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Escola Secundária Conde Monsaraz

História A

Os Regimes autoritários
Salazarismo - Estado Novo

Ana Nunes Nº 3

António Vales Nº 7

Joana Mamede Nº 14

Maria Paulino Nº 16

12ºD

Reguengos de Monsaraz, 13 de Novembro de 2015

1
Sumário
Nº de
Página

Introdução 3

Desenvolvimento 4

PORTUGAL: O Estado Novo

O triunfo das forças 4


conservadoras

A progressiva adoção do 4
modelo fascista italiano

As novas instituições 4

FIM 6

25 de Abril 6

Sinal para a saída das tropas 7

Presos Soltos 7

COMO CHEGOU A NOTICIA 7


AOS MEIOS RURAIS

A Mulher dos Cravos de Abril: 8


CELESTE CAEIRO

Salazar 9

As Bases do Regime 9
(Valores, Medidas,
Economia, Projeto
Cultural...)
Conclusão 21

Bibliografia 22

2
Introdução
O Estado Novo é o regime político instituído por António de Oliveira Salazar, e que
esteve em vigor de 1933 a 1974, durante 41 anos sem interrupção, desde a aprovação da
Constituição de 1933 até ser derrubado pela Revolução de 25 de Abril de 1974.

Foi um regime político autoritário, autocrata e corporativista. Foi antecedido pela


Ditadura Nacional presidida por Óscar Carmona. Em 1928, este regime, convidou o professor
António de Oliveira Salazar para Ministro das Finanças.

A Ditadura Nacional (1926-1933) e o Estado Novo de Salazar e Marcello Caetano


(1933-1974) foram, conjuntamente, o mais longo regime autoritário na Europa Ocidental
durante o séc. XX, estendendo-se por um período de 48 anos.

Sala de aula do ensino masculino primário durante o Estado Novo em que se podem ver as
“Lições de Salazar” afixadas nas paredes da sala.

3
Desenvolvimento
PORTUGAL: O Estado Novo

A Ditadura Nacional, regime de exceção dirigido por militares, com uma estrutura
constitucional provisória e suspensão das garantias consignadas na Constituição Portuguesa de
1911, precedeu a instauração formal do Estado Novo. Após a eleição por sufrágio direto do
General Óscar Carmona para Presidente da República em 1928 que tendo em conta a
incapacidade dos anteriores governantes para resolver a crise financeira, chamou António de
Oliveira Salazar, para assumir o cargo de ministro das Finanças.

Após a instituição do regime de ditadura pelo golpe militar de 28 de maio de 1926,


a crise política acentuou-se com os desentendimentos e divisões surgidos entre os militares
politicamente impreparados e com o défice financeiro que não parava de se agravar. A
esperança de uma regeneração da pátria estava a desaparecer.

O triunfo das forças conservadoras:


O Estado Novo foi inspirado na ideologia fascista, mas com algumas particularidades
introduzidas por Salazar, que deu nome ao regime- salazarismo. É Estado Novo pois opõe-se á
ideologia do Estado “velho” da Primeira República.

Salazar, agora com poderes de administrar os orçamentos de todos os ministérios,


implanta uma política de forte austeridade e controlo das despesas públicas, aumentando
gradualmente os impostos. Passados 15 anos, o orçamento já estava equilibrado e o défice
público eliminado.

Salazar fez quase um milagre, conquistou um grande prestígio por parte dos militares
que lhe permitiram intervir com austeridade nas grandes decisões políticas do governo.

Como se esperava em 1932 Salazar é nomeado para a chefia do governo e para as suas
pastas chamou personalidades políticas conservadoras da sua máxima confiança.

A progressiva adoção do modelo fascista italiano:


Na sua tomada de posse Salazar deu a entender a sua intenção de instaurar uma nova
ordem política que, resolvesse os problemas financeiros do país e instaurasse a ordem e a
disciplina sociais. Para conseguir isso, inspirou-se no modelo fascista italiano. Em Portugal
confirmou-se o vigoroso autoritarismo do Estado e o condicionamento das liberdades
individuais.

