Sambre, no norte da França. A cabeça da mulher estava
enrolada no vestido que ela usava.

Aparentemente, trata-se de uma fotografia de um casal que está viajando ou passeando, já


que o plano de fundo é formado por montanhas, e não por prédios e elementos comuns em
temas urbanos.

O objetivo da obra é fazer o observador sentir uma espécie de inquietação ao observar a


obra. Esse desespero não é causado pelos tecidos que cobrem os rostos em si, mas sim pela
forma como eles estão posicionados. Os lençóis embarram contra as faces e enrolam-se nos
pescoços, e é como se quem observa pudesse sentir um pouco do sufocamento do casal.
Assim, do que a princípio seria uma simples fotografia de namorados, Magritte fez uma obra
que consegue causar uma imagem mental arrepiante.

14
“A Memória” de Magritte

Aparece um busto a sangrar tendo por trás um muro de madeira. A memória é aqui
representada sob o signo da dor. Porque é que ela sangra? Porque possivelmente recordar é
sofrer, talvez porque alguém gostasse de voltar a viver certas situações e contudo isso não é
possível. O muro simboliza essa impossibilidade de voltar atrás, de se voltar a viver algo que
nos deu muito prazer. Mas também pode significar que quanto mais vivemos mais sofremos,
mais momentos dolorosos vamos registar na nossa memória. Finalmente, este quadro também
pode simbolizar a dor de quem sabe que a vida tem um fim. A bola que aparece ao lado do
busto, quase fechada, pode querer dizer que a vida está a atingir o fim.

ESCULTURA

“A Fonte” de Duchamp
Duchamp foi o responsável pelo conceito de ready made, que é o transporte de um
elemento da vida cotidiana, a princípio não reconhecido como artístico, para o campo das
artes. A Fonte, obra que fez repercutir o nome de Duchamp ao redor do mundo,
especialmente depois da sua morte, está baseada nesse conceito de ready
made: pensada inicialmente por Duchamp, "A Fonte" foi enviada para
figurar entre as obras a serem julgadas num concurso de arte promovido
nos Estados Unidos. A escultura foi rejeitada pelo júri, uma vez que, na
avaliação deste, não havia nela nenhum sinal de labor artístico. Com efeito,
trata-se de um urinol comum, branco e esmaltado, comprado numa loja de
construção e assim mesmo enviado ao júri. Entretanto, a despeito do gesto
contra ícones de Duchamp, há quem veja nas formas do urinol uma
semelhança com as formas femininas, de modo que se pode ensaiar uma
explicação psicanalítica quando se tem em mente o membro masculino
lançando urina sobre a forma feminina.

15
“O Canto do Mar” de Maria Martins
Em "O canto do mar" de Maria Martins, as formas tornam-se mais arredondadas, mais
indefinidas, mais abstratas, numa possível tentativa de dar forma ao que não é palpável, como
a voz.

LITERATURA

“Les Chants de Maldoror” de Isidore Ducasse


Les Chants de Maldoror (Os Cantos de Maldoror) é uma obra de poesia em prosa, escrita
pelo Conde de Lautréamont (pseudónimo de Isidore Ducasse). O poema descreve cenas
brutais, por vezes de violência extrema, em que os principais temas são a crueldade, a
maldade, a cobardia e a estupidez humana.

Ao longo da narração das cenas horríveis que são descritas, o narrador vai antecipando
questões, dirigindo-se explicitamente ao leitor (que aqui aparece mais ou menos identificado
como sendo os destinatários do poema – ainda que por vezes se dirija especificamente a um
leitor singular), explicando o que é dito, lembrando o leitor de que tais situações são fictícias.

«Tal como um jovem que aspira à glória ouve um ruído que não
sabe a que atribuir, assim eu ouço uma voz melodiosa que me diz
ao ouvido: “Maldoror!” Mas, antes de desfazer o engano, ele
julgava ouvir as asas de um mosquito... debruçado sobre a sua
mesa de trabalho. No entanto, eu não estou a sonhar; que importa
que eu esteja estendido no meu leito de cetim? Faço com sangue-
frio a observação perspicaz de que tenho os olhos abertos, embora
seja a hora dos dominós cor-de- rosa e dos bailes de máscaras.
Nunca... Oh! não, nunca!.., nunca uma voz mortal fez ouvir estas
tonalidades seráficas ao pronunciar com tão dolorosa elegância as
sílabas do meu nome! As asas de um mosquito... Como é indulgente
a sua voz... Ter-me-á então perdoado?... O seu corpo foi embater no
tronco de um carvalho... “Maldoror!”»