As novas instituições:

A nova política de Salazar tem um conjunto de instituições que constituem as bases do


novo regime:

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- União Social, força política oficial criada pelo Governo em 1930 que viria a
transformar-se no único partido autorizado

- Ato Colonial, corpo legislativo através do qual Portugal reafirma a sua missão
civilizadora nos territórios ultramarinos e clarifica as relações de dependências das colónias

- Estatuto do Trabalho Nacional, inspirado na Carta do Trabalho italiana,


regulamentava a organização corporativista do setor produtivo nacional

- Constituição de 1933, põe fim ao regime de transição e institucionaliza um novo


estado

Aconselhado e apoiado por António Ferro, que viria a chefiar o aparelho de


propaganda do Estado Novo, o SPN, Salazar soube servir-se da imprensa, que lhe era
maioritariamente favorável, mantendo a restante sob apertada censura. Soube também
aproveitar as lutas entre as diferentes fações da Ditadura, especialmente entre Monárquicos e
Republicanos, para consolidar o seu poder e ganhar mais prestígio. Tendo-se tornado
indispensável à Ditadura, o Presidente da República consultava-o em cada remodelação
ministerial.

Salazar, com o apoio do General Carmona, procurou dar um rumo estável à Revolução
Nacional que impedisse um "regresso à normalidade constitucional". Por isso, em 1930, depois
de vencida por Carmona a resistência do General Ivens Ferraz, Salazar criou a União Nacional,
espécie de "frente nacional", como lhe chamou, a qual devia
proporcionar o apoio necessário à construção de um novo
regime, o Estado Novo, concebido e integralmente desenhado
por Salazar.

A União Nacional era uma organização em parte


idêntica aos partidos únicos dos regimes autoritários surgidos
na Europa entre as duas guerras mundiais, se bem que, ao
contrário desses, tivesse sido integralmente construída de
cima para baixo e não se apoiasse num forte movimento de
massas pré-existente. A União Nacional, cujo papel foi sempre muito pouco determinante na
prática política do Estado Novo, simbolizava acima de tudo o carácter nacionalista,
antidemocrático e antipluralista do regime.

Nenhuma lei proibia expressamente os partidos políticos enquanto tais, mas Salazar
considerava que, existindo a União Nacional, os antigos partidos tinham sido colocados fora da
lógica do novo regime, acabando com todas as organizações e movimentos políticos existentes
por ser obrigados a reduzir as atuações públicas. Alguns, como o Partido Comunista (PCP) ou o
movimento anarcossindicalista da Confederação Geral do Trabalho passaram a atuar na
clandestinidade, outros, como o Partido Socialista Português e o Integralismo Lusitano
acabaram. O Movimento Nacional-Sindicalista, de Francisco Rolão Preto foi proibido após a
tentativa de revolução a partir do quartel da Penha de França.

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Em 1932 foi publicado o projeto de uma nova Constituição, que seria aprovada por
referendo popular em 1933. Nesse referendo as abstenções foram contadas como votos
favoráveis, falseando o resultado e foi a primeira constituição da história Portuguesa em que as
mulheres puderam votar. Com esta constituição, Salazar criou finalmente o seu modelo
político, o Estado Novo, e tornou-se o "Chefe" da Nação portuguesa.

FIM

O Estado Novo, passados 41 anos, é finalmente derrubado no dia 25 de Abril de 1974.


O golpe que acabou com o regime foi efetuado pelos militares do Movimento das Forças
Armadas - MFA. O golpe militar contou com a presença da população, cansada da repressão, da
censura, da guerra colonial e do abrandamento económico. Ficou conhecida por Revolução dos
Cravos. Neste dia, diversas unidades militares comandadas por oficiais do MFA marcharam
sobre Lisboa, ocupando uma série de pontos estratégicos. As guarnições militares que
supostamente eram apoiantes do regime renderam-se e juntaram-se
aos militares do MFA.

O regime caiu sem ter quase quem o defendesse. Os


acontecimentos deste dia culminaram com a rendição de Marcello
Caetano no Quartel do Carmo.

Foi uma revolução considerada "não-sangrenta" e "pacífica",


sendo que no dia 25 de Abril propriamente dito houve apenas quatro
mortos, vítimas de disparos da polícia política, junto à sua sede.

25 DE ABRIL:

A Revolução de 25 de Abril, também chamada de Revolução dos Cravos foi um


movimento social que acabou com o regime ditatorial do Estado Novo e iniciou um processo
que viria a terminar com a implantação de um regime democrático e com a entrada em vigor
da nova Constituição a 25 de abril de 1976, com uma forte orientação socialista na sua origem.

Esta ação foi liderada por um movimento militar, o Movimento das Forças Armadas
(MFA), que era composto na sua maior parte por capitães que tinham participado na Guerra
Colonial e que tiveram o apoio de oficiais milicianos. Este movimento surgiu ainda em 1973,
baseando-se inicialmente em reivindicações corporativistas como a luta pelo prestígio das
forças armadas, acabando por atingir o regime político em vigor. Com reduzido poderio militar
e com uma adesão em massa da população ao movimento não houve, praticamente,
resistência por parte do regime, registando-se apenas 4 civis mortos e 45 feridos em Lisboa
pelas balas da DGS (Direção-Geral de Segurança).

O movimento confiou a direção do País à Junta de Salvação Nacional, que assumiu os


poderes dos órgãos do Estado. A 15 de maio de 1974, o General António de Spínola foi
nomeado Presidente da República e o cargo de primeiro-ministro foi atribuído a Adelino da
Palma Carlos. Seguiu-se um período de grande agitação social, política e militar conhecido
como o PREC (Processo Revolucionário Em Curso), marcado por manifestações, ocupações,

6
governos provisórios, nacionalizações e confrontos militares que, terminaram com o 25 de
Novembro de 1975.

Estabilizada a conjuntura política, prosseguiram os trabalhos da Assembleia


Constituinte para a nova constituição democrática, que entrou em vigor no dia 25 de Abril de
1976, o mesmo dia das primeiras eleições legislativas da nova República. Na sequência destes
eventos foi instituído em Portugal um feriado nacional no dia 25 de abril, denominado como
"Dia da Liberdade".

O cravo vermelho tornou-se o símbolo da Revolução de Abril de 1974. Segundo se


conta, foi Celeste Caeiro, que trabalhava num restaurante na Rua Braancamp de Lisboa, que
iniciou a distribuição dos cravos vermelhos pelos populares que os ofereceram aos soldados.
Estes colocaram-nos nos canos das espingardas. Por isso se dá o nome de "Revolução dos
Cravos" à Revolução de 25 de abril.

SINAL PARA A SAIDA DAS TROPAS:

Foi a música que deu a conhecer aos regimentos que o golpe estava pronto para
arrancar: às 22h55 do dia 24, na Emissores Associados de Lisboa, o animador da estação de
rádio dizia "Faltam cinco minutos para as 23 horas. Convosco, Paulo de Carvalho com o
Eurofestival de 74, E Depois do Adeus.” Anos mais tarde, o cantor afirmava que a sua música
teria sido escolhida por não levantar suspeitas.

PRESOS SOLTOS:

Apesar da rendição do Governo ter sido ainda no dia 25, só um dia depois é que as
forças militares conseguiram ocupar o Forte de Caxias - uma das prisões
políticas que mais presos recebeu.

Dia 27 de abril foi a vez do Forte de Peniche ser libertado, uma das mais
conhecidas prisões durante o Estado Novo. Foi também palco de uma das
únicas fugas da prisão durante a ditadura - em 1960, por vários dos presos,
incluindo Álvaro Cunhal.

Já a prisão do Tarrafal, em Cabo Verde, foi libertada a 30 De abril.


Conhecido como o "campo de morte lenta", devido às fracas condições de vida,
foi construído em 1936 como prisão política.

COMO CHEGOU A NOTICIA AOS MEIOS RURAIS:

Um dos principais focos do Movimento das Forças Armadas foi ocupar as sedes
dos vários meios de comunicação. Ao longo do dia foram feitos comunicados, que davam a
conhecer os objetivos e movimentações do MFA. Nos meios rurais, no entanto, a informação
não se espalhava com tanta facilidade. Após os eventos nos centros urbanos, os MFA levou
representantes a vários pontos de Portugal para dar a conhecer as suas ideias e quais as
mudanças que iam existir no país.

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A Mulher dos Cravos de Abril: CELESTE CAEIRO