16
“As Mamas de Tirésias” de Guillaume Apollinaire

"As Mamas de Tiresias", drama surrealista, foi um dos


textos precursores da dramaturgia daquele movimento. Foi
encenada pela primeira vez no dia 24 de junho de 1917 no
Teatro Renée Maubel. Conta a historia de Teresa, uma mulher
que muda de sexo para obter o poder entre os homens. O seu
objetivo é alterar os costumes, rejeitar o passado e
estabelecer a igualdade entre os sexos.

ACTO PRIMEIRO

(...)

CENA SEGUNDA

O MARIDO (Entra com um grande ramo de flores, e como ela não lhe presta atenção atira as
flores para a sala. Daqui em diante O MARIDO perde a pronúncia belga)
Apetece-me marmelada ouve o que eu te digo

TERESA
Vai mas é pentear macacos

O MARIDO (Enquanto fala, TERESA eleva o som do seu cacarejo. Ele aproxima-se como se fosse
esbofeteá-la, mas diz a rir-se)
Ah esta coisa não é a Teresa minha mulher
(Uma pausa, e depois num tom severo ao megafone)
Mas que mal-amanhado lhe vestiu a roupa
(Examina-a de perto e volta para trás. Ao megafone)
Isto é um assassino e matou-a sem dúvida

17
(Sem megafone)
Teresa minha querida Teresa onde estás
(Reflecte com a cabeça entre as mãos; e depois, com os pés bem assentes e as mãos nas ancas)

Vou matar-te ó abjecta personagem mascarada de Teresa


(Lutam, mas ela leva a melhor)

TERESA
Tens razão já não sou tua mulher

O MARIDO
Não querem lá ver

TERESA
Mas no entanto sou eu a Teresa

O MARIDO
Não querem lá ver

TERESA
Embora uma Teresa que deixou de ser mulher

O MARIDO
É forte de mais

TERESA
E como passei a ser um tipo bonito

O MARIDO
Pormenor que eu ignorava

TERESA
Daqui em diante vou usar um nome de homem
Tirésias

(...)

18
Conclusão
O movimento surrealista nasceu no início do século XX, em Paris, fruto das teses de
Sigmund Freud, criador da Psicanálise, e do contexto político indefinido que marcou este
período, especialmente a década de 20. O Surrealismo questionava as crenças culturais
então vigentes na Europa, bem como a postura humana, vulnerável frente a uma realidade
cada vez mais difícil de compreender e dominar.

Com o início da II Guerra Mundial, os surrealista espalharam-se e pouco tempo depois o


movimento foi dissolvido na Europa, mas deixou grandes marcas e marcou o seu sugar
como um dos principais “-ismos” de vanguarda.

“Sonho Causado Pelo Voo de uma Abelha ao Redor de Uma Romã um Segundo
Antes de Acordar” de Salvador Dalí

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Bibliografia
• http://amemoriadassombras.blogspot.pt/2007/11/surrealismo.html

• http://anosloucos.blogspot.pt/2010/01/surrealismo.html

• http://www.educacaopublica.rj.gov.br/cultura/artes/0015_04.html

• http://www.educacaopublica.rj.gov.br/cultura/artes/0015_05.html

• http://www.educacaopublica.rj.gov.br/cultura/artes/0015_01.html

• http://www.educacaopublica.rj.gov.br/cultura/artes/0015_03.html

• http://www.educacaopublica.rj.gov.br/cultura/artes/0015_06.html

• http://www.educacaopublica.rj.gov.br/cultura/artes/0015_09.html

• https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Persist%C3%AAncia_da_Mem%C3%B3ria

• https://pt.wikipedia.org/wiki/Sonho_Causado_Pelo_Voo_de_uma_Abelha_ao_Red
or_de_Uma_Rom%C3%A3_um_Segundo_Antes_de_Acordar

• https://carlosduarte12av1.wordpress.com/os-autores-surrealistas/surrealismo-em-
portugal-2/

• https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Persist%C3%AAncia_da_Mem%C3%B3ria

• https://pt.wikipedia.org/wiki/Les_Chants_de_Maldoror

• http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2012/05/11/930041/conheca-
metamorfose-narciso-salvador-dali.html

• http://lrsr1.blogspot.pt/2011/03/interpretacao-da-
obra-de-arte.html

• http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2
014/02/26/1084786/surrealismo-os-amantes-rene-
magritte.html

• https://pt.wikipedia.org/wiki/Marcel_Duchamp

• http://sopadada.blogspot.pt/2013/02/chirico-uma-
arte-acima-da-historia.html

“Figura” de Ismael Nery

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