Celeste Caeiro, atualmente com 80 anos, foi a mulher que fez do cravo a flor símbolo da
revolução de 25 de abril em Portugal.
“Quarenta anos depois, "Celeste dos cravos", como passou a ser conhecida, relembra
aquele momento como um dos mais significativos da sua vida.
Foi ela quem, no dia 25 de Abril de 1974, distribuiu cravos pelos militares que levavam
a efeito um golpe de estado para derrubar o regime ditatorial liderado por Marcelo Caetano,
tendo, por este motivo, a revolução ficado conhecida pela Revolução dos Cravos.
Celeste Caeiro trabalhava, à altura da Revolução, num restaurante na Rua Braancamp
em Lisboa. O restaurante, inaugurado a 25 de Abril de 1973, comemorava um ano de
existência nesse dia, e a gerência resolveu oferecer flores às senhoras clientes, e um vinho do
Porto aos cavalheiros.
Porém, como estava a decorrer o golpe de estado, o restaurante nem chegou a abrir. O
gerente aconselhou os funcionários a regressarem a casa, e deu-lhes os cravos para levarem
consigo, já que não poderiam ser distribuídos pelas clientes. Cada um levou então levou cravos
vermelhos e brancos.
Para regressar a casa, Celeste apanhou o metro para o Rossio e
dirigiu-se ao Chiado, onde se deparou com os tanques dos revolucionários.
Aproximou-se de um dos tanques, para indagar o que se passava,
ao que um soldado lhe respondeu: "Nós vamos para o Carmo para deter o
Marcelo Caetano. Isto é uma revolução!".
Consta que o soldado lhe pediu um cigarro, mas ela não tinha
nenhum. Celeste lembrou-se de comprar algo para os soldados comerem,
mas as lojas todas tinham sido encerradas. A única coisa que tinha para
lhes dar eram os molhos de cravos, ao que lhe disse:
"Se quiser tome, um cravo oferece-se a qualquer pessoa".
O soldado aceitou e colocou a flor no cano da espingarda.
Celeste foi então dando cravos aos soldados que ia encontrando
pelo caminho, desde o Chiado, até ao perto da Igreja dos Mártires.”
- Isabel Botelho (http://belitabotelho.blogs.sapo.pt/2014/04/25/)

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Salazar
António Salazar nasceu em 1889 e morreu em 1970. Ascendeu à
chefia do Governo, em 1932, onde se manteve até 1968. Em 1933 iniciou a
construção de um estado autoritário, o Estado Novo, onde acabou por ter
um poder maior que o Presidente da República. O seu discurso foi marcado
pelo Catolicismo e pelo anticomunismo.

“Sei muito bem o que quero e para onde vou, mas não se me exija que
chegue ao fim em poucos meses. No mais, que o País estude, represente,
reclame, discuta, mas que obedeça quando se chegar à altura de mandar."

António de Oliveira Salazar na posse como Ministro das Finanças, 27 de


Abril de 1928.

As Bases do Regime (Valores, Medidas, Economia, Projeto Cultural…)

Um presidencialismo bicéfalo - Rejeitou os princípios liberais, por consequente


rejeitou o sistema parlamentar pluripartidário. O poder executivo era detido pelo Presidente
da República, independente do poder legislativo. A verdadeira autoridade era exercida pelo
Governo, na pessoa do seu presidente – o Presidente do Conselho de Ministros. Administrava
totalmente a ação governativa de todos os setores.

Conservadorismo e tradição
O estado novo era um regime conservador e tradicionalista, concentrava-se e geria-se à
volta de valores (como a Pátria, Deus e Família, eram
inquestionáveis e ninguém os devia por em causa),
conceitos morais e tradições. A religião católica era a
definida e a mais respeitada.
A mulher voltou a ter um papel calmo, e sem
importância, chegando-se até a definir a dita “mulher
perfeita” como a que possui carinho, que obedece às
ordens dadas, sacrificada e cheia de virtudes.
A família modelo era aquela que praticava a religião
católica, e que não tinha vícios.
A mulher fora de casa, mesmo que fosse em
trabalho era uma ameaça para a estabilidade familiar.

Todas as ideias que viessem do estrangeiro eram censuradas e ocultadas para não
existirem manifestações e para evitar que fosse interiorizado outro tipo de ideias que não as do
Estado Novo.

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Nacionalismo

Lemas do Estado Novo:

• "Deus, Pátria, Família."

• "Tudo pela Nação, nada contra a Nação."

• "Persistentemente, Teimosamente, não


somos demais para continuar Portugal."

• "Enquanto houver um Português sem


trabalho e sem pão a Revolução
continua."

• "Temos uma Doutrina. Somos uma


Força."

• "Orgulhosamente sós."

O Estado Novo deixou bem claro que o seu principal interesse era a nação, fazendo do
povo português herói. A Nação estava acima do indivíduo.

Portugal não era superior aos outros países só pelo seu passado histórico e pelos seus
feitos conquistados mas também por o destaque e a grande diferença que as suas instituições
tinham.
Salazar não gostava das manifestações efetuadas pelo povo, ou das ditas “massas”, porque
via isso como uma afronta aos princípios morais e as tradições do país aplicados no regime do
estado novo.

Recusa do liberalismo, da democracia e do parlamentarismo


O Estado Novo era: antiliberal, antidemocrático e
antiparlamentar.
Salazar fez com que não existisse qualquer liberdade individual
e que a soberania popular fosse recusada.
Para Salazar, a Nação representava uma unidade. O
interesse da Nação estava acima dos direitos individuais e os
partidos políticos eram vistos como uma fraqueza do Estado.
A Primeira Republica passou por uma instabilidade
política, devido às divisões que os partidos efetuavam no governo,
então seguindo este mau exemplo, Salazar tornou-se contra a
democracia parlamentar. Salazar valorizava o poder executivo
referia que assim o estado se tornaria autoritário e forte.
O Estado Novo tinha como característica o culto ao chefe.
Salazar era adepto da descrição e não tinha interesse algum sobre
as ditas “massas”.

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Partido único - Havia um único partido: a União Nacional.

Corporativismo
O corporativismo concebia a Nação representada pelas famílias e organismos
(corporações) que se agrupavam de acordo com os seus interesses e para o bem comum.
Não havia sindicatos, mas sim corporações (os empregados reuniam-se com os
patrões).
Organismos:
● Corporações morais:
- Instituições de caridade;
- Asilos;
- Hospitais;
- Creches.
● Corporações culturais:
- Universidades;
- Agremiações científicas, técnicas, literárias, artísticas e desportivas.
● Corporações económicas:
- Casas do povo;
- Casas dos pescadores;
- Grémios e sindicatos Nacionais.
As famílias e as corporações concorriam para a eleição dos municípios que enviavam os
delegados à câmara corporativa. Na realidade, só as corporações económicas é que chegaram a
funcionar, sendo utilizadas como meio de o Estado Novo controlar a economia.

O enquadramento das massas


A longevidade do Estado Novo pode se explicar pelas instituições e processos que
conseguiram enquadrar as massas e fazer com que aderissem ao projeto do regime.
Em primeiro lugar, temos o Secretariado da Propaganda Nacional, que divulgou as
ideias do regime e impôs padrões na cultura e nas artes.
Em segundo lugar, temos a União, gerida por Salazar. A união nacional era uma
organização sem partidos e que servia para unir os Portugueses e apoiar as iniciativas políticas
do Governo.
O apoio de todos em volta do Estado Novo só se concretizou com o desaparecimento
dos partidos políticos (quando em 1934, se realizaram as primeiras eleições legislativas, os 90
deputados eleitos à Assembleia Nacional pertenciam única e exclusivamente à união nacional,
transformada em verdadeiro partido único) e o condicionamento da liberdade de expressão.
Obrigou-se o funcionalismo público a fazer prova da sua fidelidade ao regime através
de um juramento.
Controlou-se o ensino, expulsando-se os professores oposicionistas e adotam livros
únicos oficiais, que vinculavam os valores do Estado Novo.
Recorreu-se a organizações milicianas.

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Organizações Juvenis

A juventude era educada nos ideais Salazaristas: Deus; Pátria e Família. A Mocidade
Portuguesa e a Legião Portuguesa pretendiam integrar o indivíduo nos ideais do Estado.

Mocidade Portuguesa

A Mocidade Portuguesa surgiu a 11 de abril de 1936. Era uma organização juvenil que
tinha como objetivo desenvolver o culto do chefe e o espírito militar, ao serviço do Estado
Novo.

•Mocidade Portuguesa masculina

Destinava-se a rapazes escolarizados ou não, de idades entre os 7 e os 14 anos. Os


rapazes eram educados no sentido de bem servir Deus, a Pátria e o próximo, assegurando
assim na formação de caráter.

• Mocidade Portuguesa feminina

Destinava-se a raparigas escolarizadas ou não, de idades entre os 7 e os 14 anos. As


raparigas tinham como objetivo assumirem o papel de mães de família e donas de casa. E ao
mesmo tempo eram propinadas de educação religiosa católica de acordo com Deus, a Pátria e
a Família.

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Legião Portuguesa

Destinava-se a defender o património espiritual da nação, o Estado corporativo e a


conter a ameaça bolchevista. A sua filiação teve um caráter obrigatório para certos empregos
públicos.

Culto do Chefe - Salazar impôs o culto do chefe.

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Propaganda

Totalitarismo - Era um regime totalitário: “Tudo dentro do Estado, nada fora do Estado”:
quem desobedecesse era punido. A liberdade era restringida pela Censura e pela polícia
política: PIDE.

O aparelho repressivo do Estado


O Estado Novo era um regime bastante
repressivo.
Antes das ideias do povo, ou de intelectuais
irem para: a imprensa, o teatro, o cinema, a rádio e
para a televisão existia uma censura prévia, isto é,
verificavam o que estava de acordo com as ideias do
regime antes da publicação nos “locais” referidos.

A PIDE, “Policia internacional e de defesa do estado”, foi criada a 22 de outubro de


1946.

Era uma polícia política que servia para o controlo e repressão do povo, ou seja, de
qualquer forma eles castigavam os opositores ao governo presente, isto é, a Salazar. Esta forma
de controlo veio substituir uma antiga que tinha o nome de PVDE “POLICIA DE VIGILANCIA E
DEFESA DO ESTADO”.

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Controlavam as fronteiras e os estrangeiros, informavam em caso de espionagem e
espiavam também, combatiam o terrorismo, investigavam crimes cometidos contra o estado.

O que fazia a PIDE?

- Escutava telefonemas e prendia os opositores ao Estado Novo;

- Tinham ouvido por todo o lado pelo que se dizia;

- Procuravam opositores. Depois quando nos encontravam prendiam-nos na cadeia,


torturavam-nos e mal tratavam-nos. Baseavam-se em métodos alemães para essas torturas,
por isso considerados como a polícia mais maléfica que existiu em Portugal;

- As pessoas que eram presas poderiam passar longos meses ou anos na prisão, e sem
saber ao certo qual a acusação e ainda com a consequência de não ter contacto com a família,
ou o direito ao uso de advogado para sua defesa.

- Matou muita gente conhecida como por exemplo o general Humberto Delgado.

«Sozinho numa cela, sem visibilidade para o exterior, sem nada para fazer, sem ninguém para
conversar, sem nada para ler, sem nada para escrever, sem horas, sem dias, atravessando as
intermináveis horas dos dias e das noites, o preso no “isolamento” é verdadeiramente um
homem só. Sem tempo e sem espaço, retirado da vida. Como se tivesse sido metido num
buraco, e o mundo continuasse a rodar, passando-lhe por cima ou ao lado. Antes entre
inimigos. Uma reação significativa era a dos presos em “isolamento” chamados a
interrogatório. Como se ansiava dia a dia essa chamada. Ir a interrogatório era como que ir ver
o que se passava “lá fora”. Um regresso ao mundo. E quando se ouvia no corredor os passos da
brigada que vinha buscar um preso para interrogatório, e ela se dirigia para a cela ao lado,
sentia-se uma amargurada mistura de alívio e frustração. A “sorte” de não ter ido, de não
suportar provavelmente novos vexames ou violências; e o não ter tido a “sorte” de ir, de ir “lá
fora”»

(Relato sobre o isolamento prisional feito por J. A da Silva Marques em 1976)

Lápis Azul

O "lápis azul" foi o símbolo da censura e da época da ditadura portuguesa do século


XX. Os censores do Estado Novo usavam um lápis de cor azul nos cortes de qualquer texto,
imagem ou desenho a publicar na imprensa. Para proteger a ditadura, os cortes eram
justificados como meio de impedir e limitar as tentativas de subversão e difamação. O “lápis
azul” riscou notícias, fados, peças de teatro e livros, apagou anúncios publicitários, caricaturas
e pinturas de parede.

“ (...) Com Salazar, a Censura carimbava CORTADO quando os cortes eram integrais,
AUTORIZADO COM CORTES quando eram parciais, e também apunha o carimbo de SUSPENSO,
nos casos em que era requerida decisão superior. Com Caetano, o Exame Prévio carimbava
PROIBIDO nas provas cortadas na íntegra, AUTORIZADO PARCIALMENTE nas que sofressem
cortes parciais e DEMORADO nas que fossem sujeitas a instância superior. As que passavam

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sem cortes eram simplesmente carimbadas a azul com a designação VISADO (no tempo de
Salazar) ou VISTO (no de Caetano). Todos os artigos passavam pelo exame prévio e só depois
seriam publicados, se os censores o autorizassem (...)”

Acerca da economia:
- O autoritarismo do Estado Novo e a crise que se
gerou nos anos 30 levaram ao abandono das políticas
económicas liberais.

A estabilidade financeira
A estabilidade financeira foi a grande prioridade de
Salazar e do Estado Novo. No que que respeitou a gastos públicos,
os diversos ministérios foram submetidos a um apertado de
controlo por parte de Salazar. Para conseguir o equilíbrio
orçamental, criaram-se novos impostos:
-o imposto complementar sobre o rendimento;
-o imposto profissional (sobre os salários e os
rendimentos das profissões liberais);
-o imposto de salvação pública (sobre os funcionários
públicos)
-a taxa de salvação nacional (sobre o consumo de açúcar,
gasolina e óleos minerais leves);
-o aumento das tarifas alfandegárias sobre as
importações (relacionado com a redução das
dependências externas - autarcia)

A neutralidade adotada pelo país na Segunda Guerra


Mundial fez com que se poupasse nas despesas com armamento
e defesa do território. Criaram-se mais receitas com as
exportações, como foi o caso do volfrâmio.

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Apelidada de “milagre”, a estabilização financeira foi muito criticada pela sua
austeridade e pelos seus extremos.

Defesa da ruralidade
Nos anos 30, deu-se um aumento do ruralismo
em Portugal.
Salazar dava superioridade ao mundo rural, porque se
preservava o que de melhor havia e tinha o povo
português.
Este privilégio dado ao mundo rural levou a um
conjunto de medidas promotoras da “lavoura nacional”.
Guardaram-se verbas para a construção de barragens,
levando a uma melhor irrigação de solos. A colonização
interna fixou a população nas áreas do interior. A
política de arborização permitiu que terrenos secos
voltassem a ser terras verdes. Incentivou-se a cultura da
vinha, a produção de arroz, batata, azeite, e frutas.

Para benefício da agricultura, deu-se a “Campanha do Trigo”, que tinha como objetivo
aumentar o conhecimento sobre o trigo. O Estado dava proteção aos proprietários, e
estabeleceu o protecionismo alfandegário.
Deu-se o crescimento da produção cerealífera e Portugal conseguiu assim a
autossuficiência do país.

Obras públicas
A política de obras públicas, levada a cabo pelo Estado Novo, tinha como objetivos
combater o desemprego originado pela depressão e dotar o país das infraestruturas
necessárias ao desenvolvimento económico.
- Construção e reparação de estradas (a rede viária duplicou,
unindo-se o mercado nacional e proporcionando uma maior
acessibilidade aos mercados externos);
- Edificação de pontes (exemplos: a Ponte da Arrábida e a Ponte de
Salazar, a actual Ponte 25 de Abril);
-Expansão da rede telegráfica e telefónica;
-Obras de alargamento e de beneficiação de portos;
- Construção do Aeroporto Internacional da Portela e do Aeroporto
Marítimo de Lisboa (Hoje extinto. Na Doca dos Olivais está
atualmente instalado o Oceanário de Lisboa);
- Construção de barragens, para irrigação dos campos;
- Expansão da eletrificação;
- Construção de hospitais, escolas e edifícios universitários, de
bairros operários, estádios, tribunais e prisões, de repartições
Duarte Pacheco,
públicas, quartéis, estaleiros e pousadas;
ministro das Obras
- Restauração de monumentos históricos.
Públicas

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O condicionamento industrial
Os primeiros anos foram marcados pela persistência dos constrangimentos tradicionais
do desenvolvimento do país:

-deficiente rede de comunicações;

-processos tecnológicos arcaicos;

-baixos níveis de produtividade;

-dependência das importações;

-falta de iniciativa por parte de investidores portugueses;

-manutenção de baixos salários.

Nos anos 30 fez-se sentir muito a política de condicionamento industrial. As iniciativas


empresariais deveriam estar enquadradas num modelo económico definido e dirigido pelo
Estado. Qualquer ação de mudança, como por exemplo: a instalação, a ampliação, a mudança
de local, a transação e até mesmo a modernização da tecnologia (sobretudo se envolvesse um
grande montante como no sectores de adubos, cimentos, tabacos, fósforos, entre outros),
dependiam da autorização do estado. A liberdade dos agentes económicos era bastante
condicionada por este estado fortemente dirigista e intervencionista.

Objetivos desta Política:

Salazar tinha em vista evitar a concorrência estrangeira pelo controlo da industria por
nacionais e regular a atividade produtiva. Estes objetivos buscavam, por um lado, o equilíbrio
entre os vários grupos sociais e a contenção do crescimento do operariado urbano
(considerado perigoso), e por outro, a limitação das crises resultantes do excesso de produção
e o consequente desemprego e agitação social que tinham marcado a 1ª república.

Consequências:

Esta política de condicionamento industrial constituiu-se como um forte


constrangimento à modernização do país e contribuiu para os baixos níveis de produtividade
que caracterizavam o Estado Novo.

A limitação da concorrência trouxe o aparecimento de grandes empresas monopolistas


que acabaram sendo protegidas, pois a burguesia empresarial a elas associada tornou-se o
grande suporte social do regime.

Salários diários em diversos países em 1971 (em


escudos) - é verificável a disparidade de salários
entre Portugal e a Alemanha, a França, os E.U.A.
e até a Espanha que, em conjunto com Portugal,
era a única ditadura na Europa Ocidental.

18
Imperialismo

A Política Colonial: Portugal, um país pequeno na Europa, mas grande no


mundo
As colónias desempenhavam uma função dupla no Estado Novo. Por um lado, eram um
elemento fundamental na política de nacionalismo económico e, por outro, um meio de
fomento de orgulho nacional.

1º caso - Realizavam a tradicional vocação colonial de mercado para o escoamento de produtos


agrícolas e industriais, metropolitanos e de abastecimento de matérias primas a baixo custo;

2º caso - Constituíam um dos principais temas de propaganda nacionalista, ao integrar o


espaços ultramarinos na missão histórica civilizadora de Portugal e no espaço geopolítico
nacional. A vocação colonial do Estado Novo motivou a publicação do Ato Colonial onde eram
clarificadas as relações de dependência das colónias e se limitava a intervenção que nelas
podiam ter as potencias estrangeiras. Desta forma pôs-se fim às experiências de
descentralização administrativa de abertura ao capital estrangeiro, aplicados na Primeira
República.

Para a realização do segundo objetivo o regime levou a cabo diversas campanhas de


modo a propagandear quer interna, quer externamente, a mística imperial. Nenhum outro país
fascista reunia tantas condições para afirmar a sua vocação imperialista

19
O Projeto Cultural do Regime - a “Política do Espírito”
Caraterização: Como aconteceu nos restantes regimes totalitários do resto da Europa,
o projeto cultural do Estado Novo também foi submetido aos imperativos políticos. Ou seja, a
liberdade que existia no inicio do século XX foi condicionada pelos interesses do novo regime.
Estes interesses eram: 1) evitar os excessos intelectuais que pusessem em causa a coesão
nacional; 2) dinamizar uma produção cultural que propagandeasse a grandeza nacional.

Meios:

- Existência de uma autêntica ditadura intelectual (censura sobre toda a atividade


cultural que não se identificasse com a política Salazarista);

- Conceção de uma “Política do Espírito” - Este projeto tinha como objetivo inculcar na
mente de todos os portugueses o ideário do Estado Novo. Era uma política de incentivo
propagandista do regime e de padronização da cultura das artes. Para pôr em prática a “Política
do Espírito” foi criado, em 1933, o Secretariado de Propaganda Nacional, dirigido por António
Ferro. Pretendia afirmar Portugal internacionalmente através de um programa de
desenvolvimento das artes, da literatura e das ciências submetido a um ideário retrógrado (o
ideário do Estado Novo) e afastado do verdadeiro projeto de vanguarda (as ideias em que
assentava a criação modernista).

O secretariado da propagada nacional realizou: 1) Manifestações de carácter cultural


cuidadosamente vigiadas pela ação da censura, realizadas com alta pompa e circunstância para
demonstrar a grandeza do regime - de todas as exposições a que mereceu maior atenção foi a
Exposição do Mundo Português de 23 de Junho a 2 de Dezembro de 1940; 2) O estado
constituía-se como um grande mecenas-o, patrocinando as produções de intelectuais e
artistas.

Guia de visita à Exposição do Mundo Português. 20


Conclusão
Em 1933 entrou em vigor a Constituição que fez nascer o Estado Novo, substituindo a de
1911 que, na prática, não vigorava desde o golpe militar de 1926. O documento subalternizou
Parlamento e as liberdades individuais foram também limitadas.

A nova constituição, desenhada pelos militares e por Oliveira Salazar, entrou em vigor em
11 de Abril de 1933, após plebiscito realizado em 19 de Março do mesmo ano.

O regime perdurou até 1974, período durante o qual as liberdades individuais e coletivas
foram limitadas. Durante quase 50 anos Portugal conheceu Presidentes da República militares,
apesar do poder estar na mão de Salazar de Oliveira Salazar.

Após 41 anos de vida, o regime autoritário e corporativista do Estado Novo, considerado


o mais longo da Europa Ocidental, foi finalmente derrubado no dia 25 de Abril de 1974.

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Bibliografia
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• http://ensina.rtp.pt/artigo/o-estado-novo/

• Pinto do Couto, Célia; Rosas Monterroso, Maria Antónia; 2015; Um novo Tempo de
História; Porto; Porto Editora

• Antão, António; 2015; Preparação para o exame final nacional História A 12º ano;
Porto; Porto Editora

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